Dislich & Mantovani 1998

You might also like

Download as pdf
Download as pdf
You are on page 1of 23
Bol, Rot. Univ. $80 Paulo 17.6188, 1998 A FLORA DE EP{FITAS VASCULARES DA RESERVA DA CIDADE UNIVERSITARIA “ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA” (SAO PAULO, BRASIL) RICARDO DISLICH & WALDIR MANTOVANI Departamento de Ecologia Geral, Insite de Bocce, Universe de So Pol, Cx. Postal 11461, 05422970 -Sto Pao, E, Bes Abstract «(The vascular epiphyte flora of the Reserve of the Cidade Universiti “Arm iaail. This work isa survey ofthe epiphytes ofthe Reserve ofthe Cidade Universitiria “Armando de Salles Olivena" in Si, Paulo, SP (Brazil), here defined as vascular plants usually found living ow others, withovt parssitiing chem, during atleast a part of thir life cytes. The study site (approximately 46°48", 28°38) isa secondary forested area isolated in urban environ ‘ment and represents one of the few forested areas ia this city. The climate type is Képpen’s Gwa, and the mean anual 1207 mm. Polypodiacene (9 species), Bromeliaceae (8), Oxchidacene (6), Moraceae (4), Aracene (4), Cactaceae "iperaceae (1), Blechnacese (1) and Aralinceae (1) are the failies of epiphytes found at the study site, making up 37 species belonging o 20 genera. Three of them are exotic: Seheles2 aetinophyila(Atalinceae), Ficus microcu pa (Moraceae) and Philodendion evubescens( Araceae), Families, generaand species descriptions are provided, as wells identification key tothe species based excusively on vegetative characters, identification keys to species andl genera in each family and comments on the phenology, geographic distribution and ecology of the species. Most of them show widespread geographic diss ibutio All main epiphytic life fornis are represented. Resumo -(A flora de epiftas vasculares da Reserva da Cidade Universitiria “Armando de Salles Oliveira", Sio Paulo, Brasil) Este waballo ata do levantamento das espécies de epifitas da Reserva da Cidade Universitvin “Armando de Salles Oliveira", «em Sao Paulo, SP, aqui consideradas come plans vasculates usualiente encontradas sobre outras, sem parasitilas, durante algun fase do ciclo de vida. O local de estos (aproximadamente 46°3'W, 25°33'S) é uma ilha de mata sectndsin em Anbiente uabano e representa una das poueas eas cobertas por Floresta na regio, tendo pouco mais de 10 ha. O clin € do "ipo Gwa de Koppen, com precipitagio meetin anual de 1207 num. As fami de epitas representadas sto Polypodiacene (9 ‘expécies), Bromelinceae (8), Orchidaceae (6), Moraceae (4), Araceae (4), Caetaceae (3), Piperaceae (1), Blechnaceae (1) € Araliaceae (1), rotalizando 87 espécies pertencentes 20 géneros. Tes delas so exdticas Schelfleraactinophylla(Aralinceae), Ficus microcarpa(Moraceae) €Philodendvon esubescens( Araceae). Sao apreventadas descrgdes das fanlias, yeeros e especies, 6 ‘uma chave para ilentstieagio das espécies aseada exelusivamente e ‘como comentirios sobie a fenologa,distribuigio geogrifica ¢ecologia das espé vigio geogrifica, Estio representadas todas as prineipais formas de vida epifiticas séuetos e especies le cada fun, AN mmaioria delas apresent amp ist conhecdas mented forest Key words: vascular epiphytes, flovstics, Introdugio © conhecimento acerca dos remanescentes da co- hertura vegetal da cidade de Sao Paulo ¢ restrito a al. guns trabalhos floristicos € fitossociolégicos, isolados. (Usteri 1906, 1911, cle Vuono 1985, Gomes 1992, Gor- resioRoizman 1993, Rossi 1994, Tabarelli 1994, Kno- el 1995, Garcia 1995) ou sob a forma de projetos mais, amplos (Melhem er al, 1981), Nao existe um tinico frag mento florestal na cidade que possua uma lista com: pleta das suas espécies dle plantas vasculares. Este tabatho faz uma contribuigio ao conhecimen- (o floristico de um desses fragmentos, através do esti do do grupo de plantas vasculares que sio ustialmente encontradas, durante alguma fase da vida, sobre ou- tas, sem, porém, parasitélas, tratadas aqui sob teres veyetatvos;chaves de identifiengio para ox a denominacio comum de epifitas. Este componente vegetacional tem importincia considerdvel em flores- tas tropicais, tanto do ponto de vista fisiondmico quan- to Hloristico, podendo chegar a representar 35% do niimero de espécies de plantas vasculares, em locais de grande pluviosidade (Gentry & Dodson 1987b). As epé fitas também influem nos processos de ciclagem de ‘gua ¢ de nutrientes na floresta e na sua produtividade (Hofstede et al. 1993) ¢ sio fontes de recursos impor- {antes para a fauna nesses ambientes (Nadkarni 1988, Benzing 1995). As cpifitas vasculares no Brasil raramente recebe- ram atengio especial do ponto de vista floristico. Her- tel (1950), estudando estas plantas em matas na vertente este da Serra do Mar, préximo a Curitiba, identificow 98 espécies de 12 familias. Aguiar et al, (1981) encon- 0 Dislch & Mantovani m 17 expécies cle 4 familias em uma frea em Mon- 10 (RS) ¢ Triunfo (RS), sobre 87 vor das, Waechter (1986) fez.0 levantamento floristico das epifitas vasculares de uma mata paludosa em Torres (RS), encontrando 120 espécies pertencentes a 55 gé- fitas vasculares, com ‘ca de 13,9 ha de flo- resta de arauciria na regio urbana de Curitiba, tendo encontrado 26 espécies de 15 géneros e 6 familias Waechter (1992) estudlou as epifitas vasculares da Plar nicie Gosteira do Rio Grande do Sul, adotando uma, abordagem mais ampla, fitogeografica. Encontrou 250, espécies distribuidas cm 27 familias © 102 géneros € tum yradiente decrescente de riqueza de espécies em, divegio ao sul. Orchidaceae 6, via de regra, a familia ‘com maior riqueza especitica. Bromeliaceae ¢ Pterido- excegio das Bromeliaceae, em phyta também sio importantes, neste contexto. E 1c trabalho tem como objetivos co! ecim densa ¢ tornar possivel o reconhecimento das espécies de epiitas vasculares presentes no local de estudos. ribuir pau Material e Métodos Local de Estudo - A Cidacle Universit mando de Salles Oliveira” (CUASO), da Universidade de Si0, ma as coordenadi , localiza va es ‘rea de 102.100 m’, no vale de um riacho, que se estende na dire SN, em terreno com desnivel de 30 metros entre as partes mais altas, a 765 m, eas mais baixas, a 735m, ‘onde hi um pequeno lago formado por represa. Rossi (1994) apresentou um mapa da Reserva, A area situa-se na bacia de Sto Paulo, caracterizada por depésitos co Terekiio do Quater O solo & essencialmente argiloso, io (Joly 1950) ido, pobre em nue twientes, com altos tcores de aluminio e eapacidade de campo de 404g / 100ml de solo (Varanda 197). A média de umidade relativa do ar fica ao redor de 0%. Durante todo © ano predominam os ventos de origem maritima, de divegio SE (Varanda 1977). O el ma clo tipo Cwa, de Képpen (1948), com média anual dle temperatura de 192°C. média a de 1207 mm. As temperac entre 14°C Gjunho) ¢ 28°C (feverei médias mensais vio de 280 mm (janeiro) a 40 mm (agos- to), quando ocorre déficit hidrico no solo (Gorresi Roizman 1993), . nde parte da rea dla Reserva 6 coberta por mata sccundiiria (Cersésimo 1998), considerada por Rossi (1994) como um mosaico de areas em diversos estictios de degradacao e regeneragio, que representa um dos, poucos remanescentes da cobertura Florestal ma cide de de Sio Paulo. O trabalho de Rossi (1994) foi o pri meiro no sentido dese conhecer profundamente a flora, da ‘yea. A autora estuclou apenas plantas arbéreas © arbustivas, identificando 119 espécies n 30 exéticas. A Floristica de outras formas de vida conhecida em profundidade. Esta Floresta, situada no, dominio das florestas ombr6filas densas, apresenta relagdes floristicas com a Floresta ombréfila densa atlan- tica ¢ a {loresta estacional semidecilual (sensu Veloso, et al, 1991) do Estado de Sao Paulo, local, cercado € fechado por tela de arame em agosto de 1979 (Rossi 1994), foi c continua sendo obje- to de estuclos de pesquisadores e alunos do Instituto de Biociéncias (Joly 1950, Varanda 1977, Meguro et al 1979ab, 1980, Br 1980, Ci sioRoizman 1993, Fonséca 1994, Ha: 1994, Dislich 1996, Grandisoli 1997), Goleta - As epifitas, via de regra, nfo podem ser coletadas com tesoura de poda alta, pois normalmente, so ervas para cuja identificagio & muitas vezes neces- ria a coleta da planta intcira. Fezse necessirio, as: sim, oacesso direto ao alto das irvores. P: utilizadas técnicas dle corda simples ("single-rope tech: niqu 1e método foi desenvolvico por Perry (1978) ¢ utilizado por ele em conjunto com a rede de cordas, (Perry & Williams 1981) para estudar a floresta tropi cal na Costa Rica (Perry 1984, 1991). O método, ‘bém utilizado durante este trabalho para a subida nas, vores da Reserva, foi descrito por Nadkarni (1988) (Outras contiibuigdes foram feitas por Whitacre (1981), Dial ¢ Tobin (1994) e Laman (1995). Outwa técnica uti Tizada durante este trabalho para a escalada de arvores foi 0 “método das peconhas”, apresentaclo por Oliveira ‘e Zati (1995). Uma variagio € apresentada por Donahue ‘© Wood (1995). Ele ¢ indicado para subida em arvores de tronco longo, sem mui ices, Com 0 uso destes dois métodos ficou vidvel o acesso dlireto as epr fitas ‘Amata (oi visitada durante tré (ervalos irvegulares, Procurouse percorrer toda sésimo 1998, Gorre- 1994, Rossi ‘isso foram nadas, obscrvando-se as epi algumas ocasides também foi feita a escalada de arvo- ss grandes, A procura de exemplares que nao pudes: sem ser avistados de baixo. Foram coletadas as plantas encontradas em estado fértil e aquelas que, mesmo nio apresentando flor ou. fruto, eram reconhecidas como sendo diferentes das ja coletadas. No caso das Orchidaceae, plantas raras na Reserva, uma parte da planta era coletada, tomando-se o cuidado de deixar uma porcio que assegurasse a su sobrevivéncia no local. A parte coletada era mantida, A flora de epiftas vasciares ca reserva da Cidade Universtiria “Armando de Salles Otiveira” 63. cultivo, a0 ar livre e sobre x ‘Gio, para posterior identificag: ambém foram feitas observagdes do lado de fora dla Reserva, principalmente de arvores nas suas imedi- aces ¢ daquelas que compdem a arborizagio urbana de Sio Paulo, em busca das espécies de epifitas obser: vadas dentro da Reserva, Identificagéo - Uma ver coletado, 0 material vegetal foi prensado e seco em estufa no Departamento de Eco: eral do Instituto de Biociéncias da Universida- 10 Paulo. Depois de identificadas, as plantas foram incluidas na colegio do herbsirio do Departamen- to de Botdnica do Instituto de Biociéncias A identificagio das epifitas foi fe lio de especialistas ¢/ou de consulta A espera da flora. bibliografia, as- hela 1, Fain e espécies de epfitas vosculares na Reserva eh VASO, Sio Paulo, SE, Font Espécie Arseene Philodenon bipanaifian Schon ex El Philodendon erubescensK Koch & Augustin® Phalotendtron ine Selnt Phitodendion propingaumSchoae Awaliacene Js Iechnseese (C. rest) Copel Brometiaeene Jus, SehetTeraactinoplyls (Esl) Hass Blech binervarun (Poit,) CN.Morton & Lelinger Aechunea bromelifoia Rule) Baker ‘Aechmea distichansha Lem ‘Aeclunea nudicauis(L.) Gree Billbergiazebrina( Hes) Lina Tillndsia gemviniflora rouge Tilandsiareeurvata(L) Le Tillanesin stvicta So Viiesea gigantea Gauadich Rhipsatiegraneifors Haw: Rhpsatsteres(Vell) Steudet Rhupsalis wigona Pei. Ficns luschnaeinna (tig) Mig, Fieusnsipila Wilk Ficus mieroearpaLt® Fics hirsua Selon Campylocenrunt lineaifoliny Sele. ex Mans Epidendiumsp, Eunysipes cotyledon Waves Novia longispicata Fol nccinn punta Lal Polpstaciyaesteensis Rei Caetaeene fs. Moraceae Link, Orebidscene Juss Sebi Piper Peperomia uroeaypa Fisch & C.A.Mey: Valypodinceae Beret. Campylonenrun inyor (Hieron. ex Hicken) [re Lellnyger Microgranma squanntoss (Kai) deb Sota Mierogramuna secinifolia Lang & Fisch) Copel Meopeltvastroepis (Lieb) Foun, Pohpodiunzuneibl. Polypodiun cathvnie Langsd & Fie, Posy vsonsinnua Rk Pokpodim pleopeiotan Roads Polpodiun niseriates. sim como através de comparagio com material do her- birio do Instituto de Botanica (SP) do Departamento de Botinica do Instituto de Biociéncias (SPF). Proce. rouse identificar as plantas no nivel de espécie, 0 que nio foi possivel apenas no caso de uma Orchidaceae da qual nio se conseguiu material fértl, As descrigdes de familias e géneros foram baseadas na bibliografia citada apés cada descrigio de familia, As descrigoes le expécies foram feitas com base no materi al examinado, O exame de material de herbario limitow- sea exemplares coletados nas proximidades da Reserva, incluindo os bairros de Butanti,Pirajussara, Cidade Jar= dim e Pinheiros. Os termos mor ol6gicos nas descrigBes so usados de acordo com Ferri etal. (1981) e Radford et al. (1974). As abreviagoes dos nomes de autores foram, feitas segundo Brummitt e Powell (1992). Os sistemas de classificagio adlotados foram os dle Cronquist (1981) para as Magnoliophyta e Tryon e Tryon (1982) para as Pteridophyta. Foram elaboradas chaves de identificagio is de familia, género e espécie. Para permitir a identificacio das espécies epifitcas em eampo, em qual- quer perfodo do ano, foi efetuada uma chave baseada cexclusivamente em caracteristicas vegetativas Resultados Durante este trabalho foram encontradas no interior da Reserva 87 espécies de epifitas vasculares, pertencen- {es a 20 géneros de 9 familias. Deste total, trés sio exsti- cas (Tabela 1). A seguir sio apresentadas chaves de identificagao e descrigdes para as familias, generos ¢ es pécies presentes, assim como uma chave de identifica- ‘Gio das espécies baseada em caracteristicas vegetativas, Pteridophyta Chave para as familias de Pteridophyta 1. Venagio paralela sennssnnn Blechnaceae I’. Venagio reticulada ou inconspfeua .. Polypodiaceae BLECHNACEAE (C.Presl.) Copel. Rizoma ereto, decumbente, reptante ou escandente, com escamas. Folhas monomérficas a dimérficas; pe cfolo sem estipulas, no articulado ao rizoma; lamina inteira a usualmente pinatissecta ou 1-2-pinada; nervu- ras totalmente livres ou em parte anastomosadas. So- ros alongados, em um arco exterior de uma aréola ou em uma comissura vascular continua ou parcialmente acrosticdides; cobertos por um indiisio ou exindusia- dos; esporangios com um pedinculo 2-3-seriado e um, nel vertical ou aproximadamente vertical, usualmente interrompido pelo pedtinculo.

You might also like