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AQUECIMENTO GLOBAL
MUDANÇA CLIMÁTICA
Preparado pela Equipe de Trabalho sobre Aquecimento Global dos promotores de JPIC, Roma, Itália,
Março 2002
Incluímos algumas fontes bíblicas e teológicas que poderão ser usadas para se trabalhar com
grupos e comunidades, bem como alguns Recursos para sua educação e formação permanente.
Este trabalho não é a resposta às mudanças climáticas e ao aquecimento global, mas às vezes o
simples fato de se saber onde buscar informações é já um passo importante para se iniciar a
tarefa.
Apesar do que foi dito, quando aumenta a concentração atmosférica de tais gases podem surgir
problemas. Desde o início da revolução industrial, a concentração atmosférica de bióxido de
carbono aumentou quase 30%, a de metano aumentou mais do que o dobro e as de óxido de
nitrogênio aumentaram cerca de 15%. Estes incrementos, por seu lado, aumentaram a capacidade
da atmosfera terrestre de captar o calor.
Por que está aumentando a concentração de gases que produzem o efeito estufa?
Os cientistas acreditam que o uso de combustíveis fósseis e outras atividades humanas são a
causa principal do aumento do bióxido de carbono e de outros gases.
• As mudanças climáticas é um dos maiores desafios que o mundo enfrenta neste século
XXI;
• Estudos recentes demonstraram que o aquecimento observado durante os últimos 50 anos
é devido, em grande parte, às atividades humanas;
• O aquecimento do planeta no futuro será muito maior do que se pensava.
A maioria dos estudos sobre a aquecimento global coincidem em afirmar que enfrentamos um
aumento inevitável da temperatura terrestre e consideram a mudança climática como já tendo
começado. Em dezembro de 1997 a dezembro de 2000, o Painel Inter-governamental sobre as
Mudanças Climáticas (IPCC), integrado por mais de dois mil cientistas internacionais, nos
ofereceu um panorama da problemática atual:
• Serão mais graves e freqüentes os desastres naturais como: tremores de terra, inundações,
furacões, ciclones e secas. De fato, os grandes desastres climatológicos quadruplicaram
desde 1960.
• Calcula-se que a temperatura da terra aumentará numa média de 5°C (10°F) no próximo
século, embora em certas áreas, o aumento ainda possa ser maior. No Ártico, a calota
polar já diminuiu significativamente.
• Como as árvores desempenham um papel fundamental na absorção de bióxido de
carbono, a destruição das florestas está contribuindo, de modo importante, para o
aumento da concentração deste gás na atmosfera. Calcula-se que a crescente destruição
das florestas seja responsável por 20% da emissão de carbono provocada pelas atividades
humanas.
• Desde a II Guerra Mundial, o número de veículos a motor no mundo aumentou de 40
milhões para 680 milhões. Os veículos a motor contribuem para aumentar,
significativamente, a quantidade da emissão de bióxido de carbono na atmosfera
provocada pelo ser humano.
• Durante os últimos 50 anos consumimos, ao menos, a metade das fontes mundiais de
energia não renováveis, além de destruirmos mais da metade dos bosques do planeta.
Nos últimos cem anos, o consumo mundial de energia aumentou notavelmente. Pelo menos 70%
da energia é consumida pelos países desenvolvidos, e 78% desta energia provém de combustíveis
fósseis. Isto gera um grande desequilíbrio, ficando algumas regiões muito empobrecidas enquanto
outras tiram enormes benefícios. Embora as fontes de energia renováveis (como o sol, o vento, a
água) possam desempenhar um papel muito importante na redução do uso dos combustíveis
fósseis, os fundos investidos neste campo continuam a ser extremamente poucos em comparação
com os fundos destinados aos combustíveis fósseis e à energia nuclear, tanto nos países
desenvolvidos como nos em via de desenvolvimento.
Para evitar as danosas conseqüências das mudanças climáticas, devemos agir para estabilizar o
atual nível atmosférico dos clorofluorocarbonos o quanto antes. De acordo com o Painel Inter-
governamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), isto implicaria em reduzir as emissões de
clorofluorocarbonos em torno de 50%. Em seguida mencionamos alguns dos impactos negativos
que podemos esperar se não fizermos algo imediatamente:
Conseqüências:
v A elevação do nível do mar terá um efeito devastador nas pessoas. São especialmente
vulneráveis os que moram em países insulares, nas áreas costeiras densamente povoadas
de várias nações e nos deltas dos rios, bem como os pobres que vivem em países afetados
pela seca e inundações. Estima-se que, para o ano 2020, três quartos da população
mundial poderá correr risco de secas ou inundações. Os países empobrecidos sofrerão de
modo especial as conseqüências da mudança de clima. Isto, em parte, por causa de sua
geografia e por outro lado, pela falta de recursos para se adaptar às mudanças e mitigar
seu impacto.
v Os seres humanos e outras espécies do planeta já estão sofrendo por causa das mudanças
climáticas. As projeções científicas indicam um incremento na dimensão e na severidade
de tal sofrimento, devido, entre outras coisas, ao aumento do calor, das enfermidades
tropicais transmitidas por insetos - tanto ao norte como ao sul do equador - e a crescente
insegurança alimentar, entre outras coisas.
v Se não reduzirmos radicalmente as emissões dos gases que produzem o efeito estufa, os
custos anuais do aquecimento global poderão chegar a $300 bilhões de dólares em 50
anos. Se nossos governantes e políticos não agirem rapidamente, a economia mundial
sofrerá um grande retrocesso. Neste sentido, vale a pena mencionar que, durante a última
década, os desastres naturais custaram ao mundo $608 bilhões!
v Na 7ª Conferência dos Participantes da Convenção sobre as Mudanças do Clima (COP-
7), celebrada em Marrakech, Marrocos, em novembro de 2001, o representante do
Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) disse que o aquecimento global poderia
fazer a colheita de alguns produtos alimentícios fundamentais, como trigo, arroz e milho,
diminuir até 30% nos próximos 100 anos. Teme-se que os agricultores vejam-se
obrigados a migrarem para zonas montanhosas mais elevadas e frias, ameaçando assim a
vida selvagem e a qualidade e quantidade do fornecimento de água. Estas descobertas
indicam que um grande número de agricultores nos países em desenvolvimento já estão
enfrentando o problema da fome e da desnutrição.
Por que nós religiosos devemos nos preocupar e nos envolver com as
questões ambientais?
A terra tem uma grande capacidade de suportar a pressão que fazemos sobre ela, porém não
podemos continuar indefinidamente, sem que isso se torne uma ameaça para a sobrevivência
futura da humanidade. Como religiosos, temos a possibilidade de fazer alguma coisa.
A mensagem do Papa, “Paz com Deus criador, Paz com toda a criação” (de 1 de janeiro de
1990), dedicada exclusivamente as questões ambientais e ao desenvolvimento, lembra que:
“especialmente, os cristãos descobrem que seu comprometimento com a criação, bem como seus
deveres para com a natureza e o Criador, fazem parte de sua fé” (n° 15).
O mundo de Deus nos preme a considerar não só a justiça social, isto é, a existência de relações
justas entre as pessoas, mas também a justiça ecológica, que implica relações justas entre os seres
humanos, as outras criaturas e a própria terra. A criação é entendida, atualmente, como uma
comunidade de seres interdependentes um com o outro e com Deus trinitário. A integridade
ecológica é uma parte essencial de todas as tradições religiosas, além de ser um tema importante
sobre o qual se pode promover o diálogo, a colaboração e o entendimento mútuo.
As igrejas e os grupos interreligiosos estão bem envolvidos na questão das mudanças climáticas.
No ambiente ecumênico, que prevalece hoje em dia, devemos procurar os outros cristãos e os não
cristãos que trabalham este tema.
Nossa tarefa como homens e mulheres, religiosos e religiosas, consiste me contemplar a beleza e
a presença de Deus em todas as coisas. Semelhante contemplação deve levar-nos a uma metanoia,
ou conversão do coração, que é o ponto de partida para se responder à crise que nosso planeta,
nossa casa, criação de Deus, enfrenta no início do novo milênio.
Nossa resposta será de acordo com o lugar onde vivemos. Para os que vivem nas sociedades e
países caracterizados pelo consumismo e os valores materialistas, as formas de viver em
harmonia com a criação podem diferenciar-se das daqueles que vivem em sociedades e países nos
quais, dificilmente, se dão as condições básicas indispensáveis para se viver uma vida digna.
Uma ética ambiental adequada combina as estratégias para o desenvolvimento econômico com as
do equilíbrio ecológico.
Ao reconhecer o outro como alguém autônomo e com seu próprio valor, devo mudar meu
comportamento para manifestar meu respeito para com ele. A redução de todas as criaturas, não
humanas, à categoria de seres com valor só de instrumentos levou a degradação ambiental
maciça. A visão das Sagradas Escrituras, de São Francisco, de Hildegard de Bingen e de muitos
outros místicos nos sugerem que a criação tem uma dimensão moral autônoma, pois toda criatura
é amada em sua existência por Deus.
A conservação dos oceanos, dos bosques, da atmosfera, dos animais e das espécies vegetais é
uma preocupação que vai além dos estados nacionais e seus governos, pois os temas ambientais
nos obrigam a redefinir o bem comum em termos globais. Quando consumimos nossos recursos
mais rapidamente do que os podemos produzir, ou esgotamos os recursos não renováveis sem nos
preocupar com as necessidades das gerações futuras, estamos roubando-lhes o patrimônio.
Leonardo Boff se refere à humanidade como a consciência da terra, reflexão que nos ajuda a
reavaliar a interdependência existente entre todo o criado. Embora a pessoa humana tenha uma
posição especial e desempenhe um papel único no plano geral de Deus para o universo, não
poderá existir por longo tempo senão relacionando-se de maneira saudável com o que a rodeia. A
pessoa humana precisa da criação para sobreviver, porém a criação não precisa da pessoa humana
para tal. A pessoa humana é parte da criação e não vice-versa.
A educação é muito necessária, não só para chamar a atenção das pessoas para os fatores que
ameaçam o planeta, mas também para o mistério de sua própria existência.
Baseado no que foi dito, que podemos fazer como religiosos? A seguir apresentamos algumas
idéias:
Sabia que, pela primeira vez na história, temos um acordo vinculativo ( o Protocolo de Kyoto)
para a proteção ambiental, a fim de reduzir as emissões de gases que produzem o efeito estufa?
Apesar disto, para se tornar operativo deve ser ratificado por 55 países, e até a data de hoje só
46 o fizeram. Além do mais, entre os países que o ratifiquem devem estar os responsáveis por
55% das emissões mundiais de gases que produzem o efeito estufa. Isto significa que a maioria
dos países industrializados do mundo deveriam ratificá-lo,
e foram poucos os que o fizeram até o momento.
Reciclar…
§ Revisar nossos hábitos de consumo e comprar produtos que não tenham uma embalagem
muito sofisticada. Usar detergentes e artigos de limpeza biodegradáveis.
§ Reciclar tudo aquilo que pode ser reciclado: plásticos, cascas de frutas e verduras, papel e
papelão, vidros e latas.
§ Preparar o composto. Juntando folhas, ramos e vasculho do jardim e muitas minhocas se
produzirá composto, um adubo natural muito bom para a terra.
§ Convocar os fabricantes para que assumam a responsabilidade de coletar as partes usadas
e danificadas dos televisores e computadores que precisam de um processo especial para
serem recicladas.
§ E o que mais?
Reduzir…
§ Reduzir o consumo de água.
§ Reduzir o uso de seu carro
§ Reduzir a queima de material não reciclável.
§ Reduzir as emissões de clorofluorocarbonos e substituí-los, evitando-se o uso de
aerossóis e usando aparelhos eletrodomésticos que poupem energia.
§ Reduzir o consumo de eletricidade por meio de iluminação fluorescente.
§ E o que mais?
Relembrar…
§ Relembrar aos governos locais seu compromisso com a reciclagem e a eliminação do
lixo, como sua obrigação de manter atualizadas as leis sobre reciclagem e a destruição do
lixo.
§ Relembrar, com firmeza, aos empresários locais que devem simplificar as embalagens de
seus produtos.
§ Relembrar às autoridades locais que devem economizar eletricidade e usar sistemas de
eletrificação eficientes.
§ Relembrar aos governos nacionais seu compromisso com as declarações e protocolos em
favor do meio ambiente.
§ Relembrar a todos com quem você se relaciona, diariamente, a necessidade de se
respeitar a terra e fazer do princípio “reduzir - reciclar - reutilizar - relembrar” o viés de
seus padrões de consumo.
§ E o que mais?
Prepare algo simples para sua oração... um vaso com água, uma vela, um pouco de terra.
Convite à oração:
"Atualmente, o cuidado com o meio ambiente é um chamado a respeitar toda criação e a garantir
que as atividades humanas, para a transformação da terra, não destruam o equilíbrio dinâmico que
existe entre todas as coisas vivas que dependem da terra, do ar e da água para sua própria
existência. O tema ambiental se converteu no eixo da reflexão social, econômica e política, por
causa, precisamente, da crescente degradação, que costuma golpear muito mais duramente os
setores mais vulneráveis da sociedade. O risco das mudanças climáticas e o aumento dos
desastres naturais questionam o rumo atual da sociedade moderna. Não podemos ficar
indiferentes diante da crescente brecha que separa ricos e pobres, bem como diante do consumo
excessivo dos recursos do planeta e da destruição das espécies” (Cardeal François Xavier
Nguyen Van Thuan, Presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz).
Rezemos juntos o Salmo (147)148,1-10 (observação nem todas as bíblias têm o mesmo
número)
Oração final:
Para maior informação, para aprofundar os temas e saber o que se pode fazer:
Alemão:
http://www.hamburger-bildungsserver.de/welcome.phtml?unten=/klima/infothek.htm
http://www.klimaschutz.de/kbklima/
http://www.klimabuendnis.at/daskb/index.html
http://www.treibhauseffekt.com/
Francês:
http://www.agora21.org/mies/chan-clim1.html
http://fr.fc.yahoo.com/r/rechauffement.html
Espanhol:
http://www.pangea.org/personasenaccion/
http://www.ine.gob.mx/
http://www.lareserva.com/
Português:
www.aquecimentoterrestre.hpg.com.br
www.ozonio.cm.inpe.br
www.geocities.com/meteo
http://br.yahoo.com/Sociedade/Natureza_e_Meio_Ambiente
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