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Curso: Fisioterapia

Disciplina: Corporeidade e motricidade


Período: 1º
Professor: Wagner Allan

Imagem Corporal: noções e definições


Imagen Corporal: conocimiento y definiciones
Corporal Image: slight knowledge and definitions
Graduate Director of Physical Education - UNIABEU
Master Science Student of Physical Education - FEF/UNICAMP

Leonardo Mataruna
leonardo.mataruna@cev.org.br
(Brasil)

Resumo
Este artigo faz uma breve apresentação da terminologia Imagem Corporal, a qual vem sendo
utilizada por muitos pesquisadores da área de educação física e que sua compreensão faz com
que possamos trabalhar os conteúdos específicos, de uma maneira melhor, entendendo o
corpo sob uma visão mais ampla, onde a relação do objeto no "eu" se completa.
Unitermos: Corporal. Imagem do Corpo. Identidade Corporal.

Resumen
Este artículo hace una breve presentación de la terminología Imagen Corporal, donde
muchos investigadores del área de Educación Física están utilizando en sus estudios y practica
profesional. Su comprensión permite que el trabajo específico quede mas completo,
visualizando el cuerpo dentro de una visión más amplia, donde la relación del objeto en "yo" si
complementa.
Palabras clave: Imagen Corporal. Imagen del Cuerpo. Identidad Corporal.

Abstract
This article presents one brief explanation of the Corporal Image terminology, which comes
being used for many researchers of physical education area. Its posibles understanding the
specific contents for can work in a better way, understanding the body with a ampler view,
where the relation "mine" with object can be complete.
Keywords: Corporal image. Body's Image. Corporal Identity.

O que é Imagem Corporal?

Imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada na


mente do mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta
para si próprio. É o conjunto de sensações construídas pelos sentidos
(audição, visão, tato, paladar), oriundos de experiências vivenciadas pelo
individuo, onde o referido cria um referencial do seu corpo, para o seu corpo e
para o outro, sobre o objeto elaborado.

O termo Imagem Corporal vem sendo usado freqüentemente de maneira


permutável com a terminologia Esquema do Corpo, em estudos neurológicos e
psicológicos, onde ocorrem também resistências a determinadas definições e
muitas confusões metodológicas e conceituais (PAILLARD, 2001).

O esquema corporal é tido como a "experiência imediata de uma unidade do


corpo, (....) percebida, porém é mais do que uma percepção, (...) chamamos de
esquema de nosso corpo", ou mesmo, segundo Head apud Schilder (1999),
que o denomina como modelo postural do corpo. O aludido é a imagem
tridimensional que todo sujeito tem do seu próprio corpo, não abordando sob a
ótica de uma mera sensação ou imaginação, mas da percepção corporal,
mesmo que a informação tenha chegado através dos sentidos.

A imagem que pode ser visual, motora, auditiva, tátil, entre outras, não pode
ser analisada separadamente os itens ou adotar para casa estrutura um padrão
único para a avaliação de alteração em todas as estruturas.

Toda mudança reconhecível entra na consciência comparando-se com


situações já vivenciadas, realizando assim uma avaliação da nova situação que
gera uma mudança na Imagem Corporal.

Há uma distinção desobstruída proposta primeiramente por Head e Holmes


(1912) apud Paillard (2001), entre um esquema do corpo considerado como
"um padrão combinado de encontro em que todas as mudanças subseqüentes
da postura estão sendo medidas (...) antes que a mudança postural incorpore o
consciente."; e a imagem do corpo como "uma representação interna na
experiência consciente da informação visual, tátil e motor, da origem corporal".

Segundo Cash & Pruzinsky (s/d) a imagem corporal pode ser definida como
a visão do nosso corpo que produzimos em nossa mente (SCHILDER, 1935). A
imagem corporal é definida como a representação mental do próprio corpo
(KRUEGER,1990,p.125).

Como se processa o desenvolvimento da Imagem Corporal?

A Imagem Corporal se desenvolve desde o nascimento até a morte, dentro


de uma estrutura complexa e subjetiva, sofrendo modificações que implicam na
construção contínua, e reconstrução incessante, resultante do processamento
de estímulos.

Durante os anos pré-escolares a criança desenvolve de forma acentuada o


seu conceito a respeito da imagem corporal. Com um pensamento e uma
linguagem mais abrangente, começa a reconhecer que a aparência das
pessoas pode ser mais ou menos desejável e as diferenças de cor ou raça. Ela
conhece o significado das palavras "bonito" e "feio" e reflete a opinião que os
outros têm a respeito de sua aparência. Aos cinco anos, por exemplo, a criança
já compara sua altura com a de seus pares e pode dar-se conta de ser alta ou
baixa, especialmente quando as pessoas se referem a ela, chamando-a de
"alta ou baixa para a idade". Apesar de seus progressos no desenvolvimento
da imagem corporal, o pré-escolar ainda tem uma noção pouco definida a
respeito dos limites do seu corpo, além de possuir escassos conhecimentos de
sua anatomia interna. Em virtude disto, qualquer experiência invasiva o
atemoriza, especialmente quando há solução de continuidade da pele, tais
como pequenos cortes ou escoriações. Em seu pensamento, em conseqüência
de uma pele rompida pode escapar todo o seu sangue e interiores. Por isto os
curativos são tão importantes para segurar tudo dentro, e qualquer arranhão
precisa de mercúrio ou esparadrapo, para que a interpretação da imagem
corporal da criança seja atendida evitando distúrbios que possam surgir
posteriormente (MONTARDO, 2002).

A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos, estando
o seu corpo ocupando um espaço no ambiente em função do tempo, captando
assim imagens, recebendo sons, sentindo cheiros e sabores, dor e calor,
movimentando-se. O corpo é o seu centro, o seu referencial, para si mesma,
para o espaço que ocupa e na relação com o outro.

A noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos


disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro da
relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-somático ante uma
imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos (RAMOS, 2002).

O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer


da evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência
sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam
pouco a pouco se encaixar uns aos outros para compor um corpo completo a
partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal revela-se
gradativamente à criança da mesma forma que uma fotografia revelada na
câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando
contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o
estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez
que a evolução está praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco
anos. Isto é, ao lado da construção de um corpo 'objetivo', estruturado e
representado como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados a
qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do
esquema corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento ulterior da imagem
e da representação de si mesmo, idem.

A imagem corporal é continua e representativa do esquema postural e


acompanha o indivíduo desde o seu nascimento até o ultimo suspiro, sofrendo
adaptações e transformações globais de acordo com o momento vivido.

Quanto maior forem os estímulos e as possibilidades de novas experiências


do recém nascido durante toda sua trajetória de vida, mais completa será a sua
formação do esquema corporal, principalmente sob o ponto de vista
psicomotor. As experiências corporais que determinam a imagem corporal
corroboram para a modelação de um esquema que refletirá na adolescência e
na vida adulta. Sua forma poderá ser lapidada, porém terá seus elementos da
construção inicial preservados, apesar das transformações ocorridas ao longo
da vida.

O esquema corporal é uma aquisição lenta e paulatina. Desenvolve-se


desde antes do nascimento, se incrementa em forma notável desde este até o
terceiro ano de vida e, logo, continua em permanente evolução adaptativa pelo
resto da existência do individuo. Se estrutura sobre a base dos componentes
neurológicos em desenvolvimento e maturação onde se liga
fundamentalmente, as percepções exteroceptivas, proprioceptivas e
interoceptivas que permitem estabelecer, em um momento inicial a consciência
sobre localização espacial total, a capacidade e o funcionamento de uma
determinada parte do corpo, a consciência inicial sobre a magnitude do esforço
necessário para realizar uma determinada ação, e a consciência sobre a
posição do corpo e suas partes no espaço durante esta ação (BARRETO,
2002).

Estas noções que se desenvolvem prioritariamente durante os primeiros


meses de vida extra-uterina, mas que se inicia durante a vida intrauterina,
como já se abordou, vão ocorrendo cada vez mas fáceis e inconscientes pela
repetição continua e eficaz de cada ato em questão, até chegar a
automatização da resposta frente ao estímulo específico.

Liga-se sem associações ao estabelecimento dos reflexos em que as


percepções sensoriais, sensitivas e proprioceptivas se conjugam para gerar a
excitação neuronal que, em nível central ou em nível da medula espinal,
desencadeia a motricidade requerida como resposta ao estímulo percebido ou
a uma ação gerada conscientemente, Idem.

Ainda que pareça evidente, é necessário aclarar que o esquema corporal se


implanta e evolui, especial e especificamente, sobre a maturação do conjunto
neuromúsculo-esquelético e que se liga ao processo de ereção que leva o
neonato através das etapas de rastejar, engatinhar e primeiros passos, até ao
total domínio da marcha e orientação, as quais são suportadas pelo eixo axial
que está localizado na coluna vertebral, Idem.

A imagem corporal do bebê amadurece aos poucos na medida em que ele


experimenta o toque, a exploração do espaço, a manipulação e contato com
objetos. A idéia de separação de seu corpo de outros corpos e objetos se dá
gradativamente (LE BOULCH,1987). Krueger (1968) e Piaget (1945)
concordam que a percepção da existência do corpo próprio, individual, se dá
por volta dos 18 meses, idem. Le Boulch aponta que Lacan, após Wallon
enfatizam a grande importância da "fase do espelho", quando a criança vê sua
imagem projetada no espelho, olha por trás do mesmo... Até então, a imagem
de seu corpo encontra-se incompleta, fragmentada. A imagem do todo
acontece quando ela se vê no espelho. Ela passa então da "imagem do corpo
fragmentado à compreensão da unidade de seu corpo como um todo
organizado" (MATARUNA, 2002; AJURIAGUERRA, 1986, 1987; LE BOULCH,
1987, p.215). Krueger (1990) ressalva a importância da imagem corporal não
ser limitada a imagens visuais, mas como fruto da absorção de experiências
vividas.

A imagem corporal nunca é estática. Ela muda de ação para ação


(FELDENKRAIS,1977; SCHILDER,1999). "De início, quando a imagem está
sendo estabelecida, sua taxa de mudança é alta; novas formas de ação que,
apenas um dia antes, estavam além da capacidade da criança, são
rapidamente conseguidas "(FELDENKRAIS,1977,p.28).
A experiência da "falta" no processo de desenvolvimento da Identidade
Corporal

A criança não espera nada do mundo exterior de plenitude e fusionalidade. A


perda da plenitude fusional não assegura a separação do Eu e do não-EU, a
qual exige uma dissociação perceptiva entre as sensações provocadas pelo
exterior e as sensações internas, que se revertem em experiência (LAPIERRE,
1984, p.11).

Os objetos transicionais e os desejos do homem ocorrem para minimizar, ou


seja, compensar a falta do se ou de um ser. O desejo de possuir o corpo do
outro se transforma em desejo possessivo pelos objetos (idem, p.18).

A falta no corpo, oculta no inconsciente, vai emergir no consciente sob a


forma simbólica de uma falta do ter. Mas o ter não pode nunca preencher esta
falta e o desejo de posse pelos objetos torna-se incontrolável cumulativo e
desabando como uma avalanche.

La Pierre contextualiza a experiência da "falta" no processo de


desenvolvimento da Identidade Corporal na necessidade do individuo transferir
ou se apoiar, e porque não dizer, consumir o outro. Este se revela desde o
nascimento do bebê, quando se corta o cordão umbilical e há a separação do
líquido amniótico, até a fase adulta quando ainda há a necessidade de
recuperar o trauma ocorrido na quebra da fusionalidade. Para o autor a
construção da identidade corporal ocorrerá espelhada no que o outro
apresenta, e sobre o desejo do individuo reproduzido pelo outro.

A construção deste modelo corporal surgirá de uma maneira pela qual o


sujeito tenta consumir, enquanto objeto, o corpo de um outro individuo para
suprir o seu espaço fusional interior.

Na fantasmática fusional da criança, as "cavidades" são aberturas para o


mundo misterioso do interior do outro, daí o desejo inconsciente de penetrar
nestas cavidades (...), onde a criança com seus dedos , a mão, o olhar, e com
todo o corpo explora estes orifícios na busca da interioridade alheia no seu
próprio corpo, fato que no futuro vai se investir nas relações sexuais
(LAPIERRE, 1984, p.32)

Para o surgimento da identidade corporal, o corpo deve estar reunido com


uma imagem global que aparece por volta do oitavo mês de vida, durante o
estágio do espelho, que ainda é imperfeita mas que se aprimora com o reforço.
As experiências motoras corroboram para o conhecimento das dimensões
corporais permitindo atingir com maior facilidade esta totalidade (Idem, p. 23).

Referências bibliográficas

AJURIAGUERRA J.; MARCELI D. La exploración del niño. Barcelona:


Masson, 1987.
AJURIAGUERRA J. Psicopatología del adolescente. Barcelona: Masson,
1986.

BARRETO, J.F. Sistema estomatognático y esquema corporal. Disponível


em
http://www.colombiamedica.univalle.edu.co/Vol30No4/estomato.html.
Acessado em: 24 de abril de 2002.

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KRUEGER, D.W. Developmental and Psychodynamic Perspectives on


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LAPIERRE, A. A Falta - Fusionalidade e Identidade. In: Fantasmas


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LE BOULCH,J. O desenvolvimento psicomotor - do nascimento até 6 anos.


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MATARUNA, L. A imagem corporal sob a ótica fisiológica: analisando as


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Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. São
Paulo: UNICAMP-FEF, 2002.

MONTARDO, J.L. Aprendendo a Vida. Disponível em:


http://planeta.terra.com.br/saude/montardo/desenvolvimento/epensamento2.
htm. Acessado em 03 de maio de 2002

PAILLARD, J.; FLEURY, M.; LAMARRE, Y. Are body schema and body
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Acessado em
http://www.lyon151.inserm.fr/symposium534/posters/43paillard .html.
Disponível em 14 de maio de 2002.

RAMOS, E. Algumas áreas da psicomotricidade. Disponível em:


http://members.tripod.com.br/ramoseducacaofisica/motor.htm. Acessado em
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SCHILDER, P. A Imagem do Corpo: As Energias Construtivas da Psique.


São Paulo: Martins Fontes, 1999.

SCHILDER, P. F. The Image and the Appearance of the Human Body:


Studies in Constructive Energies of the Psyche. London: Trench e Trubner,
1935.

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