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ORIGEM E DiFUSAO DA AVALIACAO DE, IMPACTO Puella NEA 48. {BeMaliacto de Impacto Ambiental: conceitos ¢ métodos " Em inglés, amenities. 2No original, major. 2 Em inglés, statement, ‘A avaliacdo de impacto ambiental (ALA) ¢ um instramento de politica ambiental ado- tad atualmente em imimeras jurisdighes ~ paises, regi6es ou governos locais ~, assim come por organizaydes internacionais ~ como bancos de desenvolvimento - ¢ por entidades privadas. # reconhecida em tratados internacionais como um mecanismo potenciatmenre eficaz de prevenco do dano ambiental e de promacdo do descnvolv mento sustentivel. Sua formalizacao ocorreu pela primeira vez nos Estados Unidos, por intermédio de uma lei aprovada em 1969 pelo Congresso american, A partir de entio, a AIA disseminou-se, alcangando hoje uma difusio mundial. Atualmente, mais de uma centena de paises incorporou As suas legislagdes nacionais provisées equerendo & avaliacéo previa dos impactos ambientais, Somando-se os procedimen- tos formais seguidos pelas agtucias bi e multilaterais de desenvolvimento, pode-se afirmar que a AIA € hoje eniversalmente empregada. 2.1 ORIGENS ‘A sistematizacao da avaliacao de impacto ambiental como atividade obrigatéria, a ser realizada antes da tomada de certas decisdes que possam acarretar conseqiéncias ambientais negativas, ocorreu nos Estados Unidos em decorréncia da lei da politica ‘nacional do meio ambiente daquele pais, a National Euvironmenial Policy Act, usual- ‘mente referida pela sigla NEPA, Essa lei foi aprovada pelo Congresso em dezembro de 1969 e entrou em vigor no dia 1° de janeiro de 1970, requerendo de “todas as agéncias do governo federal” (artigo 102 da leil: (Aj utilizar uma shordagem sistematica € interdisciplinar que essegurard 9 us9 integrada das eigncias naturais € sociais ¢ das artes de planejamento ambiental nas tomadas de decisdo que possam Ter um impacto sobre 0 ambiente hurwana; (5) identificar € desenvolyer aétedos e procedimentos, em consulta com 0 Con- selha de Quatidade Ambiental esiabielecide pelo Tirulo II desta Tei, que assestu- rarfio que os valores! ambientais presentemente do quantificados serdo levados adequadamente em consideragio 2a tomada de decisbes, a0 lado de considera~ gbes técnicas & econdmicas; [C)jactuir, em quakquer recomendagao ou relatério sabre propostas de Fegislacdo ¢ outras imporrantes? agbes federais que afetem siguificativamente a qualidade do ambiente humano, unia declaragio?’ detalliada do fuxcionario responsavel sobre: {il 6 impacto da acao proposta, {Gi} 0s efetas ambientais adversos eque ndo puderem ser evitados caso a proposta seja Implementada, (iil) alternativas & aco proposta, (iu) a velagie entre os isos focais € de curto prazo do ambiente kumano € a manutengdo ¢ melhorla da produtividade a longo prazo, € fu) qualquer comprometimento irzeversive! © inrecuperavel de recursos que seria envelvidas se a aco prupasta fossc implementata. (0 campo de aplicagao da NEPA ¢ bastante complexo. Resumidamente, a Tel apli- ca-se a decisdes do governo federal que possam acarretar modificagées ambientais significativas, 0 que inclui projetos de agéncias governamentais e também projetos privados que necessitem de aprovacao do governo federal, como a mineracao era terras piilicas, usinas hidrelétricas e nucleares ete. Onuctta € DirusAo DA AVALIAGAD DE IMPACTO AMBIEN © Conselho de Qualidade Ambiental - Council on Environmental Quality (CEQ), a instituiggo criada pela NEPA, € elemento fundamental para atingir os objetivos de “criar e manter condigées para que homem ¢ natureza possam cxistir em harmonia produtiva e atingir os anseias sociais ¢ econdmicos das geragdes presentes c futuras de americanos” (See, 101 {a)). 0 CEQ é formado por trés membros nomeados pelo presidente € aprovados pelo Senado; ¢ subordinado direramente 4 Presidéneia, tendo status equivalente ao do Consclho de Atividades Fconémicas. Supostamente, isso permitiria que as consideracdes ambientais merecesscm as mesinas deferencias que as quest0es econdmicas nas decisdes yovernamentais. Uma das principals functes do CEQ € assegurar que as agéncias do governo federal efetivamente implementem os requisitus da NEPA, ou seja, lever em conta as implicacées de suas agées sobre 0 ambiente humano ates da tomada de decisdes. Um dos artifices da NEPA foi o professor de ciéncia politica Lynton Caldwell, convi- dado pelo Senado para assessorar a discussao ¢ a redagéo do projeto de lei, Segundo Caldwell (1977, p. 12), para que @ politica fosse efieaz, dois enfoques eram necessa- rios: 0 primeira era estabelecer um fundsmento substantivo, “expresso através de dectaracies, resolugdes, leis ou diretrizes”; 0 segundo, fornecer meios para a acio, “sendo que unt aspecta eritico é 0 mecanismo para assegurar que a aco tencionada ireatmente] ocorra’, 0 mecanismo foi justamente 0 environmenéal impact statement (EAS), inicialmente concebido como uma “checklist de critérios para planejamen- to ambiental” (Caldwell, 1977, p. 12). Ainda segundo o depoimento de Caldwell (p. 15}, “dentre as dezenas de projetos de lei sobre politica ambiental (..) nenhum era operacional’, ou seia, nenhum deles inclufa algum mecanismo para assegurar a iraple- mentagao pritica dos principios retdricos enunciados. Durante os debates de 1969, a ideia de “avaliar os efeitos (...) sobre o estado do meio ambiente” ganhou forga € transformou-se na redacdo da Seeto 102 (C) da lei, transcrita acima. Caldwell (p. 16) afirma que, curiosamente, “a exigencia de um FIS nfo provocou debate mene suscltou apoio ou abjegies externas’, Foi somente depuis da aprovacto da lel que suas implicagées foram plenamente compreendidas: “a NEPA pegou 0s empresdrios e os burocratas publicos de surpresa (..J € mesmo agéncias governamentais nao a levaram a sério até que os tribunais comecassem a exigir o estrito cumprimento da exigéncia do estudo de impacto am- biental” (Caldwell, 1989, p. 27). Diversos foram os questionamentos levados 4 Justica, deste alegagies de implememtagdo meramente formal da Ici por parte das agéncias até pura e simplesmente sobre a suposta tomada de decisies sem que a lei fosse levada em conta, Em dois anos, as agéncias federais produziram 3.635 estudos de impacto ambiental, ¢ foram contestadas em 149 agbes judiciais, Nove aaos mais tarde, jé havia cerca de 11 mil estudos ¢ nada menos que 1.052 acdes na Justiga (Clark, 1997). Outro autor privitesiado do processo de concepcao ¢ aprovacao da NEPA foi o assessor legislativo Daniel Dreyfus, para quem a NEPA é uma excecio & regra segundo a qual “as intencdes originals dos formuiadores de politicas publicas acabam. sendo transformadas quando os responsiveis por sua implemcntagao assumem as réde- as. No caso da NEPA, os objetivos foram expandidos durante a implementagao, ¢ 0 impacto da lei foi sentido para além das expectativas iniciais” (Dreyfus e Ingram, 1976, p. 243). Para 0 senador Henry Jackson, que apresentou 0 projeto ae Congreso, @ “8 aliagdo de Impacto Ambient 443 Federal Register 55.990, ox. 28, 1978. Um dccreto de 1977 (Ereeutive Onder 11.991) determinow que 0 CEQ atorasse ‘um regulamento para unifornizar 0 provedimenios de preparagia e andlise das EIS. No sistema norte-americano, ‘as requlamentos {regulations} tém aplicacdo compresria, 20 conzrézio das divcirizes (guidelines “o aspecto mais importante da let € que ela estabelece novos processes dccisérivs para fodas as agéncias do governo fedcral” (Spensiey, 1995, p. 310). Os mecanismos de implementago néo cram triviais. 0 objetiva do environmental impact statement nao era “coletar dados ou preparar descriges, mes forgar uma mudanga nas decisies administrativas” (Dreyfus ¢ Ingram, 1976, p. 254). Para guiar a aplicagio dos requisites da Politica Nacional de Meio Ambiente dos Estados Unidos, o Consetho de Qualidade Ambiental pubticou, em 1? de agosto de 1973, suas dizetrizes para a elaboracao e apresentacao do EIS. Essas diretrizes estabeleceram os funda- mentos do que viriam a ser os estudos de impacto ambientat néo somente nos EUA, mas em diversos outros paises, que acabaram se inspirando no modelo americano para implementar suas proprias leis ¢ regulamentos sobre a avaliagto de Impacto ambiental, 0 texto da NEPA, ao estabelecer principios e linhas gerais da politica ambiental, munca [oi alterado. No entanto, a aplicagdo das diretrizes fixadas pelo CEQ em 1973 revelou-se, em varios pontos, insatisfatéria, 0 que motivou sua subslituiggo por um regulamento, publicado em 28 de novembro de 19784, Cabe as diferentes agéncias (ministérios, departamentos, servigos etc.) aplicar a NEPA. Para isso, cada agéncka descnvolven suas préprias diretrizes e procedimentos, Ao CEQ cabe somente estabe- lecer as diretrizes gerais, zelar pela boa aplicacdo da lei e acompanhar sua aplicagao. Em certas situacdes, cave-lhe também um pape! de arbitro, quando hi desacordo entre agéncias governamentais acerca dos impactos ambientais de certos projetos. ‘Trata-se do proceso conhecido como “referral”, que, no entanto, € ocasional. 0 CEQ registrou somente 27 casos até 2003. Por outro lado, como a NEPA somente se aplica a agées do governo federal, diversos Estedos aprovarem suas proprias leis nos anos que se seguiram a aprovacao da NEPA. Atualmente h4 17 Estados com “requisites de planejamento amblental similares aos da NEPA’, sendo Califérnia, Washington e Nova York recanhecides como os mais avangados (Welles, 1997, p. 209}. Um ponto fundamental quanto as origens da avaliagdo de impacto ambiental € que © instrumento no nasceu pronto nem foi cancebido por um grupo de ilaminados. Por um lado, a AIA resultou de am processo politico que buscou atender a uma demanda sociat, que estava mais madura nos Estados Unidos no final dos anos de 1960. Por outro, a AIA evoluiu ao longa do tempo, foi senda modificada conforme ligdes eram aprendidas na experiencia prética. Evoluiu nos préprios Estados Unidos ¢ modificou-se out adaptou-se conforme foi sendo aplicada em outros contextos cultu~ rais ou politicos, mas sempre dentro do objetivo primario de prevenir a degradacao ambiental ¢ de subsidiar um processo decisério, para que as conscqliéncias sejam apreendidas antes mesmo de cada decisio scr tomada. 2.2 DiFUSAO INTERNACIONAL: OS PAISES DESENVOLVIDOS Nos paises do Norte, 2 adocéo da ALA deveu-se fundamentalmente a similaridade de seus problemas ambientais, decorrentes, por sua vez, do estilo de desenvolvimento, Canada (1973), Nova Zclindia (1973) ¢ Australia {1974} estiveram entre os primeiros paises que adotaram politicas determinando que a avaliagde dos impactos ambientais é ORIGEN E DIFISAD DA AVALIACKO DE sVIPACTO AMBIEN 8 deveria preceder decisdes governamentais importantes (Quadro 2.1). Da mesma forma que os Estados Unidos, esses paises foram colénias de povoamento briténicas, her- dando um sistema juridico e politico muito semelhante. Por outro lado, a explotactio dos recursos naturais teve um papel historicamente muito importante em todos eles ¢, 20 Intensificar-se apds a Segunda Guerra Mundial, colocou em evidéncia o vasto aleance dos impactos ambientais acumulados. Paises de estrutura federativa, varias provincias e Estados na Australia © no Canada, assim como nos Estados Unidos, também adotaram leis sobre AIA, ampliando assim 0 escopo eo campo de aplicacio desse instrumento (Quadro 2.2). Quadro 2.1 Marcos da introducdo da AIA em aiguins paises desenvelvidos selecionadas Canedé 1972 Deciséo do Corselho ce Ministros de estabelecer um processo de avaliagao © exome ambientai em 20 de dezembro de 1973, moviffcado em 15 de Fevereiro de 1977 Decreto sobre as diretrizes do grocesso de avaliago exame amblentel, de 22 de junho de 1984 Lei Canacense de Avaliagao Ambiental, sancionasia em 23 de junho de 1992 Procédinlenta® de protecdove mhelhoria ambiental d 4 yl ehde Gosia. de Recursos de julke! de: 1993.0 Austrélia 1874 Lede Proteco Ambiental ilmoacto de Propastas), de dezemaro de 1974, modificada ém 1987 ici de Protecdo Ambiental ¢ Protecao da Bi ME es sidade de 1989 fa. aplicacao- da Lei ue Protecao da Nawuiee sd democratizacso das eonsuiltas pubticas. Diretiva 85/337EEC, de 27 de junho ce 1985, sabre a avatiagdo dos efeitos ambleata's de certos projetos puibiicos privades Modificada pela Dirctiva 97/11/EC, de 3 de marco de 1997 lnsthigie de Saviele ici 244, de 15 de abr de 1992, sobre AIA Decrez0 499, de 1° de outubro de 1992, sobre competéncia profissional para avaliagio de impactose sobre mels e rocesiments para siscussaoaiblica da apni dos spn Hong Kong 1397 80 aliacdo de Impacto Ambiental: conceitos e métodos Quadro 2.2 Exemplos de institucionatizocéo da AIA em wigumios jurtsdipdes subnacionais Calféria, EUA 1970 Lei de Qualidade Ambientat da Califa, diversas modlficagdes svbseqlentes IGWB. YOR OA Hi LAE eatak Beach Aaibieta CHE SI He are eh Alberta, Canadé 1973 _Lei de Canservacao e Recuperacao de Terras ‘Convengao da Bai nos do Canada € da Quebec ¢ as comunidades autéctones Inuit e Cri, estabetece umn regime particular de AIA em toda a poreaa norte do territério provincial; as Cri € as Inuit criaram seus préprios comités para gerir 0 processo de AIA) AS RIG ie Cones Os Bee Victoria, Diretrizes para Avaliagdo Ambiental, Ce 1977 Australia Lei sobre Efeitos Ambientais, de marco de 1978 Direttizes para Avaliagéo Ambiental, de 1977 Augen) 7 AG ah Go Rroteea imbibe Ei HORE 29 Ce ee lihas Baleares, 1986 Decreio 4/1986, sobre implementagdo € regulacio dos estudos de impacto ambiental wheal eae Sone Fontes:elaborada a partirde diversos fontes,incluindo prospectos edltados por arganismas governamentais, sites governamentas, Couch f2988), Morrison-Saunders e Bostey (2000) e Paterm (1999). Ja na Europa, entretanto, 0 modelo americano de AIA nao foi hem visto, pcto menos em ‘um primeira momento, Os govertios sustettavam que suas politicas de planejamento ji Tevavam ent conta a varidvel ambiental, situagéo que se oporia 4 dos Estados Unidos, pais onde o planejamento tinha pouca tradicdo. Mesmo assim, depois de cinco anos de diseussio e cerea de 20 mimutas (Wathern, 1988}, a Comissao Earapéia adotou uma resoiugao (Diretiva 337/85), de aplicagao compulséria por parte dos paises-membros da entio Comunidate Economica Furopéia (atual Unigo Européia), obrigando-os a adotar procedimentos formais de AIA como critério de deciséo para uma série de em- preendimentos considerados capazes de causar significativa degradagto ambiental. Na ‘verdade, a elaboracko da diretiva européia tardou dez anos, uma ve2 que os estudos pretiiaineres comegaram em 1975. Para Wathern (19880), quando finalmente a dirctiva foi aprovada, representou grandes mudangas para aqueles paises onde a AIA havia sido praticamente negligenclada nas politicas piblicas - Bélgica, Espanha, Grécia, Indlia ¢ Portugal. Os demais paises, de ‘Oniseia & DIFUSAO DA AVALIACAO DE IMPACTO AMBIEN diferentes formas, ja aplicavam alguma modalidade de AIA (gcralmente associada a0 plangjamento territoriall, embora somente a Franga tivesse um sistema formalizado ¢ embasado em ict A Franca, de fato, antecipou-se ¢ foi o primeiro pais da Europa a adotar a avatiacko de impacto ambiental pela fei de 1976. Na verdade, foi 0 nico a legislar sobre AIA antes, dda diretiva européia. Diferentemente dos Estados Unidos ~ ¢ sem divida em funcio de uma regime juridico ¢ de uma organizacdo administrative muizo diversos -, @ AIA foi adotada na Franca como uma modificacao no sistema de licenciamento (ou autorizacdo governamental) de indiisirias € outras atividades que possam causar impacto ambiental, de mado que os estudos de impacto atibiental devem ser feitos pelo proprio interessado, enquanto, segundo a NEPA, nos Estados Unidos € a agéncia governamental excarregada da toma- da de decisoes que deve proceder & avaliacao dos fimpactos potencialmente decorrentes dessa decisao, Além disso, no modelo francés, a exigéncia aplica-se a qualquer pro- posla, seja ela de um proponente piblico ou privado, enquaato a legislagio federal americana aplica-se, fundamentalmente, a propostas piblicas federais ov a decisées do 51 ‘governa federal sobre iniciativas privadas®, © Varios Estados Como sucedeu em intimeros paises, houve na Franca muita resisténcia de alguns {@ntbém adotarae setores governamentais e empresariais & nova exigéncia de preparagio prévia de um estudo de impacto ambicatal (Sénchez, 1993b). A regulamentacdo da lei francesa tar- dou mais de um ano, ¢ os novos procedimentos efetivamente entraram em vigor em 1978, Entretanto, a aplicagao da fei consolidou-se rapidamente e seu vasto campo de para deci aplicagdo levou a preparacao de cerca de 5 a 6 mil estudos de impacto por ano (Iurlin legis ig a aplicagao da avatiagaa de impucio ambiental no seu arbito ¢ Lilin, 1991), nimero bem mais alto que a quantidade de estudos de impacto prepa-_urtsdictonal, rada cm outras jurisdigdes, como os FUA (Kennedy, 1984}. Um aspecto relevante da £ alguns casos AIA na Franga € que os pracedimentas instituidos em 1976 introduziram uma nova exigencia ~ @ apresentagdo prévia de um esludo de Impacto — a um processo de licen ineidindo também sobre nérios Hos de profeios Gamento que ja vigorava pare algumas atividades desde 1917. Mesmo procedimentos prinados, como & 0 de consulia publica j4 existiam para obras que necessitassem de um decreto de wtili- caso da Catifirnia dade ptiblica para fins de desapropriagao. Ou seja, a AIA representou uma evolucio de prdticas de planejamento jé existentes ¢ fof incorporada a ume estrutura administrative preexistente. Aqui também reside uma diferenga enre a maneira como a AIA surgiv na Franca € como foi adotada em outros paises. posto que nao foi criada neniama nova instituiso para implementar 0 novo instumento, mas apenas am departamento dentro do Ministério do Meio Ambiente, ativo desde 1971. Aliis, o termo avaliagéo de impacto ambiental até hoje ¢ pouco usado na Franga, predominando simplesmente 0 termo elude d’impact, que resume tanto o priprio estudo como o proceso de avaliagtio de impacto ambiental. Um indicador que ilustra as diferengas de receptividade da ATA nos Estados Unidos e nna Franca é a porcentayem de casos levados a contestagio judicial: enquanto nas EUA nada meaas que i0% das decisdes baseadas cm um environmental impact staicment foram contestadas nos tribunais no periodo de 1970 a 1983 (Kennedy, 1984), somente 0,65% dos esudes @impact franceses foram contestados na Justica durante os primci ros cinco anos de aplicacto da nova lei (Hébrard, 1982) laliagéo de impacto Ambiental: conceitos e métodos 0 extenso campo de apficagao dos estudos de impacto na Franca © sua recepsfo “suave” pela administragao ptiblica resultaram em ume certa banalizagaa de prace- dimonto ¢ em sua excessiva burocratizagdo (Sanchez, 1993b). Mesmo assim, as novas exigencias contributram para modificar substancialmente a postura de empresas pu= blicas e privadas, Ievando a modificagies de projetos como condigdo indispensével pata aprovacie, chegardo mesmo a recusar conceder algamas licengas. Sem divida, a preocupasao de evitar a avalanche de processos judiciais observada nos Estados Unidos esteve presente no desenhio da maioria dos procedimentos de avaliagio de impacto. Na Alemanha, diversos estudes apontavam para ¢ encami- nhamenio de um projeto de lei, preparado em 1973 por um grupo de especialistas a convite do governo federal. Eutretanto, o proeto nunca foi encaminbado a0 Parla- mento (Cupef, 1994]. 0 governo federal adotou recomendagées, em 12 de outubro de 1975, sob a forma de “Principtos para Avaliagtio de Impacto Ambient! de Acdes Eederais", cujo cumprimento nao era obrigatério © nfo podia ser controlado pelos tribunals. Ademais, os Estados tampouco Unham qualquer obrigagao a respeito (Kennedy, 1981), Esse documento, “por seu pouco poder formal, nao conseguiu obrigar ninguém a fornecer tal relatério [de impacto ambiental]” (Summerer, 1994, p. 407). Somente apds a aprovacio da diretiva européia, e como obrigacae de todo Estado- membro, a Alemanka adotou una lei sobre ATA, conhecida como Umwelrvertraglich- Reiiprifiung (UVP), cuja traducao direta sevia "exame de compatibilidade ambiental” (conforme Maller-Planteriierg ¢ Ab’Saber (1994, p. 323), ¢, para Schitipmann (1994, p. 366), “estudo de consequéncias ambientais"). Schlupmann (1994) relata que foram parcas as discussbes que precederam a aprovacao do projeto de lei no Parlamento, ‘0 que parece paradoxal em um pais onde 0 movimento ambientalista foi pioneito em conseguir amplo reconitecimento social. Esse autor considera que, justamente, 0 “temor da pressio popular’, tendo os protestos contra usinas nucleares como pano de Fundo, “constitui o fo condutor da histéria da Lei de ATA {p. 373), @ qual, em sua aniilise ¢ fazendo eco a outros criticos, estabeiece um procedimento excessivamente ‘urocratico com pouco espaco para participacio piiblica. A lei alemd sobre UVP data, de 12 de fevereiro de 1990. quando jé haviam transcorrido 20 anos desde a NEPA. Em parte, as dificuldades de adaptacao da diretiva européiz ao ordenamento juridico de cada pais-membro decorrem da existéncia ancerior, nesses paises, de exigencias de planejamento territorial e de controie de poluigdo, que precisaram ser modificadas para incorporar o novo insirumento sem gue fossem postas em risco as garantias repre- semtadas por essas leis. Se em alguns paises, como a Espanhia, a introducdo da AIA deu-se por novas leis ou decretos que cstabeleceram a necessidade de preparacéo de um EIA nos moldes preconizados pela diretiva européia, quase que a transcrevendo, em outros, exigéneias de ATA permearam uma complexa legislagéo de pianejamento, ‘como no Reino Unido, onde a diretiva euronéia foi implementada por meio de mais de 40 “regulamentos secundirios” (Glasson ¢ Salvador, 2000). A difusio da ALA para outros paises desenvolvidos continuou durante a década de 1990, alcangando 0 Japao ¢ Hong Kong, entio colduia britanica e depois como Regio Administrativa Especial da China. Ao mesmo tempo, em paises onde a Onset £ DIRISAO DA AVALIACEO BE IMPACTO AMBIEN pritica jé era bem estabelecida, como Canada, Ausiraiia ¢ Nova Zelandia, os processos foram tortalecisins por meio da criacao de leis ou da reforma de proce- dimentos (Quadros 2.2 € 2.2). Assim, nfo se pode deixar de registrar que a AIA tem passado por uma continua evolucto, na qual as priticas vem sendo revistas ¢ novos procedimentos ¢ exigéncias vém sendo formulados, com base no aprendi- zado proporcionado por uma avaliagao critica dos resultados, essencial para o vigor de todz politica piblica. tim avanco significativo é a avatiagdo ambiental estratégica, ouavaliacao do impacto de politicas, planos e programas. e nao de projetos, obras ou atividades. No entanto, esse tema nao sera abordado neste livro, 2.3 DIFUSAO INTERNACIONAL: OS PAISES EM DESENVOLVIMENTO As razoes da difusdo internacional da AJA séo muitas. Talvez a principal delas seja que tanto os paises ditos desenvolvidos quanto aqueles classificados como em desen= volvimento tém diversos problemas ambicntais em comum. Em outras palavras, 0 estilo de desenvolvimento adotado engendra formas semclhantes de degradagdo ambiental. Em 1972, na época da Conferéncia de Estocolma, existiam apenas onze orgies ambientais nacionais, a maforia em paises industrializados. Em 1981, a situagéo bavia mudado de forma dramética: coniavam-se 106 paises, na malaria em desenvolvimento. Uma nove década se passa, cm 1991, praticamente todos 05 paises dispdem de algum tipo de Instituigao similar (Monosowski, 1993, p. 3). Também teve importante papel na adogao do instramento pelos paises do Sut a atuagdo das agenclas bilaterais de fomento ao desenvolvimento, como a U.S. Agency for Internacional Development (USAID) e suas congéneres dos paises da OCDE (Orga- niza¢o para Cooperactio ¢ Desenvolvimento Econémico}, assim como as agencias multilaterais, que so os bancos de desenvolvimento, como 0 Banco Mundial ¢ 0 Banco Interamericano de Desenvolvimento. Os tribunais dos Estados Unidos julgaram casos decidinda que mesmo as agdes externas do governo federal americano deveriam scr sujeitas a NEPA, afetando, dessa forma, seus projetos de coaperacda para o desenvolvimento ¢ até as atividades de pesquisa na Antartida, que, coordenadas pelo U.S. National Research Council, foram consideradas como acdes do governo federal que podiam causar significativa degradacao ambiental, Em 1975, quatro ONGs ambientalistas americanas entrarara fem uma acdo judicial contra a USAID, tencionando obrigé-la a preparar estudos de impacto ambiental, nos termos da NEPA. Em conseqiigucia, a USAID foi a primeira agéncia de cvoperacdo internacional a aplicar regularmente procedimentos de ava- liagao dos impactos de seus projetos (Horberry, 1988; Ruanalls, 1986). A lel americana de cooperacay para o desenvolvimento (Foreign Assistance Act) foi modificads em 1978 e passou a impor a necessidade formal de preparacio de estudos de impacto ambiental para as projetos de cooperagao (Runnals, 1986). A partir da agio das ONGs na Justica americana € depois da modificagao da ici de assisténcia, a USAID estabeleceu uma politica ambiental ¢ criou diversos procedi- mentos para levar em conta as impticagies ambientais de seus projetos; também ‘eve que realizar uma reform administrativa © contratar novos téenicos para atuar 53 Ey Prt a\iacdo de impacto Ambiental: conceitos e métodos ‘em planejamento € gestio ambiental (Horberry, 1988). Posteriormemte, as principais agéncias de cooperacao para o desenvolvimento, como a canadense ACDI/CIDA, @ dinamarquesa Danida e varias outras, estabeleceram seus préprios procedimentos de avaliagio de projetos, em geral empregando os mesmos critérios que outras agéncias de seus respectivos governos deviam usar para analisar seus projetos internos. No entanto, até (986, as agéncias de cooperacio da maforia dos paises da OCDE tinham experiéncia muito limitada com a avaliagio ambiental de suas atividades (OECD, 1986}. Embora a maioria de seus paises-membros aplicasse a AIA para muitos pro- Jjetos domésticos que pudessem causar impactos significatives, esse procedimento nao era aplicado para os mesmos tipos de projeio quando executados em um pais em desenvolvimento sob fimanciamenta de um pais da OCDE (Kenedy, 1988). Foi somente 2 partir do final dos anos de 1980 e principalmente ao longo dos anos de 1990 que tal atividade se consolidos. ‘Um marco nesse proceso de internactonalizagao da avaiiacto de impacto ambiental éa Recomendagio do Conselho Diretor da OCDE, aprovada em 20 de junho de 1985, segundo a qual os paises-membros da organizagao devem assegurar que? {a) Projctos « programas de assisténcia ao desenvolvimento que, devido & sua natureza, porte efou localizagio, possara afetar significativamente o ambiente eve ser avaliados sob um porto de vista ambiental no estéiio mais tnicial possivels (b) Ao exansinar se um projeto ou programa especifico deve ser sujeito a tuna avaliagdo ambicntal detathada, as agéncias de cooperacio dos paises- membros dlevem prestar especial atencio aos projetos ou prograinas listados no Anexa {1 0 documento traz um anexo com uma lista de profetos e programas que mais neces- sitam de avaliacdes ambientais. Atualmente, as principais agencias de cooperac tem listas proprias ¢ procedimenttos mais sofisticados para enquadrar os projctos de assistencia de acordo com o nive! de detalhe da avaliagao ambiental necesséria Uma ontra recomendagSo do Conselho da OCDE, aprovada em 23 de outubro de 1986, conclama os paises-membros {9} Apoiar ativamente a arlogio formal de urna politica de avaliac4o ambiental para suas atividades de assisténela ao desenvolvimento; {b) Examinar « adequagto dos procedimentos e priticas stuais com relagio @ inplementagda de (al politica; (c] Desenvolver, i Inz deste exame ¢ na medida necessiria, procedimeatos efi- cazes para um proceso de avaliago ambiental considerande, na medida do necessiria, n Anexo I; La (g) Assegurar a provisio de recursos humanos e financeltos para os passes ent desenvolvimento que descjem melborar sua capacitagéo para realizar avalia- cies atubientais, considerando no todo an em parte as medidas do Anexo I Dessa forma, a OCDE recomiendou um modelo de processo de avallagao de impacto ambiental para analisar os projetos de ajuda ao desenvolvimento que & consistente oni ‘Ontceta € oIFusA DA AVALIACAO DE wMIPACTO AMBIE? com as boas praticas internacionais de ALA, ¢ propds fomentar a capacidade dos paises receptores em avaliar internamente os impactos ambientais. Consequéntemente, no apenas muitos projetos foram avaliados individualmente como foram também expandidos programas de cooperacto voltados especificamente ao fortalecimento institucional e & formagio de recursos htumanos envolvidos em avaliagéo ambiental nos paises em desenvolvimento, Por exemplo, a agéncia canadense dc cooperacio fimanciow cerca de CANS 41 mihies para um Projeto de Desenvolvimento de Gestio Ambiental na Indonesia, tiderado pela Universidade Dalhousie e executado entre 1983 € 1994 por um consérelo de universidades canadenses ¢ indonésias, em colaboragio com o Ministério do Meio Ambiente da tudonésia. 0 projeto incluiu um grande compo- nente de capacitacdo em avatiagao de impacto ambteatal e a publicagao de guias ¢ diretrizes (Villamere e Nazradin, 1992} ‘Também nas instituicdes multilaterais, como os bancos de desenvolvimento, o periodo ‘enize o final dos anos de 1980 € 0 inicio dos anos de 1990 marcou uma inflexio em suas politicas face as Implicagées ambientais de suas atividades. 0 Banco Mundial teve papel muito importante na difusao da ATA, na medida em que movimentz bi- Ibses de délares por ano cm projeios de desenvolvimento nos paises do Sul, muitos deles capazes de causar impactos ambicntais significativos. Os primeiras estudos de impacto ambiental feitos no Brasil o foram pata projetos financiados em parte pelo Banco Mundial, como as barragens de Sobradinho, no rio Sao Francisco, em 1972 (Moreira, 1988), ¢ Tucurti, no tio Tocantins, este realizado em 1977 (Monosowski, 1986; $990}, um ano depois que a construgao da barragem ja havia sido Iniciada, Na época, néo havi legislagio brasileira exigindo tais estudos, que nao foram, portamto, submetidos & aprovagto governansental, mas utilizados pelo Banco para decidir sobre as condigdes dos empréstimos. Uma das prineipais razdes do envolvimento do Banco Mundial fot a pressio exerci da pelas organizacées nao-governamentais ambientalistas c suas fortes eriticas 20s importantes impactos ecolégicos e socioculturais dos grandes projetos finsnciados peio Banco (Rich, 1985}. Um dos casos sistematicamente citados como um dos piores exemplos de atuagio do Banco foi o empréstimo concedido ao governo brasileiro para pavimenlacao da rodovia BR-264, de Cuiaba a Porto Velho, nos anos de 1980 = obra foi apontada como indutora de um processo perverso de oeupagio da regifio, cau- sando desmatamento indiscriminado ¢ dizimagio de grupos indigenas (Lutzemberger, 1985). As criticas tiveram repercussao no Congresso dos Estados Unidos. Como os maiores acionistas do Banco, os Estados Untdos sempre indicaram seu presideme. Os congressistas convocaram 0 secretirio do Tesouro (eqitivalente ao ministro da Fazenda) para depor acerca das aces do Banco € 0 pressionaram para exigir que fosse dada maior importancia 20s impactos ambieniais dos projetos financiados pelo Banco, como um dos eritérios de concessao de empréstimos (Walsh, 1986). 0 primeizo documento de politica ambiental do Banco, que data de 1984, estipu- lava que 0s impactos de projetos de desenvolvimento fossem avaliados durante a preparacio do projeto ¢ que scus resultados fossem publicados somente depois da implantagao (Goodland, 2000). Finalmente, em 1989, 0 Banco promoveu uma reor- ganizacdo interna, criando um Departamento de Melo Ambiente ¢ contratando uma equipe multidisciplinar cuja atribuicao era analisar previamente, sob 0 ponto de vista 5 55 (Mes aliacdo de Impacto Ambiental: conceitos e métodos "Seguado Goodland £2000, p. 3, a categoria de “profissional ambiental” foi entdio acrescida a fista oficial de especialidades, que nies enguadrera os analtstas ambientais como “outros eypeciatistas ambiental, os projetos enviados ao Banco, jé que, até enti, a equipe encarregada de assuntos ambientais era composta por apenas cinco pessoas, face a mais de 300 pro- jetos analisados anualmente pela inscituicéo (Runnais, 1986)®. Também em 1989, 0 Banco adotou uma nova politica a esse respefto e estabeleceu procedimentos inteznos de cumprimento compulsério, que ineluiam a elaboragao de um estudo de impacto ambiental (Beaniands, 19934) Além da Diretiva Operacional 4.00 de outubro de 1989, substituida pels Dire- ‘iva Operacional 4.01 em setembro de 1991, 9 Banco adota hoje uma série de procedimentos relatives As consideragdes ambientais na anilise de solicitagdes de cmpréstimos, que devem observar as condigdes impostas por vérios documentos de politicas operacionais, conhecidos como potiticas de salvaguardas, das quais pode-se citar as seguintes, de maior importéncia no campo ambiental: OP 4.04 Hebilats natu- rais; OP 4.10 Povos indigenas; OP 4.11 Patrimdnio cultural; OP 4.12 Reassentamento involuntario; OP 4.36 Setor florestal; OP 4.37 Seguranga de barragens. Goodland (2000) aponta que a versao de 1989 da politica de avaliagao ambiental encontrou muita resisténcia interna e, por tal razdo, era restrita ~ excluia, por exem- plo, qualquer procedimento «e participagao piiblica. Ja a versdo de 1991 finalmente apraximou-se dos padrées internacionais de avalfacao de impactos, inclaindo, entre outras modificacées, procedimentos para participagdo e consulta pOblica. No entanro, somente prajeios apresentados ao banco para financiamento cram abarcados por essa politica, que no abrangia empréstimos para aluste estruvural ou setorial. Ao longo dos aos de 1990, outros organismos mulilaterals seguiram os passos do Banco Mundial, adotando politicas ¢ procedimentos iaternos para avaliacao ambiental. ‘Assim, muitos paises adotaram leis sabre avaliacdo de impacto ambiental ou introdu- ziram exigéncias de avaliagéio de impactos em leis ambientais mais amplas. 0 Quadro 2.3 mostra alguns exemplos. Deve-se destacar 0 pioncirismo da Colombia, que j8 em 1974 incluiu provisdes sobre ATA em seu Cédigo Nacional de Recursos Naturais Reno- vaveis e de Proiecio do Meio Ambiente, 0 artigo 28 desta let estabelece que: Para n execucio de obras, 0 estabelecimento de indistrias ou 0 desenvolvimento de qualquer outra atividade que, por suas caracieristicas, goss product dete- Horacio grave dos recursns naturals rnovivels ou do ambiente au introduzir modificagées consideraveis ou notOrias 4 paisagem, sera necessdrio 0 estudo ecolégico e ambiental prévio e, ademals, ebier licenga, Em (al estudo, deve-se evar em conta, além dos fatores fisicos, os de ordem econdmica e social, para deverminar a incidéneia que a execusdo das obras mencionadas possa ter sobre a regio. Atualmente, a moioria dos paises em desenvelvimento tem leis nacionais que exi- fem a preparagio prévia de estudos de impacto ambiental. 0 processo de difusda € consolidagao da A'A continua, mesmo apés a adocdo de leis nacionais. Assim, em ‘emnpréstimos de bancos muitilaterais ou doagdes bilaterais, freqiiemte a exigéncia de avalingdes que podem ultrapassar os requisites legais nacionais. Pode ser 0 caso de se exigir uma avaliagio ambiental estratégica ou de se insistir em processos participa tivos ¢ de consulta publica que ultrapassem as formalidades previstas eum lei. cari OnigeM & DIFUSKO DA AVALIACAD DE IMPACTO AMBIEN 37 Quaciro 2.3 ‘Marens do institucionalizagdo da AIA em olguns putses em desenvatvimento Colémbia Ambiente, de 18 de dezembro de 1974 Filipinas. 4978 ‘Decreto sobre Folitica Ambiental " Decreto sobre o-Sistema de Estados de Impatto,Ambienial, de 1976 Regulathentos sobre EIAS do Conselno. Nacional de Protecao Ambiental, dé 1978 China 1973 Lei "Proviséria” de Protecdo Ambiental, revista ¢ finalizada em 1989 Decreto de 1981 sobre “Protego Ambientat de Projetos de Construgio", modifi- cado em 1986 e€m 1998 Decreto de 1990 sobre procedimentos de AIA {Lei de Avaliagdo de impacto Ambiental, de 28 de outubro de 2002 México "1982" Let Federat de Proteco Ambiental, de, 1982 _-_bci-Gerat do Equilibyio Eeoligice e da Protegto do Ambiente, de 28 de jan. de 1968 : : Regulamento-de 30 de miaio fe 2000 “ x ee Indonesia 1986 Lei de Provisdes Basicas para Gestao Ambiental, de 1982 Reguiamento 29 de 198, sobre anitise de impacto ambiental, modificado pelo Regulamento 51, de 1993 ¢ pelo Regulamento 27, de 1999, incluinde meco- nismos de participagao pubtica Malasia 1887. Lei de 1985, que modifica e Lei-de Qualidade Ambiental (dc 1974) ALES Decréto sobre Oyalidade. Ambiental (Atividades Controiadas}; dé #987 : Airica ao Sut 1991 Art, 39 da Lei de Mineracao, de 1991 Lei de Conservacio Ambiental, de 1989, € Reguiamento sobre Avaliago de Impacto Ambiental, de 1° de setembro de 1997, relative & Lei de Conservacio Ambiental Tunisia 4891+ Deeeto'de 13:He inargo de 189% sobre os.cstudos'de impacto ambiental Bolivia 7982 Len" 1.383 Decreto 24.176/96 : hite: W994 Je Basts do Meio Ambiente, de. 3 de. marco. de'1994-- 4 : - Regulamento do! Sistema de /Avaliac3o de’tmpacto Ambiental, de 9. de. abril: d : <1 5 4997, mocificade ens 7-de dezeinlyro dé 2002 Urugual 1992 Lei 16.246, de @ de abril de 1992, requer AIA para atividades portuarias Lei de Prevengao ¢ Avaliacéo de Imoacto Ambiental 16.486, de 19 de jan. de 4994 Decreto 435/994, de 27 de setemioro de 1994 {regulamento} ‘Bangladesh "1985" tel de Conseivabao Arcbientall de 1595, x oy “s ‘Rearas de Congervagdo Ambiental, de 1997 : Equador 1992 Lei de Gestao Ambiental Texto Unificado de Legisiacaa Ambiental Secundaria Fontes: elaborade a partir de diversas fortes, inluindo prospects ealtados por orGanismos GaveI™"amen fais HoClons, SES GOVE rnammentais, Ahamncd ¢ Harvey (2004), Moo e Hills (2002), Memon {2000} ¢ Purnania {2003}. Muitos paises recebem montamtes de ajuda econdmica que cepresentam percentagem significativa de seus oreamentos pliblicos e, para manter a fluxo de recursos, devem se submeter 8s exigéncias dos Financiadores ¢ doadores que, por sua vez, esto sujeitos a presses em suas jurisdigées, Para um doador internacional, nada ptor que a compro- vagio de que, ao invés de um projeto ter contribuido para o desenvolvimento kumano, este tenha, na realidade, piorado a qualidade de vida das populagdes que supostamente devoria ter ajudado, ou causado danos ambicntais. Jaliagao de impacto Ambiental: conceitos « métodos 2.4 AIA EM TRATADOS INTERNACIONAIS ‘Varios Estados promoveram ativamente a difusdo internacional da ATA, nao apenas agindo no plano bilateral, como também buscando inseri-la em acordos interma- cionais, Da mesma forme, algumas grandes ONGs iniernacionais trabalaram para incluir elausulas relativas 4 ATA cm tratados internacionais, que vémn se rmultiplicande nos iiltimos anos, Um grande impulso para @ difustio internacional da ALA veto com a Conferéucia das Nacdes Unidas sobre Mcio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), @ Rio-92. Alem de toda a discussao piblica, com grande repercusséo na imprensa, suscitada durante 0 periodo preparatério da conferéncia, um dos documentos resultantes desse encon- tro, w Declaracdo do Rio, estabetece, em scu principio 17: A avaliasdo do impacto ambiental, como um instruments nacional, deve ser ‘empreendida para atividades propostas que tenbam probabilidade de causar um impacto adverso significarivo no ambiente e sujeitas a uma decistio da autori- fade nacional competente. Em um outro documento resultante da CNUMAD, a Agenda 21, 05 Estados signata~ ios reconhecem a AIA como instrumento que deve ser forvalecido para estimular 0 desenvolvimento sustentivel. Vrias vezes a Agenda 2} menciona a necessidade de avaliar os impactos de novos projetos de desenvolvimento, Mengdes ao papel da ATA aparecem, entre outros, nos seguintes itens da Agenda 21: Certificar-se de que as decisies relevames sejam precedidas por avaliagbes do apacio ambiental e que, além disso elas levem em conta os custos das eventual consegiiéncias ceelogieas: {no Cap. 7 ~ Promoco do desevolvimento sustentive! dos assentamentos huumanes [7.41 (b)}} Promover o desenvolvimento, no ambito nacional, de meiodologias adequadas a adagao de decisdes integvadas de politica enersética, ambiental ¢ econdmice com vistas ao desenvolvimento sustentével, inier alia, por meio de avaliagses de impacto ambiental: Ino Cap, 9 ~ Protecdo da atmosfera (9.12 (b))} Descnvaiver. melharar ¢ aplicar métodos de avaliagdo de impacto ambiental com o abjetive de formentar o desenvolvimento industrial sustentivel”; (wo Cap. 9 ~ Protegio da atmostere [5.16 (4)]} Realizar andlises de investimento ¢ estudos de viabitidade que incluam ums avaliagdo do impacto ambiental, para a criagae de empresas de processamiento florestal: fro Cap, 11 — Combate ao desflorestamente [11.25 (bil) Imtroduzir procedimentos aiiequados de estudos de impacto anibiental para a aprovacio de projeios com provaveis consequéncias importantes sobre a di- versidade biologica e Lomar medidas para que as informacoes pertinentes fi quem amplamente dispontveis, com a participacio do plblice em geral, quando ORIGEM € DIFUSAO DA AVALIACAD DE IMPACTO ARIBIENS aptopriado, ¢ estimular a avaliagie dos fmpacios de politicas ¢ programas per- inentes sobre a diversidade biolégica: (no Cap. 15 ~ Conservagto ds diversidade biolégica (15.5 (KI]) Avaliagio obrigatéria do impacto amblentol de zodos as granics projetos de desenvolvimento de recursos hidricos gue possam prejudicar a qualidade de agua e dos ccossistemas aquitieos, commbinada com a formulacéo de medidas reparadoras eum conisule inteusificade de instalagdcs industrlals novas, aterr0s sanitirios ¢ projetos de desenvolvimento da infra-estrutara; {no Cap, 18 - Protegéo da qualidade ¢ do abastecimento dos recursos biricas aplicayae de critérios inlegradas no desenvolvimento, mansjo © uso dos recursos hidricos {18.40 () (9) 0s Governas deven: tomar 9 iniciativa de estabelecer €fortalecer, quando apro- priado, procedimentos nacionais de avaliagdo de impacto ambiental levando em consideragde uma sbordagem “de ponts a ponta” do manejo de residuos perigosos, a ftm de identificar opedes para minimizara geragdo de residuos pesi- 4g0s05 por tnelo de manipalacéo, armazenamcrto, deposito € destruigio mais (no Cap. 20 ~ Manejo ambienialmente sustentavel Jos residuos perigosos, incluindo a prevencio do tridico internacional flicito de sesidvos perigosos (20.13 (a Meior deseavoivimenta e praraacao do use mais amplo possivel das avaliagdes dle impacto ambiental, inclusive dle atividades com es auspicias dos organismos especislizados do sistema das Nagoes Unidas, c em relacao cart todo projeto ou atividade importante de desenvalvimento econémico, {00 Cap, 38 ~ Atranjos institavionnis internacional, acerca do papel do Programa das Nagdes Unidas para o Desenvolvizcento [38.22 (i]} A Declaractio do Kio e a Agentla 217 séo documentos cuja preparaggo requeren Intensas negociacbes internacionais, inclusive com a participacao de ONGs e outros grupos de Interesse, A preparacao da Conferéncia do Rio foi um proceso smuito ico, cujus resultados ultrapassam em muito os documentos firmados durante os dias do evento, Multos paises aprovaram novas leis, prepararam relatorios de qualidade ambiental, ¢ as ONGs estimularam 9s cidaddos a buscar maior envolvimento nos processos decisérias. 0 surgimento de novas leis que requerem a avaliagto previa de impacto ambiental Foi uma das conseqiiéncias da Conferéncia Duranie 0 periodo preparatériv da Conferéncia do Rio € nos anos que se seguirain, novos pafses incorporaram a AIA em suas legislases, principalmente na América Latina, na Africa e na Europa Oriental, a exemplo do Peru em 1990, da Bolivia em 1992, do Chile, do Uruguai e de Nicaragua em 1994, da Tunisia em 1991, da Costa do Marfim em 1996, da Bulgéria em 1992 ¢ da Roménia em 1995 (Quadro 2.3}. Além de documentos genéricos como a Declaragao do Rio € a Agenda 21, diversas convenges imernacionais tém incorporado a ATA em seus textos, devendo-se citar a Conveniio sobre Diversidade Biolégica, também aprovada durante a Conferéncia do Rio: 38 1A Agenda 21 6 “vam documenta de normerividade reduzida, sem 4 efetividade de wna dectaragio € mulzo menos de une tratado ou convencaia internacional” (Soares, 2003, p62 © 8Varias convencdes iaternacionais Fem dispositivos de avaliagio atuatizacaa, vedionie « realizagio de reunibes perisdicos oficiats de representantes dos paises, as canferénetas das partes contraranres. aliacao de Impacto Ambiental: conceitos € métodos, Anigo 14 ~ Avaliagao de impacto ¢ minimizacéo de impactos negativos: 1. Cada Parte Contratante, na medida do possivel, e conforme o caso, deve a) cstabelecer procedimentes adequados que exiiam a avaliagio de impacto _amtblental de seus projevas propostos que possam ter sensiveis efeitos negativos na diversidade biolégica, a fim de evitar ou minimizar tais efeitos e, conforme © caso, permitir a participacio ptiblica nesses procedimentos: bb tomar providenctas adequadas para assegurar que sejam devidamente leva- das em coma a8 conseqiencias ambientais de seus programas ¢ politicas que pussam ter sensivels efeitos negativos na diversidade bloldgica; [..] A Convencio avangou bastante nas recomendagdcs quamto 20 uso da ALA. Em sua 6 Conferéneta das Partes Contratantes (COP), realiaada em Haie, Holanda, em 2002, aprovou um documenta intitulada “Diretrizes para incorporagao de quesites relativas & biodiversidade @ legislacda efou ao processo de avaliacae de impacto ambiental e & avaliagdo ambiental estratégica” (Resolugao VI/7), que traz recomen- dagdes detalhadas sobre o assunto, A Convengio sobre Mudanga do Clim, iguetmente firmada durante a Conferéncia do Rio, também faz mencdo 4 AlA, neste caso, sobre seu emprego, para avatiar medidas de mitigagao ou de adaptacao as mudangas climaticas, lembrande que muitas vezes as préprias iniciativas ambientais também precisam ter seus impactos avaliados: Artigo 4 - Obrigaces 1. Todas as Partes, levande em conta suas responsabilidades comms mas dife- renciadas © suas prioridades de desenvolvimento, objetivos e circunstincias especificas, nacionais e regionals, devem: vi f] levar em conta, na medida do possivel, os fatares relacionados com a mudanga do clima em suas politicas e medidas sociais, econdmicas e ambientais, pertinentes, bem come empregar métodos adequades, tais como avaliagées de impacios, formulados e definidos nacionalmenie, com vistas a minimizar vs efeitos negatives a economia, na sade publica © na qualidade de meio ambiente, provocados por projetas ou medidas aplicadas pelos Paries para mici- garem as mudangas do clima ow a ela se sdaptarem; (4) Mesmo convengoes firmadas antes da difusio internacional da ALA incorporaram, seus principios € recomendagdes, como € a caso da Convengao de Ramsar para a Protegao de Areas Umidas de Importincia Internacional, Essa convengdo foi Hrmada em 1971, na cidade iraniana de Ramsar, com o objetivo principal de proteger os ha- ditals de aves migratérias, cuja sobrevivencia depende do estado de conservacko de planicies de iundac2o, lagos, estucirios, manguezais € demais zonas timidas. Como outras convencées firmadas sod a égide da ONU, os paises aderentes redinem-se pe- riodicamente nas Conferéncias das Partes, durante as quais sto tomadas decisoes relativas a implementagao da convengdo. Resolucdes da 6* Conferéncta das Partes Contratantes (COP), realizade em Brisbane, Australia, em 1996; da 7° COP, realizada em San José, Costa Rica, em 1999; ¢ da 8° COP, realizada em Valéncla, Espanha, em 2002, preconizara 0 uso di ATA para proteger as zonas iimidas. Por exemplo, a Reso- hugo V1.16, tomada en Sua Jose: OniGEM E DiFUSAO Da AVAUACAO DE IMPACTO AMBIE! PEDE as Partes Contratantes que fortaiecam ¢ consolidem seus esforgas para assegurar que todo projeto, plano, programa e politica com potencial de alterar 9 carater ecoldgico sias zonas iimidas incluides na lista Ramsar ou de ienpectar negativamente outras zonas iamidas situadas em seu terrltério, sejam suhmetidos 4 procedimentos rigorosos de estudos de impacto, formalizande tais procedi- mentor mediante os ajustes necessérioy em politicas, legislagéo, instituigSes € orgamizacbes. ALENTA 95 Partes Contratantes a se assegurar de que os procedimentos de avaliagdo de impacto se orientem & identiteagie dos verdadeiros valores dos evossistemes de zonas daidas, em tezmas dos milliplos valores, beneficios ¢ anges que provéem, para pormitir que estes aumplos valores ambientais seiam incorporados ags processus de tomada de decisdes e de manejo: ALENTA, ademais, as Partes Contratantes @ assegurar que os processos de avallacao de tmipactos referentes a zonas timidas sejam realizados de manelza (ransparente ¢ participariva, © que incluam os interessados diretos locais (..] (Secretaria de la Convencién de Ramsar (2004), Outra convencéo que inicialmente néo fazia mencAo & ATA, mas incorporou reco- mendagdes explicitas, € a Convengio sobre a Conservagdo de Espécies Misratérias de Animais Selvagens, firmada em Bonn, Alemsnha, em 1979. A Resolugao 7/2 da 7» COP, realizada em Borm, em 2002, ENFATIZA a importancia ds avaliaglo de impacto ambiental © da avaliagto ambiental estratégica de boa qualidade como ferramentas para implementar 0 Artigo (2) da Coavencao, para evitar ameacas as espécies migratirias a.) URGE fs Pavtes que tnctuam, quando for relevante, nas avaliacaes de impacto ambiental ¢ nas avaliages amblentais estyaiégicas, a consideracdo mais completa passivel dos efeitos de impedimento & migragio [..J, Gos efeitos transfronteisigas as espécies migratérins e das impactos sobre os padrbes migracdrios Um ponto que nio € tratado pelas legislagdes nacionais é 0 de que alguns empreen- dimentos podem causar impactos para além das fronteiras. Um tratago internacional promovido pela Comissiio Economica das Nacies Unidas para a Europa, mas aberio a adesdo de paises que nfo scjam membros dessa organizacio, é a Convencao sobre Avaliagao de Lmpacto Ambiental em um Contexio Transfronteitigo, conhecida como Convengio de Espoo, cidade da Plalandia em que foi aprovada em 1991. Trata-se da multilateral desse tipo, ¢ esté em vigor desde 10 de setembro de 1997. A semelanga das leis nacionais sobre AIA, a Convencao estabelece: uma liste de atividades as quais se aplica (Anexo 1); % um procedimento a ser seguido; s* a necessidade de que as paises potencialmenie afetados sejam notificados; procedimentos para participacao piiblica em todos os paises potencialmente afe- tados; % um contctido minimo para a documentagao do processo de AIA (Anexo t)) primeira conve! 2 Jaliagda de Impacto Ambiental: conceitos ¢ métodos Essa convengao procurou estinmular a cooperacio internacional, evitar o apareeimento ce conflitos entre Estados e, quando surgem, estabelever mecanismos para resolvé-tos. Certamente convengées similares sdio necessarias em outras repides do Planeta, como mostra a controvérsia que emergin, em 2005 ¢ 2006, entre o Uruguai ea Argentina, ‘motivada pela proposia de construgio de duas fabricas de eclulose naqucle pais, ¢ que suscitou reagdes governamentais ¢ manifestagdes populares na Argentina, inclusive com bloqucio de pontes internacionais, devido ao recelo de poinigaio das dgnas do rio Uruguai, que nesse local forma a frontefra entre os dois paises, e ans possiveis impac- tos sobre a agricultura ¢ o turismo. Trata-se de projetos de grande porte para um pais coma o Uruguai. 0 maior deles prevé investimenios ée US$ 1,1 bilido em uma indiistria de celulose e em plantagies de cucaliptos, cuja “influéncia socioccondmics se estenderé direta ou indiretamente a todo o Uruguat e mesma &s zonas vizinhas na provincia argentina de Euire-Rios” (Botnia, 2004, ETA Summary, p. 95). As dias fabricas locatizam-se na pequena cidade de Fray Bentos, cum 22 mil habitantes. O presidente argentino pediu que fesse reali- zado um “estudo de impacto ambiental independente” (A, Vidal, “Kirchner pidié a Uruguay que frene por 90 dias las papeleras", BI Clarin, 2 de marco de 2006). Observa-se, entdo, que, para além de leis nacionais ow subwactonais, a avaliagao de impacto ambiental é promovide em intimeros documentos dc ambito internacional, que preconizam seu uso, voluntério ou obrigatério, para diferentes finalidades de planejamento ou de auxilio a decisio. Cada vez mais, a ALA vem atender a uma necessidade de estabelecer mecanismos de controle social ¢ de deciséo participativa acerca de projetos ¢ inieiativas de desenvolvimento econdmico. 2.5 AIA No Brasit. 0s primeiros estudos ambientais preparados no Brasil para alguns grandes projetos hi- droelétricos durante os anos de 1970 sao, em grande parte, um reflexo da influéncia de demandas originadas no exterior, de modo similar ao ocorrido em outros paises. Mas no haveria também pressécs intemas para prevenir a ocorréncia de danos ambientais causados por grandes projetos de desenvolvimento? ‘A década de 1970 foi morcada pelo significative crescimento da atividade econdmica € pela expansdo das fromeiras econdmicas internas, com a progressiva incorporagao & economia de mercado de vastas areas do dominio ¢os cerrados ¢ da Amazonia. A expansao econdmica e territorial fot impulsionada por investimentos governamentais de grande monta cm projetos de infra-estrutura, dos quais a rodavia Transamazénica ca barragem de Iraipu sio {cones. A estratégie de desenvolvimento econdmico da qual esses projetos faziam parte era criticada por alguns setores da intelectualidade (por exemplo, Furtado, 1974, 1982; Cardoso € Muller, 1978; Oliveira, 1980}, mas seus impactos ambientais eram mencionados somente cu passant, No entanto, essa mesma gpoca, comeca a sc cristalizar no Pais um pensamento “ecoldgico” bastante critico des- se mésino modelo de desenvolvimento (Lago e Padua, 1984). 0 estudo de Impacto da usina hidroelétrica de Tucuru) certamente nao influenciou a decistio de realizar o projeto, endo sido feivo em 1977, embora as obras jé tivessem capiny nicen & DIFUSO DA AVALIAGO DE IMPACTO AMIE sido iniciadas no ano anterior, Esse estudo foi realizado por um tinico profissional®, que basicamente compilo a informagao disponivel ¢ identificou os principais im- pactos potenciais. Em seguida, um Plano de Trabalho Integrade para Controle Ambiemal, de junho de 1978, orientou o subseqiiente aprofundamento dos estudos, com varios levuntamentos de campo realizados por instituigdes de pesquisa ca “adogio de algumas agies de mitigagtio de impactos negativos” (Monosowski, 1994, p- 127}, Segundo esta autora, na auséncia de exigéncia legal para avaliagao previa de impactos ambientais, entze os fatores que motivaram a realizagdo dos estudos incluem-se a fatta de experiencia ta implantagdo de prajetos hirelétricos de grande yorte em regibes de Noresta tropical timida, a influéncie de préticas adotadas pclas agéncias de fimanciamento iniernacionais e a presstio de opinidio publica nacional e tnter- nacional, em especial da comunidade eientifica, de grupos ecologistas ¢ de inte= esses focais (p. 127) No micio académico, por outro lado, ja se iniciavamn pesquisas sobre os impactos ambientais de grandes projetas, como as barragens na baixo curso do rio Tieté, Si0 Paulo, Tandisi (1978) montou um experimento de muitos anos visando a estabelecer uma lInke de base das condi¢des ecologicas antes da construcao de dois reservatorios, que pudesse ser comparada com as condictes apds a inundacko. Também em 1978 foi realizado um semindrio sobre os “Efeitos das Grandes Represas no Meio Ambiente & no Desenvolvimento Regional’, e Garcez (1981) contrapés qualitalivamente os “efei~ tos benéficos ¢ prejudiciais das grandes barragens’, Foi uma conjuncéo de fatores internos e extemos, ou endégenos € exdgenos, na an; Hise de Padua (1991), que propiciou um avanco das politicas ambienrais no Brasil © acabou levando o Poder Executive a formular 0 projeto de lei sobre Politica Nacional do Mcio Ambiente, aprovado pelo Congreso em 31 de agosto de 1981, € que incluiu a avaliagao de impacto ambiental como um dos instrumentos para atingir 0s objetivos dessa lef, que silo, entre outros fart. 4"): % compatibilizar 0 desenvolvimento econdmico © social com a protegaio ambiental; © definir éreos prioritarias de ago governamental; S estabelecer eritérios ¢ padries de qualidade ambiental e normas para uso © manejo de recursos ambientais; % preservar e restaurar os recursos ambientais “com vistas & sua utilizagao racio- ral e disponibitidade permanente, concorrendo para a manuteng&o do equllibria ecolégico propicio vida”; 4% obrigar 0 poluidor e o predador a recuperar e/ou indenizar os danos. Nao ha diivida de que a atuacao de agentes fimanceiros multilaterais ¢ de outras orga- nizagdes internacionais teve um papel central na adagao da ALA por muitos paises em desenvolvimento, Todavia, foram as condicées internas ~ os fatores enddgenos — que propiciaram uma acothida mais ou menos favoravel para que se pusessem em pritica 98 principios de prevengio © de precaucio inerentes a AIA. No Brasil, parece ter ocorrido uma convergtacia entre as demandas colocadas por agentes exdgenos € as demandas internas formuladas por determinados grupos sociais, conto o Movimento 83 Robert Goodland Jez seu doutorado sobre « ecologia do eeniady trasiteiro € foi co-auror de Amazon fungles Green Hell 10 Red Descrt?, publicada no Brasil como A Selva Amazénica: do Inferno Verde ‘ap Deserro Vermelho?, em uma versio da qual foram suprinridas mengées @ aruagdo sgovernamental © seu papet na destruigto da Floresta amnazénics. (Goodland e Irvin, 1975}, Mais tarde, esse ceéloge foi wm dos primciros projissionais da rea ambiental contratndos pelo Banco Mundial quando da reformulagio do Departamento de Meta Anibiente, emt 79839, ea 6rga0 governamental enearregada de zelar pela protec ambien, em especial no que se vefere ao controle da poluigao, Foi cviada em margo de 1975. liagao de Impacto Ambiental: conctitas e métodas dos Atingidos por Barragens (MAB) ¢ diversos sctores do movimento ambientatista Durante as décadas de 1970 e de 1980, apesar das restrigbes & democracia impostas pelo governo militar, o movimento ambiemtalista foi paulacinamente se firmanda Iegitimendo seu discurso (Silva-Sanchez, 2000; Viola, 1987, 1992}, tendo os impactos socionmbientais dos grandes projetos estatais ou privados coma um dos focos da critica a0 modelo de desenvolvimento adotado, visto como socialmente excludente € ecologicamente destrutivo (Lutzemberger, 1980: Siinchez, 1983}. Em termos de institueionalizagio, a avaliagie de impacto ambiental cheyou ao Brasil por meio das legislacées estaduais, Rio de Janeiva e Minas Gerais adiantando-se & legislagao federal. 0 caso do Rio de Jancis tem maior Interesse, pols foi a partir dessa experiéncia pioneira que mais tarde foi regutamentado 0 estuda de impacto ambiental no Pals. A origem da AIA no Estado esté ligada & implementagio de wm sistema estadual de licenciamento de fontes de poluicdo (Moreira, 1986) em 1977, que atribuiu & Comissdo Estaduat de Controle Ambiental - Ceca a posstbilidade de estabelecer os instramentos necessarios para analisar os pedidos de licenciamento, Segundo Wandesforde-Smith ¢ Moreira (1985), foram alguns dos préprios tecnicos da Feema'” (Fundagao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) que levantaram a possibilidade de exigir um relatério de impacto ambiental como subsidio ao Licencia~ mento. Isso permitiria que fossem levados em conta aspectos rclativos a “uso do solo, fauna ¢ flora, ¢ variéveis demogrificas e econémicas’, ao invés de restringir a and lise a questdes de qualidade do ar ¢ da agua, Uma relacto tao direta enire a ALA © 0 licenciamento foi uma estratégia empregada por esse grupo para facilitar a aceitacio de uma nova ferramenta de planejamento ambiental, ¢ estabelecer um contexio de aplicagdo que jé era familiar, ou seja, 0 licenciamento ambiental, Em outras palavias, tratava-se de um compromisso erttre 0 uso ideal da ATA (e planejamento de novos projetos, planos ou programas) ¢ a possibitidade de aplicacdo imediats. 6 esforgo rendeu poucos fratos, pois até 1983 a Ceca exerceu seu poder de exigir um relatorio de impacta ambiental somente duas vezes €, cm ambos os casos, com parcos resultados. Todavia, os profissionais comprometidos com a ALA conseguiram por em pritica, entre 1980 e 1983, um programa de capacitacao técnica, com a assisténcia do Programa das Naches Unidas para o Meio Ambiente, que incluiu intercambios inrer- nacionais ¢ prove: uma solida formagao acerca dus fundamemtos ¢ dos metodos de avaliagdo de impactos, a ponto de dar ao grupo “um nivel de visibilidade ¢ competéncia que Ihe rendea respeito e legitimidade” (Wandesforde- Smith e Moreira, 1985, p. 235). Esse conhecimento feria importéncia capital alguns anos depois, quando os estudos de impacto ambiental foram regulamentadas na ambito da legistagao federal Dessa forma, a AIA somente se firwaria no Brasil a partir da legislagao federal Inicialmente, cabe mengfo & avaliaeiio de impacto ambiental previsia na Lei n® 6.80: dc 2 de julbo de 1980, para subsidiar « planejamento territorial dos jocais oficialimen- te reconhecidos como “reas criticas de polwicao” (Essa denominagio fol introduzida pelo Decreto-lei n° 1.413, de 14 de agosto de 1975). 0 projeto de ei sobre zoncamente industrial, antes de ser votado em plenario, fol examinado por uma comissio mista do Congreso Nacional. Ao projeto governamencal foram apresentadas 17 emendas, das quais oito propunham a introdugao do estudo de impacto, tendo a proposta partido cari OniGEiA € DIFUSAG DA AVALIACAD DE IWIPACTO AMIE da Sociedade Brasileira de Dixeito do Mefo Ambiente. Houve o acolhimento em parte da proposi¢zo (Machado, 2003). Segundo esse mesmo autor, que & época cra presidente dessa sociedade, a proposta encaminhada ao Congresso tina o seguinte teor: 0 Bstudo de Impacto compreendera um retatorio detalhada sabre 0 estado ini clal do lugar e de scu meio ambiente; as razdes que motivaram @ sua escoll 5 modificagGes que o projeta acarretard, inclusive es comprometimemios irre versivels dos recursos naturais; as medidas propostas para suprimir, reduziz ¢, se possivel, compensar as conseqiléncias prejudiciais para o meio ambienies 0 relacionamenta entre 0s usos focais ¢zegionais, a curto prazo, do meio ambiente © a manurengiu ¢ a melhoria da produrividede. @ longo prazo; as alternativas Propostas. 0 Estudo de Impacte serd acessivel ao publica, sem quaisquer érmus Bara a consnita dos imteressados, Os congressistas no acolheram Iniegralmente # proposta, mas inchuiram @ dela: LJ § 2° Caberd eaclusivamente & Unido, ouvidos os governos estadual e municipal intoressudos, aprovar a delimitagao ¢ autorizar 2 Implantacao de zonas de yoo estritamente industrial que se destinem & localizacdo de polos petroquimnicos, cloroquimicos, carboquimicos, bem como instalagéies nucleares eutras defi- nidas em lei, 59° Alem dos estudes nonmatmente exigiveis para estabelecimento de zone~ mento urbane, a aprovasav das zonas a que se refere paragrato anterior sera precedida de estuios especiais de aleemazivas ¢ de avatiagao de impacto, que permitam esiabelecer a confiabilidade da soluso a ser adoreda. A parie essa inictativa pioneira, foi com a aprovagio da Lei da Politica Nacional do Meio Ambiente, de 1981, que efetivamente a ALA foi incorporada a legislagao bra- sileira, incorporacio esta confirmada ¢ fortalecida com 0 art. 225 da Constituiggo Federat de 1988: Art, 225 - Todos tém direito ao meio ambiente ecalogicamente equilibrado, bem de uso comum do povo € esscncial 2 sadia qualidade de vida. impondo-se a0 Poder Piblico ¢ & coletividade o dever de defendé-lo © preservi-lo para as presenies © as futuras geragies. 9 Iv Para asscgurar a efetividade desse direfto, ineumbe ao Poder Piblico: bal TV ~ exigir, na forme da lei, para instalagde de ebra ou atividade potencial- mente causadora de significative degratagao ambicatal, estudo previo de fm- pacto ambiental, « que se daré publicidage: A partir de entio, diversas constituigdes estaduais ¢ leis orginicas municipais tam- hem adotaram o principio, ¢ o Estado do Rio de Janeiro aprovou uma lei especifica sobre AIA, de niimero 1.356/86. Na prdtiva, as legislacées estaduais que precederam a Lei n® 6.930/81 foram aplicadas em poticas acasides, ¢ foi somente a partir da regulamentagdo da parte especifica- mente referida & ALA dessa lei, em 1986, que a instrumento realmente passou a ser 68 lliagdo de impacto Ambiental: conceitos ¢ métodas aplicado, A lei havia dado ao Consclio Nacional de Meio Ambiente (Conama) uma série de atribuicdes para regulamenté-la ¢, vsando dessa prerrogativa, o Consclho aprovou sua Resolucio 1/86, em 23 de janeiro desse ano, estabelecendo uma série de requisitos. 0 Conama ¢ composto por representantes do governo federal, de governos estaduais ¢ de entidades da sociedade civil, inclaindo organizagdes cmpresariais ¢ organizacdes ambientalisias. Alguns conselheiros atuasam ativamente na preparagio da Resoluco 1/86, A resolugdo estabelece: s uma lista de alividades sujeitas a AIA como condicSo para licenciamento ambiental; 6 as diretrizes gerais para preparaggo do estudo de impacto ambiental; 4 o conteddo minimo do estado de impacto ambiental; 2 o conteddo minimo do relatério de impacto ambiental; @ que o esmdo deverd ser elaborado por equipe muttidisciplinar independente do empreendedor; 4% que as despesas de elaboracdo do estudo corrertio por conta do empreendedor; % @ accssihilidade puiblica do relatério de impacto ambiental e a possibilidade deste participar do processo. Ficou assim estabelecido que, dentro do processo de avaliacao de impacto ambiental, © proponente do projeto deveria apresentar dois docamentos, preparados por equine técnica multidisciplinar independente: # o Estudo de Impacto Ambiental (ELA) € 3 o Relatério de Impacto Ambiental (Rima), documento destinudo 2 informacio e consulta publica € que, por tal razao, deve ser escrito em linguagem nio-técnica ce trazer as conclusdes do ELA, A Resolugdo Conama 237/97 aboliv a “independéncie” da equipe que clabora o ELA. Em teoria, a regulamentacio brasileira, de modo inovader, previa que o ELA fosse 0 ‘equivatente de uma auditoria de terceira parte, na qual uma equipe independenie for- mula um parecer subre determinada atividade, & imagem da auditoria contibil. Como a propria regulomentagao estabelecia também que as despesas correriam por conta do proponente dos empreendiznentos submetidos & avaliacto de impacto ambiental, na pratica, esses cmpreendedores contratavam empresas de consultoria, pagando diretamente pelo servico prestado. A Resolugio Conama 237/97 defiviu critérios de competéncia para o licenciamento ambiental, cujos principios jé constavam da Lei da Politica Nacional do Meio Ambiente (artigo 10). Quando da vowegto da Resolugao 1/86 no Conama, alguns conselheires sugeriram que caberia & administrayiio publica escolher a equipe multidisciplinar que realizaria os estudos, mas tal provisio nao foi aprovada. conveniente conhecer a correspondéncia entre a terminojogia americana -— muito vusada na literatura internacional ~ e a brasileira: em inglés, a sigla EIA ~ Environmental Impact Assessment equivale 9 AIA - Avaliagao de Impacto Ambiental; 2 em inglés, a sigla EIS ~ Environmental Lmpact Statement equivale a EIA ~ Estudo de Impacto Ambiental. COnicen € DIFUSKO DA AVALIACRO DE IMIPACTO AMBIEN Na literatura técnica, também se encontra EIA como Environmental Impact Analysis & EIR - Environmental impact Report como sindnimo de EIS. Além disso, termas como environmental assessment também so usados. A iegislacdo americana nio previu o Rima, mas a pritica impds tal necessidade: o equivaiente desse documento é muttas vezes chamado de summary EIS. Outras 1egis- laces, como a brasileira, também requercm a apresentacdo de uma versa do EIA escrita em linguagem nao-técnica. Quando da promulgagio da Constimicéo, a lel ja existia - era justamente 3 Lei da Politica Nacional do Meio Ambienve ~ ¢ havia sido regulamentada em 1983, peto Decreto Federal 88.351 que determinow que “cabera ao Conama fixar os critérios vasicos, segundo as quais sero exigidas estudos de impacto ambiental para fins de licenciamenta (..1" (Art. 17, pardgrafu 1°), Esse decreto foi revogado e substituido pelo Decreto 99.274, de 6 de junho de 1990, que manteye inalterado tal dispositive, Dessa forma, no Brasil, 0 proceso de avaliago de impacto ambiental € vinculado a0 licenciamento ambiental, que ¢ primariamente de competéncia estadual. Devido & sua regulamentacao, 0 proceso de AFA no Pais passou a sec conduzido, essencisimente, pelos drgfos estaduais de meio ambiente, Face & necessidade de emitir licengas ambientais, estahclecidas pela lei federal, muitos Estados tiveram que criar estruturas administrativas para recebcr ¢ analisar os pedidos, uma vez que a maioria ainda mio dispunha, em meados dos anos de 1980, de instiruigdes com essa finalidac. Foi a partir da publicacdo da Resolugo Conama 1/86 que comesaram efetivamente a ser realizados estudos de impacto ambiental no Brasil, que rapidamente atingiram a casa das dezenas ‘ou mesmo da centena de estudos realizados antialmente em Estados como So Paulo. An Thama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis, na qualidade de organismo federal, cabe o licenctamento de obras out atividades de compe- ‘éncia da Unido (0 ficeneiamento ambiental sera fratado no Cap. 2). Deve-se observar que nfo se exige a apresentacdo de estudo de impacto ambiental para toda e qualquer atividade que necessite de uma licenca ambiental para funciona. A Constituigao estabelece que somente para aquelas com o potencial de causar sigai- ficetiva degsadacae ambiental deve-se preparar tim EIA. A principio, a lista do artiga 2° da Resolugo Conama 1/86 estahelece a relacio dessas atividades, poderde o drgio licenciadar, eventualmenie, exigit o FIA também para outras atividades, desde que possam causar impactos significative (essa questaa serd tratada no Cap. 5). @

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