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RODRIGUES DE FREITAS E 0 DARWINISMO SOCIAL Masia 90 Caro Sines ode Seco Agno Ges) Na segunda metude do século XIX. racismo é um padrlo de conduta. Jk nflo fundamentado pela igreja © pela superioridade do eristianismo, mas pelo deslumbrado artropocentrismo que é a ciéneia moderna, 0 cientismo. ‘Com Augusto Comme a ciéncia encontrara a sua filosofia e a sua moral, {que se traduz no método ciemtifico do Positivismo. © indutivisme garantia ‘que os srundes ciextistas sho grandes abservadores e pacientes aeumula- ores de informagtie, As teorias novas eram grandes ediffeies, que ganba- ‘vam a sua signifieagio quando terminados; depois de construfdos, tijolo a Uijolo - facto a facto - de forma quase cega e sem qualquer projecto ou Aantevisio, traduzin-se em tear. Qualquer ida, qualquer tentative de antevixio, - de explicagio, portanto, - era prematura e initil, mesmo pemiciosa, antes dese ferminar a colocasio dos tiolos: 86 um eonjunto firme de fatos permite «tori, © conhecimento eienttico surgia quase automaticamente, desde que 0 cientstafosse hail na aplicagdo do metodo e honesto da acumulagio de factos efenfmenos:honestdade absolut eobjecividade completa faziam & citncia eo cient Era um tipo de ciéncin que responds as necessidades do século da revohigio industrial ensinava e apeleva & ordem & disiplina, a contor- mismo com 0s factos abservados, pacantia que que © homem era 0 scr predestinado para desvendar e usufuir dos segredos da Natureza. Ciéncia de dlescobert,representava 0 nove pdr da verdace (© mecanicismo, herder dos autdmatos do século XVM, Descartes @ sum Francine, era ¢ modelo integrador das ceteras cedidas pela flosfia, dos principios de easaidade, do dterminismo, da propria identiieagio do procesto do raciocinio Ispico com o processo natural dos fenémenos ‘Mas « Natueza visese ainda crcunserta& grande teria da “Cadsia do Ser”, que forecia 0 padro para ordenar toda as coisas, objectos miners, ‘ezetis anima, dos mis baixos aos mis clevados, Cada forma rflctia jimpercepkivelmente a anterior, nio permitindo que se fechassem eategorias. Fa cadeia do Ser que 6 responsivel pela nog de elo entre as vérias formas dias especies, O elo perdido conkinuari presente quando se procura uim animal meio homem, embora amentavelmente melo macaco, que fzeste ligucio com » homamn da teria da evolugio. 133 ARIA D0 CARO ERE [A Cadeia do Ser permitia acreditar que uma compreensilo mais sisie~ idtica levava o homem a aproximar-se da intengio divina; © no geral, no havin dividas, as causas Gltimas erat 08 objectivos que Deus consignara a toda a Natureza: preparar @ advento do homem, © nico que podia pensar © peresber os designios de Deus. (© darwinismo surge precisamente neste contexto, onde 0 Positivismo promovera o cientismo e 0 estudo da sociedade, da sua origem e do seu desiino devidamente controlado pela cigncia. A ciéncia era um factor de progressa, mas também wm factor politico, que se escondin na Filosofia Postiva ‘Mum contexto mais largo, «0 das paridigmas - mantém-se a idéia de que Natreza funciona para o homer: Hutton, apesar de gedlogo célebre © ciertista da observagdo rigorosa, quando nega o senso comum ligado aos fenimenos vulednicos, € entegérica: of vuledes ne existem para provocar Jenimenos religioses, mas sin para evitar terremotos, poupando assim Imuite mais humanidade do que 4 que eventualmente morreria no seu ‘avango focal, Ou soja, persistontemente, as eausas Finais assomam nat cigneia positivista, Como evité-lo ne senso comumy? Em 1859 Darwin, precipitadamente, publica a sua Origem das Espécies, se a idin dy evolugio nfo era nova, - jf fru defendida por Maupertuis, Buifon, mesmo Cuvier e Lineu; 0 av6 de Darwin, Erasmus Darwin na sua obra “Templo da Natureza", acreditava na evolugtio de todos os animais a pair de seres microsedpicos, estes formados por vitalidade espontinea, Lamarck apresentara uma causa da evolugio, a adaptagao ao meio. ambiente, Ou seja, antes de Darwin, a observacio directa da Natureza ja critra condigées para 0 desenvolvimento de vérias teorias, 0 criacionisme, atribuinde @ Deus a criagio dos tipos basicos de plantas e animais pelo processo de criagho repentina, o que implica uma teoria da imutabilidade das espécies.o fixisma, o eatasirafismo, langado por Cuvier, que conciliava as evidencias com a Biblia, - Deus ia criando geragbes novas, sempre que surgia uma eatistrore, que destrufa as anteriores, -0 eransformismo, lamarekinno, que € ja uma versio de evolucionismo, onde as transformagses cfestuadus nos individuos pela adaptagio ao meio so, pouco a pouco, hela. Dentro do criacionismo, mas virando um pouco ao primitive evolucionismo, surgira a teoria da Tipologia Racial. F uma teorie sob influgneia de Cuvier, que in ser afectada pelas conviegées sobre a idade da ‘Tora. Antes do século XIX admitia-se que todos os homens, pertencendo a. uma 36 espécie, estavam aptos a progredir. Os brancos no topo, os negros nat base, de aeordo com a cadein do Ser. AS diferencas mentais ¢ intelectuais sefiam produzidas pelas diferengas fisicas, de que era responsével a jo € 0 clima - um pouco de Lamarckismo. Houve feorias que: RODRIGUES DE FREITAS & 0 DARWIMISMO SOCIAL correram mundo, dividindo as ragas em activas © passivas, ou muito Fomanticumente homens do dia - os brancos, - da noite, os negros & australianos. e do crepisculo 0s mong6is, chineses e todos os que cram tidos ‘como transigdes dos outros dois tipos. Esta teoria esté subjacente is famosas © chauvinistas declaragdes de Lord Chamberlain sobre o valor ricico dos ingleses. que nuda perturba na sua pureza, nem o elima, nem as deslocagdes sa cerra, Mas nia Buropa a teoria que mi 8 de Gobinewu, quo niio fez da sua obra qualquer panfleto racista, mas apenas uma ansilise muito pessoal e pessimista da evolugfio negativa da raga francesa, Gobineau vira desenvolverem-se as revoltas de Paris de 1848, e, el adepto da velha monarquia, identificava af o assalto popular dos inferiores contra uns superiores incapazes de reagir € que até concediam vantagens ao adversario, Na sua "A desigualdade das Ragas Humanas”, Gobineau adere a uma origem épica inicial, onde os migrantes indo- ccuropeus. ainda puros, porque se recusavamn a aceitar como iguais as outras ragas de inteligéngia bestial e péssimo aspecto, se poem em movimento, ‘A sua expansio € r do Espirito de Hegel: de sintese em sintese, o espirito progride. assimilando a cultura das outras ragas, que s6 0 seu contacto faz ‘dexpertar: a raga indo-curopein é a condutora naka da cultura e dos homens para que esies atinjam "a idéia de humanidade”. Mas, infelizmente a rmisturu de sungue © cultura empobrecem as ragas puras e Gobineau, que n80 snieas, como era vulgar nesta teoria impression as mentalidades sera presenta solugies. nem mesmo eu: tipoldgica, apenas lamenta 0 que pode observa & sua volta Mas com “A Evolugio das Espécies” surgira a obra fundadora da biologia da evoluez. (© evolucionisme interessa ao Positivismo, que também jé tinha urna, metafora do organismo equilibrado, capaz de uma evolugfo sem choques & sem contradigdes, - ¢ que utilizava na Sociologia, proclamando a lenta substituigho dos elgrigas pelos professores laicos, dos guerseiros pelos industriis, ‘Ou soja, assim que & publicada, a teoria da evolugzo, escapa ao controle & intengGex de Darwin e sofre indmesas aplicagBes que este no previra. E comega logo seleceionistas” alterada pelo seu restrito niimero de seguidores, “os que tm & cabega o seu mais famoso admirador & . Allred Russel Wallace. Estes bi6logos “darwinistas” atvibufam toda a mudanga evolutiva a seleegko natural, e viam cuda elemento -morfolsgico, cada comportamento, end Fungo organics, como um produto de seleceiio, condurindo a um organism melhor. Sempre a cadeia do Ser, ‘sempre as causas fais Darwin, que acautclara todas as interpretagBes exclusivistas da adaptagao ‘na sua obra, teve ¢e vir repetidamente, em cada edi, chamar a atengaio para © que nunca afiemara, Considerava a selecgio natural como © factor 135 MARIA DO CARO SEREN rmais importante na evoluclo, mas no © Unico; contra o determinismo que fra sendo usado para elassificar hierarquicamente as “ragas” humanas, acertuava que a selecedo natural selecciona variagdes organicas, mas tambéun instintos que suscitam em relagdo aos mais fracos comportamentos de prorecgao e de assisténeia, coroadas pelas formas evolutivas da racio~ nade, da educesda ¢ da moral, No fundo 0 que. ja neste século, 0s et6lo- {gos evolucionistas avangam como cuidados com a profe, que a partir de ceelas aves se comega a manifestar como instrumento de sobrevivéncia dit cespéci. ‘Assim, uma cizcunstancia tnica nas citneias bioldgicas acabara de fives, as idéias de Darwin foram ocultadas e deformadas em primeiro lugar pelos que se apresentavam como seus defensores. E a lula contra a ideclogia religiosa ainda nem comegara, ‘© cainpo mais Fértil na aplicago falsenda do darwinismo & a da expli= ‘agi da Sociedade ¢ da fundamentagio do rucismo. Acabara de nascer um instumento de explicagio ¢ utilizagio notivel. a do antagonismo racial Hersert Spencer delendia a aplicagdo brutal das leis biolégicas de selecgio los mais fortes A sociedade humana. Propunha a eliminago natural dos tmeros aplos no seio da concorréncia social. Sem nunea 0 afirmar, Darwin torrou-se 0 pai de uma série de teorias racistas ¢ de eugenismo, que imediaizmente se fundamentayam eientificamente, ou seja, se tornavam verdades cientliews. Divalgadores como Herbert Spencer, que promove 0 ‘euenisino considera a sociedade uma onidade de competicso e selecgio. fou Srast Haeckel, zoslogo muito renomado, com edigées populares como “A Hist6ria da Criagio", onde se afitma que as negros com pelos lanosos sde incupazes de um desenvolvimento mental mais elevado, contribuem para tum interpretagdo especiticumente social e racial do darwinismo biol6sico. A endénein & 9 materiaisma, a seleccdo recusa os designios divinos na cringfi, Darwin fra obrigado a aceitar que nao havia, tal como a coniie= celamos, qualquer propésito ético na Natureza, onde verdadeiras perver~ Sides edificavam solugaes de sobrevivéncia, Ciencias de observagio, com este suporte ideoldgico e cient let niam varias campos de intervengio de darwinismo social e biolSgicu: & 9 caso da erantologia, que era para Brocea, cineia fundamental no cconecimenta do homem. Mais tarde, com métodos da Antcopologia Fic omi-se a Antropossociologia; o fundador da Sociologia Antropolsgica, Biceca, justifiea-a como a ciéncia mais importante sobre o homem, pois Fornecia informagées relevantes sobre © valor intelectual das varias ragas hhurnanas. A Antropossociologia divulga e defende o antagonismo racial ‘como um deverminismo inato, J4 mais perto de nés, e dentro da mesma fiat ‘9 extudo do coeliciente intelectual fem precisamente 0 mesmo sentide de cexclusie ce grupos sacinis ineémodos. De resto, 0 principio decomente mais 136, RODRIGUES DE FREITAS & 0 DARWINISMO SOCIAL nouvel era a impossibilidade de se encurarem as relugUes entre as ragas come relagdes sochis entre homens. Broca, que deixara wma afirmagio cblebre, Na genialidude o eérebro é malor nos homens do que nas mulheres, dias homens eminentes do que nos de talento mediocre, nas racas superiores do que nas inferiores, teve problemas quando se mediram cranios de homens eglebres como 0 de Cuvier, que era pequenissimo, ¢ indiscutivel- mente 6 grande eéredr0 do século XIX frances, Broca more em 1880, © que nos coloca no imagindrio que pretendo levantar na sociedade portuense onde se movimentava esse homem, também ppequeno, mas que se Lornara um exemplo earismitico de racionalidade © de Dandie, Roctrigues de Freitas, Darwin mozte em 1882, 0 ano em que se descobre 6 bacilo de tuberculose. 14i entio as cortemporineas idéias de raga, classe © nagio, 1déias claramente polticas.e nascidas no universo liberal, com identica definigho © cexclusio de minoriss, se encontravam auto-justificadas, porque os homens ‘ocidentais aereditavarm nelas. Rodrigues de Freitas, (1840-1896), insere-se neste contexto de afirmagto indesmentida pelos factos rolevantes do colonialismo e do imperiatismo, do homem branco superior, preferentemente sem misturs, até porque a sua fungiio de professor de Economia Politica, mais do que a deputado ¢ ideslogo republican, o levava até as idéias sociais. Os seus colegas do mal- -delinido “Socialismo Catedritico", nomeadamente Oliveira Martins, que ‘nem era socialists nem democrata,estavam profundamente embrenhados no darwinismo sockal, entrosando teorias que permaneciam na mentalidade, tudo fucilmente veieulada pelo Positivismo, que jé tendia a idemtificar- ‘com a pritica republicana, Todos eles, republicanos e positivistas, mesmo Bacio Teles, falavam das apriddes da rage. Hi um aspecto importante ligado ao Positivismo portugues. Desenvol- ve-se num grupo orde a opinio dos médicos € predominante, homens como, Teixeira Bastos, Jdlio de Matos, positivistas também figados & revista do Porto. “O Positivismo”, Camara Pestana, Ricardo Jorge. habituais no Hospital de La Salpiedre a verom o Dr. Charcot provocar nas suas pacientes acessos de histerismo, © materialismo positivist, alimentado por polémicas ‘com os racionalistes do grupo de Amorim Viana ou de Sampaio Bruno © Imporunies elemertos do clero, como Senna de Freitas, descia & uma mais, vast sociedacle civil através da divulgaglo de obras alemis na popular colecgio Bibliotheca Universal, Antiga e Moderna, pela forma de versdes tam pouco redutoras de Fernandes Costa A geragio posiivista do Porto sucede & Gerago romantica do Aguia "Ouro ¢ do Guickard e junta homens da Escola Médica, da Politécnica e literatos que se pretendem realistas como Tedtilo Braga. “O Positivismo”” € uma revista materilista © anticlerieal que entra em colapso pelo contronto 137 unnta Do cARMO SeRE de dvs correntes, a purumente positivista de Jlio de Matos, de grande rigor metodoldgico © 0 monismo de Teixeira Bastos. Homens que também Frequentario © Cenicule de Sampaio Bruno no Café Lisbonense, com Eduardo Faleao, Luis Botetho, Bazilio Teles, Queirés Veloso, Ricardo Malhveito: ou 0 Centro Artistice Portuense, a Associagio de Geografia Comercial de Oliveira Martins, a Sociedade de Instrugao do Porto, onde se agite sempre em trabalho de recolha ¢ bric-l-brac Joaquim de Vasconcelos, Issae Newton, que publica a sua Revista onde colaboram todos os grandes do fensamento da literatura, Rocha Peixoto, Alexandre Braga, Oliveira Mariins, Rodrigues de Freitas, No Porto do éitimo quartel do séeulo XIX reunin-se um escol verdadeiramente brilhante, que Oliveira Martins saber reconhecer, Embrenhado nas suas leituras onde toma lugar primeito a ‘obra de Gobincau, $6 vé decadéncia da raga 2 sua volta, ¢ ostenta, como 0 _auter da Desigualdade das Ragas Humanas, 0 seu definitivo pessimismo. Era um facto reconhecide que, como ji o dissera Augusto Comte, as alteragbes sociais dependiam do clims, da acgto politica cientitica- ‘mente orientada, ¢ da raga. & um programa de elites para uma sociedade de ites «as mais altas inteligéncias cienttfieas. Entre 1878 e 1882 a revista ‘0 Positivismo” teve larga circulagio, tendo dado luero aos editores. ‘Tinham sido taduzidos artigos de Literé e propostos temas positivistas por ‘Teircira Bastos ¢ Teofilo Braga, logo no 1° niimero. © evolucionismo tinka sido abordado por Candide de Pinho, Ernesto Cabrita, 1slio de Matos, que também fizera recensbes de livros. Teixeira Basios tinha traduzido © artigo “A Selecgdo Natural em Sociologia” de Horicio Ferrari, e publicara ainda um trabalho especifico sobre Darvin, ~Ensaios sobre a evolugio da humanidade”. Além do ensino na cadeira de Teslilo Braga, em Coimbra, "Tragos Gerais da Filosofia Positivista”, depois dda revista “O Positivismo™ ter terminado, hi ainda duas revistas positivisus, Era Nova", (1880-1881) ¢ “Revista de Estudos Livres”, 1883-1887. Nilo se esiranha que, a certa altura, as metiforas biolégicas sejam idértieas, quer em republicanos quer em mondrquicos. O evolucionismo, na sua forma deturpada de Darwinismo Social identifica-se tanto com 0 Fepublicunismo como cam @ Fontismo, O evolucionismo parecia terse ambientado profundamente, earreando 0 darwinismo social. E tornara-seum movimento de opinise publica, Também no campo dos estudos juridicos irrompe o Positivismo, com Manuel Emidio Garcia, Anténio Henriques: deiza de haver direito natural, mas apenas influéneia, nas sociedades, através do clima, raga, grau de civilizago, momento histérico, variéveis de época para épocs, A partir da década de 80, associado & propaganda republicans, domina a Faculdade de Direito de Coimbra, o Curso Superior de Letras, Lisbos, as Bscolas Politécnicas, as Faculdades de Medicina. ‘Como era da praxe Ii fora, porém, republicano e patriota tornam-se 138 RODRIGUES DE FREMTAS Dalewinsso SoctAL. Sindnimes nos anos 90. E faz-se a lista dos republicanos austeros, José Elias Garcia, Latino Coelho, Sousa Brandao, Manuel de Arriaga, Bernardino Pinheiro, Teéfilo Braga, Alves da Veiga e Rodrigues de Freitas, onde ‘palpitava @ alma da Patria", (Sampaio Bruno). Era, de facto dos mats austeros: indigitado no Famoso envelope do governo republicano, lido pelo factor Verdial no 31 de Janeiro, Rodrigues de Freitas, que pussara a revolta doente, na cama, 66 Unico a reagir com dignidade no desmentide oficial que envia para os jornais, negando © seu consentimento no elenco, mas sccitando justiga da revolugao. Inicialmente 1 oposigdo ractonalista zo positivisma conta com Sampaio Bruno, Amorim Viana e Oliveira Martins Mas a concepgio de Histéria em Oliveira Martins era fisiologista, roflectia as idéias darwinistas, reduzia a Tuta de classes ao processo bioldgico de seleegio e assim justificava 0 colonialismo. © colono branco aparece como dominadar dos africanos como as espécies que se querem impér, assegurando a sua sobrevivéncia.~ Oliveira Martins contribui assim para a formagdo da moderna conseiéncia colonialista ~ sem deixar de augurar 0s maleffcios que dat viriam, (Antero no se deixa iludir, eritica 0 evolucionismo de Haeckel), [Na “Bibtioteca das Ciencias Sociais” Oliveira Martins expe a evolugsio ‘natural até 40 uparscimento do homem, mas crticando Darwin, Haeckel, Lyell, Tylor, em algumas das suas conclusses. Critiearsé também os positivistas que s© ocupam dos seus livros, Jiilio de Matos, Luis Woodhouse, Augusto Rocha, Eduarde Burney, Adolfo Coelho. A sua Sociologia representada pelo determinismo. A influéneia do darwinisme social &, no entanto, bem clara, apesar da mistura de teorias, onde, mais do que 0 tho faludo hegelinnismo, se detecta untes Gobineau: O sistema da Historia universal esté no desenrolar épico dos Arianos, submetendo a si ou exterminanda tadaz as colmelas ou sociedades humanas. Ow seja, quando tudo pata li dos arianos fOr exterminado, fica-se reduzido a um s6 sistema, tomando-se exact a expresso Hist6ria Universal. Termo que, segundo ele, erroneamente se tem denominado Histéria. Do dominio crescente da Sociedade ariana sobre todas as demais sociedades humanas resultard a His6ria como conceito. (Trata-se aqui no de uma idéia hegeliana, mas de ‘um Tacto empirico, a observagho de acontecimentos como os que perturbaram Gobineau), Também critica o Positivismo, que faria da Sociedade uma “espécie de grande animal” um ser colectivo feito de moléculus individuais, Considera que a vontade pode ultrapassar as tendéncins da Natureza, como a emergéncia de Portugal, (influéneia de Herculano), 0 que &, contraditoriamente, uma posigzio anti-racial e anti determinista, que temos de ir procurar em Schopenhauer, muito popular nos Tinais do século, quando o darwinismo € posto em causa 130 Manis Do CARMO SEREN Na etiticn que dirige a Oliveizn Martins. Teéfilo Braga & defini nucionalidade comeca a organizarsse na regido Entre Douro e Mako ‘onde existion mais elementos de 1a¢a aviana, sobretudo colonos gregas ¢ E pegava no elemento decisivo: Sabe-se hoje, gue o ibero opresenta 2 djerenciagées. a dolicocefalia na Expanha, e a braguicefatia do lado da Fraga, ¢ da mesma forma 0 celta martiimo ou ligio, e 0 celta central Desde a intsodugiio da Fotografia, nos anos 40, os médicos portuguases aplicavamse na fixagio da coleceto de monstros, (morbidez do século que. espreita pela buraco da fechadura e funda as eiGneias sociais) © na reprodugio, logo nos primeiras daguerteotipos, do erfineo de eriminosos celebres. Assim se faz ta Escola Médico-Cirdrgica de Lisboa, em 1842, um sano depois de surgir no pats © primeiro daguerreotipo. O Estado criaré Pasias Ansropométricos, (lei de 17-08-99) para tomar as medidas antropamétricas de todos ox presos que derem envada na Cadeia Cems fu eute pars esse fim thes fossem envidos pelos comissariadas de policia fu pelos jnizes de instruetio criminal, (Art. 8. 2.9. Neste contexto de procura da identidade riciea e cultural, para o que largamente contribufu Oliveira Martins, insere-se a Questo do Homo Ribeiroi, @ homem do Tereidtio, di Ora, em Alenquer, deseoberto por Carlos Ribeiro e que provaca a organizagd0 do IX Congreso Internacional de Anttopologis © Arqueologia Pré-Histérica em Lisbou no ano da Conemracie de Camoes, 1880. Na sesso solene da Academia das Cignecias © consetheiro Andrade Corvo, entusiasmado com © achado, faz um Feportsrio sobre a importineia do Darwinismo, da evolugio do homem eda teoria da evolugio das sociedade IMas nos Finais do século, em plena época de euforia da produgio, do ciemtismo e do Positivismo, quando a partilha de Africa se justificava plenamente pelo darwinismo social, Rodrigues de Freitas faz afiemagoes surpreendentes. Numa andlise sobre a hominizagio ¢ 0 seu significado decisive, ressalta 0 valor do trabalho para a criagdo do homem e da cultua, adiantando-se décadas & teorizagio de Leroi-Gourhan. Apesar da sua Formagao naturalista, comungando com 0 evolucionismo, considera que as leis darwinianas da luta pela exist@neia e da seleegio natural no podem ser aplicadias fs sociedades, pois nem sempre nessa Tuta é assegurado 0 triunfo Ue todos os que so mais Fortes, Mostrava desconhecimento dos argumentos de Darwin, provavelmente 56 conhecit © evolucionismo através de Spencer. mas mostrava também a sua siferenca, a coragem moral que sempre demonstrou, mesmo quando os Paradigms soctais e mentais podem ser mais fortes do que os homens. RODIIGUES DE FREITAS 0 DARWINISHO SOCIAL COMENTARIO BIBLIOGRAFICO 1 eo oreo cents do aGeulo XIX wah, sicamente, ds mine isieay das uivelgagts pla Gridiva, de todas a0 brn de Stephan J. Gould, darwin innriente oe me stan po vis veres a colar Manusix Bias We Blaogia © {Gcvlogin (SKINNERIPORTER, The Danie of Barth, An totroduction to Piya! CGevings. John Wiley & Sons ine, New York? El, 1995: J.L.GOULD/W-T.KEETON. iological Sciense, 62 Gd. W. Norton dC. N-Y/London}. Para ono ent © Ciaconisino «a davvinisnaw ene Dawn © “Seleionintas” igo vrkn ds inepre= tages de 8 Gould sae tetow da Gpoc, dado uu Hint da Cacia 6 wm vector anc te coneide aa Comin seri uo Sit do Ruane sa evolu Hires, momeadamente © ‘nomen do Darwinian Sosiah x bra Se MICHEL BANTON. fd de Rag Ed. 70. 1979. ist. ‘Adm das sia divulge pbs ibliteca Universal Anti © Modern {oer excnplo. EUGENIO HUZAR 0 fin do Mino pela Ciencia” com comentdeio ipunliente significative = de Fernandes Conta, Lisboa, Ed. Davi Coruzt. 1888 FONTENELLE em vendo revista pelo cietinmo. A plavaidade des Mundos, mesma ‘iors #8 eae no mesmo volume, por CAMILLE FLAMMARION, Maitanes de ‘ines Manns, LUP2 BUCHNER: Lee Vit, Listos. © aetna Bata 1889) 4 minha Snvice le qos io esr emenclalmente a pani de revista og ewan expoeticos de Pasiiviso, et mesmo Yoterese publico due as polininssuscitvaen 0 dosenlvi= Ione de wm aoive expe mira de pendor posit ¢ evolves ue esria Ins nize da foi xing do darwin social. Ted iden que a divalgapio de obs isn como cteiicns como ae site, eve af don Faportane papel. dado gue bbe eto como ext eminencrcnte populares polo prego, inary 0 exidade de Duhlicr om cla wane Sos do vdeo ipo, ltrs ¢eienteo, De near que estes Columes © outer cmededos = pelencinm & bist da Sociedade Alexandre Hercule. Fads wo Port om 8, Porm a anise dy obs dos menores ceca ¢ ieiros do séulo XIX, nomcadamente (Oivsine Martine oveceno ac srmpe sl» eomulla de ANTONIO JOSE SARAIVA, ‘goes Ilion asset ne publcurdex de O Palio, (A Tete Olden, pet), Iyeler’ exnhcleter «pullagnite es obci do earitorolocentnta es de Gobinen, Le COMME de GOBINEAU: Kets Minegelié des Races anaes, Pais Belond 167 Infeiznene no eoesi, antes bt pubfisede de Noms Paginas vale (Reet. JORGE FERNANDES ALVES), a lervengio de RIP em Majo ue 1974-0 descivalvi= renin dt minha comeaiengie naeniava no Tallere O Partugal Cantenpordneo do sir Otten Marin, 1881, Olveies Marin es Badeeues de Feiss iatecesses cantina a Pr). RALVES a O Tepes, Agent de 1994, ¢ Praipas de Beano tn: Pits, 3- RODRIGUES dePRETTAS, Port, 188, lat

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