10 de Feveeta de 2011 reconquista terras da beira 2. Serao Cultural em Idanha-a-Nova Adufeiras de Monsanto mostram tradicoes s XVIII Jornadas Pe- dagégicas, organiz: das pela Associagio Portuguesa de Educagaéo Am- biental conjuntamente com o Municipio de Idanha-a-Nova, © Geopark Naturtejo ¢ a Es- cola Superior de Gestao, de que demos nota na passada semana, contaram com um Serao Cultural, que decorreu no Centro Cultural Raiano e contou com a participagao das distintas Adufeiras de Monsanto. Este serio cultural foi uma pequena mostra da gran- de tradig&o poético-musical, enraizada no povo de Mon- santo, espelhada nas repre- sentagdes cénicas de tradi- gdes quaresmais ¢ outras, nos rimances e no canto de lindas, arcaicas e preciosas melodias religiosas e profa- nas ao som do milenar adufe, tocado com mestria por maos leves como uma pena. As Adufeiras de Monsan- to iniciaram a sua exibigdo, em ambiente de fervor reli- gioso, de sossego nocturno, de “siléncio de museu”, com o canto triste da Encomenda- do das Almas, que é uma das manifestagdes da religiosida- de popular relativa ao culto dos mortos, passando depois para a representagao cénica dos cantos da Veronica e dos EUS pelas Trés-Marias, rematando com 0 da Senhora As adufeiras cantaram para uma plateia variada das Dores. Seguiu-se 0 canto dos rimances do Lavrador da Arada e do da D. Silvana que ja séo muito poucos € poucas os que os sabem de cor, apés terem terminado os tranquilos e animados serdes a lareira, sobretudo por forca da invasdo da televisio no ambiente familiar. Houve tempo para 0 can- to de belas melodias ao ritmo do toque do arcaico adufe: Serenata aos Noivos € as can- goes da Azeitona, Velhinha, Marcelada, Auséncia, La em cima ao Castelo e Divina Santa Cruz, aliada a evocagao do cerco do castelo de Mon- santo, com a representagao cénica do lancamento do pote com as flores, simbolizando estas 0 trigo ¢ 0 pote caiado de branco a bezerra. O animado serio, reple- to da mais genuina cultu- ra popular local, encerrou cantando-se ao som do adufe, tocado ao ritmo do maravi- Ihoso bombear do coracao, a arcaica cangao de romaria da Senhora do Almurtao com a participagao do numeroso publico presente que nao re- gateou, ao longo do mesmo, estridentes ovacdes as Adu- feiras de Monsanto. Estas merecem a nossa admiracao pela sua entrega de alma e co- ragao a recolha e divulgagao, com pureza, por todo 0 Pais e pelo Estrangeiro dos bens etnofolcloricos de saboroso arcaismo da inconfundivel aldeia mais portuguesa — a Vila de Monsanto - que foi cenario do nascimento e residéncia de todas. Ant6nio Silveira Catana