Labov

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det ete eros Ma res Para Uriel Weinreich {SIP-BRASIL CATALOGAGAO NA FONTS SINDICATO NACIONAL BOS LOHTORES DE LIVROS, Rd oe Gaeta Fras celts an to Mac gn ‘uaa eta sr ol sco ae -Fardbole Edtoral 2008. sea 32a inten 20) Lever 24 | monte soccumcctnens Concinsto Esta discussio se concentrou na tese de que as pressGes internas, estruturais, e as presses sociolingiifsticas agem em alternéncia siste~ mética no mecanismo da mudanca lingiistica. Nao se pode mais alegar seriamente que o lingiista deve limitar suas explicagbes da mudanga as influéncias miituas de elementos lingiisticos definidos por funcio cog- nitiva. Tampouco se pode alegar, com um mfnimo de bom senso, que ‘um sistema Lingitfstico em mudanga ¢ autonomo. Tentei sustentar aqui ‘este argumento para além da mera catalogac&o das possibilidades, ao introduzir um amplo conjunto de evidéncias de mudancas sonoras em progresso observadas. Com base nessas evidéncias, podemos afirmar com mais seguranga que no ¢ possivel realizar uma andlise das relagBes estruturais dentro de um sistema lingtistico para s6 depois recorrer a relagdes externas, O processo de reciclagem delineado aqui sugere 0 tipo de zesposta que podemos dar as questdes fundamentais sobre as causas motivadoras da mudan¢a lingtifstica, e sobre as fungGes adaptativas da mudanga, bem como sobre o mecanismo pelo qual a mudanga se pro- cessa. Podemos esperar que investigagies futuras modifiquem o esboco apresentado aqui, mas os dados vindos da comunidade de ala continua- lo a ser parte essencial da andlise da mudanga lingttistica. O estudo da lingua em seu contexto social 8 seve pancimos gaptrutos deste volume documenta- ram uma abortiagem da pesquisa lingUfstica que se concentra na lingua em uso dentro da comu- nidade de fals, com vistas a uma teoria lingtifstica adequada para dar conta désses dados. Este tipo de pesquisa tem sido &s vezes rotulado de “sociolingiifstica’, embora este seja um uso um tanto enganoso de um termo estranhamente redundan- te. A lingua € uma forma de comportamento social: declaragies neste sentido podem ser encontradas em qualquer texto introdut6rio. Crian- 8 mantidas em fsolamento ndo usam a lingua; ela é usada por seres ‘humanos nur contexto social, comunicando suas necessidades, idéias © emogies uns aos outros. Os mondlogos egoctntricés das criancas re- velam ser desenvolvimentos secundatrios derivados do uso social da lin- gua (Vygotsky 1962: 19) e pouquissimas pessoas passam muito tempo falando consigo mesmas. £ questiondvel se frases que nada comunicam aninguém fagam parte da lingua. De que maneira, entéo, a“sociolingtt- tica’ pode ser considerada algo separado da “lingtiistica’? Uma drea de pesquisa que tein sido inclufda na “sociolingtistica” talvez seja rotulada mais adequadamente de “sociologia da linguagem’. Lida com fatores socials de larga escala e sua interag4o miitua com lin- guas e dialetos. Hé varias questdes abertas e diversos problemas prati- cos associados com 0 declinio ¢ a assimilacio de linguas minoritérias, © desenvolvimento do bilingtiismo estavel, a padronizacao de lnguas e © planejamento do desenvolvimento da lingua em nagGes recém-surgi- as. O estimulo lingUistico para tais estudos € primordialmente 0 de que dada pessoa ou grupo usa a lingua x num contexto ou dominio social v. ‘ i i “que se preocupa mais com os detalhes da lingua ‘Muitos compéndios recentes tém discutido o trabalho nesta érea (Pish- ‘nan 1969) e no tentarei lidar com tais questées e tal pesquisa aqui. Existe outra drea de estudo &s vezes inclufda na “sociolingtifstica” se valem dos recursos de sua lingua para desempenhescertas fungBes Este estudo funcional 6 oncebido eomo complementar ao estudo da Fishman 1968; Ervin-Tripp 1968; e Grimshaw 1968, Este capftulo tratard do estudo da estrutura e da evolugSo da lingua dentro do contexto social da comunidade de fala. Os tépicos linguisti- cos a serem considerados aqui cobrem a érea normalmente chamada de “Tingltsttea geral’, que lida com fonologia, morfologia, sintaxe © se~ para qualquer forma de lingtifstica geral sejaa lingua tal como usada por + Tumbém estendemos esses estudos para a res da andlise do discus, que nfo tem. ‘ido consideratia uma parte da lingttica goral nom fol inverigada seriamente no passa do Asopo 4 deste capiule 44 uma breve indicario danatareza deste tabelh, ‘otsrvoo ax uheuk ou sey conte soca | 217 falantes natives comunicando-se uns com os outros na vida didria. An- ‘tes de prosseguir, serd itil ver por que este ndo tem sido 0 caso. A.ABORDAGEM SAUSSURIANA DA “LANGUE” A orientagio bésica para a andlise éstrutural da gua tal como a incluia grande maioria) ngo levamem contade modo n sock trabalham com um ou dois informantes em seus escrit6rios, ou exarninam nao de qualsquer datlos “externos” sobre o comportamento socta? Este desenvolvimento depende de um eurioso paradox. Se todo in- dividuo possui umn conhecimento da estrutura da lingua, sea langue é“un ©" — systéme grammatical existant virtuellement dans chaque cerveau” (“um = a8 | monoes socruncolccs sistema gramatical existente virtualmente om cada cérebro"](p. 30), uma fo constral teosas a inguagem para explear esses Este desenvolvimento teérico se baseia em duas ou menos explicitas: 1, A estrutura limghistica esté intimamente associada & homogenci- ‘Num manual introdutstio escrito por John Lyons representando wn: Go alguna forma independent i goes etn 220) monees sonouncrcns tica abstrata nas Giltimas cinco décadas simplesmente impossibilitou tal trivial em nosso procedimento. Por diversas razbes, este tipo de lingua tem sido 0 objeto de interesse mais dificil para alingitfstica. Algumas das raz6es desta dificuldade serdo delineadas a seguir. PROBLEMAS mMTLIDAR COM 4 FALA Apesar da orientaco geral da area para o estudo da lingua fora de seu cont texto social, tem havido vatias situacdes em. que os lingtiistas esperaram obter confirmagao a partir do estudo da fala. Fxistem qua- ‘tro dificuldades distintas que tém sido citadas e que tém tido profundos efeltos sobre a prética da lingtiistica. J. A.agramaticalidade da fala Houve um tempo em que os lingtistas da escola bloomfieldiana de- clayavam que os falantes natives murica cometiam erros. Mas o ponto de vvista oposto prevalece hoje em dia: 0 de que a fala é cheia de formas agra- saaticais,jé que as dificuldades de desempenho se colocam no caminho da plena manifestacéo da competéincia do falante?. Acredita-se em geral que wm corpus extraido da lingua falada nao constitui boa evidéncia, ja que conterd varios exemplos de frases malformadas-que os prOprios fa- antes condenam e mudam quando sua atencao 6 chamada para elas. Chomsky afirmou que cariter“degenerato da fala cotidiana que acriangaouve é umn {forte arguimento de apoto 2 posko inatstaa cance deve tec uma teorainata dalingua,jé ‘que nfo podria indice regs a paris da fala agramatical que circunda (1965-58). a EA NN ‘sr oa ek se conte sc F224 2. Variagiio na fala e na comunidade de fala ££ comum que uma agua tenha diversas manciras alternativas de dizer “a mesma” coisa. Algumas palavras como carro e automével pare- ‘cet ter os mesmos referentes; outras tém duas prontincias, como can tando € cantano. Existem opgbes sintéticas como Uma pessoa que eu confio muito vs. Uma pessoa em quem eu confle mutto ou E fil para e falar vs. Para ele falar éfécil Em cada um destes casos, temos 0 proble- = ma de decidir o lugar desta variacao na estrutura lingtistica. A andlise formal contemporanea nos oferece duas opcdes claras: t (@) diz-se que as variantes pertencem a dois sistemas diferentes, e que aalterndncia é um exemplo de “mistura dialetal” ou “alternancia de digo" (code-switchingt; (2) diz-se que as variantes se encontram em “variagao livre” dentro do mesmo sistema, a selegao se encontra abaixo do nivel daestrutura lings cilmente desctitos sob um desses rétulos; considere-se por exemplo um ‘exemplo teal de ingua em uso*: ‘Axi den like IFYOU MISS ONESIES, de OTHuh person shoot to skelly:ef he unlss, den you go again. An IFYOU GET IN, YOU SHOOT TO'TWOSIES. Ar’ IFYOU GET IN TWOSIES, YOU GOTO tthreesies. An! IFYOU MISS tthrea- sles, THEN THE PERSON THia miss skelly shoot THE SKELLIES ax’ shootin ‘THE ONESIES; an’ IF HE MISS, YOU GO f'om tthreesies to foursies. 7 Brcostume dizer que essas expressbes tem o mesmo significado, o que poderos de- ‘ni igorosumente como “tendo o mesmo valor de verdad”. Q resultado Snal de-nossos cesaudos da variagaosinttica sera atbuit um sentido ou signtcago atima transforma ‘so, um tipo de carga funcional que podemos querer distinguirnitidamente do signifi do repeesentacional. “+ Rosa citapio € de uma entrevista com “Boot o porta-vor de um grupo de pré-edoles- centes negros no centro-su do Harem, na cidade de Nova Youk Labov etal. 1960). (Eno, se voce perde primeiro, aoutra pessoa atira sell, se ela perde, entao ocd vai novamente. 2 se voce ganha, voce vai pela segunda vez. E se voce ‘ganha pela segunda ver, voc val para aterceira. Ese voc® perde na tereeira ez, entaoa pessoa que perdewa vez ata o skelyevolta aero primeiro. Ese la perde, ocd vai paraatercera ou a quarta vez] fskelly é urn antigo Jogo de rua da cidade de Nova York, Neste trecho, um menino negto de 12 anos esté explicando 0 jogo de skelly. Podemos tratar suas variagdes como exemplos de altemancia de cddigo; cada vez que usa uma variante marcada, ele se move para o “sistema” que contém tal variante. As mimisculas indicariam, entio, 0 “Inglés Vernacular Negro” [“Black English Vernacular’ wv] ¢ as maiis- clas, 0 “Inglés-padrao” ("Standard English’ se]. Mas é um esforgo que no convence: nao existe nenhuma motivacao Sbvia para ele alternar 18 mas so compartilhadas por ambos os sistemas e so atrib ‘outro e6digo pelos acidentes da seqiienciagao. Na linhs é atribuido ao pv somente porque se segue a den, vou GET NE a a0 se somente porque se segue & forma marcada ir. Mas, por outro lado, podemes tratar a diferenga entre de erie como “variacdo livre”? Tal deci- sao ndo faria sentido nem para o falante nem para o analista, pois ambos sabem que de € uma forma estigmatizada. Sem nenhum modo claro de categorizar este comportamento, somos forgados a falar de “variantes estilisticas’, ¢ assim estamos deixando de capturar relagbes que tém a ‘ver com nossa nocao de estrutura linglifstica. Que é um estilo senao um subcédigo distinto, e quando é que temos dois deles? No ‘samos na lingua como um meio de traduzir significado ‘Onde e como os significados estilisticos entram neste pro ‘da necessidade de comuntcar significado como um fator controlador na cevolugao lingoistica. Que tipo de controle, se algum ha, é exercido pela necessidade de comunicar mensagens “estilisticas”? Um problema ainda mais intrigante se levanta quando considera- tais no nev — um processo que aparece na intersegio da gramétic fonologia. Uma palavra como bold (‘ousado”) ¢ freqitentemente ficada em bol, mas nem sempre. Também ¢ 0 caso com rolled ("grad Imediatamente queremos saber se os grupos do tempo passado eve 4p. esti an tenn nese ero 0004 | 729 perigo de perder a informacéo de tempo passado. A investigagao cuida- osa nos mostra que-a distingao nunca se perce —as formas do tempo passado sio simplificadas menos freqllentemente por todos os falantes. Mas nosca teoria no tem nenhumn modo de registrar este fato formal- mente: tanto bold quanto rolled sao abarcadios pela mesma regra “opcio- nal’, e nossas observagdes ndo tém stafus teérico nas regras da langue. 3. Dificuldades de ouvir e gravar Gravagées de fala observada em uso real sfo-quase sempre de qua- lidade muito deficiente. Os foncticistas actisticos coletam seus dados em salas & prova de som, sob as melhores condic6es possiveis. No trabalho de campo, verificamos que ruidos na sala, barulho da rua ¢ outras in- biema fundamental é que a maioria dos sinas ling poruma grande quantidade dé sinas redundantes, e€ uum deles transmita uma carga pesada de significado; néo ¢ essencial para a mensagem global, que os ouvintes percebam todos os sinais. No encanto, para gravar este item na forma plea, o linghista gostaria de ouvi-lo do modo mais claro, como. se fosse o Ginico meio de assinalar a mensagem. Daj decorreria, portanto, que as formas direcionadas obtidas zo laborat6rio oferecem a indicagze mais clara do sistema subjacente. que qualquer 4. A raridade das formas sintdticas Os dados baseados naquilo que os falantes realmente dizem poder ser adequados para as formas fonolégicase sintéticas mais comuns. Para qualquer andlise profunda do padrao sonoro de uma lingua, seré neces- Sdrio elicitar palavras raras como adz [‘enx6”: fetramenta de carpinteitol ssa situario € menos prejudicial para andlise fonoldgica do que para a pesquisa _gramatical. Ne fonalogi, podemos esperar que es formar nitdamente acentuadas emer- jam do rufdo de fundo. Mas diversas partculas gramaticasficam reduridas a consoantes ‘minimas ou mesmo a tagos de tenséo ou vozeamento, dlicels de ouvir a néo ser nas ‘melhores condigbes,e muitos so to rarus que no poderos nos daraolino de dex los escapar. ; | 224 | oro socouncotment (0 nico morfema do inglés que termina com um grupo de obstruintes ‘trompete”), onde estamos buscando formas raras como X got Verbo + = by 0 Verbo + ing~Z. ‘Essas dificuldades detxam claraainotivagao basica para lguém se con- ‘existem desvantagens no estudo abstrato da lingua. Algumas de sia limita- ‘ses tém se tomado penosamente conhecidas, as dificuldades de desenvol- ‘Yer a teoria lingtiistica com essa base de dados limitada talvez sejam maiores do que as esbogadas acima para o estudo da comunidade de fala. PRowtzmas NO ESTUDO DAS INTUIGOES lingitistica da parte dos autores: em sua sincera intencao de explorar a ‘eoria linglifstica com base em suas intuig6es, eles inevitavelmente atin- ‘gem um ponto em que os dados assumem tal forma. Nessas circunstn- Cas, os dots postulados de homogeneidade e acessibilidade da langue fio seriamente questionados. sobre ‘ry pode ou deve ser 0 objeto da descrigaolingtifstice, 0 onpero DA Desceigho LINGOISTICA: “DIALETO” F “IDIOLETO” padrées normative, matma quando ‘encontramos uma wariagao alta no mente estratificada na fala real (Labov 1966a: 4-35ss.). Mas essa unifor- midade nos julgamentos intuitivos 6 caracterfstica somente de varidveis sociolingiifsticas bem desenvolvidas, que tém recebido corrego social *~ © 26 | once sooouncincos cexplicita. A maioria das regras lingiisticas esto muito abaixo do nivel da correciio social eno tém normas socials explicitas associadas a elas. ‘Numa versaoanterior deste capitulo, narretas dificuldades de repro- duzir os dialetos sintéticos que Postal (1971) relatou quanto a fendmenos de cruzamento ¢ restrig6es de pronominalizagdo. Mais recentermente, comegamos a explorarsistematicamente a consisténcia interna dos dia- letos sintéticos “idioletais’, ou seja, dialetos sintaticos estabelecidos com base em respostas intuitivas a frases isoladas aleatoriamente distribuf- ‘das entre pessoas sem qualquer diferencia geogréfica ou social. Uma dessas éreas de dores pesquisados por Carder gadores cuidadosos de dialet centrevistas individuais em vez. de questionatios de grupo, t ‘trolada e verificagao de confiabilidade por dado periodo de tempo. Seus dados basicos sao as reagdes diferenciadas para as frases 1 Allthe boys didnt leave. {fades os meninos no sairar) sintéitica 6 a dos dialetos quantifica- icos, enfatizando a im 2 Allthe boys dida't leave until six. (Todos os meninos ndio satram aréas seis} 3 Allthe boys didnt leave, did they? Todos os meninos nao sairam, salva?’ A interpretagao de 1 como ‘Not all the boys lef’ nem todos os meni- nos safram!) é consklerada uma caracterfstca do dialeto nec-0 e€ consis- tente com ofato dese considerar 3 como aceitavele de 2 como‘inaceitével, tendo em vista que a negativa est entao no predicado mais ato, provo- ccando uma tag question’ positiva em 3, mas impedindo unti{‘até"| nama frase positiva de nfvel mais baixo em 2. A interpretagio de 1 como “None of ‘the boys lfe"("nenhiuin dos meninos saiu’|€ considerada uma caracteris- tleado dialetonc-ve ¢ consistemte como fato de2 ser aceitvele3,inace’- ‘ével, uma vez que a negativa entéo 6 0 predicado mais baixo, dominado 5 Atradugio das frases tenta dar aoletor wna deta do seu conte, necessarlamente a construgdes naturals e/o1 aceitaves ers portugues ‘Tag question: pengunta sada depois de roa afirmagio e que busca ou espera ‘magio dessa delarago. 0 caso de “did they?" no caso 3 analisado aqui (u, da radu nd por um predicado mals alto com o quantificador all {“todos’}; isso permite until em 2, mas exige uma tag question negativa em 3. Meu interesse na questio deriva da generalizagdo do estudo da atra- ‘940 negativa do quantificador any ("qualquer’] (ct. seco 2, abaixo). Junto com Mark Baltin, desenvolvi varios instrumentos para abordar ges sobre dialetos quantificadores e contrastar essas intuigbes como uso inconsclente das regras lingltsticas envolvidas. Dez estudos diferentes foram realizados com amostras de 15 40 pessoas, usando varias téenicas para afinar os julgamentos intuitivos. As pessoas foram selecionedas nes classes média e operéria, com amplo favorecimento da primeira, em tes- tes empreendidos na Filadélfia, em Nova York, Providence ¢ Kansas City. No geral, verificamos que tés quartos ou mais de qualquer amostra dara respostas iniciais weo-o a 1, com uma pequena porcentagem de Nec-v & alguns falantes que davai respostas ambfguas. Para essa frase isolada, verificamos que somente cerca de um quarto das pessoas s80 cor O primeiro par testado opunha 3 ¢2. O segundo par foi 4 a.Allthe guys won't start work until the whistle blows. Todos os caras no comegario-a trabalhar até 0 apito tocar} D.Allthe guys havent started work, have they? [Todos os caras ndo comeparam a trabalhar, comegararn?| ‘Também usamos dois pares que mostravam desambiguagao semantica: 5 a. Since the plant’ locked, all of them haven't started work yet. a que a fitbrica estd trancada, todos eles nao comesaram a frabaihar ainda} b.Allthe guys havent started work yt; some are stil on theirlunch hour. (Todos os earas néo comegaram a trabalhar ainda; alguns ainda estao ris hora do aimopo 6 a Allthe guys don't lke John; some of them cant stand him. [Todos os caras nao gostam de John: alguns deles nto conseguem suportdsio} b. All the guys dont like John; none of them has anything good to say about him. SARE i et NSM 228 | maneoes soccUNcoICOS {Tedos 0s caras ndo gossam de John; nenhuuin doles tem qualquer cotsade bom a dizer sobre ele} Seo falante, de fato, tem um dialeto n#6-0, preferiré 3.2, 4ba4a, 5b Sa, e 6a. a 6b-A frase Sa oferece 0 contexto que mais fortemente favore- cea interpretagaa Nec-v. Se os dialetos nz0-9 ¢ nec-v fossem caracterfsticos das graméticas ‘tentemente nsc- ou nec-v de ponta a ponta. Este resultado consistente com outros dados qué mostram que quase todas as pessoas responderlo, defato, wzc-o ou: ras 8.1a e8.1b-e perguntamos qual deles 6 designado pela frase 7. Allthe circles don't have dots in them. (Todos os efreulos nao tom pontos neles) Diante deste problema, a maioria das pessoas mudou (4 dos 8). Quando hé somente um ponto como na figura 8.12, a grand. metro diagrama tem quatro cfrculos com pointos, quuase metade das pes- 'soas véem interpretagdes tanto Nec-o quanto no-v. Ademais, nfo existe correlagdo entre essas resposias e respostas a frases isol 8.1 também mostra para cada teste a distribuigio por re : 1-3. Neste teste como em outros, vemos que existem mais pessoas qué : alteram as respostas das frases para os diagramas do que as que rnantém uma posicdio consistente: A tabela 8.2 mostra uma inconsistencia ainda ‘mais dramética em outta série usando a frase-teste 8 Everybody doesnt know how to play bridge. {Todo munda nao save como jogar bridge antag EFEITO DE FORMAS VAs ‘SOBRE RESPOSTAS Pontos por 6 Reagioa igs. FTE! gv sv s? veq 1 v aoeAa2 RRESPOSTAS NEG-Q E NEGA INCONSISTENTES AOS DIAGRAMAS EFRASES q ET vs fa QV ‘i v>Q eee Stee sv 4b fi 1 RSE RRR oC MASE ATS ‘psu oa unc sconrEn Soo: | 234 Interpretages da frase 8 fora do contexto favorecein Nec-o mais forte- mente do quea frase 7. Natabela8.2, vemos que somente3 das 19 pessoas foram consistentes entre espostas de frases e diagramas—um resultado que reproduz dle perto 0 padrio de consisténcia interna para as frases 2-6 observade acima, Podemos obter uma reapao ainda mais fortemente c-v acrescentando um modificador restritivo a 1, produzindo 9 AU ofushere dont play bridge. fodos nds aqui nao jogamos bridge.) 0 quantificador all [“todos"} 6 visto agora pela grande maioria dos a quantidade we who are here {"n6s que es- wretado como “None of us here plays brigde” bridge’). Em teste apés teste, 90 a 95% das Essas respostas indicam queo contexto elicitador pode ser controla- do para produzir & vontade “dialetos” weo-g e nev~v. Comprovagio ainda mnvincente pode ser obtida pela observagio do uso da lingua na idiana. Quando apresentei pela primeira vez a figura 8.1 aminha familia, houve um debate acalorado, Minha mulher deu respostas N#0-@ peremptérias; depois de meia hora de debate entre ela e nossos fillos, ela ainda sustentava que a interpretagdo Neo-v era tio remota que nao podia ser levada a sério, Na manba seguinte, enquanto eu ainda esrava dejtado na cama, ouvi minha mulher chamar nosso filho do corredor: 10 Simon, get up! Everybodys not helping! {Simon, levantel Tado mundo nto estd ajudando! Os “dialetos quantificadores” tém desempenhado um papel im- portante na teoria linglifstica recente, Recorreu-se a diferengas dialetais para explicar as interpretagoes das frases 11a ¢ L1b. ‘1a. Halfof the people inthis room speak two languages. (etade das pessoas nesta sala fala duas Kngusas} 1232 | monte soccuncob05, ’b Two Janguages are spoken by half of the people inthis room. [Duas inguas se faladas por metade das pessoas nesta sala.) Eseas frases incidem diretamente sobre o problema de as transfor- ‘magGes preservarem ou no 0 sentido referencial. Um ling®ista, a0 des- cobrir que outros discordam dele sobre se 11a significa ou nao 0 mesmo que 1b, defendera sua propria reagso como “meu dialeto’, e afirmaré que a teoria deve explicar pelo menos 0s “fatos” do dialeto dele. Grinder & Postal (1971) desenvolveram alguns argumentos impor- gue favorecem a semantcageratva nomalmente vee os dads como 08 autores 0s véem, rejeitando frases como 12°Max wasnt imprisoned but Joe was imprisoned and he is stil there. (Was ndo estava preso, mas Joe estava preso-e ainda esta Id) 13 *Maxis off his rocker and so is his mother. (fax esd rad e sua mde tambéra} Mas aqueles que nao favorecem tal posi¢4o nfo rejeltam em geral 12 e 13. Em sua conclusio, Grinder & Postal entram em conflito direto ‘com Chomsky na interpretacao de frases como 14John hasnt been here for a month, but Bil has. otin no te vino aqui faz um més, mas Bil tem. A questdo aqui é que a semintica gerativa expandird a elipse numa forma subjacente 14: John hasnt been here for a month, but Bill has been here for 2 month. ohn ter vino cq azar rms as Ble nd ec fz més} Isso permite apenas uma interpretagdo durativa; assim, a semanti- ‘ca gerativa exclui uma fnterpretacdo pontual para 14, Mas Chomsky pei- mite uma leitura pontual por mefo de uma regra interpretativa, j4 que ele nfo derfva 14 de uma estrutura profunda que comporte 14”. Postal & Grinder chamam o argumento de Chomsky de “enganador e distorce- dor” porque 9 entre 10 pessoas que interrogaram concordaram com eles. Um estudante da Universidade da Califémnia, em Los Angeles (UCLA), me escreveu que a grande maioria dos estudantes de lingtstica de lé Sa ores une ms corn 8 238 i conconseven oi as itis de Chomsiy Néo se deve exquscer que @ : ‘bvia (6bvia ao menos para os de fora da ling®istica) os lingtistas née po- ém continuar a produzir ao mesmo tempo dados e teoria. mos ser a prépria lingua. 5 "Cave cate wines dos ngs 0 entendmente rl Sou nd ‘stodamts de lingistic erm deados conn. + 234 | monoe sooouncotrens ‘PROBLEMAS NA RELACKO ENTRE DADOS E TEORIA 0s procedimentos da gramitica gerativa, operando com intuiges sobre a lingua, tem nos permitido elaborar modelos refinados ¢ perspi- caves da estrutura linghistica. Trouxemos @ tona uma grande quantida- de de problemas que nunca antes tinham sido tocados ou discutides. J4 se tomou lugar-comum afirmar que a gramatica gerativa ¢ o melhor procedimento de descoberta que temos. 0 estudo dos julgamentos in- tuitivos chama nossa atengio para as importantes relagoes entre frases ‘eas estruturas mais profundas que subjazem a elas. Mas, como teoria da [ingua, essa abordagem tem un defeito sérfo, j4 que ndo nos oferece ne rarmos 0 modelo com aquilo que as pessoas falam, nao podemos tirar nenhuma conclusao definitiva sobre se © modelo consegue ou nao se adequar aos dados: 1. Se alguém usa uma estrutura oracional que nao é gerada pela gra- mética, néo hé nada que nos impeca de colocé-ta de lado como um ‘equivoco ou uma diferenca dial ticas mais complexas sdo sabidamente muito rares—simplesmente nnd houve ocasido para que emergissem. Essa segunda situaczo pade ser extremnamente embaragosa quando as formas sintéticas em questo se acham bem no centro do argumento te6rico. O argumento original de Chomsky contra as graméticas de esta- dos finitos (1957) dependia da existéncia de estruturas autoencaixadas na lingua natural, Todo mundo parece aceitar construgies do tipo 15The man (that) the gc that) [used to go with married just gor drafted. {0 cara com quem a garota com quem eu costumava sair se casou acaba como gramaticais (na competéncia) embora um tanto dificeis tricone sn conten 00 | 235 mente encatxadas". Nas entrevistas e conversas que gravamos, no apa- zeceu nenhum exemplo de tais formas na fala ixefletida e espontanes: (0s estudos atuais com técnicas sociolingitisticas para enriquecimento dos dados sugerem que € possivel estabelccer a gramaticalidade de 16, tas enquanto nfo tivermos fortes comprovagdes de seu uso ou de sua compreensao na conversa natural, argumento bisico para a estrutura oracional hierarquizada no apresentard fundamentacao solida Os problemas que 16s, lingiistas, enfreritamos ao lidar diretamen- te com os dados da Iingua néo sdo exclusives da nossa disciplinia. E wm problema gerel em todas as ciéncias socials. Gaifinckel (1967) demons- ‘rou que existe erm todo campo de pesquisa urna lacune inevitével entre 0 dados brutos, tal como ocarrem, e os protocolos que registram ais dados como matéria-prima para a elaboragio tedrica, Na literatura so- ciolingiifstica citada, encontramos diversos tipos de dados usados para fornecer informaghes sobre a lingua no us 7 excertos de pecas teatrais ¢ romances; nogréficos de normas comtinitérias. petspicazes e produtivos, nem por isso eles nos permitem che; ‘uso. Ha muttas questoes responder. Qual é a relacdo comportamento linguist perto dos dados fundamentais da lin abertas que simplesmente nao consegt entre estereétipo criado pelo romancis co das pessoas em questo? Qual é a conexdio entre testes de associagao de palavras ea semantica da lingua natural? Como descobrir quando um falante usa tu, se tudo o que temos € seu depoimento pessoal? Ou como saber quando ele fala francés somente perguntando-Ihe isso diretamen- te? Qual a relagdo entre as normas que o antropélogo relata ¢ a prétice dos membros na conformagio a essas normas? Existem diversos atos de percepeao, recordagio, selecéo, interpretagao e tradugao que se insinu- am entre 0s dados ¢ o relatério do linglista, e quase todos eles esto im- plicitos em seu trabalho. Como destacou Garfinckel, todo procedimento de codificagao e transcrigo que transforma os dados exibiré um resfduo inredutivel de operagbes derivadas do senso comm, ¢ que nao pode ser sintetizado em regras. Para lidar coma lingua, temos de olhar para os da- 7” Gina grandtica de eatado finkto pode gers etcaies simples como “The git used to ‘go with jst gor married” CA garora corn quem eu costumav sair acaba de oe casa"). Droblema 96 aparece quando a gramadtica tem que ser capaz de “lembrax” que tera dois Sujitos armazenados para os quals ela deve produzi predicados. “PASEO oe RNS CE LUNE > crm ME TTES a 236 | mono ocrxciencos * dos da fala cotidiana o mais perto e diretamente possfvel, e caracterizar seu relacionamento com as téorias gramiaticais do modo mais acurado que pudermos, corrigindo e adequando a teoria para que ela se ajuste 20 objeto visado, Podemos, assim, reexaminar os métodos que temos em- pregado, numa investigagto que faré-crescer enormemente tendimento do objeto que estamos estudando. Oxsruvo DiRETo Dos Dapos LINGUISTICOS A critica feita acima aos métodos lingiiisticos convencionals nao ‘am segundo, paradoxo cumulative: quanto mais se conhece uma lingua, mais se pode descobrir sobre ela. As Iimitagbes Impostas por Chomsky 2os dados de input olevaram = Nosso proprio trabalho em tragarmuddancas eonoras em progresso pormeio de medi- sSesespecrogréea cones notie preciso fonéicimpresionitiaoapara ‘compar dois sons. CE capftilos 1 ‘tare then 0S Coro so | 23 serio neceasérias moti de vaio fate ternas para escolher entre elas. dlsnutidos a aopuloferecem sustentagioconciderdvelaote poctulado. ‘SousGAO DE PROBLEMAS NO ESTUDO DA LINGUA COTIDIANA, {Quando sijetor nao-acaderalos esti falando de assun nhecem bem — narrativas de experiéncia pessoal — ide frases que precisa de alguma editorag4o para serem bern: madas cai para cerca de 10%. Tenho recebido confirmagies vvisdo geral da parte de diversos outros lingiistas que tém trabalha 238 | moses soncunctscns do com a conversagio espontanea. O mito da agramaticalidade da fngua falada parece ter duas fontes: dados obtidos de transcrigées, de conferéncias académicas, onde falantes altamente instruidos tentam expressar idéias complexas pela primeira vez; ¢ a tendéncia habitual a aceitar idéias que se encaixam em nosso quadro de refe- rénciag, sem observar os dados que nos circundam. 2. Acexisténcia de variagdo e de estruturas heterogeneas nas comuni- dades de fala investigadas esté certamente bem fundamentada nos fatos, E a existéncia de qualquer outro tipo de comunidade de fala que deve ser posta om divide. Hé um certo mito popular profun- prépria comunidade foi de normal — pelo cont cacao e da presséo .-paddo, pelos tabus ou pela mi de dialetos especiali jargdes. Mas nos tiltimos an: ‘obrigados a reconhecer que essa € que é 2 situagto normal —a he 101). Tao logo eliminarmos 2 homogeneidade, estaremos lives para desenvolver os instrumentos formais necessérios par lidar coma variagdo inerente dentro daco- munidade de fala. Aqui, também, nos consideramos felizardos pelo {ato dessa variagao nao ser de modo algum obscura: ela nao exige a anilise estatistica de centenas de registros de falant siiistas tradicionalmente temiam (Hockett 1958: rio, verificamos que os padroes bésicos de estratficacdo por classes, por exemplo, emergem de amostras com apenas 25 falantes". Como ‘vinos no capttulo 2, esquemas regulares de estratificago social ¢ Besa condlusto se epéia amplamente em Laboy 1986a e Labov etal. 1968,:ma5 de 700 entrevista, 25 foram selecicnadas para aandlise, e padrdes extemament ‘do estratificago social emerpram pare uma série de varidvels lingitstices. ‘uera 1961-97-98, em que 19 pessoas sto estratifiadas em pelo menos | = i con one INRR TB oto on une se cower soon 1239 cestiistica aparecem mesino quando nossas cétulas individuais con- tém somente cinco falanttes e temos no mais'do que cinco ou dez ocorréncias de dada variével para cada falante. Com esses dados re~ gularese reproduztvels, estamos aptos a especificar o que quoremos dizer com significado “estilistco” ou “social, fato que parece ent4o lusivo quando se estuda a lingua fora de contexto. .O problema de gravar a fala em ambientes naturais 6 uma questio técnica. O desenvolvimento de gravadores profissionais a pilha tor- nou possfvel obter excelentes resultados em campo. Com wm bom microfone, um pesquisador de campo pode conseguir stimas gra- ‘vagoes sob condigoes barulhentas ao encurtar a distancia entre a boca do informante e 0 microfone's. Em geral, pode se dizer que o investigagées lingiifsticas ja teria se transformado 30 anos atrés. O quarto problema a resolver 6 a raridade das formas gramaticais cruciais necessérias para a composicao dos dados. Nao exis Iugao imediata a vista, mas alguina direao ja se comeca brar, Um entendimento mais profundo da fungae com das formas gramaticais nos permitiré enriquecer os dados da con- versagdo espontanea. O modo de operacao ideal 6 o linguists se engajar numa conversa normal com o informante e ser capaz de elicitar o uso natural de dada forma sem usi-la ele mesmo. Obvia- mente, existe aqui um feedback entre andlise abstrata ¢ métodos de campo: a habilidade de controlar a produgao de uma dada for- ‘ma confirma nossa andlise e fornece dados contextuais sobre seu ‘uso, Temos tido algum sucosso com esse método na elicitagio e no controle de itens como a passiva e o pretérito perfeito do inglés. Ao final, teremos condigies de afirmar que um falante nfo tem dada forma em seu sistema por causa da auséncia consistente de uso dessa forma num contexto onde outros membros da comunidade ausam regularmente. Gh seqde Tabalxo para algumasdifiels conseqiéncis desse avango, FONTES PARA 0 ESTUDO DA LINGUA EM SEU CONTEXTO SOCIAL F 9, Oestudo do espanhol da Cidade do Panamé por Henrietta Ceder- gren (1970). J4existetn muitos trabalhos emp{ticos publicados que demonstram 10, Meu préprio estudo da centralizago em Martha’ Vineyard (capitulo i 1); da estratificacdo do inglés na cidade de Nova York (capftulos 3.26); com Paul Cohen, Clrence Robin e John Lewis da estatura 20 do ‘uso do inglés vernécullo negra (Labow 1972a; Labov etal. 1968)*, Além disso, recorrerel a esrudos sobre atitudes sociais para com lin- 1971; Sankoff, Sarrasin & Cedergren 1871; Sankoff 1972). 8. A investigacdo da estratificagao social do inglés em Norwich (ingla- (2002/2008), pela Blackwel, que traz uma ampla visto do desenvolvimento da sociolin * agotnmos sina, «publnglo de The Handbook of Language Variation dnd Change terra) por Peter Tmudgill (1971). len da radu). 242 | monte sooeancooncos 5. Como as regras e os sistemas de regras mudam? Qual é 0 mecanis- ‘mo dos processos fundamentais de aquisicSo da iingua? Como mu- dam as regras no curso da evolugéo lingilistica? A segéo 1 apresentaré métodos para a coleta de dados confidvels dentro da comunidade de fala. A sego 2 trataré dos métodos usados para analisar tais dados e mostraré o tipo de soluges possiveis para ‘blemas lingliisticos internos. A segdo 3 abordard as estrutur gllisticas mais amplas e a interagao de fatores sociais ¢ lin andlise teérica e a abordagem formal sio originalmente mit das em grande medida nos estudos listados em 10 acima, mas ¢ de impressionante a convergencia de resultados e prinefpios neste cemy Mais recentemente, fou sportantés modificagoes na zagao de regras varidveis, esto refletidas na verséo apr danse péginas a segue Cedergren & D.Sankoff (1972) quantificaran restrigdes varidveis como probabilidades subjacentes e, assim, levaram toda a discuss4o a um patamar mais alto de explicabilidade. Em todas estas discussdes, usaremos os fatos de variagfo ineren te para resolver quest6es abstratas que, de outro modo, permaneceriam no resolvidas, como possibilidades controversas. O objetivo aqui ndo € necessariamente prover & lingiistica uma nova teoria da lingua, mas, antes, um novo método de trabalho. 1. Meropo.ocia, Em todo empreendimento académico que lide com p. munidade de fala, existe sempre muito interesse quant pasos a dar. A pergunta: “O que voce diz as pessoas pasos elementares de localizar e contactar informantes ¢ levé-los afalar livremente numa entrevista gravada so problemas dificeis para 03 es- tudantes. £ um erro ignorar essas questdes, pois nas préticas e técnicas ‘que tém sido elaboradas estéo contidos varios principios importantes do comportamento lingiiistico e social. O exame minucioso dessas hipste- ses e descobertas metodol6gicas nos dird muita coisa sobre a natureza do discurso eas fungbes da linguagem. ‘questo sociolingistca fundamental suscitada pela necessia ‘de de entender por que alguém diz alguma coisa. HA questoes metodo- lgicas de amostragem e gravacdo que simplesmente péem em cena os problemas basicos. Observou-se acima que bons dacios exigem boa gra- vvagao, especialmente para a andlise gramatical da fala natural. Uma vez definidas ¢ isoladas as varidveis importantes, muito se pode fazer com anotagbes manuscritas. Mas nossa abordagem inicial da comunidade de fala é governada pela necessidade de obter grandes volumes de fala na- tural bem gravada. Podemos isolar cinco axiomas metodoldgicos que emergiram dos resultados dos projetos de pesquisa de campo citados acima e que levam um paradoxo metodoligico. A solugao para esse paradaxo € o proble ma metodol6gico central. medida que mudam 0 contexto social ¢ 0 t6 ‘gumas dessas alternancias podem ser detectadas qualitativamen. te nas pequenas autocorzegées do falante, que v4o quase sempre numa mesma ditegto. 2. Aueneao. Existem mais estilos ¢ dimenstes estilisticas do que um analista pode isolar. Mas descobrimos que os estilos podem ser dis- prestada afala. 0 modo mais importante pelo qual se exerce essa atengio € 0 audiomonitoramento da propria fala, embora outras formas de monitoramento também possam ocorrer®. Este axiom (na realidade, uma hip6tese) recebe forte apoio do fato de que os, falantes exibem o mesmo nivel de atengdo para diversas varidveis lingiifsticas importantes na fala casual — quando estéo menos en- volvidos — e na fala excitada — quando esto profundamnente en volvidos pela emocdo. O fator comum para ambos os estilos é que ‘hd pouca atengao para a monitoragao da propria fala, 3. Verndculo, Nera todas os estilos ou pontos do continuum estlistico so de igual interesse para os lingGistas. Alguns estilos exibem pa- drdes fonol6gicos e gramaticais irregulares, com um grande volume de “hipercorregao”, Em outros estilos, encontramos a fala mais sis- Choe experimentos de Mahl com ruido branco no capftuto3. 126 SRO TT RS temética, onde as relagbes fundamentais que determinam 0 curso da evolucdio lingatfstica podem ser vistas mais claramente. Este 6 0 “veculo” —o estilo em que se presta o mfnimo de atengo ao monitoramento da fala, A observagdo do verndculo nos oferece os dados mals sisteméticos para a anélise da estruturalingtifstica. 4. Formalidade. Qualquer observagao sistemeética de um falante define um contexto formal em que ele confere 2 fala mais do que 0 minimo de atengao, No corpo principal de uma entrevista, onde se pede se dé informagao, no se deve esperar encontrar 0 verndculo em uso. Por mais que o falante nos pareca informal ou & vontade, podemos sempre supor que ele tem uma fala mais informal, outro estilo no ual se diverte com os amigos e discute com a miulher. 5. Bons dados. Nao importa que outros métodos possam ser usados. para obter amostras da fala (sess6es em grupo, observacao andni- ‘ma), a tinfca maneira le obter bons dados de fal em quantidade suficiente ¢ mediante a entrevista individual, gravada, ou seja, por meio do tipo mais 6bvio de observacao sistematica””. Com isso chegamos ao paradoxo do observador: o objetivo da pes- quisa lingiistica na comunidade deve ser descobrir como as pessoas falam quando nao estdo sendo sistematicamente observadas — no en- tanto, 36 podemos obter tais dados por meio da observacto sistermati- ca. O problema, evidentemente, nio ¢ insoldvel: ou achamos maneiras de suplementar as entrevistas formals com outros dados, ou mudamos @ estrutura da situagdo de entrevista de um jelto ou de outro. Dos vé- ios projetos de pesquisa mencionados acima, nem todos conseguiram superar este paradoxo. Muitos pesquisadores conclutram scu trabalho obtendo apenas wma gama limitada de dados estilisticos, concentra- dos nos extremos mais formais do continuum. O estudo sistematico do vernéculo foi realizado primordialmente no trabalho de Gumperz, ex nosso préprio trabalho em Nova York e nas éreas de gueto urbano, ¢ no projeto de Fishman-Gumperz-Ma em Jersey City. ‘Umi maneira de superar 0 paradoxo ¢ romper 0s constrangimen- tos da situagao de entrevista com varios procedimentos que desviem a atengio do falante e permitam que o vernéculo emerja. Isso pode ser 3 Hi algumas sitagbes em que a gravagio espontinca 6 possivel e cabie, masa qua- lidade do som 6 tio pobre que tas grevacbes, quando muito, fm valor confirmatéria, © su oH NeUn osu ovrED socal | 245) feito em varios intervalos ¢ pausas, que, se bem definidos, fazem com que @ pessoa presuma inconscientemente que; naquele momento, nAo. etd sendo entrevistada (cap. 5). Também podemos envolver a pessoa ‘com perguntas ¢ assuntos que recriem emogiies fortes que ela experi- ‘mentou no passado, ou envolvé-la em outros contextos. Uma das per = ‘guntas desse tipo que tem dado mais resultado 6a quelida como *risco° de vida’: “Voce jd viveu uma sitiuago em que correu sério risco de mor- rer?”. As narrativas produzidas em resposta a essa pergunta quase sem: re exibem uma mudanga de estilo que se distancia da fala monitorada € se aproxima do verndculo!, Nao se pode esperar que tais procedimentos sejam sempre bem- sucedidos n: de uma mudanga radical de estilo. Uma abor- dagem mai: m vez do encontro face-a-face de sujelto e ob- ibalho de Gumperz em Hemnes (1964), as dados fun- smos sobre cada jes em grupo, em que a fala de cada membro (captada com microfone de lapela) foi re- ‘ativo na literatura de um grupo de pares aut espontaneamente. Esperamos que outros estudos semelhantes sejam realizados no futuro préximo, a usa a interagZo normal do grupo de pares 246 | mono conan Entrevistas rdpidas e anonimas Nos métodos descritos acima, a identidade ea posigao demogréfica de cada pessoa sio bem conhecidas. Também é possfvel empreender a observagiio sistematica de modo andmimo, em conversas que nio se de- finem como entrevistas. Em alguns locais estratégicos, € possivel estudar muitas pessoas num breve periodo de tempo, e se sua identidade social for bem definida pela situacao objetiva, os resultados, ricos. A investigagao nas lojas de departamentos ( anonimo, e vario \de e praticidade dt ef cap. 2). (para detalhes e outras possibilic Observagies assistemdticas A questao central em qualquer desses estudos € se abrivemos da- ais publicos como trens, Onibus, balcbes de lanchonetes, bilheterias, zoolégicos — onde quer que muitos membros da com: de de fala estejam reunidos, de modo que sua fala seja naturalmente & facilmente ouvida pelos outros. Muitas distorgdes estao embutidas nes- sas observagSes: por exemplo, pessoas menos discretas e que falar m: alto siio favorecidas na selego. Mas, como uma forma de corrigir 0 viesamento da situarao de entrevista, esses dados podem ser valiosos. Meios de comunicagio de massa ‘Também 6 possivel obter dados sistemsticos nas transmissies de rédio e televisdo, embora aqui a selecko ¢ os condicionamentos estilis ticos sejam em geral muito fortes. Nos wltimos anos, temos tido muttas entrevistas diretas no local de desastres, onde os falantes esto sob 0 for- te impacto imediato do evento para monitorar a propria fala. Programas de entrevistas e discursos em eventos piiblicos podem nos dar bons cot- tes transversais da populagao, mas aqui o estilo é ainda mais formal do que obterfamos numa entrevista face-2-face. RENEE ESO SATE RE SES LEE: TS O extremo formal do espectro estilistico E relativamente fécil estender a gama de estilos usados pelo falante rumo 20 extremo formal do espectro, onde se presta mais atencao fala. He muitas perguntas que naturalmente evocam a fala mas monitorada (como perguntas sobre a prépria fala em si). Na maioria dos estudos ur panos empreendicos até agora, a letra de textos fot usada para estudar ‘variagbes fonolégicas. Em geral, as variévels ingOsticas exibem uma mu- danga notavel da elicitaco mais formal para aleitura menos formal. Textos ‘tadicionais como “Grip the Rat” sto relativamente artifciais, elaborados pparaiincluir o maximo posstvel de palavras sensivels avariaczo dialetal. Um texto deleitura fluente, concentrado no vernéculo ow em temas adolescen- orcionaré uma fale muito menos formal do que os textos formas, ‘ow as lstas de palavras isoladas. Podemos, entéo, encaixar pares minimos em tal texto, de modo que o falante nfo perceba o contraste (capftula 3). tuabalho de Shuy, Wolftam & Riley (1967), Wolfram (1969) e Trudgil (1971) utilizou textos assim; apesar disso, a elaboracdo de leituras especiais para vvaridveis especificas nao avangou tanto quanto a pesquisa merece. Levine & Crockett (1966) e Anshen (1969) usaram outro método para ampliar a gama de estilos de leitura. Foram construfdas frases ern que as varidveis eram encaixadas e, em outros pontos, nas mesmas fra ses, foram inseridas lacunas para a pessoa preencher com itens lexicais enquanto lia, desviando sua atengao das variéveis. A prontincia da varié- vel fonol6gi palavras iso Alguns testes formais ndo requerem nenhumi pessoas. Zestes de percepyao do tipo asx fornecemn. caso de fusto total de uma distingao fonolégtca, os falantes nao conse- guem ouvir sex € mais p dea. ou des; mas onde regras varidveis, esto operando, ¢ a fusio nao se completou, eles exibirdo éxito parcial. ‘Uma quantidade surpreendente de informagao gramatical pode ser ob- ‘ida por testes de repetigdo com pessoas mais velhas. Os psicolingt ‘em usado, ha muito tempo, esses testes de repetic#o corm 2.45 anos, mas, para nossa surpresa, descobtimos que, com falantes de dialetos nio-padrio, as regras gramaticais subjacentes de pessoas , de 10 a 17 anos, controlavam a forma de suas repeticoes. Falantes do vernéculo inglés negro nao tiveram dificuldade em repetir RAE AEM _ pa srcenpeareteee ecommerce internet tng CAS! SRA OMNI 248 | montis sommuncncos, com preciso longas frases dentro de seu proprio sistema gramatical, nas varias frases em inglés-padrio foram repetidas imediatamente em. forina vernécula (Labov etal: 1968,3:9)", Foram desenvolvidos diversos testes formais pare isolar atitudes 60- julgamentos sobre a honestidade, a confiabilidade e a int Jantes, Nos nossos proprios testes de reagao subjetiva (cap. 6), ouve-se 0s ‘mesmos falantes lendo frases que diferem principalmente em seu trata- ‘esse falante poderia exercer,falando dessa format” ou “Se essa pessoa se ‘metesse numa briga derua, que chances ela tera de vencer®” Asatitudes dos falantes para com variéveis lingiisticas bem estabe- lecidas também se mostram nos testes de auto-avaliagdo. Quando inda- sgadas sobre quais dentre varias formas sto caracteristicas de sua propria, fala, as respostas das pessoas refletem a forma que elas acreditam gozar de prestigio ou ser a ‘correta’, mais do que a forma que elas realmente ‘empregam. Aqui, novamente, esse tipo de dados colhidos em testes no 1 Gases observagios dead enti tém sido confirmadas por testes de arg escala reali zados com popuilagbes excolares, onda arelacio das pessoas eam o vernsulo no era tio ‘bem conhecida (Bara 1969; Garvey & McFarlane 1960). sige 2 OARS RS SAS ‘2 eu00 OA NCA a 8 Cont soe | 269 podem sor interpretados sem dados sobre os padrdes de fala real das pessoas (cf Labov 1966a, cap. 12; Trudgill 1971). Podemos investigar a consciéncia que os fatantes tem de variantes socials estigmatizadas bem estabelecidas por meio de testes de correpdo cular, em que se pede & pessoa que passe formas prestigiadas para for- ‘mas vernaculares néo-padrao, A influéncia da situagao formal de teste 6 ‘tamanha que a pessoa ndo consegue perceber acuradamente as regras ndo-padrao. Parece estar comprovado que a norma de audiornonitora-* ‘mento que governa a produgéo da forma ndo-padrtio na infancia é subs- tituida pela norma de para a maioria dos falantes direcionar acuradamente sua atengao para” regras nfo-padrio, Esse resultado reflete um importante axioma da per- ‘mutagao dialetal: sempre que um dialeto subordinado estd em contato. > ‘com um dialeto superordenads, as respostas dadas em qualquer sitwagdo {formal de teste passarao do subordinado para 0 superordenado de uma ‘manetra irregular e assistemdtica. Os termos “superordenado” e “subor- que, “instruindo” o informante sobre 0s objetivos da andlise, seja posst- vel diminuir tal efeito e obter gradualmente respostas caracterfsticas do verndculo puro. Mas é uma ilusdo, Pelo contrézio, a pessoa pode usar seu conhecimento do dialeto de prestigio para evitar exibiz qualquer forma ‘vernacular que seja idéntica ou semelhante & norina-padido, produzin- do assim formas estereotipadas que sao simplesmente uma colegio dos tipos de frases “mais diferentes” ou “piores’. Os falantes que tiveram un intenso contato com a forma superordenada ja mao tem intuicbes claras sobre seu vernéculo dispontveis para a investigacao™. Essa 6 uma razio a mais para olbar com suspeita os dados de um vernéculo nao-padrzo recolhidos de um informante “educado’, Nor- 350 | oso soocencares, malmente, o pesquisador fala o dialeto-padréo superordenado que édo- ‘minante nessa situacdo de entrevista face-a-face. A capacida ‘mante de aprender linguas est4 operando o tempo todo, ¢ € suas regras gramaticaisficario sob pesada influencia do pa este perfodo de elicitagao*, Raras vezes encontramos um informante que parega de algum modo = nome rant campos o-oo tn Lvs neo entre 2 tempo = Em sua prtnelra abordagem do tah, cnn Mato eu un ane em ings ah. Nas opal, eves used uma Kingua de parentesco prdimo, como ota, a dstoredo dos'dados teria sido muito maior. 's6es de'grupo mencionadas acima. O estudo da lingua em seu contex- 10 social 86 pode ser feito quando a lingua & “conhecida’, no sentido de ‘que o investigador pode compreender a conversa répida. Quando um ingOista-antropélogo entrar nesse estudo mais avancado, o exioma da permutacao dialetal se aplicars, pois haverd inevitavelmente nfveis esti- Iisticos que ele vai querer distinguir. ‘Ainda que seja possivel obter bons resultados trabalbsando-se com in néo-padtdo que, tendo alcangado um bom controle de wna lingua-padrao, ainda conservasse o domfnio do verndculo nao-padrao. Diferengas dialetais dependem de regas de nivel superficial que aparecem como ajustes meno- res e extensbes de condigbes contextuais etc. Eevidente que tais condigées atuam inevitavelmente, e embora 0 falante de fato pareca estar falando 0 vernéculo, 0 exame minucioso de sua fala mostra que sua gramndtica foi for- emente influenciada pela norma-padrao. Fle pode ter sucesso em conven- cer os ouvintes de que esté falando o verndculo, mas essa impresso parece depender de muitos sinais assistemsticos e fortemente marcados*. 2, RESOLVENDO PROBLEMAS DA ESTRUTURA LINGOISTICA, Esta sego apresentaré trés diferentes problemas da estrutura lin- slistica que emergiram do estudo do inglés vernéculo negro (BEV Bla- 3 modo como tals falantes convencem seus ouvintes dequeestio falando o verncu- le 6um problema importante para o esnudo socolingistico, Lideres educados da comu- _nkdade negra dos Estados Unidos oferecem diversos exemplos desse fendmeno. 8. Néo existe nenhum falante que nunca apresente esses grupos con- sonantais; nem existe nenhum que sempre os preserve: trata-se de um caso de variacao inerente no BEV. b. Para todo falante e todo grupo, a segunda consoante esté ausen- te mais frequentemente quando a palavra seguinte comeca com i consoante do que quando comeca com vogal. Esse efeito regular id ‘da vogal subseqttente é um traco caractertstico de outras regras fo- nolégicas: ele também condiciona a vocalizagao do re [finals ¢ das gra de apagamento. Mas em termos geratives convencionais, ‘de mostrar formalmente o fato (b). Se escrevéssemos: 3 1. Simplificagao dos grupos consonantais edo sufixo de tempo pasado 15 mt {-continuol > 0 / Iyeonsonantall ___##[-slahica} estarfamos afirmando que uma oclusiva ¢ opcionalmente apagada de- pois de um segmento consonantal (quido ou obstruinte), no final de pelavra, sea palavra seguinte nao comegar com vogal™*. & Essa regra fornece uma descrigao razodvel do sistema coloquial de. suites flantes declasse média, que freqlientemente dizem firs hing pie Como se mostrou acima, 0 BEV exibe um nitido padrdo de sim- plificagao de grupos consonantais no final das pala\ no inglés-padro exibem grupos consonantais termi ‘meira coisa’) e las' month Cciltimo més"), mas néo firs’of all “primeiro de- tudo") ou las’ October (“tltimo outubro"). Mas 15 no é em nada adequada. para a maioria dos outros dialetos onde alguns grupos consonantais 3 Wolke argoment uous deve ser lculdos na mgnio grupo que masta sets homage, exo asi ur es bette Cotati ead apresentada Dada uma definicao adequada da varidvel, qualquer pequena quantidade de fala de qualquer grupo ou individu: ‘BEV fornecerd as seguintes evidéncias: ‘mento homeig2neo, a ogra especial ed que ser postalada para esses pos. es ARSE, URSA NURER sl ORR +284 | mono rooms simplificados com muita freqiiéncia quando a palavra seguinte comera com ‘vogal Para tais dialetos teriamos de remover {-silébica} do ambiente: Feontinus) 0 / I+consonantall__## 1 qiientemente quando nao hé uma vogel subseqtlente do que quando hé. Essa forma da regra ¢ bastante satisfatOria para diversos dialetos nio- prio cos falantes de vere quando dizem rofl Maselase spice somente a grupos da forma__CC, sem uma frontetra de mor ante representa o tempo passado. Na maioria dos dialetos nao-padrao, tais co sevc0 on cn mares eon SoOA | 255 grupos consonantais as vezes sso apagados —no sul dos Estados Unidos ais freqdentemente do que no norte, e especialmente no BEV. Podemos permitirisso inserindo a fronteira opcionalmente em nossa regra: 10[-continuo] > /{sconsonantal] (@) __# # <-sllabico> ‘Buma regra estranha porque, se uma consoante ap6s # for apagada, rogulares®, servagao deles. Em qualquer ambiente fonologio, os grupos consonantais de tem- ido apagados menos freqiientemente do que os grupos terminagio -ed nio ocorie de forms inde- seria esperado. fa ci REA SO ta 256 | once soocumcets Em qualquer amostra de fala, mesmo de extenso modesta, encon- ‘tramos em vigor as relagdes expreséas na figura 8.2. Se dividirmos os grupos -d nessas quatro classes, verificamos que em todos os casos os grupos de tempo passado sao simplificados me- nos freqlientemente, ¢ grupos antes de vogais menos fieqientemente do que outros grupos. Essas relagdes sto notavelmente uniformes: elas vigoram para todo indivfduo e todo grupo. Os condicionamentos sobre a regra aparecem entio como 19 continuo] —$'<0> #{rconsohamtall—__ #4 <-silabico> Aqui éa auséncia de fronteira que favorece a regra, Podemos tradu- zir19 informalmentedizenilo que uma oclusiva évariavelmente apagada apés um segmento.consonantal no final de uma palavra, mais freqtien- temente quando no ¢ ium morferna flexionai, e mais freqilentemente quando nao é seguida dé vogal Aregra 19, comdluas restrigoés variaveis;se aplicard agora de modo mais geral a uma ampla Variedade de dialetos, Onde quer que exista va- riabilidade, essas restricdes se impGem a todos os falantes de inglés, Para uum dialeto especifico, como 0 BEV, podemos quererestabelecer relagdes de ordem mais especificas entre as restrigdes, e dar peso maiora uma do ou de mienos. Assim, 20 indica que o condicionamento fonolégico tem peso maior do que o gramatical: 20|-continue] + <@> / {reonsonantall <> Esa representacao € semelhante a figura 8.2, onde o efeito maior é 0 condicionamento gramatical. O que esta em 20 é a situago do BEV entre os grupos de colegas adolescentes que estudamos. Mas & medida que 0 falante envelhece, ou fala mais formalmente, o ambiente gramatical tem feito maior, até que as posicdes de ae se invertem, Essa alternancia na #2<-silabica> nenhum modo formal de registrar esse aspecto fundamental do desenvol- ‘vimento lingiifstico. tune ex uncun ons contra som | 257 A simples existencia de variagao nfo nos diz. se 0 elemento varidvel std de fato presente em nossa gramética subjacente. Por exemplo; 0-5 ‘da 3* pessoa do singular ocorre variavelmente em grupos do BEV, come em Fe works-vs. He work (‘ele traballa’). Mas em contraste coma situa io def, nossa investigacdo gramatical estabelece os seguintes fatos: Ha alguns falantes que ndo exiyem nenhuris -s na 3* pessoa do sin- gular, nem mesmo na fala monitorada, e outros individuos variam amplamente na quantidade de -s que usa. b. Nao existe nenhum processo fonoldgico geral operando sobre os sup0s gontonantais finals, se pls 9 plural extéquase com- pletamente intacto no BEV. c. Gran vgalsubveatente nfo agg ar reservar o -sda3* pessoa do singular. Quando muito, esse -s est4 presente com menos freqiién- cia quando seguido, por uma vogal. 4 mmita hipercorregao: 0 -s aparece imprevisivelmente em outras pessoas e ntimeros (we works there [“trabalhamos ld") ou mesmo ‘em posigdes niio-finitas (he cag, gers hurt (‘ele pode ficar fertdo"). e Resultados obtidos com testes.fprmais confirmam de diversas ma-- neiras a andlise apresentada aqui. Testes de repeticio, de percepgao e de compreensio mostram que 9 sufixo ed ¢ facilmente controlado pelos faiantes de BEV de todas as idades, como o suffio plural -s, mas que da 3* pessoa do singular é para cles muito dificil de perceber; de produ com seguranga ¢ de compreender™. ‘A pesquisa independente de Wolfram em Detroit apresenta preci adultas e quatro grupos de colegas na cidade de Nova York, e quatro classes sociais no estudo de Detroit”. Aqui vemos que, para cada grupo, vigoram as. 8.3 di ce valores deseestitimos}; 2) posites finals esto inclufdes no emabiente _Kn0s cestuidos da cidade de Nova York, mas em._V (ou seja, fo-consonantal para Detroit, etna SIR, Rane ee se sce 258 | monte coaccntinene relagées dadasna figura8.2. Acolina 1 émaior quea coluna 2, ea coluna3 ‘é maior que a coluna 4, mostrando os efeitos de uma vogal subseqtiente, Acoluna 1 6maiordo queacolma3,¢acohma2émafor que acoluna4, mostrando o efeito da fronteira do tempo passado. Tal como em todos 05 demais dados sociolingiisticos apresentados aqui fica Obvio para o esta- {istico experiente que os testes de significdncia sao irrelevanites. Os dados ‘originals esto apresentados de tal maneira que a andlise estatistica pode ser empreendida, se desejada, mas & Sbvio que, ainda que um caso parti- cular estivesse abaixo do nivel de significancia, a convergéncia de tantos eventos independentes nos levaria aum nivel de confianca desconhecido ‘na mafaria das investigagdes socials ou psicoldgicas. 2 RR RE TT ‘Aconfirmaggo do estudo de Nova York pelo estudo de o-apagamento de -£.4 nao detxa qualquer divida quanto forma subjacente -ed no BEV, e quanto @ natureza da regra rando. O contraste entre -ed ¢ 0 -s da 3* pessoa da sing claramente delineado nos dados de Detroit (Wolfram 1969: 161 ss.) vvez que os dados de Wolfram ndo inciuem sess6es de-grupo ou fala infor- '3* pessoa do singular, ‘mal, nfo encontramos os nfveis mais baixos de como descrito no ponto aacima. Mas encontramos b, a auséncia de qual- quer processo fonolbgico geral que afete -z: nao somente outras flexes io preservadas, como também 0 -sda 3*pessoa do singular esté ausente ‘com a mesma freqténcia depois de verbos que terminam em vogais ou ‘em consoantes, De novo, ¢,ndo existe nenhum efeito claro de uma vogal ‘subseqitente na preservacio do -s a0 contririo, ele estd presente em 38% dos casos antes de uina consnante, e somente 33% antes de uma voxel. rgencia entre 0$ estudos de Nova York e Detroit, o que nos pe postular com confianga tanto as regras varidveis quanto as categoricas Avvartagiio é inerente ao sistema? [Antes de prosseguit, precisamos levar em conta a possibilidade de nao termos conseguido realmente isolar o vernéculo bésico. Até mesme as sessGes grupais tumultuadas e descontroladas com adolescentes po- dem exibir o efeito da observacao, 0 que responderla por alguns grupos ‘consonantais néo-simplificados. Ou talvez as criangas de 10 anos jé te- nham comegado a apresentar mescla dialetal com o inglés-padrao em sua fala mais casual, de modo que, para encontrarmos o vernaculo puto. deveriamos buscé-lo enue ctiangas ainda menotes. Duas descobertas tomam essa possibilidade bastante improvavel. Primeiro, nosso traba- Iho com criangas menores nfo apresenta maior homogeneidade na fala delas*, Segundo, jd observamos que o carter sistemético do apagamen- 5 Grabatho fet por Jane Torrey com criangas entre 4 7 anos no centro-sa! do Harlem ‘mostra os mesmos paadves de variagie no Sufix -ed e nos grupos com ~ ~d'como mas friangas mais velhas,e padres semelnantes coma eépula ea concordéncis negative que discatiremos asegui. 260 | morse soocaetiinces tode-tdtorna mais prove presen desis consoantes fais nae- rica eliminarda a ekto teyular do tempo passadc™ importante nota que, no co da evi Inti, pplos de mudangas estruruais draméticas que sustentam tal afirmagio: __a. Bm muitos exjilos de base inglesa, a stmplificagao fonctégica e a forma marcada, te does give (‘ele da”), em oposigao ao passado he give (ele dew”) (Solomon 1966). liked e stopped (Grant & Dixon 1921). see deria ocaso mesmo searegra catogirica fosserestingida plo context, de modo ‘que no operasse antes de vogals: Como se observou na nota 25 acima, mio ha camo reconstrut a forma iubjacente se o morfema desaparece intelramente fa maioria das osigdes. ORO OALNCLA BH OnE KL 6H cna eveluriodalingua francesa, wine mndanea sonora provinds do nx Se uma regra vardvel for regular 0 bastante, ela fornece aes aprendizes dating formas suftene pre res servaras distingbes basicase as ‘mentos varidveis semelhantes aos que acabamos de apresentar para apagamento de -t.d: (1) umm padrao complexo de restrigtes gramaticais— o -s plural nos: {gos 6 conservado mais freqiientemente; enrseguida.o-sverbal, © -s plural dos nomes em menor gray @)umcondicionamento fonol6gico em queo apagamento ocore menos freqiientemente antes dle uma vogal do que antes de uma consoante; = 262 | oroe soooencatncns (@) um padrdo regular de alternancia estilistica onde o aumento da for- mmalidade desfavorece a operagao da regra. 5 Existe uma forma intermediéria (h] que complica a regra, mas a for- ma da regra porto-riquenha s+ h-~ # é provavelmente bastante seme- Ihante a francesa s+ 6. Concluimos que a variagdo tal como ¢ mostrada no apagamento dos grupos -td nao é um produto da mistura dialetal irregular, mas uma propriedade inerente ¢ regular do sistema. O status das regras variaveis numa gramitica pode ser questionado em outras bases: elas envolvem uma assimetria fundamental entre produgao e percepedo. Podemos ar- .gumentar que o falante exibe seu conhectmento do suiixo do tempo pas- ‘ou nao, jé que ele interpreta cada sinal de passado & medida que o (14 provas de que os ouvintes conseguem reagir, e reagem, & freqiiéncia, qualquer modo, 6 claro que as regras varidveis sao regras de produgio. A questiio ¢ saber se a simetria de producdo ¢ percepgio & uma supost¢ao bem-fundada ou nao acerca da estrutura lingiistica, ou até mesmo uma meta alcangével da construsao te6rica. Por mais atraente que isso possa parecer, no hé comprovagio sélida de que seja uma suposicio invélida. sto repetidas instantaneamente como Faxed him did he do it. da frase 6 captado perfeitamente, mas ela € produzida automaticam. por regras do BEV — existe evidentemente uma profunda assimet ‘tre percepgao (inglés-padréo e/ou BEV) e produgdo (somente BEV). For fim, seria possfvel descartar as regras varidveis sob o argumento de que elas sto regras de desempenho. Quanto menos se considerar o con ceito de desempenho como “izta delixa’, melhor. Pois épreciso notar que a ‘grande maiorla de nossas regras transformacionais ou fonolégicas também podem ser caracterizadas como regras de “desempenho", Extraposicio, atragéo-cu, posposigao adverbial etc., so meios de facilitar a linearizacio do input da estrutura frasal,eliminando descontinuidades e encaixamen- SA A ESTA TST PEROT TIP euro mi rmcus uses conrere 0H | 263 tos esquerda, coordenando e assimilando os elementos entre si, demodo atomnar 0 “desempenho” da frase o mais comodo posstvel. ‘A capacidade dos seres humanos de aceitar, preservar e interpretar regras com condicionamentos varidveis é sem dtivida um aspecto im- portante de sta competéncia lingitstica ou langue. Mas ninguém tem consciéncia dessa competéncia, e nao existem julgamentos intuitivos acessiveis para revelé-la a nés. Ao contrdrio, a percepcdo ingenua do nosso proprio comportamento e do dos outros é normelnente categs- rica’, e somente o estudo culdadoso da lingua em uso demonstraré a existencia dessa capacidade de operar com regras varidwois. 2. Oapagamento da cépula no BEV Agora nos voltamos para um problema mais complexo: 0 uso varis- pequenas, que dizom that a lamb (“Isso (6] um carneiro") e Mommy busy (Mame [esta] ocupada”). A questo é saber se a c6pula esté oundo pre- 264 | nonoesocounciin sente na estrutura profunda ow na estrutura de nivel superior do BEV — ©, sc estiver, se ela € apazada como um todo no nfvel marfolégico ou por esboco do argumento apresentado aqui é um resumo da apresentacao mais detalhada de Labov 19722: cap. 3, e Labov et al, 1968:3.4. a. Primelramente, descobrimos qué nao existe nerihum falante do BEV que apague sempre'a cépula, ¢ nenhum que nunca a apague. Todos exibem algumas formas plenas, algumas formas contraidas e algumas formas-zero. A regularidade desse comportamento e o padrao dos con- dicionamentos variéveis discutido acima atestam que estamos lidando ‘com wina regra varidvel dentro do sistema do BEV. b, Ha posig6es sintéticas onde o apagamento nunca oct . Bese vinculo entre contracdo ¢ apagamento torna necessério in- vestigar as-condigdes gerais da contragao em inglés, analisando-se as evidencing de nossas prOprias intuicées dentro do modelo gerativo. Veri fica-se que acontragio de am, is are, will, has, have, had € 0 apagamento de um schwa {2} inicial isolado antes de uma consoante isolada numa palavra que contém o marcador temporal. Esse processo, que.gera he’ hore Cele esté aqui"), Im coming (‘eu estou vindo"), you're there (‘voce dos independentes da construgio de Chomsky e Halle do ciclo transfor- macional na fonologia do inglés". Una andlise da redugio do ausiiar por Zwicky (1970) alega que existe casos de is ‘au has nfo-contrafvels que nao podem ser explicados por regras de acento, Nos casos txicos, 0 f-de has 6 considerado apegdvel ea vogal eduzida, mas nso conta: Gerda ‘sume ok cA ns CONTE SOOM, | 265, 4. Que o apagamento da cépula serelaciona com a contracio é algo ‘também indicado por nossa descoberta de que o BEV niéo apaga formas com vogais tensas que no podem ser reduridas a schwa: be, ain’, cantt si preservados. Que o apagamento ¢ um processo fonol6gico também aparece no fato de que o m de Fm-raramente 6 apagado: em geral, nasais finais nic so apagadas no BEY. 1e controlam a contragdo e o apagamento ‘gramatical” subseqiiente menos favorével a0 mais 10 no BEV exibira um padrao semelhante em ou- tos do ingles. A existéncia de duas regras separadas 6 indica- tos quantitatives desses ambientes gramaticals ym 0 apagamento: os condicionamentos foram. £ Embora os mesmos condicionamentos gramaticais operem sobre a contragio e o apagamento no BEY, o efeito fonol6gico de uma vogal ou consoante precedentes ¢ 0 inverso. Para a contrac, a regra'€ favoreci- da se o sujeito termina com vogal; para 0 apagamento, se terminacom consoante. Essa inverséo ¢ consistente com a diferenca fonolégica entre contragao ¢ apagamento, pois a contragao é a remogao de umavogal, co ‘apagamento é a de uma consoante, e em cada caso 0 contexto favordvel Teva auma estrutura CVC. _ Tas been to North Dakota as often as Trudi (vas. possfvel que esses dados intutivos (© reconbecidameate polémices) sejam o produto de abento contrastivo sobre 0 segundo fujeto Trudi. A dependéncia do acento se mostrar pela tredutiilidade de has em T ‘dant think anyone should goto North Dakota as often as Tdi has, onde 180 ha qualquer ‘acento contrasive sobre Td Assim, concluimos que a forma bésica das regras de contracdo e apagamento de is € 2 Contagio 7 hw 21-021 C20 04 [Gage] eee Sin) #0 [ime | eee 2 22 Apagamento Avo sem CE aa (3 Pun NP, Uma forma mais geral da rgya de contraglo mostra que cla opera dliante de uma consoante ou de pausa,_C. Esca consoante 6, entdo ge com a contragao ¢ 0 apagam veis s4o bem conhecidos. Os condicionat que a regra é favorecida por um pronome- com vogal ou por algum outro sintagma n vogal ot um glide. Esse condicionamento ¢ invertido no apagamento, {que € favorecido por {sconsonantal). Os condicionamentos subseqilen- {es mostram que a regra é favorecida por um verbo subsequente, es- pecialmente se esse verbo for uma forma do futuro (gonna, gor). Se 0 elemento seguinte nao for um verbo, entéo a regra é favorecida se nao for um sintagma nominal — ou seja, se for um locativo ou um adjetivo. A ordenacao verticel dos condicionamentos variaveis dentro dos parén teses angulados reflete sua forc2, mas nao existe forca relativa indicada aqui entre as restriges precedentes e subseqt 0s dados completos que apsiam 21 € 22 sa0 apresentados no cap. 3 de Labov 1972a, Ha algumas questes nao resolvidas na regra de contra- ‘40 acerca do efeito do sintagma nominal subseqdente quando ha sintagma nominal precedente: nessa situacfo, alguns grupos de B recem diforir de outros. De resto, 05 condicionamentos sto total independentes e se repetem em cada um dos grupos vernaculares temos estudado. A tabela 8.4 mostra uma pequena parte do padrao: efeito do ambiente gramatical subseqliente sobre 0 apagamento de is ‘com pronomes-sujeitos, Para cada um dos trés grupos adolescentes de ermveo ba heua se conto soma | 267 ‘ova York, a freqiiéncia de apagamento aumenta regularmente a0 longo seat du omiboates Abas dlosharimerosextrados dos ext de Wolfram com falantes negros em Detrolt: nesse caso, trata-se de wna ppopulaglo de classe operdria, com entrevistas individuals de adultos ¢ Panlescentes. Em geral, esses falantes de Detroit seguem as regras 21 € 22 no atamento de A tabela 8.4 mostra que eles seguern o mesino padclo para os quatio ambientes gramaticais dos grupos de Nova York. ‘As regras de contrago e apagamento 21 ¢ 22 nao sao simy sumos do desempenho de grupos particulares. Sao condicion: gerais que refletem o sistema lingifstico de falantes de BEV em diver- ‘sas dreas, Nao somente as amostras de Nova York Detroit coincide, ‘como também encontramos padiao semelhante ém Washington, como ‘mostra a andlise de conversas de Loman (1967); em San Francisco, como ‘mostra Mitchell-Kernan (1968) em seu estudo detalhado de dois falantes adultos; em Los Angeles, como se vé em estudos menos detalhados de ccriangas negras pequenas (Legum et al. 1971). Estamos agora em condigées de examinar mais de perto o cardter formal dessas regras variveis. Aqui seguitei a interpretacao formal de- senvolvida por Cedergren & Sankoff (1972), aceltando suas modificacoes ‘da interpretagdo original semi quantitativa de Labov 1962". Precisamos 570 modeln original apresentado em Labov 1969 rem dos defeitos relacionados, 14 Huma boa base emptrica, detivada do estudo da mudanca ingtis- fica, pata se considerar que a maforia das regras tendem ase aplicar ao indsimo— a se generalizar a todos os ambient COMO V,, Vz Vy Ver Assim, a formula geral para a probabilidade de dada regra varidvel se aplicar é 23 gul-k 24 k,=(.-p) 0-¥) -v)..0-v), {ue era avo posta de demas geomdrca era necesso para vite se 2s contbulgbes de condcionantes individu totalzassem mus do ue tee tip da ‘00 a oun tse eoeo 2 | 269 Se determinado condicionamento varidvel <+trago> nio estiver pre- sente, entfo,= 0, ea probabilidade da regra-se aplicar ndo €afetada. Seotra- o estiver presente, entao o ator (1-v) opera para diminuir o fatoriimitador k,¢ assim, aumenta a probabilidade da regra se aplicarnesse ambiente. Esse modelo de Cedergren & Sankoff se baseia na hipstese de que 08 condicionamentos varidveis sio independentes ¢ contribuem com 0 mesmo elemento ¥, para a probabilidade da regra, independentemente. células a predi Cedergren & Sankoff aplicaram seu modelo & investigacao quanti- francés de Montreal. 0 trabalho em curso de G. Sankoff, Cedergren e laboradores em Montreal est4 levando a investigagao das regras variaveis, 3 A demonstragio de Cedergren & Sankoff tomou como restricSes varidvais as ras sob as quais os dados foram tabulados, Mas ena termios dgtragos subjacentes, (oda traduge). 270 | mows soonest cas ‘um nfvel superior de explicabilidade. Pelo uso do metodo estatistico de probabilidade méxima (maxinium likelihood), € possivel confirmay ou re- Jeltar a hipotese de independéncia de condicionamentos variéveis em qual- ‘quer instdncia particular e, assim, oferecer dados fundamentais paravvalidar ‘aoperagio lingistica bésica de composiggo de esquemas de regras. Dada uma série de regras lingiisticas 25 aX=V/A DX>Y/A eX +¥/B aX Y/5 ex+Y/ EXovs voavouo HTH 9s lingiistas acreditam que é econdmico e revelador representar todas essas possibilida: lum Unico esquema de regras como: c {5} O argumento geral de Chotnskye Halle ¢ que as notes das de 28 ou semelhantes, que learn 20 msm de econcinia 26 XVI simplicidade relativa™. ‘A demonstragio de Cedergren & Sankoff se torna agora um ponto fundamental neste argumento. Se as varias sub-regras agrupadas no es. quema 21 tivessem de ser dissolvidas em regras individuiais, sso equiva- leria a dizer que os condicionamentos variéveis no lependentes e que ¢ impossivel chegar a estimativas de v, que predissessem esses da- dos. A propria existéncia de contribuigées estiveis para a probabilidade de uma regra por condiclonamentos variaveis demonstra a validade do 2% CLainrroducao de Lakot (1971), onde ele arguments que afe houvenenhuma expice- ‘fo satistria na sintare por meio da simplicidade ou de uma medida de avalagtointema, ee RE TST Ss RRA Hy SH ETT SRN TST esquema de regras. A hipdtese da independencia de condicionamentos varidveis é equivalente & hipdtese de que esquemas de regras so Signi- ficativos. Mas é somente com ‘dados quantitativos que podemos obter demonstragdes convincentes dessa afirmagéo. ‘Além das evidéncias intemas e da confiabilidade das regras de contra- ‘¢do e apagamento, hd outras comprovagbesda validade de nossa explicacio. {As pessoas ndo tém nenhuma dificuldade em repetir a c6pula em testes de imitagdo (Labov etal. 1968:3.9, Labo 19722: cap. 2), apresentam pouauls- simos problemas nos testes de compreensio desse elemento. A esse espei- 10, a cépula contrasta fortemente com o -sde 3" pessca do singular, que no conesponde a nenhum elemento da estrutura gramatical do BEV™. 3. Concordancia negativa Para o terceiro exeraplo da andlise da estrutura lingiifstica em seu lerarel o problema que gira em tomo do enunciado ‘The ran hits he dog vs. The man hic the dog. Masao tverama nenbus sucesso, antes Ou epois do welnamento, ca usar 0s para distinguir singular de plual, como em The cat ‘splashes vs. Te cats splash, Podemos conclu que ele ta tuna regra que aBirme,g70s:0 ‘mode: "insica um -sem verbosmo presente em situagSes formas (1972). ‘a2 aaiaainaiesiiceaisaia Sc ee [Nao tem nenhum gato que consiga entrar num pombal” —literal: “Nao tem nenbum gato que nto consiga entrar em nenhum pombal”| Quem disse isso foi Speedy, 0 chefe dos Cobras, numa de nossas sessGes em grupo, numa discussao sobre pombals, Falantes de qualquer outro dialeto do inglés que ndo o BEV interpretam 27 com-0 sentido de: estrutura profunda, como sugerido acima, entdo como € pos uma frase negativa num dialeto seja positiva em outro? Primeiramente, alguém poderia perguntar se Speedy simp! ndo cometeu um erro. Nao € 0 caso, pois encontramos meia dt filho-da-mae que dessa prostituta ndo conseguisse escapat"|, significan- do que ela era tio boa que “There wasnit any customer that could shun her" [‘néo havia cliente algum capaz de escapar dela"). Observamos que os exemplos normalmente tinham trés caracteris- ticas em comum: (@)_havia duas frases, ena segunda aparecia uma negativa contradit6ria: (b)_havia uma outra negativa na primeira frase, © © a primeira frase também continha um advérbio indeterminado como ever ou ary (negativa mais any= no). Esses trés fatos nos levaram.a vincular o fenémeno a “concordancia negative’, o processo pelo qual as negativas sto atrafdas para osindeter- minados. Nessa pesquisa, novamente achamos necessério levar 0 argu- mento mais adiante em termos de nossas intuig6es gramaticais (como, falantes nativos do inglés-padréo e de varios dialetos brancos nao-pa- rao). Podemos comegar cam a formulagio gerativa oferecida por Ki- sun ox une ons era 20088 | 273 ‘ma (1964) para a observagio de Jespersen e outros de que em inglés a negacio 6 obrigatoriamente atrafda para o primeiro indeterminado s¢ este preceder o verbo, e opcionalmente para o primeiro indeterminado Jogo a seguir. Assim, em vez de “Anybody doesn’ sit there [‘Alguém néo se senta ali"), temos por regra obrigat6ria: Nobody sits there ("Ninguém se senta ali" Por outro lado, hd uma regra meramente opcional (e, de algum ‘modo, estilisticamente formal) que muida He doesn'tsitanywhere|"Ele nfio senta em qualquer luger") para He sits nowhere (“Ble senta em nenhum lugar"]. Se continudssemos a considerar somente o inglés-padro, pode- rfamos escrever uma regra que toma a negativa inicial como um trago da frase e a distribui diretamente pelas varias posigdes com as condigdes in- icadas. Mas 0 estudo de diversos dialetos do inglés nos leva & concluso de que a regra de atragdo negativa que incorpora a negativa ao primeire indeterminado ¢ de um caréter muito distinto das outras. Parece haver ‘tres rogras distintas, todas operando depois que a negativa € colocada em sua posigio pré-verbal normal, as quais podemos esbogar em linhas ge- rais aqui. A primeira € a regra categorica de atragio negativa (rman): 26) scusies (obrigatdria para todos os dialetos) Indet-X—Neg T 23-341 2 No somente esse regra é obrigatéria para todos os dialetos como também as frases em que nao € aplicada, como “Anybody does sit the- re, Sao seguramente ndo-inglesas: em testes de repetiga0 (Labov et al. 1968: 3.9), frases assim s6 provocam confusdo e ninguém consegue re- peti-las. Ha condigdes que suspendem a forca obrigatdria dessa reer, como um elemento hipotético ou negativo precedente; uma exposic2o cxata delas requer uma discussio mais ampla {of. Labav 1972a: cap. 4). ‘Masa investigagao detalhada de armaneonos leva a conclusode que essa regra reflete uma exigéncia cognitiva para a organizagao dos tracos dos indeterminados em relagao & negativa. A condica geral é que quantifi- cadores universais no podem preceder um predicado negativo simples se contiverem os tragos [+bizmmanvo], como each (“cada”), ¢, de forma alguma, se contiverem [crust], como any {‘algum” ou “qualquer"). As duas proximas regras so de um cardter diferente: 29. Posposigio da negativa (opcional; 6 para o inglés-pedrio literério) Neg—X—Indef 1 2) 3 42 143 S274 ponnss sooomecvenccs 30. conooxanss (opeional: 56 para dlaletes nlo-padéo) Neg-X~Indef D2 31 2 198 Estas duas regras so complementares e desempenham a mesma fungio enfética. Em lugar de He doesn't sit anywhere, a primeira segra nos da He sits nowhere, ea segunda regra pleondstica gora He don't sit no. sideraglo a fronteiras de frase: assim, podemos ter He doesn that went to no prep schoo! ("Ble no gosta de ninguém que foi a nenhu ndo-padro [WNS,] que podem transferir a negativa para a posi¢ao pré- verbal, de modo que temos “Anybody doesn’ sit there -+ Nobody sits there =+ Nobody dont sit there. O BEV compartilha esta propriedade. ‘Nobody saw him — Didn't nobody see hi BEV também estende a regra 30 para, para a posigao pré-verbal numa. que produz 27: Iraint no cat can' tira transferéncia da negacéo bsoqilente. esse oso entatico no coop. baa ‘Vemnos, por fim, que @ aparente “contradigao" de 27 nao é uma dife- renga em operag0es légicas entre dialetos, mas somente urn ligeiro rea Juste das condigées sobre uma transformagao. Podemos reescrever 30 agora como 30" concorDnes Ver Neg—x— {ten} 102 Bo1 Peery eestabelecer a tabela de condicionamentos abalxo. Esta tabela esté na forma de valores de 9, onde 0 significa que.a regra nunca se aplica, X significa que é ‘uma regra varidvel como 0 <9 <1, €1 significa que a regra € obrigatoria. 1Le3 concordam? | Siem St ° WAS, xy WAS, x [ae i “enfético” —, enquanto a regra invariant mente facilita a expressao de escolhias j pensagéo estrutural aparece quando um: a informagao se perde: o BEV estende a concordancia negativa a novos smbientes para compensar essa perda. O BEV tem, asim, as proprietiades a separado, a que as mudangas em, una parte do sistema itavelmente acompanhadas de mudancas compensatsrias, ‘em outra parte para menter a mesma operagio funcional, 8. Estaurura socionnatifstica Podemos definir uma varidvel sociolinguistica como correlaciona~ da com alguma varidvel nao-lingiifstica do contexto social: 0 falante, 0 interlocutor, o puiblico, o ambiente etc. Alguns tragos linglisticos (que chamaremos de indicadores) méstram uma distibuigdo regular pelos grupos socioeconémicos, étnicos c etérios, mas sao usados por cada in- dividuo mais ou menos do mesmo modo em qualquer contexto. Se 05 CS REL eee we i 1276 | monte oceanic, contextos sociais puderem ser ordenados em algum tipo de hicrarquia (como grupos sociecondmicos ou etérios), podemos dizer que tais in. dicadores so estratificados. Varidveis sociolingtifsticas mais altamente desenvolvidas (que chamaremos de marcadores) nfo somente exibem distribuiggo social, mas também diferenciacdo estilistica. Como ob- servamos na'se¢d0 1, 0 contexto estilistico pode ser ordenado ao longo de uma tinica dimensio segundo o grati de atengao prestado a fala, de modo que temos estratiftcagdo tanto-estilistica quanto social. Estudos anteriores como os de Fischer (1958) ou Kutera (1961) observaram as va- rigveis lingiifsticas somente numa dimensio a cada vez, porém estudos mais recentes (Labov 1966a; Wolfram 1969; Anshen 1969; Trudgill 1971) contemplaram a inter-relacdo de ambas as dimensses, Um mareador sociolinguistico estavel: ing) Um dos mareadores sociolingtfsticos mais gerais em inglés 6 (ing) a presenga ou auséncia de uma velar final no Fing/ atono. A varkante for- e forma progressives de mado quefonteasfesiouals ederiracanals aparecerdo como restriges variaveis na regra. No tratamento mais crtremo Sul dese rare todos o» nomes propos esto também in lufdos, tais como Manning (men. 5 Gin esto do ngs da ren de Astin Tans ito po tae Lagu omnia: (91sT.00 OA GLA Be st CoE SOCAL [277 Apesar dessas variagéies no processo de seleco, a operagio dessa = varidvel é extaordinariamente uniforme. Ainda que desconsideremos os detalhes observados acima, obteremos um padao regular de estratifica~ ‘cao estilistica e social bastante semelhante ao apresentado para (th) nos ‘capftulos'4.e5. As primeiras observagbes de Fischer (1958) de (ing) mostra- ram que essa variével refletia sensibilldade as varlavels sexo, formalidade e orientacao cultural em relagdo a escola. A figura 8.3 mostra o padréode = ‘Gng) do estudo do Lower East Side (Labov 1966a: cap. 10). Padrbes seme" Ihantes so obtidos por outros pesquisadotes para varidveis sociolingiifst.- ‘cas bem estabelecidas como (ing), (th), (eh) e concordancia negativa; esses padres compartilham algumas propriedades comuns com a figura 8.3: ates de ir) em Hering de cae deta de ag ec king, tage pasar ae longs ana baal de chucesoconconncn 02 3.8,7 8.9.2, fd cana ns mentors Certo doit + Os gricos nas figuras 8. © 8.4 se referem A auséncia da velar (gout soja, 20 usa da variante alveolar (a (ada tadugdo}. pt baka + 278 noree rooeuncoencos a. Em qualquer contexto, os membros da comunidade de fala se dife- renclam pelo uso de (ing); de modo que indices mais altos ¢ mais baixos dessa varidvel estdo diretamente correlacionados a posigoes ‘mais altas e mais baixas nos indices socioeconbmicos. b. Além disso, cada grupo se comporta do mesmo modo, como indi- cam as linhas inciinadas paralelas da altemancia estilistica de (ing), de modo que indices mals altos ¢ mais baixos para essa variével es- {io diretamente correlacionados a posicbes mais altas e mais baixas numa escala de formalidade do contexto. c. Uma vex que a figura 8.3 nio 6 visivel como um todo para 0 con- junto das, pessoas, os fatos (a) ¢ (b) nao fazem parte eck mento geral. A porcio da figura 6.3 visivel a qualquer 6 ngutit, por exemplo, o estilo itorado de um soldador”. regularidade da figura 0.3 ‘emerge de amos! inco individuos em um sub- grupo, e nfo mais do que cinco ou dez enunciados num dado texrual é de grande importéncia na sua caracterizago como sociolingdfstica estével. A regra que governa essa varidvel pode ser for~ mulada como 31: 0 rue os un may cone SecA | 278 a1 Feontinna] “Hoedlica a : tensa | — /] -consonantal i - _— [anterior ~tonica peaa INéo estamos preocupades aqui com rienhum condicionamento variével que possa influenciar essa regra, mas sim com a determinagao do input vasiavel p,. Os dois maiores ‘determinantes desta quantidade io classe socioecondmica e estilo contextual: idade, sexo e grupo étnico desempentam papel secundério. Para (ing) ¢ as demais varidveis socic- lingaisticas, a fngio assume a forma geral: 32 p,zae(CSE)+be (estilo) +c (CSE = classe socioeconémical Asugestao de 32 de que isso é uma fungao linear vai além dos dados isponiveis, uma vez que. jemos ainda quantificara dimensao do estilo. Talvez sofa possivel ‘em estudos futuros que desenvol- a nogio de que 0s es prestado & fala, mas no momento essa falta de quantificagao € una ia limitagao. fungio 32 afirma concisamente a informacao basica afirmada em : que os marcadores sociolingifsticos estéveis organizam smas que éles contras- iclolingiisticas que re- Os cinco tragos gerais a-e valem para diversos marcadores sociolin- pilisticos que tém sido estudados nas pesquisas acima. Nao dispomos de uma visto completa da estratificagdo social ¢ estilistica na maioria des- ses estudos: alguns fornecem dados apenas sobre seqdes relativamente pequenas do padrao da figura 8.3 e seus equivalentes, enquanto outros cobremum spectro mais amplo. Mastodosesses dados podemser inter- pretados em termos dessi configuragao e se encaixam no padrio. Varios estudos tem demonstrado isso para (th) e (dh), entre a populacdo bran- ‘ca e negra (Labov 1966a; Labov et al. 1968; Anshen 1969). Concordancia pronominal foram estudadas por Shuy, Wolfrain € Riley em Detroit (1967). Diversas variaveis do espanhol foram estuda- das por Mae Herasimchukem falantes porto-riquenhos: a varidvel mais i ee 220 | nono socounectces iy | | i | | i intrincada e sistematica ¢ (8), a aspitagao e 0 apagamento do /s/ final de sflaba, que é geralmente de grande importancia por todo o mundo ia de (que) e varios outros. Thudgill (1971) estudou diversas va- raveis no sistema vocélico de Norwich (nglaterra): de novo, o contraste ‘00. 0s aspectos essenciais com o padrao da figura 8.3. As cinco propriedades a-e estilo preservadas intactas. Além disso, po- == demos ver que a figura 8.4 6um bom exemplo de estratificagdo abruptaem: fda entre uma classe sociale outra. ssa regulatidade nos levaria a coneluir que 0 padrao de hipercorrecaa do ial; e diversas outras questies que ica bésica da comunidade com marcadores sociolingtifsticos estaveis, Homens vs. mulheres Existe um aspecto regular da estratificagto social de varlavels es- sobretudo no extremo mais formal do espectro. Essa observagao € con- renhamosestabelecido aorientacdosociolingtifs- 22 [noms sooouncobices, firmada indmeras vezes, em Fischer (1958), em todo o trabalho de Shuy & Fasold em Detroit.em Levine & Crockett, e no estudo de Anshen em Hills- oro. O padio 6 particularmente marcado nas mulheres da classe média baixa, que exibem a forma mais extrema desse comportamento. No exem- plo de (ing), encontramos 0 padréo usual de diferenciagao de sexo e, 10 estudo de Trudgill em Norwich, as mulheres tém menores valores de (ing) tem quase todos os estilos e classes sociais. Na figura 8.4, indicamos essa diferenciagao apenas para iuna classe social. Aqui ondice de (ing) em mui- heres de classe média baixa mostra um uso menor da forma nao-padra0 do que o da classe média alta como um todo. Bxcetuando-se uma porcen- tagem pequena de formas {in} na fala casual, as falantes de classe média sam exclusivamente a forma padronizada [ig Aqui, como em toda parte, fica claro que as mulheres sio mais sensiveis do que oshomens aos valores sociolingaisticos expl de uma varidvel sociolingiistica em avanco em sua fala casual mulheres se corrigem mais nitidamente do que os homens nos formais. O capstulo 9 examinaré mals detidamente esse padrao ‘iagdo de sexo com relagao ao processo de mudanga lingtifstica padraio de hipercorrecao da classe média baixa damente estabelecidos 6 0 de que 0 segundo grupo de status s alto exibe a alternancia estilistica mais extrema, ultrapassan maior detalhe, extrafdo dos dados do estudo do Lower East Side de Nova York. Dado esse padrao, podemos encontrar fendmenos paralelos por toda a literatura citada acima. Shuy, Wolfram & Riley (1967) e Wolfram (1969) mostram diversos casos em que a mator alteméncia estilistica é exibida pelo segundo grupo de status social mais alto, Em sua maioria, sto tracos linghisticos estvels estigmatizados. Os exemplos mais nitidos do padrao de hiperco: baixo, como na importagao da nova norma de proniincia d do padrao de ultrapassagem. Uma corroboragao enfitica deste padrao 6 oferecida pelo estudo de Levine & Crockett do (r) em Hillsboro (Carolina redo se encontram em mudangas de cima para! do Norte).Aalternancia de () em Hillsboro mostrada na tabela 9.7 (pr6- xdmo capftulo) é uma alternancia estilistica entre frases em que 0 @) nd0 €0 foco principal e listas de palavras onde ele 6. ‘Aqui, dados de um estudo completamente independente, com un especto estilistico mais limitado, exibem 0 mesmo fendmeno de ultra- _passagem como em Nova York. O segundo grupo de status social mais alto —no caso, diplomados do ensino médio— mostra uma alternancia mul- to mafor rumo a norma de prestigio no estilo mais formal. A importancia desse padrio para o mecanismo da mudanga lingtistica foi tratada n0s capitulos 5 e 7 e sera considerada no contexto mals geral do capitulo 9. ‘A generalidade de nosso principio de que “o segundo grup rich na figura 8.4, onde o tercelro grupo é Jasce operdzia alta —exibea alternancia na fala monitorada. A partir desse ponto, elas se fundem com média alta no que diz res 10 uso de (ing). Admitida a estabilidade e generalidade desse padrao complexo, sera interessante ver se alguma simplificagio formal pode ser alcancada. O padrdo de ultrapassagem pode ser abstratamente representado como: Z Convém sempre enfatizar que (ing) aqui se refere ao uso da alveolar fn}, que 6a forms ‘de menor prestigo (0. da tradugio). SOAR, SARTRE one 24 | monte ooctncncis (0 desenho da alterndincia estilistica € realmente complexo. Os gru- pos mais alto e mais baixo tém a inclinagtio menos abrupta; 0s grupos intermedidrios seguem atrés do segundo grupo de maior status, que tem. ainclinagdo mais pronunciada. Como formalizar issa® A regra para a vo- calizagdo do (#) na comunidade branca tem a forma geral: 93 [+centrall / -consonantall__f-sitabicol (Ou seja, um segmento central perde seu traco consonintico varia- ‘velmente em posigdo pés-vocdlica se o elemento seguinte nao for wna ‘vogal. O problema aqui ¢ escrever uma funco para o condicionamento biisico sobre o input variavel p, compardvel a clara e direta funco 32. A solugo reside numa compreensao da importancia crucial da alternan- la estilistica: ela € governada pelo reconhecimento de um padrao ex- temo de comtegao. A forga desse comportamento pode ser medida pelo curvilinear, com a classe média baixe no maximo, do qual para descrever as inclinagies de altemancia estilistica most Podemos ento eserever para 33 a seguinte funcio: 34 p=as (CSE) +bs (GIL) (estilo) + ICSE = Escala de classe socioecondmica) Problemas da estrutura sociolingiistica sdo estilfstica. Se estudos quantitativos de atengdo puderem’ser rela: cionados a alternancia estlistica, serd possivel dar forma mais precisa a regras como 32 ou 34 e especificar as constantes a, b e c. Talvez essas, quantificagdes possam ser obtidas por estudos de dilatago da pupila oui de divisbes sisteméticas da atencio através de testes mecénicos € men- surdveis, ou pela reducdo quantitativa do audiomonitoramento através de niveis de ruido. ‘Também € evidente que diversos estudos citados néo tém dados su- ficientes extrafdos do estudo direto do verndculo. A tarefa motodolégica, € combinar andlises de individuos que nos déem uma amostra repre- sentativa com estudos de grupos a longo prazo. O estudo ideal de uma NERA TINE ‘uno ox whew ty coxa soc | 285 ‘comunidade identificaria pessoas aleatoriamente e, em seguida, investi- garla diversos grupos dos quai essas pessoas s40 membros. Isso 6 quase impossfvel numa pesquisa social normal, por causa dos niimeros exigi- dos, mas uma vez que tenhamos estabelecido que os estudos sociolin- aglifsticos requerem uma populagdo menor para comecar, tal modelo no estd fora da esfera das possibilidades. ‘Un tereeizo problema reside eu lidar com regras que mostram dis- teibuigSo lexical regular. Temos agora provas eufflentes de que o curso da mndanga lingtistica implica a dissolugao temporéra de classes de pelavras™. O problema mals diff agul é que existem distribulgbes en- tze lasses de palavras que gostarfamos de deserever, mas que provavel- mente nfo fazem parte do conhecimento do falance nativo. Por exemplo, somente uma pequena proporgio de verbos ingleses com prefixos lat nos mostram mes, como cont consént |V} © consér numa dada subclasse se relaciona com o comprimento do prefixo, mas essa regularidade nao tem utilidade para o falante nativo, j& que a maio- ria das palavras tém acento fxo. Mais un exemplo: a regra de tensiona- mento do a breve na cidade de Nova York normaimente nio opera em. ambientes__CV; embo: seem descobrir que nediato para ele se nao tiver escolha na prontincia de um item espe- cifico. E possivel que entremos com regras em nossa gramatica que ndo | fazem parte do “conhecimento” dos falantes nativos. Essa metafora par- ticular pode ter perdido seu valor neste ponto de nossas investigagoes. 1 Tborn as figuras 4.1/¢42:mostrem as clases palavres se movendo como um todo, ‘encontramos algumas regras que exibem uma grande margern de variagao lexical ire- ‘ular. O tensionamento do.a breve em bad, ask etc. Investigado ma cidade de Nova York ‘Um quarto grande desafio ¢ o de entrar mais profundamente no estudo de varidvels sintéticas de nfvel superior, como extraposica0, no- minalizagao, colocago de complementizadores, algamento de negavdo, atraco-gu ow relativizagao. Os dois piincipais obstaculos na investi- ‘gacdo desses tragos em seu contexto social so a baixa freqiténcia de ocorréncia dos subcasos cruciais e a falta de certeza em nossas andlises abstratas. Mas de algum modo jé comegamos a fazer isso em nosso tra- balho recente nas éreas de gueto urbano, e os desafios de trabalhar com ‘questdes mais abstratas nao podem ser desconsiderados. O estudo da Ifngua em seu contexto social nilo pode permanecer no nivel das varié- vels fonolégicas do tipo (ing) se quiser dar uma contribuicao importante aos problemas esbocados no inicio deste capitulo. ( quinto problema é ampliar o escopo desses estudes para além das comunidades de fala indi O wabalho de C. J. Bailey é bastante representativo aqu te seus perspicazes estudos das regras fonolégicas dos (1969a) e suas tentativas mais amplas de incorporar toda a inglés num tinico conjunto de regras pandialetais (1969b). Embora esses estudos de Bailey nao se baseiem no estudo da lingua em contexto, po- ‘demos ter a esperanca de fornecer dados confidveis para apoiar 0 traba- Tho com asse grau de generalidade e esse nivel de abstracao. A relagao entre normas e comportamento ‘Até agora, em nossa considerago da estrutura sociolingiiistica, s6 Ievamos em conta o que as pessoas dizem, ¢ sé incidentalmente o que elas acham que deveriam dizer. Essas sio as “respostas secundirias” come parte do saber popular. Existe um vocabul: Ponfvel & maioria das pessoas para falar sobre ‘poucos termos reaparecem quando ouvimos dizer que outras pessoas falam “pelo nariz’, falam “cantado’, que sua prontincia ¢ “éspera’ ou “gutural, “preguigosa” ou “molenga’. Da gramética se diz que é “confu- sa” ou “sem logica’. ‘Um pequeno niimero de marcadores sociolingtisticos ascendem & consciéncia social explicita e se tormam esteredtipos. Pode haver ou niio ‘uma relagdo fixa entre tais esteredtipos e oso real. As varidveis (ing) € (Gh) so esteretipos assim nos Estacios Unidos: alguém pode ser acusado de “engolir os g's" ou de ser um desses “dese, dem and dose guys”. Amnaio- ria das comunidades tém esterestipos locais, como o “brooklynés" em Nova York, que se concentra no ‘thoity-thoid” para thirey-third (‘trinta e t1@s"], Em Boston, 0 aaberto frontal em “cah [car] ¢“pahk” tpark chama muito a atengao. Falantes do dialeto isolado de Cape Hatteras (Carolina do Norte) sao conhecidos como “hoi toiders” por causa da posteriorizacio earredondamento do niicleo do ditongo em high, tide (“maré alta’] et. Esses estetestipas socials oferecem uma visio fragmentada e as- sistemética da estruturalinglistca, para dizer 0 ra{nimo, Fm geral, po- méculo da cidade de Nova York levou ao algamento da vogal em of re, more ete. até sua [uso com a vogal de sure e moor. Avogal alta tem sido estigmatizada e agora est sendo corrigida irregularmente por falantes de classe média. Mas a mesma vogal, simultaneamente algada no niicleo de boy, toy ete., nunca é corrigida®. [As reagdes subjetivas, porém, nao estéo confinadas aos poucos ¢s- teredtipos que ascenderam 2 conscincia social. Julgamentos sociais in- conscientes sobre a lingua podem ser medidos por técnicas como o teste dos “falsos pares” de Lambert, e outros descritos na seg8o 1. Ui principio iisico emerge: as atitudes sociais para com a lingua sto extremamente uniformes dentro de uma comunidade de fala®. O3 estudos de Lambert, 3 Também verifcamnos que as voges de my’e mouth sao afetadss pela rotagzo das vo~ sais longas e ditongadas de bad, bar los. Enquanto bar se move ps comela.e mouth se movena diregda oposia, paraa frente. Mas de todas esses mudansas ‘Sstoratleamente intetligndas, 00 algamento de bude lot exibe eleemncia esiistica & ‘corogi, Mesma para esses casos, acorTego € lexicalmente imegula. oe fato, parece plauafel defini uma comunidad de fala como um grupo de flentes ‘que compartilnama tn: conjunto de stitudes socias frente Maga, Pn Nova York, 25 pes 288 | ono seoucotticos “+ Porexemplo, mostram que a atitude negativa para com o francés cana- dense nao ¢ bastante uniforme somente na comunidade angléfona, mas pessoas no consegue perceber nenhun dos valores opostos, por mais forte que seja.ainfiuéncia desses valores em seu comportamento em ou- MN HEA EA ‘fsTup0 NCU AS conto 30% | 209 hase ita magia sn roma. Porcntgem deur nie decane méda mas ahado Guo ‘ane dase operons wtsanale de gripor snc door et: 24D. acl despenca abruptamente e acompanha a‘escala da briga. O mesmo fe- ‘nOmeno pode ser observado para todo o espectro de varidveis testadas (Labov etal. 1968:3.6). ‘Temos, portanto, algum suporte empftico para postular a oposicéo entre dois conjuntos de valores quanto ao cotrelato normative de mar cadares sociolingiisticos estéveis como (th) e (ing). Neste tipo de estudo, concordamos com Homans (1955) que o objeto apropriado de ostudo 1ndo deve ser 26 0 comportamento, ou 66 as normas, mas sim o gratiem que (e as regras pelas quais) as pessoas se desviam das normas explicitas Que elas sustentam. E nesse nivel de abstracao que podemos desenvol- ver melhor a teoria linghistica e sociolinghistica. 0 papel de fatores sociais na mudanga lingiifstica -Embora este capitulo néo tenha como interesse primordial o proble- rma da mudanga lingiistica, j@ introduzimos alguns dados que incidem sobre esta questio. Ao falar do papel de fatores socials que influenciam a evolugio lingistica, é importante nio superestimar o grati de contatc ou de superposigao entre valores socials aestrutura da lingua, A est ra linglifstica ¢ a estrutura social nao so de modo algum coexte grande maioria das regras lingifsticas esto bastante distantes de a valor social: elas fazem parte do elaborado mecanismo de que © precisa para traduzir seu complexo conjunto de sigificados ou intengoes em forma linear. Por exempio, as vegas que governam os quantificadores © sanegagio discutidas acima esto bem abaixo do nivel da avaliacdo social, sua distibuigao irregular, idiossincrética na populagdo reflete esse fato, ‘As varidveis mais préximas da estrutura superficial freqti so foco da avaliagao social. De fato, valores sociais séo atrib gras lingtifsticas somente quando hé variacao. Os falantes no aceitam de imediato o fato de que duas expressdes diferentes realmente ‘mesino significado” e existe uma forte tendéncia a atribuir diferent nificados a elas®, Se dado grupo de falantes usa uma variante part entio os valores sociais atribuidos a esse grupo serdo transferidos a essa variante linglistica. Sturtevant (1947) propds urn modelo geral de mu- danga lingiiistica, mostrando a oposicao de dues formas, cada qual favo- = Quasar tnd role fot sho em Nove Yoo perro doug oto alec de ase vane woes font ene. DelgalzodaoporchetCotandts potkes local subtinidepo come hace Cieencado pr incr una fora al see A oscagto de prootnctssoaene smacadasdevveleouuinfoiantesdoer"Tese aa Onesse mye, Dat ese big ones are my (vaziz]", : recida por um grupo social particular. Quando a questiio fica esolvida, € juma forma se torna universal, o valor social associado a ela desaparece. No que diz respeito a0 aspecto sincrOnico da estrutura da lingua, seria um erro por demasiada énfese nos fatores sociais. A gramética ge fativa tem feito grande progresso em desvendar as relagdes invariantes Gentro dessa estrutura, multo embora despreze totalmente o context Social da Imgua. Mas agora parece claro que nao se pode fazer nenhura favango importante ramo ao entendimento do mecanismo da mudanga Lingiifstica sem o estado sério dos fatores socials que motivam a evolti- ica. O capitulo 7 esbogou uma proposia para 0 mecanismo relo qual os fatores sociais interagem com 09 fatores interns, lingifeticos. O capitulo 9 abordaré um campo muito mais amplo ¢ teré como foco principal o espectro das varidveis sociais que influenciam di- retamente o curso da evolugao lingiiistica, 4, ALGUMAS REGRAS INVARIANTES DA ANAUISE DO DISCURSO Essa aprosentagio se concentrou, até agora, quase intelramente nas rogras varldvels da lingua: seu uso para responder de modo decisive ‘quest6es sobre a estrutura lingiistica, seu lugar na estrutura sociolin gilstica ¢, mais brevemente, seu papel na evolucdo da lingua. Mas um grande ntimero de regras lingifsticas séo absolutamente invariavels: 0 regras categéricas que, dado o input adequado, sempre se aplicam. Mais do que qualquer outro campo interessado no comportamento humano, a Lingtiistica tem tido sucesso i centes aos fendmenos de superficie, e € sobre essas conquistas que te- mos construido o trabalho esbogado nas segies 2 e 3. A representagao formal das regras varidveis apresentada ali depende de (e se encabsa em) certo ntimero de regras gramaticais invariantes derivadas de estudos da lingua bem afastados de qualquer contexto social -Existem algumas éreas da anélise lingiifstica em que nem sequer 0s primeiros passos rumo as regras biisicas, invariantes, podem ser dedos Sem que se considere o contexto social do evento de fala. Os exemplos aig notdveis estdo na andlise do discurs6. O problema fundamental da andlise do discurso é mostrar como um enunciado se segue a outro de maneira racional, governado por regras —em outras palavras: como en~ tendemos um discurso coerente. Conflamos em nossas intuigées para istinguir o discurso coerente do incoerente. Pot exemplo, o que se se- ‘gue simplesmente no 6 govemnado por nenhuma regra que possamos reconhecer de imediato: 35 A: Qual é0 seunome? 5B: Bem, digamos que vocé tenha pensado que tinha algo de antemo, sas ainda nao tem, A:Vou chamar voce de Dean. ‘Trata-se de um trecho de uma conversa entre um médico e um pa- lente esquizofrénico, Nossos primeiros dados, 2o lidar com essa passa ‘gem, serio nossas reagSes intuitivas, ¢ 0 primetro desafio na analise do Giscurso ¢ dar conta de nossas intuigdes (tal como confirmadas pelas Fespostas dos participantes como em 35). A questo é: de quantos da- dos, e de que tipo, precisamos para formar juizos cotretos e interpretar seqiténcias de enunciados como fazem-os participantes da conversa? O ‘caso mais shnples € 0 das respostas elipticas, como em 36: 36 A:Voct vai trabalharamanha? B: Sim. Aqui, nosso conhecimento normal da sintaxe da lingua é suficiente Para nos permitir derivar o enunciado de B de Sim, vou trabalhar ama- ‘bya. Existe uma regra de discurso simples da seguinte forma: 37 ‘Se Aenuncia uina pergunta da forma Q-S, eB responide com um E exis- teacial (incluindo sim, ndo, tavez etc), entBo se ouve B responder aA ‘coma afirmagioE-S,. ‘Mas agora vamos considerar seqilénctas da seguinte forma: 38 A: Bla nuncaiajuda em casa, Bim. 39 A: Ela tedisse no que estamos interessados. B:Sim. 40 A:Voo# morana rua 115. B: Nao. Moro na 116, Encontramos varios desses éxemplos em nossas andlises de eritre- vistas terapéuticas e na fala didtia. A regra 37 obviamente nfo se aplica: nao existe nenhum Q-S, na formulacdo de A. Seré verdade que qualquer ‘ryote ee cnr 000 | 283. ‘afirmagdo pode ser seguida de sim ou ndo? As seqaencias abaixo pare- cem indicar 0 contrério: ALA: do gostei do modo como voce disse aquilo, B:rsim. 42 A: Estou com muito calor hoje. B:*Nao. Nao se trata apenas do fato de que 41-42 nao pedem nem tole- Tam uma resposta sim ou nao, mas, de modo ainda mais admirével, ‘que afirmag5es como 39-40 parecem exigtr tal resposta. Encontramo: ai , A menos que uma resposta sim ou ndo tenha sido dada a enun. 3s desse tipo. A regra que opera aqui é uma das regras invariante do discurso. Dadas duas partes numa conversa, Ae B, podemos 10 “eventos-A” as coisas que A conhece, mas B nao; cor as colsas que B conhece; mas A néo; e como “eventos-AB”, 0 conheclmento que é compartilhado igualmente por A B.A regra ent&o expressa: 43. SeA faz uma declataao sobre um evento-B, esta percebida comoum pedido de confirmagia. Observe-se que, em 41-42, A esté fazendo uma declaragdo sobre um evento-A, mas em 38-40, sobre um evento-B. Qualquer um pode testar essa regra numa conversa normal ¢ observar a forga de sua operacio ssa regra contém o construto social de “conhecimento partilhado”, que normalmente nao é parte de uma regra lingifstica. Essaé simplesmente uma das varias regras de interpretagéo que relacionam “o que se diz” — perguntas, declaragies, imperativos — com “o que se faz” — pedi- dos, recusas, assergbes, negacées, insultos, desafios, retratacGes, e as~ ‘sim por diante, Nao existem relagdes simples uma-a-uma entre ages cenunciados; regras de interpretacdo (e suas quase simétricas regras de producao) sto extreniamente complexas e relacionam diversos niveis |hierarquicos de “agdes’ uns com os outros e com enunciados. Regras de seqilenciamento no operam entre enunciados, mas entre as ages desempenhadas com esses enunciados. De fato, em geral nfo ha cone- ‘io alguma entre enunciados sucessivos. O padrdo geral da andlise do discurso pode ser esbogado como: 2 294 | once sooounccimens ‘Agfo, (Agi) > Ato, t tot ‘As Bnunciado, Fnunciado, —regras de sequenciamento peipeumsna! SOUBEOBOSBEEE oe a] Bid, > regias de interpretagdo (Agfo,) = Ag#o, Aga, Pode ser titil considerar um caso mais dificil, extraido de uma entre- vista terapéutica que temos investigado mais detalhadamente™. —regras de produgao 44 A:Entdo, quando voct planeja voltar para casa? B comio Q-S,: “Por que planejo voltar para casa?” Pode como dirigida a uma forma implicit s {Bu the pergu quando voeé. que [voce me p interpretagao errada; sem o conhecim situagdo, ndo se pode esperar chegar aos juizos intuitivos apropriados para comecar a analisar. Precisamos saber que A € umaestudante secun- arista e que B é sua mAe; que B esteve fora durante qua do uima filha casada: que A eB sabem que A quer que que B disce varias vezes no passado que A nao pode c que A nega. Fica entao claro que 44-A € umn pedido de ago, néo de in- formagio: A esta pedindo A mae que volte para casa. ‘Ha uma regra geral para interpretar qualquer enunciad6 como wm pedido de ago (ou comando) que diz: 45. SeApedeaB quedesempenhe uma acao Xmum tempo oenunciadodeA serdtido como um comando vélio somente seas sequntes precondigoes {orem satisfeitas:B aoredita que A acredita ( 6um evento-AB) que 1. X precisa ser feito para um propésitoY. 2.B tem acapacidade de fazer X 3, Btem a obrigagdo de fazerX 4.Atem o dircito de dizer a B que fagaX ‘7 Deestudos de entrevistasterapéutiens conduzidas pelo autor e por David Fanshel, da (Columbia Schoo! of Soci! Work eve ms uious mses conten oc | 295 Quando, de algum modo ébvio, as quatro precondicGes nio s8o se tisfeitas, temos piadas ou brincadetras de mau-gosto-do tipo “Dé o fora aqui! “Vai tomar banho!” ou “Termina esse trabalho antes que eu val- te do almoco!"™ Essas precondigSes aparecem em quase toda regra de interpretagio e produgio ‘2 ver com dar ordens ou responder @ ordens. Note-se que os termos primitivos de 45 incluem direitos e deveres (que s80 construtos francamente sociais. Dada a regra 45, hd ums regra {de interpretacdo operando para B em resposta & pergunta de A em 44: 46 Se A pede uma informagto a 8 sobre se uma ago X foi desempentie dda, on em que momento TX seré desemponhada, e se a quatto pre- condigbes de (45) esto satisfeitas, entdo se ouvird A fazer tm pedido de aco com a forma subjacente Ba X? ‘Aresposta de B, “Oh, por qu?" se drige, portanto, néo a0 pedido de informagio da precondigdo 1 do pedido, mais ado: "Por que voce esta me pedindo para volter para casa?” fa pergunta sobre a precondigao 1, B descarta o pedido de A: se nenhuma das precondigBes 6 conhecimento partilhado, o pedido ob- vlamente nao é valido pela regra45. 0 proximo passo de A neste discurso E responder ao pedido de informacao de B: ela explica que o trabalho domeéstico e os estudos sto, em conjunto, coisa demais pata ela fazer. ‘Assim, o contetido da resposta de A mostra que ela interpreta a questo de B tal como o fazemos aqui. Agora vernos, intuitivamente, que o pedido original de 45 ainda tem forca, sob @ operagio de uma regra invariante posterior que afirma ge- ralmente que 147 Se A tex um pedido, e B responde com un pedido de informagao, A reafirma o pedido original suprindo eisa informagao. Como o pedido original é novamente feito, B deve agora responder ‘uma segunda vez, Dessa vez, B descartao pedido fazendo outra pergun- 1a envolvendo a precéndicéo 2— ao implicar que Helen é a pessoa que ‘T Harvey Sack sallentou que a primetra decisdoasertomada na interpreta de quale : podemos dizer,ograu de seriedade envolvido. tadas, e quase independentes de contexto, mas 8° Jexas devern ser favocadas A regia 45 n0s mostra deveria ser interrogada, ela indica que ela Brdpria nao deveria ser in- terrogade, implicando que ela (B) nao tem a capacidade de cumpri pedido de A. eae 48 A: Bem, as cols esto ficando um pouguinho dems. iso nso ‘Sicandotntame de ee 1: Bem, porque voce nfo diz iso a Helen? dtvio que a complexidade da situngfo nio acaba aqui Essa ihus- ‘tragbes de regras de discurso devem servir para mostrar a forma de tais {90 posterior nesse campo pode depender do conceitolingiistico de regra invarlante e da abordagem lingdistica da formalizagio dessas regras. Cedo ou tarde, a exploracio das regras do discurso chegar a uma fase quantitativa em que regras varidveis podem ser constitufdas e em ‘que grandes quantidades de dados podem ser introduzidos para con. ‘osm ax UA OS one SOMA | 297 firmar ou rejeltar as regras preliminares que postulamos. Uma area que claramente envolve regras varidveis é a do grau de mitigar0 ou nfio- mitigagio que governa a selegao de regras para fazer perguntas. Obser- vamos que em 44 a filha tem que atenuar ou mitigar seu pedido; dizer & mae “Volte jé pra casa!” serfa violar uma convengao social fortemente te. Mas ninguém desvenda a complexidade Iégica de uma quantidade discurso com a lingua ¢ muito mais abstrata do que isso, e esses indices superficiais podem ser bastante ilus6rios. Quando pudermos dizer o que esté sendo feito com uma frase, poderemos observar com que frequién- ia 0s falantes fazem isso. ‘SO exame mals pormenorizado que relizainos We um evento de fala ¢ a antiso de iaaultosctuals ih comunidade negra (Labov 19T2a: cap}. Embora as regras de discarso ‘dades ali paregam bera adequaadss, nso temos meios pars estabelecer quai delas eotio ‘isponivels em nossos esnidos da estrucar ingtistica. 290 | monoe sooouncusncrs 5.O Estapo Da LINGDISTICA Na introdugio deste capitulo, sugertu-se que alingiistica estava co frendo da dificuldade de saber captar os dados fundamentals da lingua ‘A-esse respelto, nosso campo nio ¢ diferente de qualquer outra ciéncia ‘social. Os lingiistas deram, sim, o passo umn tanto incomum de redefinir © campo, de modo que o uso cotidiano da lingua na comunidade fosse posto para fora da linghistica propriamente dita — chamando-o de fala, € no de lingua, Em: vez de se preocupat com as dificuldades de lidar ‘com esse material, os linglistas consideraram simplesmente desneces- ‘ério, em termos te6rlcos, dax conta dele. De fato, alegou-se que umn lin- gbista ndo deveria se ocupar dos fatos da fala. Por quanto tempo um programa assim pode continuar a ser produ- tivo, eis uma questo aberta. A lingiistica claramente se beneficiou com a restrigao de seu campo de visio. Mas se, neste momento, a lin esté mais avangada do que qualquer outro estudo do com ‘social, isso se deve, sem davida, a natureza altamente estruturada do ‘mais do que & exceléncia particular de nossas estratégias. Neste capitulo, levantei uma série de problemas onde 0 progresso foi bloqueado, onde um campo mais amplo de visdo parece ser exigido para lingua fora de contexto sendo suas intuigbes sobre a lingua, enquanto outros textos ou empreenderdo experimentos de laboratério. Minha propria opiniiio é a de que tal atividade serd cada vez mais valorizada como um preliminar necessério para 0 desenvolvimento da pesquisa linglistica. Mas a teoria lingiistica no pode ignorar 0 comportamento social dos falantes de uma Iingua, tanto quanto a teoria quimica ndo pode ignorar as propriedades observadas dos elementos. ‘As punigdes para quem ignorar os dados da comunidade de fala sto ‘um crescente sentimento de frustragao, a proiiferacao de questdes pole micas e a conviegiio de que a lingfistica é um jogo em que cada tedrico escolhe a solugo que combina com seu gosto ou intuigso. Nao acredito que necessitemos, neste ponto, de una nova “teoria da linguagem’; em vvez disso, precisamos de um novo modo de fazer lingUistica que prot za solugées decisivas. Ao alargar nossa visao da Kngua, encontramos ‘ownuoo mwa asa cox S008 | 299 possbilidade de estarmos certos: ao encontrar respostas que s#0 sus ventadas por tn mimero ilimitado de medigbes reproduzivels, em que © vies inevitdvel do dbservador € cancelado pela convergencia de diversas “bordagens, Existem vérios lingtistas que no acreditam que hi indo certo ou um lado etrado para alternativas tedricas: a nat ‘seus dados nao permite convergencia com qualquer outra visdo firmagio decisiva deles. Nao quero dizer, é claro, que uma solugio particular oferecida seja correta num sentido absoluto. Ninguém duvida que seu melhor esfor- Go serd crticado, modificado, substitufdo, ou que talvez reemerje nme Jonhecfvel. Mas dentro do arcabouco oferecido por este ‘dizer que o tipo de solugves oferecidas a problemas ‘ome simplificagao de grupos consonantais, apagamento da copt ‘oncordancia negativa representam celagdes abstrata ent lingiifsticos que estdo profundamente encaixados nos dado: dades da lingua e se pudermos afirmar isso de qualquer resultad fe nossa pesquisa.

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