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Universidade Estadual de Campinas Instituto de Quimica (un Bio TVUNICAMP N14%0 COMPARACAO DE DANOS INDUZIDOS EM CABELOS DE TRES ETNIAS POR DIFERENTES TRATAMENTOS. DISSERTACAO DE MESTRADO Adelino Kaoru Nakano Profa. Dra. Inés Joekes Orientadora Novembro / 2006 FICHA CATALOGRAFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE N145c QUIMICA DA UNICAMP ‘Nakano, Adelino Kaoru. Comparagio de danos induzidos em cabelos de ‘cinias por diferentes tratamentos / Adelino Kaoru Nakano. -- Campinas, SP: [8.n], 2006 Orientadora: Inés Joekes. Dissertagdo - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Quimica. 1, Danos ao cabelo. 2. Cabelas étnicos 3. Agentes agressivos. I. Joekes, Inés. Universidade Estadual de Titulo em inglés: Comparison of damages induced in three ethnic hair by different treatments Palavras-chaves em inglés: Hair damage, Ethnic hair, Aggressive agents Area de concentragio: Fisico-Quimica ‘itulagdo: Mestre em Quimica na Area de Fisico-Quimica Banca examinadora: Inés Jockes (orientadora), Roberto Alcantara Martins Zucchetti, Edvaldo Sabadini Data de defesa: 20/11/2006 NIDADE ° CHAMADA Ea compo ec) 42% 14 roc AGI V5-“O4 oO ow RECO as & ATA _ S20. seen A u “A sabedoria ndo se transmite, E preciso que a gente mesmo a descubra depois de uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar, e que ninguém nos pode evitar. Porque a sabedoria é uma maneira de ver as coisas “ “A verdadeira viagem de descobrimento nao consiste em Procurar novas paisagens, mas em ter novos olhus” Marcel Proust wv Dedico... Aas meus pais, Ryuji ¢ Dirce por sempre me ensinarem 0 caminho da coeréncia, perseveranga é ética.. os meus irmios Edgar e Alex, pelas brigas, discussdes ¢ conversas que me fizeram sempre rofletir a meu respeito... Aos meus sogros Reiko @ Massashiro pelo constante apoio... os meus cunhados Humberto, Angélica e Hideo pela costumeira torcida... A minha Erika, por sempre estar ao meu lado em todos os momentos, me incentivando, criticando e acreditando.. Agradeco... A minha orientadora, Profa. Dra. Inés Joekes, por sua costumeira atengao, dedicagdo e por me ensinar a reconhecer um bom trabalho ¢ me mostrar sempre, algo que eu ainda néio havia pensado a respeito... A Ana Marta Tacei, porque sem vocé, eu nao teria decidido realizar esse Projeto. A Carmen por sempre iluminar 0 meu caminho e nunca me indicando o final de timel. A Idalina por sempre acreditar ¢ apoiar 0 meu trabalho. AEVIC Brasil pelo apoio e incentivo na realizagto desse projeto sendo parte na propria empresa A BASF pelo apoio na finalizagio e concretizagio desse trabalho. A Rita e 4 Carol, pela ajuda sempre nos meus momentos mais crilicos € pelas discussdes ¢ pelas informagées novas que me eram sempre t&o interessantes. A Ditcilei por ser sempre prestativa... Aos colegas do laboratério que estiveram ou ainda esto, pelo convivio e aprendizado: Carla, Flavia, Nadia, Euler, Williams, Cynthia, Iara, Nelson, Bona, Chrislane, Carol, Karina. Aos fuuncionarios do IQ, em especial a Bel ¢ ao Rodrigo da CPG, que sempre so muito solicitos © dispostos a ajudar. A todos aqueles que, mesmo nao citados, comiribuiram de alguma forma com esse trabalho mesmo através de pequenos detalhes, como uma expresso de conforto, um soztiso ou condescéncia. Sdmula Curricular Adelino Kaoru Nakano Formagio Académica specializagio téenica: Dermato-Cosméticos, Univ. Vrije, Bruxelas, Rélgica. 2003, ‘Capacitagao em Pesquisa Clinica, Invtare, So Paulo, 2003 Graduagao: Quimico Bacharel —1Q/ USP, 1998 Prémio Lavoisier ~ melhor ahuno do curso de Bacharel em Quimica, CRQ IV Regio ~199 Idiomas © Inglés fluente; dominio do inglés téenico © Teste de Proficiéncia da Lingua Japonesa - Nivel 2 Conversagao: fluente; leitura e escrita: imermediario Experiéncia Internacional * — Viagens diversas em clientes, fornecedores ¢ reunides técnicas para Europa e EUA de 2000 a 2006. © Treinamenty em tesies de Fficdcia C¥nica para Produtos Cosméticos, EVIC France, Franca, 2000, * Trabalho de Colaboracio ne Desenvolvimento de Células Solares, Université di Ferrara, Iuilia — 1998, + Vivenoia de 4 meses ne Japao ~ 1994/1995, Principais Publicagdes Salgado-Samtos, I. M. N., Nakano, A., Baby. A. R., Velasco, M. V. R., “Aadlise Sensorial: Fetramenta ara Avaliar Fficacia e Beneficios”, Cosmeticd: Toiletries (Portuguese), 2005, 17(4), 52-55, Nogueira, A. C. S., Nakano, A. K. Joekes, I. “Impairment of Hair Mechanical Properties by Sun Exposure and Bleaching Treatments”, J. Cosmet. Sci 2004, $5(6), $33-538, Nakano, A.."Testing Sun Protection Claims", Cosmetic&Toiletries, 2002, 117(9), 108. Nakano, A, K.; Nunes, J Horita, .; Goutart, F. Morphological Characterization of Hairs Obiained in Different Conditions of Treatment”, Acta Microscépica, 2001, 1A, p. 355-356, Principais Participages em Congressos e Conferéncias 2005 World Congress on Non-Invasive Studies of the Skin, 2nd Joint Intemational Meeting of ISBS and 1SSI, Philadelphia — USA, October 2005. 23rd Internationa! Fesieration of the Society of Cosmetic Chemists Congress, FSCC, Orlando ~ USA, October 2004. “Avaliagio do Efeito Hidratante de Formulagdes de Sebonete”, 18° Congresso Brasileito de Cosmetologia, Maio 2004. “Impairment of Hair Mechanical Properties by Sun Exposure and Bleaching Treatments”, First Intermationat Conference on Applied Hair Science, TRI Princeton. NJ —USA, June, 2008. Experiéncias Profissionais © BASFS.A, De 07/06 a atual — Coordenador de Servigas Técnicos Interface técnica com clientes “premium” para realizagio de projetos de desenvolvimento de formulayies, ‘rincipalmcnte na area de produtos para cabelo € proteso soiar. Desenvolvimento ¢ implementagao de novas solugdcs de suporte no laboratsrio de aplicagies. Realizago de projetos de desenvolvimento de aplicagées com colaboragio interna e/ou externa de produtos selecionacios do poriftio. Vil IBP BVIC Brasil LTDA. De 10/04 a 97106 ~ Gerente de Tecnologia — Realizago de acordos multidisciplinares envolvendo instituigio de Pesquisa, meios acudémico © profissional para realizagao de projetos de pesquisa. = Elaboragto de projetos de desenvolvimento na empresa envolvendo aquisigSo de tecnotogias desenvolvimento de métodos de ensaio, ~ Coordenagéo de projeto envolvendo empresas coligadas do Grupo EVIC para realizayio de estudos de desenvolvimento para validagio de equipamentos voltados & Bioengenharia Cutinca. = Pesquisa, desenvolvimento ¢ validagio de novas metodologias para avaiagto de produtos cosméticos. Apresentou varios trabathos em Congressos nacionais, internacionais ¢ através de publicagSes De 07/02 4 10/04 - Gerente Cientifica ~ _ Responsivel per coordenar os estudos de seguransa ¢ eficicia cosmiética com a equipe técnica = Garantir a aderéneia dos estudos de acordo com protacolos © procedimentos definiées através de ‘weinamentos internos e monitorias de acompanhament. — Realizaedo de convénios ¢ acordos com Institutos de Pesquisa © Universidades, © que proporcionou 2 inaplementagio de estudos de SEM, AFM, TEM ¢ espectroradiomciria no portifolio da empresa = Responsavel por geri a equipe técnica da empresa, De 04/00 a 07/02 — Coordenador Técnico = Auuilio nz montagem ¢ estruturapan dos lahoratérios de testes de seguranga ¢ eficdcia clinica de produtos cosmetivos — _ Responsivel pela implementagdo de estudos em Fotobiologia, Dermo-efivdcia e Deocare. = Implementou cxtudos de performance para cabelo na empresa o que @ tornou referéncia em estudos para cabelo frente » Grupo EVIC International - _Responsavel por gerir os cronogramas e processos documentais nevessirios para se clini. Johnon&Johnson Ind. ¢ Com. LTDA. / Centro de Pesquisas ¢ Tecnologia. Dee 99/98 a 12/99 Estagidrio no Depto. de Biofisicae P&D Toucador Adulto - Hair Care — _ Desenvolvimento de novo processo de fabricagio visando redugso de custos de produtos “leave-on” = Desenvolvimento de novas técnicas de caracterizaylo fisico-quimica e biofisicas para auxiliar 0 desenvolvimento de produtos cosméticos para Claim Support. — Aplicagdo de téenicas padronizadas como TEWL, CW, elasticidade de pele, medidas de FPS in vio, analise fisico-quimica de emulsées, propriedades meciinicas ¢ fotodceradayio de cabelos entre outros, — Desenvolvimento de um programa de treinamente para novos colaboradores. O procedimento criado foi mplementado como um POP no Centro de Pesquisa. vot Comparagao de danos induzidos em cabelos de trés etnias por diferentes tratamentos. Dissertagio de Mestrado de Adelino Kaoru Nakano Orientadora: Profa. Dra. Inés Joekes Instituto de Quimica — Universidade Estadual de Campinas CP. 6154 — Campinas, Brasi] — 13084-971 RESUMO Qs cabelos bumanos exercem um papel importante do ponto de vista social: reforgam a auto-estima e enquadram o individuo num determinado grupo de pessoas, cultura ou etnia, além do apelo estético e sexual. Dentro dos habitos da populagio humana, sao usados varios agentes de fratamento que interagem com os diversos tipos cabelo de forma a melhorar sua aparéncia estética, No entanto, esses ttatamentos geralmente promovem algum grau de danificacio que compromete a estrutura da fibra capilar. Atualmente hé poucos trabalhos na literatura cientifica que demonstrem efeitos comparativos de danificagdes em tipos diferentes de cabelos (caucasiano, afro-americano ¢ oriental). Em vista da auséncia de dados consistentes comparativos entre os diversos tipos de cabelos ¢ as danificagdes promovidas e, considerando que essas informagdes possuem relevancia para futuras pesquisas de base, esse projeto visa: comparar os varios tipos de cabelo na forma inata (virgem) ¢ verificar e comparar danificagdes para os mesmo cabelos sob apdo de diversos agentes agressivos. Os cabelos afro-americano (este denominado apenas como crespo), caucasiano ¢ oriental, foram submetidos a danificagées através de exposigdo & radiago de uma lampada de arco- xendnio, descoloragdo ¢ processo de alisamento/permanente. Nesses dois ultimos processos, foram utilizados produtos comerciais ¢ a aplicagao foi realizada conforme orientagio do fabricante, A quantificag30 dos danos a0 cabelo foi realizada através da anilise das propriedades mecanicas do cabelo (curvas de tensio-deformagdo) e medidas de cor (espectrofotometria de reflectancia difusa), A comparagao entre 0s diversos tipos de cabelo na forma virgem mostra que eles possuem. propriedades mecanicas diferenciadas entre si. © cabelo caucasiano possui maior tensto na forga maxima, alongamento maximo e médulo de elasticidade. O cabelo crespo possui comportamento inverso. As danificagdes mostram que 0s cabelos possuem diferentes comportamentos perante 20s agentes agressivos. Entretanto, a tendéncia dos resultados nas propriedades mecanicas e cor do cabelo ¢ semelhante. Fles possuem menores valores de alongamento maximo e tensdo na forga maxima, Dentre as diversas danificagées, 0 cabelo crespo apresentou ser 0 que soffe maiores danificagées aos processos utilizados nesse trabalho em vista dos resultados obtidos, enquanto que 0 cabelo oriental é 0 que obteve menor indice de alterago em suas propriedades mecdnicas. IX Comparison of damages induced in three types of hair by different treatments. Master Thesis of Adelino Kaora Nakano Adviser: Prof. Dra. Inés Joekes Instituto de Quimica — Universidade Estaduat de Campinas C.P, 6154 — Campinas, Brazit — 13084-971 ABSTRACT Healthy human hair is socially important to self-esteem and to asses belonging to a certain group, culture or ethnic, besides the aesthetic and sexual appeal. Among the human population habits, several treatment agents are used to interact with the diverse types of hair to improve its aesthetical appearance. However, these treatments generally promote a certain degree of damage that can compromise the hair structure. Nowadays, few studies reported in the literature demonstrate the comparative effects of danification among different hair types (caucasian, afro- american and mongol). Considering the absence of consistent comparative data among the diverse hair types and the danification processes and this information have relevancy for future base-research, this project aims: comparing the different hair types in the innate form (virgin) and comparing the danification of different aggressive agents on the same hair types. The diverse hair types were subinitted to danifications through solar exposition (light emission by @ xenon arc lamp), bleaching and straightening/curling process. On these last two processes, it was used commercially available products and the applications were performed according to the manufacturer's direction. ‘The quantification of the hair damage was performed through the mechanical properties analysis of the hair fiber (tensile-strength curves) and color measurements (diffuse reflectance spectrophotometry). ‘The comparison among several hair types in the virgin form shows that they have mechanical properties that differentiate to each other. The Caucasian hair has the largest tensile strength, maximum elongation and elasticity modulus. Inversely, the curly hair has minor values. The danification shows that different hair type has different behavior to aggressive agents. However, the tendency on the mechanical properties and hair color results is similar. Generally, lower values for maximum elongation and tensile strength are observed. Among the several forms of danification, the afto-american hair shows the major damages to the processes used in this project, by the analysis of the obtained results. On the other hand, the oriental hair obtained less index of alteration in its mechanical properties. 3 indice INTRODUCAO. LL. IMPORTANCIA ECONOMICO-SOCILL DO CARELO..... 1.2. AGENTES AGRESSIVOS. 13 ESTRUTURA DO CABELO seu 14, Digerescas Monrouocicns be CaBeLo - 13. PROPRIEDALES TENSEIS DO CABELO son FB COR re 1.6.1.Medidas de Cor 1.6.2.Cor do Cabelo 1.6.3. Fotodegradagao das melaninas 1.64 Degradagaio Quimica da Melanina io 17 ANSE ESTaTISTICA DF DADOS.. OBIETIVOS ven BD MECHAS DE CABELD ern ot 3.11 Pré-tratamento das mechas de cabelo 3.2 Mareniass DwveRsos... 3.3. DaNIFicaC¥0 908 CABELOS COM AGENTES AGRESSIVOS 3.3.1. Descaloragaa 3.3.2 Alisamento Is 3.4.3 Fxposicdo 4 Radiagéo Solar 16 3.4 ERSAOS DE TENSIO-DEFORMACAD (ID) once 3.4.1 Preparagdo das amostras para ensaios de TD 3.4.2.Aguisicao das eurvas de TD is 3.4.3 Determinagao da garra para reotizagdo de ensaios de TD 4.5 MEDiDAS DE CoR DOCaBELO. 3.6 ANAUSE ESTATISLICA DOS RESULTADOS DE ENSAIO DE TD ECAR. RESULTADOS eevmononroe 4.1, ENS#10S DE TENsi0-Derorsscio (TD) 4.1.1 Cabelos Virgens 4.1.2.Comparagiio entre cabelos virgens e seus respectivos danificados 25 4.2, Byseros pe Anrenacio De Cox o 28 DIscussAo. rennne BO SL. . 30 5.4.1 Cabelas Virgens aI 5.1.2 Comparacéio entre cabelos virgens ¢ seus respectivos danificudos 35 5.2 Exsuos DE ALTEXAGHO DECOR, ve svn 37 5.2.1.Descoloragiio Quimica 38 5.2.2 Alisamento/Permanente 38 5.2.3.Exposicéto é Radiagdo 39 5.24.Consolidacto 39 x1 6. CONCLUSOES ... 7. REFERENCIAS $B. ANEXOS seneanonn XI 1. INTRODUGAO 1.1. Importéncia econémico-social do cabelo © pélo consiste num anexo queratinoso que possui varias fungdes. Fle serve como protepio de varias areas do nosso corpo (olhos, coura cabeludo, ouvide e nariz), protecao térmica durante periodos fries ¢ adomo. O adoro pode ser uma expresso de personalidade, determinacao de diferengas culturais e biolégicas, indicagdo de starus (em algumas sociedades primitivas) e, obviamente, um valor psicolégico™, No ser humano, devido ao proceso evolutivo, os pélos nfio exercem nenhuma fungdo Vital, No entanto, do ponto de vista social, o cabelo (denominacao dos pélos na regio do couro cabeludo) é muito importante: reforgam a auto-estima, enquadra o individuo num determinado gtupo de pessoas, cultura ou etnia; além do apelo estético (pois esti associada 4 juventude e beleza') e sexual, Um fato simples que demonstra a importincia estética do cabelo pode set obtido pelos dados do crescimento do mercado de produtos cosméticos especificos dessa area, De 2001 até 2005, 0 erescimento no mercado brasileiro foi de RS 2 bilhdes para quase RS 4 bilhoes, tepresentando um crescimento anual de 18,0%°. Os xampus e condicionadores estZio no topo da lista, representando ambos uma fatia de 47% do mercado nacional, seguido de tinturas (26%) produtos de tratamento (20%). Todos esses dados demonstram a grande importincia que as pessoas atribuem ao cabelo como um dos principais agentes da sua aparéncia, Normalmente os consumidores avaliam a qualidade de um produto cosmético capilar através da primeira impresso do produto (aparéncia, embalagem, rotulagem, aspecto fisico & odor) ¢ de relagdo expectativa/performance das condigdes gerais do cabelo apés 0 seu uso, © cabelo & constantemente danificado no die-a-dia, seja através da exposigao solar, poluigdo, agua de mar ou piscina, tratamentos quimicos (tinturas, descoloracdes e alisamentos) ¢ © proprio fato de se lavar com um xampu € enxugé-lo com uma toatha. Um dos objetivos dos Produtos cosméticos é tratar os cabelos de maneira a causarem um efeito final estético que sera percebido pelo consumidor como um cabelo “saudavel”, ou seja, como um cabelo limpo, com brilho e condicionado. Para se atingir esses objetivos, os fonnuladores de produtos cosméticos devem conhecer os mecanismos pelos quais os agentes agressivos causam danos no cabelo para assim ‘pesquisarem formulas cada vez mais adequadas para cada tipo de cabelo/consumidor. 1.2. Agentes Agressivos Um cabelo recém-formado (proximo raiz) apresenta cuticulas homogéneas com bordas aredondadas. Entretanto, alguns pesquisadores demonstraram que apenas 0 uso do xampu e toalha, com um minimo uso de pente/escova e/ou exposigéo solar podem causar a deterioragdo da aparéncia cuticular**. Quiros agentes causadores de danos aos cabelos sao: escovagao, exposi¢ao feqente & luz solar, tratamentos quimicos (descoloragéo, tinturas, _permanentes, alisamentos‘relaxementos), cntre outros. Esses agentes causam alteragdes na estrutura capilar © tomam os cabelos fracas e quebradigos, dificeis de pentear e ainda podem promover alteragao de cor dos mesmos, principalmente por clareamento. 1.3. Estrutura do cabelo © cabclo ¢ um potimero biolégico protéico formado por um tipo especifico de queratina, com alta cristalinidade, denominado alfa-queratina’. O grande diferencial da queratina comparada outros tipos de proteinas ¢ 0 grande contetido de enxofre presente nos aminodcidos derivado do Acido cistéico. Quando presentes em cadeias préximas, 0s aminodcidos criam ligagdes covalentes enxofre-enxofre que conferem grande resisténcia mecanica aos fios de cabelo™*. Morfologicamente, 0 cabelo pode ser dividido em trés camadas: + Cuticula - camada mais extema do cabelo formada por sobreposigao de varias ‘camadas de células cuticulares (em torno de 5 a 10) e apresenta um grande contetido 341 cistéico™**"', A cuticula possui um efeito protetor do cortex (camada mais interna) € 2 principal interface com 0 meio onde ocorrem os processos de interface com meio extemno. E nessa regio onde se observam os principais efeitos macroscdpicos relacionados superficie como: penteabilidade, desembaragamento, brilho e aparéncia geral. - Cértex ~ Essa regidio constitui a maior parte da massa do fio de cabelo, Pode-se identificar também, granulos de melanina cujo tipo, tamanho e quantidade sao responsiveis pela cor dos cabelos e pela sua fotoprotecao!™">, O cortex é formado por fibrilas alinhadas na dirego do fio (macro e microfibrilas) na qual so contidas as a~ hélices de queratina comumente conhecidas como a-queratina. A justaposigao desses filamentos confere ao fio de cabelo as propriedades elisticas e de resisténcia mecinica. No cértex € onde os processos quimicos envolvendo descoloragio, alisamentos/permanentes ¢ algumas tinturas possuem agdo. ~ Medula ~ € a regitio central da fibra e, pode ser ausente ou descontinua em alguns casos. Como ela contribui muito pouco para as propriedades mecanicas e quimicas do cabelo e, devido a dificuldade em isolé-la, ela recebe pouca atengio cientifica’?, (@) (b) Figura 1 ~ Representagao das secgdes transversais do bulbo capilar (a) € do fio de cabelo (b) rao #4 1.4. Diferengas Morfolégicas de Cabelo Os diferentes tipos de cabelo podem ser classificados genericamente em trés grandes grupos: caucasianos, orientais (ou mongéis) ¢ afto-americanos (ou erespos). A distingdo origina- se, prineipalmente, pela diferenga na elipticidade (Figura 2). OO @& Caucasiano Crespo Figura 2 — Representago das secgdes transversais dos diferentes tipos de cabelo. O contorno em preto representa a queratinizagio da camada cuticular. ‘Apesar de se saber que formato do corte seccional possui formato eliptico, nio se sabe exalamente a sua causa, Actedita-se que a diferenea na inclinagao do foliculo pilose em relagio & superficie cuténea possa afetar o desenvolvimento do cabelo durante a sua fase de queratinizagao'’. Esse processo causa uma formac&o cuticular assimétrica (representada pela borda escura da Figura 2) que ¢ acentuada quanto maior for a inclinagao do foliculo. Assim, nas regides de menor depésito queratinico'“, hd a formagdo de pontos de tragilidade onde se promove curvatura do fio de cabelo. A acentuagao na curvatura pode chegar a casos extremos como, por exemplo, os cabelos crespos. Estudos mais recentes sugerem que a curvatura do fio de cabelo ‘repos se deve a uma programasao celular ¢ expresso protéica na regido basal do foliculo piloso associado a uma falta de simetria axial na regido do bulbo capilar fazendo com que, durante a sua diferenciagaio, o fio de cabelo adquira a conformacao curvada com corte seccional elipsoidal!”"*. A diferenga no formato do fio de cabelo afeta tanto as caracteristicas fisicas do fio de cabelo como a resisténcia mecdnica e as propriedades de superficie, como também a reatividade a agentes quimicos. Isso porque nas regides de fragilidade pode haver uma maior penetracao das substéncias €, conseqiientemente, uma maior danificaco a tratamentos quimicos. 1.3. Propriedades ténseis do cabelo Como 0 fio de cabelo ¢ considerado com unt substrato unidimensional, as propriedades que regem a fora longitudinal do fio de cabelo tém sido amplamente estudadas. As determinagdes das propriedades ténseis tém sido aplicadas para avaliagéo de agentes agressivos, principalmente se eles atuam na regio do cortex”, Deformagso Tensa0 Figura 3 - Gréfico de tensdo-deformagao de um fio de cabelo “4 3, AB — regitio Hookeana, BC ~ regio de reconstituicdo; CD — regido pés-reconstituiggo; D — ponto de ruptura. Um resultado tipico obtido nesse tipo de ensaio mecénico ¢ a curva de tensio vs. clongaydo, conforme ifustrado na Figura 2. A regidio Hookeana é onde se observa uma relagéo praticamente linear entre a tensiio ¢ a deformagaio do fio de cabelo ¢ através do seu coeficiente angular, obtém-se 0 médulo elastico (ou médulo de Young). Na regio BC 0 cahelo se deforma em grande extensfio com pouca forga e no ponto D observa-se a ruptura do fio de cabelo. O médulo eléstico (E,) é proporcional a: HL. ered @ Onde: H- coeficiente angular na regio Hookeana; L- comprimento da fibra AL - extensio da fibra A ~ frea transversal Ou seja, quanto maior o comprimento da fibra, maior seri o médulo elastico e, inversamente, quanto maior a érea transversal, menor seré o valor de Es. A estrutura alfa-queratina do cabelo é bastante similar & estrutura de a-hélice presente na conformagao das proteinas, apresentando-se quando 0 fio de cabelo ndo esta sob agtio de forgas longitudinais, Apés 2 ago de forgas de estiramento, a queratina adquire a conformagao B, na qual as proteinas esto completamente estendidas. Na regio de linearidade, as a-hélices comegam a s¢ desenrolar para a configuragdo beta ‘sem qualquer perda das forcas coulémbieas. Na medida em que a forga de estiramento atua, hia progressio da mudanga termodinamica de fase da proteina. Essa alterago ocome com uma Pequena variagdo da tensfo comparada a deformagio, demonstrando a relago constante entre esses valores na regido de reconstituig&o. No inicio da regio de pés-reconstuiggo, a proteina se encontra completamente desenrolada ¢ as forgas afuantes para se continuar o proceso de alongamento da fibra capilar so as covalentes. Observam-se entdo, as quebras das ligagées dissulfidicas até se ter o rompimento do fio. Outros parémetros importantes que se pode obter em um estudo de tensio-deformagao sio: tenso de ruptura, forea maxima na ruptura, trabalho de clongagdo e alongamento maximo, Os valores de tenso a 15% e 30% de elongagao foram determinados como independentes de nao-homogeneidade da seco transversal do fio” e por isso também so considerados convenientes na determinagao de alteragdes nas propriedades ténseis do cabelo”! devido a agentes danificadores. 1.6. Cor 1.6.1. Medidas de Cor A cor é um fenémeno éptico provocado pelo estimulo de células especializadas na retina pela radiacto eletromagnética numa determinada regio do visivel. Entretanto, a denominagao de uma determinada cor é subjetiva por no haver uma medida escala fisica de medida, 0 que pode levar a diferentes formas de sua interpretagao. Um grande nimero de fatores pode influenciar na cor percebida, como: fonte de iluminagao, sensibilidade do observador, diferengas de tamanho das diversas reas coloridas, diferengas no fundo, diferengas na dirego da visio, entre outros. Para harmonizar um método de se expressar a cor numericamente, uma organizagao internacional relacionada aos assuntos de cor ¢ luz (CIE — Comission Intemationale de PEclairage) desenvolveu virios sistemas, sendo os mais conhecidos os espagos de cor Yxy (desenvolvido em 1931) ¢ o L*a*b* (desenvolvido em 1976). Em vista da maior facilidade no entendimento deste tltimo sistema, tem-se percebido sua maior utilizagdo. (a) () Figura 4 — Diagrama de cor. (a) Espago de cor tridimensional L*a*b*; (b) Visualizagtio do plano cromitico (eixos a* e b*), ssarado de 22 Conforme a Figura 4, 0 espago de cor L*a*b* é uma representag&o cartesiana tridimensional contendo trés eixos de cor, sendo que cada um representa: © L* — luminosidade (escuro-claro) e seus valores variam de 0 a 100. Quanto maiores os valores de L*, mais clara estaré a amostra; * a* ~o eixo cromético verde-vermelho ¢ seus valores variam de -60 a +60. Quanto mais positivos os valores de a*, mais vermelha sera a amostra (¢ vice-versa); * b* ~ 0 cixo cromético azul-amarelo e seus valores variam de -60 a +60. Quanto mais positivos os valores de b*, mais amarela sera a amostra (e vice-versa). Dessa forma, qualquer cor pode ser representada por 3 valores indicando sua posi¢do dentro do espago de cor. 1.6.2. Cor do Cabelo A cor do cabelo ¢ determinada pela presenga de granulos de melanina presentes na regio do cortex. Os pigmentos podem ser subclassificados de acordo com sua colorag’o como eumelaninas (coloragéio marrom a preta) ou feomelaninas (coloragao avermelhada). A melanina se apresenta na forma de grinulos de dimensdes aproximadas de 0,4 a 1,0 um de comprimento ¢ 0,1 a 0,5um de largura. As eu e feomelaninas possuem rotas sintéticas comuns, sendo diferenciados apenas a partir de certa etapa da reago. A Figura 5 apresenta um mecanismo de formagao das melaninas proposta por Prota”™’, Ciewzacdo Tirosina ——» Dopa ——* Dopaguinona Polreaario Cisteina ~ sity ( ty flim S—CHy—U CO, # Ot $-$-Cistem! DOPA, mimenzact | cinizscao Feomelaninas Figura 5 — Mecanismo de formagao de eumelanina ¢ feomelanina proposto por Prota “#4 #??, Conforme o diagrama acima, a tirosina € primeiramente oxidada a DOPA e, posteriormente, a dopaquinona. Caso nao haja presenga de cisteina, a dopaquinona softe uma ciclizagao ¢ posterior polimerizagao formando a eumelanina, No caso da presenga de cisteina, a dopaquinona softe uma reagio formando um intermediario chamado $-S-Cistenildopa ¢ outros isimeros. A ciclizagio e polimerizagao desse intermediario forma a feomelanina. Como os dois tipos de melanina se formam através de rotas metabdlicas semethentes, acredita-se que os pigmentos so formados no mesmo cabelo dependendo da quantidade de cisteina presente no melanécito. As diversas coloragées de cabelo existentes so determinadas nao somente pela diferenga na composigao da quantidade de cada tipo de melanina, mas também no diferente grau de agregacao e dispersio da eumelanina™. Apesar da diferenga de contetdo cistéico da cumelanina comparado com a feomelanina, acredita-se que as propriedades fisico- quimicas sejam bastante similares. Até 0 presente momento nfio se sabe se essa diferenga pode ter influéncia nas propriedades mecdnicas do fio de cabelo inato (virgem). 1.6.3. Fotodegradacdo das melaninas ‘A melanina possui a fungio de prover certo grau de fotoprotegao 20 cabelo, principalmente na regitio do UVB (254 a 350 nm), onde ela possui maior absorgao. Os pigmentos absorvem a radiagio eletromagnética, sofrem uma excitagio eletrénica e, no relaxamento, dissipam essa energia geralmente na forma de calor. Como conseqiiéncia, a melanina é degradada. Um mecanismo proposto* sugere que a degradacéo da cumelanina resulta em uma abertura do ancl quindnico por dois processos: reacao iénica (ou degradagdo quimica) na qual ha um ataque nucleofilico por um anion resultante do HO»; ou através da reagdo radicalar (degradagéo fotoquimica) na qual 2 eumelanina softe uma excitagdo eletrénica e, posteriotmente, teage com um oxiggnio aniénico radicalar (gerado por degradagao de algum componente no cabelo) causando uma abertura no anel quinénico (Figura 6). So—0=11 0° 6? ° Cee [2 fo 0 oo xx ca i | — Aw TO AWRY % Bg Intermediario Eumelanina ee Excita Figura 6 - Mecanismo de degradagao da melanina “*P#¢°%?5, A diferenca em termos de fotoprotegao entre # feomelanina ¢ a eumelanina é contraditéria na literatura. Wolfram’ sugere que a feomelanina € mais resistente comparado com a eumelanina. Um estudo de Hoting” mostra que os pigmentos presentes em cabelos castanho- claros sto danificados por toda regio do espectro solar (UV e visivel) e as cumelaninas sto mais, estdveis e promovem um efeito fotoprotetor mais acentuado. 1.6.4, Degradagdo Quimica da Melanina A descoloragdo do cabelo através de um produto comercial ocorre em duas etapas Gistintas: a dissolugao dos grinulos de melanina e o clareamento (ou descolorago) propriamente dito. A primeira fase ocorre geralmente sob agdo de um oxidante especifico, como o per6xido de hidrogénio. Quando os grénulos estiverem “disponiveis”, eles so descolorides de acordo com a forga do agente oxidante (segunda fase) sendo comumente utilizado, o perssulfato. Um mecanismo de degradagio quimica da eumelanina proposto por Slawinska”’ foi explicado no item anterior. Nao ha estudos especificos sobre diferengas nas descoloragées quimicas entre a feomelanina ¢ eumelanina. Entretanto, devido & similaridade dos pigmentos em termos de estrutura ¢ rota metabélica, acredita-se que o nivel de danificagdio seja similar’, 1.7. Andlise estatistica de dados A estatisticn ¢ uma ciéncia que visa auxiliar o planejamento de um experimento, coleta de tesultados, tabulacdo, andlise e interpretagdo de dados”’. Ela consiste numa ferramenta que pode rover informagées que nos permite responder questées relativas a uma observagdo na natureza, Por exemplo, sabe-se que em processos biologicos, cada individuo é diferente de outro ¢ a sua reatividade perante algum estimulo apresentara variagdes em momentos diferentes, Entio, se um tratamento aconteceu de forma aleatéria dentro de um grupo de pessoas, o produto realmente teve um efeito adequado, se 2 coleta de dados foi correta entre outros pode ser respondida com a estatistica, Quando se realiza um estudo, normalmente se coletam varios resultados € se calculam alguns valores para se ter uma idéia da tendéneia dos resultados (média) ¢ da sua dispersto {desvio padrao e/ou intervalo de confianga). No caso de estudos comparativos, as duas séries de resultados so avaliadas de acordo com ferramentas estatisticas apropriadas e 0 resultado expresso normalmente se dé por um valor denominado como “p” ou “valor de p” ou “nivel de significdncia”. Esse mimero fornece uma idéia da “distincia” que existe entre os valores de dois estudos (ou mais) dizendo se 0s seus resultados podem ser considerados como “equivalentes” ou “distintas”. De maneira geral, 0 valor de p adotado para que se considere que duas (ou mais) distribuiges de dados sao distintas deve ser menor ou igual a 0,05 (au 5%) sendo escrito como 10 p<0,05. Obviamente, dependendo do tipo de resultado ou andlise realizada, o nivel de significancia adotado pode ser alterado baseada em alguma justificativa fundamentada como a grande disperso natural de resultados ou a variabilidade existente de um experimento. Os dados numéricos podem ser ciassificados como continues ou discretos, sendo que no primeiro caso os valores variam indefinidamente dentro de uma faixa estabelecida, Dados fisicos ‘como massa, volume, altura, temperatura ¢ outros so tratados dessa forma. Os dados discretos normalmente possuem essa denominagao porque podem apresentar apenas determinados valores (normalmente nimeros inteiros) como a idade das pessoas, quantidades de objetos e outros Dependendo do tipo de dado ntilizado, existe uma técnica estatistica adequada para a sua anélise sendo chamado de andlises paramétricas para dados continuos e ndo-paramétricas para os discretos. A. Estatistica possui duas areas de atuagdo, a estatistica descritiva e a estatistica inferencial. A primeira esta envolvida com as informagées relativas @ organizago, resumo ¢ apresentagio de resultados, enquanto a segunda, auxilia na dedugdo sobre comparagio de amostras ou mesmo numa grande populagdo quando apenas uma parte (uma amostra) ¢ estudada. Maiores informagdes sobre as diversas ferramentas existentes na Estatistica e detathamentos sobre conceitos podem ser encontradas em diversas literaturas””“”. 2. OBJETIVOS Atualmente ha poucos relatos na literatura cientifica que demonstrem efeitos comparativos de danificagées em tipos diferentes de cabelos (caucasiano, afro-americano e mongoldide). A maioria dos trabalhos mostra resultados obtidos com um tinico tipo de cabelo em termos de um tinico tipo de danificagdo. Como as condig6es experimentais sao, frequentemente, diferentes, nao é possivel comparar a resposta de diferentes tipos de cabelo a estas danificagdes, Em vista desta auséncia de dados comparativos consistentes entre 08 diversos tipos de cabelos ¢ as danificagévs promovidas e, considerando que essas informagSes possuem retevancia para futuras pesquisas de base, esse projeto vis 1. Obter e comparar propriedades mecanicas e de cor de diversos tipos de cabelo (afro- americano, caucasiano ¢ mongoléide) na forma inata (virgem), 2. Obter e cormparar propriedades mecinicas ¢ de cor para estes cabelos agredidos por descoloragio, permanente/alisamento ¢ exposigo solar. 12 3. PARTE EXPERIMENTAL 3.1 Mechas de Cabelo As mechas de cabelo utilizadas foram: caucasiana castanho-escura, caucasiana Piedmont (albinas), afro-americana crespa ¢ oriental, todas na forma “virgem’ (on seja, sem qualquer ‘tratamento quimico realizado). Elas foram adquiridas através da empresa De Meo Brothers, N.Y. que garante a qualidade das mesmas através da mescla de fios de cabelo provenientes de cabegas de varios individuos para cada tipo de eabelo, © cabeto Piedmont possui essa denominagdo, pois suas caracteristicas sto semelhantes Aquelas da populagdo proveniente da regio de Piedmont ({télia), sendo considerado tipicameme como albino. “A utilizagio desse tipo de cabelo serve para comparar seus parametros com os do cabelo caucasiano sem obter influéncia da coloragao da mecha, O cabeto afro-americano foi forecido “a granel” enquanto que os outros tipos de cabelo Jf se apresentavam colados em tiras de, aproximadamente 10 em de largura. Os eabelos tinham comprimento aproximado de 25 em. Apés a realizagao do estudo, a De Meo Brothers informou verbalmente que as mechas fornecidas como “afto-americanas” na realidade so cancasianas “encrespadas” por uma técnica desenvolvida pelo fornecedor que utiliza processos térmicos € ndo tratamentos quimicos. Em vista disso, os resultados referentes a esse tipo de cabelo serdo mencionados como “caucasiano crespo” ou simplesmente como “erespo”, 3 = Figura 7 —Exemplo de mechas fornecidas a “granel”" ‘As mechas de cabelo crespo foram preparadas separando cerca de 2 g de cabelo © amarrando um barbante préximo da regitio da raiz. Os outros cabelos foram preparados cortando- seas tiras de modo a se ter aproximadamente a mesma massa. 3.1.1. Pré-tratamento das mechas de cabelo ‘As mechas de cabelo de 2 g e comprimento de cerca de 10 cm foram lavadas com solugo aquosa de 10% de Lauril Eter Sulfato de Sédio (LESS) através de massagem digital por 2 minutos. Em seguida elas foram enxaguadas com Agua corrente (2043°C) de modo a eliminar completamente 0 detergente presente, Em seguida as mechas foram secas ao ar e guardadas em sacos plisticos com fechos herméticos na temperatura ambiente por, aproximadamente 7 dias antes da realizagao dos ensaios. objetivo desse processo é remover as sujidades e impurezas presentes sobre a fibra capilar, mesmo que “superficialmente” (simulando uma aplicago cosmética com produto anti- residuo). Sabe-se que para remover totalmente depésitos adsorvidos na superficie do cabelo é necessirio que 0 mesmo seja submetido a um processo de extrago por solvente, como descrito na literatura **, 14 3.2 Materiais Diversos Diversos materiais aplicados durante 0 manuseio ¢ ratamento das amostras foram utilizados: Juvas de litex, sacos plisticos descartéveis com fechos herméticos, barbantes, tiquetas adesivas e vidrarias diversas. 3.3 Danificagdo dos cabelos com agentes agressivos O tratamento do cabelo com agentes agressivos se divide em duas categorias: danificagio quimica através da descolorag2o e alisamento/permanente; e a fisica, pela exposiedo & radiagiio solar, Para os tratamentos quimicos foram escolhidos produtos comercialmente disponiveis. O motive dessa escolha se deu pela importincia mercadologica das marcas escolhidas para cada categoria de produtos; e pela fabricagao nacional, o que facilita a aquisigao desse material e, Posterior contato com o fabricante caso necessitio. 3.3.1. Descoloragao As mechas foram submetidas a tratamento com um pé descolorante comercial Shizen Lightener (a base de perssulfato de aménio e potissio) com égua oxigenada 40 vol. do fabricante Shizen. © pé descolorante ¢ a agua oxigenada foram misturados na proporsdo de 1:2 (m/m), respectivamente. A proporeio € indicativa apenas para se obter uma melhor homogeneizagao da mistura, De acordo com consulta a profissionais de salio"*, a mistura utilizada é bastante similar & utilizada normalmente em processos de descoloragio, Apés a homogencizagao, a mistura foi aplicada sobre as mechas com as maos devidamente protegidas com luvas de latex (cirtirgicas) com auxilio de uma espénula de metal. As mechas foram mantidas em repouso por 40 minutos ¢ entio, enxaguadas em agua corrente (203°C) a fim de se retirar todo o produto. O proceso de descoloragao foi repetido para se ter um total de duas descoloragdes em cada tipo de cabelo. Depois de completadas as duas etapas, as mechas foram secas na temperatura ambiente ¢ guardadas em sacos plasticos com fechos herméticos. 1S, 3.3.2, Alisamento ‘As mechas foram submetidas a tratamento com um “kit” alisante comercial Wellin Vital para Cabelos Crespos do fabricante Wella. Q produto € composto pelo creme alisante (agente redutor base de tioglicolato de etanolamina e aménia) ¢ pelo agente oxidante (a base de perdxido de hidrogénio) que é conhecimento comercialmente como produto “neutralizante”. © mado de aplicagao foi feito com as maos devidamente protegidas com ume luva de litex. Em seguida, o repouso foi mantido conforme orientagfo do fabricante (20 minutos). Em seguida as mechas foram enxaguadas com Agua corrente até a climinagdo total do produto. ‘Apés essa fase, foi aplicado o neutralizante sobre as mechas de cabelo de forma abundante mantendo o tempo de ago por 15 minutos. Entdo, elas foram novamente enxaguadas com agua corrente (203°C). Depois de completadas as duas etapas, as mechas foram secas a temperatura ambiente ¢ guardadas em sacos plisticos com fechos herméticos. Como o proceso de atisamento © permanente s4o similares quimicamente, mudando apenas o aspecto final esperado (em um caso, espera-se 0 estiramento da fibra capilar, enquanto que no outro, 0 cacheamento do mesmo), as mechas de cabelo resultantes desse proceso serio referidas como alisamento/permanente. Nesse trabalho, as mechas foram submetidas apenas ao processo fisica de estiramento da fibra capilar (alisamento) ¢ ndo ao permanente. 3.3.3. Exposigdo a Radiagao Solar ‘As mechas de cabelo foram expostas utilizando um equipamento dotado de uma Kimpada de arco de xenénio de 1500W, chamado Xenotest® 150 da marca Original Hanau. A emissio da luz corresponde A distribuigo espectral 4 luz dia (D65) conforme apresentado na Figura 8 € possui uma intensidade aproximada de 180klux, cerca de 1,5 ver a intensidade da radiagdo a0 meiodia de um dia de veréo na Europa Central ou Miami, com céu descoberto e sobre a superficie do solo™. 16 Enerais snectiat sunicages rei) 190-— Bos bo a 20 ° — _ voc eg «00 S00 #00 800 $63 woe THO. ‘compamanto ae ona iam Figura 8 ~ Distribuigao da cnergia espectral da radiagdo solar e aquela emitida pela limpada de 6 ) Radiagao global: radiagao do sol sobre planos horizontais em latitudes médias: Ho do foco do Xenotest® 150, © Xenotest ¢ dotado de um conjunto de filtros que permite ajustar a radiagao obtida artificialmente de acordo com o tipo de teste especifico: ensaios com radiagao simulando a luz passante através do vidro comum; e easaios com radiagdo simulando a luz solar ao ar (esta tiltima condigao foi aquela adotada nesse trabatho). © eqnipamento ¢ dotado de um porta-amuostra que circula numa distineia de 10 em em tomo da limpada de xenénio e permite a insergao de até 10 suportes simultaneos, cada qual com uma area de exposigdo a lémpada de 100x45 mun. A refrigeragdo do equipamento ¢ feita por meio de um fluxo de ar oriundo de um ventilador situado a meia-aitura do instrumento. ‘As mechas foram expostas por 200 h de forma continua, com uma imadidincia média na regido do visivel de 0,123 W/em’ e ma regidio do UVA de 0,00441 Wiem?. A temperatura dentro da cémara de exposigao foi de 60°C ¢ a umidade relativa de 40%. Considerando a especificagao do equipamento mencionado anteriormente, as duzentas horas dentro da camara equivaleriam a 300 horas de exposigao solar natural do sol de meio-dia de um dia de vero na Europa ou Miami. Se considerarmos uma incidéncia de 10 horas por dia, isso equivaleria a, aproximadamente, 30 dias de exposigdo natural. 7 3.4 Ensaios de Tensao-Defarmagao (TD) 3.4.1. Preparagdo das amostras para ensaios de TD ‘As mechas de cabelo foram mantidas na mesma sala do equipamento por, pelo menos 24h antes do inicio do estudo. A temperatura e umidade foram controladas: (2242)°C e (50+5)%. 3.4.2, Aquisigdo das curvas de TD Os ensaios mecanicos foram realizados com uma méquina de ensaios universais da marca EMIC. Foram utilizados uma célula de carga de 10 N e dois tipos de garras para efeito comparative: uma com aperto simples ¢ prendimento por mordentes lisos e outra de aperto neumiitico com prendimento por mordentes lisos e caracol atenuador de tensdes de geometria. Antes do inicio do ensaio, mediu-se 0 diametro de cada fio (na regido mediana ¢ em triplicata) com auxilio de um micrémetro Mitutoyo. Apés as medigdes dos trés valores, caleulou- se a média que foi considerada como didmetro seccional médio do fio de cabelo. A segao transversal foi considerada como cilindrica para todos os tipos de cabelo pela dificuldade em se obter valores exatos dos didmetros maior e menor dos fios de cabelo de forma répida e precisa. ‘As condigdes ajustadas para a realizacao dos ensaios de tragdo foram feitas através do ial das garras de 5 em, velocidade das garras de 10 mm/min®’. Um total de 40 fios por amostra foi tracionado. software fomecido com o equipamento: distancia i ‘Apés cada ensaio, 0 software fomeceu um relatério que pade ser impresso com os seguintes parametros para cada fio: didmetro do fio (mm), comprimento base (mm), forga maxima (N), tensio na forga méxima (MPa), tensio a 15% (MPa), tensio a 30% (MPa), alongamento maximo (%), médulo de elasticidade (MPs). O programa também apresenta os valores de média, mediana, desvio padrdo ¢ coeficiente de variagdo para todas as amostras, além de um grafico de tenséio (MPa) por deformagao especifica (%). 3.4.3. Determinagéo da garra para realizagdo de ensaios de TD Quarenta fios de cabelo caucasiano descoloride foram tracionados com os dois tipos de garras nas mesmas condigdes (conforme descrito no item 3.4.2). Os dados foram analisados quanto A variabilidade nos resultados entre garras ¢ intra-amostral. ‘A anélise dos resultados dentro da mesma amostra demonstrou que, para amostras tracionadas com 2 garra de aperto simples houve uma diferenga significativa (p<0,05) 18 comparado os primeiros 20 resultados com os 20 Ultimos para os parémetros: tensio na forga maxima e 0 médulo de elasticidade (vide Anexo A). Figura 9 amas pneuméticas dispontveis para estudos de ensaio netic de fos (a) Garra com aperto simples; (b) Garra com aperto pneumitico (* representa © caracol de atenuagdo de forgas)”. Na comparagdo entre as duas garras, nota-se uma diferenga significativa nos valores obtidos para Alongamento Maximo e Médulo de Elasticidade, Para a garra de aperto pneumatico, esses valores sfo, respectivamente, maior e menor, quando comparados a garra de aperto simples. A diferenga nos resultados pode ser devido a diferengas na construgiio das mesmas, A garra pneumitica possui em sua construgo, um caracol para atenuar tensdes de geometria, isso faz com que se evite o rompimento do fio dentro da garra, Dessa forma, este foi considerado como o mais indicado para ensaios de tragZo de fios sendo escolhido para todos os ensaios mecanicos nesse projeto. 3.5 Medidas de Cor do Cabelo As medidas de cor foram feitas através do espectrofotdmetro de refletincia difusa GretagMacbeth Color Eye 2180UV. © equipamento possui uma fonte de luz de xendnio avaliando uma faixa espectral de 360 2 740 nm ¢ expressa os resultados de acordo com varias esealas de cor escolhidas pelo usuario. As condigies de medida utilizaram iluminante D65 Angulo de observagiio de 10°, Os resultados obtidos foram expressos através do sistema de cor L¥aMb* (CIE). As medidas foram feitas em diferentes pontos da mecha de cabelo: na raiz, no 19 meio ¢ na ponta. Foram obtidas duplicatas de medida girando-se a mecha no porta-amostra do equipamento. De acordo com os resultados obtidos, foi considerando como uma alteragao perceptivel de cor as diferengas de DE* maiores que 1,0°°. 3.6 Andlise estatistica dos resultados de ensaio de TD e cor Geralmente, @ variabilidade dos resultados experimentais obtidos de materiais ou fenémenos de origem biolégica, nao segue uma distribuigdo normal. Nesta Dissertacao, todos os dados gerados foram submetidos a uma anélise estatistica de normalidade (histograma € grafico de distribuigéo normal) de modo a se verificar quais modelos estatisticos poderiam ser empregados para avaliagao dos resultados. Além da analise visual das curves, foi feita uma andlise através do método Kolmorogov-Smimnov™, na qual se p>0,05 a distribuicdo é considerada como normal. 20 m 2 f p> A Data Varies, Data Values cu thy 1 Score Dats Values Datta Values, we wd Figura 10 - Graficos enjos dados nfo seguem uma distribuigdo normal ~ (a) distribuig#o distorcida & direita; (b) distribuigdo distorcida 2 esquerda; (c) distribuigéo altamente dispersa {com cauda longa); (d) distribuigao levemente dispersa Durante a andlise da normalidade do conjunto de dados, uma das informagées obtidas é 0 nivel de distorgo das curvas em relagdo ao que seria considerado como proximo a distribuigao “normal”. Quando os dados niio seguem a normalidade, podem ser observados pelos grificos da Figura 10, algumas distorgdes que podem ter aspectos diversos dependendo de como o conjunto de valores esta distribuido. Por exemplo, quando a distribuigao esté distorcida a direita (Figura 10a), significa que um maior nimero de dados estéo mais agrupados nas primeiras regides de distribuigao, enquanto que hi uma dispersio grande para os tiltimos valores. O andlogo ¢ © ‘mesmo para as outras figuras. a Data Values Figura 11 - Exemplo de uma distribuigao de dados que segue a normalidade”’, Os graficos apresentados no Anexo B mostram que a dispersdo dos dados obtidos para todos os cabelos virgens pode ser considerada como uma distribuiggo normal, diferentemente do esperado. Assim, todos os resultados obtidos para cada parémetro avaliado, foram avaliados de acordo com téenicas paramétricas. Utilizou-se a andlise de variéneia (one-way ANOVA) € 0 Bonferroni para se verificar e identificar as diferengas entre danificagdes, respectivamente. Os valores de significdncias com p<0,05 foram consideradas como suficientes para considcrar a comparagdo feita como significativas (¢ denominadas como tal) ¢ a presenga de uma tendéncia de diferenga para 0,05MPa Elasticidade, 10° MPa. Maximo, 9% Virgem 6442 2,9+0,1 3,840.2 8042 Descolorido Mt 2,740.2 3,7£0,2 8343 Alisado/ Permanentado 6343 3,2+0,1* 4420,2* 8843+ Iradiado 6642 2520,1" 3.7202 722 *Resultados estatisticamente distintos dos do cabelo virgem (p<0,05). Conforme os dados obtidos, a tens#o na forga maxima foi significativamente maior para o cabelo submetido ao processo de alisamento/permanente, enquanto se observa o comportamento oposto quando realizada © processo de envelhecimento avelerado (p<0,05). Para o médulo de clasticidade e alongamento maximo, 0 tratamento por alisamento/permanente proporcionou wn aumento significativo nesses valores. Cabelo Crespo A Tabela 4 apresenta os resultados obtidos para o cabelo virgem ¢ as diversas danificagdes para os parimetros de diimetro, tensio na forga maxima, médulo de elasticidade e alongamento maximo. 26 Tabela 4 — Resultados obtidas (médiatIC95) através do ensaio de tensio-deformago para os cabelos Crespos virgem e danificados. . ‘Tensio na Forga Médulo de Alongamento Tipo de Cabelo | Didmetro, win asyima, 10°MPa Elasticidade, 10°MPa Maximo, % Virgem 243 20402 34402 slt6 Descoloride Rs4 1,940.2 3,6£0.2 5826 Alisedo! pene to 124 1940, 3,220.2 7044" Irradiado TB#3 18£0,1" 5523 Resultados estatisticamente distintos dos do eabelo virgem (p<0,05). A exposigiio causada pare esse tipo de cabelo proporcionou uma redusdo significativa na tensfo na forga maxima comparado com o cabelo virgem apesar de, numericamente, ter pequena variagio. O valor de alongamento maximo é discriminado para o tatamento de alisamento/permanente comparado com os outros, tendo valores mais altos (p<0,05). Cabelo Oriental A ‘Tabela 3 apresenta as resultados obtidos para 0 cabelo virgem ¢ as diversas danificagdes para os parémetros de Diémetro, Tensio na Forga Maxima, Médulo de Elasticidade ¢ Alongamento Maximo. Tabela 5 — Resultados obtidos (média+IC95) através do ensaio de tensio-deformagio para os cabelas virgens ¢ danificados Oriental. ‘ a Tensio na Forga Médulo de Alongamento Tipo de Cabelo | Diémetro. um — taximma, 10°MPa_Elasticidade, 107MPa Maximo, % Virgem 7643 2,62 0,1 3,340.2 8242 Descolorido 6842 28402 3,642.2 8542 Alisado/ Permanentado 8043 22201* 3.2401 8443 Exposto 7543 2,240.17 3,54 0,2 764 3* *esultado estatisticamente distinto do cabelo virgem (p<0,05). 27 Para esse tipo de cabelo, os valores de Tensio na Forga Maxima para os cabelos Alisado/Permanentado e Exposto sto significativamente menores quando comparados ao cabelo virgem (p<0,05). Comparando 0s valores de Alongamento Maximo, o cabelo exposto apresenta resultado estatisticamente menor comparado as outras formas de tratamento (p<0,05). Apesar das variagdes nos valores, nao se observa uma diferenga eatre os outros resultados. 4.2, Ensaios de Alterago de Cor A Tabela 6 apresenta os resultados obtidos nos ensaios de cor para as amostras estudadas © sio expressas em diferenga total da cor (DE*) Tabela 6 — Diferenca total de cor, DE* (média), para os cabelos estudados. Tipo de Cabelo Descolorido Pe Liselaaey 0 Inradiado Piedmont 5,8* 27 3,7 Caucasiano 656,77 1,5* 1,2* Crespo AQT" 1,6* 24F Oriental 524,5* 1,6* 1,6* * resultados estatisticamente distintos dos do cabelo virgem (p<0,05). A tabela acima mostra que a variagdo nos valores de cor antes ¢ apds o tratamento similar para os cabelos de cor escura (crespo, caucasiano e oriental). J4 para o cabelo Piedmont, a variagio na coloragio total é menor, para os diversos tipos de danificacao. A anilise estatistica dos resultados mostra que para a variagdo total de cor, 0 cabelo considerado como virgem & significativamente diferente (p<0,05) aos cabelos danificados por qualquer processo. Os resultados obtidos para cada eixo de cor (L*, a¥ e b*) de acordo com as diferentes formas de danificaydo so apresentados para os respectivos tipos de cabelo na Tabela 7. 28 Tabcla 7 — Resultados obtidos de cada parametro de cor CIELAB (médiatIC95) através do ensaio de cor. epsaio de cor Cabelo Tratamento L a b 4] —~"_- 4+ ES Virgen 74,0 + 0,3 3,140,3 17,7406 Descolorido 79,7 +0,2* 2,340,1* 17,3404 Piedmont Alisado/Permanentado 74,8 40,2" 3.2203 20,3 + 0,5* Irradiado 74,8 + 0,5* 21402" 21,1 +0,8* Virgem 19,0 +0,3 3,440,2 18404 Descolorido 45,0 +0,3* 13,140,2* 26,9 + 0,3* Caueasiano Alisado/Permanentado 20,2 + 0,4* 3,540,1 2,640.2" irradiado 20,2 + 0,3* 3.340,2 1,9403 Virgem 18,0+0,2 2820.2 1,1+0,2 Deseolorido 45,2 +0,4* 15,8 + 0.5* 27,8 +0,3* Oriental Alisado/Permanentado 19,2 + 0,3* 2640.1 2,1+0,2* Irradiado 19,8 + 0,4* 2,740.2 2,3 +0,3" Virgem 16,2 + 0,2 2,14£0,2 3,0+0,3 Descolorido 51,6+0,3* 8,3 + 0.6* 25,1 20,8* Crespo Alisado/Permanentado 17,5+0,2* 3,1+0,2* 2,640,1 Inradiado 17,5 + 0,2* 3,040,2* 3,3 £0,3 * resultados estatisticamente distintos dos do cabolo virgem (p~0.05). A partir dos resultados apresentados acima, nota-se que para todos os tipos de cabelo ha um aumento significative na luminosidade (L*) nos diversos tratamentos, enquanto que os pardmetros do eixo cromitico (a* e b*), tiveram menor variagdo. 29 5. DISCUSSAO 5.1. Ensaios de Tensdo-Deformagao (TD) Através dos resultados de tensio-deformagao, pode-se verificar que, para maioria dos parimetros avaliados, a dispersio dos dados para o cabelo submetido a alguma danificaga0 ¢ maior quando comparado ao cabelo virgem, como pode ser ilustrado através de alguns graficos Box-Plot (Figura 13), ‘A dispersdo nos dados pode estar relacionada com a diferenga na interagio dos agentes, agressivos fio-a-fio durante a aplicagiio dos respectivos processos. Apesar do cuidade usado no preparo ¢ tratamento das mechas de cabelo, pode ter havido padronizasao insuficiente nos procedimentos, o que causaria esta variabilidade. Entretanto, € possfvel que cada fio de cabelo interaja de forma diferente a agentes extemos, proporcionando uma vatiabilidade dos resultados. Isso pode ser devido propria diferenga na estrutura morfolégica de fio para fio como, por exemplo, a composigdo melandtica ou as caracteristicas hidrofébicas-hidrofilicas' que causam uma diferenga na forma de interagio das substincias ao fio de cabelo, A variagdo na composigio de melanina das fios de cabelo pode fazer com que 0s agentes oxidantes que atuam na degradagio da melanina (radiagao ultravioleta, peroxides © outros utilizados nesse trabalho) tenham niveis de agdo variados em cada fio devido 4 relagao oxidante/melanina, © que conseqiientemente pode levar a diferengas nos niveis de danificagdo do cabelo. A afinidade com agua pode variar também de acordo com o estado do fio de cabelo. Quando ha danificagdes que exponham as camadas interiores da cuticula, ou mesmo 0 cértex, © cabelo tende a apresentar maior hidrofilicidade ¢ © andlogo ocorre quando o cabelo ests mais integro. De qualquer maneira, estudos especificos seriam necessarios para se determinar os fatores que promovem essa dispersdo nos resultados. 30 ox Pot (Compa in npr sae ox Pet (Caucasians Inport 24 26 . . nad — a ae eat re rao na Fue @) ) ac PCa Ort ox Pot (A pa ttn 2 = ik | mi aL ee oa Pl ©) an "Moe. eae @ Few Due Range Pera Figura 13 — Box-Plot de algumas propriedades dos cabelos estudados mostrando 0 aumento da dispetséio de dados do eabelo descolorido em relago ao virgem. S11 Cabelos Virgens Diémetro A técnica de medigo do diametro dos fios de cabelo estudados consiste em utilizar um micrmetro para medigdo do seu didmetro. © equipamento possui duas pingas cilindricas que prensam o fio entre elas, medindo assim a sua espessura, 31 (b) pingas a (a cilindricas pepe fio de cabelo © @ Figura 14— Esquema simplificado do micrometro para medig&o da espessura do fia de cabelo: (a) esquema com representagao tridimensional. As selas em azul representam a diregio do deslocamento das pingas; (b) mesma representago de (a) em duas dimensdes; (¢) medida da espessura do fio de cabelo. Sabe-se que o fio de cabelo possui um corte ovalado apresentando assim um didmetro maior e outro menor. Como a medig&o de sua espessura se da por contato é provavel que a 0 valor determinado seja através do didmetro maior do fio. Isso porque ado hé como garantir, através dessa técnica, que a medida sempre ocorra pelo diimetro menor do fio devido a propria otagio natural que existe no fio de cabelo em tomo do seu eixo axial. Utilizando esses dados com aqueles disponiveis na literatura sobre a elipticidade do fio de cabelo’, é possivel caleular 0 didmetro menor e assim verificar as faixas de valores obtidos comparados aos da literatura, 32 Tabela 8 — Médias de didmetro maior e menor obtidos neste trabalho, ¢ valores da literatura’. Os valores de referéncia para o cabelo Piedmont e Caucasiano foram considerados os mesmos visto jue ambos so considerados como Caucasian po de C: Diimetro Diametro | Faixa de Didmetro ‘ Tipo de Cabelo | Ninior jum | Menor/am | da Literatura | Elipticidade’ Piedmont 1 56 47464 135 Caucasiano 64 47 Oriental 76 6 62280 1,25 Crespo R 41 52091 175 Conforme observado na Tabela 8, as faixas de diémetro para os cabelos caucasiano/Piedmont ¢ oriental, esto concordantes com aqueles reportados em referéncia, Entretanto, 0 cabelo dito crespo fica no intermédio das faixas da literatura do cabelo caucasiano com 0 crospo. Isso ocorre porque 0 cabelo crespo utilizado néo ¢ um cabelo de origem afro, conforme explicado anteriormente no item 3.1. ‘Tensto na Forea Maxima Os valores de tensio da forga maxima so obtides através de uma relagdo entre os valores de didmetro da fibra e a forga maxima de ruptura do fio. ‘No caso do cabelo caucasiano, observam-se valores significativamente mais baixos para 0 diametro dos fios associado a uma forga de ruplura maior, resultando num maior valor de tensio. Para o cabelo crespo se observa 0 comportamento opasto. De acordo com Tate ¢ colaboradores”, o valor obtido para Tensfo na Fora Maxima do cabelo caucasiano ¢ de 3.3 + 0,3 (x 10? MPa), utilizando uma velocidade de estiramento de 40% da distancia inicial por minuto sem mencionar dados mais detalhados sobre velocidade ¢ distancia inicial entre garras. Syed ¢ colaboradores” determinaram valores de tenso menores (1,9 £0,2 (x 10° MPa)) ¢ a velocidade de garras foi de 60 mm/min com uma distancia inicial de 30 mm. Rebenfeld"' obteve valores de 16,8 (10MPa) com distancia mm e velocidade de estiramento de 25,4 mm/min. ial entre garras de 50,8 Os valores referenciados em literatura mostram bastante variagZo. De fato, os dados dependem das condigies experimentais adotadas para o ensaio de tragdio mecinica. Isso é 33 conhecido através de trabalhos realizados ha muito tempo como, por exemplo, de Feughelman® e Hertel”, Alongamento imo Os baixos valores de alongamento maximo para o cabelo erespo se devem pela fragilidade maior percebida para esse tipo de cabelo. Isso é perceptivel também pelos constantes rompimentos dos fios, antes mesmo de se conseguir obter valores na regio Hookeana. Essa “falha premature” na quebra do fio de cabelo antes do rompimento pela tragdo pode acontecer devido a propria fragilidade inerente a esse tipo de cabelo pela sua estrutura. Assim, ficaria mais suscetivel a danificaydes por agentes externos como lavagem, secagem ¢ escovagaio. Observa-se que cerca de 20% dos fios considerados como “‘crespas” se rompem antes de 15% de extensio. Apesar do cabelo estudado como “erespo” nao ser originalmente afro-étnico, essa informagao coincidentemente se correlaciona com Aquela reportada na literatura*** para cabelos étnicos. Nota-se 0 médulo de elasticidade dos cabelos analisados (exceto caucasiano) ¢ maior para © cabelo descolorido quando comparado ao virgem. Entretanto, os valores de tensdo de ruptura modulo de elasticidade de polimeros como polietileno, resultam em valores menores quando sofrem algum tipo de degradagio por oxidagiio“*, Neste caso, a oxidagdo provoca, usualmente, redugdo na massa molar média e na cristalinidade. Nao constam dados de literatura sobre efeitos semelhantes no cabelo, e trata-se de outro assunto a estudar. Comentarios adicionais Os valores de tensio na forga maxima e médulo de elasticidade para o cabelo Piedmont fo significativamente menores quando comparados com o cabelo caucasiano, Provavelmente isso pode ser atribuido pela auséncia de eumelanina no primeiro tipo de cabelo, que pode contribuir para uma maior susceptibilidade a fotodanificagdo antes de ter sido coletado pelo fomecedor, cabelo utilizado para ensaios no possui controle do histérico de crescimento: tempo de exposigdo solar, nimero de javagens utilizadas, tipos de produtos utilizados, modo de secagem, entre outros. Todos os agentes que entram em contato com o cabelo, mesmo que seja um simples procedimento de lavagem e/ou secagem com toalha, podem danificar a estrutura morfolégica externa do fio de cabelo dependendo de sua freqiéncia’. Obviamente todo esse controle & 34 praticamente inviivel e, a minimizago desse tipo de efeito pode ser dada através da mescla dos fios coletados de varias eabegas. 5.1.2. Comparagdo entre cabelos virgens ¢ seus respectivos danificados Piedmont ‘Néo foi possivel lovalizar valores de literatura referente a ensaios de trago para 0 cabelo oriental ou Piedmont (virgem ou descolorido). Entretanto, o cabelo Piedmont pode ser analisado com base em valores obtidos para os dados de cabelo cancasiano. Caueasiano Os valores de literatura” para tens&o na forga méxima obtidos em ensaios de tragio a limido mostram que 0s valores obtidos nesse so relativamente concordantes com os obtidos neste trabalho, Entretanto, 05 médulos de elasticidade (E,) para os cabelos virgens e descolorido so menores aqueles obtidos nesse estudo. Entretanto, esse tipo de comportamento para valores de E, € esperado visto que resultados obtidos por ensaios em meio imido (umidade de 100%) apresentam valores menores quando comparados com os obtidos em meio seco (umidade de 50~60%)*. Isso ocore porque em umidades relativas abaixo de 60%, as fibrilas do cortex possuem maior dificuldade de extenso, o que exige uma forga mecanica mais alta comparada ao cabelo imido, Crespo Valores de literatura para tens&o na forga maxima‘? ¢ médulo de elasticidade“ para o cabelo nfo tratado so ligeiramente inferiores aqueles obtidos neste estudo. Entretanto, nfo foram encontradas descritas as condigSes utilizadas para avaliagao das propriedades mecanicas nessas referencias, o que pode levar as diferengas observadas entre esse projeto e os resultados descritos om literatura, tarios Pelos valores apresentados nas tabelas anteriores, observa-se que os valores obtidos para 5 cabelos virgens e descoloride sfio, de modo geral, bastante similares. No caso do diémetro do cabelo, as diferengas perceptiveis para os cabelos oriental e crespo. Para o médulo de lasticidade, os valores tendem a ser maiores pare os cabelos crespo, caucasiano ¢ Piedmont. 35 Tabela 9 ~ Porcentagem de variagdo dos resultados obtides nos parimetros de ensaio mecanico em relagio ao cabelo virgem. A média representa a média aritmética dos valores e os mimeros em nnogrito representam a maior variag4o (em médulo) para cada parametro/tipo de cabelo. mento ' Tensiona Alongamento -‘ Méduio de Didmetro orga Maxima Maximo. Elasticidade Crespo 59% “5.0% 373%" 5.9% Cauecasiano -1,6% 10,3%* 10,0%* 15,8%* Oriental 53% -15,4%* 24% -3,0% Piedmont 0.0% 9.1% 6.7% 125%" ao | , ‘Tensio na ‘Alongamento Médulo de Descoloragao Didmetro orga Maxima Maximo Elasticidade Crespo 0.0% 50% 13,7% 59% | Caucasiano 15,6% 69% 3.8% 2.6% Oriental -10,5% 1% 3.7% 9,0% Piedmont 0,0% 911% 5.4% 12.8%" wa Tensiona Alongamento Médulo de Exposicao Didmetro Forea Méxima Maximo Elasticidade Crespo 14% =10,0%* 7.8% 5.9% Caucasiano 31% 379%" 3.8% 2.6% Oriental “13% -15A%* 13% 6.1% Piedmont 45% 91% 8.1% 0.0% A Tabela 9 apresenta uma consolidagio da variagdo dos resultados dos parametros obtidos através do cnsaio mecdnico. Como se pode observar, os tratamentos promoveram alteragdes nos resultados dos pardmetros em diversos niveis, Analisando os valores médios de variagdo para cada parimetro e, para cada tipo de cabelo, podemos verificar que 0 proceso de alisamento/permanente promoveu um aumento sistemitico no alongamento méximo dos diversos cabelos avaliados e também uma grande alteragda no didmetro medido dos fios avaliados. No caso do processo de descoloragao, a maior alteragao foi observada 0 parémetro do médulo de elasticidade; e para a exposigo solar houve uma redugSo na tensio da forga maxima para todas as amostras, Avaliando em qual processo cada tipo de cabelo apresenta maior danificaggo, tem-se que © Caueasiano sofe maior alteragio através do processo de alisamento/permanente; 0 cabelo Piedmont para o provesso de descolorasdo; ¢ 0 cabelo Oriental para a exposigto a radiagdo. No proceso de alisamento/permanente, podemos afirmar que, de modo simplificado, hi uma ruptura das ligagdes dissulfidicas (durante a redugio) e, posterior “religagio” das mesmas na fase de neutralizagto. Sabe-se que pode haver uma ruptura de cerca de 30% das ligagdes dissulfidicas com uso de derivados de tioglicolatos, e que a reformagio das ligagdes ~S—S— no é 36 Perfeita e, ainda, que nem todas as ligagdes so refeitas. Durante o proceso de neutralizagao, também sao formados residuos de lantionina através de ligaco euxofre-carbono!! além da perda de material intercelular, que comprometendo a estrutura do fio de cabelo. Um cabelo submetido ao processo de redugao e posterior reoxidagao softe alteragoes na estrutura do complexo da membrana celular e fraturas na cuticula ¢ no cértex, permitindo uma maior entrada de solventes (swelling). Apesar dessa situagZo promover uma alterag’io no diametro do fio de cabelo, no foram encontrados dados em literatura mencionando explicitamente esse pardmetro. © aumento no alongamento maximo acontece por uma maior plasticizagao das fibrilas Presentes na re; do cortex, que permitem um melhor deslizamento entre elas aumentando 0 alongamento das fibras previamente a ruptura®. Para 0s processos de descoloragio e exposigdo solar, sabe-se que os parimetros tecnicos como Médulo de Elasticidade e Tensio na Forea Maxima tendem a diminuir?? 39-5". Isso acontece pela ruptura das ligagdes dissulfidicas gerando derivados de dcido cistéico na regio do cértex ¢, conseqiientemente, acarretando numa perda das propriedades ténseis do fio dos cabelo danificado, A comparagaio dos diferentes niveis de danificagio para os diversos tipos de cabelo mostra que cabelos aparentemente com estruturas proximas em similaridades (como Caucasiano © Oriental) foram os que apresentaram maior variagao nos seus resultados nas diferentes danificagses as quais foram submetidos. Os motives e, eventuais fitores que possam estar envolvidos nesses processos necessitam de investigagdes mais detalhadas, 5.2. Ensaios de Alteragdo de Cor Através dos resultados obtidos, ha uma semelhanga na tendéncia dos resultados observados para os cabelos escuros submetidos aos diversos tipos de danificagio. Isso pode ser devido @ composigdo melandtica presente nesse tipo de cabelo, onde se tem uma maior concentragdo de cumelanina @, para cabelos de diferentes etnias, no se observa uma alteragao significativa na composigao quimica dos mesmos. Conforme esperado, no processo de descoloragio verifica-se uma maior alteragdo na cor do cabelo visto que o objetive primério do produto ¢, justamente, promover a alteragio das caracteristicas colorimétricas do fio. Nesse caso, todos os parimetros de cor softeram variagSes significativas nos seus valores. 37 Qs outros tratamentos como alisamento/permanente e exposigéio solar promoveram. alteragdes de cor semelhantes nos parametros nas condigdes experimentais adotadas. Apesar do conhecimento de que a exposiggo promova um clareamento do fio de cabelo, 0 processo de alisammento/permanente também pode promové-lo. 5.2.1. Descoloragite Quimica Os resultados de alteragio de cor mostram que, 0 processo de descoloragio proporciona uma grande variugio na cor do cabelo, Essa variagdo de cor (cor total e em cada eixo cromatico) se deve principalmente, pela grande variagdo proporcionada pela componente L*, representando a luminosidade (ou clareamento). Para um produto descolorante atingir as melaninas, essa substancia deve, primeiramente, atravessa a regidio mais externa do cabelo (cuticula). Em seguida, 0 mecanismo de degradagio da melanina proporcionada por agentes descolorantes ocorre através de duas etapas: decomposiggo dos granulos de melanina através de perdxido de hidrogénio c, em seguida, pelo perssulfato, que decompée a melanina propriamente dita’, Assim, a grande variagio na cor do cabeio e, principalmente em termos de clareamento, observada para as mechas de cabelo tratadas com esse produto, pode ser justificada pelo seu mecanismo de ago que visa a agao nos sitios de definigéo de cor do cabelo, a melanina. Certamente, 0 indice de degradago da melanina ¢, conseqilentemente, danificag&o do cabelo dependem de fatores como: tempo de exposigao a0 produto, concentragio dos ingredientes © 0 mimero de vezes em que o processo é repetido. E, para definigdo dessas questées, ha uma dependéncia da coloragio inicial do cabelo € a cor final em que se deseja alcangar. 5.2.2, Alisamento/Permanente Para 0 processo de redugio do cabelo (alisamento/permanente), observa-se que ha uma ligeira variagdo de cor total principalmente devido ao componente cromético b*, que representa um amarelamento observavel do cabelo (AE>1™, Tal fato no é mencionado na literatura, visto que nao € esperada alterago de cor para essa categoria de produto de tratamento. © mecanismo de ago de produtos alisantes/permanentes se baseia, primeiramente, na redugio das ligagSes dissulfidicas(-S-S-), quebrando-as para a formagdio de residuos cistenil (-S- H). Em seguida, ha um processo de oxidagio diminuindo a concentrag&o de mercaptanas e, conseqientemente, estabilizando 0 processo. 38 Apesar de tal fato nio ter sido explicitado na literatura, acredita-se que essa alteragao de €or ocorra no segundo passo do processo de alisamento/permamente. Ou seja, no processo de neutrslizagao. Nesta etapa, a formulago geralmente consiste de um forte agente oxidante, como © perdxido de hidrogénio (substincia encontrada no produto comercial utilizado nesse projeto). O H,O: neutralizam o agente redutor e, 0 seu excesso promove a oxidagio da melanina causando 0 clareamento do cabelo. A sua quantidade é regulada pelo nivel de redugo causada na fibra ¢ a ‘quantidade necesséria de neutralizante aplicada, 5.2.3. Exposigdo a Radiagéo O processo de exposi¢ao do cabelo ao envelhecimento acelerado, nas condigdes adotadas, Proporcionou uma variagao na cor total ao redor de 8% para os cabelos escuros. Nesse estudo, as mechas de cabelo foram expostas utilizando-se um equipamento comercial com emissdo espectral préximo ao espectro UV-Vis de uma certa especificactio de luz solar. De acordo com o trabalho de Nogueira’, um estudo similar foi tealizado utilizando mechas caucasianas castanho escuras provenientes de voluntérios que cederam seu cabelo para o estudo. As mechas foram expostas utilizando uma Kimpada de mercério, cujas energias totais de exposiggo foram ligeiramente menores do que aquelas utilizadas nesse estudo com a lampada de arco-xendnio (27,0 Wim? 100 Wim? respectivamente para as regides UVA e Vis). Entretanto, 2 mesma tendéncia nos resultados foi observada em ambos os trabalhos, mostrando que hi uma maior variagdio nos valores de luminosidade (DL*), comparado com os eixos cromaticos (da* e db*). O estudo de Nogueira” ¢ outros” *** mostra que um dos principais contribuidores na alteragdio de cor do cabelo exposto seria devido a radiagdo ultravioleta, mais especificamente a faixa do UVA. 5.24. Consolidagao Como cada tipo de cabelo nao pode ser “normalizado” em termos de suas caracteristicas fisico-quimicas por ser origindrio de diferentes pessoas, a alteragio de suas propriedades quando submetido 4 danificagio pode resultar em valores numericamente diferentes, mas Proporcionalmente equivalentes. Ou seja, o indice de variagao nas caracteristicas do cabelo depende da relagdo estado iniciaVestado final e nfo somente de seu estado final. Assim, uma maneira de verificar essa proporcionalidade ¢ analisando os resultados em porcentagem de varlagio em comparagio ao cabelo virgem para os diversos tipos de cabelo (apresentado na Tabela 10). 39 Tabela 10 - Porcentagem de variagdo dos resultados obtidos nos pardmetros de cor em comparagao com o cabelo virgem. A média representa a média aritmética dos valores ¢ os niimeros em negrito representa a maior variago (em médulo) para cada parémetro/tipo de cabelo, Alisamento Liki aga, bf, Média Crespo 10% 2,9% 14,9% 51% ‘Caucasiano 6,2% 2.8% 48,0% 15,8% Oriental 6.4% 95% 914% 23,7% Piedmont 78% 43,6% 118% 11,9% Média 53% 10,0% 35.6% Descoloragao LL; a brb; Média Crespo 77% =26,9% “18% -3,5% Caueasiano 136,6% 280,7% 1417,0% 503,1% Oriental 150,5% 459,9% 2460,3% 818,3% Piedmont 218.6% 285,8% 743.0% 374.1% Média 128,3% 249,9% 1154,6% Exposi¢ao Lyly aga; byb, Média Crespo 1,0% -34,7% 19,5% -3,0% Caucasiano: | 63% 48% 98% 43% Oriental 95% “5,7% 114,6% 32.0% Piedmont 8,0% 410% 11.0% 17,2% Média 6,2% =1,0% 38.7%, Legenda: ;— valor do parametro de cor apés o respective tratamento; ;- valor do parimetro de cor do respective cabelo virgem. A Tabela acima mostra que 0 processo de descoloragio, devido a0 seu mecanismo de ago e sua propria finalidade de uso, promove uma maior alteragao nos diferentes parimetros de cor quando comparado aos outros processes. Da mesma forma, a exposigao solar ¢ o alisamento/permanente também promovem uma alteragdo de cor (conforme explicitado no item 5.2). Dentre todos os tipos de cabelo 0 Oriental foi 0 que apresentou maior alteragio nos pardmetros de cor (principalmente no quesito de amarelamento ~ variagdo positiva dos valores no eixo b*) em todos os provessos, Nao ha informagées dessa natureza relatada na literatura e, seria necessiria uma maior investigago para se entender os motivos e eventuais mecanismos envolvidos nesses resultados. 40 CONCLUSOES Com base nos resultados obtidos e, de acordo com as condigdes experimentais adotadas ‘na proposigao do projeto, podemos concluir que: Ensaios de Tensiio-Deformagio ‘* Cabelos danificados apresemtam maior disperse de resultados quando comparados aos valores obridos para os cabelos virgens; © O cabelo Caucasiano virgem apresentou maiores valores de tensdo na forga maxima e modulo de elasticidade quando comparados aos outros tipos de cabelo; * Os diversos tipos de cabelo se comportam de forma distinta quando submetidos aos processos de danificagao; Exposigéio Solar: © Promoveu uma redugéo sistemitica na tensdo da forga maxima dos diversos tipos de cabelo; # Cabelo Oriental apresentou maior variago nos parimetros mecdinicos. Alisamento/Permanente: * Promoveu um aumento sistemstico no alongamento maximo dos diversos tipos de cabelo; * Cabelo Caucasiano apresentou maior variagao nos pardmetros mecanicos. Descoloragéo ‘+ Promoveu aumento sistematico no alongamento méximo nos diversos tipos de cabelo; + Cabelo Piedmont apresentou maior variagao nos pardmetros mecdnicos, Ensajos de Alteragio de Cor * O cabelo Oriental é aquele que apresentou maior variagdo de cor nos trés processos de danificagao utilizados nesse estudo; Exposigao Solar: © Onivel de variagao de cor foi semelhante ao processo de alisamento/permanente; * Oeixo cromitico b apresentou maior variagao. al Alisamento/permanente: * CO cixo cromatico b apresentou maior variagio. Descoloragao: * Promoveu uma maior alteragdo de cor comparada a outros processos devido ao Proprio objetivo do produto. ‘A comparagio dos diferentes niveis de danificagdo para os diversos tipos de cabelo ‘mostra que cabelos com microestruturas similares (como o Caucasiano ¢ 0 Oriental) foram os que apresentaram maior variago nos resultados nas diferentes danificagies us quais foram submetidos. Os motivos ¢, eventuais fatores que possam estar envolvides nesses processos necessitam de investigaces mais detalhadas, 42 10. U. 12, 13. 14, 15. 16. 17. 18. 19, 7. REFERENCIAS Oliveira, 0., “Modificadores Estruturais do Cabelo”, Cosmeticd:Toiletries (ed. Em Portugués), 2000, 12(2), 59-61; Powitt, A., “Hair Structure and Chemistry Simplified”, Milady Publishing Co., New York, 1986; Feughelman, M., “Morphology and Properties of Hait”, In: Hair and Haircare, Johnson D. 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Maximo/ %' Garra de sone 70x10 2ona* 6,641,0" 50,943,7 aperto simples Ulimos 20 7328 2344+ 5,740,9* 52,045,9 Garade | FREES | aa412 2646 3,740,7 81,6484 aperto preumatico limos 20 2745 3,740,6 85,628,3, $$ $$ 46 Anexo B ~ Histogramas ¢ Curvas de Distribuigéo Normal para o Cabelo Piedmont Virgem dos tensfio-deformagio. pei pets a 4 a 47 Anexo B (cont.) — Histogramas e Curvas de Distribuigo Normal para 0 Cabelo Caucasiano Virgem dos principais parametros para ensaio de tensio-deformacao. teas 48 =< ~— Anexo B (cont.) ~ Histogramas e Curvas de Distribuigtio Normal para o Cabelo Crespo Virgem dos principais pardmetros para ensaio de tenstio-deformagio. oe? eoegey 49 Anexo B (cont) Histogramas e Cuvas de Distribuigdo Normal pra o Cabelo Oriental Virgem Spies aes : s ‘A o 4 ‘ 1! a Hy q oo 50 Anexo C Tabela C — Valores de significdneia (p) para os principais parémetros de tensio-deformaco para os diferentes tipos de cabelo em relagio ao cabelo virgem. As diferengas consideradas ificativas (p<0.05) foram marcadas em negrito; as tendéncias (0,05

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