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BOAS Ficha
BOAS Ficha
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“São bem recentes os esforços para entender a cultura primitiva como um fenômeno que requer
uma análise meticulosa antes de aceitar uma teoria que tenha validade geral.” (p. 123)
“Devemos prestar atenção mais minuciosa às tentativas de considerar a vida cultural como
evoluindo de formas primitivas para a civilização moderna, seja como uma linha evolutiva
única, ou num pequeno número de linhas separadas.” (p. 124)
“O desenvolvimento deste aspecto da antropologia foi estimulado pela obra de Darwin e seus
sucessores, e as ideias subjacentes só podem se entendidas como uma aplicação da teoria da
evolução biológica aos fenômenos mentais.” (p. 124)
“[...] os testemunhos contidos na história mais antiga dos povos civilizados do Velho Mundo,
as sobrevivências na civilização moderna e a arqueologia. Esta última é a única via pela qual
podemos abordar o problema a respeito dos povos que não têm história.” (p. 125)
“Os passos do desenvolvimento devem estar relacionados com um aspecto da cultura e que
esteja implicado o mesmo grupo de pessoas e em que persista o mesmo tipo de atividade.” (p.
127)
“Assim, não se pode assegurar que todo povo altamente civilizado deva ter passado por todas
as etapas da evolução, o que é possível deduzir de uma investigação dos diversos tipos de
cultura que aparecem em todo o mundo.” (p. 127)
“Se, [...], é possível que de uma fonte única se desenvolvam costumes diferentes, não temos o
direito de supor que todo povo que alcançou um alto grau de evolução deva ter passado por
todas as etapas encontradas entre tribos de cultura primitiva.” (p. 128)
“Estes poucos dados serão suficientes para demonstrar que um mesmo fenômeno étnico pode
desenvolver-se a partir de fontes diferentes; e podemos inferir que, quanto mais simples o fato
observado, tanto mais provável é que se tenha desenvolvido de uma fonte aqui, de outra ali.”
(p. 131)
‘Quando fundamos nosso estudo nestas observações, verifica-se que graves
acusações podem ser levantadas contra hipótese da ocorrência de uma
sequência geral de etapas culturais em todas as raças humanas; que, ao
contrário, reconhecermos tanto uma tendência de diversos costumes e crenças
convergirem para formas semelhantes quanto uma evolução de costumes em
direções divergentes. Para interpretar corretamente estas semelhanças de
forma é necessário pesquisar seu desenvolvimento histórico; e só quando este
for idêntico em diferentes áreas será admissível considerar os fenômenos em
questão como equivalentes. Deste ponto de vista os fatos do contato cultural
assumem uma nova importância (cf. p. 120). ’ (p. 131)
“Não é difícil ilustrar a importante influência do ambiente geográfico. Toda a vida econômica
do ser humano está limitada pelos recursos do país em que habita.” (p. 132)
“No entanto, as condições geográficas têm apenas o poder de modificar a cultura. Por si mesmas
não são criadoras.” (p. 132)
“Outra questão é se as condições exteriores são a causa imediata de novos inventos. [...] por
mais rico que seja em animais suscetíveis de domesticação, isso não levará ao desenvolvimento
da pecuária se o povo for inteiramente alheio aos usos de animais domesticados.” (p. 132)
“Se afirmarmos que o ambiente geográfico é o único determinante a atuar sobre a mente
supostamente idêntica em todas as raças da humanidade, deveríamos necessariamente chegar à
conclusão de que um mesmo meio produzirá os mesmos resultados culturais em toda parte.”
(p. 132)
“Obviamente, isto não é verdade, pois muitas vezes as formas das culturas de povos que vivem
no mesmo tipo de ambiente mostram acentuadas diferenças.” (p. 132)
“A constituição biológica não faz a cultura. Ela influencia as reações do indivíduo à cultura.
Assim como o meio geográfico ou as condições econômicas não criam uma cultura, tampouco
o caráter biológico de uma raça cria uma cultura de um tipo definido.” (p. 135)
2 Comentário crítico
Franz Boas começa o capítulo dez abordando a noção de cultura dentro das teorias
evolucionistas, para as quais a cultura estava ligada a um estágio de desenvolvimento do ser
humano. O autor também critica o determinismo geográfico e o determinismo biológico, que
fazem parte das teorias evolucionistas desenvolvidas no século XIX. Outro determinismo
criticado por Boas foi o econômico, que parece estar presente em áreas do conhecimento ainda
nos dias atuais.