Topografia Aplicada A Engenharia Civil - Vol.1 - Borges PDF

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| APLICADA AO ENGENHARIA CIVIL VOLUME 1 ee 528.4251 644 $395k Cx. d Engenheiro ALBERTO DE CAMPOS BORGES Professor Titular de Topografia e Fotometria da Universidade Mackenzie, Ex-Professor Titular de Construgées Civis da Universidade Mackenzie, Professor Pleno de Topogratfia na Escola de Engenharia Maus, Professor Pleno de Construcic de Edificios na Escola de Engenharia Mau, Professor Titular de Topografia da Faculdade de Engenharia da Fundacéo Armando Alvares Penteado TOPOGRAFIA VOLUME 1 2.* edigfo revista e ampliada Ce EDITORA EDGARD BLUCHER www.blucher.com.br mo CEFETIMA BIBLIOTECA TEBYRECADE OLVERA | Apresentacao Este trabalho se divide em dois volumes. O Vol. 1, que agora é lancado, compée-se da Topografia Basica, ou Elementar. As aplicagdes especificas da Topografia estardio no segundo volume, ainda em preparo. Essa subdivisiio corresponde ao curso de Topografia que o autor vem ministrando aos alunos do Curso Civil de trés escolas de Engenharia da cidade de Sio Paulo: Faculdade de Engenharia da Fundagdo Armando Alvares Penteado (FAAP), Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie ¢ Escola de Engenharia Maua do Instituto Maua de Tecnologia. Assim, 0 primeiro volume corresponde aos assuntos lecionados no primeiro semestre e 0 segundo volume aos temas do segundo semestre. Pela ordem dos capitulos, os assuntos tratados neste primeiro volume sao: 1, Definigdo, objetivos, divisdes e unidades usuais da Topografia 2. Equipamentos auxiliares da Topografia: balizas, fichas, trenas, cader- netas de campo 3. Medidas de distancias horizontais: métodos de medigiio 4, Levantamentos empregando apenas medidas lincares 5. Diregdes norte-sul magnética e norte-sul verdadeira, ou geogrificas 6. Rumos ¢ azimutes, magnéticos ¢ verdadeiros; transformagdes ¢ atua- lizagdes de rumos ¢ azimutes 7. Bissolas 8. Desvios da agulha; corregdes de rumos ¢ azimutes 9. Poligonaso; levantamentos utilizando poligonais como linhas bsicas 10. CAlculo de coordenadas parciais; determinagdo do erro de fechamento linear das poligonais LL Ponto mais a oeste ¢ cAlculo de coordenadas totais 12, CAlculo da 4rea do poligono; métodos das duplas distincias meridianas e das coordenadas totais 13. Ajuste de poligonais secundarias 14, Cilculo das areas extrapoligonais 15. Descrig&io do teodolito; diversos tipos; teoria dos nénios 16. Métodos de medigdo de Angulos horizontais: direto e por deflexdo 17. Retificagdes do “transito” (teodolito) 18. Altimetria; nivelamentos geométricos; niveis ¢ miras 19. Retificagées de niveis 20. Taqucometria; taquedmetros normais e auto-redutores 21, Retificagdes de taquedmetros 22. Medida de distancias horizontais ¢ verticais pelo método das rampas e com a mira de base (subtense bar) 23. Alidade-prancheta auto-redutora Resumindo, vé-se que este primeiro yolume estuda os métodos basicos de Ievantamento: medidas lineares, poligonaco, nivelamento geométrico, taqueo- metria, irradiac&o; e os instrumentos topograficos fundamentais: buissolas, niveis, teodolitos ¢ taqueémetros. Como o segundo volume ainda se encontra em preparo, os capitulos nao estfio numerados, porém faremos um resumo de seus temas: @Curvas de nivel; métodos de obtencto topogrificos e por aerofotogra- metria @Locagio de obras; edificios, pontes, viadutos, tineis, bueiros, galerias @Medicao de distancias por métodos trigonométricos; distancia entre pontos inacessiveis eTerraplenagem em plataformas horizontais e inclinadas Arruamentos e loteamentos; levantamento da rea, projeto e locagio ¢Levantamentos subterrdineos; galeria de minas; equipamentos especiais eTopografia aplicada a hidrometria; medigées de vazo, curvas batimé- tricas; uso do sextante; problema das trés pontos (Pothenot) ‘@ Topografia para estradas; reconhecimento e linha de ensaio (linha basica) @Projeto planimétrico; tragado geométrico Curvas horizontais; circulares, espiral de transigéo, superelevacio e su- perlargura Projeto altimétrico; rampas e curvas verticais de concordancia; parabélicas simétricas ¢ assimétricas Locagao da linha projetada (alinhamento); locagao dos taludes Cilculo dos volumes de terraplenagem: formula prismoidal; corresdo dos volumes nas curvas horizontais ‘eEstudo do transporte de terra: diagrama de massas (Bruckner) @ Divisio de terras; partithas Triangulasao topografica; medidas da linha de base ¢ dos angulos; tri- lateragao eEmprego da eletronica na Topografia; telurémetros e distanciémetros; emprego do raio laser @ Poligonagiio eletrénica; trilateragdo eletrénica; mudangas nos métodos de Jevantamento: ‘© Métodos de determinagao do meridiano local; diregao norte-sul ver- dadeira ‘@Breves nogdes de Astronomia de campo ‘eBreves nogdes de Geodésia Fundamentos e possibilidades da Fotogrametria as Pela quantidade e variedade de assuntos do segundo volume, seu preparo se atrasou. Resolvemcs langar 0 primeiro yolume, antes da conclusio do se- gundo porque fazic ita falta para o acompanhamento dos cursos que minis- tramos. Talvez por scum os temas do primeiro volume elementares, os autores geralmente néio os abordam em seus trabalhos. Introdugao Qual a posigdo da Topografia na Engenharia? A resposta é rélativamente simples: a Topografia existe em todas as atividades da Engenharia que neces- sitam dela, como um “meio” e nfo como um “fim”. Ninguém cursa Topografia apenas por cursar, e sim porque ela serve de meio para outras finalidades. Pode-se afirmar que ela é aplicada em todos os trabalhos de Engenharia Civil, em menor ‘ou maior escala. E utilizada em varias atividades das Engenharias Mecanica, Eletrotécnica, de Minas, e raramente em algumas atividades das Engenharias Quimica, Metalirgica e Eletrénica. Para entendermos 0 porqué dessas afirmagbes € necessirio saber o que a Topografia consegue fazer e as outras Ciéncias nao: medir ou calcular distancias horizontais e verticais, calcular Angulos horizontais e verticais com alta ou altis- sima preciso. Quem mais pode medir distancias horizontais com erro provavel de 1 para 100000? Quem mais pode calcular altitudes (cotas) com precisio de um décimo de milimetro? Quem mais pode medir Angulos horizontais e verticais com precisio de um segundo sexagesimal? Por isso os métodos e equipamentos topogrdficos constituem um recurso para as atividades de Engenharia. Citamos a seguir alguns exemplos, dentro dos trabalhos de Engenharia Civil, que usam da Topografia. a) Edificagdo. A Topografia faz o levantamento plano-altimétrico do ter- reno, como dado fundamental ao projeto; apés o projeto estar pronto, faz sua locagaio e, durante a execugo da obra, controla as prumadas, os niveis e ali- nhamentos. b) Estradas (rodovias ¢ ferrovias). A Topografia participa do “reconhe- cimento”; ajuda no “antiprojeto”; executa a “linha de ensaio” ou “linha basica”; faz 0 projeto do tragado geométrico; loca-o; projeta a terraplenagem; resolve © problema de transporte de terra; controla a execugiio e pavimentagdo (a infra- -estrutura, no caso das ferrovias); colabora na sinalizagao, corrige falhas, tais como curvas maltragadas, etc. ¢) Barragens. A Topografia faz os levantamentos plano-altimétricos para © projeto, loca-o, determina o contorno-da area inundada; controla a execugdo sempre nos problemas de prumadas, niveis e alinhamentos. A Topografia é utilizada também em trabalhos de saneamento, agua, esgoto; construgio de pontes, viadutos, tineis, portos, canais, itrigagdo, arruamentos e loteamentos, porém sempre como um “meio” para atingir uma outra finalidade, Na Engenharia Mecanica ela é indispensAvel na “locagiio de bases de maquinas € nas montagens mecAnicas de alta precisfio”. Na Engenharia Eletrotécnica é utilizada nas hidrelétricas, subestagdes e linhas de transmissio. E comum tam- bém a aplicagio de Coordenadas U.T.M. para arquivo de dados dos sistemas de distribuigdo primario e secundario ‘A Topografia procede aos levantamentos das galerias de mineragdo, ajuda nas partilhas de propriedades e, na Agricultura, nas curvas de niyel ou de desnivel. Por tudo isso, é lamentavel que a Engenharia atualmente praticada em nosso pais coloque a Topografia em posicao secundaria, com tristes conseqiiéncias: vias urbanas expressas com curvas maltragadas que ocasionam muitos acidentes, complexos viarios com espirais de transic&io ao contrario, viadutos e “elevados” com tertiveis sinuosidades, imprevistio nos locais de’ colocagao indispensivel de guard-rail (defensas), colocacao imprépria de sinalizago. Em apoio ao que foi afirmado; podem testemunhar os engenheiros responsaveis pela execugaio de projetos que constatam incoeréncias de medidas entre 0 projeto e a obra, sempre como conseqiiéncia de levantamentos malfeitos. Toda atividade pratica contém erro, e a Topografia ndo pode ser exceco. © que pretendemos, portanto, € que a Topografia seja praticada com erros aceitaveis e, para isso, € necessario que a tomemos como uma atividade impor- tante dentro da Engenharia. E sera, pondo seu estudo em nivel realmente univer- sitario, que se conseguir aplicé-la dentro dos limites de erro aceitaveis. capitulo Hl eIAH AWN Contetdo Topografia: definigao, objetivos, divisbes e unidades usuais 1 Equipamentos auxiliares da Topografia 7 Métodos de medigao de distancias horizontais 13 Levantamento de pequenas propriedades somente com medidas lineares. 24 Diregées norte-sul magnética ¢ norte-sul verdadeira 31 Rumose azimutes 35 Bussolas 44 Corregdo de rumos e azimutes 48 Levantamento utilizando poligonais como linhas bésicas 62 Célculo de coordenadas parciais, de abscissas parciais e de ordenadas parciais 66 0 ponto mais a oeste e célculo de coordenadas totais 77 Caloulo de area de poligono 82 Poligonais secundérias, célculo analitico de lados de poligonais 95 Areas extrapoligonais 102 Teodolito 113 Métodos de medigao de Angulos 118 Retificagdes de transito 126 Altimetria-nivelamento geométrico 136 Retificagao de niveis. 145 Taqueometria 155 Célculo das distancias horizontal e vertical entre dois pontos pelo método das rampas pela mira de base 179 Alidade prancheta 183 Equipamento cletronico 188 capitulo 1 Topografia: definigdo, objetivos, divisées e unidades usuais A Topografia [do grego topos (lugar) ¢ graphein (descrever)] € a ciéncia aplicada cujo objetivo é representar, no papel, a configuragio de uma porgdo de terreno com as benfeitorias que estfio em sua superficie. Ela permite a repre- sentaco, em planta, dos limites de uma propriedade, dos detalhes que estiio em seu interior (cercas, construgSes, campos cultivados ¢ benfeitorias em geral, cérregos, vales, espigdes, etc.). Ea Topografia que, através de plantas com curvas de nivel, representa o relevo do solo com todas as suas elevagdes e depressdes. Também nos permite conhecer a diferenga de nivel entre dois pontos, seja qual for a distancia que os separe; faz-nos conhecer o volume de terra que deverA ser retirado (corte) ou colocado (aterro) para que um terreno, originalmente irregular, torne-se plano, para nele se edificar ou para quaisquer outras finalidades. A Topografia pos- sibilita-nos, ainda, iniciar a perfuragdo de um tinel simultaneamente de ambos os lados da montanha com a certeza de perfurar apenas um ténel e ndo dois, por um erro de direc&o, uma vez que fornece as diregdes exatas a seguir. Quando se deseja represar um curso d’4gua para explorar a energia hidrau- lica para produgdo de energia elétrica, sera a Topografia que, através de estudos prévios da bacia hidrografica, determinara as areas do terreno que serao sub- mersas, procedendo-se & evacuagio e 4 desapropriagdo dessas terras. Podemos afirmar, sem medo de exageros, que a Topografia encaixa-se dentro de qualquer atividade do engenheiro, pois, de uma forma ou de outra, 6 basica para os estudos necessrios quando da construgdo de uma estrada, uma ponte, uma barragem, um ttinel, uma linha de transmissio de forca, uma grande indtstria, uma edificacdo ou, ainda, na perfurac4o de minas, na distri- buic&o de 4gua numa cidade, etc. Seria muito longo, neste capitulo inicial, citar todas as aplicagdes da Topografia; elas irio aparecendo a medida que o assunto estiver sendo exposto. DIVISOES DA TOPOGRAFIA A Topografia comporta duas divisdes principais, a planimetria ea altimetria, Na planimetria so medidas as grandezas sobre um plano horizontal. Essas grandezas so as distincias e os angulos, portanto, as distancias horizontais 2 TOPOGRAFIA os dngulos horizontais. Para representi-las teremos de fazé-lo através de uma vista de cima, ¢ elas aparecerao projetadas sobre um mesmo plano horizontal. Essa representagdo chama-se planta, portanto a planimetria sera representada na planta. Pela altimetria fazemos as medigées das distancias e dos angulos verticais que, na planta, nfio podem ser representados (excegao feita as curvas de nivel, que sero vistas mais adiante), Por essa razo, a altimetria usa como representagdo a vista lateral, ou perfil, ou corte, ou elevacdo; os detalhes da altimetria sio re- presentados sobre um plano vertical. A iinica excegao é constituida pelas curvas de nivel, que, embora sendo um detalhe da altimetria, aparecem nas plantas; porém € cedo para abordar esse assunto e, para ele, existem longos capitulos adiante, ‘As aplicacdes diversas da Topografia fazem com que surjam outras sub- divisées para essa ci€ncia: usos em Hidrografia, Topografia para galeria de minas, Topografia de preciso, Topografia para estradas, etc: porém todas clas se baseiam sempre nas duas divisées principais planimetria e altimetria. Nas plantas, para a planimetria, e nos perfis, para a altimetria, necessitamos usar uma escala para reduzir as medidas reais a valores que caibam no papel para a representagiio. Essa escala é a relagdo entre dois valores, o real e 0 do desenho. Assim, quando usamos a escala 1:100 (fala-se um para cem), cada cem unidades reais serfio representados, no papel, por uma unidade, ou seja, 100m yalerdio, no desenho, apenas 1m. As escalas mais comuns usadas na topografia sfio citadas a seguir. Para a planimetria: a) representago em plantas, de pequenos lotes urbanos, escalas 1:100 ou 1:200; b) plantas de arruamentos ¢ loteamentos urbanos, escalas 1:1 000; ©) plantas de propriedades rurais, dependendo de suas dimensdes, escalas 11.000, 1:2000, 1:5.000; d) escalas inferiores a essas so aplicadas em geral nas representagdes de grandes regides, encaixando-se no campo dos mapas geograficos. Para a altimetria: Geralmente as escalas so diferentes para representar os valores horizontais © os valores verticais; para realar as diferengas de nivel, a escala vertical cos- tuma ser maior que a horizontal; por exemplo, escala horizontal 1:1000 e es- cala vertical 1:10. Para sabermos com que valor se representa uma medida no desenho, bas- tara dividi-la pela escala. ; Exemplo 1.1 Reptesentar,no desenho, 0 comprimento de 324m em es- cala 1:500: 324m y d= = 0.648 m, ou seja, 64,8.cm. Para a operac&o contraria, deve-se multiplicar pela escala. Topogrefia: definicéo, objetivos, divisées e unidades usuais 3 Exemplo 1.2. Numa planta em escala 1:250, dois pontos, A e B, estio afastados de 43,2cm. Qual a distancia real entre eles? d = 0,432m x 250 = 108 m. Quando se trata de Areas, os valores obtidos na planta devem ser multi- plicados pelo quadrado da escala, para se obter a grandeza real. Exemplo 1.3 Medindo-se uma figura retangular sobre uma planta em escala 1:200, obtiveram-se lados de 12 e Scm. Qual a superficie do terreno que © retangulo representa? Area na planta =a m? = 0,12 m x 0,05 m = 0,006 m?. Area real = A = 0,006 m? x 200? = 240 m?, Fazendo-se as operagées parceladamente, facilmente se compreende por que se deve multiplicar pela escala ao quadrado: o lado de 0,12m representa, na realidade, 0,12m x 200 = 24m; © lado de 0,05m representa 0,05 x 200 = 10m; portanto, A= 24 x 10m = 240m? ou, ainda, A =0,12m x 200 x 0,05 m x 200 = 0,12m x 0,05m x 200? = 240 m2. Para facilidade de representagdo no desenho ¢, depois, para simplificar sua interpretacao, € habito usar escalas cujos valores sejam de multiplicagao € divisdo faceis, ou seja, 1:5, 1:10, 1:20, 1:50, 1:100, 1:200, 1:500, 1:1 000, etc. Algumas vezes, podem ser empregadas, ainda, escalas 1:250, 1:300 ou 1: Nunca, porém, se emprega 1:372 ou valores semelhantes, pois haveria muita dificuldade em realizar 0 desenho e, depois, em converter as distancias graficas em valores reais. As vezes ocorre que um desenho, ao ser copiado em clichés para impressiio em livros ow revistas, sofre redugdes fraciondrias que tornam suas escalas indeterminadas. Se, no desenho, aparecerem valores marcados (cotados), pode- remos determinar a escala da impressio dividindo a dist4ncia indicada pela distancia obtida graficamente no desenho. Exemplo 1.4 Numa planta, verificamos que os pontos 1 e 2 tém uma dis- tancia indicada de 820m ¢ que aparecem, no desenho, afastados 37cm. Qual a escala? 820m nn oo portanto a escala é 1:2216,2. Dessa forma, qualquer outra distancia, ndo-cotada na planta, poder ser calculada desde que se obtenha a distancia no desenho e se multiplique por 2216,2. 4 TOPOGRAFIA LIMITES DA TOPOGRAFIA ‘Na Topografia, para as representagSes e cAlculos, supde-se a Terra como sendo plana, quando, na realidade, esta é um elipsdide de revolug&o, achatado. Esse elipséide, na maioria dos casos, pode ser interpretado como uma esfera. Pode-se afirmar que, quando as distancias forem muito pequenas, seus valores, medidos sobre a superficie esférica, resultado sensivelmente iguais aqueles medidos sobre um plano. E necessario, porém, que se fixem os limites para que isso acontega. Acima desses limites, 0 erro sera exagerado, e os métodos topo- graficos deverdo ser substituidos pelos geodésicos, pois estes j levam em con- sideragado a curvatura da Terra. Segundo W. Jordan, o limite para se considerar uma superficie terrestre como plana ¢ 55km?, ou seja, $5000000 m?; ou, ainda, numa unidade muito usada no Brasil (alqueire paulista = 24200 m2), cerca de 2272,7 alqueires pau- listas. Ainda assim, trata-se de um limite para um trabalho de grande preciso. Para medigdes aproximadas, de propriedades rurais, os métodos topograficos podem satisfazer até 0 dobro da 4rea citada, ou seja, cerca de 5000 alqueires. Acima desses limites, a curvatura da Terra produzira erros que no poderdio ser evitados nem por cuidados do operador, nem pela perfeigdo dos aparelhos. Num levantamento dos limites, de uma propriedade excessivamente grande, por processo poligonal, mesmo supondo-se a medida de todos os angulos e distancias sem qualquer erro, ainda assim, no calculo, o poligono nao fechara, pois esta suposto sobre um plano, quando, na realidade, esta sobre uma esfera. UNIDADES EMPREGADAS NA TOPOGRAFIA As grandezas mais freqiientes na Topografia so distancias e angulos; além destas aparecem Areas ¢ volumes. Para distancias, a unidade universal- mente empregada € 0 metro com seus submiltiplos: decimetro, centimetro & milimetro. Excepcionalmente pode-se empregar 0 quilémetro, porém, raramente, pois a Topografia no se destina a grandes distdncias, Para a expresso de reas, usa-se © metro quadrado, salvo em propriedades de zonas rurais, onde ainda se fala em alqueire paulista ou mineiro; para volumes usa-se 0 metro ctibico. Adiante daremos uma relago de valores comparativos de unidades lineares, de Area ¢ de volumes. Para ngulos, a Topografia s6 emprega os graus sexage- simais ou grados centésimos; para fins militares existe 0 milésimo. O grau sexagesimal é 1/360 da circunferéncia, sendo cada grau dividido em 60 min e cada minuto em 60s. Portanto, jé que a circunferéncia tem 360 graus eo grau tem 60 min, a circunferéncia tem 360 x 60 = 21600 min; e tem 21.600 x 60 = 1296 000s. grado centesimal € 1/400 da circunferéncia, sendo cada grado dividido em 100 min de grado, e cada minuto dividido em 100s de grado; portanto, a circunferéncia tem 40000 min ou 4000 000s. Esta unidade é bem mais pratica para uso, pois, sendo decimal, no exige os cansativos trabalhos de transfor- mag&io que o grau sexagesimal implica. Os célculos militares empregam o milésimo. O milésimo é a abertura an- gular resultante da paralaxe de 1 a 1000 m de distancia (Fig. 1.1).

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