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puunep auoqieg 2920Projeto Educativo,
Autonomia Pedagogica
e Organizagao Escolar
‘SENTIDO, CARATER E REQUISITOS MiNIMOS DE UN
PROJETO EDUCATIVO (SOBRETUDO PARA A ESCOLA PUBLICA)
Um projeto educativo inovador expressa finalidades e esperan-
gas no futuro; histérias e natragbes compartilhadas; objetivos glo-
bais relatives & personalidade dos alunos, seu desenvolvimento so-
cial e suas aprendizagens; concepgées sobre a convivéncia e a ma-
neira de enfrentar os conflitos; imecanismos para a participacio de-
mocratica dos diversos estamentos’ e a tomada de decisées; 0 modo
como a escola se articula com 0 entorno; e formulas alternativas
para mudar a destinacao tradicional de tempos e espacos. Fsses di-
versos Ambitos confluem em um todo sist8mico no qual todas as
cas se inter-relacionam e se integram harmonicamente no conjun-
to da instituigao,
Um projeto inovador para a escola publica deve ser inclusive ¢
integrador de todo tipo de alunos, seja qual for sua procedéneia so-
cial, seu “nivel”, necessidades expectativas educativas. E preciso
ter um olho muito atento a realidade e o outro voltado para a utopia
'N. de R. Segundo diciondrio Novo Aurélio “1, Estado em que pode cada um
subsistir ou permanecer. 2. Assembléla, congresso, parlamento, 3, Cada um
{dos grupos da sociedade com status juridico proprio. B ex.: os burocratas, os
militares”,82_Jaume Carbonell
Abvoature de inovar 83
porque no ha projeto sem sonho nem vontade de futuro, O caréter
publico do ensino comporta o cumprimento de alguns requisitos mi-
nimos para todos as escolas sem excecZo: igualdade de oportunida
des para toda a populagio escolar com medidas de discriminacio
positiva para os setores social e culturalmente mais desfavorecidos;
gratuidade do ensino e dos servicos complementares basicos; plura-
lismo democrético € respeito aos direitos humanos; néo-accitacio
de nenhum tipo de discriminagéo por razdes socials, étnicas ou de
8eXo No acesso ¢ durante a escolaridade; e qualidade do ensino,
O cumprimento escrupuloso desses requisitos de justica social ¢
democratica nao contradiz —_ao contrario, pode ser um sinal de enti-
quecimento ~ a diversidade, a singularidade ¢ personalizagao dos
projetos educativos. ‘Toda escola inovadora trata de ser diferente e
projetar sua identidade, apesar das tentativas da administragio de
converter as escolas em suas sucursais, uniformes e clonadas. Além
disso, os professores inovadores ¢ comprometidos buscam continua-
mente referentes de identidade e pertinéncia c se sentem melhor
quando estes sio explicitados ¢ compartilhados. A questo mais po-
Temica reside, como veremos mais adiante, no caréter e na magnitu-
de da autonomia escolar e em sua regulagao e controle.
O projeto educativo é uma simbiose entre a traducao pedagégica
acumulada pela escola e a necessidade mutavel de ir modificando-a
com o passar do tempo. Nao hd projeto sem vida e movimento conti-
rnuo, mas tampouco se pode cair no outro extremo de partir sempre do
zero. A inovagio € 0 resultado de um sdbio e frégil equilibrio entre 0
saber acumulado coletivamente e a necessidade permanente de
repensé-lo, De pouco serve dispor ce um documento brilhante ou te-
dioso, elaborado com pauitas ¢ ritmos impostos pela inspeco, ¢ apro-
vado com falsos e apressados consensos que nfo tém nenhuma wil
dade na hora de orientar a reflexio ¢ a ago docente. O projeto, 20
contrdrio, requer tempo, reflexdo e consenso, obtidos a partir de coin-
cidéncias e divergéncias. Af esté a chave: como enriquecer-se a partir
do contraste e do didlogo e nao do enfrentamento; ¢ como ser capazes
de destacar aquilo que une, mais do que aquilo que separa.
‘AAUTONOMIA COMO ELEMENTO DE DIVERSIDADE
POSITIVA E INOVAGAO
A autonomia é um conceito guarda-chuva no qual cabem mui.
tas acepgées ¢ interpretagées, Depende, € claro, de quem o reivindi-
a, a partir de onde e para que propésito, Sem querermos ser exaus-
tivos em uma questdo tio controvertida, podemos assinalar pelo
menos trés leituras muito usuais da autonomia:
1. Autonomia liberal ou conservaclora associada A liberdade de
consciéncia, docente ou de eétedra. Em algumas circunstancias histé-
ricas muito coneretas — sobretudo nos regimes autoritarios essa li
berdade tem um contetido nitidamente progressista; em uma socie-
dade democritica, néo obstante, a situacéo é mais paradoxal: por
um lado, a defesa individual da liberdade de expresso ou de cite:
dra no exerefcio da docéncia é incontestavel; mas também é incon-
testivel que os professores fazer parte de um projeto coletivo teori-
‘camente compartilhado no qual nem sempre se casam algumas atu-
agbes docentes; e menos ainda quando se usa de Alibi para defender
seus interesses corporatives e evitar todo tipo de controle, venha da
administracdo, da diregaio, da cétedra ou do consenso escolar. Esse
paradoxo faz parte do eterno dilema entre individuo e sociedade.
Até onde a liberdade docente ¢ de consciéneia de cada pessoa pode
manifestar-se livremente, ¢ até onde pode ou deve chegar o controle
democratico e coletivo?
2. Autonomia neoliberal associada a competéncia, desregulamen-
tagio ¢ privatizagao. Essa foi uma das formulas mais tentadas pelo
neoliberalismo para desnaturalizar 0 cardter puiblico e social do ensi-
no ~ carter vineulado & formagao de uma cidadania ~ ¢ introduzir
mecanismos de competéncia indesejaveis entre escolas que beiram a
privatizagéio, em que, assim como ocorre no mercado, predomina a
satisfacio do cliente que quer ¢ pode eleger a escola que desejae que
oferece mais qualidade, Nessa suposigao, a autonomia nao € sendo a
oferta particular feita por cada escola para atrair mais clientela; ¢ 6
bem sabido que nem sempre so os pais que elegem — nunca as fami-
lias de setores desfavorecidos vaio poder competir em igualdade de
condigées =, mas as escolas € que sclecionam os alunos com mais
recursos e de contextos sociais estaveis. Aqui, a liberdade e autono-
mia dao lugar & desigualdade, e a pedagogia cede seu protagonismo
a0 marketing ¢ & publicidade.
3. Autonomia inovadora associada A diversidade e eriatividade
pedagégica e organizativa, ‘Trata-se de reivindicar uma autonomia
tunicamente no terreno pedagégico e organizativo que evite os meca-
nismos que geram competéncia, falta de solidariedade e desiguald:
de econdmica e social, mediante o cumprimento dos requisitos mini
mos do ptiblico antes mencionados. Concebida nesses termos, a au-