Carbonell - Capítulo 5-6-7-8 PDF

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Fsses di- versos Ambitos confluem em um todo sist8mico no qual todas as cas se inter-relacionam e se integram harmonicamente no conjun- to da instituigao, Um projeto inovador para a escola publica deve ser inclusive ¢ integrador de todo tipo de alunos, seja qual for sua procedéneia so- cial, seu “nivel”, necessidades expectativas educativas. E preciso ter um olho muito atento a realidade e o outro voltado para a utopia 'N. de R. Segundo diciondrio Novo Aurélio “1, Estado em que pode cada um subsistir ou permanecer. 2. Assembléla, congresso, parlamento, 3, Cada um {dos grupos da sociedade com status juridico proprio. B ex.: os burocratas, os militares”, 82_Jaume Carbonell Abvoature de inovar 83 porque no ha projeto sem sonho nem vontade de futuro, O caréter publico do ensino comporta o cumprimento de alguns requisitos mi- nimos para todos as escolas sem excecZo: igualdade de oportunida des para toda a populagio escolar com medidas de discriminacio positiva para os setores social e culturalmente mais desfavorecidos; gratuidade do ensino e dos servicos complementares basicos; plura- lismo democrético € respeito aos direitos humanos; néo-accitacio de nenhum tipo de discriminagéo por razdes socials, étnicas ou de 8eXo No acesso ¢ durante a escolaridade; e qualidade do ensino, O cumprimento escrupuloso desses requisitos de justica social ¢ democratica nao contradiz —_ao contrario, pode ser um sinal de enti- quecimento ~ a diversidade, a singularidade ¢ personalizagao dos projetos educativos. ‘Toda escola inovadora trata de ser diferente e projetar sua identidade, apesar das tentativas da administragio de converter as escolas em suas sucursais, uniformes e clonadas. Além disso, os professores inovadores ¢ comprometidos buscam continua- mente referentes de identidade e pertinéncia c se sentem melhor quando estes sio explicitados ¢ compartilhados. A questo mais po- Temica reside, como veremos mais adiante, no caréter e na magnitu- de da autonomia escolar e em sua regulagao e controle. O projeto educativo é uma simbiose entre a traducao pedagégica acumulada pela escola e a necessidade mutavel de ir modificando-a com o passar do tempo. Nao hd projeto sem vida e movimento conti- rnuo, mas tampouco se pode cair no outro extremo de partir sempre do zero. A inovagio € 0 resultado de um sdbio e frégil equilibrio entre 0 saber acumulado coletivamente e a necessidade permanente de repensé-lo, De pouco serve dispor ce um documento brilhante ou te- dioso, elaborado com pauitas ¢ ritmos impostos pela inspeco, ¢ apro- vado com falsos e apressados consensos que nfo tém nenhuma wil dade na hora de orientar a reflexio ¢ a ago docente. O projeto, 20 contrdrio, requer tempo, reflexdo e consenso, obtidos a partir de coin- cidéncias e divergéncias. Af esté a chave: como enriquecer-se a partir do contraste e do didlogo e nao do enfrentamento; ¢ como ser capazes de destacar aquilo que une, mais do que aquilo que separa. ‘AAUTONOMIA COMO ELEMENTO DE DIVERSIDADE POSITIVA E INOVAGAO A autonomia é um conceito guarda-chuva no qual cabem mui. tas acepgées ¢ interpretagées, Depende, € claro, de quem o reivindi- a, a partir de onde e para que propésito, Sem querermos ser exaus- tivos em uma questdo tio controvertida, podemos assinalar pelo menos trés leituras muito usuais da autonomia: 1. Autonomia liberal ou conservaclora associada A liberdade de consciéncia, docente ou de eétedra. Em algumas circunstancias histé- ricas muito coneretas — sobretudo nos regimes autoritarios essa li berdade tem um contetido nitidamente progressista; em uma socie- dade democritica, néo obstante, a situacéo é mais paradoxal: por um lado, a defesa individual da liberdade de expresso ou de cite: dra no exerefcio da docéncia é incontestavel; mas também é incon- testivel que os professores fazer parte de um projeto coletivo teori- ‘camente compartilhado no qual nem sempre se casam algumas atu- agbes docentes; e menos ainda quando se usa de Alibi para defender seus interesses corporatives e evitar todo tipo de controle, venha da administracdo, da diregaio, da cétedra ou do consenso escolar. Esse paradoxo faz parte do eterno dilema entre individuo e sociedade. Até onde a liberdade docente ¢ de consciéneia de cada pessoa pode manifestar-se livremente, ¢ até onde pode ou deve chegar o controle democratico e coletivo? 2. Autonomia neoliberal associada a competéncia, desregulamen- tagio ¢ privatizagao. Essa foi uma das formulas mais tentadas pelo neoliberalismo para desnaturalizar 0 cardter puiblico e social do ensi- no ~ carter vineulado & formagao de uma cidadania ~ ¢ introduzir mecanismos de competéncia indesejaveis entre escolas que beiram a privatizagéio, em que, assim como ocorre no mercado, predomina a satisfacio do cliente que quer ¢ pode eleger a escola que desejae que oferece mais qualidade, Nessa suposigao, a autonomia nao € sendo a oferta particular feita por cada escola para atrair mais clientela; ¢ 6 bem sabido que nem sempre so os pais que elegem — nunca as fami- lias de setores desfavorecidos vaio poder competir em igualdade de condigées =, mas as escolas € que sclecionam os alunos com mais recursos e de contextos sociais estaveis. Aqui, a liberdade e autono- mia dao lugar & desigualdade, e a pedagogia cede seu protagonismo a0 marketing ¢ & publicidade. 3. Autonomia inovadora associada A diversidade e eriatividade pedagégica e organizativa, ‘Trata-se de reivindicar uma autonomia tunicamente no terreno pedagégico e organizativo que evite os meca- nismos que geram competéncia, falta de solidariedade e desiguald: de econdmica e social, mediante o cumprimento dos requisitos mini mos do ptiblico antes mencionados. Concebida nesses termos, a au-

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