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Pesquisa Importação 07112010
Pesquisa Importação 07112010
insumos para pesquisa no Brasil (edição 2010)
Stevens K. Rehen e Daniel Veloso Cadilhe
Ins$tuto de Ciências Biomédicas da UFRJ
Rio de Janeiro, 01 de novembro de 2010
Pesquisa conduzida no mês de outubro de 2010 pelo Laboratório
Nacional de Células‐Tronco Embrionárias (LaNCE) do InsCtuto de
Ciências Biomédicas da UFRJ com 165 cien$stas de 35 ins$tuições
científicas e 13 estados brasileiros
Apoio:
InsBtuto de Ciências Biomédicas da UFRJ
Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento
Federação de Sociedades de Biologia Experimental
Academia Brasileira de Ciências
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
A edição 2010 do levantamento sobre dificuldades de importação complementa
avaliações prévias realizadas em 2004 (publicada na revista Nature) e 2007
(publicada no site da revista PLoS):
hRp://www.nature.com/nature/journal/v428/n6983/full/428601a.html
hRp://www.nature.com/nature/journal/v428/n6982/full/428453a.html
hRp://blogs.plos.org/plos/2008/02/guest‐blog‐ka`aesque‐bureaucracies‐impede‐import‐of‐scienCfic‐
goods‐in‐brazil/
Estados dos pesquisadores parCcipantes
PA BA CE MT
SC 1% 2% 1%
2% 1%
RJ
SP 45%
34%
2010
Tem necessidade de importar?
NÃO
1%
SIM
99%
2010
Com que frequência
importa equipamentos?
Semanal
1%
Mensal
11%
Anual
49%
Semestral
39%
2010
Com que frequência você precisa importar
material perecível (reagentes)?
Semanal Quinzenal
6% 5%
Anual
11%
Semestral
38% Mensal
40%
2010
Já tentou importar animais ou células
para sua pesquisa?
NÃO
45%
SIM
55%
2010
Qual frequência você consideraria ideal e
necessária para realizar importações de material
perecível (reagentes)?
Anual
2%
Semanal
Semestral
15%
13%
Quinzenal
24%
Mensal
41%
2010
Já perdeu material reCdo na alfândega?
Equipamento
12%
NÃO Outros
24% 27%
Microorganismos
7%
SIM Células Animais
76% Material
25% Perecível
60%
Animais
7%
2010
Já deixou de realizar alguma pesquisa (e/ou parte dela) ou
simplesmente mudar suas especificações por problemas relacionados à
importação (custos, integridade do material etc)?
SIM, NÃO
raramente 1%
8%
SIM,
corriqueiramente
42%
SIM,
eventualmente
48%
2010
Você já importou (ou tentou importar) material cienofico após as
resoluções da Secretaria da Receita Federal (Instrução NormaCva RFB
número 799 de 26 de dezembro de 2007) e da ANVISA (RDC nº 1, de 23
de janeiro de 2008)?
NÃO
18%
SIM
82%
2010
Na sua percepção, as novas resoluções “canal verde” (Receita Federal
2007 e ANVISA 2008) reduziram a burocracia e/ou custos de
armazenagem relacionados ao processo de importação de material
cienofico?
SIM
9%
NÃO
91%
2010
Qual a classificação do item importado após 23 de janeiro de
2008 (quando as normaCvas da Receita Federal e Anvisa já
estavam implementadas)?
Outro
26%
Reagente
Perecíveis
38%
Equipamentos
22%
Reagentes
Animais
Não‐
5%
Microorganismos Células Animais perecíveis
1% 3% 5% 2010
Qual foi o procedimento uClizado para essa compra?
Outro
32%
Fundação
37%
Importação Direta A Própria ICT/
Pessoa Física com Universidade
anuência do CNPq 18%
4% Importa Fácil
CNPq
9% 2010
Tempo (de espera) pela chegada do material importado:
De 1 a 3 meses
26%
De 6 a 12 meses
23%
De 3 a 6 meses
28% 2010
O período de armazenagem do material cienofico na
alfândega até seu eventual desembaraço gerou custos
adicionais para o seu laboratório?
De 51 a 100% do De 101 a 200% do
valor do material valor do material
8% 4%
De 11 a Nenhum
50% do 37%
valor do
material
21%
Até 10% do valor do
material
29%
2010
Depoimentos 2010
Desde 2008 a maioria das minhas importações foram conduzidas diretamente
pela FAPESP, o que reduz consideravelmente os problemas e atraso. O caso que
citei acima foi de uma doação de reagente feita por uma empresa canadense.
Talvez a palavra "doação" tenha atrapalhado o processo, que foi ultra‐burocráCco
e demorado. Me afastou da bancada e da leitura por mais de 2 dias inteiros. Além
disso, o material perecível ficou armazenado em temperatura ambiente durante as
2 semanas que ficou na alfândega. Não estragou porque era um reagente perecível
mas estável. Por estas e outras, não importo animais e células há anos. Mudei
completamente minha linha de pesquisa desde que retornei ao Brasil.
Além de as novas resoluções não facilitarem e não desburocraCzarem a
importação de materiais, a ANVISA tem incluído na RDC 33 várias substâncias na
lista de substâncias de uso proscrito no Brasil, que na verdade são ferramentas
farmacológicas valiosas paraneurocienCstas. Um exemplo bastante recente é o
fármaco DOI, o agonista mais seleCvo para receptores serotoninérgicos do Cpo 2A
disponível comercialmente, sem mencionar outros exemplo clássicos, como
cocaína. Os pesquisadores são tratados como verdadeiros traficantes, quando na
verdade só necessitam alguns miligramas ou poucas gramas dessas substâncias
pra dar prosseguimento a pesquisas de alta relevância.
Depoimentos 2010
A ciência no Brasil jamais aCngirá os níveis de compeCvidade internacionais as
barreiras alfandegárias de importação não sejam derrubadas ‐ tanto de reagentes
como de equipamentos. Esperar no mínimo 3 meses para a chegada de um
anCcorpo após ter pago quase 3 vezes mais pelo preço do mesmo (quando
comparado ao preço original) torna a compeCvidade intrinsecamente desigual (os
americanos pagam 3 vezes menos e tem o reagente à mão em no máximo 1
semana ‐ qualquer que seja o fabricante). No Brasil ficamos à mercê de
distribuidores que superfaturam os produtos e ‐ mesmo cobrando preços
exorbitantes ‐ não oferecem algo crucial para a compeCvidade cienofica ‐
AGILIDADE. A importação direta é extremamente burocráCca, nem todos os
fabricantes oferecem essa opção, o custo ainda é elevado e a demora para entrega
é tão grande quando comparada àquela feita diretamente com o distribuidor. Não
basta financiar a pesquisa, é preciso viabilizá‐la, desburocraCzar e baratear as
importações para os cienCstas. Caso contrário conCnuaremos fazendo ciência
pouco inovadora, pouco compeCCva ao nível internacional e consequentemente
de baixo impacto.
Depoimentos 2010
Na minha percepção o tempo de importação de um produto ou equipamento
ainda é muito longo e tem prejudicado a eficiência da ciência no Brasil.
Precisamos todos unidos, fazer uma oposição ferrenha a essa situação
insustentável, não existe os sem terras, seremos os sem equipamentos, sem
reagentes e sem pesquisas. Para isso teremos de enfrentar o governo com
protestos, marchas, panelaços, e outros meios pacíficos e éCcos de protesto. Blá,
Blá, Blá, não adianta. Temos que ter ação, mostrar nossa cara para o Brasil, para
que todos saibam que existem cienCstas nesses país que se devotam ao
sacerdócio do progresso da ciência brasileira para os brasileiros. É assim que
penso, sem ação não há reação, engraçado, mais é uma lei da xsica. Não me
achem carrancudo ou terrorista minha linha é mais a de Ghandi. Mas temos que
reagir, não teremos reagentes (que piada sem graça), apenas relaxar um pouco o
assunto.
Depoimentos 2010
O sistema está ainda muito burocraCzado e falta integração entre as várias
instâncias.
É quase impossível (ou uma loteria) importar animais de laboratório ou células.
O Principal problema na importação descrita acima foi da Fundação Charles
Darwin (UFRJ). Tinham em mãos documentação para importação, mas por
muitos meses nada fizeram.
Os agentes da ANVISA retêm todos os reagentes de biologia molecular que
entram ou saem do país, incluindo materiais insignificantes, como construções
plasmidiais doadas por pesquisadores no exterior. Os agentes só liberam o
material depois de 1‐2 semanas, se o pesquisador enviar formulários explicaCvos
e principalmente, o pagamento da GRU de R$100,00. É importante salientar que a
maior parte dos pesquisadores não possui verba alocada para este Cpo de
burocracia desnecessária que impede o avanço cienofico, e acaba tendo que arcar
com tais despesas (incluindo SEDEX) de seu próprio salário, além de não poder
realizar os experimentos enquanto os reagentes estão deCdos.
Depoimentos referentes à pesquisa de 2007
(note que as queixas são muito semelhantes)
FUNDAÇÃO E FORNECEDOR:
“Problemas na comunicação entre o fornecedor, a empresa de transporte no
país de origem, a fundação responsável pela compra do material e a empresa
de transporte no Brasil”
IMPOSTOS:
“Tentei também o Importa Fácil para pequeno equipamento, mas desisC
devido à burocracia para reCrada do material nos correios. Tinha que pegar
uma autorização na receita do município.”
“Valor pago pelo produto: R$ 100,00 (Guia de Recolhimento da União) + R
$66,00 (Imposto) + US$8,00 (valor do primer). Total de R$182,00”
Depoimentos referentes à pesquisa de 2007
(note que as queixas são muito semelhantes)
ANVISA:
“(...) emissão de GRU e uma declaração minha e do diretor (reconhecida em
cartório) de que a insCtuição Cnha propósito puramente de pesquisa
cienofica”
“Demora no documento de Liberação (CEP Brasília) devido a greve na ANVISA
e outras exigências (laudos de técnicos especializados) feitas pelo agente que
fiscalizou o equipamento.”
“(os) anCcorpos ficaram presos por quase 3 meses na Infraero (por causa da
greve da ANVISA), quando eles voltaram a trabalhar a responsável queria
incinerar nosso material pois o datasheet dizia q a validade a 4oC era de 1
mês. (Cve de ir) pessoalmente explicar que os anCcorpos eram caros e
(...mesmo sem validade) eu gostaria de testá‐los antes de incinerá‐los (pois)
havia teses em risco”
SUGESTÕES dos parCcipantes 2007:
COMO SOLUCIONAR:
“que o CNPq crie um mecanismo de acreditação dos pesquisadores (baseado, por
exemplo em bolsas de produCvidade, (...) Editais Universais, (...) auxílios FAPs)”
“e que estes precisassem apenas se idenCficar perante a Receita Federal e assinar um
termo de liberação IMEDIATA e LIVRE DE TAXAS de mercadorias que chegassem em
seus nomes, sem necessidade de DIs, LIs, despachantes, etc., etc...”
Depoimentos 2007
BUROCRACIA:
“É frustrante (...) Realmente toma o tempo que era dedicado para pesquisa e ensino.”
“Quando se trata de doação de material, a burocracia é maior do que se for compra
efeCva.”
“(Foi) Encomendado em 2003 (e), ainda não recebido”
“Os animais morreriam se ficassem no armazém do aeroporto”
“...foram doações de um pesquisador americano e demorei 2 anos para consegui‐los.”
“Quando conseguimos desembaraçar, a meia vida havia passado”