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9 Tratamento Térmico dos Acos e Ferros Fundidos 1, FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO TERMICO Entende-se por tratamento térmico 0 conjunto de operacées de aque- cimento, permanéncia e resfriamento das ligas de metais em estado solido com o fim de mudar sua estrutura e conseguir as propriedades fisicas ¢ mecfnicas necessirias. ‘Tratam-se térmicamente nfo sé as pecas semi-acabadas (blocos, Tin- gotes, pranchas ete.), com objetivo de diminuir sua dureza, melhorar a tisinabilidade e preparar sua estrutura para o tratamento térmico defini- tivo posterior, mas também as pecas terminadas e ferramentas, com o fim de proporcionar-lhes as propriedades definitivas exigidas. Como conse- fqiiéneia do tratamento térmico podem variar-se em amplos limites as Permanéncia Aquecimento Resfriamento Fig. 55. Esquema de tratomento sérmico do a50. Temperatura 1? e Tempo = propriedades das ligas. Assim, por exemplo, em agos com dureza inicial de Hs = 150 > 200, com ajuda da témpera se pode elevar a dureza até 2. A. Malishev — G. Nikolaiev — Y. Shuvalov aleangar H» = 600 > 650; também se podem elevar repentinamente com um tratamento térmico adequado o alongamento (2), a resiliéneia (a) © a resisténcia A ruptura (%)). A elevacéo das propriedades meednicas dos metais por meio do tratamento térmico permite aumentar as tens6es admis- siveis e reduzir 0 tamanho e péso da pega conservando ou, inclusive, au- mentando sua resisténcia mecdnica, seguranca e estabilidade de servico. (© fundador da teoria do tratamento térmico foi o cientista russo D. Chernov, que descobriu os pontos criticos de transformagio nos acos: a(A,), B(A;) e d(M). Os cientistas soviéticos tém aleancado grandes éxitos no aperfeicoamento dos processos tecnolégicos ja conhecidos, assim ‘como na elaboragdo de novos métodos de tratamento térmico dos acos, ferros fundidos e metais nao-ferrosos. Os prineipais fatéres que determinam o regime de tratamento térmico sio a temperatura e o tempo; portanto, qualquer regime de tratamento térmico pode representar-se graficamente em funcio da temperatura t e do tempo + (fig. 55). (Os pontos critices do aco costumam designar-se da seguinte forma: no aquecer, Ac, (inferior), Ac; (superior); aos esfriar, Ar; (inferior), ‘Ary (superior) (fig. 56); 0 ponto Ac, (725°C) indica a temperatura de Recozido de homogeneizacao Normalizado alto Recozido © ‘tempera oe ' Recozido para eriar nie | perlita granular Recozido de recristalizacéo Fig, 56. Zona de ago no digra- ima. de ferro-earbona com indica (80 dos temperawiras. Stimas de 200 Revenido baixo Savecmento pore, diferentes ios Os 0801.0 %c transformagao da perlita em austenita e 0 coméco da transformagéo da ferrita em austenita; Ac, indica a temperatura de transformacdo final da ferrita em austenite; Ar, indica a temperatura de transformacao da austenita em perlita (inferior a 723°C); Ar, indica a temperatura de preci- Pitagéo inicial da ferrita a partir da austenita; A., indica a temperatura Tecnologia dos Metais 113 de precipitacdo inicial da cementita secundaria a partir da austenita du- ante 0 resfriamento; e 20 aquecer, a temperatura de dissolucdo final da cementita secundaria em austenita. 2, TRANSFORMAGOES AQ AQUECER DOS ACOS Segundo o diagrama de equilibrio (fig. 56), abaixo da temperatura eutectoide Ac,, os agos hipoeutectéides tém a estrutura de ferrita + per- lita; 08 agos eutectéides, a de perlita; os acos hipereutectOides, a de perli- ta + comentita; ou seja, o estado inicial de todos os agos representa uma mistura de duas fases: ferrita e cementita. Ao pasar do ponto critico ‘Ac, comeca a transformagao de fases 2 > +y € a dissolucdo da cementita no ferro-y com formacéo de austenita. Na zona de temperaturas de ‘Ac; até Aca, 08 agos hipoeutectéides tém a estrutura de ferrita e austenita de concentragao variavel; neste caso, a0 elevar-se a temperatura, veri- fica-se a transformagio 2-> y (ou seja, a ferrita se transforma em auste- nita), Analogamente, nos acos hipereutectéides a austenita que se obteve por transformacdo da perlita no ponto Ac;, ao seguir aquecendo-a, dissolve @ cementita secundaria excedente, e acima do ponto Am, 0 ago tem a estrutura austenitica monofasica. Depols de transformar-se a perlita em austenita e elevando-se a temperatura dos agos hipoeutectéides, a ferrita se dissolve na austenita, e, ao aleangar a temperatura Ac, na linha GOS, obtém-se a estrutura de austenita monofésica; nos acos hipereutectéides, 20 elevar-se a temperatura, a cementita secundaria se dissolve em auste- nita e ao conseguir a temperatura Am, na linha SE, obtém-se a estrutura de austenita monofsica. Désse modo, 0 aquecimento de qualquer ago aci- ma da linha GSE faz que éste passe ao estado de austenita. O aqueci- mento posterior, ou seja, superior a linha GSE, faz que crescam os gréos de austenita CRESCIMENTO DO GRAO DE AUSTENITA. A transformacao de perlita em austenita vai acompanhada da formacao de austenita de grao fino. A temperaturas superiores ao ponto eritico (Ac;), realiza-se um crescimento tanto maior do gro de austenita quanto maior seja a temperatura de aquecimento e se prolongue mais a permanéncia. Estabeleceu-se que em alguns acos o erescimento do grao de austenita ocorre quando se eleva um pouco 0 ponto eritico Ac; éstes acos costumam denominar-se acos de grdo grosso inerente. Em outros acos o grao fino de austenita se conserva quando se aquecem até temperaturas consideravelmente altas; éstes acos costumam denominar-se acos de grio fino inerente. O grio inerente ca- racteriza a tendéncia do gro austenitico para o crescimento. Na fig. 57 esté representado o esquema da mudanga de tamanho do gréo nos aos de gréo grosso e de gro fino inerentes. Os acos de gréo fino inerente sio obtidos quando se modificam com aluminio, vanidio e titanio, os quais formam combinagGes estiveis em forma de Al:Os, V0; TTO., AIN, que eriam muitos nicleos de cristalizacdo e imgedem o cres- cimento do grao. 4 A. Malishev Nikolaiew — ¥. Shuvalov & preciso diferencar 0 grdo inerente do grdo real, cujo tamanho nos agos se consegue como resultado de um ou outro tratamento térmico. As propriedades mec&nicas dos acos, em primeiro lugar, as caracteristicas dos resultados dos ensaios estaticos, dependem, sobretudo, do grao real. O ta- manho do grap se determina comparando 0 gréo da microestrutura do ago, aumentado em 100 vézes, com 05 tamanhos padronizados dos gréos, adotados pelas Normas Soviéticas (GOST) (fig. 58). Os algarismos 1, 2,8... 8 significam 9 nimero do gro. Como base desta eseala tomaxse a relacio f = 500.2%, onde f é a area do gro em y, N 6 0 mimero Grio inerente ‘Aco de gro fino inerente 900 ~ 950° 3 Ago de grée grosso inerent Austenita oe aa Magnitude inicial do gré0.n6v0 Perlita Magnitude do oreo depertida Fig, 57. Esquema de cressimants do gréo nos ofes do prio grosso e de grdo fino inerentos, durante aqueciments asim Be, padronizado do gro segundo as GOST. Os gros com niimeros ate 4 60 consideram como grossos ¢ superiores a 5 como finos, 3. TRANSFORMACOES AO ESFRIAR 0S ACOS TRANSFORMACAO DA AUSTENITA. A austenita é estdvel s6 a tempe- raturas superiores a GSE (fig. 56); a0 esfriar-se abaixo da linha indicada inicia-se sua transformacio precisamente a velocidade ¢ o carster de transtormacéo da austenita dependem do grau de seu super-restriamentto. 1. Transformacio isotérmica da austenita. Na fig. 59, @ se vé o diagrama de transformacao isotérmica do aco-carbono eutectoide. O diagrama est construido nas coordenadas tempo—temperatura: no eixo horizontal se dé o tempo em escala loyaritmica 1, 10, 100, 1000, 10 000 segundos ete.; no eixo vertical, dé-se a temperatura em °C. O diagrama limita-se por cima com a linha A, e por baixo com as linhas de tempera~ turas de transformacéo inicial My ¢ final M, da martensita. ‘Acima déste diagrama (na fig. 59), est4o representadas, como exem- plo, as curvas de trensformacio isotérmica nos corpos de prova. Estas eurvas foram preparadas com ajuda do anisémetro magnético para 700, Teenologia dos Metais U9 LI Ln Pr he Fig, 58. Dimensése unifleados do gro segunda os Normas Soviticas {eumentoda 100 vézes) 116 A, Malishev — G. Nikolaiev — Y. Shuvalod 600 e 400°C (constroem-se para 0s corpos de prova para cada 50°C); nestas se anotam os pontos que correspondem ao tempo: 1) inicio de transfor- macao i, ¢ 2) final de transformacéo f; desta maneira se obtém uma série de pontos que indicam o principio €'o fim da transformacao completa. Depois de unir todos os pontos i com uma curva suave, obtém-se a curva do inicio da transformacdo, os pontos f dao o fim da transformacto da austenita. Transformagio de austenita | | Sorbite de témperalso ‘ eaesita fimoera FC (ferrita-+cementita) ool be las 400} Troostita 300} Austenita (AT eral Ms can") 200] joo} Martensita eaustenita (A) Fig, 59. Diograme de trans- farmacdo isatermica do Ot oe avstanita no age eutectéide ool Martensita ie 051 10 100 1000 10000 100 000 seg. o Abaixo da temperatura do ponto martensitico M, se verifica a trans- formagio da austenita em martensita, a qual se estudara separadamente. O diagrama de transformagao isotérmica de austenita mostra as zones, seguintes, ‘Acima da temperatura A, a austenita (A) é estavel; entre os pontos Aye M, existem trés zonas: a) a esquerda, a zona, a partir da origem de coordenadas até a curva do inicio da transformacéo, que representa a austenita super-resfriada (designa-se por A’); b) zona entre as curvas Tecnologia dos Metais do inicio ¢ fim das transformagées, que corresponde a transfo:macio da austenita que comegou e continua (designa-se por A’ + F + ©); c) zona {i direta da curva do fim da transformacdo correspondente a trarsformagio que terminou por completo (designa-se por F + C) ‘Nos acos hipoeutectéides, o diagrama de transformacdo isotérmica se complica um pouco com o aparecimento da curva de precipitagac da ferrita fa partir da austenita, e nos agos hipercutectéides, com 0 aparecimento da curva de precipitagio do carbonéto, que esta situada diante da parte superior da curva do inicio da transformacéo. 2. Transformagdo da perlita. Em conseqiéncia da transformacéo isotermica, & temperatura de 710°C se forma a estrutura de perlita de lamina grande (F + C) (fig. 60, ¢) com dureza Rockwell Re = 15. Ao descer a temperatura de transformagao isotérmics, por exemplo, a 850°C. fas laminas de perlita se tornam tao finas que se diferenciam dificilmente com ajuda do microsc6pio (fig. 60, b); esta estrutura costuma denomi arse sorbita da témpera, cuja dureza Rockwell & aproximadamente Re = 30, A temperatura aproximada de 550°C, a austenita super-resfriada forma a perlita com alta disperso das laminas de cementita; esta perlita costuma denominar-se troostita da témpera (fig. 60, c). Esta se diferencia por sua alta dursza Rockwell Re ~ 40 devido & alta disperséo das laminas de cementita. Na parte inferior do diagrama de transformagio isotérmica da austenita se forma a troostita acicular (fig. 60, d), composta Je laminas suspensas de cementita com reticula desfigurada de ferrita; sua dureza Rockwell é de Re = 50, Désse modo, como résultado do super-resfriamento, a austenita Fe, (C), a0 sofrer a transformaco 7 > 2 e o processo de difusio, produ a perlita fem forma de mistura bifésica de ferrita + cementita com difsrente dis- persio da fase de cementita Fig. 60. Familia das perlitos: ta de lamina grossa; b — perlita de Iimina fina; sorbita de tempera; © — tro0s- tite de tempera; d — troostita acieular = per 18, A, Malishev — G. Nikolaiev — Y. Shuvalov 3. Transformapdes da austenita ao esfriar-se ininterruptamente. No tratamento térmico dos aos por resfriamento ininterrupto da austenita, vegulando as velocidades de resfriamento, conseguem-se as mesmas estru- turas tipieas que pelo método isotérmico. Por exemplo, ao esfriar-se continuamente 0 aco eutectside velocidade de 1°C/min, 0 ponto critica A, desce até Ar’ = 710° e se forma a perlita de lamina grande com dureza Rockwell Re ~ 15. Ao aumentar a velocidade de resfriamento até 1°C/seg obtém-se a perlita de lamina fina com a maior dureza; A velocidade de resfriamento de 50°C/seg, a temperatura de transformacio baixa até Ar’ = 600°C, e a austenita se transforma em troostita da témpera com dureza Re = 40. A uma velocidade de resfriamento superior a 150°C/seg, © ponto critica se desloca até 240°C, e a austenita Fe (C) comeca a trans- formar-se sem difusio em martensita Fe, (C). O diagrama da fig. 61 ilustra a influéncia da velocidade de resfria- mento sébre 0 deslocamento do ponto critico Ar; no aco eutectéide. A curva superior Ar’ corresponde a austenita super-resfriada e a sua trans- formacao em uma mistura de ferrita—cementita. Ao aumentar a veloci- dade de resfriamento eleva-se o grau de super-resfriamento da austenita, € 08 produtos de decomposigao se tornam dispersos. Como se vé na curva (fig. 61), a grandes velocidades, além do ponto Ar’, aparece a linha que corresponde ao ponto M,, que é 0 principio de formacao da martensita. Transformacdo da martensita. A velocidades de resfriamento supe- riores a 150°C/seg o ponto superior Ar’ desaparece (fig. 61), e a austenita Fe (C) comega a transformar-se sem difusao em martensita Fe (C), di- ferente da transformagio de austenita—perlita que tem cariter de difusio. Velocidade critica da témpera Vi. é a velocidade minima de resfria- mento do ago necessaria para super-resfriar a austenita até o ponto mar- tensitico M, (fig. 59). Sua magnitude depende da composicéo quimica da austenita; 0 aumento do carbono até 0,8% na austenita diminui a ve- locidade Via; ocorre 9 mesmo com a presenca na austenita de elementos de liga N. Gudtsov, G. Kurdiumovy e N. Seliakov estabeleceram, em 1927, com ajuda da radiografia, que a martensita é a solugdo sélida supersaturadia do carbono em ferro-x Fe, (C) com reticulado tetragonal em vez de-cubico; © grau de tefragonalidade c/a > 1 cresce com 0 aumento da proporeso de carbono na martensita, A martensita tem estrutura acicular branca (fig. 62, a), possui alta dureza (dureza Rockwell Re = 62+ 66) e fragilidade que depende do contetido de carbono na martensita. A transformacéo mar- tensitica se realiza na zona de temperatura M,—M, (fig. 62. b); sta post- cao nao depende da velocidade de resfriamente e se determina pelo con- teiido de carbeno na austenita, 4. RECOZIDO E NORMALIZADO DOS ACOs O recozido dos acas é um tipo de tratamento térmico, que consiste no aquecimento do metal até uma determinada temperatura, permanéneia a esta temperatura (fig. 56), e posterior resfriamento lento. © fim do reco- ‘Teenologia dos Metais ug zido dos acos a obtencio da estrutura equilibrada, a eliminago das tensdes residuais e, em relagéo com isto, a elevacio das propriedades me- Canieas e teenolégicas. Existem diferentes tipos de recozido: a) completo; }) incompleto; ¢) isotérmico; 4) recozido para obter perlita globular; ¢) de difusio; f) de. recristalizacao. a) RECOZIDO COMPLETO (recozido supercritico) dos agos. Apli- ‘ca-se correntemente aos acos hipoeutectéides e consiste no aquecimento ido aco acima do ponto Acs, ou seja, 30—30°C mais alto que a linha GS (fig. 56), permanencia a esta temperatura 1/4 parte do tempo de aque- ‘Troostite -+ mortensita Ms T Martensite Venn} Weaedade de estiamentoVnw Fig. 61- nfluéncia da velocidade de resfriamonto do ago evtectbide fe posigéo des pontos crticos Fig. 62, Estrutura do ago wtectéide temperade: martensite; b — influéneia da quantidado do carbono no ago sobre s temperatura fia transformecae martensitica inielal M, © final Mt. 120 A. Malishev — G. Nikolaiev — ¥. Shuvalov cimento ¢ resfriamento lento até 500—400°C. Os acos-carbono se esfriam A velocidade de 100—200°C. por hora, os de liga a 50-60°C por hhora, 0 posterior resfriamento pode fazer-se ao ar. Durante o recozido completo se verifica a recristalizacao fisica, e do aco de grao grosso se obtém o de gréo fino. ‘As normas aproximadas do tempo de aquecimento para blocs cilin- drieos, ineluindo também o tempo de permanéncia, séo as seguintes: ‘no forno A temperatura de 600°C 100 seg. rho forno idem arc 50 fo banho de sais idem 800°C 35 no banho de chtimbo idem 800°C 10 ra eade mm do didmetro Ao aquecer lingotes de seglo quadrada 0 tempo indicado tem de ser aumentado 1,5 vézes e a0 aquecer pranchas, 2 vézes. b) RECOZIDO INCOMPLETO (recozido suberitico); consiste no aquecimento do ago (acima do ponto Ac;, mas inferior ao Ac,), permanén- cia e resfriamento iguais ao durante o recozido completo. Este tipo de recozido se aplica para climinar as tensGes em vez do recozido completo com 0 objetivo de reduzir os gastos de recozido, assim como para melhorar em alguns casos a usinabilidade dos agos. ) RECOZIDO ISOTERMICO. No recoz‘do isotérmico 0 aco se aque- ce do mesmo modo que no recorido completo até a temperatura GSK + (30-50), permanece a esta temperatura, esfria-se relativamente répido até uma temperatura inferior a Ar, (630—700°C), permanece a esta temperatura até que se decomponha por completo a austenita, e depois se esfria ao ar. O recozido isotérmico permite reduzir o ciclo de recozido quase em duas vézes em comparacao com o ciclo corrente. 4) RECOZIDO PARA OBTER PERLITA GLOBULAR; aplica-se aos ‘agos eutectdides © hipereutectéides; 0 ago se aquece um poueo acima do ponto Ac; (fig. 56), permanecendo muito tempo a esta temperatura, depois se estria lentamente abaixo de Ar,; depois de uma permanéncia a esta temperatura, volta-se a aquecer até uma temperatura superior a Ac, permanecendo bastante tempo; por ultimo se esfria com lentidéo até uma temperatura inferior a Ar, e depois se esfria ao ar. Devido as manipu- ages indicadas os carbonetos adquirem uma forma de glébulos (forma esférica). A finalidade déste recozide é de reduzir a dureza e melhorar a usinabilidade do ago. ) RECOZIDO DE DIFUSAO (HOMOGENEIZAGAO); aplica-se pa- ra destruir a heterogeneidade quimica do aco.que contém uma segregacéo intereristalina. aco se aquece até 1 000—1 150°C (fig. 56) e permanece a esta temperatura durante 815 horas, O recozido de difusao conduz a uma estrutura de grao grosso; éste defeito se elimina pelo recozido reiterado para obter 0 grdo fino. (recozido completo) Tecnolog’a dos Metais a1 {) RECOZIDO DE RECRISTALIZACAO; aplica-se aos metais que passaram, a frio, o laminado, estirado e estampado. Neste caso o metal Se aquece até uma temperatura inferior a de transformagao de fases, mas superior a recristalizagéo. Segundo A. Bochvar, a temperatura Prorat am \4 Tx, de fusio do metal (para o ferro esta 6 aproximadamente 450°C; para o cobre, 270°C; para o aluminio, 150°C), Devido a éste recozido climina-se 0 endurecimento do metal, rebaixa-se a dureza e resisténcia me- canica, mas se elevam os fatéres de plasticidade: dutilidade e resiliéncia. NORMALIZADO DOS ACOS. Denomina-se normalizado dos agos a0 aquecimento acima da linha GSE (fis. 56) em 30—50°C, permanéncia a esta temperatura, assim como durante o recozido, e resfriamento posterior a0 ar. O normalizado refina os grdos de perlita, desfaz o reticulado de ee- mentita nos agos hipercuteetéides e eleva as propriedades mecanicas dos agos. ‘Na construgo de maquinaria moderna 0 normalizado & mais empre- gado do que 0 recozido, j4 que & de maior rendimento e da melhores resul- tados que 0 recozido. 5. TRMPERA DOS ACOS 0 objetivo da tempera é o de obter uma alta dureza ou solidez na pega. ‘Ao temperar a austenita obtida em conseqiiéncia do aquecimento do aco até a temperatura de témpera (fig. 58), super-resfria-se até a temperatura necessaria e se transforma em martensita, troostita ou sorbita, Neste caso, 0 aquecimento do aco se efetua como durante 0 recozido: de acérdo com um regime dado. MEIOS DE RESFRIAMENTO PARA A TRMPERA. & desejavel que 0 meio de resfriamento para a témpera esfrie com rapidez na zona de tem- peraturas onde a austenita tem pouca estabilidade (600—950°C) e com jentidio na zona de temperaturas da transformacao martensitica (800—200°C) para que nao se originem tensdes. Para temperar as_pegas feitas de ago-carbono, com alta velocidade critica de témpera, utiliza-se correntemente a agua. A agua, ao esfriar intensamente a peca na zona de temperaturas de 500—600°C, continua esfriando eficazmente também na zona de transformacdo martensitica (200—300°C), 0 que & um dos inconvenientes da agua. ‘A peculiaridade positiva do éleo, como meio de resfriamento, consiste em que quase insensivel a mudanga de temperatura: o dleo tempera do ‘mesmo modo aos 20°C como aos 150—200°C. PROCESSOS DE TEMPERA. Na pratica aplicam-se varios procedimentos de témpera, segundo a composicao do aco, a forma da peca e a dureza de que se necessita. Com relacdo A temperatura do aquecimento, a témpera se divide em completa e incompleta. 123 A, Malishew — G. Nikolaiev — Y. Shuvalov A témpera completa se aplica para obter, com 0 aquecimento do aco acima de GSE (fig. 56), 0 estado monofésico, de austenita, e transformé-la depois em estrutura de martensita. ‘A témpera incompleta se obtém ao aquecer 0 aco acima da linha PSK, mas inferior & linha GSE (fig. 56). Como conseqiiéncia do resfriamento 4 velocidade critica de témpera, nos acos hipoeutectdides se obtém a estru- ture de ferrita ¢ martensita; nos aos hipereutectéides, a de martensita com inclusbes da cementita secundaria, Para as pecas feitas de agos hipoeutectéides € preciso aplicar a tém- pera completa com o fim de evitar que se formem inclusies ferriticas. Pelo contrério, para as ferramentas feitas de acos hipereutectéides é con- veniente aplicar a tempera incompleta: a presenca das inclusdes de cemen- tita secundaria na martensita ndo reduz, antes eleva a dureza da ferra- menta temperada, ao passo gue a témpera completa com aquecimento acima da linha BS (fig. 56) produz um superaquecimento da sustenita, o que diminui a dureza, devido ao fato de dissolver-se a cementita secundaria © erescer 0 grio de austenita, aparecendo a austenita residual na ferra- menta temperada. Conforme as condicées de resfriamento, a témpera pode ser: 1) em um 36 melo de resfriamento; 2) interrupto; 3) por etapas; 4) isotérmico. 1, A témpera em'um 36 meio de resfriamento 6 0 proceso mais usado e simples (Sig. 62, curva 1); a peca aquecida até a temperatura de témpera é submersa no meio de Tesfriamento (0 aco-carbono, em gua; © aco-liga, em 6leo), no qual se mantém até que se esftie, totalmente Este procedimento é simples, mas pode criar tensoes internas considerdveis, 2. A témpera interrupta, tempera em dois meios, aplica-se com 0 fim de evitar que aparecam tensdes internas na peca (fig. 63, curva 2). A peca aquecida até a temperatura necessaria, primeiro se esfria rapidamente em agua até 350—300°C, depois se traslada para 0 6leo ot 80 ar para resftid-la com [entidéo na zona de temperatura martensitica. Um dos ineonvenientes déste processo é a dificuldade de regular o tempo de per- manéneia na agua. 3. A témpera por etapas elimina o inconveniente indicado (fig. 68, curva 3): a peca aquecida se esfria rapidamente introduzindo-a em um banho de sais com temperatura um pouco mais alta que a temperatura do inicio da transformacao da tartensita do aco dado (M,), permanecenda a esta temperatura até que esta se iguale ao longo de tida a secéo da pecs fe depois se esfria ao ar, Na témpera por etapas, coro meio de resfriamento se utilizam mistu- ras de sais facilmente fusiveis, por exemplo, a mistura de 55% de KNOs ¢ 45% de NaNO; com ponto de fusio de 187°C. Este procedimento s6 pode ser aplicado para temperar pecas pequenas de ago-earbono, ja que a velo- cidade de resfriamento das pecas grandes pode encontrar-se na zona onde a austenita tem pouca estabilidade (500—600"C), inferior a critica, 4. A tempera isotérmica permite conseguir estruturas de tipo per- Litico (sorbita, troostita), por meio do resfriamento da peca aquecida até ‘a temperatura de témpera em um banho de sais com temperatura dada, ‘Tecnologia dos Metais 123 permanecenco néle até que termine a transformacdo da austenita (fig. 63, curva 4). A duracio de permanéncia no meio de resfriamento se deter- mina segundo o diagrama de decomposicao isotérmica da austenita para © ago dado, E muito conveniente a tempera isotérmica para obter pecas com estrutura de troostita acicular e dureza H,, = 45 ~ 55, visto que, neste <7 AY Temperatura —=— = 20 Tempo—— Fig. 63. Curvas do resfiomsnte. para diferentes precessos de timpera tragodas no diagrome de dacompesigao isotérmica da austonita (A. Guliéev) — tempera em um melo de restrlamento; 2 — témpera interrupta (tempera em dois ‘meios); 3 — tempera por elapas; 4 — tempera isotérmiea, caso, se obtem bastante plasticidade. Entretanto, podem temperar-se iso- termicamente as pecas feitas de aco-carbono ou aco de liga baixa smente de seco pequena (810 mm), ja que, devido A pouea estabilidade da auste- ita nos agos com secoes grandes, é impossivel super-resfriar o nucleo da pega no meio quente até as temperaturas baixas (um pouco superior a M.). TRATAMENTO DO ACO A TEMPERATURAS INFERIORES A ZERO. Emm alguns acos 0 ponto martensitico M, é inferior a zero, e para transfor- mar completamente a austenita em martensita é necessario esfriar a peca fabaixo de zero grau centigrade, isto ¢, 0 tratamento das pecas de sco a temperaturas inferiores a zero 6 uma parte do ciclo completo do tratamento térmico, Como resultado do tratamento a frio mudam-se as propriedades mecinicas e fisicas do ago; 0 tratamento a frio se aplica para elevar a dureza das ferramentas de corte, estabilizar o tamanho dos instrumentos de medida e outros. Nos aparelhos de refrigeracdo se usa como refrige- rante a mistura de didxido de carbono (gélo séco) com dlcool desnatura- lizado (p. f. — 785°C), 0 oxigénio Iiquido (p. f. — 183°C) ¢ 0 nitrogénio 1. liquide (9. f. — 195°C). 124 A. Malishee — G, Nikolaiev — ¥. Shuvalov 6. TEMPERARILIDADE DOs ACOs Denomina-se temperabilidade dos acos sua propriedade de tempera até uma profundidade determinada. Por profundidade de temperabilida costuma-se entender a distincia desde a superficie até a camada com estru tura semimartensitica composta de 50% de martensita e 50°% de troostita, A profundidade de temperabilidade depende da composicio quimica do aco ou, mais exatamente, do valor da velocidade critica de témp2ra: quanto menor seja Veuice tanto maior € a profundidade da temperabilidade, DEFEITOS QUE PODEM ORIGINAR-SE DURANTE A TEMPERA. A dureza insuficiente da peca temperada é ocasionada por um aquecimento incormpleto ou por falta de rapider no resfrlamento com uma velocidad inferior a venice A dureza por manchas é resultado do aquecimento irregular do ago antes de temperilo ou do resfriamento irregular. Ambos os tipos de defeitos (dureza insuficiente e por manchas) se evitam observando os regimes de aquecimento e resfriamento, com um normalizado prévio para obter uma estrutura homogénea; ambos defeitos podem ser eliminados com a témpera reiterada, A oxidagéo e descarbonetagdo da superficie é resultado do aquecimenta das pecas em fornos com atmosfera oxidante. Um meio eficaz para evitar éste defeito consiste em aquecer a peca em fornos de mufla com uma atmosfera protetora, ou nas seguintes fusées salinas: NaCl, KCI, BaCla, NasCos, BaCO; ete. A distoredo (deformacdo da peca) e grétas ocorrem por causa das grandes tensces que aparecem no cutso da témpera, devido a abter-se diferentes estruturas com volume especifico diferente por causa do res- friamento irregular das diferentes partes da peca (dugulos agudos, passa- gens répidas). As pecas de forma complicada tém de ser fabricadas de lum aco que tenha menor velocidade critica de tempera. As grétas sio defeitos ircemedidveis; a distoreéo pode ser eliminada com o endireita- mento ou retificado depois do revenido. 7. TEMPERA SUPERFICIAL ‘Na construgdo de maquinaria moderna aplica-se em grande escala a tempera superficial com o fito de conseguir a estrutura martensitica na camada superficial, conservando o niicleo macio (drvores, engrenagens) Isto se consegue por meio de um aguecimento da camada superficial da pea até a temperatura de tampera e seu posterior resfriamento, Segundo ‘9 método de aquecimento, podem-se diferencar ox seguintes tipos de témpera superficial: 1) témpera por aquecimento com a chama de um magarico; 2) por aquecimento elétrico de contato; 3) por inducio; 4) no eletréiito. 1, _TBMPERA POR AQUECIMENTO COM CHAMA DE MAGARICO DEGAS. A camada superficial da pega 6 aquecids com 2 chama de um Tecnologia dos Metais 125 macarieo de oxiacetileno até a temperatura de témpera e se esfria com um jato de égua. 2. TEMPERA POR AQUECIMENTO ELETRICO DE CONTATO ‘SEGUNDO O METODO DO PROFESSOR N. GUEVELING. A camada Superficial da pega € aquecida com correntes de baixa tensio 2-6 V) de alta densidade, realizando 0 contato através do metal que se aquece com ‘ajuda de elétrodos de cobre. A camada quente se esfria com um jato de ‘gua ou éleo. ‘Ambos os métodos de témpera superficial tém uma aplicagio limitada devido a seu pequenc rendimento e devido a que existe um método de aquecimento mais perfeito? empregando correntes de alta freqiiéncia. 3. TRMPERA SUPERFICIAL POR INDUGAO. Bste método, ela- ‘borado e proposto pelo professor V. Vologdin (1934), ¢ um dos métodos mais avancados e efetivos de tratamento térmico para a témpera super- ficial e permite obter a camada temperada de qualquer profundidade, regulando a freqiiéneia segundo a formula onde 2 & a profundidade de aquecimento e j, a freqtiéneia em Hz. Este método de témpera € de alto rendimento e oferece a possibilidade de automatizar completamente o processo de témpera (fig. 64). A peca 1 6 colocada no indutor 2, alimentado com corrente do motor gerador 3, que se pde em movimento pelo motor elétrico 4 através do transformador 5; ‘08 condensadores 6 tém por objetivo melhorar o funcionamento do gerador. Na peca 1, colocada dentro do indutor 2, surgem correntes de inducéo Fig. 64. Exquema de equeciments por indugdo com « 126 A, Malishev — G. Nikolaiev — Y. Shuvalov (correntes de Foucault) de alta freqiiéneia e densidade na camada super- ficial, a qual se aquece com rapidez até a temperatura de témpera; esfrian- do-a depois com um jato de 4gua em forma de ducha, forma-se na pega a estrutura martensitica. Para conseguir a profundidade requerida da camada temperada em- pregam-se geradores de alta freqiiéncia de diferentes tipos (tabela 6). (Os parimetros fundamentais que determinam a estrutura da camada temperada sio a temperatura e a velocidade de aquecimento. ‘Tabela 6 IPOS DE GERADORES DE ALTA FREQUENCTA Zona de freqiencias yaaa Poténcla | Profundidade de ‘Tapes de geradores nprenad cm treaties Motor-gerador 500 — 10000 e2 Gerador de chispas ‘5000 — 500000 1 Gerador életzénico 100000 — 1000000 * agoimos de mm 4. TEMPERA POR AQUECIMENTO DO METAL NO ELETROLITO. proceso consiste no seguinte: a pea que serve de catodo é submersa no eletrolito (solugio aquosa de soda) ¢ de anodo serve o préprio banho. Ao fechar 0 circuito de corrente continua, ao redor do catodo (peca) forma-se uma camisa de hidrogénio com uma alta resisténcia elétrica, 0 que contribui para a criacdo de uma alta temperatura e um aquecimento rapido da camada superficial do metal. A peca aquecida se esfria (tem- pera-se) no mesmo eletrélito ao desligar a corrente. Para aquecer a peca, aplica-se uma corrente continua com tensdo de 220 a 300 V e densidade de 446 A por cm? da superficie de aquecimento. 8. REVENIDO DO ACO TEMPERADO © revenido 6 a operacéo final do tratamento térmico; do modo de realizi-lo dependem as propriedades das pecas térmicamente tratadas. Os fatores fundamentais do revenide dos acos so: a temperatura de aqueci- mento ea duracéo de permanéncia a esta temperatura. O obietivo do revenido consiste em eliminar parcial ou completamente as tenses inter- nas, reduzir a dureza e clevar a resiliéneia. Submetem-se ao revenido as peces temperadas com estrutura de martensita tetragonal e austenita residual. Ambas as estruturas sio instaveis ¢ tendem a transformar-se por aquecimento em estados mais estiveis com mudanca de volume, visto que 0s volumes especificos das estruturas séo diferentes e esto situados om ordem do aumento de seus volumes especificos da seguinte maneira: Tecnologia dos Metais ea austenita < perlita < sorbita < troostita < martensita, ou seja, a austenita tem o volume especifico minimo e a martensita, 0 volume maximo entre as estruturas de ligas de ferro-carbono que se obtém pelo tratamento tér- mico. Ao transformar-se a martensita, ocorre a diminuigao do volume (comprimento), ¢ ao decompor-se a austenita ocorre o aumento do volume (comprimento) Transformacéo Curva. dilotométrica do nid do. aco-corbaro: recozido; Bago tem= perado (A. Gulléev) Na fig. 65 se apresenta uma curva dilatométrica que mostra a mudanca de comprimento do corpo de prova durante o revenido db aco temperado. Na fig. 66 esto representadas as curvas que caracterizam a mudanga do teor de carbono na martensita em relacdo com a temperatura do revenido dos acos com diferentes proporcées de carbono. Quando nao ha transfor- macoes estruturais durante 0 aquecimento, 0 ago recozido (fig. 65, a) da uma linha horizontal; no revenido do aco temperado se observam trés transtormacées (fig. 65, b) T transformagao: durante o revenido até 200°C ocorre uma reducao do comprimento do corpo de prova, provocada pela dimimuicéo da forma tetragonal do reticulado de martensita, isto é, a relagdo dos eixos c/a se aproxima de 1; isto € a causa de uma grecipitacdo de carbono a partir da artensita Fe, (C) (fig. 66). Em conseqiiéneia da primeira transforma cio a martensita temperada se converte em martensita revenida; IT transformacéo: durante o revenido de 200° a 300°C aumenta o volu- me (comprimento) da peca (fig. 65, curva b), o que esta relacionado com a transformaco da austenita residual em martensita revenida; II] transformacdo: 0 revenido de 300° a 400°C conduz a uma redugéo de comprimento (fig. 65, curva b), 0 que obedece 4 decomposigao da martensita em uma mistura de ferrita e cementita. O contetido de carbono na ferrita formada é priticamente igual a zero (fig. 66). A estrutura que se obtém denomina-se troostita revenida, 128 A, Malishev — G. Nikolaiev — ¥. Shuvalov A subsegiiente elevacao dz temperatura do revenido contribui para © aumento da fase de cementita e para a formacan, a 500°—550°C, da serbita revenida com marcas de troostita, e a 560°600°C, da sorbita revenida. T na ‘ha martensita S Contedda de carbono 0 80 100 150 200 250 200 350 400-c Temperature do revenido Fg, 86. Conteide de carbono na soluedo a (martansita) em fungdo da temperatura do revenida (6, Kurdiomov) ‘Na prética aplica-se o revenido de baixa temperatura (150'—200°C) para eliminar as tensdes na martensita, e o revenido de alta temperatura {850'—600'C) para conseguir a estrutura de sorbita revenida, ‘As mudangas de estrutura do aco no revenido conduzem também as mudancas das propriedades mecanicas, Ne fig. 67 estéo representadas a5 cucvas que caracterizam a mudanga das propriedades mecanicas do aco- ~carbone temperado de tipo 40, em relacSo com a temperatura do revenido, = : Spt eee 300 400 500 600 700 1° de revenida Tempera Re Fig. 67. Mudonce dos prepriedades mecénicas do ago 40, om relayéo com 9 temperature do reverido (sepuade 6. Kaschenko © N. Minquévich). sco — ‘Tecnologia dos Metais 129 Durante o revenido até 300°C, a resisténcia A ruptura e o limite elas- tico (es e s:), em, comparacéo: com o estado de témpera, elevam-se, a dureza Brinell H» desce. Ao elevar-se a temperatura do revenido a mais de 300°C realiza-se uma diminuigéo do valor dos fatéres indicados ¢ a clevacio da plasticidade (@ e ¥) e da res'liéneia (&) em comparacio ‘com as propriedades que existiam aps a tempera (estéo anotadas com tragos na ordenada da esquerda do diagrama). Depois do revenido a alta temperatura (530°—600'C), 0 aco tem va- lores mais altos de resisténcia & ruptura e do limite elastico (6, 2), de plasticidade (w) e de resiliéncia (a;) do que os tinha depois do recozido (estéo designados com tragos na ordenada da direita do diagrama). Por isso, para as pecas de maquinas se aplica amplamente na pratica a tempera com objetivo de formar a martensita e, depois com um revenido a alta temperatura, para obter a sorbita, o que se costuma denominar bonificacdo. A sorbita revenida com cementita em forma de grao tem valores mais altos de tenacidade e resiliéncia do que a sorbita temperada com cementita em forma laminar. 9. TRATAMENTO TéRMICO DO FERRO FUNDIDO CINZENTO Os ferros fundidos ligados, modificados e de alta tenacidade, assim come 0s agos, submetem-se aos seguintes tipos de tratamento térmico. 1. BECOZIDO PARA ELIMINAR AS TENSOES INTERNAS EM PEGAS MOLDADAS DE FORMA COMPLICADA DE FERRO FUNDIDO CINZENTO: aquece-se lentamente (75° — 100°/h) até os 500° — 550°C, per- manéncia a esta temperatura durante umas 2—5 horas © depois resfria- mento lento dentro do forno (50°—60°/h) até os 200°C. Este tipo de reco- zido se substitui por permanéncia longa ao ar (até um ano) das pecas moldadas colocadas no armazém, proceso que se costtma denominar en- velhecimento natural, Mas neste caso as tensoes se eliminam s6 par- cialmente (20—30%) 2, RECOZIDO PARA REDUZIR A DUREZA E MELHORAR A USINABILIDADE DOS FERROS FUNDIDOS CINZENTOS. Este reco- zido se realiza aquecendo-os até 850—900°C durante 1—2 horas, o que origina a grafitagio da cementita livre segundo a férmula Fe,C =3Fe + C. 3. NORMALIZADO DOS FERROS FUNDIDOS CINZENTOS. Reali za-se aquecendo-os até 850°—-870°C com 0 objetivo de elevar o contetido de carbono ligado, a expensas da dissolucao de uma parte de carbono livre na austenita, e por resfriamento ao ar para conseguir a estrutura de sorbita, 4. TEMPERA DAS PECAS DE FERRO FUNDIDO CINZENTO. Para obter nos diferentes tipos de ferro fundido cinzento a estrutura de ‘martensita, troostita e sorbita, a témpera se realiza do mesmo raodo que 130 A. Malishev — G. Nikolaiev — ¥. Shuvalov nos agos (capitulo 9, § 4); a temperatura de aquecimento pata a tém- pera oscila de 820° a 900°C. # preciso sublinhar particularmente a eficécia: a) da tempera isotér- mica do ferro fundido einzento, que permite elevar a tenacidade em 30—507% fe a resistencia ao desgaste em 34 vézes; b) da témpera superficial, por ‘indugao com correntes de alta freqiiéncia, das pecas que sofrem atritos durante seu trabalho. 5. REVENIDO APOS A TEMPERA: a) com baixa temperatura a "180'250°C para eliminar as tenses; b) com alta temperatura a 500°—600°C para conseguir a sorbita de revenido (capitulo 9, § 8) 10. FERROS FUNDIDOS MALEAVEIS © ferro fundido maledvel é um ferro fundido moldado que tem 2 matriz de ferrita ou perlita (fig. 68) com inclusdes de carbono de recozido ‘em forma de rosetas. O ferro fundido maleavel é obtido por recozido de grafitagao a partir do ferro fundido branco (fig. 68). Na pratica, aplicam- fre dois tipos de ferros fundidos maleaveis: ferritico e perlitico que se Giferenciam por suas propriedades mecénicas. "A produgao dos ferros fundidos maledveis se compe d= duas etapas: obtencao das pecas moldadas com estrutura de ferro fundido braneo (fig $1) e recozido de grafitagao do ferro fundido branco para obter o maledvel (ile 68). Ao obter o ferro fundido maledvel fsrritico, a fusio do metal Fig, 68. Estrutura do ferro fundide moledvel op6s 0 recozido (oumentado 100 vézes): Teter fundido ferritico; b — ferro fundido perlitico Tecnologia dos Metais 131 se faz por meio do processo duplo (duplex process) (no forno cilindrieo e depois no foro elétrico) e se obtém o ferro fundido branco com a se- guinte compos.cio: 24-28% de C; 0,5—10% de Si; 0.304% de Mn; até 0,08% de S; 0,10—0,20% de P. A fusao do ferro fundido maleével perlitico realiza-se num forno cilindrico, obtendo-se um ferro fundide com ‘uma proporcao de carbono mais alta, ¢ submetendo-a depois a um reco- zido de descarbonetagio. METODO DO RECOZIDO. 0 recozido do ferro fundido maleavel se efetua fem fornos de crisol e de tinel, nos fornos de acao continua com atmosfera protetora. Durante o recozido nos fornos sem atmosfera.protetora, as pecas moldadas de fers funuide branco sao colocadas em casas (de ago 6u de fzrr0 fundido branca) enchendo-as de areia, durante 0 recozide do ferro fundido maleavel ferzitico, e com minério de ferro, durante o reco- zido do ferro fundido perlitico. Nos fornos com atmosfera protetora as pecas moldadas so depositadas diretamente nas cubas, o que redux a duragéo do recozido e di uma producao de alta qualidade. Na fig. 69 estio expostos de forma gréfica os regimes de recozido do ferro fundido maleavel: a linha interrompida caracteriza o regime cor ente, com duracao de 80 horas; a linha cheia representa 0 recozido com permanéneia a baixa temperatura (350\—410°C), para eliminar o hidro- geno do ferro fundido modificado pelo Al, com 60 horas de duracio. O Processo do recozido compée-se de duas etapas de grafitagio. ‘A primeira etapa & 0 aquecimento até 950°—970°C, transformacdo da perlita em austenita e a dissolucdo nesta de mais de 1% de carbono, per- manéneia a temperatura dada (5—13 horas) tara grafitizar a cementita livre com separacio da ferrita e da grafita em forma de rosetas segundo = reacio Fe,C = 3Fe + C. se oe tae an ans 12-H6pabaspminsinitsom— 15-18% Resfriamento com o farno Tempo em horas. Fig. 69, Regimes de rccoride de fundigio, moledvel 4 —corente (linha interrompida) de @ horas de duragio; b — com a permanéncia a tama temperatura baixa de 350°C 20 modificar com aluminio durante 60 horas. A segunda etapa € 0 resfriamento das pecas recozidas até a zona de transformagao eutectéide e a permanéncia (16—40 horas), 0 que facilita a 132, A, Malishev — G. Nikolaev — Y. Shuvalov Aecomposigiio da cementita secundaria, que precipita da austenita no curso do resfriamento (veja-se a fig. 48), e a transformagio da cementita erlitica em ferrita e grafita em forma de rosetas. Como conseqiiéncia do recozido completo a estrutura se compte de formagées redondas de Brafita e gros de ferrite (fig. 68). ferro fundido maledvel perliti¢o € obtide por meio do recozido incompleto. Depois da primeira etapa de grafitagio 2 1000°C, o ferro fundido se esfria dentro do forno sem realizar a segunda etapa de grafi- taco. A estrutura do ferro fundido maleavel perlitico compoe-se de per- ita & earbouo de recozido (fig. 68, 0). Para elevar-se a resiliéncia, 0 férro fundido perlitico ¢ submetido a esfervidizacao a 650°—T750°C, com 0 que se obtém a estrutura de perlita granular. Na Unido Soviética foram introduzidos métodos répidos de recozido do ferro fundido maledvel, que permitem realizar 0 recozido em 7—J8 horas. Ox meios para acelerar 0 recozido sfio: a) a témpera do ferro fundido bbranco antes de Tecozé-lo, para aumentar os niicleos de grafitacéo; b) a modifieagso do ferro fundido branco com Ai ou Ti; ¢) 0 tratamento térmi- co prévio a baixas temperaturas, para eliminar o hidrogénio; d) a realiza- co da primeira etapa de grafitacdo em um meio liquido (banko de sais) 8 1 050°—1 100°C e a esferoidizagéo em forno elétrieo de mufla a 710°—720°C (ferro fundido perlitico). 0 ferro fundido maledvel se aplica amplamente na construgio de au- toméveis, tratores, vagbes, maquinas agricolas, para fabricar pecas de for- ma complicada que trabalham a choque. Nao obstante, na atualidade, 0 ferro fundido cinzento com grafita esferoidal, de propriedades mecdnicas mais altas e que néo exige prolongado recozido, comeca a substituir peula- tinamente o ferro fundido maleével,

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