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A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS NA DOCUMENTAGAO MEDIEVAL PORTUGUESA* Por José Marques Resumé L'auteur, apres avoir synthétisé le processus de l'indépendence du Portugal afin de situer historiquement la constitution de la Chancellerie Royale portugaise, fait Vanalyse des principales manifestations de l'influence des bulles papales sur ladocumentation royale et épiscopale, et sur les pratiques diplomatiques de plusieurs notaires. Introdugao Para uma compreens&o mais profunda da influéncia das bulas pontificias na documentagao medieval portuguesa, o seu estudo, além dos imprescindiveis conhecimentos paleograficos e diplomaticos, exige também uma informagio suficiente, relativa aos primérdios e evolugio dachancelaria portuguesa, no contexto do processo de independéncia de Portugal. Na verdade, medida que o Condado Portucalense se orientava, progressivamente, para a sua autonomia politica, e as instituigdes af * Verso portuguesa da comunicagdo apresentada ao Coléquio Internacional de Diplomética, realizado em Heidelberg, de 27 de Setembro a 1 de Outubro de 1996. Agradego & Fundagao Calouste Gulbenkian o patrocinio que permitiu esta par- ticipagao. 26 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS existentes se distanciavam das tradigdes diplomiticas vigentes no reino de Le%o, donde procediam, temos de reconhecer que, por diversos motivos, era cada vez maior a intervencdo da Santa Sé nos frequentes problemas surgidos nesta regido. Poderemos mesmo afirmar que a influéncia das bulas pontificias na documentagdo portuguesa, civil € eclesidstica, se documenta de forma mais expressiva, numa fase posterior a0 reconhecimento da independéncia de Portugal por Afonso VII de Leo e Castela, quando a chancelaria dos condes D. Henrique e D. Teresa ja tinha sido substitufda pela do Infante D. Afonso Henriquese esta se havia transformado, verdadeiramente, na chancelaria real portuguesa. Quer isto dizer que estamos em presenga de uma realidade hist6rico-cultural, que sera tanto melhor seguida pelo auditério quanto mais presente tiver as linhas gerais da formagdo de Portugal ¢ os frequentes recursos que desta regio dos confins ocidentais da Europa subiam a Curia Pontifi Subordinaremos, por isso, a nossa exposicao aos seguintes pontos: I — Autonomia de Portugal ¢ constituigao da chancelaria real portuguesa; II — Influéncia das bulas pontificias na documentagao régia; II — Repercussdo das bulas na documentagao episcopal e na pratica notarial. J — Autonomia de Portugal e constituicao da chancelaria real portuguesa Deixando de lado apluralidade de teorias que, desde os meados do século XIX até agora, se propuseram explicar a formacao de Portugal como reino independente, a partir de 1143, no extremo ocidente da Europa, temos de reconhecer que o primeiro passo, embora inconsciente, deste moroso proceso, foi dado quando A fonso VI de Ledioe Castela, nos finais de 1094 ou nos primeiros meses de 1095', confiou ao Conde D. Henrique, oriundo da Borgonha, casado com sua filha bastarda, D. Teresa, 0 governo do Condado Portucalense, que se estendia desde o rio Minho até um pouco ao sul de Coimbra. A sede do governo estava na antiga vila de Guimaraes, préximo de Braga, regido mais segura, completamente fora do alcance dos ataques ou algaras drabes. 1 A mengio destas duas datas deve-se ao facto de nao haver acordo entre os diversos autores acerca da data em que foi instituido o Condado Portucalense. ‘A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS 2 O espirito de autonomia, com profundas raizes nas gentes desta regio? encontrou um novo estimulo na restauragao da diocese de Braga, em 1071. Arestauragao e organizagao deste antigo bispado, que, segundo o censual do século XI (1085-1089), s6 na regido de entre os trios Lima e Ave e deste até ao Tamega, regista 650‘ pardquias, constituiu um importante polo aglutinador em tomno de Braga. Ao logo do seu governo, o Conde D. Henrique (c.1095-1112), manteve uma estreita colaboracao com os prelados bracarenses, que viria a desenvolver-se, a partir do momento em que 0 jovem Afonso Henriques, filho do Conde D. Hen- rique e de D. Teresa, assumiu em exclusivo os destinos do Condado Portucalense, em 24 de Junho de 1128. ‘Nao se tratou de um processo pacifico, pois, antes desta data, os titulares do Condado Portucalense, D. Teresae o filho, Afonso. Henriques, tiveram de enfrentar, por duas vezes, a presenca das tropas do rei de Ledo, respectivamente, seu sobrinho e primo, nos cercos dos castelos de Lanhoso e de Guimaraes, tendo-se repetido as hostilidades entre os dois primos, até 1140. Finalmente, em: Outubro de 1143, Afonso VI encontrou- “se com Afonso Henriques, em Zamora, numaconferéncia presidida pelo legado pontificio, o cardeal Guido de Vico, tendo reconhecido a independéncia de Portugal, que, na pratica, j4 era uma realidade, havia alguns anos ‘A andlise da documentagao produzida durante as quase quatro décadas, preenchidas pelos governos do Conde D. Henrique e de D. Teresa’, apesar da escassez de documentos originais chegados até nés, permite observar, com seguranca, que, a medida que politicamente se acentuava o afastamento do poder leonés, também na documentagao se ia procedendo a uma clara diferenciagio, ha muito conhecida, mas que aqui importa recordar, evidenciando também, no plano diplomatico, a oposicao latente, no interior do Condado Portucalense, & hegemonia leonesa. ‘As principais manifestagdes da pritica diplomatica condal divergente da seguida na chancelaria leonesa residem nos factos de nos 2 Fernando Magno teve plena consciéncia destas tendéncias autondmicas ¢ procurou neutralizé-las, mediante uma nova reorganizacao do territério em unidades administrativa ou terras, cujo governo confiou a infangdes ou nobres de segundo plano, ‘marginalizando, assim, as principais figuras da nobreza condal portucalense. 3 COSTA, P+ Avelino de Jesus da — O bispo D. Pedro ¢ a organizagao da diocese de Braga, vol. 1, Coimbra, 1959, p. 68. * COSTA, P- Avelino de Jesus da — O. c., p. 146, Ver também p. 88. 5 24 do governo de D. Henrique (1095-1112), ¢ 52 do tempo de D. Teresa (1112-1128) 28 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS diplomas do rei e imperador Afonso VI ser frequente o uso do crismon, Cuja falta € not6ria na documentago do Conde D. Henrique e de D. Teresa, e de os sinais de soberania de Afonso VI, Raimundo e Urraca serem de tipo monogramitico e assimétricos, enquanto os dos Condes Portucalenses, Henrique e Teresa, sao, sistematicamente, simétricos e cruciformes, representando uma clara ruptura com a tradigdo asturo- -leonesa°, Em relac&o ao abandono do uso do. crismon, podemos informar que dos sete originais da chancelaria condal 86 trés o apresentam, enum Conjunto de doze documentos elaborados Por notdrios estranhos a esta chancelaria s6 dois 0 ostentam. Por sua vez, a cruz (signum crucis), cujo uso se inicia na chancelaria do Conde D. Henrique e prosseguiu na de D. Teresa, ambientada pelas legendas HENRICUS, HENRICUS' COMES, TARASIA e TARASIA REGINA’, viriaa ter uma longa duragao, nao sé na tradigo diplomatica, mas também na numismatica, tendo o rodado diplomatico sido retomado, hé poucos anos, de algum modo, como sinal de identidade nacional, na nota bancdria de mil escudos da moeda Portuguesa, actualmente em fase de recolha, Enquanto no plano politico se desenrolavaeste complicado processo a que acabamos de fazer uma brevissima alusdo, ocorriam também, no plano eclesidstico, outras divergéncias, tanto Provocadas de fora, como surgidas no interior do Condado Portucalense, a que nao éestranhoo peso das quest6es politicas ja referidas. Assim, do exterior, temos a registar 0 ProjectodeDiogo Gelmires de subordinaradiocese de Braga a Compostela, tendo, inclusive, tentado transferir a dignidade metropolitica de Braga Para a Sé de Santiago de Compostela’, e a tentativa de algumas dioceses do reino de Ledo e Castela sufraganeas de Braga se subtrairem a obediéncia ao seu metropolita; Por sua vez, no plano interno, foram extremamente duras as questdes com 0 bispo do Porto por causa da definigdo dos limites entre esta diocese ¢ a de Braga, ¢ a resisténcia dos bispos de Coimbra em aceitarem a sua inclusdo na tinica metrépole eclesistica portuguesa, que era ade Braga, preferindo ficar dependentes do arcebispo de Toledo, oque muito agradava aos reis de Leaoe Castela’, Estas e outras questdes, com elas conexas ou nao, determinaram © frequente recurso dos arcebispos de Braga e de outros prelados ao Romano Pontifice, tanto antes como depois da independénciade Portugal, 1 AZEVEDO, Rui Pinto de — Documentos medievais portugueses (D.M.P.) I p. XXIL. | AZEVEDO, RUI Pinto de — 0, c., pp. XXIII, XXIV e XXX, * ERDMANN, Carl — 0 Papado e Portugal no primeiro século da Historia Portuguesa, Coimbra, 1935, pp. 30-31. ° ERDMANN, Carl — 0. ¢., pp. 20-34, A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS 29 em 1143, 0 que explicao significativo ntimero de bulas recebidas e ainda existentes nos arquivos portugueses, cuja publicacio na obra Papst- urkunden in Portugal, editada em Berlim, no ano de 1927, ficamos a dever ao extraordindrio labor de Carl Erdmann, verdadeiro benemérito da cultura e da histéria portuguesas. Muitos destes documentos pontificios eram bulas solenes, que pelas suas caracteristicas extrinsecas ¢ intrinsecas nao poderiam deixar de impressionar os seus destinatarios e os oficiais das respectivas chancelarias: condal, régia e episcopal. Nao obstante a presenca de tao numerosos exemplares, que passavam essencialmente pelas chancelarias episcopais, temos de registar que ainfluéncia das bulas papais na documentagao régia portuguesa se manifesta, de forma inequivoca, numa fase um pouco mais tardia, quando a chancelaria régia estava jé institufda. Aludimos as chancelarias de D. Henrique e D. Teresa, mas, como dissemos, a chancelaria real portuguesa propriamente dita, apesar de D. Afonso Henriques ter assumido o titulo de rei em 1140, surgiria apenas apartir de 1142, anoem que Mestre Alberto comegouaexerceras fungdes de chanceler, em que se conservou até 1169 — «Magister Albertus regis cancellarius»"®, tendo sucedido, segundo parece, a Elias, que interinamente sucedeu a Pedro Roxo, chanceler do Infante Afonso Henriques, de 1128 até 1140 — «Petrus cancellarius infantis iussit scribere»''. Neste percurso de mais de quatro décadas, foram-se estabelecendo praticas diferentes que uma visao de conjunto sobre a documentagao produzida permitiu detectar, num claro contraste entre a chancelaria condal portucalense ea chancelariarégiade Afonso Henriques, estudadas e confrontadas por Rui de Azevedo e Avelino de Jesus da Costa, de que resultam as seguintes conclusées, que aqui apresentamos, num gesto de homenagem a estes dois grandes diplomatistas: —Os notarios condais, normalmente, escreviam e subscreviam os diplomas, ao passo que na chancellaria régia assumem normalmente a funcao de dictatores, subscrevendo somente aqueles em queintervinham para efeitos de validacao. — No perfodo condal, os notérios s6 apunham os sinais dos respectivos condes e a subscrigao notarial, nos documentos da sua lavra ou de que eram confirmantes; na chancelaria régia afonsina 0 sinal do monarca e a subscri¢ao do chanceler podiam ser feitos por outros notarios, que actuassem sob a autoridade do chanceler. — Outra diferenca fundamental reside no facto de os documentos "© AZEVEDO, Rui Pinto de — O. c.,pp. LXXII-LXXXIII. "AZEVEDO, Rui de — 0, c., pp. LXVI e LXVIIL 30 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS condais serem subscritos pelo seu proprio escriba, ao passo que grande parte dos documentos afonsinos ficavam anénimos, porque o escriba apunha o nome do chanceler sob cuja autoridade os escrevia, mas no escrevia 0 seu. — Além disso, até 1122, os documentos condais eram escritos por notérios particulares, mas a partir desta data comega a aumentar e a sobrepor-se 0 nimero de actos redigidos por notérios da chancelaria, que iam aumentando de acordo com asuacrescenteimportancia, comprovada pelo volume de cartas emitidas"”. Assiste-se, desta forma, a uma viragem gradual, mas profunda, na estruturagao da chancelaria, na década de 1120-1130, aque aconjuntura politica imprimiria uma nova orientacdo, que é necessério assinalar. As telagdes politicas entre o D. Afonso Henriques e sua mie, D. Teresa, particularmente tensas desde que o fidalgo galego Fernao Peres de Trava passou a frequentar a Corte de D. Teresa, chegando a figurar como interveniente em alguns documentos. Esta atitude, verdadeiramente excessiva, era a concretizagdo de uma politica adversa aos projectos do jovem Afonso Henriques e dos nobres que o apoiavam. Nos primeiros meses de 1128, a situagao agravou-se ¢ o Infante herdeiro do Condado comegou a reunir apoios militares para o confronto, que se adivinhava préximo e efectivamente veio a verificar-se, em 24 de Junho desse ano, em Guimaraes. Menos de um més antes desta data, em 27 de Maio, o Infante solicitou 0 apoio do arcebispo de Braga, D. Paio Mendes, sem diivida o seu grande mentor politico, outorgando-lhe entre outras doagoes e privilégios, este que particularmente diz respeito ao nosso tema:- «Insuper etiam dono tibi atque concedo in curia mea totum illud quod ad clericale officium pertinet scilicet capellaniam et scribaniam et cetera omnia que ad pontificis curam pertinet». Passava, assim, 0 arcebispo de Braga a estar investido nas fungdes de chanceler, que, naturalmente, seriamexercidas porclérigos para oefeito poreledesignados. E na verdade, os primeiros cinco chanceleres de D. Afonso Henriques foram clérigos bracarenses"®, Também aqui nao havia originalidade. O Infante imitava 0 que Afonso VII tinha feito no ano anterior, em relagio ao arcebispo de 2 COSTA, Ps Avelino de Jesus da — La chancellerie royale portugaise _jusqu’au milieu du XII siécle, sep da (Rev. Port, de Hist», Coimbra, 1975, p. 148. "AZEVEDO, Rui Pinto de — Diplomdtica de D. Afonso Henriques (1128- -1185). in D.M.P. I. D.R., p. LXVUL 1 AZEVEDO, Rui Pinto — 0. c., p. LXI. A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS cy Santiago de Compostela, Diogo Gelmires'*; com a divisdo dos reinos de Ledo e Castela, seria concedida idéntica dignidade ao arcebispo de Toledo’. II — A influéncia das bulas pontificias na documentacio régia Descrito sumariamente o processo da independéncia de Portugal e a forma gradual como se formou a chancelaria régia portuguesa, estamos em condigdes de podermos apreciar até que ponto © como as bulas pontificias influenciaram a documentaco medieval portuguesa. Neste capitulo do nosso estudo, procuraremos descobrir esse influxo na documentagao régia, remetendo parao capitulo: seguinte a suarepercussao na documentagio episcopal e, eventualmente, noutros habitos notariais. Num estudo desta natureza, apenas se pode trabalhar com originais — sem desprezar os fac-similes —, sendo desejdvel que 0 seu mimero seja o mais elevado possivel, a fim de possibilitar confrontos bem documen- tados. Quanto as bulas ainda existentes em Portugal, apesar do mau estado em que algumas se encontram, o seu nimero é relativamente elevado, o que permite estabelecer uma hierarquizagao destes originais, de acordo com 0 conjunto de elementos susceptiveis de serem imitados. Neste sentido, € indiscutivel que as bulas solenes foram aquelas que maior influéncia tiveram na documentagdo produzida na chancelaria régia, correspondendoa afirmagao de Bernhard Bischoff, quando escreve que «l’écriture de ces documents a largement été utilisé comme modele par les chandelleries seculiéres»'S. Para o reino de Leao e Castela sabe- “se que essa influéncia é clara e foi intencionalmente importada por Diogo Gelmires, no seu afi de equiparar a Sé de Santiago de Compostela ade Roma"”. Nocaso portugués, convém recordar que essa influéncia, no aspecto diplomético, quanto 4 adopgao do rodado, por imitaco e adaptagio da rota das bulas, s6 comecou a verificar-se, de acordo com os elementos de que dispomos, a partir dos primeiros anos da segunda 18 OSTOS SALCEDO, Pilar e PARDO RODRIGUEZ, Maria Luisa — Signo y simboloen el privilegio rodado, in Sevilla, ciudad de privilegios, Sevilla, Ayuntamiento, Universidad e Fund. El Monte, 1995, p. 19 16 BISCHOFF, Bemhard — Paléographie de I’Antiquité Romaine et du Moyen Age Occidental, Paris, Picard, 1985, p. 43. "1 OSTOS SALCEDO, Pilar e PARDO RODRIGUEZ, Maria Luisa — Signo y simbolo en el privilegio rodado, in Sevilla, ciudad de privilegios, Sevilla, Ayuntamiento, Universidad e Fund, E! Monte, 1995, p. 21. 32 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS metade do século XII, mais concretamente ecom seguranga, em 1153", embora se saiba que o primeiro rodado conhecido. data de 21 de Junho de 1151, duvidando-se, no entanto, se € original ou c6pia figurada”!, A explicagao para uma demora tao acentuada terd de se encontrar no facto de as bulas solenes serem, em geral, dirigidas aos prelados, nao estando, porisso, aoalcance dos notérios eescribas. dachancelaria condal € do Infante D. Afonso Henriques, e a chancelaria real portuguesa s6 ter comegado a estruturar-se, a partir de 1142. Nas bulas solenes, as particularidades mais not6rias, mesmo para quem nao pretenda analisar 0 seu contetido, sao: 0 facto de a primeira linha estar escrita em maitisculas, por vezes com algumas hastes muito alongadas —as «litterae longariae» —, cujo encurvamento entrelagado lhes confere um certo efeito decorativo; a subscrigao do pontffice outor- gante; a rota com os nomes dos Apéstolos S. Pedro e S. Paulo, inscritos nos dois quartos ou quadrantes superiores do cfrculo, e o do pontifice, com o respectivo mimero de ordem, nos dois quadrantes inferiores, es. tando a respectiva legenda, distribufda pelo espaco intercircular*'; 0 nexo correspondente ao BENE V ALETE; as subscrigées dos cardeai: ;, dispostas em colunas, quer entre a rota, colocada a direita (nossa esquerda) e 0 BENE VALETE”, inscrito a esquerda (nossa direita, quer na parte inferior destes dois sinais®, e 0 selo pendente de chumbo, como se pode verificar, entre tantos outros, em alguns exemplares de Calixto II4, Inocéncio IIS, Liicio I?’*, Eugénio HF’, Alexandre TPs, Lucio IIT”, etc. “| AZEVEDO, Rui Pinto de — 0. c., p. XCVIIT. E.um pouco estranho que Joao Pedro Ribeiro nao tenha desenvolvido © problema da influéncia das bulas na documentagdo régia portuguesa, limitando-se, praticamente a admiti-la a propésito das legendas de cardcter biblico de algunsrodadosdeD. Sancho. (Dissertagaes cronoldgicas € criticas...vol. 1, Lisboa, 1860, pp. 90-91 " AZEVEDO, Rui Pinto de— 0. c, p. XCIX. » IDEM — /bidem. 2° Veja-se a Bracharensem metropolim de Inocéncio I, de 1139-4-26, Latrao, (ADB, Bulas, ex. 1, 22), % Veja-se a Bracharensem metropolim, de Litcio Il. 1144-4-30, (A.D.B., Bulas, cx. 1, n° 3). O mesmo se verifica com a Officii nostri, de Eugénio Ill, de 1148-9-8, Bréscia (A.D.B., Bulas, cx. 1, n.° 4). © Assim acontece na bula Effectum iusta postulantibus, de Liicio Ill, de 1184- 5-6, Veroli.(AN.T-T., Colecedo especial, cx.1, n.° 17) e com a célebre Manifestis probatum, de Alexabre Ill, de 23 de Maio de 1179 (A.N-T-T., Casa forte. 3% ADB. Bulas, cx. 1, n.° 1. (Bracarensem metropolim insignem, 1121-6-20). 32 AD.B.. Bulas, ex. 1, n.°2. (Bracarensem metropolim insignem, 1139-4-26). 3 ADB.. Bulas, cx. 1, n° 3, (Bracarensem metropolim insignem, 1144-4-30)- 7 ADB, Bulas, ox. 1, n° 4. (Officii nostri, 1148-9-8). ® AN.TT,, (Casa forte), Manifestis probatum, 23-5-1179). ® ANT, Col. especial, (Effectum iusta poscentibus, 1184-5-6) A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS - Mas a maior parte das bulas existentes nos arquivos portugueses so bulas simples, em que, geralmente, apenas a primeira palavra, cons- tituida pelo nome do pontifice, est4 escrita em maitisculas, sendo a validaciio feita apenas pelo selo pendente. Eo que acontece com diversos exemplares conhecidos de Inocéncio II, Alexandre TI, Lticio Il, Gre- gorio VIII, Clemente III, Honério Ill, Gregorio TX, Tnocéncio IV, Alexandre IV, Nicolau IV, etc. Se, em muitas bulas simples, a primeira palavra escrita em versais ou maitisculas evoca as bulas solenes, em muitas outras destes e de outros pontifices nem sequer a primeira palavra 6salientada, porque, excepto a letra inicial, é toda escritaem mintisculas. Em relaco a estas bulas simples, é necessdrio observar ainda que © formato geralmente utilizado é rectangular, com o lado maior paralelo as linhas da escrita; enquanto noutros casos 0 formato se aproxima do quadrado, havendo também alguns exemplos de bulas simples de Alexandre III, em que as linhas da escrita sao paralelas ao lado menor do rectangulo. Utilizando a moderna terminologia informatica, podemos dizer que no primeiro caso estamos perante uma orientagao em paisagem (landscape), sendo a do terceiro em retrato” (portrait), que, no século XIII, haveria de predominar. Emboraestas bulas simples tenham exercido alguma influénciana documentagio medieval portuguesa, no aspecto paleografico’, é, sobretudo, na documentagao régia que a influéncia das bulas solenes € particularmente notéria e evidente, conforme ja dissemos, a partir de meados do século XII. Para demonstrar esta afirmagdo, teremos de exibir alguns documentos indiscutiveis, sendo o primeiro a carta de venda de certos bens, sitos nos concelhos de Armamar e de Lamego, feita pelo nosso primeiro rei a Pedro Viegas ¢ sua esposa, Ouroana Daez, em 17 de Fevereiro de 1153, validado de forma solene, dado que, além dos habi- tuais confirmantes, das testemunhas e da subscrigao notarial, af deparamos com trés sinais rodados, com a cruz inscrita no seu interior, constituida por quatro segmentos de arco que passam pelo centro ¢ terminam na circunferéncia de cada um deles. Estes rodados destinavam-se a receber ® AN.T.T., Colecgao especial, cx. 1, n.° 4 ¢ 8. 51 Dois bons exemplos desta influéncia sdo a carta de couto do Mosteiro de Ansede, datada de 24 de Abril de 1141, e a respectiva copia figurada, sendo particularmente visivel essa influéncia na segunda, sinal de que o seu escriba estava familiarizado com a escrita das bulas. (A.N.T-T., Mosteiro de Ansede, m. tinico, n.° 5). Publ. por COSTA — Album de paleografia e diplomdtica portuguesas, 4. Ed., Coimbra, 1983, n.% 35 ¢ 36. 3 34 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS os nomes ¢ titulaturas do rei, da rainha e do chanceler da Curia, que, ao tempo, era Mestre Alberto”. Bem mais expressiva da influéncia das bulas na documentagao régia portuguesa € a carta de doagdo do couto de Alcobaga a0 Mosteiro de Claraval — numa fase preliminar da fundagao desta célebre abadia cisterciense —, que apresenta a primeira linha integralmente escrita em versais ou maitisculas, cruzes de rdbora, subscrigdes de confirmantes e testemunhas dispostas em colunas, um rodado com a cruz inscrita no seu interior e mais trés rodados, destinados a receberem os nomes € as titulaturas do rei, da rainha e do chanceler Mestre Alberto, e, para nada faltar, finalmente, o selo pendente™. ‘Asolenidade do acto, em principio, correspondia ao objectivoe ao valor da doagdo, sem esquecermos a sua eventual repercussio internacional, conhecida que era a influéncia de Bernardo de Claraval junto do papa Eugénio III, ao qual no era estranha a preocupagao da politica portuguesa, conduzida na Ciiria Romana pelo arcebispo de Braga, D. Joao Peculiar, no sentido de ver reconhecido a D.Afonso Henriques 0 titulo de rei. Mas se nem todos os actos exigiam tao requintada solenidade, temos de reconhecer que, embora de forma mais discreta, reflectiam também a influéncia modelar das bulas pontificias, como aconteceu com acarta afonsina de Margo de 1158, que, além da habitual disposi¢ao das subscrigdes dos confirmantes e das testemunhas em colunas, ostenta 0 rodado régio com a cruz inscrita no seu interior, ambientada pelo nome e titulatura, agora expressa de forma original, a traduzir a ligagio do monarca ao seu povo: Rex Alfonsus Portugalorum, aparecendo, por fim, asubscrico do notdrio, Pedro Amarelo, e do chanceller, Mestre Alberto. Ecerto quea primeira linhaestéescritaem mintisculas, mas semelhanga do que acontece em intimeras bulas simples, as hastes ascendentes siio muito alongadas, em contraste com o que se verifica em todo 0 restante texto™, 2 D.M.P.1, DR. p.296, Doc.n.°242. (Ver fig. 1). Poruma questo de economia de tempo e de garantia de qualidade das imagens dos documentos, optdmos por fazer a sua reprodugao, com a devida vénia, a partir da colecgao que acompanha o vol. I dos Documentos medievais portugueses, diversas vezes citados neste estudo, o mesmo acontecendo em relago a outras imagens feitas a partir das obras do P.* Avelino de Jesus da Costa: Album de Paleografia e Diplomdtica portuguesas ¢ La chandelerie royale portuguaise jusqu'au milieu du XIII siécle, também oportunamente referidas, 3) DMP. I, D.R., p. 297. Doc. N° 243. (Ver fig. 2). 4 A.N.TT., Santa Cruz de Coimbra. Docs. Régios, m. 1, n.° 32. (Ver fig. 3). A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS Ee De Fevereiro de 1159", data o que se pode considerar a obra prima dorodado portugués. Referimo-nosa doagio do castelo de! CerasaOrdem do Templo, em troca das igrejas sitas em Santarém, anteriormente a ela concedidas, a fim de se poder estabelecer a concérdia entre 0 bispo de Lisboae areferida Ordem. Trata-se de um belodiplomaem letra carolina, elaborado pelo notério Pedro Silva, em nome do chanceler Mestre Alberto, original que diplomaticamente se impde pela perfeicdo da escrita da primeira linha em maitisculas e pela elegancia do rodado, que. a0 centro, integra o sinal usado por D. Afonso Henriques, desde que assumiu, em exclusivo, 0 governo do Condado Portucalense, sem olvi- darmos arigorosa disposi¢ao dos confirmantes e das testemunhas em trés colunas bem equilibradas. Neste belo rodado sobressai a cruz, ladeada pelonome de PORTUGAL e por trés espacos intercirculares concéntricos, distribuindo-se pelo maior e exterior as palavras REX ALFONSUS e pelo interior CUM FILIIS SUIS, que, em conjunto, constituem a legenda’®. Como decorre destes exemplos, distanciados no tempo, a chancelaria régia portuguesa assimilou para os documentos mais importantes 0 modelo das bulas solenes, procedendo, como se impunha, Asnecessdrias adaptagdes, que bem podemos interpretar como. expressao de uma consciéncia de autonomia nacional, vigente nas instituigdes a0 servico do poder real. O grau de assimilagdo ¢ o vigor da sua expressao depende nao s6 dos notérios incumbidos da elaboragao dos diplomas, mas também das circunstancias politicas em que executaram essas tarefas, como se pode verificar por dois diplomas, respectivamente, de Setembro e Novembro de 1169, ano crucial na vida do nosso. primeirorei, que, apds o desastre de Badajoz, em que partiu uma perna, tomou consciéncia das suas limitagées futuras e associou 0 filho herdeiro, D. Sancho, ao governo do Reino, passando a figurar no selo real, ao lado do pai também com titulo de rei. Esta realidade politica ficou expressa nos dois referidos rodados muito simples, mas ligeiramente diferentes, em que as legendas divergem bastante, pois, enquanto no primeiro, nos dois quadrantes superiores se 1é: SIGILLUM REGIS DOMINI ALFONSI, nos dois inferiores figura SIGILLUM REGIS SANCIP”, no segundo 3 SANTA ROSA DE VITERBO, Fr. Joaquim — Elucidario...., Edigao critica, vol. II, 1966. p. 150, atribui ao ano de 1152 um selo deste tipo, com legenda mais complexa, mas que ndo encontramos. Acrescenta que é 0 primeiro deste monarca com esta figura, «que ao depois se acha com frequéncia». de notar que no longo artigo que dedicou a estes sinais da cruz, mesmo inscritos em rodados, nao faz qualquer alusdo & sua origem por influéncia das bulas papais. % AN.TT,, Gaveta 7, m. 3, n2 8. (Ver fig. 4). 3 ANC. Lorvao, m. 4, n° 25. D.M.P. 1, pp. 383-384. (Ver fig. 5). 36 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS consta apenas: REX ALFONSUS, na parte superior e REX SANCIUS*:, na inferior, tornando-se desnecessario aludir A habitual disposigao das subscrigdes em colunas. O impacto psicolégico do acidente de Badajoz, que despertou no primeiro rei de Portugal a preocupagdo de associar o principe herdeiro A sua accdo governativa, no ano seguinte, com o seu Pprogressivo restabelecimento, que nunca chegou a ser completo, pareceria ter-se esbatido na esfera dos oficiais da chancelaria, se nZio soubéssemos que 0 diploma de 10 de Agosto de 1170 é uma falsificaco, cujo rodado, alias, simples, retoma 0 sinal de Afonso Henriques, embora com a legenda REXPORTUGALIS, conservando total siléncio. emrelagadoa D. Sancho, que, no entanto, continuava a auxiliar 0 monarca seu pai. Neste apécrifo, além do prolongamento das hastes de algumas letras da primeira linha, merece referéncia a forma solene como aparece a subscrigao do chanceler Alberto: AMBERTUS CANCELLARIUS NOTUIT, escrita em maitsculas”. Nao queremos abusar da benevoléncia do ilustre auditério prolongando a casuistica que temos vindo a expor, mas no poderemos deixar de observar que 0 uso dos rodados continuou também nos tiltimos anos do governo do primeiro rei de Portugal, que viria a falecer em 6 de Dezembro de 1185. Aludiremos, apenas, a mais trés diplomas, validados com 0 rodado afonsino, que também agora sofreu as consequéncias da mudanga de notdrios. Assim, em Julho de 1 180, 0 rodado € constitufdo por dois circulos concéntricos, tendo o espaco intercircular sido decorado com um motivo vegetal, emergente de um fundo- Preto, tematicae técnica com que é decorado 0 I inicial da invocagao In nomine... Na confecca0 da cruz, 0 notitio Pedro Calvo empregou a mesma técnica seguida por Pedro Amarelo, em 17 de Fevereiro de 1153, constituindo-a mediante quatro segmentos de arco, que terminam no circulo interior, embora, intencionalmente nao se toquem no centro das circunferéncias. Nos espacos intercalares dos bracos desta cruz romanica vazada, em posigdes hierarquicas correctas, figuram os nomesetitulaturas: REX ALFONSUS, REGINA DOMNA TARASIA; REX DOMNUS SANC TUS, REGINA. DOMNA DULCIA”, Num diploma de Julho de1 183, da responsabilidade do presbitero Pedro, capelio do rei D. Afonso Henriques, de excelente qualidade 3, Sé de Zamora, caj. C, leg. 1, n.° 26. D.M.P. I. p. 390. (Ver fig. 6). ® AN.TT,, Mosteiro de Ansede, m. nico, n.° 9. Falsificagao dos sées. XU- -XIIL D.M.P. I. pp. 404-405. (Ver fig. 7), A AN.T-T., Santa Cruz de Coimbra. Des. Régios, m. 1,n°49.D.M PI, pp.454- -455. (Ver fig. 8). A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS 37 gréfica, marcada por uma mintscula diplomatica incipiente, além da expressio inicial JN NOMINE, grafada em maitisculas, merece atengao 0 rodado, em que os circulos concéntricos so cortados pelos segmento de arco, que se unem em ponta, fora do circulo exterior. A legenda é constitufda pelos nomes REX ALFONSUS, REX SANCIUS, REGINA TARASIA, omitindo o nome da REGINA DULCIA*. Finalmente, éde Novembrode 1184 otiltimo documento escolhido para esta andlise da influéncia das bulas na documentagao produzida sob ogoverno de D. Afonso Henriques, que se estende por um longo periodo de cinquentae sete anos (1128-1185). Trata-se de. um diplomalavradoem nome e sob a autoridade do chanceler Julidio. Em rela¢ao ao precedente, revela as seguintes particularidades: o I inicial decorado com tema vegetal sobre fundo preto, como no documento de Julho de 1 180,embora feito ao contrdrio, e o facto de no rodado, em vez de REGINA TARASIA, aparecer REGINA DULCIA, anteriormente omissa. Em documentos com uma validagao tao solene como sao aquelas em que ¢ utilizado o rodado, surge, agora, uma mudanga, j4 notada em documentos menos solenes®, alteragdo que terd acentuada sequéncia no futuro. Referimo-nos 4 mudanga de orientagaio do pergaminho, agora escrito ao alto, isto é, com as linhas da escrita paralelas ao lado menor do rectiingulo ou na posi¢o portrait, que sobreviverd durante o reinado de D. Sancho I. ‘Apds quanto se disse e exemplificou em torno da influéncia das bulas na diplomatica do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, podemos acrescentar que tais influéncias continuaram nos reinados seguintes, mas agora mais como fruto do peso da tradi¢do implantada na chancelaria régia portuguesa do que como expresso do impacto directo deste tipo de documentagdo pontificia. E nem admira que, no reinado de D. Sancho I, essa tradi¢’o haja continuado, nao s6 porque 0 seu nome a ela esteve ligado, pelo menos desde 1169, mas também porque o chanceler Julido, que transitou da chancelaria afonsina para a de D. Sancho, a conservou, como o exame dos diplomas comprova, inclusive, respeitando a orientag3o do pergaminho na posigio a que acabamos de fazer referéncia, por ele j4 utilizada na chancelaria do nosso primeiro rei. Convém, no entanto, observar que esta posicao ndo é tinica “| AN.TT., Sé de Viseu, m. 4, n.° 28, D.M.P. 1, p.474. (Ver fig. 9). 2” Veja-se coleccao de reproduges de documentos, que acompanhao vol. I dos D.R., Tébua XLT. A.N-TT,, Ordem de \. Tiago, m. 1, n° 1, D.M.P. 1, p.479. Tébua XXX VIL 38 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS © absoluta, pois hd casos que se aproximam da posigao paisagem predominante no reinado de D. Afonso Henriques“. Dispensamo-nosde prosseguira andlise individual dos documentos, cujas imagens entio exibimos e aqui parcialmente reproduzimos, bastando tegistar, como nota comum, que a mudang¢a de orientagdo no sentido da altura reduzia o espago para inserir 0 rodado entre as colunas de confirmantes e testemunhas, pelo que passou a ser aposto depois delas, encerrando-se, normalmente*’, 0 documento com a subscri¢ao notarial, Passamos, por isso, aidentificar alguns ‘documentos comprovativos do que acabamos de afirmarrelativamente ao temacentral desta exposigao, no reinado de D. Sancho I: —A.N.T.T., Sé de Coimbra. Docs. Régios, m.1,n.° 22. COSTA, — 0.c., n° 52. —AN.T.T., Sé de Coimbra, m.8,n.°39. COSTA —O. ¢., 1.255. —AN.T.T,, Santa Cruz de Coimbra. Docs. Régios, m. 2, n° 2. COSTA — 0.c., n.° 56. AN.TT., Sé de Viseu. Docs, régios, m.1,n.°5. COSTA —O. _ n.° 60. A.N.T.T., Most.’ de Chelas, cx. 1, n° 11. Costa — 0. c., n.? 62. Outros exemplos se podem recolher na documentacio saida da chancelaria de D. Sancho I, hd anos, inventariada e criticamente publicada‘*, mas face 4 realidade evocada, fica esclarecido que também ai foi not6ria a marca da documentagao pontificia, mesmo que isso tenha acontecido mais como fruto da tradigao da chancelaria afonsina do que Por acgio directa das bulas pontificias. Equanto ao reinado de D. Afonso II, que se passou neste dominio? Apesar de Viterbo no Elucidério afirmar que nos primeiros tempos do seu reinado foram validados alguns diplomas com 0 rodado deste monarca, e de Joao Pedro Ribeiro ter escrito:- «Nao tenho encontrado “ Sirva de exemplo a doago de Vila Mea, no termo de Viseu, a de Setembro de 1207, a Martinho Salvador ¢ esposa (A.N.T.T., Sé de Viseu. Docs. Régios, m. |, nS). Publ. COSTA, P.* Avelino de Jesus da — Album de Paleografia e diplomdtica Portuguesas, 42 ed., Coimbra, 1983, n.° 60. * Ao dizermos normalmente estamos a chamar a atengdo para as excepcdes, Podendo servir de exemplos os seguintes casos: A.N.T.T., Sé de Viseu. Docs. régios, m. 1, n.°5. (Publ. Por COSTA, P Avelino de J.da— 0. c. n.°60),e A.N-T.T, Most.° De Chelas, m. 1, n.° 11 (Publ. Por COSTA, P.* A.de J. da — O. ¢, n° 62), “* AZEVEDO, Rui de — PEREIRA, Marcelino Rodrigues — COSTA, P.* Avelino de Jesus da— Documentos de D. Sancho (1174-1211), vol. , Universidade de Coimbra, 1979, A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS 39 mais alum Rodado, depois do Senhor D. Sancho I... »",est&demonstrado gue as discérdias do primeiro destes monarcas com altas figuras da hicrarquia eclesidstica, nomeadamente com o arcebispo de Braga, D.Estévio Soares de Silva, que lhe mereceram graves sangdes canénicas, emanadas da Sé Apostdlica, nao aconselhavam os notarios ¢ 0 chanceler areproduzir simbolos que, dealgum modo, evocavam 0 poder pontificio, pelo que omitiram 0 rodado real, que veio a perder-se no reinado seguinte, como préticae elemento fundamental de validagao dos diplomas régios. II — Repereussio das bulas na documentagio episcopal € notarial ‘Aanélise da documentagiio régia permitiu comprovar os principais aspectos em que a influéncia das bulas nela se fez sentir, isto é, em que foi especialmente imitada, embora num estudo, se nao mais exaustivo, pelo menos mais vasto, se pudesse ampliar o quadro das influéncias, aque noutro lugar desta comunicago faremos alusio. Pretendemos, agora, oferecer algumas informag6es seguras da receptividade que a exemplaridade das bulas pontificias teve nas chan- celarias episcopaise, consequentemente, nadocumentaga0 afproduzida. A primeira vista, poder-se-ia esperar uma maior receptividade, mas temos de reconhecer que, de momento, nao é possfvel sustentar tal hip6- tese, pela simples razao de que nao ha nenhuma colecgao sistemética de documentos estritamente episcopais, seja de qualquer diocese portuguesa, seja de Ambito nacional, mesmo que, obviamente, tivesse de ser incom- pleta, Por outro lado, embora aos pelados diocesanos chegassem algumas bulas solenes, a grande maioria das que conbecemos sao bula simples e, porissomesmo, menos: aptas aestimularem asuaimitagao: nas chancelarias episcopais, também elas ainda por -estudar, salvo alguns contributos para ade Braga. Apesar da falta desse vasto termo de comparagio, dispomos de alguns diplomas emanados de chancelarias episcopais, comprovativos de que a influéncia das bulas também chegou 4 documentagao episcopal mais solene, nao sendo possivel, pelos motivos j4 apontados, definir, de momento, a sua amplitude e frequéncia sectorial, isto é, se foi acolhida “7 RIBEIRO, Joao Pedro — Observagées historicas e criticas para servirem de memorias ao systema da Diplomatica Portugueza, Lisboa, 1798, p. 140. 4 ANT, Sé de Coimbra. Docs. régios, m. 2, n. 42. (Ver fig. 10), 40 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS em todas as dioceses, em quais delas foi mais intensa e em que tipos de documentagao é mais frequente e notoria, E neste contexto que a doacao de diversas igrejas, na regio de Santarém, feita por D. Gilberto, primeiro bispo de Lisboa apés a sua reconquista, em 1147, a Ordem do Templo, em Fevereiro de 1159, atendendo a perfeigio com que foi executado o documento, permite afirmar que a chancelaria da jovem diocese de Lisboa restaurada necitou e adaptou, com relativa Precocidade, 0 modelo patente nas bulas, eoalteamento das hastes ascendentes das palavras da 1.* linha; As solenes foi buscar a disposigao das subscrigdes dos confirmantes e testemunhas emcolunas e, sobretudo, 0 rodado. ‘com a cruz inscritae o nome da diocese UL-IX-BO-NA, sem olvidarmos que, jé nesta data, o notario optou pela orientagao do pergaminho no sentido da altura’, Mais tardia, mas no menos expressiva 6 a proviso do bispo de Coimbra, datvel de entre Abril de 1187 e Julho de 1188, sobre a vida do clero e do Cabido diocesano, que, além das caracteristicas habituais, incluindo 0 rodado, ostenta também o de D.Sancho I, expresso pela aposi¢ao do seu selo pendente, e o do prior de Santa Cruz, devendo-se esclarecer que, neste caso, o suporte é mais largo do que alto™, A chancelaria episcopal de Coimbra pertence o original da composi¢ao feita entre 0 Bispo e o Cabido e a Ordem do Templo, no Conflito que os opés por causa das igrejas de Ega, Redinha e Pombal, datadode Abril de 1206, que nao segue os modelos até ‘aqui referidos, mas €fécil admitir que o notério teve como modelo certas bulas simples, como evela 0 facto de ter escrito em maidsculas apenas a primeira palavra— IN —, residindo a maior expressdo da influéncia modelar das bulas simples noexcessivo prolongamento das hastes ascendentes das letras. da Primeira linha, e noregresso ao formato do pergaminho mais largo do. que alto, sobressaindo, no conjunto, os quatro selos pendentes dos outorgantes™. Dachancelaria episcopal de Coimbra safu também, com data de 17 de Margo de 1210, 0 contrato de divisio dos bens e rendimentos da diocese entre o bispo e 0 Cabido, documento, que retomou o formato rectangular com os lados maiores no sentido da altura e tem apenas a “© ANT. Mosteiro de Alcobaga, m. 1,n.°6.— (Ver fig. 11). COSTA, O, Cy n? 39, & ANTM, Sé de Coimbra, m. 8, n.° 39. (Ver fig. 12) *A.N.V-T., $é de Coimbra, m.9, n° 20. (Ver fig. 13). A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS 4 palavra IN inicial em maitisculas. H4, no entanto, neste documento uma inovagiio da maior importancia, que é 0 facto de apresentar as assinaturas autégrafas do prelado e de todos os cénegos. Ao longo dos séculos XIII e XIV as cartas episcopais de Coimbra sucedem-se, optando por varias formas de validagao e até de orientagao do suporte, havendo casos em que, além do selo pendente do bispo surgem mais um ou dois selos, de outros tantos intervenientes individuais oucolectivos®. Os rodados é que so cada vez mais raros, merecendo, por isso, ser realgadas a carta de 21 de Agosto de 1258, orientada no sentido da altura, que apresenta 0 rodado do bispo D. Gongalo, ladeado pelo seu préprio selo pendente e pelo do Abade de S. Paulo de Almaziva™, ea 17 de Outubro de1320, de instituigio da festa litirgica da Imaculada Conceigdo de Nossa Senhora, validada apenas pelo selo pendente®. Dos bispos de Viseu dispomos, neste momento, somente de uma carta, que, pelo facto de ter apenas as iniciais IN em maitisculas, formato rectangular orientado no sentido da largura e hastes da primeira linha mais desenvolvidas se pode considerar subsididrias das bulas simples*. Em relagdo & documentaciio dos arcebispos de Braga, dado que neste coléquio sera apresentada uma comunicacao sobre esse tema, limitar-nos-emos a chamar a atengdo para a carta de 27 e Setembro de 1259°7, ndo tanto pela nova estratégia utilizada na reformulagio do processo de repovoamento do couto de Gouvaes, como pela importancia do sinal notarial, a que haveremos de nos referir. Nao €é possivel acompanhar a documenta¢ao episcopal portuguesa no seu conjunto, por falta de estudos de 4mbito diocesano, mas a impressdo que se recolhe a partir de outros exemplares examinados é de que a repercussdo da exemplaridade das bulas se esbate e, praticamente, desaparece até ao século XV, em que o seu impacto volta reconhecer-se, especialmente como veiculo de difusdo da escrita humanistica, que tanta importancia teve na chandelaria régia, especialmente, na monumental colec¢ao conhecida pela designagao de Leitura Nova. Dentro dos cAnones em que registou mais frequentemente a influéncia das bulas, tanto na documentagio régia, como episcopal —e ® AN.T-T., Sé de Coimbra, m. 9, n° 35. (Ver fig. 14). 5) ALN.T.T., Sé de Coimbra, m. 9, n.° 31. COSTA, O. c., —n2 75, ete. (Ver fig. 15). AN, Sé de Coimbra, m. 9. n° 21.— COSTA, — O. ¢., n° 76. *% A.N.T.T., Sé de Coimbra, 2.* incorporagéo, m. 46, n.° 1820. COSTA — 0. c., 0.2 92. 58 A.N.TT., Mosteiro de Ferreira de Aves. Publ.: Fluciddrio, s.v. Ferreira. COSTA — 0. c,, 1° 58, 5" A.D.B., Gaveta dos coutos, n° 4. 42 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS aplicamos este termo em sentido restrito, ou seja, as cartas individuais dos prelados ou em que eles intervém também como outorgantes — podemos incluir algumas constituigdes diocesanas, organizadas sob a orientagao episcopal ¢ aprovadas pelos prelados em sinodo, nas quais temos de salientar a circunstancia de a primeira linha ser escrita em maitisculas, coma inicial ealgumas hastes muito ornamentadas, como se verifica nas Constituigdes da Administracao Eclesidstica de Valenga do Minho, de 5 de Fevereiro de 144°, e as Constituigées Diocesanas do Arcebispado de Braga, 11 de Dezembro de 1477°. Todasestas cartas episcopaise outras deveriam ser minuciosamente analisadas no seu teor, o que, por certo, revelaria até que ponto o modelo das bulas as influenciou nos diversos aspectos da sua estrutura, podendo servir de amostra 0 que aconteceu no testamento do Bispo do Porto, D. Vasco, de 2 de Maio de 1331, datado desta forma solene: — «IN nomine dominj Amen. Pateat universis presens instrumentum publicum inspecturis quod anno domini Millesimo Tricentesimo tricesimo primo Indictione quartadecima die secunda. Mensi Maij. Pontificatus santissimj patris et domini nostri domnj lohanis divina providencia papae XX . » Anno quintodecimo In presentiamejnotarijettestium subscriptorum...»®, em que é evidente e incontestavel a influéncia da data das bulas solenes. No subtitulo desta parte do nosso estudo, evocamos a influénciadas bulas na documentagao notarial. Esta ideia, que talvez pareca excessiva, deixard deo ser, se recordarmos que nas documentacGes régiae episcopal intervieram sempre notdrios, tanto antes como depois de, em 1211, ter sido estabelecido o tabelionado em Portugal, salvas as devidas diferen- gas nos conceitos de notdrios, anteriores e posteriores a esta data. Nadocumentaciodo século XII, paranao sairmos do ambito cronolégico em que nos temos movido, nao faltam mengdes de notarius Infantis, notarius Regis, etc., mas nao €isso que estéem causa, nemadocumentagao por eles produzida. O que pretendemos observar é que alguns notdrios parecem ter assimilado certas particularidades da documentagio pontificia, que, embora adaptadas, como se impunha, revelam uma grande adesio ¢ fidelidade a aspectos formais patentes nas bulas, sem olvidarmos que também aeles se devem todas as marcas de influéncia até aqui verificadas e descritas. 5 Paco Arquiepiscopal de Braga, ms. s.n., fl. 1. (Ver fig. 16). » BP.B., ms. 871. (Ver fig. 17). Censual do Cabido da Sé do Porto, Porto, Biblioteca Publica Municipal, 1924, p. 463. A INFLUENCIA DAS BULAS PAPAIS 4B Neste momento, porém, desejamos centrar a nossa aten¢ao no nexocorrespondente a palavra NOTUIT, porque em muitos casos parece estar fortemente inspirado nos nexos utilizados na bulas solenes para exprimir os votos de boa satide — BENE VALETE. Esta ideia ganharé novos contornos se contrastarmos a forma que essa abreviatura toma sob ainfluéncia do estimulante paradigma pontificio com formas anteriores e algumas coevas*'. E oque se diz da palavra NOTUIT pode, de certo modo, afirmar- -se do rodado régio, face ao rodado que certos notarios utilizaram como sinal notarial. Neste sector, parece-nos que um dos rodados mais expressivos do que acabamos de afirmar, € 0 do tabelido Joao Pais, aposto numa decisio do arcebispo D. Martinho Geraldes sobre o repovoamento do couto de Gouvaes®, constitufdo por um cfrculo com a cruz inscrita no interior e 0 seu nome distribuido pelos quatro quadrantes: Johan-nes- -Pela-git®, Idéntica influéncia parece ter sofrido 0 notério Gongalo Mendes, como revela o seu sinal pablico, patente na composicao entre o bispo de Coimbra e 0 abade de S, Paulo de Almaziva, datada de 21 de Agosto de 1258. Conviria, agora, analisar as repercussdes paleogrificas das bulas na escrita da documentagao portuguesa... J4mais acima fizemos uma breve teferénciaa este aspecto, quenao poderd ser tratado neste Coléquio. Na pratica, porém, para o século XII, que mereceu a nossa especial ateng’o, nem sempre seré facil distinguir se num determinado texto ha influéncia da escrita das bulas ou se nao se estard perante um caso de mera evolugao da escrita, que, na segunda metade do século XI iniciou a sua evolugao para a gotica cursiva. Mesmo assim, nao quisemos omitir esta simples alusdio a um tao vasto campo de investigagao, inexplorado entre nds. Ver fig. 18.35. © A.D.B., Gavetados coutos, n.°4. Publ. por MARQUES, José — Povoamento e defesa na estruturacdo do Estado medieval portugués, in «Rev. de Hist.*>, Porto, CHUP, 1988, pp. 25-26. ® Ver fig, 18.2. % Ver figs. 15 € 18.4, . 44 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS Conclusio Em jeito de breve conclusio, podemos afirmar que esta excursio parcelar através da documentagao medieval portuguesa permite afirmar que, sobretudo, adocumentacao régiae a episcopal foram muito permedveis as formas veiculadas pelas bulas papais, que tiveram nos notdrios Portugueses hdbeis imitadores e adaptadores. Esteestudo, que, mercé do objectivoa que se destina, esté marcado pela dupla preocupagao de amostragem e de sintese, deverd prosseguir ‘numa perspectivade sucessivas exploragdes sectoriais, que poderiam dar oportunidade a organizagao de projectos plurianuais, comoa inventariago cestudo das cartas episcopais portuguesas da Idade Média, quer fossem de Ambito nacional ou mais reduzidos, a escala de cada uma das metrépoles eclesidsticas ou, simplesmente, 4 dimensio de cada diocese. Que a chancelaria real portuguesa acolheu ‘as influéncias da documentagao pontificia sabia-se, mas a extensiio, formas de concre- tizagdo, cronologia e evolucdo, conforme os chanceleres se sucediam, é que nao tinham sido ainda esbogados, nao obstante os estudos de Joao Pedro Ribeiro, Rui de Azevedo“ e Avelino de Jesus da Costa®’, para recordar somente os mais importantes. As breves notas relativas documentacdo episcopal bastam para por em relevo a ausénciae a necessidade de estudos sobre a diplomatica episcopal portuguesa. Um dos resultados mais interessantes deste estudo é a verificagio de que a época de ouro do uso do rodado na documentacio régia portuguesa — que nunca atingiu a dimensio e beleza artistica dos ro- dados do reino de Castela— , tendo-se iniciado por volta de 1151/1153, desaparece na parte final (1218-1223) do reinado de D. Afonso II, facto aque nao sao estranhos os conflitos do monarcacom o Clero, em especial, com oarcebispo de Braga, D. Estévaio Soares da Silva, e as consequentes intervengGes e sangdes pontificias contra 0 monarca e 0 Préprio reino. Os rodados subsistiram apesar deste incidente; mas no reinado de D. Sancho II, acabaram por cair em desuso. © RIBEIRO, Jodo Pedro — Dissertagdes chronologicas ¢ criticas sobre a historia e jurispradéncia eclesiastica e civil de Portugal, vol. 1, Lisboa, 1860. IDEM — Observacdes historicas e criticas para servirem de memorias ao systema da Diplomatica Portuguesa, Lisboa, 1798. Deste autor ver as obras citadas neste estudo. © Deste autor ver também as obras citadas neste estudo. ca, m. 4, n. 1, —1153, Fevereiro, 17 — Fig. |— A.N.T.T., Corporagées religiosas. Arou Tabua XXV. D.M.P. —D. Régios. cs. régios, m. 1, n. 1 —1153, Abril sas. Alcobaca, Do ces religio. 8 -- D.MP. — D. Régios. Tébua XXVI. Fig. 2— A.N.T.T., Corpora 1 see amequre avast sceers EPR Fig. 3 — A.N.T.T., Santa Cruz de Coimbra. Docs. Régios, m. 1, n. 32. — 1158, Margo. — D.M.P. — D. Régios. Tébua XXVIII. ee ee : : eet remem yey ror ©. Serle: e feypey f Ke ae’ = sin co yee ee bi sonieh ie & Lilelnmone ara. STAR fi Tippett sy Havel miqusye Gamay: gh ese logo : : “Sy ae tes. i aoret [XS tap hrs rapes, of abe pfe 2 yn xa?2 ares Gf: oy peo oes a oni races peep ap ie os on sa rie} faye pT oprree sei fs Hors eee gine ri: Sy re ean es relight spate spy sma tora eat ep air vonisaion we solos Paes reer picker i ce ! esr WEES Paha petr ov wee “Es Pala ssid Inder ids Dany pau aane 159, Fevereiro. — D.M.P. — D. Régios. Fig. 4 — A.N.T.T. — Gaveta 7, m. 3, n. 8. —1 Tabua XXIX. ag eye ra ty Segal Fim ae Pee ley = ee Fig. 5 — A.N.T.T., Lorvao, m. 4, n. 25. — 1169, Setembro. — D.M.P.R. Régios. Tabua XXX. 4 / sab ain eye ented of Tulsyom oral unSal ways , 3p wC-ophpu’asfoeon 23 7p) Apes spans dn alps ANS guspin afinad os apeSalee vous auib sin : + owe woe sounulas souyd prvi F “ om apalee one 9 wb wiPou serps W109 Spanduos tp wna 28 mimgpunl doat oad, atouse sp afd i iy » sayy y 09 oag-aboup sadiuaind alg 1p im . tnigpp) an Ai yunpein voted suri appa 29) mut Fig. 6 — Sé de Zamora, caj. C, leg. 1, n. 26 — 1169, Novembro. — D.M.P. — D. Régios. Tabua XXXL. +46“ smpap syuatogp Fey | 36 + edo gysnogxtn -temyy | ae je xfs suo, pg (fF Pee yy gp suede, mo 095 46 + ado sptgin Jug a ° wavy “36 sada Juin mzod seuss 2 | gal 13 ope : : ie : Jib Spats 7 Spin “Pay jan For gen 46 dang synatene 336 “Buspal roy) [Jo gees _36 SU MoproreLtL LTPULLY NPP | “$2 sid gepa ouguyjos tay “tony samy i: we : 8a : vu | Fo rudy 294 pus19y} Bpieogar av med yeu Paro Spi] UA ype vane; ruiBa et vy eee | ‘rufa DNA LYS 0 ju gry 1-semiod aad riage of : Max 729° weg can “oyM yr THUMUNOD qudv jiurpromuy a9 Jruonpnop “eT ‘geSufigy-gpa 3} omeytio v 1 rom ! 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Brey -onf af unm aise fad gn | 23S ed ed eda sump ny cou speanpare mee peer err ti Fig. 9 — A.N.T.T., Sé de Viseu, m. 4, n. 28. — 1183, Julho. — D.M.P. — D. Régios. Tébua XXXVI. Fig. 10 — A.N.T.T., Séde Coimbra. Docs. Régios, m.2, n.42.— 1218. —COSTA, P.“ Avelino de Jesus da — Album de Paleografia e Diplomatica portuguesas, 4.ed., Coimbra, 1983, n. 67. Paeed srenl de Daf - aor: Ak ade dae era gong Ses pre eee ; Called be tee . andl of, ears: a Derdass dicterhelawncr a cia Landry rh ie Gaaker blo sf a 7 ci por i a . # bela od Fig. I—_A.N.T.T., Mosteiro de Alcobaga, m Régios. Tébua XLII. vy, 1 maka abe ni fs. | age qusbane exe wna ci | Cll gfe ingles e® Pal del” = ‘Wren deel 3 MG de caiony 3 3 as eens | \ Fig. 12 — A.N.T.T., Sé de Coimbra, m. 8, n. 39. — [1187, Abril- 1188, Julho]. COSTA — O.¢.,n. 55. Fig. 13 — Sé de Coimbra, m. 9, n. 20. — 1206, Abril. — COSTA — O. c,, n. 57. Fig. 14 — Sé de Coimbra, m. 9, n. 61. — 1210, Margo, 17. — COSTA — 0. c., 61. Fig. 15 — A.N.T.T., Séde Coimbra, m. 9, n, 31.— 1258, Agosto, 21.—COSTA—0.c., n. 76. eR in Roma ad: ne ") Like coe a ra a offer. J oy Pan my aos irs og] ; ate a ar at easel wan ora Belen 95 re eT hed Fig. 16 — rave Arquiepiscopal de Braga, ms. s.n., fl. 1 — 1444, Fevereiro, 5. — COSTA — O.c,n. Fig. 17 — Biblioteca Publica de Braga, ms. 871.— 1477, Dezembro, 11. n. 131. i) 2 aoe 7 eS t, Lee ste TTT TIS 7 r(f eT re => SS — BE —S 2 Fig. 18 — 1 — A.D.B., Gaveta das Religides e Mosteiros, n.° 1. (Bula Religiosam vitam, de Alexandre II, de 1163); 2 — A.D.B., Gaveta dos coutos, n.° 4; 3 —D.M.P. I. D.R., Tébua XXII; 4—AN.T.T., Sé de Coimbra, m. 9, n. 31; 5 —D.M.P.I. D.R., Tébua XL. 2.

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