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FUNDAGAO OSWALDO CRUZ Presidente Paulo Ernani Gaitlba Vieira ‘Vice Presidente de Fatino, Tnformagio ¢ Comunicasio Maria do Carmo Leal EDITORA FIOCRUZ Diretora ‘Maria do Carmo Leal Editor Executive “Jos Carla: Canassa Mendes Conselho Faitoral Ana Litia Teles Ratbelle Anmando de Oliscire Sebabach Carles B.A. Coiba Jr Gerson Olina Penna Gilberto Hochman Jose Lannes Viera ‘Ligia Viera da Silea Maria Cuca de Souza Mingyo SPaninchur de 206 Polfticas Publicas no Brasil Gilberto Hochman Marta Arretche Eduardo Marques rgntadoret 2 Reinpressio Estado de Bem-Estar, Desenvolvimento Econémico e Cidadania: algumas lic6es da literatura contempordnea* Sonia Mt. Draibe Apresenta-se, aqui, um panorama da literatura contemporanea sobre Es. tados de bem-estar social, na perspectiva da anilise histérica e comparada ¢ do ponto de vista de sua potencial contribuieio para futuros estudos sobse a sealidade latino-americana. Como se sabe, a literatura académica é bastante controversa a respeito do tema da protesiio social nos paises latino-americanos. Existe ou teria existido na América Latina algo que pudéssemos definir como Estado de bem-estar social ou como sistema nacional de protecio social? Em caso afirmativo, de que tipo ou regime de bem-estat se trataria? E ainda, como tratar as marcadas diferengas entre os paises? Estas, que parecem ter sido as questées polares dos ptimeiros estudos na regio, encontram-se atual- mente sobredeterminadss por outros dois conjuntos de interrogantes e de- safios intelectuais:as reformas recentes por que passaram os sistemas de politicas, sociais da regio, e as indagagies sobre alrernativas faturas. Como interpretar as mudangas recentes? O que ocorreu com os sisternas de politicas sociais, apés 25 anos, aproximadamente, de restticées fiseais, au- mento de demandas e reformas institucionais de diversas orientagdes e matizes? ‘Houve mudanca de regimes? Nossos sistemas de protesio social tomaram-se ovtabro de Manu Sisco e pubindo em Die & Resco, ” socialmente mais inclusivos, ou experimentaram nada mais que os conhecidos processos de retrenchment proptios da gestio neoliberal? Por outzo lado, que Fuanazo projetam nossos sistemas de politicas sociais? Jé so muitos os sinais, captados aqui e al, que indicam um certo esgotamento do ciclo recente de transformagées impulsionadas pelo paradigma neoliberal marcado pelo baixo crescimento ¢ pelo desemprego crénico; pelo aumento da desigualdade e pela incapacidade de reducio significativa da pobreza; pela imposicdo e/ou crenga em um tinico ou poucos modelos de reformas de programas sociais (prd-mercado). Estariamos vivendo um nove momento de escolhas, de decisdes a respeito de outros modelos e alternativa: foi, aliés, o lema do recente foro “As Américas em uma Encruzilhada”,} segundo ‘0 qual a regio pateceria encontrar-se, uma vez mais, em um momento de eleiges e decisées cruciais a respeito de um novo modelo de desenvolvimento, que wenba a equacionar de modo mais progressista a relagio entre crescimento ‘econdmico, progresso social e democracia Eitasia emergindo, na regio, um novo circulo virtuoso entre crescimento democracia, uma nova onda de politica econdimico, welfare Stat desenvolvimentista progsesit,enfim, um novo desenvolvimentitno, pres dido por um Estado neodssenvolvimentista de bam estat? Se asim Fosse, qve "na nova etapa? Com que padrdes papel desempenhasiam as politicas octal conviveria a regio, considerando as instituigées herdadas & 0s de uta nova articulacdo do crescimento econdmico ea estruturaco ica dis no! pela globalizagio? ciedades, nas condigées nds limites hoje impostos s € dificilmente seriam bem respondidas no 10, e sim de apresentar, por ineio delas, enséveis ao tratamento dos temas que motivam este 08 analiti meio dos quais a literatura contempo- socal oF padres ¢ tipos aero funn ni esriracio e nas vadiGes dos regenes de bem-estaz 7 Fram "iy Rt om ume Enea po nner do eso ign eed do seam atianeee Sit do pore SGbabstas c Descxaninene™ do Coop Counc, Sr eee lan saree Hk Ve atone 35 + Expressando todo o anterior, c .de também a um dado modelo definanciament’ rio ou compulsério; de base contributiva ou fiscal (ou diferentes composigées destas formas de Sinanciamento). ‘+ Caractesisticas e tragos culturas, sistemas de valores, credos e regulagies religiosas, em especial referidos a esfera familiar da reproducio social (as atividades de cuidadés domésticos), & estrutura familiar de poder € A situagio da mulher na sociedade, relativa ao traballio remunerado € no remunerado (Castles, 1993; Sainsbury, 1999; Walby, 2001), + Idéias, interesses e forcas politicas dominantes na sociedade etapas de emergéncia, desenvolvienento e mudancas dos sistemas nacionais de protecio social. distintas Condicionantes téticos ¢ institucionais peculiares, segundo a compreensio de que 0 regime € condicionado pela trajet6ria (path drpenden), isto é, por estruturas institucionais ¢ capacidades estatais pretéritas (policy feedback) poder relativo, as preferéncias ¢ as decisdes de diferentes grupos de interesse e coalizdes politicas. -fletindo em cada momento do tempo 0 ‘+ Influéncias, efeitos e impactos do sistema intemacional, seja mediante processos de difusio e aprendizagem institucional, seja mediante impulsos, incentivos ou vetos que favorecem on nibem, ns paises individualmente, © desenvolvimento, as orientagdes e as mudangas de seus sistemas de politicas sociais. O sistema internacional opera entio como janela de ‘oportunidade para tais processos (Bsping-Andersen, 1990, 1999; Pierson, 1994; Gough, 2003; Pierson, 2003; Sabel & Zeitlin, 2000). Este complezo e variado conjunto de dimensdes e processos amplia con- sideravelmente a abrangéncia da tipologia original, uma prova a mais da vita- lidade intelectual do enfoque dos regimes. Porém, tal enfoque nio esteve nem esti isento das necessisias limitacoes proptias de toda tipologia (Powell & , 2004; Gough, 2000; Orloff, 2003). De ponto de vista da mmetodologia comparativa os argumentos criicos freqentemente se eeferem a0 formalismo das definigdes, que dificultatia cl 998, 2002) estitica de comparacio, pouco sensivel a movimentos, mutagdes, cimbios de idersen, 1999; Gough, 1999; Pierson, 2003; Orloff, Clemens & Adams, 2003)" Por sua vez, as teéricas feministas, que comentaremos mais adiante, criticaram a inadequada ou ausente consideragio 20 fato de se tratar de uma metodologia modelo e de seus atributos (Espi do papel estruturante da familia, da dimensio de género e da divisio sexual do trabalho na configuracio dos regimes (Otloff, 1993, 2003; Skocpal, 1992; Lewis, 1997; O'Connor, Orloff & Shaver, 1999; Esping-Andersen, 1999." Finalmen- te, é bastante generalizada a cxitica & “inaplicabilidade” sado (Skoepol, 1992; Oxloff, 2003; Esping-Andersen, 1997; Miyamoto, 2003); 0 insuficiente grau de desenvolvimento socioeconémico do caso a considerat, 0% cenfim, insuficién ou limites dos préprios conceitos de regimes, por exces- sivas ou por insuficientes raizes histéricas." Com excecio da critica feminist ‘iltima instincia, as possibilidades ¢ limites do uso das categorias de Esping- Andersen com respeito a paises ou regides distintos dos originalmente consi- derados pelo autor, © que, portanto, remete o problema ao estat 2 abrangéacla das categoria de regime. AGnal, sto aqueles es segimes ume todos os argumentos se referem, em. refere a configuragses hist captadas ¢ generalizadas a

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