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INCAPACIDADE OS SERES HUMANOS DECAIDOS SAO TANTO LIVRES COMO ESCRAVIZADOS Enganoso é 0 coragdo, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecera? JEREMIAS 17.9 Uma idéia clara a respeito da condicéo degradada do homem requer uma distincdo entre o que nos dois tlti- mos séculos tem sido chamado livre agéncia e o que desde o comeco do Cristianismo tem sido chamado livre arbitrio. Agostinho, Lutero, Calvino e outros falaram do livre arbitrio em dois sentidos, o primeiro trivial, o segundo importante; mas isto era confuso, sendo melhor sempre usar livre agéncia para o seu primeiro sentido. A livre agéncia é uma marca dos seres humanos como tais. Todos os seres humanos sao agentes livres no sentido de que tomam suas proprias decisGes a respeito do que devem fazer, escolhendo o que lhes agrada 4 luz de seu discernimento do que é certo ¢ errado e das inclinagées que sentem. Assim, eles sao agentes morais, responsaveis para com Deus ¢ entre si por suas escolhas voluntarias. Assim foi Adao, antes e depois de pecar; assim somos nos agora, e assim sdo os santos glorifi- cados que estao confirmados na grac¢a em tal sentido que eles nao mais tém em si esta inclinacdo para cometer pecado. A incapacidade para pecar sera um dos deleites e glérias do céu, mas nao extinguiraé a humanidade de ninguém; os santos glorificados farao ainda escolhas de acordo com sua natureza, e essas escolhas nao serao de forma alguma o produto da livre 81 agéncia humana, exatamente porque elas serao sempre boas e retas. O livre arbitrio, porém, tem sido definido por cruditos cristaos, a partir do segundo século, como a capacidade de escolher todas as op¢Ges morais que uma situacéo oferece, e Agostinho afirmou contra Pelagio e a maioria dos Pais gregos que o pecado original nos tirou 0 livre arbitrio neste sentido. Nao temos capacidade natural de discernir e escolher os caminhos de Deus, porque nao temos inclinacao natural em direcao a Deus; nossos coragdes sao cativos do pecado, e somente a graca da regeneracdéo pode libertar-nos desta escravidao, Isto, em substancia, foi o que Paulo ensinou em Romanos 6.16-23; somente a vontade Jibertada (Paulo fala em homens libertados) livre e fervorosamente escolhe a retidao. Um amor permanente pela retidao — isto é, uma inclinagao do coracdo pelo modo de vida que agrada a Deus — é um aspecto da liberdade que Cristo nos da (Jo 8.34-36; GI 5.1,13). Vale a pena notar que vontade é uma abstracao. Minha yontade nao é parte de’ mim no sentido de que eu decida mover-me ou ficar parado, tal como minhas maos ou meus pés; é precisamente a escolha de agir e, em seguida, de entrar em acao. A verdade sobre a livre agéncia, e sobre Cristo liber- tando o escravo do pecado do dominio do pecado, pode ser mais claramente expresso se a palavra vontade for eliminada e cada pessoa diga: Ku sou o agente livre moralmente responsa- vel; eu sou 0 escravo do pecado que Cristo deve libertar; eu sou o ser degradado que tenho unicamente em mim a escolha contra Deus até que Ele renove meu coracao. 82

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