Hannah Arendt A Condicao Humana PDF

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Hannah Arendt A CONDICAO HUMANA Pontiio de: CELSO LAFER 102 edig&o sna The Ue of Chega ra Chen is USA. "Siotty acta ofChags Alphonse rd isle qm SUMARIO Pratogo 15, 16. 1. Capitulo I — A CONDIGAO HUMANA, A Vita Activa ¢ a Condigio Humana ‘A Expressio Vita Acica Eternidade versus Imortalidade Capitulo If — AS ESFERAS PUBLICA F PRIVADA © Homem: Animal Social ou Politico A Polis ea Faria ‘A Promogio Social ‘A Esfera Piblica: 0 Comum ‘A Esfera Privada: a Propriedade 0 Social ¢ 0 Privado ‘A Localzagio das Atividades Humanas Capitulo Ill — LABOR 0 Labor do Nosso Corpo ¢ 0 Trabalho de Nossas Mins» 0 Carster de «Objeto» do Mundo Labor e Vida Labor e Fertidade A Privatividade da Propriedade da Rigueza Os Instruments do Trabalbo © a Divisio do Labor A Sociedade de Consumidores Bes a 7 7 9 *® 0 os ww 13 Ri 130 bs Capitulo IV — TRABALHO 18, A Durabilidade do Mundo 19, Reificagio| 20. Os Instrumenios e © Animal Laborans 21; Os Instrumentos e o Homo Faber (0 Mercado de Trocas 1A Permanéncia do Mundo ¢ a Obra de Arte Capitulo V — AGAO 24, A Revelagio do Agente no Discurso e na Agio 25. A Teia de Relagdes e as Historias Humanas 26. A Fragiidade dos Negocios Humanos 27. A Solugao Grega 28. 0 Espago da Aparéncia e 0 Poder 28. Homo Faber e 0 Espago da Aparéncia 30. 0 Movimento Operanio 31, A Substituigdo da Agio pela Fabricagio 32. A Agio como Processo 33. A ineversibiidade eo Poder de Pesdoar 34. A Imprevisbilidade e 0 Poder de Prometer Capitulo VI— A VITA ACTIVA EA ERA MODERNA 35. A Alienagio do Mundo 20) 36. A Descoberta do Ponto e Vista Arquimediano 29 37, Ciencia Universal versus Cigncia Natural 280 38. 0 Advento da Davida Cartesiana 286 439. A Introspecsao ¢ a Perda do Senso Comum 2s 40. A Ativdade de Pensar ea Moderma Concepsio do Mundo. 297 41, A inversio de Posigdes entre a Contemplagan ea AGO... 302 42. A Inversio dentro da Vita Acta ea Vitoria do Homo Faber. 07 43. A Derrota do Homo Faber e 0 Principio da Felicidade . 317 44, A Vida como Bem Supremo 326 445. A Vitoria do Animal Laborans 33 Agradecimentos 39 Posicio AN Politica © 9 Condigio Humana — Celso Lafer 3a PROLOGO on 1957, um abet terresre. to pela mio do home oi ‘ed a univers, one drat gums seman po mf anode Tera segundo as mesma es de gaa que pvernam 0 Imovimentodoxcorposclestes — 0 Soa Lane ssenelas ver dade ie ose rican er nem annem entre 0 tim corpo celeste que pesseprossepirem soa eta cca or tim perodo de tempo ie param. morta mado 9 tempo da ‘Terra, dorsse um etcrmidde, Aina sim, pe pemanecr os én durant slgum tempo co, movendose mo conv dos Sus como se eves © omessem provisoamente adi en Soa subline companhin Este evento. gue em importincisulrapassa todos 08 outs sé mesmo.s desintegragio do stomo. torso saudado om 2 tis poe alegria no ons as sua incomodascictmtincas ei tars e plas. O cuoso. poem, € que ess alpina fi Una o que ence «corgio das homes aga reer ox tos par os ces, pam contempar ums de sss hrs. ni fo tngulbo nem ssomivo area enone da forea eda prof: ix humanan. A reach media. express expotaresment, 0 Sls ante prmeiospaso pars itertr 0 home de sa pio ta terran E eta eran detrga1nge deter 0 0 lpn a {ental de algu reper note american eta, sem o ster as xtra plays gevadas Rims de vnc anos no obi Se fnebre dem dos grandes cena da Rin: °A mania tio permanecer pars sempre psa Terra GE gum temo exe po de sentmeno seme tomando comm: ¢ mosta qu, em fos pate ot homens ni tram Adaptarse is descObera da cents € aoe fs a rica, ms to contri, eto decaas sa frente. Nest as, com emo trot n chor pena eliza abrnoe mile que os homens be 9 iam antecipado em sonhos — sonhos que nio eram lowcos nem Cciosos, A novidade foi apenas que um Jos jormals mais respet ‘eis dos Estados Unidos levou fnalmente a primeira pagina aqullo {be até entio, estivera relegado ao reino da iteratura de Togo ci nliica, tao desituida de respeitabilidade (e& qual, infeizmente, ringuém dev até agora a atengio que merece como veicule dos Sentimentos e descjs das massas) A banalidade da declaracio nio deve obscurecer 6 fato de quio extraordinira ela ¢, pois embora ‘0s cristios tenham chamado esta terra de sale de Lgrimass © 05 filgsofos tenham visto o proprio corpo do bomem como a prisio da ‘mente da alma, ninguém na istia da humanidade jamais havia ‘concebido a terra como prisio para 0 corpo dos homens nem de- rmonstrado tanto dese de ir iteralmente, daqui Lua. Devem a ‘emancipagao ea secularizagio da era modems, que tveram inicio ‘com um afastamento, nso necessariamente de Deus, mas de um deus que era o Pai dos homens no céu, erminar com um repidio ainda mais funesto de uma terra que era a Mae de todos os seres vivos s0b o firmamento? 'A Terra @ a propria quintsséncia da condicio humana e, 20 aque sabemos, sus natureza pode ser singular no unverso. a dina apar de oferecer aos seres humanos Um habitat no qual eles por idem mover-se e respirar sem esforgo nem artifcio. O mundo — at- io humano — separa existéncia do homem de todo ambiente ‘meramente animal; mas a vida, em si, permanece fora desse mundo anificial,¢ através da vida © homem permaneceligado a todos os outros organismos. vivos. Recenlemente, a cigneia vemse tesforgando por tomar warificial~ a pripria vida, por cortar © Ut ‘mo lago que faz do proprio homem um filo da natureza.O mesmo &, na verdade, o tema central deste livro, que aborda somente as manifestagces mais elementares da condigio humana, aquelas atvidades que_tradicioalmente, também segundo s opinido corrente, estio a0 alcance de todo ser hhumano, Por esta e outras raz0es, a mais ata €talvez a mas pura ativdade de que os homens so capazes — a atvidade de pensar wdo se inclus nas aluais consideragdes. Sistematicamene, por tanto, 0 liv limita-se a uma discussdo do labor. do trabalbo © da ‘agio,) que conslituem os tes captulos cenras. Histricamente, stbordo a era modema em um atmo capitulo e, ao decorrer deo” {00 livro, as varias constelagbes dentro da hicrargua de avid des, tais come as conhecemos através da historia do Ociente ‘Contudo, # era maderna no coincide com o mundo moder, CCientfcamente, a era moder comegou no seculo XVI € termi No original, labor, work, apd action=. Quanto i distin sini ‘que aura arene bor aba, eq « furamerta para compre ‘rio desta obra, vara Cap. ego Ive Cap Il segao TI-(N- oT > 8 ‘nou no limiar do século XX; politicamente, 0 mundo moderno em ‘que vivemos surgiv com as primeiras explosdesatdmicas. Nio di ‘cuto este mundo modemo que consti © fundo sobre 0 qual est livr fo escrito. Limito-me, de um lado, u uma anaise daquelas cx pcidades humanas geras decorrentes da condigio humana, © qUe io permanentes, isto & que nio podem ser irremediavelmente perdidas enguanto nio mude a propria eondigao humana, Por outro ado, a finalidade da anise histérica é pesquisa a origens da aie- ‘ago no mundo modemmo, 0 seu duplo voo da Terra para 0 univer so e do mundo para dentro do home, a fim de que possamos che ‘gar a uma compreensio da natureza da sociedad, tal como esta fvoluira e se apresentava no instante em que foi suplantada pelo ladvento de uma era nova e desconhecid CAPITULO 1 A CONDICAO HUMANA. aa 9 A Vita Activa e a Condigao Humana fom a expressdo tita uci, pretendo designar tr atvidades humans fundamentais: labor, trabalho e ago. Trata-se de aii & que sio ainda seres condiio- rados, embora sua condisio seja agora, em grande parte, prosizi- dda por eles mesmos. 1 problema da natureza humana, a quaestio mihi factus sum (ca questo que me torne para mim mesmo) de Agostinho, parece insolvel, tanto em seu sentido psicoligico como em seu sentido f- loséfico geral. & altamenteimprovavel que nbs, que podemos co- ihecer, determinar e defini a esséncia natural Ge todas as coisas ‘que nos rodeiam e que ndo somos, venhamos a ser capazes de fa- 2er 0 mesmo a nosso proprio respeito: sera como pula sobre nos- ‘a prépria sombra. Alem disto, nada nos autoriza a presumir que 0 Ihomem tenha uma natureza ou esséncia no mesmo Sentido em que as outras coisas as tm. Em outras palavras, se temos uma nature- 24 ou essénca, enti certamentes6 um deus pode conhecé-lae de- fini-la; ea condigao previa € que ele possa falar de um aquem» co- mo se fosse um =qués? O problema é que 2s formas de cognigao 2 Asotin, geralmenteconsierado como o primi a levantar a chamada questo antroplegca na Mlowola, sabia sto mult bem. Estar belege uma dfeenga entre as perguntas «Quem sou?» =O gue sous 4 primeira ¢ feta pelo homem 1s proprio (+E diigme a mim mesmo © disseme: To, quem 5 tu? E respond: Um homeme —. qs es? {Confersiones 26), a segunda ¢ digi Deu (-D que sou eno, teu Deus? Qual a miss naturezs?~ — Quid ere soon Deut et? (Que natura sum? O17). Poss srande mission, no rane profan lum que€0 homer Wi.18), hi elgo do homer (aiuid mins) que © 18 humana aplicves s coisas dtadas de quidades mauris — in Slinive ns mesos na medi tats cm gue somos exemplars Gh especie devia ovina mas aamentedesenvolvida ~ de ne a ovale undo varus eri omy WE isto ue a tenativas de defini atureza humana leva aus ‘nvariaeimente a Cong de lguma eiade to a deus dos flgpoos ue, desde Puzo, nio pass, 4 uma anise mais pro nda, de ums especie de Mea panic do home. Natralmene {Ksmuscara tan sonceitsflontcos da dvindade como conce- tualizagies ds capchades equals humana no chee 2s lima demonstaga da no-xisténcia de Deus, e em mesmo cons {iu argumentornesse sends mas 0 falo de que a temaivas Je {etna natrezs do homem leva to facmente a uma iia que tos paiece defnuvamente sobre Mimana> porta, seni Sada com a divine, pode lng sunpitas sobre © proprio COW ceito de enatureraRumanae Por outro lado, as condigGes da exsténcia humana — a pr pvia ida a matasinde ea olga,» mandnide pra ‘ee o planta Tera — jamais podem separ» 0 que somos fesponder a perguntas sobre © que somos, pela simples rario de {he jamais nos condciomum de modo sbaisto, Esa sempre fl 8 Spinto ds foo, em sontapono as fneas — antopotog pricologa bislowa, et — que fambem tem no homem ose abe Tod eatudo. Mas hoje podemon gus dzer que Ja demenstanos ane meso Ceneamente, que. emboravivamos agra, © tlvez ienhamos gue ver sempre. s0b cong: terres, mio somos tmefas criauras teens. A moderna cincn nau deve os Se03 Ihaloresiunfos ao fo deter olhadoe Watao a ratuteza terena dum ponte dz vista Verdadsramente universal, 6 de um pon ‘riprio cpio do homem que nele esta no sabe. Mast, Senor. que Ctheeste ect ev tad sabes seu expe (canons (25)- As Sim, n mas conhecia desta fuses que csi no tena, quae mh Jct son, uma perpona levantada na eeseaca de Deus. =a cos ‘thos tomb me ut ergo para mum mesmos (433), Em reams 4 fexposta& perpunta-Quetm sous & smplesmente Es um borer Se J soo que forse 4 responta &pergnta =O ue Sou? 50 pode ser de fs por Devs que fer homer. Agusta da natreza do homme € tno tim questi teolipc quanto 4 questo da maturera de Deus: bas 50 poem ser resolvigas dentro a esratura de uma esposts ivnamente revelada » to de vista arquimediano escolhido, voluntira e expliitamente, fora da Terra ogee A Expressio Vita Activa A 3Eg8 t wcsln€pegssada sored de ai (0. tio velha quanto nossa tradigio de pensamento polit: co, mas no mais velha que ela F essa tradigéo, longe de abranger fe conceitualizar todas as experigncias polticas da humanidade oc ‘dental, € produto de uma coastelago histriea especfica: 0 julea- mento de Socrates e o conflito entre o Tsofo ea pois. Depos de hhaver eiminado mutes das experincias de um passado anterior {que eram irrlevantes para suas finalidades politica, prossegui fté 0 fim, na obra de Karl Marx, de modo altamente seletivo. A propria expresso que, na flosfia medieval, €a tralugéo consa- brada ds Pioe pois de Atsttees,j4 oor em Agostnho on- fe, como vita negotiova ou actuosa, eeflete anda o seu significado original: uma vida dedicada aos asuntos piblic e politicos.” ‘Arstteles distingua trés modos de via (bio) que os homens ‘podiam escolherlivrement, isto €, em inter independéncia das ne- ‘Cessidades da vida e das reiagdes dlas decorrentes. Esta condigao prévia de liberdade climinava qualquer modo de vida dedicado ba $camente & sobrevivéncia do individuo — no apenas 0 labor, que tea o modo de vida do escravo, coagido pela necessidade de per ‘manecer vivo e pela tiraia do senhor, mas também a vida dete balho dos artesios livres e a vida aquisiiva do mercador. Em uma palaves,excluia todos aqueles que, nvoluntaria ou voluntariamen- fe, permanente ou temporariament,jénio podiam dispor em liber- dade dos seus movimentos © agces."Os tes modo de vida estan- 3 Vejese Agostino, De cictte Dei x2, 18 4. Willian L, Westermann (Between Slavery and Freedom, Ame ‘ican Heston Review, Vol. (145) fim que 0 cenancado de Ars ‘Gielen. de que ovaries vivem numa conga de escravisio limi {ia spices que w alice. no fazer um conto de trataho, dspunka de ‘ois dos quatre elementos de seu satus de homem livre (i. Hberdae {es tém em comum o fato de se ocuparem do belo. isto €, de co sas que ndo eram necessirias nem meramente utes: a vida vollada para os prazeres do corpo, na qual o belo € consumido tal como & ‘dado: a vida dedicada aos assuntos da pols, na qual a exceléncia produz belosfeitos; ea vida do fildsofo, dedicada investiga © 4 contemplago das coisas eterna, cujabeleza perene no pode er ‘cusada pela interferéncia produtiva do homen nem alterada at ‘és do consumo humano.” ‘A principal diferenga entre o emprego aistotlio €o posterior emprego medieval da expressio é que 0 bios puis denotava ex plicitamente somente a esfera dos assuntos humanos, com énfase fa aga0, praxis, nevessania para estabeleé-la e mantéla, Nem © Tabor nem o trabalho eram tidos como suicientemente dignos para Cconstituir um birs, um modo de vida autonomo e auteticamente ‘humano; uma vex que serviam e produziam o que era necessério € Ail, ndo podiam ser livres e independentes das necessidadese pri- ‘ages humanas.* Se o modo de vida politico escapou a este vere: dicto, isto se deve ao conceito grego de vida na polls que. para cles, denotava uma forma de organizagio politica muito especial livremente escolhida, bem mais que mera forma de apo necessria para manter os homens unidos © ordeios. No que 0 g7eR0* OU ‘Aristotlesignorassem o fato de que a vida humana Sempre exige ‘Te mividade écondmica¢ dre de ire vie, mas por vontade prépria © Temporaramentes: ats citados por Westermann demonstra Que Hverdade, na Gpoca, era concebia como consiiado em statu, invoke bildae pessoal iberdae de atvidade econimicae dieto de ie vite € ‘que, comeguentemente, 4 esraviio vers a ausncindetes ur sr Turton. Arsocles, ao eaumerar os =rmados de vida na Eu Nina ‘0 (8) e na Erica Bute (12155 fF). nem chega mencionae om (do de vida do ace: para se. ¢ conto que um bunauvon noe live Politica 183748) Menciona. pore, mado de vida do -ganhador de heros para eet, una vez qe tan €-adoado $0 compulio= (er Ni. M65) Na Eri a Enero, fea saentado qe 0 creo & 2 Tiherdad: le enumera somente ucts madon de via excohios

ume necessidade, nao podia ser considerado livre e nada tinha a ver eom o bins pikes ‘Com o desaparecimento da antiga cidadeestado — ¢ Agost ‘tho foi, aparentemente.o iltimo a conhecer pelo menos 0 que ou trora significava serum cidadio — a expressao ita efi perde ‘© seu significado especificamente politico e passou a denotar todo tipo de engajamento ativo nas covsas deste mundo. Convém lem brar que isto nio queria dizer que o trabalho eo labor howvessem talgado posigio mais elevada na hierarguia das atvidades humanas € fossem agora to dignos quanto a vida politica * De fato, 0 oposto fra verdadeiro: a ago passara s ser vsta como uma das necessida ‘des da vida terrena, de sorte que a contemplagio, (0 his theoreti os, traduzido como va contemplatic) ea 0 nico modo de vida realmente livre.” ‘Contudo, a enorme superioridade da contemplagio sobre ual ‘quer outro tipo de atvidade, inclusive a gio, 0 € de origem ets: 1B. Encontramovla na filsofia politica de Plato, onde toda a reor- ‘ganizagdo utdpica da vida na polis €nio apenas dria pelo supe: Fior discemimento do fisofo, mas no tem outa finalidade seno tomat possivel o mado de vida flossfico. O prOprio enunciado arstoélico dos diferentes modos de vida, em cuja order a vida de prazer tem papel secundiri, insprs-se claramente no ideal da con- {emplagio (thoria). A antiga iberdade em relagio is necessidades dda vida e& compulsio alhci, os fibsofos screacentaram a iberda- 7. Vejase iid. 127% para a distingi entre govern desptic € politica, Quanto 20 afgumento de que avi do despta no gal vi 1: do homem lve, uma vez ue o pimeio esta preocypado com = sas necevsirias, Nejse fl 12824 Quanto a opie generalizada de que a moderna avaliaio dol bor € de origem eisty vei alan, $48 9 Veinse Toms de Aquino, Sune thee 2. 19, especial rmente art ome rte uty rena da mercies ae practi € [Eysiann Puaws,48-3,ande se stb uo corpo politico a arta roporcionar tao gue € necessai 4 Sia: Vr irate port sane de ea cessagio de toda atividade politica (stole). de sorte que a posterior pretensio dos cristios — de serem lives de envolvimen- {0 em assuintos mundanos, ives de todas a8 coisas terenas — fo precedida pele upolita flossfica da ltima fase da aniguidade, © ‘ela se originov. 0 que até entao havia sido exigido somente por alguns poucos era agora visto como dizeito de todo. ‘A expressio cia atica, compreendendo todas as atividades hhumanas edefinida do ponto de vista da absoluta quietude da con- templacio, corresponde, portanto, mais & askalia grega (2ocups- son, sdesassossegos) com a qual Aristételes designava toda atvi- ‘ade, que ao bios polikos dos gregos. J desde Aristteles, a dis: tingao entre quietude e ocupagio, entre uma abstensio quaseesti- tica de movimento fisico extero e de qualquer tipo de ativdade, & mais decisiva que a dstingio entre os modos de Vida politic ete Fico, porque pode vir a ocorrer em qualquer um dos trés modos de vida. E como a diferenga entre a guerra ea paz: tal como a guerra ‘corre em beneficio da paz, também todo tipo de atvidade, a ‘mesmo 0 processo do mero pensamento, deve culminaf na asolta {uietude da contemplacio. Todo movimento, 0s movimentos do ‘Corpo e da alma, bem como o discirsoe oraciocinio, devem cesar siante da verdade, Esta, sia a antiga verdade do Ser ou a verdade TO. A palavea greg sktole, como 2 latin oun, significa bask mente isengao de atvidae politica e alo sinplesmente lize, embors $mbas Sejam tambem usadas pra indica seg do abo eds neces ‘dades da vida De qualquer modo, indica sempre uma condo de isengio de preocupeoes c cldados. Excelente sscrigi da vida cote ‘ana de um ciao aenensecomum, que goza de completa engSo de lator e wabalbo. pode ser encontrada em Pstel de Couanges, The Ar ent City (Anchor 198) pp. 33436; qlslguer um se convener de ‘como a ativdade polite Scupava 0 tempo dos ciladis mas condnes {a cidude-crtado, Pode-sefacimente imaginary Como essa vie police ‘comum era cheia de preocupgoes, quando se recoda qe ae ateniense fio pevmita que ua cidadio perennecesie neue, puna com pends ‘be cidadania agueles que no quisessem tomar partido em dispuas fa 1, Vejase Arsttees, Poti 1232033, Tomis de Aquino def ne a contemplatso como gts ab exterrbus mobs (Sanna theo 2 iD, a Cristi do Deus vivo, s6 pode revelar-e em meio completa quiet ‘de humana. “Tradicionalmente, ¢ até o inicio da era moderna, a expresso ‘ita atica jamais perdeu sua conotagao negativa de wit-quietude> nnecorium, askholia. Como tal, pernaneceuintimamente ligada listing grega, ainda mais fundamental, entre as coisas que S30 Por s'0 que sio eas cosas que devem ao homem a sus existenci, fenlre as coisas que so plise e as coisas que 830 momo. O prima: to da contemplagio sobre a atividade baseia-se na convioyio de ‘que nenhum trabalho de mios humnas pode igualar em beleza € Yerdade 0 Kosmos fsic, que revolve em toro de si mesmo, em Jmutivel etemnidade, sem qualquer interferncia ou asssténcia externa, seja humana ou divina, Esta elemidade +6 se revela a ‘olhos mortais quando todos os movimentose aividades homanas esto em completo repouso, Comparadas a este aspecto da quietu- de, todas as diferencas e manifesagses no dmbito da vida actita ‘desaparecem. Do ponto de vista da contemplagio, aio importa 9 ‘que perturba a necessiria quietwde; o que importa & que ela seja peruurbada, Tradiionalmente, portanto, a expressio vita activ deriva 0 seu significado da vie contemplativa; sua mui limitada dignidade deverse a0 fao de que serve as necestdades e caréncias da con- templagio num corpo vivo." O eristanism, com a sua crenga num ‘outro mundo cujas aegras se prenuneiam nos deletes da contem- plagio.* conferiu sangao religosa ao rebaixamento da vita acica a ‘ua posigo subaltemna e secundaria: mas a determinacio dessa mesma hierarquia coincidiv com a descoberta da contemplacao (theory como Faculdade humana, acentuadamente diversa do pen- samento € do raciocinio, que ocorreu na escola socrtica e ave, desde entio, vem orientando o pensamento metaisicoe police de TE. Tomis de Aqui resata a quite da alma, ¢ recomenda a ‘ita actira porque ea expo, portant, saree as pines intros: © prepara‘ homem para a coniemplaga (Summa vheoogica i282 3) 13, Tomés de Aquino ¢ bastane explicito quanto & conexio ene & vita enta'e as necessiades careniae do coro humana, ue O8 ho mens es armas tem comm (Summ tealgicn 2. 182.1 1, Agostinko fla do sdnuse (urna) da via ava iposto pelo ever da carade. que Seva nsuportsvel sem “dogurs (suse) ¢ ‘prazer da verdades obtido na contemplagae (De cette Det. 19). u FAFICH/UFMG - BIBLIOTECA toda a nossa tradigio." Para as Finalidades deste lio, pareve-me Adesnevessario dscute as razdes dessa tradigan, Obviamente, $30 ‘mais profundas que o momento historico que motivou 0 confito tntre & polis € 0 fidsof,e com isso levou também, quase que por ‘caso, descoberta da contemplago como modo de vida Jo fiss0- fo. Essas razies devem resiit num aspeeto interamente diferente dda condigao humana, cuja diversidade ndo €esgotada pels varias mmanifestagdes da citu eta e, provavelmente,nio seria esgotada mesmo que se Ihe ineluissemos 0 pensamento ¢ © movimento do Portanto, se 0 uso da expressio vit actca, tal como aqui 0 propano, esta em manifesto conflito com a tadigao, @ que duvi- Soro dae apni ge te or es der mas da ordem hierarguica que a acompanha desde 0 inicio, {sto ndo significa que ev desee conesar ou sé mesmo dscutir © ‘eonceito tradicional de verdade como revelagio e, portant, falgo essencialmente dado a0 homem, ou que prefra a assergao pragmatica da era moderna de que 0 homem s6 pode conhecer fquilo que cle mesmo faz. Afirmo simplesmente que o enorme var Tor da contemplagio na hierarguia tradicional obscureceu a5 dliferengas e manifestagdes no imbito da propia vite activa e que fa despeito das aparéncias, esta condigio nio fol essencialmente al- Terada pelo moderno rompimento com atradigio nem pela eventual inversio da ordem hierarguica em Marx e Nietzsche. A estrtur ‘conceit permanece mais ou menos Inala € isto Se deve & ro pria natureza do ato de -virar de cabega para balxo- os sistemas Filosdticos ou os valores atualmente aceite, isto €, a natureca da propria operasio, "A inversdo hie tradicional hierara equica na era moderna tem em comum com a 1 premissa de que a mesma preocupagio he 15. O tradicional resseatimento do Flsofo conta 4 condo hur 1a de possi um corp nso # mesma coisa que o antigo desiem emf Tapio Ss necessdadey da vida! sug nocesnade er apenas um dos aspects da exstnca corpvea, © uma vez libetado desta tecey Sidade 0 corpo es capa daguelaaparncia pars que ov gregos cham ‘am de Beleza. Depois de Plas. ovals stescentaram a0 resent ‘memo. de seem fergados por necessidades corporas 0 resentments contra quaer tipo de movinentagso. E por vver em completa gue Sde‘que somente 0 corpo do Sno habits cidade, segundo Plato. E festa tamer a ongem da acsagio de sabethudie> (ulepusmosine) ‘iigida aueles que pasar vida 9 sundae dy politic, 3s ‘mana central deve prevalecer em toss stividades dos homens, ‘posto que, sem um io principio global, nenhuma ordem pode fer estabelecia. Tal premissa nio é necessiria nem axiomaticas © ‘0 uso que dou & expresso rita ucticu pressupse que a preocups ‘G20 subjacente u todas alividades nao & a mesma preocupagio Sentral da vitu contemplarca, come ao Ihe € superior nem infe- Seg Eternidade versus Imortalidade A ie a tu ao a vis formas de eneiamento tivo mis coisas deste mundo e, de ous, o pensamento puro {que culmina na contemplagio possam corresponder a das prevcu- ‘pagdes humanasinteiramente diferentes tem se evidenciado, de uma Forma ou de outa, desde que -os homens de pernarentoe 0 hares dd agio comegaram a enveredar por caminhos diferentes, isto é, desde a ascendéncia do pensamento politico na escola socrtica CContudo, quando os filésofos descobritam — e & possivel que & sdescoberta tena sido feta pelo proprio Sécrates.embora nio se 0 possa provar — que a esfera politica nio propiciava necessria: mente 1s atividades superiores do homem, presumiram imedat mente nig haverem descaberto algo novo slem do que ja se sabia, mas terem encontrado um principio superior capaz de Substiuir © principio que governava a pls. A mineira mais faci, embora Um tanto superficial, de iustrar esses Jos principios diferentes e até Certo ponto confiantes, élembrat a diferenga entre imortalidade © eternidade Tmortalidade significa continuidade no tempo, vida sem morte nesta terrae neste mundo, tal como foi dada, segundo o consenso [rego, A natureza e aos deuses do Olimpo. Conta este pano de fun 16, Velase F. M. Comford, Plato's Commonwealth. em Urner sen Pbnopin (1950, p+ morte de Beces «4 Guerra do Pelopo ‘eso marcam 9 instante em que o» homens de persamento eos homens ‘de aeao enveredaram por caminhos diferentes, desnados 8 Se separar ‘da vez mais até que o foto ewico denou de Ser um ciao do Seu pas c pasoo a serum cidadso do univeso~ % do — a vida perpétua da naturezae avid diving, ienta de morte € {de velhice — encontravam-se 0s homens mortals, os Unicos mor {ais num universo imortal mas no eterno, em cote com a8 vidas imortais dos seus deuses mas nio sob o dominio de um Deus eter no. A crermos em Herbdoto, a diferenga entre as duas parece ter Sido surpreendente para a autoconsciéncia dos gregos antes dos enunciados conceituais dos fildsofos e, portanto, antes das experi= Encias do-etemo especficamente gregas que inspiraram esses tenunciados, Ao diseutirerengase formas asiaticas de adoragio de lum Deus invisivel, Herodoto menciona explcitamente que, em Comparago com esse Deus transcendente (eomo dirfamos hoje), Situado além do tempo, da vida e do universo, os deuses gregos tram anthropophyes, isto &, dotados da mesma natureza do ho- ‘mem, e no apenas da mesma forma humana." A preocupagio dos {regos com a imortalidade resultou de sua expergncia de uma na {ureza imortal ede deuses imortais que juntos, crcundavam a8 Vi ‘das individvas de homens moras. Inseria num cosmo onde tudo ‘ea imortal, a mortaidade tornou-se o emblema da existéncia h- tana. Os homens sio »08 mortase, a Gnicas cosas morals que feistem porque, a0 contrrio dos animais, nao existem apenas {como membros de uma espéciecuja vida imortal € garantida pela procriagao." A mortalidade dos homens reside no fato de que a vir {a individual, com uma histéria vital idemifieavel desde 0 nase Imento até a morte, advém da vida bioldgica. Essa vida individual difere de todas as outras coisas pelo curso retilineo do seu movi mento que, por assim dizer intereepta 0 movimento circular da vi dda biologica E isto a morale: mover-se 30 longo de uma linha feta num universo em que tbdo 0 que se move 0 faz num sentido ciclo, "A tarefae a grandeza potencial dos mortals tm a ver com sua 17. Dep de reutur que os persis no im simagens de deses. nem templor-nem allares, € conideram imenstar esas coisite, Herdlo LISI) passa 4 expcar que no demonstra ue eles stan acre, ‘Soma ot gegon, ve 0s deuses Sejm antirapophves, denature Mama fan, ou, poderamosacresentar, que os deowen eon homens tena mesma natorezs. Vejase tamer Pinto, Carmina Nomar 1S, Veinge Ps. Aristteles Economia 34302: A natureza grant sterna reorrencia (pein) da especie. mayo pode gaat a0 in Viduo'a mesos eteridade 0 mesmo pemamento, “Pars esos N35 vida 0 sere, sorge em Sobre a Abuw 415618 ” capacidade de produzir coisas — obras efeitos e palavras"” — que rmereceriam pertencere, pelo menos até certo ponto, pertencem elernidade, de sorte que, através delas. os morais possum encon- {rar o seu lugar num coumo onde tude € mortal exceto eles pro- ios. Por sua capacidade de feits imortas, por poderem deixar tris de si vestigios imorredouros, os homens, a dspeito de sua ‘moralidade individual, atingem o Seu proprio tipo de imortalidade ‘edemonstram sua nalureza »divina». A diferenga entre 0 homer € ‘0 animal aplica-se & propria espécie humana: $6 os melhores (08 faristo), que constantemente provam ser os melhores (useuein, ‘verbo que ado tem equivalente em nenhuma outra lingua) e que “preferem a fama imortal as coisas mortais-,sio realmente huma- ‘Os; 0s outros, satisfetos eom os prazeres que amatureza es ofe- rece, vivem e mortem como animals. Esta era ainda a opinizo de Hericlto,” opinido da qual difcimente se encontra equivalente fem qualquer filbsofo depois de Socrates. Em nosso content, no faz muita diferenga se foi © proprio Sécrates ou se fot Plato quem descobriu o eterno como 0 verds ‘eiro centro do pensamento estritamente metatisico. Depde muito 1 favor de Sdcrates 0 fato de que s6 ele, entre todos os grandes ppensadores — singular neste aspecto como em muitos outros — jax mais e tena entregue a0 trabalho de dar forma escrita a seus pen ‘amentos; pois € Sbvio que, por mais que um pensador se preocupe om a etermidade, no instante em que se dispoe a escrever 0s seus pensamentos deixa de estar fundamentalmente preacupado com fternidade volta a sua atengio para a tarefadelegar aos pésteros algum vestigo deles. Adota a tila activa e escolhe uma forma de 1B. A lingua regs no faz distingio entre cobras © ofion mas chama‘os de wre quando suo rufcentemente dives grandiows par Ser lembrados” ot somente quando os Mosoon. ou melhor. ov sais, ‘omegaram a fazer suas sstingoeslnerminiveis ca etabelecer de: Fengas entre fazer e apt (icine prin) que os sabstntvos ena ce pragmata passaram ser usados mst coretemente (vee Patio, ‘Charmider 16). Homero ainda no conhece pln post ie em Pat (avon anthro progmara pode ser metho radia come =e: ‘5cios humanos- ¢ tem a conoagio de nguetarane fathead. Em He Flot, progmate taver tenia 2 mesma sono (ch por exemp, FIss) 20. Heréelto, rag. B29 (iets, Progmente der Vorsoratiber 197). 2 permanéncia e de imoralidade potencial. Uma coisa € cena: € Somente em Plato que a preocupagio com 0 eterno ea vida do f= Tsofo sa0 vstos como inerentemente contraditrios e em confite ‘com a uta pea imortalidade, que é 0 modo de vida do cidadio, 0 Dios polkas. ‘experiencia do eterno tal como tem o fisofo — experi cia que, para Paso, era arreton(eindizivels) e, para Ansttees, faneu logow (sem palavrae) e que, mais tarde, fi conceltalizada ‘no paradoxal mune stans (caquilo que € agorae) — 36 pode ocorer fora da esfera dos negécios humanos e fora da plralidade dos ho- mens. £ 0 que vemos pela paribola da Caverna, na Republica de Patio, na qual 0 Mlsofo, tendo-se liberado dos grhes que 0 prendiam aos seus semelhantes, emerge da eaverna, por assim er, em perfeita -singularidade™, nem acompanhado nem seguido ‘de outros. Pliticamente falando, se morrer € 0 mesmo que adeixar de estar entre os homens, a experiéncia do eterno & uma especie ‘de morte; Unica coisa que a separa da morte real € que no & fina Porque nenhuma criatira viva pode suportila durante muito Tempo. E'é isto precisumente que separa a vita contemplatva da ‘ia activa no pensamento medieval" No entanto, o fator decisivo € que a experiencia do elemo, diferentemente da experiencia do mortal, nio corresponde @ qualquer tipo de atividade nem pode nela ser convertida, visto que até mesmo a atividade do pensamen- to, que ocorre dentro de uma pessoa através de palavras,€ obvia- mente nio apenas inadequada para propiciar tal expergnciy mas interromperi e poria a perder a propria experiénca ; TA iheoria, ou econtemplagin,€ a dsigngao dada a experién- cia do eterno, em contraposig a todas as outas atitudes que, no ‘maximo, podem ler aver com a imoraldade. Talvez a descoberta do eterno, feita pelos flsofos, tenha sido favorecida pelo fato de ‘Que eles, muito justiicadamente, duvidavam das possibilidades da polis no tocante a imortaidade ou aé mesmo & permanéncia tl ‘ez choque de tal descabertatenha sido to grande que ees iio pixderam deixar de olhar como vaidade ou vanglonia qualquer busea fe imortalidade, o que certamente os colocava em franca oposigio 8 antiga cidade estado & religso que a inspirava. Contudo, a pos terior vi6ria da preocupagio com a eteridade sobre todos 0 pos Ts Pest asc fd pernanere possum: in contemplation autem Invent inne manera mod lems Tomas de Agno, Summa tevin 2. 1. » de aspiragio & imortalidade no se deveu so pensament filossfco. ‘A queda do Império Romano demonsirou claramente que nenhuma ‘obra de miot mortas pode set imortal,e foi acompanhada pela promogao do evangelho cristao, que pregava uma vida individual tema, 8 posigdo de religio exclusiva da humanidade ocidentl Junta, ambas tornavam til € desnecessria qualquer busea de jmortalidade terrena; e conseguram tio bem transformar & cla ltiva € 0 bis poltos em servos da contemplagio que nem mes mmo a ascendéncia do secular na era moderna e a coacomitante in Versio da hierarguia tradicional entre aggo e contemplagao foram Suficientes para fazer sar do obivio a procura da imortalidade que, frigialmente, fora fonte e 0 Cento da rita activa x0 CAPITULO IL AS ESFERAS PUBLICA E PRIVADA Ee gio O Homem: Animal Social ou Politico A. itactva 0 se, vi manana media cm gu om penha aivamente em fazer algo, tem raizes permanestes num ‘mundo de homens ou de coisas feitas pelos homens, um mundo {que ela jamais abandon ou chega a transcender completamente AAs coisas eos homens constituem o ambiente de cada uma dasa Vidades humana, que no teriam sentido sem tl localizagio; e, n0 centant, este ambiente, ¢ mundo ao qual vemos, no exstiia sem ‘2alividade humana que o produziu, como no caso de coisas fabri- ‘cadas; que dele euida, como no aso das teras de cultivo; 0 que 0 festabeleceu através da organizapio, como no caso do corpo polit 0. Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida do eremita em meio natureza selvagem, € possivel sem um mundo que dreta 00 indi retamente, testemunhe 2 presenga de outros seres humans. “Todas as atividades humanss so condicionadas pelo fato de ‘que os homens vivem juntos; mas a agdo & a unica que mio pode Sequer ser imaginada fora da Sociedade dos homens. A atividade do labor nio requer a presenga de outros, mas um ser que labo russe» em completa soldi nao seria humano, e sim um animal laborans no sentido mais iteral da expressio. Um homem que tra- balhasse e fabricase ¢ construsse nlm mundo habitado somente por ele mesmo nit deiuaria de ser um fabricador, mas ado seria um homo Jaber: tera perdido a sua qualidade especifiamente humana fe seria, antes, um deus — certamente no 0 Criador, mas um de- tmiurgo divine como Plo descreveu em um dos seus mitos. SO ‘ago prerrogativa exclusiva do homem: nem um animal nem um deus capaz de ago." e $6 agdo depende ineramente da cons: tante presenga de outros 1. Enotivel a circunstncia de que os devses homéricos sagem no tocante abe homens, gvemando-os de lange iterferindo om 0 Soe 3H Esa rela especial entre ago e vida em comum parece justiicarplenamente a antiga tradogao do 200m polihon de Aristé- Teles como animal socials, que ji encontramos em Séneca € que, i Tomis de Aquino, foi aceita como tradugio consagrada: homo (31 naturaliterpoltcus, id est, soctalis (0 homem é, por nature 2a, polite, isto socal)" Melhor que qualquer teria complica- ‘da, esta substituigio inconseiente do social pelo politico revela até ‘que ponto a concepedo original grega de politica hava sido esque- ida. Para tanto, é significative, mas nso conclusive, que a palavra “socials seja de origem romana, sem qualquer equivalente na Kit- ‘ua ou no pensamento gregos. Nao obstante,o uso latino da pals ‘ra socieras tina também orignalmente uma acepsdo claramente politica, embora imitada:indicava certaalanga entre pessoas para lum fim especifico, como quando os homens se organizavam para Mdominar outros ou para cometer um crime.’ E somente com 0 ul terior conceito de uma svctetas generis hnmani. uma ssociedade da Se passa ene eles, Além disso, oF confitos afta entre os deus, parecem resultarprincipabmente de sun auagio nos epics humanos ‘ou de a conftante parca em relagso os moras O rest & ‘ima sta na qual Moment edevses stam em conjunt, mab tama © festabclecida pelos moras, mesmo quando a dco tomada noma 38 Sembsia de deuses no Olinpo. Creo que s rs" andron Je theo te. de Homero (Oise 23), inca crs sco-apcrsaoeo bard cant er tos de deuses © homens, aio historias de deus hstnias de homens. Do mesmo modo, a Teogon de Hesioo tata nia do fits doe de Ses, mas da genese do mundo (116: area, portato, como as eos Pat Sram a exist através da grag © da procrago (Constantement pe ties). O cantor, servo das Musas, cant 20s feitosglorosos Jos homens nigose os deuses bem-aventurados: (97 IE), mas em pote slguma, 80 fque'eu alba, oF Fitosploriosos dos deuses. 2. A cago & do tex Rerum da edo de Turim das obs de So Tomis de Aguno (1922. A palivra spoiicus- mio ocrre mo text, mas Indes Taz um resumo correla do que ele quer diet como Se poe erica pela Suma teuloica 1.96. 44.2 10. 3 3. Soviets rem Livi, sits lei m Comébo Neg Ese tip de alan pois tumbim ser realiza pra fine comercin Tomas de Aquino anda afrma que una sverdadeia sovctane ene negocantes S6 existe nquando proprio investdor compartha do sco~. so ‘quando a sociedad € realmente una alianga (ejose W. J. AsMey, A Tnvadaction to English Economia Histor aad Pars 9. pa x ‘espécie humans, que o terme «social» comesa a adguirit 0 sentido feral de condigio humana fundamental, Nao que Arstteles 08 Pato ignorasse ou nao desse importncia a fat de que 0 homem 1ndo pode viver fora da companbia dos homens; simplesmente ni incliam tal condo entre as caracterstica especiticamente hi ‘manas, Pelo contrrio, ela era algo que a vida humana tina em co- ‘mum com a vida animal — razio suficiente para que nio padesse ‘er fundamentalmente humana. A companhia natural, meramente Social, da espécie humana era vista como limitagdoimposta pelas necessidades da Vida bioldgica, necessidades estas que sio as mes- ‘mas para o animal humano e para outras formas de vida animal ‘Segundo 0 pensamento grego, a capacidade humana de orpan- zagio politica nao apenas difere mas @ diretamente oposta a essa associagio natural cj centro € constituido pea casa (iia) € pela Talia O surpimento da cidade-estado significava que o home recebera, lem de sa vids privada, uma espécie de segunda vida, (0 seu bis polihos. Agora cada cidadio pertence a duas ordens de texisténca;e hi uma grande diferenga emt sua vida etre aquilo que The € proprio (idiom 2 0 que &comum (oinon)s* Nao se tatava de ‘mera opiniio ou teria de Arstteles, mas de simples fatohist6r- ‘or precedera a fundagio da pols a destruigio de todas as unidades ‘organizadas & base do parenesco, tals como a phratria € a phe Werner Jager, Pads (988), IL, 11 5. Eimora a tee principal de Fuel de Coulanes,sepndo a into- tga de The ten Ciy(Abehor, 1986, comita em demonstrat que “a mesma religion moldou a antiga organiza dafunfia ew antiga c= Aade-estado, 0 autor far numeroas referencing cotirmam 0 fo Se ‘que orepme da gems aseado a rego a fama, eo regime daca Ae-seram, na verde, dus formas attginics de govern. Ou a ce ‘dade desapareceria ov, com o tempo. desagrepara fais (p 252). ‘ontradigao dessa grande obea devese apurentemente i testativa de CCoulanges de tratar. num mesmo conunio, Roma e as eidaesestados tress; em seun concetone demonsragSes,o aor Base pial ‘mentee senieatoisttuconal epic de Roma, embora ecombegs fe o alto de Vests = perdera 0 seu vgor na Grecia em tempos mi {O-remotos .. mas nunca 0 perdeu em Roma (p36) Nao 56 hava ‘ima separasdo muito maior entre fama eu cidade ma Grecia do oe fem Roma, mas somente na Grecia eligi olimpice, queer #relig {de Homero e da cidade estado, era separa du rein mas aes Favilia edo la, c superior a esta. Enquant Ven, 3 Sea Sofa ps 3 De todas as aividades necessrias © presentes nas comunidades ‘humanas, somente uss eram consleradas poiteas consttumte, ddo que Arstteles chamava de Pion lito: agi (orass) © 0 Aiscurso (lexis. dos quais surge aesfera dos negocios humanos (a ton anthropon pragmata, como chamavaPltao). que exclu este amente tudo 0 due seja apenas nevessario ou iti ‘Contudo, embora certamente $6 fundagao da cidade-estado {enh possibltado aos homens passar toda a sua vida na esfera pi bia, em agio e em discurso, a convicgo de que estas Juss capa cidades humanas si0 afin uma da outa, alem de serem as mais altas de todas, parece haverprecedido a polis eter estado presente ro pensamento pré-soeritico, A estatura do Aqulles homérico so pode ser compreendida quando se o vé como =0 autor de grandes feitos e 0 pronunciador de grandes palavras-’ Diferentemente do Imo dois aspects do mesmo proceso. A vida surge da tert cut Toma: 0 nascimento c-2 morte apenas dow tipo irenes da mesma vide bolopies sobre aaa oy dees subltraneos em ine 2” individual e sobrevivéncia como vida da espécie, requer a compa ‘hia de outros, 0 fato de que a manutengio individual fosse a tare~ fa do homem e-a sobrevivencia da especie Tosse tare da mu Ther era tio como vio: e amas estas Tungdes naturals 0 labor tdo homem no suprimente de alimentos o labor da mulher no par to, eram sujeitas 4 mesma preméncia da vida. Portanto, a comuni ‘dade natural dolar decorria da necessidade: era a necessiade que reinava sobre todas 2s atividades exercidas no la. ‘\esfera da polis, ao contro, era a esfera da liberdade,€ se havin uma relago enze essas duasesferas era que a vitria sobre as necessidades da vida em familia constitu & condigio natural para. liberdade na polis. A politica nio podia, em circunstanciaal- ‘uma, ser apenas Um meio de proteger a Sociedade — uma soceds ‘de de figs, como na Idade Média, ov uma sociedade de proprets- Tios, como em Locke, ou uma sociedade inexoravelmente empe fnhada num processo de aquisigo, como em Hobbes, ou uma $o- tiedade de produtores, como. em Marx, ou una sociedade de en ‘regados, como em nossa propria sociedade, ou uma sociedade de ‘peritios, como nos paises socialists e comunistas. Em todos es tes casos, & a liberdade (em alguns casos, a pseudoliberdade) da Sociedade que requere jstfica a limitagao da autoridade politics, A liberdade situase na esfera do social. ea forge a violéncia tor rnamse monopslio do governo. ‘0 que todos os filbsofos gregos tinham como certo, por mais ‘que se opusessem a vida na polis, € qe a iberdade stuase excl Sivamente na esfera politica: que a necessiade € primordialmente lim fendmeno pré politica, caractristico da organizasio do lar pri= ‘ado; que a forga ea violencia so justiicadas nesta tims esfe por serem os dnicas meios de vencer a necessidade — por exer Plo, subjugando escravos — e aleangar a iberdade. Uma vez que {odos os seres humanos sio sujeitos& necessidade,tém 0 direto ‘de empregar a violencia contra 0s outros; a violencia € 0 ato pre politico de libertar-se da necessidade da vida para conquisar ai berdade no mundo. Esta iberdade ¢ a condiqao essencal daqulo {que 0s gregos chamavam de endaimonia,«wenturax — estado obje- tivo dependente, em primeiro lugar, da riqueza eda sade, Ser po bre ou ter ma sade significava estar sujeito a necessidae fsica,€ ser um escravo significava estar sueito, também, a violéncia pra ‘Cada pelo homem, Esta dupla «infelickiade» da escraviio € inte Tamente independente do bemestar real e subjetivo do eseravo. ‘Assim, um homem livre e pobre preferia a inseguranga de um mer- 0 ceado de trabalho que mudasse dartamente & um trabalho regular € {arantido; este dltimo, por Ie resting lberdade de fazer © que \esejasse a cada ds, jt era considerado servidio (doula), © ate ‘mesmo o trabalho ard e penoso era peferive avid trangia de ‘que go2avam muitos escraves domesticos.” No entanto, poder pré-politco com o qual ochefe da fami reinava sobre a familia e seus eseraves, e que ea ido como neces Sitio porque o homem é um animal ssocil» antes de ser animal «politicos, nada tem a ver com 0 catico -estado natural de ej Viokéncia, segundo 0 pensamento politico do século dezesste, os homens 56 poderiam escapar se estabelecessem um governo gue, através do monopolio do poder e da violncia, abolste & «quer ‘de todos contra todos» por watemorizar a todose. Pelo contro, todo 0 conceto de dominio e de submissio, de poverno e de poder no sentido em que o concebemos. hem como a ordem reguamenta- dda que 0s acompanha, eram tidos como prépoliticos,pertencentes ‘esfera privada, e aio a esfera pica, [A polis difeenciava-se da familia pelo fato de somente conbe: cer sipuais, ao passo que a fails era‘o centr da mas severa de sinualdade, Ser livre signiicava ao mesmo tempo ni estar sueto as necessidades da vida nem a0 comando de outro também io ‘omandar- Nio significava dominio, coma também nao sigaiicava Submissio." Assim, dentro da esfera da fara, a iberdade nia 1A dus ene Sécates € Eaters Memorable Replat ei misc Faas fade pels ect iar com ose compo. ees tpi det pe sur ee ip de ‘idan mato temp ede Qu ecu Se mien Kinda a Sims Sea gc enc tbs noo & mar uc meme on iso, Socrates promie qc ele pvr gsc noe ete lbres Conaicse proce eum seme utr espns eae Ne apa ra serie ir 20. Referimornos aqui a Hobbes, Leciaran, Parte Leap. 13, 21, A mais famosa e mais els refers ete asumto € a discus sodas diferentes formas de gover em Herdoto (i ADS3) nu ual tunes. o defensor da gvalae grea Cum. dels io “qutet govern nem ser povemados. Mas ¢ no meso eapto qu Avnet fiz que vida do homem livre emehor que to Sspaarnegando som 4 ature it 0 desinfe Inve Vota ear) Se undo Coulanges, tas sx palores gop latins su exprimem igs {io de governo de um homem sobre ok ours: come fey Puer. ma a exists, pois o chefe da fara, seu dominant, si era considerado Tivre na medida em que tinha a facldade de deixar o are ngressat hha enfera politica, onde todos eram gts, E verdade que esta Tualdade na esfera politica muito pouco tem em comum com 0 rosso conceito de igualdade; signicava viver entre pares eIilar ‘Somente com eles, e pressupunha a existncia de wdesiuais~ €e tes, de fata, eram sempre 4 maioria da populago na cidade-esta ‘do A iguaidade. poranto, lange de ser felaconada com a justiga. feomo nos fempos modermos, era propria esséneia da lberdade: Ser livre sgnficava ser iento da desigualdade presente no ato de Comandar,€ mover-se numa esfera onde nig existiam governo nem overnados Contudo, termina aqui a possibidade de descrever. em termos perfeitamente definides, profunda diferenga entse 05 ‘Conveitos moderno e antigo de politica. No mundo modern a es Teras sociale politica dferem muito menos etre si O fo de que politica ¢ apenas uma fungia da sociedade — de que a ago. 0 dis- Curso € 0 pensamento Sin, fundamentalmente, superestrturs ase tadas no inteesse social — no foi descoberte por Kari Marx: pelo ‘ontario, for uma das premissas axiomaticas que Marx recebeu, Sem diseutir, dos economistas politicos da era moderna. Esta fun onalizayio toma impossivel pereeber qualquer grande abismo en tre as ds esferas; nao se trata de uma questa de teoria ou de ieologia, pos, com a ascendEncia da sociedade, isto é, elevagio {do lar domestico (via) ou das stividades econSatcas 0 nivel piblico, a administragao doméstia e todas a questoes antes pert: fentes a esfera privada da familia transformaram-se em intresse (soltivas.” No mundo moderno. as duas esferas constantemente Fant eferiam-e oiinartamente a reloges fairs erm somes ‘qe ov cscravoe davam seus enhores pt PAY M228). 22 A proporso varias, « ea cetamenteexagerad no relto de Xe nofonte sdbre Esra, ende, ent quatro mi pessoas ta paga public, ‘io havin ais que sesSemta cidadios (elena i 3), 2. Vejase Myrdal op ih: +A nog de que &sciedade, como um chefe de fama, admunista saan em for dos Seay membros € o> Fandamenteuigada na terminlogs econdmica Em ale. pul fy Vnkesirchufltre sere. que existe um sito cot dat {dale ecoodrica com um fim comum e salores comns. Em nee. ‘heory of meats theory of welre”cxpemem ses semethan 2 ecem uma sobre a outra, como onda no perene fur do proprio processo da vida (© desaparecimento do abismo que os aatigos tinham que transpor diariamente a fim de trinscender a estretta esfera da fe mila € wascender» esfera politica ¢fendmeno essencialmente mo- demo. Esse aismo entre © privado e 0 publica ainda exstia Je certa forma na Idade Media, embora hodvesse perdido muito da su importineia e mudado inteiramente de localizago, J se Wisse ‘com acerto que, 4pds a queda do Império Romano, fia grea Co {olica que ofereceu ao homem um substtuo para a cidadania antes ‘uorgada exclusivamente pelo governo municipal" A tensio me dieval entre treva da vida dia o grandiose esplendor de tudo ‘© que era sagrado, com & concomitant elevago do secular para © plano religioso, corresponde em muitos apectos a ascensio do pri vvado ao plano pablico ds antiguidade. E claro que a diferenga & ‘muito marcante; pis. por mas smundans- que se tornasse Tere jt, © que mantinha coesa a comunidade de erentes era essencial: ‘mente uma preocupagio extaterrena, Somente com alguma difical- ‘dade € possivelequacionar © pubico com o reigioso; mas a esfera secular sob o feudalism era, de fato, em sa interezs aguilogue esfera piblica huvia sido na antguidade. Sua principal earacteristi- a foi a absorgio de todas as atividades para wesfera do lr (onde & Iimportincia dessas atvidades era apenas prvada) ,conseqente- ‘mente, propria existencin de uma esters pblice™ {53> (140). -Que sigiica uma economia socal cut fang & 4 am mtragio domestica de seciedade? Em primi ligt, impia ou Sugete lima analogla ene sociedae eo iduidua gue govera asa Cast oo 8a Sts fama Adam Smith e James Mil devenvolverum explicamer {ees anaogia.Apos a critea de JS. Mil © com o maior reconer ‘mento iferenga ene economia poses prise ei, parson Sea dar menos destaquc a ea anabpay (pi8))O fa de i nose sara aoa pose deverse a fao de que sociedad devov a Un Aide Tamil ate torarse completa bse pa ea 2A RL HL Barrow, The Romans 953. p18 25. Ay carateiticas que E. Levanseur (iste dev clases me Lies et de Findus en Prante avent 1789 (30) atu organi { Teudal uo trabalho ‘uphcam as" comundade eas coro, um {odo:sChacun viv cher So et what de soviet able st nse eure, le villain sur sa culture, le sian dans Saville (p29) 6 E tipico desta evolugio da esfera privida — e, por sinal, dad ferenga ene o amigo chefe de familia e o senhor Feudal — que es te ultimo pudeste administrar justia dentro dos limites do Seu Jo- rminio, a0 passo que 0 antigo chefe de familia, embora pudesse {exercer um dominio mais ameno ou mais Severo, nao conbecia leis ‘nem justca fora da esfera publica.» A transferéncia de todas a a> ‘idades humanas para a esfera privada 0 ajustamento de todas 4s relagdes humanas segundo o molde familiar teve profundas re Pereussdes nas organizagoes profssionais especifcamente medie als as proprias cidades — nos wilds vmfhiiex econo — ‘eté mesmo nas primeras companhias comercials, nas quais =o lar ‘comm orginal parecia estar implcito na propria palavra ‘compa ‘hia’ (companis) ..(e) em expressdes como “agueles que comem {do mesmo pio’, “homens que compariham do mesmo pao € Jo mesmo vinho'»." O eonceito medieval de sbem comm. Tonge de indiar a existéncia de uma esfera polities, reconhecia apenas que 105 individuos privados tem interesses matriaisc espirituais em CO- ‘mum, es6 podem conservat sa privatividadee cudar de seus pr prios negécios quando um dels Se encarrega de zelar or esses in- feresses comuas. O que dstingue da realidade moderna est ati de essencialmente cristh em relagio a politica mio € tanto reco nhecimento de um sbem comums quanto a exclusividade da efera privada e a auséncia daguelaesferacuriosamente hibrida que che 26,0 watamentoinparcal dos escravos, ae Pato recomend nas {is 77), pouso tem a ver com a justia. eno «recomend por um ‘questo de"sconsideragso com ot [ecravesl. mas ma por uma ques to de respeito por ns mesmoss. Quanta & coexists de ds ey 8 Ie politica da jntia ea et doméatcn de domino. veje-se Wallon. [G11 30a oy, pendant bien longtemps, done absent Se pe ver dans 1 familer ob elle reconnatsat Fempie dune ste oe. A Iiradigo anign,esposiliente romana, tates 4 ssanton doméat fos, tatamento ‘de eeravon flags fires, etc. desiaavine Sencisimente'resieingie © poder do cele de fails gue” to ma imtados era impenavel que psdesse Raver ura norma ie jst Sen tro da sociedae rtetramentecprvadar dos proton echo gut. por ‘efigio, se stuavam fru do bmbio da Ici € sues a0 dominio os ‘espectvoy seniors. Somenteo senhor dos excavom. pa medida cm ve {ee tambo tm cided, Hava sje Sv aon dae Que, ver For tua, em Deneficio da cidade, cercenva os sein peeves Ei TW. Ashley on or ps “ ramos de ssociedade>, na qual os interesses privados assumem Importaneia publica, Nao € surpreendente, portanto, que o pensamento medieval, preocupado exclusivamente com o secular, tenha permanecido Fenorante do abismo entre a vida resguardada do ar e 4 impiedosa Vulnerabilidade da vida na pols e, conseguentemente, da vinude dda coragem como uma das atitudes poltcas mais elementares. O ‘Que continus a ser surpreendente é que 9 tinico teorista politica posclissico — que, num extraordinari esforge de restaurar a anti> Ba dignidade da politica, percebeu o abismo e compreendeu até Certo ponto a coragem necessiria para transpé-lo — tena sido Ma- {uiavel, que o descreveu na evolusio »do Condowtiere de uma po- ‘Sigdo humilde para um alo poston, da privatvidade para o princ- pad, isto €, das cizcunstanias comuns& todos os homens para a lira resplandecente das grandes realizagoes.* Deixar a familia, onginalmente para abrayar alguma empresa aventureia eploiosa e mas tarde simplesmente para dedicat vie ‘da aos negocios da cidade, exigia coragem, pois era s6 no lar que 0 hhomem se empenhava basicamente em defender avid ea sobre vncia. Quem quer que ingressasse na esfera politica deveria, em primeio lugar. estar dsposto aariscar a propria via: 0 excessivo mor & vida era um obstculo & liberdade e sna! inconfundivel de Servilismo.”” A coragem, portanta, iomou-se a Virtude politi por 2K. Esta -ascensio~ de uma esferd ou categoria mals buns pars ou teu ais alts um toma eecorrente em Maguavel tej secopecalmeme (0 Proce, cap, acerca de Hier de Soaciss, © sap. Tce Dower tis ca. 29, a ao tempo de Solon.» excravio er comsiderads poe que & smorien (Robert Schlafe sGreck Theorey of Slavery fom Homer 10 [Astoiles, Horeard Studs Clase! Pfc (1990). XENI), Des de enti, a plapsr hin (oo amor vie) ew covariapasaran 3 ientieadas com a serie Assi, Patio seredtav fer demons ‘do userid natural dos escravon pelo fto de estes no trem pref Fido a mocte escrasio (Repuicw SMA)” A respvta de Seen Ss ‘queitis dos esravon lave sina contenha um refer taro dessa {ides "Com ibenade tia a aance de nowas ios ext tnd a hem iene 7 ew memo we ae Orde in be como morrer-a vida servo. (7. 13) Pra que se compcena lide Joy antipos em Fela i eseravidio. convem fombvar que 4 ‘iota dos eserves eam gos etftados © que seraimente 9 uot 4s exceléncia, © 56 aqueles que a possuiam podiam ser admiidos tama assoeiagao dotada de conteddoe fmalidade politicos equ por iss0 mesmo transcend 0 mero companheirsmo imposto a todos ‘=*eseravos, Birbarose regos — pelasexipentas david.” A vid “boas, como Arsttcles qualificava a vida do cidadio, era, porta to; no apenas melhor, mas livre de cuidados ou mals nobre que & vida ordiniria, mas possuia qualidade inteiramente diferente. Era “hoa exatamente porgue, tendo dominado as necessidades do mero viver, tendo libertado do labor do trabalho, e tendo st prado 0 ansei inato de sobrevivénciacomum a todas as crituras Vivas, deixava de se limitada 20 processo biolgico da vida, ‘Na riz da consciénia politica grega encontramos uma clareza uma elogigncia sem-par na defnigao desa diferenga. Nenhuma fatividade que servisse & mera finalidade de garantir 0 sustento do individuo, de somente aimentar o processo vital, ers digna de entrar &esfera politica — ¢ isto ao grave sco de abandonarem ‘Se 0 comércio e 4 manufatura ao engenho de eseravos e de estran- feiros, de sorte que Atenas se transformou realmente na «pensio- ‘opolis» com um «proletarado de consumidores» que Max Weber tug vividamente desereveu.” O verdadeiro carter dessa polis € jpraucoa pevcenagem era constiudn de eseravos ats. Eenguanto nas Replies Romans os excavon eran. de modo geal azkos de fra tas froneiras do dominio romano, ov earaves gregos cram geralmente tis mesma noconlade que os sus snhores asia demonsttado ia ‘aturera seri por trem cometdo suo e, como coragem era 2 “ite potoca pur evrlins. hava demonstado coo 880 Suu ind ade satura sn inespacidae de serem eiudios. A atitade em Tigao aw escrnin madow no Impero Romano, rao so devi iauen- {ito etokinmo, mas porgue ui propoeao mato air da populagso Soave era esrana de maseiment, Me mesmo em Roma, Viego com Scrava que laborers imimamentewelaconado com more igi Cho oh 30, 0 fato de que a coragem diferencia 0 homer live do esr asece ter si 0 tema de wm poema de autora Jo peta cretense He Fas +Minhariqueza € lange a expan eo belo escudo. Mas Siueles que nip ovsam valerse da luga € despa e do belo excudo {qe protege «corpo, prosramse 8 jeios. ssombrados. € me charm ‘de Semhor Grande Rei (cao por Edand Meyer, Die Stover! im ‘Nice (1898) 2) 31, Max Weber, =Agraverhtinsse ia Alerums. Gesammele Ausite Sieh ond Wihlterschice 920 pL % ‘inda bastante evidente nas flosofas politicas de Patio e Asste les, mesmo que a linha divisoria entre familia e pols oasional mente Jesaparesa, especialmente em Plalso que, provavelmente ‘Seguindo Socrates, passou a cofher 0 seus exempios e ilustragces dda pois nas experiéncias cotidianas da vida privada, mas tambers em Aristtees, quando est, segundo Platio,presumi especulati- ‘mente que pelo menos a origem historica da pol deveria esta ligada is necessidades da vida, e que somente 0 seu conte ou f nalidade inerente (cls) tanscende a vida na sboa- vida Estes aspectos dos ensinamentos da escola socitica, que logo se tomariam axiomiticose banais, eram, na €poea, 08 mals NOvOS ‘mais revolucionarios;resultavam nao da experiencia eal do ind Viduo na vida politica, mas do seu desejo de libertarse do nus da ida politic, um desejo que, em seu proprio entendimento, 0s Mo Sofos sé podiam jusificar mediante a demonstragio de que até mesmo esse modo de vida, o mais livre de todos, estava ainda rela Cionado.e subordinado & necesidade. Nio abstante 0 passado de ‘erdadeira experinia politica, pelo menos em Plaiio © Aristéte- les, continuava to Torte que jamais houve divida quanto a distin ‘io entre as esferas da familia e da vida politica. Sem a vitria Sobre as necessdades da vida na familia, nem a vida nem a boa Vida & possvel a politica, porem, jamais visa a manutensao da vi dda. No que tange aos membros da polis, a vida no lar existe em fungi da cboae vida na pi, 6 ‘A Promogao do Social passagem da sociedade — a ascensfo da administrasio casei fa, de sas atividades, seus problemas e recursos organiza- Cionais — do sombio interior do lar para a luz da esfera publica ‘io apenas diuiy a antiga divisi entre o privado e politico, mas tambem alteou 0 significado dos dos termos e a sa importincia para a vids do individyo e do ciladio, a0 ponto de tori-losquase Trreconecives. Hoje, nio apenas nao concordariamos com os gre ‘gos que tma via viva ma prvatinidade do que € prop ao ‘duo Cidiom), & parte do mundo comm. & sidita» por definigio, ‘mas tampouco concordaramos com os romanos. para os quais privatividade oferecia um refigio apenas temporirio contra 0s ne [Rovios da rex publica. O que hoje ehamamos de privado & um cit- ulo de intimidade cujos primordios podemos encontrar nos i= ‘nos periodos da civiizagdo romana, embora difcimente em qual- ‘quer peviodo da antiguidade grega, mas eujas peculiares multifor- thidade © variedade eram certamente desconbecias de qualquer periodo anterior era moderna INio se trata de mera transferéncia de énfase. Na opiniio dos antigos,o cariter privativo da privatvidade, implicito na propria palavra, era sumamente importante: sigificavaliteralmente um es- Tado no qual o individuo se privava de alguma cosa, até mesmo ‘lay mis altas © mais humsanas capacidades do homem. Quem quer ‘ue vivesse unicamente uma vida privada—o homem que, como o tseravo, nio podia participa da esera publica ou que, como o bit- baro, no se desse 4o trabalho de estabelecr tal esfera — nio era Inteiramente human, Hoje no nos ocore, de pronto, esse asec: to de privagdo quando empregamos a palavra xprvatividades: € isto, ef parte, se deve ao enorme enriquecimento da esferaprivar td straves do moderna individualism, Nao obstante parece ainda ‘mais importante fat de que a pivatividade moderna € pelo menos {Ho nitidamente opostaesfera Social — desconhecida dos anigos. ‘que consideravam o seu conte como assunto privado — como o a esfera politica propriamente dita. O fato histoico decisivo ‘Que & privatividade modema, em sua fungio mais relevante — prote- {er aquilo que €intimo — foi descoberta no como o oposto da es- fera politica, mas da esfera socal, com a qual, portanto, tem lagos ainda mais estreitos e mais autenticos. (© primero elogiente explorador da intimidade —e, até certo ponto, © seu feorsta — foi Jean Jacques Rousseau € €tpico que le sejao unico grande ator ao qual ainda hoje nos referimos fre- ‘lentemente pelo primero nome: Jean-Jacques chegou a sua des- coberta mediante Uma rebeliio, no contra a opressio do estado, mas contra a insuportivel perversio do coragio humano pela so- ciedade, cont uso desta ultima numa regizo recéndita do hhomem que, até entio, nio necessitara de qualquer tipo de prote- so espeval, A intimidade do coragao, ao contraro da intimidade ‘Ta moradia privada, no tem gar objetivo etangivel no mundo, nem pode a sociedade contra a qual ela protesta € se firma ser Tocalizads com s mesma certeza que 0 espago public. Para Rousseau, tanto 0 inimo quanto o social fam, antes, formas subjetivas da exsténcia humana, e em seu caso. era como se Jean- 6 Jacques se rebelasse contra um homem chamado Rousseau. O ing: vidio modern e seus intermindve's conifito, sua incapacidae de Sentise a vontade na sociedade ov de viver completamente fora ‘ela, seus estados se esptilo em constante mutasao e 0 radical Subjetivismo de sua vida emocional nasceram dessa rebelio doco fagao. Nao resa divide quanto a autenticidade da descoberta de Rousseau, por mais duvidosa que seja a auteticidade Jo individu ‘que foi Rousseau O surpreendente Norescimento da poesia € da Tisica, a partir de meados do século XVIII até quase o Ultimo ter. {G0 do século XIX, acompanhado do surgimento do romance, Gn- a forma de arte iateiramente socal, coineidindo com un nao me fos surpreendente declinio de todas as artes mais publicas, espe Cialmente a arqutetura, constitu suicientetesemunho de uma es treitarelagio ene 0 socal e 0 itimo. "A reagao rebelde contra n sociedade, 90 decorrer da qual Rousseau e os romanticos descobriram a intimidade. foi dried, ‘em primeiro lugar. contra as exigénciasniveladoras do socal. coo tra 6 que hoje ehamariamos de conformismo inerente toda Socie~ dade, E importante lembrar que esta rebeliio ocorrew antes que o principio de gualdade, pelo qual, desde Tocquevil,vimos culpa {do 0 conformismo, tivesse tio o tempo de firmar-se. tanto na es {era piblica como na poiica. Neste particular. pouco importa se uma nagio se compe de homens iguais ou desighais, pois a soci ddade enige sempre que 0s seus membros aja como se fossem mem bros de uma enorme familia dotada apenas de uma opiniaoe de um linico interes, Antes da modema desiniegracao da familia, esse interesse comum ¢ essa opiniso Unica eram representados pelo che- {eda familia, ue comandava segundo essa opini e esse interes se, € evitava uma possvel desunigo entre os membros de sua casa," A notivel coinidéneia da ascensio da sociedade como de= ‘linio da familia indica claramente que o que ocorrev na verdade foi a absorgio da familia por grupos sociais correspondentes. A igualdade dos membros desses grupos, longe de ser ura igualdade tire pares lembra muito mais a igusldade dos membros da familia lanteo poder despatico do chefe da casa exceto que, na sociedad, 7B Bom exemplo dito ¢ a abservasio de Séneca que. 20 discutie ita deter eseravos els (gue saben de cor todos os clasicen) "quindo ov acts senhores so deseducadow comets: “0 que 0 far ‘es sabem,o dono da casa sabes (E27 chao por Batow, Slats I ihe Roman Empire, AD. onde a forga natural de um inico intresse comum ¢ de ums opi nigo undnime ¢ tremendamenteintensiieada pelo proprio peso dos rimeros, o poder exercido por um nico hemem, representando 0 imeresse comum e © opinido adequada, podia mais cedo ou mais tarde ser dispensado. O fenémeno do conforms & earacerstico do atime estigio dessa evolugio modema E verdade que 0 governo de um s6 homem — o governo mo: ‘nérquico — que os amtgos diziam ser a forma organizacionl da familia, tansforma-se na sociedade (como hoje & conhecemos, ‘quando o topo da ordem social ji no € constiuigo pela casa real ‘de-um governante absolute) em uma espécie de governo de nin ‘udm. Mas esse ninguém, 0 suposto interesse inico da sociedade Como um todo em questdes econdmicas€ supostaopinizo Unica 4a sociedade educada dos saldes, nio deixa de governar por ter perdido a personalidade. Como verfcamos pela forma mais social Be governo, isto é, pela burocracia (2 ultima forma de govern ‘no estado nacional, tl como 0 govero de um s6 homem em be- higno despotism constitu o seu primero estigio). 0 governo de ringuém no significa necessaramente a auséncia de governo; pode, de fato, em certas circunstincis, Vt a ser uma das mais rads trnicas versoes. ‘Um fatordecisivo € que a sociedade, em todos os seus nivels, exclu a possbiidade de updo, que antes eraexclusivadolardomes Tico. Ao invés de agio, a sociedade espera Je cada um dos seus membros um cero tipo de comportamento, impondo inimerss & ‘ariadas regras, todas elas tendentes a =normalizar» os seus mem bros, a fize-los -comportarem-se-, a abolr a agdo espontinea ou 4 reagio inustada. Com Rousseau, encontramos essis imposiges ‘os Saldes da alta Sociedade, cuss convengies sempre equacionam © individuo com a sua posigao dentro da estrutura social. O que Jimporta & esse equacionamento com a posigio social, e€irelevan- te que a estrutura seja a categoria na Sociedade semifeudal do sécu-_ lo XVII, 0 titulo na sociedade de classes do século XIX, ou @ ‘mera funsio na atual sociedad de massas. O surgimento da soc dade de massas, pelo contraro, indica apenas que os varios grupos Sociais foram absorvidos por uma sociedade Unica, tal como as Unidades familiares haviam antes sido absorvidas por grupos $0 ‘is; com o surgimento da Sociedade de massas a esfera do social Stingis finalmente, apse séculos de desenvolvimento, 0 ponto em ‘que abrange e control, igualmente e com igual forga, todos 0s ‘membros de determinada comunidade. Mas a sociedade equaliza so fem qusisqucr circunstincas, © & vitéra da iguuldade no mundo moderna ¢ apenas o reconhecimento politic e jriice do fato de {ue Sociedade conguistou a esfera pblica, e que a distin e a Aiferenga reduziram-se a questoes pevadas Jo individuo Esta igualdade moderna, taseada no conformismo inerente & sociedade € que 50 ¢ possivel porque o comportamento substitu ago como principal forma de relagdo humana, dere. em todos os Seus aspectos, da iualdade dos tempos antigo. e especialmente da igualdade ma cidade-estado grega. Perceneer aos poueosiguas (ho ‘not sigaiicava ter a permissao de viver entre pares; masa este ra piblica em si a polis, era permeada de um espiit acirradamen te agonistic: cada homem tinha constantemente que se distinguit de todos 0s outtos, demonstrat, através de feitos ou realizayies Singulares, que era o melhor de todos (aien aristeuein).” Em outras palavras, a esfera pablica era reservada @ individuliade; era o Unico ugar em que os homens podiam mostrar quem realmente € inconfundiveimente eram. Em benefiio dessa posibildade, e por “amor a um corpo politico que a propiciava a todos, cada um deles festava mais ou menos disposto a compartilhar do nus da juris ‘0, da defesa © da adminisragio dos nepicios publics, Eo mesmo conformismo, a supasigio de que 0 homens se ccomportamm ao invés de agir em relagio uns aos outros, que estima base da modema cigncia da economia, cujo nascimento coincidia ‘com o surgimento da sociedade e ue, juntamente com 0 seu prin- ipa instrumento, estatstic, se toma a cencia socal por exce- lencia. A economia — que até a era modema nio constitus parte ‘excepcionalmente importante da tic eda politica, que se baseia na premissa de que os homens ager em relagso as suas aividades ‘econdmicas como agem em relagao a tudo mais™ — $6 veio a ade metho ¢destaarte ene ox otrss) és principal predcupasao So he "Bis de Homero laud vi, 208, ¢ Homera fo. vo edueador da Head. 4. <0 conceito de economia poten como buscamente um “ie cist ¢ cosa recene, que dita de Adatt Sri, « er deconhecide nao S's sntguiae «Ida Mei ms tb da doting cannes, 2 princes "dou economica completa que erin Gs econamia ‘aera por ser uma tee na uma cienia=(W. Anleys pc Pp7¥IC) A economia clases pressupunia que © mem, ha media Em gue um ser tivo. ageexcinvumente t have de interene propo ‘motvado por um unico uesejo,o deseo de agusigio” A inrouso, sh ‘quire carter cientifico quando os homens se tomaram seres 0 iis e passaram a seguir unanimemente certs normas de conduta, de sorte que aqueles que nio segussem as regras podiam ser consi- ‘derados associais ou anormais. ‘As leis da estatstica so valida somente quando se lida com ‘grandes nimerose longos periodos de tempo, ¢ 0s alos ou eventos £5 podem ser vistos estatisticamente como desvios ou Mutwages, ‘A jstficativa da estatistica€ que os feitose eventos so ocorrén- ian raras na vie do dia-a-dia¢ na histéra. Contudo, o significado ‘das relagbes cotidianasrevela-se no na vida do dia-a-ia, mas em feitosraros, tal como a importincia de um perio historco € per {bia somente nos poucos eventos que o iluminam. Aplicar a poi- tica ou & historia a lei dos grandes aumeros e dos longos periodos€ Inada menos que obliterarVoluntariamente o proprio objeto destas Gduas;€ € uma empresa itil buscar o significado na politica ov im- portincia na histria quando tudo o que nfo sea conduta dra Ou Tendéncia automitica € descartado como irelevante ‘Nao obstante, como as Teis da estatistiea sio perfetamente vilidas quando lidamos com grandes niimeros, € Sbvio que cada “aumento populacional significa maior validade e nitida diminvigio {do nimero de sdesvios. Poiticamente, isto significa que quanto Imaior €a popvlagao de qualquer corp politico maior € a probabii- dade de que 0 socal, ¢ nio.0 politico, constitua a esfera publica, ‘Os gregos,cujacidade-estado fio corpo politico mals individuals: tae menos conformista que conhecemos,tinham plena consciéncia do falo de que 2 pols, com sua énfase na agio € no discurso, 56 poderia sobreviver se 0 nimero de cidadios permanecesse restito, “For Adam Sith, de uma «mio ive para promover um fim qe no Fane de iguem eons ue amo ce ts ag. cam soa matvaguo tore, cor anda ua dose sere dcsS unde de nina impreviavel pra 0 exabelecimento se ehca Marc eveu a economia clase am posse aan sible ‘ings ot cesesinvidu epesais por neseses de gp ou J ‘ine, retro ees meres de cle 2 dius saser prnip, SESS. akaledores 0c some que 9 he estou um ono Se Economia classic enteraava na muliio de cons contrat ‘fos © moto pon qual tema ecmimen de Narr é main omit We Qareme eporamt, apatentemente malo mas vlna gue Be Satpredeseores reside prordanene na constryio do -homer Sect gue cum Ser ain menos tv qe o home economco™ fn economia be 2 Grandes nimeros de inividuos, agrupados numa multidio, desen- volvem uma inlinagao quaseiresistivel na regio do despotism, Seja 0 despotismo pessoal ou 0 do governo dt maria: e embors estatistica, isto €,o tratamento matemitico da realidae, fosse des onhecida antes da era moderna, os Tendmenos socais possbilit ‘am esse tratamento — grandes nimerosjusiianda 0 sanorms: ‘mo, © behaviorismo e © automatism nos negocios humanos — tram precisamente © que, no entendimento dos gregos,distinguia dda ut civilzagto persa ‘A wiste verdade acerca do behaviorsmo eda vaidade de suas sleise & que quanto mais pessoas enistem, maior & a possibilida 4e de que se comporiem e menor a possbilidade de que toleem o nio-comportamento. Estalisticamente, isto resulta num decino Mutwagi. Na realdade, 0s fetos perderio cada ver mas st ‘capacidade de opor-se a maré do comportamento, eos eventos per- ‘ergo cada vez mais a sua importinea, ito €.a sua capacidade de iluminar 0 tempo historico. A uniformidade estatstica no & Je ‘modo algum um ideal cientifco indcuo. e sim o ideal politico, ja ‘agora no mas secret, de wma sociedade que, intiramente su mersa na rotina do cotidiano, aceita pacifeamente a concepsio cient inarente & sus propria existent. ‘A condita uniforme que se press determinacio estates portanto. a predigio cientificamente corre, difiimente pode xplica pelahipotese eral de wma natutal -harmona de ite esses. que € a hase da economia wclssiea-. Nao Kael Mark, mis fs proprio evonomists iberais foram levados a introduzit fc {Gio comunistca, sto € spor exisincia de im unica interes dda Sociedade como um todo com o gl ume mig insist gin {comportamento dos homens e proc a harmon de sey interes Ses confitantes."" A diferenga entre Mark e seus peecutsores foi 35 Uma das princi eves da brhante os de Myc op i ric 180) eg outa Her enw sia ¢ ads Soctdade, e. ques kyu comumitca te) imi ne malta Us ‘bras sobre economia. Myrdal demon sitepurcamente ue ecm tmeta a Sociedade comm too. or trav da harmon de cones st sempre asic camunntica dem interest mice Poe oh {eo serehamada de “wellare: ou de “commonwedh. Consume nen tes os economists liberais fram sempre pan por tt Me som Iisizon ese) pelo sinerese ua nied vom sonal (pp apenas que ele encaron ralade do conto. fal om este iprencntava na sociedad de se emo. com 4 mei seFedale hin que sua hipotstica fyi ds harmon Esteve cero 0 con Shur due a esoiaayio Go home produc sutomaticarete tima harmonia de todos o> ference apen eve mais coragem aque ov seu mesires lites quando propos evabcleser na ells deva sicio comunitica: subjacent ts ay ferin econo hs" Ogue Marn nao compreendcu ccm eu tempo sera impo Sivelleompreender ~ cque o germes da wove comunitct tava presents na reshlade de um lar com dense de nag. € [Gue mpediao completo devevolviments de tay germes nav futur interes de classe como tls mas somente volts Mutua monarquca Jo estadonasiv. ODviament o qe peda jue a sovade funcionase suavement era apenas certo fe Gutcos tradicioais que inefeiam e ainda ifuencisva con dita de classes stray Do pnt de vista da wove, este ‘to passavam de simples fore prtrbadoresn0 camino dope To desenvolvimento dus sforgas soca no correspondim & Tealdade e cam, portant, mito mas =Cetcioy= qe =f ‘entiicn de um infeeste nica ‘Qualguer vitcria completa da soiele prouzir seme a um tpo de =fcgao comumitias. cosa principal erates po {rea e que sents de fata, governada por tim =m ivi. to spor ringuem-O que tradicinalmente chamamos de estado de fuverno cede haar ag a mera administragio — estado de oss fie Marg previa coretamente como a secalénel do estado Srmbora nag etivesse sero ao presimir ge somente cms revolt $io pudesse rovocelo. ¢ mends eno ainda quand seredion ie Siuompleue sions da sovtedade sgnicaia eventual semen tO do sreno da lnerdae-™ ‘A tim de medirmos #eXtensi d ita J sociedale ner 3B O ponte crucial Jo araumento & que no equiva baer de qe "Powe deve ser comet coum anc gj, Ne pee Tino esvensta de que w avid sol resultado dy tenes de Sitio indians IPI, 1%, Hl uma bihuneexpongdo deste apes, etaente despre bid a iloanca de Mare pars « siete mover Seed Isishac sbie Gegenwart im Uh der Marche Leb, Hambur feranabuch far Wirachas ud Gevelschadpobt, Na. 11190 ss moderna, sus inicial subtitigi da agi pelo comportaments © Sita posterior substiuigio do governo pessoal pea barocraci, oe © 0 poverno de ningsem, convem talver lembrar que a pri evondmiea. que introdu padroes de comportimento so: ‘mente neste campo bastante limitado da atividade humana, fof halmente sepuida pela pretensio global das cincias socias que ‘como sciéneias do comportamento>. vsam reduzir © homem come lum todo, em todas as suas tividades, 0 nivel de wm animal ie = ‘comporta de maneira condicionada. Se a economia € 4 cinch da Sociedade em suas primeirasfases. quundo suas regras de eompor- Tamento podiam ser impostas somente determinados setores di populagao ¢ a determinada parcola de sussatvidades, 0 surgimen to das scigncias do comportamento> indica claramente 0 stag ral dessa evolugio. quando a sociedade de mass ji devoro to dds as camadas da nagao ea sconduta socials for promovida a mo: elo de todas as seas a vd, Desde o advento da sociedade, deste admissio das ative des caseiras ed economia domestica a esfera public, a nova este: ra tense caracterizado principalmente por um iresstveltendén tia de erescer, de devorar as esferas mais antigas do politico © do pivaado, bem como a esfera mais recente i intmidade. Este cons tunte crescimento,cuja aceleragio nio menos consinte podemos ‘observar no decorrer de pelo meaos trésséculo. &reforgio pelo Fato de que, atraves da sociedad, 0 proprio processo da vida fo, de uma forma ou de outa, canalizado para a esfera publica Aesfe- ra privada da familia erao plano no qual as necessidides da vida, ds sobrevivencia indivalial © dt contiouidade da especie era ‘atendidas ¢ garantdas. Uma dis carsctersticas a prvatividad, ‘antes da descabert i intimidade, era que © homem existia nessa {sfera no como um ser verdadeiramente human, mas somente ‘como exemplar da especie animal humana. Resdia a, precisamen- te a razio ultima Jo vasto desprezo com gue a cncaravam os af tigos. O surpimento da sociedade mudou 2 avaiagao de oh essa esfera, mas nao eheyod a transforma he w natures, O easter mor roltico de todo tipo de sociedade, 0 conformismo que s ds gar & ‘um tnieo interesse e uma unica opin, tem ss rizesitimas na ‘unieidade dt humanidade. E. como esta uncidade ds humanidade ‘Rio € fant” 1 e nem mesmo simples hipstesecienifica, comms 0 € fiegao cu.ainisica- da economia clistiea a sociedade de massas, ‘onde o homem como animal socal reina supremo e onde aparente mente a sobrevivencia da especie podera ser garantida em esc andi, pre so men tempo ameagar de exingan a humana ‘Ami cla indicagi de que a sociedad consul organiza ‘si publica do proprio pracesso vital avez sex encontrada no fato ‘Se que. em tempo telativamente euro, a nova eslera social trans Tormou todas as comunidades modernas em soviedades de operi rion ede assaariados: em outras pala, essus comunidades com Centraram-se imedistamente em torno da unica aividade neces Sivia para manter a vida —o labor. (Naturalmente, para que se fen uma sociedade de operivon no & necessario que cada Um ‘dos seus memos seja realmente um eperatio ou trabalhador — nem mesmo a emancipayao da clase operita a enorme for po tencial que o governo da maior Ihe atibui so deisivas neste particular: basta que todos os seus membros consderem 0 que fe em primordialmente como modo de garantir a propria subsisiecia a vida de suas familias.) A sociedade € a forma na qual o fato da ‘ependéncis mitua em prol da subsistence de nada mais, adaui ‘re importancia publica, e ma ql ss atividades que dizem respeito & ‘mera sobreviveneia sig admitidas em proga publica (0 fato de uma atvidade ocorter em particular ou em plblico ni ¢, de modo algum, indiferente. Obviamente, o carter da esera paiblica muda segundo as aividades que nela sao admitidas, mas. fem grande parte. a natureza da propa atividade também muda, A dtvidade do labor. embora sempre relacionada com © processo vi- {al em seu sentido mais elementar ebiolico.permaneceu estacio- rina durante milhares de anos, prisioneia da elerma recorrencia ‘do processo vital a que se refere. A promogio do labor estatura ‘de coisa publica, Jonge de climinar o seu citer de processo — 0 ‘ie teria sido de espera, se lembrarmos que 0s corpos politicos ‘Sempre foram peajetados com vistas permanénciae sas leis sem pre foram compreendias como limitagoes impostas ao movimento MM iberos, ao contririo, esse processo de sua recoreéncia ctcular e ‘monotona © transformou-o em rapid evolugio. cujos resultados, ‘em poucos séculos, alleraram inteiramente todo 0 mundo habit 'No instante em que labor foi Herado ds restrgdes que Ihe ‘ram impostas pelo banimento a esfea privia — e esa emsneipa- {0 do labor no foi consequéneia da emaneipagio da classe oper Fra, mas a precedet —, foi coma seo elemento de crescimentoine- Fente a toda vida orgnica howvesse completamente superado € 5© Sobreposto os provessos de perecimentoalraves dos quai a vida ‘Organica € contri e equilibrada na esfera domestica danature- ‘2A esfera social, na qual 0 processo da vida estabeleceu 0 Seu 56 proprio dominio public. devencadeon um exesciments atfcil prism dizer. do natura ee contra esse cresement nate iment contra a soviedae, mas contra wns eset social em cons tante ereseimento — que © privado eo iim, de wm do, de ‘utro, 0 politico (oo sentia mais restite da palava) mxntanrse incapazes de oferecer resistencia, ‘O que chamamos de artificial crescimento do natural & visto geralmente como o aumento constant acelerado da produtividade ‘do trabalho (labor) O Tato wold mais importante neste aumento Continuo fo, desde @ inicio, a organizasio da atvidade do labor. Visivel na chamada divisio do -trabalio, que prevedeu a revolt Go industria, ena qual se baseia até mesmo & mecanizagao dos processos do labor. © segundo fator mais importante na prov ade do strabalhos. Uma vez que © propio principio orgaizacio ral deriva claramente da esfera publica, e nio da esfera pavada, divisao do trabalho € precisamente o que sucede 4 stidae Jo Tabor nas condigies da esfera publica e que jamais podria ocorre ia privatividade dolar.” Aparentemente, em nenhuma ouraesfera buho- somente ds modeinascondgiey de Wabato. man quay ama at {eS € no & -divsio de uabulho-ofereida pela especialensso prot {Sociedade deve sor conceb comm sijet uno sata ds necesslades dese sje unico & emo sui ene ov see me Bros por suma mio iavsvleO mesmo se aplica.uty maton fosio esdrula de um divs de table set. qe ches fer considerads por slguts autores como mam signal de tod Boot proffsonal. que era supostamente predetermiada or dos alae. haturats Avs, «Trabalho se miman de sur. que acypava tris Thares de trabsthagres, er Strid seguro org sc hab ‘de de cada um, Verse J-P. Verant, Travail t nature das a rece No.t Uaneio-Margo, 1988) PEEP EEE EE s da vida atingimos tamanha exeelénvia quanto na revolucionatia ‘Wansformagao do labor. ao ponto em que w wcepyao do prope tr mmo (que sempre esteve ligao a sfadias © penas- ave invuporti ‘eis, ao esforgo © a dor €, vonsequentemente,s uma deforma {do corpo humano, de sorte que somente a extrem miscria ot pobreza poderiam catsilos) eomeyou & perder o seu significado para nds." Embora a extrema necessidade tornasse 0 labor ins pensivel & manutengio da vida. ultima coisa esperar dee seria Sexceléncia "A exceléncia em si arete como a teriam chamado 0s gregos birtus como teriam dito 0s fomanos, sempre foi reservada a esfera piblica, onde uma pessoa podia sobressairse e distinguir-se das ‘emais, Toda atvidade realizada em publico pode angi um ex celencia jamais igualada na intimidade; para a exceléncia, por def higdo, ha sempre a necessidade da presenga de outros, € essa pre ‘Seng requer um pblico formal, constituido pelos pares do indivi ‘doo, nao pode ser a presenga foruitae familiar de seus iguais ou inferior.” Nem mesmo a esfera soci) — embora tomasse anda mma a exceléncia, enftizasse 0 progresso da humanidade a0 inves das realizagdes dos homens e alleasse o conteido da esfra pibli Todas avr aap pt ors in «ales labors'o prego fon 8 frances tv! alemis avhet sigan dove estrgs esto vsadas também pars ae doves So arto. Laer tem Incsma ral eimoligica gos lve ccamblear sob wa carga) foes {arbeir tem ae mpexmas flzescLimolopeas que pobreza» Uta em feo e Armur em alemao)- 0 proprio Hesiod, tdo como um dos po Eve etenrores. do trabalho ea antiguidade, vin poem nen “labor dolocono-) come 0 primeio dos males que atormentava 0s bor inens (Teouonis 238) Quanto a0 so greg vee C. Herzog Hauser, ones, em Pauly Wisowa As paavessslemss Arbeit eum deriva fms do. germinico urbe, que sigiiava soltario desprezado handooudos Vojse KinelGstze, Evmatnices Wonerburh 98D, No alemao mahal, uss evan plavras para tai aw iu fin perecurte advan, man (venene Kits Vontel, Duy Ae Seton den deution Protestants (Dseratio. Berna, 1946) 59.0 ti ctalo pemsamento de Homero — de que Zeus rou met de do mento (ete) de um homem no dase i se sucumbe B exer Sfdto(Odoocor svt 330 ff) —¢ colada boca de Eumaio. ue avo, como mera afirnagio obtva, mao como cities ou jlgameato tmoral, O exesavo porde omens aexclency, porgue ere a mss ester publica oade'o merto pode ser demansrnd. 58 8 so ponto de desfiguri-lo— pie aniquilar completamente a co- eto entre a realzapio piblic ea exceléncia. Embora nos tenha ‘mos tornado excelentesnaquilo que elaboramos em piblico, a nos- ‘i capacidade de agio e de dscurso perdeu muito de sua antiga ‘qualidade desde que a ascendéncia da esfera social bani estes Ge timos para a esfera do intima e do privado. Esta curiosa disrepan- «ia no passou despercebida do publico, ue geralmente a arbi a lima suposta defacagem entre nossas capacidades(éenias © n0850 ‘desenvolvimento humanistico em geral, ou entre as ciéncas seas, {ue alteram e controlam snatureza, eas cigncias soca, que ainda ‘iio sabem como modare controlar a Sociedade. A parte outras fa Tacias do argumento, tantas vezes apontadas que seta ocioso repe- tis, esta critica refere-se apenas a uma possivel mudanga na si- cologia dos seres humanos — os seus chamados padrOes de com- portamento —. nio uma mudanga do mundo em que eles habitam, E esta interpretagio psicoldgica, para qual aauséncia ou a presen ‘ga de uma exfera pablica é to irelevante quanto qualquer reali de tangivel e mundana, parece bastante duvidosa em vist do fato ‘de que nenhuma atividade pode torar'se excelente se 0 mundo ‘io proporciona espago para o seu exercicio. Nem a edvcagio ‘nem a engenhosidade nem o talento pode substitur os elementos Consitutivos da esfera publica, que fazem dela o local adequado para a exceléncia humana A Esfera Piblica: 0 Comum termo -pablicos denota dois fendmenos intimamente correla os mas ni perfeltamente idénticos. Signific. em primeieo lugar. que tido que vem apublico po: de ser visto €ouvido por todos ¢ tem a maior divuleasao possivel Para nds. a paréncia — aguilo que € visto ouvido pelos outros € por nis mesos — const a Tealdade. Em comparagao com 3 Fealidade que decorre do fato de que algo € visto e escutado, te mesmo as maioresforgas da vida intima — as pades do corasao, ‘0s pensamentos ua mente, os deeites dos sentidos — vive tia ‘especie de existencia incerta © obscura, « no ser que, e até que, Schum teansformadis, desprvatizadss © desindividualzadss, pot 9 assim dizer, de modo 4 se tornarem adequadas i aparigio publi fca* A mals comum dessa transformasoes ocorre na narragio de histrias e, de modo gera. na transposigaoantistica de experiencia individuals. Mas nao necessitamos da forma do artista para teste- ‘munhar essa transfiguragao. Toda vee que falamos de cosus que 58 povdem ser experimentadas na privatividade ou na inimidade, tar emolas para ma esfera na qual assumirio uma especie de real ‘ade que. despeito de sua intensidad. elas jamais poderiam ter tido antes. presenga de outros que véem o que vemos e ouvem o ‘que ouvinos garante-nos a realidade do mundo e de nos mesmos; ,embora a intimidade de uma vida privadaplenamente desenvol- ‘ida, tal como jamais se conheceu antes do surgimenta da era mo deme do concomitant decini da esfera publica, sempre intensi- fica e ensiquece grandemente toda a escala de emogdes subetivas © semtimentos privados, esta intensifcagio Sempre Ocore is custas dda rantia da realidade do mundo e dos homens. De fato,o sentimento mais intenso que conhecemos — Intenso a ponto de clipsar todas as outeas experiencia, ou Sea, @ expe Fieneia de grande dor Fisica €, a0 mesmo tempo, © mas privado ‘e menos comunicivel de todos. Nao apenas por Se, talvez, nica fexperincia a qual somos incapazes de dar forma adequada a expo- Sigao publica: na verdade. ela nos priva de nossa pereepcao da rea Tidade tal ponto que podemos esquecer esta ultima mais ripida © facilmente que qualquer outra coisa, Nao parece aver uma ponte ‘que Tigue a subjetividade mais radial. na qual eu js nao sou salen Uiicivels, ao mundo exterior da vida." Em outras pulavras, a do, {que realmente uma experiencia limitrofe entre a vida. no Sentido ‘Je vestar na companhia Jos homens: (iter omnes esse). 8 MOE “Estee também o motivo glo qual éimpossivl-escrever um ex stig carcterolgico de um excrav. ©” Ale alcangarem a crate © notoriedae, todos cs eserves Sie tos tlegatos is sombras © ASO pestouse (Barrow, Sacer He Romaor Expire ps6) 41, Refiosme aqua um poema sob a dr, pouso conhecido, gue Bike esereveu em seu eto de morte As peinian nha dette poms fem slo sion "Komm o, do lester, en ch anerkenn ello Schmerz in leblchen Gewebe termina como Segue’ Bin ih e Boch, der ds unkennich brenn/Ennnerungen ress ie rich herein (0 Le ten, Leben: Drawstensin./Uad hn Lahe. Niemand, der mich kent “0 Se te, & tio subjetiva e albeia ao mundo day coisa e dos homens que rio pode assmir qualquer tipo de sparencia {ima vee que 8 nossa percepgio da realidade depende totale mente da aparénca, e portanto da existencia de uma esfera publica fn aia as coisas possam emerge da eva da existencia resguard ‘date mesmo a meia luz que lumina a nossa vida privadae ini ‘deriva, em ulfima aniline, da hz mito mais itensa da ester pu blica. No entanto, ha muitas coisas que nao podem sport a huz implacavel e crus da constante presen de Outros no mundo PU: biico; neste, s6 € tolerado o que € tido como relevante, dino Je Set visto ou ouvid, de sorte que 0 irelevante se torna automatic mente assunto privado. F claro que ito ro significa que 3 aus {Ges privadas sejum geralmente irelevantes; pelo contro, vere mos que existem assuntos muito relevantes que so podem sobrevi Nr na esfera privads, O-amor, poc exemplo. em contraposigio lamizade, more ov, antes, se extingue assim que € Nazi 4 pbl- 0. (-Never seek to tell thy love | Love that never told can bes.) Dada a sa inerente natureza extraterena, © amor s6 pode falsif= care e perverter-se quando utiizado para fins poliicos, como 3 transformagio ou salvagio do mondo. (0 que a esfera pliblica considera irelevante pode ter um en canto tio extraordinirio © contagante que todo’ um pove pode ‘adotcto coma modo de vida, sem com issoalterar- theo crater es- Sencialmente privado. O maderno encantamento com =pequenss ‘coisas. embora pregide pela poesia do século XX em quase todas Ss linguas europea, encontcou sua representasao elassica no petit, homer do povo frances. Apso declinio de sua vasa €gharios esfera publica, os franceses formaram-se meses da arte de serem felizes entre spequenas coisas, dentro do espago de suas quatio paredes, entce 0 srmrio ea cama, entre a mesa ea cadena. entre “2, Quanto i sujetividade de dor € su relevincia pre tas as va riantes de hedonism e sesame, vojamse $415 ¢ 43. Pars os Wv0S- 4 morte ¢, ante de mass mais, dev-aparechmento. Mas. ao conto do ‘Que ecorte com a dor. ha un aspecto da torte no ul ¢ como seek Gpreseuse entre vs vison: na sete. Goethe ober certa er gh ‘cnethecer€sesaparevergradiltemes (fences Zwesten as er sehrinine)m verde desta Obwervagso. bem como © urgent Feil dese proesso de desaprecimenio, saa bem lange nos ate Fetratos dow grandes mesres quando velox ~ Remornt Leonard. et Rito ata intense don clos pros Hammar € presse um oe po que vai dexsparcendo. 6 fo cit, 0 gato © vase de Mores, dedicando west cinas um cud {doe uma ternura gue, num mundo em qe rsd indeatialzaga ‘estrdi constantemente as coisay de ontem para produzir os objetos de hoje. pode ate parecer o ultimo recanto puramente humo do ‘mundo. Esta ampliagao da esfera privada,o encantamento, por ss ‘im dizer, de todo um povo, nig atorna publica. nao constitu um esfera publica, mas. 30 contra. signifew apenas que a esfera pilblica reflun quase que inteicamente, Je modo que. em toda pat fe, agrandeza cedeu lugar ao encanto; pos embora a esfera publica ‘poss ser grande, nao poe ser encantadora precisamente porque & Incapaz de abrigur itelevante, TEm segundo lugar, 0 termo -piblico- significa w proprio mun do, na medida em que & comum todos nos e diferente do lugar ‘que nos cabe dentro dele. Este mundo, contd, mi € idénticn & terra ou & natureza como espaco limitado para o movimento dos homens e condo geral da vids organics. Ante, tem a ver com @ artefato humane, com 0 produto de mios bumanas. com os negs> ‘ios reulizados cntre os gue, juntos, habitam © mondo feito pelo hhomem. Conviver no” mundo significa essencialmente ter um mundo de coisas iterposto entre os que ace habit em comm, ‘Como uma mesa se snterpoe ene os que Se assentam ap seu redor pois, como todo intermediiri, mundo ao mesmo tempo separ © €stabelece uma relagao entre os homens. A esfera pablia, enquanto mundo comm reine-nos na com paanhis uns dos outros e contido evita que colidamos ns com os butros, por assim dizer. O que tora to dif suportar sociedade ‘de mass nao &0 numero de pessoas que ea sbrange, ou pelo me- fos nao € este 0 fator fundamental antes. € 0 fato de que © mundo entre elas perdew a forgu de manté-ls juntas, de relacionadas fs outras¢ de separils, A estranhera de tal situagio lembra a de lima sesedoespirta na qual determinado nimero de pessoas. rex ‘das em torno de uns mesa, vissem subitamente, Por alg true ‘migico, desaparecer a mesa entre elis, de sorte Que dis pessoas Sentadas em frente ma oun ja mio estariam separadas mas Tampouco team qualquer relagio tangivel ente si Historicamente, conhecemos somente um prinipio concebido ‘para manter unida uma comunidade de pessous destituidas de ime fesse num mundo comim e que ji nio se sentiam relacionadas © Separadas por ele. Encontrar um vinculo eae os homens, sien {emente fore para substitir o mundo, for principal trea politica Familiar jams pode substitu a relidade resullunte da soma (tal de aspeetos apresentados por um abjto tim mltiio de espectaores. Somente quando as cosas podem Set vistas por mutas pessoas, num variedade de aspectos, sem Tudar de Wentiade, de sorte que os que esti a sk volta saber ‘ie seem 0 mesmo na mais completa dversidade, pode a reaidade G5 mundo manifestarse de maneira teal ¢ Tidedigha ‘Nas condigdes de um mundo comum, a ralidade no & garan tida pela smatoreza comum de todos os homens que © easttuem, mas wobretudo pelo fato de que, a despeito de diferensas de pos {Go eda resultante vartedade de perspestvas, todos esto Sempre ineressados no mesmo objeto. Quando ji nio se pode discernir a nest Mente do objeto, nenhuma ratureza humans comum, © ‘ito menos © conformisno sfc de uma sociedade de mass. pode evitar a Jestrugio do mundo comum, que € geralmente pre ‘edd pela destin dos muitos aypectos nos quais ele se ape Senta pluralidade humana. Isto pode ovorrer mas condigoes do iNolumente radical, no qv ningtém mais pode eoncordar com ain ‘stem, como gerslmeate ocorre mas tianias: mas pode também ‘Ocorrer nav condigoes da sociedade de massis ou de histeria em rasa. onde vemos todos passarem subitamente a se comport {Como se fossem membros de us Unica Fania, cada um a manip Tare prolompar a perspectiva do viinho, Em ambos os e505. 05 homens tornam-se seresineiramente privados, isto €. privados de ver ¢ aur os outros privados de ser vislos © ouvidos por eles. ‘io todos priioneins da subjetvidade de sua propia exstencia o singular, ve continua 8 ser singular ainda que & mesma experien CiaSehu multiplicias inimeras vezes. O mao comum acaba quan {Us cinta somente sob ta aspecto & So se The permite uma pers- pects og A Esfera Privada: a Propriedade By crises mils mporinca tester publica ue 0 fermo sprivados, em sta acepgio original de =privagon tm Sunificalo, Para o individvo, viver uma vida ineiamente privada Siac, acim de tudo, ser destiuido de cosas essencias a via ‘erdadeiramente humana: ser privado da reafidade que advem do fata de ser Visto e ouvido por outros, pivado de uma relagao ~Obje tivas com eles decorrente do fato de lise ¢ separarse deles ‘mediante um mundo coniim de coisas. @ pivado da possibiidade de realizar algo mais permanente que propria vida. A privasao da privatisidade reside na auséneia de oUteos, para estes, 0 homem Privado ni se da 4 conhecer. © portnto € como Se aio existisse ‘Brgue quer que ele fas permaneee sem importancla oy consequen ‘Ga punt'os outros, e1 que Tem importa para ele © desprovido Ae Interesse pars 05 outs Nas eicunstncias maderas, essa pivagio de relgdes sobie tivase com os outros ede Uma fealidade garantida por intermédio ‘estes tlkimos tornou-se © fensmeno de massa da soidio. no qual “ssumi siuaforma mas eXtrema © mais antrhumana’. O motive pelo qual esse fendmeno € tao extremo & que a socedade de mas- Sis mio apenas destol a esfera pblica ea esfera privada: priv dinda os homens nao 36 do seu ugar no mundo, mas também Jo Seu lar privado, no qual antes ees se semiam resguardados contra © mundo e onde, de qualquer forma, ate mesmo os que eram ex {uidos do mundo podiam encontrar o substituto no calor do Lar ni limita realidad a vida em fara. O pleno desenvol¥inen forda va no lar ena Faria como espago inten e privado deve Se us extraordinaro senso politica do pove romano gue. ao contr Fo dos eregos. jamais sacrifieou 0 privado em benefiio do pico ‘mas, ao contro, compreendeu que estas duas esferas somente “Tr Quaio& soldio moderna como fenimeno de mass, veja-se Da id Rissman, The Linc Cana (1990), 6 Podiam subsist sob a forma de cvenstencis, [ embora @ soni {io do escravo provavelmente fowse poco melhor eim Rom se fem Atenas, e hastante caraclerisi que um exetr romano teh aereditado que. para os escravos.a cana do senor eta 9 que a1 Publica era para 0s eidadios.” No entanto. por mais suportvel {ue poss te sido a vida privada em fami, vig que nunca po dia ser mais que um substtuto,emora a esfer privat em Roma {como em Atenas. oferecesse amplo espago para sivalades gue ho Jk classificamos como superiores & atividade politica, tas coma 0 ‘acimulo de riqueza na Grecia ou a devocio as ates eis ciencas fem Roma. Esta atitude slberal-, que podis, em certas ercunsin ‘ius. produzie escravos muito prosperoseatamenteeducados, ig hificava somente que fato de'ser prospero no tink qualquer rea Tidade na polis grega, como o fato de ser Mlosofo ni tinh muita importincia aa replica romana,” ‘Como seria de espera. 0 carter privativo da prvatvidade, & conscigncia de se estar privado de algo essencial ma vid pas Sida exclinivamente na esfera restrita do lar. perdew so forga © quase se extingui como advento do eristianismo, A morlidade sti, em contraposigio a seus preceilos relgnosos e fundamen tals, sempre insstiu em qe cada um deve cuidar de seus afazeres © que a responsabilidade politica consti. em primero lugar um ‘nus aceito exclusivamente em prol do bem-estar e da salvagio agueles que ela libera da preocupagio com os nesscios publ: os." E surpreendente que esta atitude tenha sobrevivido ma era 5. Pino. © Mogo cto gor WL. Westermann, «Skier em Pauly Wissowa, Sup VI. 1085 5}. Exist prova suficiente dessa difereng de estimative entre a ‘queza ea cultura em Roma cna Grecia Ma interesante obser so ‘ho essa estmatva cvacdesstematicamente om 8 pois dot ears Vos. Os eseravos romanos desempenhar um papel to Maio ne el "ura romana que os eseravosgregoso fleram na Grecia, onde por otto lado. papel destes tos na vida econimaca fo muito mak importa te (ejese Westermann em Paly-Wissowa. p98 St. Agostino (De cintare De xn. 19) v8 no dever de cats em telaga ts provi oo iteresse do peonimo) a lntagio an da contemplagio. Mas, sna via sivas soa honrs € © pet festa via que deveros almear.- mas 9 bemestr daguces gue et halt de abe (autem subinun Sve que este tipo Se sense « secular moderna tal ponto que Kart Marx — a nest atc Sino em oto, apensresumin, conceal mh programa as premine sugicente t duenon aos de mover ade poe cventulnente pete almentr espera ha fora sdecnencar de toa exer publica. A eens ente soy de vista costo © soca ete fespeito "0 prime endo o govern como uin mal neesaro em vite da ate pecadora So homcm eo outro esperando poser boll ag tia Peet ¢ una deren de sya defers pica cm ims Gn nateza humana, O ques mpossvelprceer dem pnts Mista ou de outros que a =docaenis do ead de Marx ha Uo poceda pla decadeos ds esters pica oo aes. por tTatformesae mma esfern mu enti de govern, Nos is Marn ove poverm a comeyara doer sna ma no ss Ttanormalo ma secon domestics de menses wacio- trina que, em nonss dias, someya a dewparcee compctare {Esa fra defers snd may esti pessoa das : Parece ser da natureza da relagdo entre as esferas publica € privada que 0 estg inal do deaprecmento da esters publi [Sa acompanhado pce meng de gala da esr pve GE" New'e por acme que tna Gncuey seta ansormarse rum srgumento quant s dvepbiade ou ides a o> pricdae pias’ Pos pla spree m cone CO ro Predase.'mesmo em termon do pensmento policy anti Fee iedlatamente seu carter pvatvo ewan parte du {poswio astern public em geal sparencmente. popiedade peo certas quificagies ques embora staan mi sferaprivad {Shope foram ta como abslstament iportanes par 9 SP ie. Paiva profunda conendo entre o privado e o piblico, evidente em seu nivel mals lamar ma questo de pronetade pia, cme je o isco de ser mal interpreta em rr do modern cata Mammen ene a propeuade ea riqers dem lo. e- ese ‘ida femba mais «responsabilidad do chefe de fuiia em rlac & Ss fama do gue responsabiidade poliica popramente dita. pre eto cristo de que cad um tate de soa via povern de Tes. 11 =e ‘gue procuris vive queton ee trate do vossowegici> alti ‘acon ta a €entendido comnoo oponto det Kon onepionco- runs publicos) 0 ‘a de propricuade es pobreza, de out, Est filha de interpret {0 € 40 mais importuna quanto amba, 9 propriedade e a rgueca, ‘So historicamente de maior relevancia para esfera publica que ‘qualquer outra questio ou preacupagi privads, © desempenhe ‘am, pelo menos formalmente, mais’ ov menos mesmo papel ‘como principal condigio pura @ amissio do individu a ester Pu biica ea plens cidadania. E, portant, fei esquecer que « ngueza 1 propriedade, longe de consttirem a mesma cova, tem carater Ineiramente diverso.O atualsurgimento. em toda parte, de socie- Ldades real ou potenciaimente muito reas, mas quais o mesmo tem [po ndo existe propriedade, porque a riqueza de qualquer um dos ‘seus cidadios conssteem sua participagao na rend anal da soci ‘ale como um todo, mostra claramente quo pouco esas das i ‘is se elacionam entre si Antes da era moderna, que comegou com a expropriagio dos pobres e-em seguida passou 3 emancipar ay novas classes este {das de propriedades. todas as civlzagoestiveram por base © cate ter sugrado da propredade privada. A rigueza, 0 contri, Fosse de propriedade de um indviduo ou publicamente distribu, nunca tates fora sagrada. Oniginalment, « propriedade signficava nud mais nada menos que 0 inividuo posSuia seu lugar em determina da parte do mundo e portato pertencia 30 corpo polite, ito 6 chefiava uma das familias que. no Conjunto, consttuiam a esfera publica. Essa parte do mundo que tinha donos privados eva tio ‘completamente idéntica a familia & gual perencia ™ que a expul- ‘io do cidadio pouiasigniticar io apenas o confsco de sta pro- priedade mas a destrugao de sua propria morada.” A riqueza de lum estrangeito ou de-um eserava nao substuia de modo alum, 55, Coulanges top ci afta: sO verdadeiro significado de faa 4 prpriedae: designs o camp, cata, dnb, encavone (p10), Mes ssa =propredades nao vista como liga fais plo comin =a fama Tiga ao lar, o Lar hgado terrae (p42), O importante € ie fortuna imdvel como 0 lar ee timlo aoe qs eth vines O hhomem € que pasa © morver (p79), 56, Levaseur (op cit) dsseta sobre a fundag de ua comune ‘de medieval sus conden de admis sIl ne Sisal ps hates in ille pour avoir det cette admision, I flit poser tne ma son.» Alm diss. =toute mute praeree en pubis contre fs commune nirainait demolition ela mason et le baniserent do couples (p.2 nce m3) n cvs propiedad” ao panne & pores mio faa com gue © hele tala perdesse seu lugar’ no mundo € a cidadania dele devorvente. Nov fempos antigos. lem viksse perder 0 seu gar pedis atomatiament dada sem da poteio da Ii © artersapady dessa pivanaade ascmelhavrse ao crite Sie rad do aul, ow sea, do haseimento eda morte, 0 comeyo © 0 Fim dow moras que, con fo. situs vives sure ee" mam evan de ope verom.* A fig rio pivativa da xfer Mlomentcaresidaorginalmente no fat de Ser oar a esfera do na Simontoe Ja more qoe devia ser escondida da esfera publica por STrigarconas ovules aos olhos humans e impeneriveis ao co nhceimento humane Foca porgue ohomem nao sabe Je onde FTA dfetenga & mais dbsia ay eno dos craves que embora mio possum propiedade coro os amigos a coacbiam (sto stan ves mum lugar gue Ines erences) nao eta ineramente desttuios ie pve semido moderna. © pec (as spsses prvadas de ah ‘hcravospodiam represent somayconsideraves ini seus purios ‘Sheraes (eeu. Barrow fala du spropredade que meso o mals imi BEI a Gwe poms (luton onthe Roman Empire, als esta thea coms a melhor relto do papel do peli 8. Coulanges mensions uma obsevagio de Aristtels de que, nos tempos sntigin.o iho mo podia ser eid enquanto 0 pa exvese Nino. quando este motrin somenteo fo mais velo pozava de diets polices opens pass). Coulngesafe que a ples romana onsets Ue pessous sen lar on propriate e qe portato. ea claramente d+ ine do pine Rosa (99.229 TE 159, Tonk esa religiio va confinads pels puredes de cada ass Tandy eses dees, ov Lares € a Manes, cfm chums de dewses ‘culton br deases Go incr (dol. Em ton oss dessa eligi. Spl ra necessaro, were oven, como dase Cicero (De Is, esp he tCoulanges. ie: ph a, Aparentemente,o Mision Elusinos proporcionavam uma es pergaca tomum © guise pia de ta essa esera que, dada ta propria aturezae emborafosse comum fodos. preci ser escond Jinn em sear cones a esfera pbc todos poi patcpar {dos miscrion as nguem eva to far dele. Os mists tnham a Ser come inilzve. © qslgucr experiencia que io peste sr expres SS'cnpatoves crt spoiica © falter anpolitea por dfiniio (ee Kut Kerem Die Gefwr der Helen (194). pp 8 1) Tia a ver lm o sepredo do nasimento du morte, somo parce rovelo Ufa ‘em quando nasce. nem tem conhecimento do lugar para onde va ano more Te 'Nao 0 interior desta ésfera. que permunece ocults¢ sem 0 sig. nitiado publico, mas asia aparéncia externa importante também para a cidade, ¢ surge na esfera da eka sob a forma de hiites entre uma casa outra. A le era originalmenteidemificada com es 1a linha divisors" que, em tempos antigos, era ainda na verdade lum espago, uma espécie de terra de ningun ene 0 privado © © piblico, abrigando e protegendo amibas as esferase a0 mesmo tem Po separando-as uma da outa. & verdade que lei da pols tans ends esta antiga concepgo da qual, no enantio, retiaha «impor. ‘inci espacial orginal. ei da eidade-etado no era nem con teido da agio politica ca idéia de que a ativdade poitca ¢ fonda. mentalmenteo ato de less, embora de origem romana ¢ essen ‘ialmente madera eenconirou sus masala expression flosofa Politica de Kant) nem um catilogo de proibgies, bascado, como finda 0 Sio todas as eis modernas, aos =Nao Faris» do Decilogo Era bem lteralmente um muro, sem 0 qual poderia existir um alo- ‘erado de casa, um peso (sts), mas no Uma cidade, um co. ‘munidade politica. Ess tet de carter mural era sagrada, mas 56 0 Fecinto deimitado pelo muro era politicos” Sem el, seria tio ‘nto de Pindar: vide me bi tlt, dee dnote aca {trag. i373, onde supostamente 0 iniiado conhevia 0 fim da vida ‘omega dado por Zeus 1. palavra gregh moms, vem de nevi que igica dis wire pos o que fr distribu haar. A combing delete de Uma especie de smuros na plata nome bem eideme aut agents de Herel: mochestal circ ton sen pee tow nonon npr te ‘hon ca povo deve le ela er come or um mura) A pate fms fa let tem signs ntvamentesieretes nica wma rely orm ‘deus, Termine. que separsvam rn pubis ust pica (ih, 62, Coulnges mencona ms ani Ie regs segund 3 gual nia se permitia que da eifcion se tocasem. tpl pa 465. A palavea pli ina riginariamente a conotasio de alo come muro circundanew e,a6 qe parece 0 lati ws expinia tambern aogio de um sciculo- e devava de mesma riz wh Enconta mow mesma rlagio nt pata ingens towne que, oniarameste impossivelhaver uma xfer politics come exis uma propiedad Sir um crea gue confines: pcr resguadava © con Vid politics, enguant a ora shigata‘e Protea © proceso trol ital fain “Resim: ni ¢ realmente exato dizer qu props privada, antes da era moderna, vista como conic suomi para isso xfer publics ea era mo mas qe bso. A piv Grea como que o out lado enero coco exes pia er poitico signe tingr massa pssbiade da exencia FRmana; mas nao posi om ligar propio privado (como aso do esta) sieve dinar de ser humana ; i sium inant diferente ema een a istris€ imporincin poltca de iguers prvada nu al 0 mdi vat utc os mon de sis subsiencia it menconamos niga ‘enticago ds necesuidade com a exer pv dof onde datum sinha qe se sobrepor, por Si meso, ss necessidades dav fis, O nomen ive, ate pia Oapor Sea prvtvad en ftva, como o eseravo,f posgao de um amo, podia anda se “forgador pla poorza. A poorera fogs o homer Hee ait co- ino sscrvo' A rquea privada, portant, trove condo pars Grass 8 via pica nao pelo fo Go Seu dono exar empenta dovem acumulsiy mes, a0 contro org gratia som racovel eieen qu le no tera que prover parses ox eos Jo do consumo, €estave lve pars exercer sve pofica’™ Tomo o alemio Zan, sigificava cerca (vejuse R. B. Onan, Te Os fim uf Europeu Tho (984), p48, 1. (64,0 legitor, portato, mio precise serum ciao: miss ve zs, era mandado vr de fora. Seu abalone polio: a via poll a Ree nde clesers Sega a te clas ertdece suo ssasie 65. Deméstenes, Onuiones 53.45: «A pobreza forgo homens rest fazer mulas coven servis mews lle si kt 1p wer pragma tows clewherns he pense bce Pe 6, Esta condi para a amis esferapiblica anda preven ro intio da Idade Média. Ov -Lisvon dos Costumes ingles nda fx Zim ontida disting ene 0 artficee 0 cilaio live 0 funk Inne { Caade. Se um ance se frase in sco gue descase vir Set lm home lve, devs enepar snus arte © desfrer-se de todos os Ses ” ‘Obviamente, vide pablca somente era possvel depos de ater ddas as necessidades muito mais Urgentes du propria existencia. O ‘melo de atendé-tas era labor e, partanto, a riqueza de uma pessoa fra muitas vezes computada em termos Jo nlmero de trabalhar ores, isto €, de escravos, que eli possi” Nesse content, & posse de propriedades signiicava dominar as proprias necessida ‘es vitais e, portato, ser potencialmente uma pessoa livre, Hive para transcender a sua propria existéncia eingressar no mundo co- ‘mum 2 todos. ‘Somente’com o surgimento tangivel e conereto desse mundo ‘comum, isto, com a ascendéncia da cidade-estado, pide est tipo de propriedade privada adquirir sua eminente importincia politica: €, portanto, natural que 0 famoso =dexdém por ocupagdes mes {uinhas» nao seja ainda encontrado no mundo homer, Caso 0 ‘dono de uma propriedade prefersse amplié-ia ao inves de wii ta para Viver uma Vida poles, ers como se ele espontancamente sa- Crificasse a sua liberdade e voluntariamente se ornasse aguilo que © eseravo era contra a vontade, ou seja, um servo da neces dade ‘AUG inicio da era moderna, este tipo de propriedade munca WW. J. Ashley, open. p83). Foi somente sob Eduardo I ‘ue 0 artic se trent ico que ao inves de sero aie ile Dla cdadama, esta pass a ser vinculada 4 participa em uma Cs ‘ompanhine tp 9) (67. Ao comrrio de ouros autores, Coulanges rests as avian ‘consumioran de tempo e de esforg gue eat engin de um cdo tm aguidae, e nino su lasers percebe,cotetamen, quem afr ‘mayo Je Arinteles — de ue nenhuh homen qe tess de tobalhar pars seu wsteno podia ser um ckadio — era mera expessio de wm Fito e-nio de umn preconcety (pil pp 338). craters moderna eval que ux guezs, pos adependentemente da acu ‘So de seu prope, viewem a ser uma qalfcag prs idan 56 agora era meso peep er chadao. dewincula de quasguer ividades polities especies (68, Esta parecesme ser solu do sconbeci enigma com que se ‘para o estado da hata econdmica do mundo anor fat deter industria Se desenvlvido te cen pont, sem jai char & fast © propesso que se poder esperar uma ver ie) os omanoe demons. Travam efile capucidade de organiza em trp ecala em otros Setores. non nerios publcos © mo eneeton (Barto, Saver the 1s foi visto como sagrado: € somente quando a riqueza como fonte de Tends coincidia com o pedago de tera no qual se radicava uma Familia, isto €, numa sociedade essencialmente agricola, esses dois tipos de propriedade podiam coinei tal ponto que toda propie~ ‘dade adquiria carter de cosa sagrada. De qualquer forma, os mo- ‘dernos defensores da propriedade privada, que unanimemente a ‘em como nigueza particular e nada mais, pouco motivo tém para fpelar a uma tradigio segundo a qual no podia exstir uma esfera Dibica livre sem o devido estabelevimentae a devida protesao da Drivatividade, Pois 0 enorme acimulo de iqueza ainda emt curso fa Sociedade moderna que te¥e inicio com a expropriagio — 0 es- butho das classes camponesas que, por sua vez, foi consegiencia ‘quase acidental da expropriagio de bens monasticos e da lgreja Spin w Reforme” — jamais demonsioo grande consideragio pela Toman Foie, p.109-10),Esperar a mesma capacidade de organizagio fm quests privaias como em svervgon plios” parece ser m pre ongeito vidos condos modemas: Man Weber, em seu motive Sao tir shave anti sobre fto de ques clades antiga Sram mais “centos de consume que de produgson. © que © amigo Snore escanos era um sree? © ni um eaptalisa (Latentleri (pp t8, 29 fhe 14). prop inferenga dos anore atgos wo toca Tera qicstieseconbmias, sla a fala de documents 4 e85¢Fspeto. pois argument de Weber (9, Todas as hist da clase tibthador, to 6, uma classe de pesnnis completamente destuidas de propriedade e que vvern somente {i tabulho de suas mas, pec peo sagen presuposto de qe Sem fre exist tl clase” Contado. como vines. Rem mesmo OF escravo ‘ram destiuids de popredade na umtgundade,egeralmente ve verifies ‘Que on chamadostrabalhadores livres da angudade no passavam SNendeitos: nopociantese-atfices horse (arom, Slur on he Ro ‘nan Epes B20). ML Es Park (Tne Pcbr Urha in Ciers's Da (921) conclai poranto, que nig existiam traalhadores es, so ae fo homer nie ¢ sempre sium tipo de proprctar. W. Asbiey faz um Tevanamento da situagao a Kade Media neo seculo XV: =Ndo exist ‘nds uma prande close de assalaiados. uma “lass tabahadora” no “Snide modero ds express. O que chamamos hoje de rabalhadores um propo de bomen cote os gush alguns indtslos podem, rea Incite, ser promonios mesten, mas ca airs Jamas pode esperar {nar una posgao mas ata: No seule XIV. porem, traalhar alge “ino como darter apne m estpio pelo ual ov homens mais por ies hur que pss, enguanto 2 maria provavelmente se estabelecia 1% propriedade privad; wo contin, saesficavara sempre que el en Iava'em confito conto acumulo de riguer 0 dito de Proudhon SEN 4 propricdae ¢ um roubs — tem sida hase Je verae as frigens do moderno captalismo: e € particularmente significative fue ale mesmo Proudhon tena hesitado em aceitar o duvidose te tnedio da expropriagio geral. por saber muito bem que a abolgio {s propriedade trart, com (oa probabildade, © mal ands maior {da fran,” Uma ver qe ele no via diferenga entre propricdade & ‘iqueea, os dois critéios purecem contraditorios em sta obra, 0 ‘que. Ue fato, io sio. A longo pruzo, a apropriagio individual de Fiqueza no tratara com maior respeito& propiedase privada que 3 Socilizagio do process de acumulagio. A privatividade. em todo ‘entido, pode apenas estorvar a evolugio da -produtividade~ social , portanto, quaisquer consideragies em tormo da posse prada {devem ser rejeitadis em benefieo do erescente processo de acu- Tomo mestr atic asim que terminus 0 aprendizad pit. pp. Assim. 4 classe trabalhadors dt amigidad aio ers ae five em esti de propredade se. araves da alfotia, 0 estan receia I berdae fem Roma) ou a comprava (em tenis: i a serum taba for livre mas tomavase metiatamente um negcinteou aifice nde pendeme,(eAparentemente + maria dos scfavos. ao se trmarem I ren levavam cowsgo cero capital propio= qe Ihe permit ete lecer-se no comers oo na india Barrow. Slavery the Rosman Ew pve pl03), Esme Idage Media, serum operin no semnto moern So {ermo era Um estagiotemporiro na vids de uma pessoa. uma prepare ‘io poraomestra ou para a via aula. O tabuthador asso ma Tide Media ru uma excevio. es trbalhadores darn da Alemata (os Tagelolner na tadupi lterata dn Biba) os mens ancee fc viviam flora das comunidades etaeleidus © eram iicos a Po bres. ov clabouring poor de lngatera fejase Pere Brzon. Hi the ranil ef des tovatews {1936 p40) Alem dio, fats de que a fhm codigo de les antes do Cove Nupur trata de ubathadres res (eirse W, Endemann, Dic Behandlung der Ache im Privates it (196), pp, 51) demonsrs, de mancira conclsiva, quo recente ‘ntact de uma classe tibalkador 7, Vejnse 0 engenhono comentri sobre a fase ou Tungdo,¢ muito Bem apresntado por Wall tpi 1, 77M), ous fala de uma confusion dex anes partage de toutes les fonctions domesigues-” Les femmes se com fondant avec leurs calves dans les sos habitus del sien De quelque rang gles fosen, le travail Sit leur apanage comme aux hommes la guerre 80, Vejn-e Pere Brizon, Hii dy rat et des calc ced. 1926), 9.184, quamto ss sondighes de trabalho sums aries do se io xvi % {do ans clement das dus esferas indica que hi civas que devem Ser cultadas eovtray ue necessitum ser expostas em public para {ve possam adr algums forma de eustencia. Se examinarmos ‘sas conus. independentemente de onde as encontramo em qh {Quer eivlizagio, veremos que cada stividade humana Converge par Fra sts localizgo-adequada no mundo. Isto se aplica as prince pais atvidades da vita acted — labor, trabalho eagao: mas existe fim exemple, resonhecidamente extemo, deste fendmeno cua van tagem para a ihstragao € ge devempenhou papel eonsiderivel na tworia politica ‘‘bondide num estilo absolute, em contraposige& utile dde- ou senveleneit- ms antiguidade greco-romaa, tOrnOU'SE €O- nec em nossa civilzagio somente com o advento do critanis mmo. Dee ena. subemos que as boss obas sS0 uma importante Nariedade entre aes humans possives. O notéro antagoni tne entre ocistinismo eres publica — tio admiravelmente re Stmado na formas de Tertliano: nec alle mass es aliena quan Publica (nauk nos & mai lhe que © que tem importants pb ‘Gasp! —€, de modo getal v correo vsto como conseqiéncia de Smtigas expectativas escatoligics, cua importincia imediata so mente se pers depois que a expeiencia demonstrou que nem exmo a queda Jo lmpétio Romano significa o fim Jo mundo." Contodo. 0 cater extraterreno do crsianismo tem ainda eatra fate talver ainda mis intimamente relaconada com os ensinamen tos de Jess de Nazare, e de qualger forma tio independente da renga na pereebilidade do mm que temo a tentagao de ver ne lisa verdaein rao interior pela dual a alienago cist em rele ‘Gio ao mundo pie sobreviver tio faclmente 4 obviarustragin de Ss esperangas escatologicas. ‘Anica atvidae aie Jesus envio, por palavrase aos. fot ativigae da bondade: 4 bondade conten, oDsiament. certa tem nei de evitar ser vista e ouvida. A hostiidade crista em regio ‘Fesfora publica. tendeacia que tiaham pelo menos os primeiros “ints de levar una via 0 mas possivelaastaa da esfera publi 2, Esta dierenga de experiencia tulver explgue. em partes a die renga ents grande sanidade de Agostinho ¢ tev smeretitade ‘nog tenulande politic Ambos eram romano €profundament fr ‘mado pela via politica de Roma st cc, pou tambm ser ents como comewinsis evident da de ‘outa ss ua obras. independentemente deer erent eX pectativa, Poise cla qs. no instante em ue ns Poa re {orm publica ¢ conhecida. pene o yeu carter espectico de bond de. de no ter su feta por etry motiv lem Uo amor i bondade. ‘Quando a bondade se montrasbertament i io ¢ bondale,embo- Fa poss uinda ser wt como suruade organizads ow como sto Je solariedade. Dat: -Nao des tas esmolas perane Os homens, Pa eres visto por eles. A hones pane evistir ua mao & per Eebida. nem mesmo por aguele que faz: quem quer qe se Yea ‘mesmo no ito de fazer a ta oben de ser bom: Sera mo ‘minim, um membro util da soiedade ow zelowo membre da Tere ji. Dat “Que a tua mio esquerda mio sub o que faz 4 ta mo de “Talvez sei esta curiosa qualidade nepativa Ja bondade. a a ‘éncia do fenomeno visivel da sparencia, «que tors o sergimnents de Jesus de Nazaire nu hinins um evento tas profundamente par ddoxal: certamente parece sor pe isto que ele pensive envi ‘ie nenhm homem pave ser burt «Por que me chamais de bot? NNingucm ¢ boo 4 no serum, ite &, Deon" A mesma conviegio surge na historia talmidica dox wnt e seis homens justes, em tengo ao» quis Deis salva mundo, © que tambem nio so fonhecidos de ningem, muito memos dest eam. Tatoo fn bra a grande visio de Sierates de gue nenhum homem pade ser bio. de onde resulta o amor it sabedoria ou filosofas tds vida de Jesus parece atestar que © amor 4 bondade results da compre fensio de que nenhum homem pode ser hor (amor a sabedaria eo amor & bondade, que se resolver nas atividades de flosofar¢ de paticar boas agées,(ém em comm fato de que cessam imediatamente — cancelam se, por ssi Size = sempre que se presume que © homem pode wr sibio ou ser bom. Sempre houve tentativas de dar vida 40 que jams pode 0 breviver ao momento fugaz do proprio ato, e tas elas sempre le varam ao absurdo. Os fildsofor dos Gitimos anos da untigundade Lucas 819. O mesmo pemsameno ocorre em Mateus 1-18 fonde Jesus adverte conta a hipoctsa. conta a exibig publics ds ‘evocdo. A devoyio nie pole "ser vats don homens. mis smene Je Deus, que ove em secrete, E verdade que Dour dant pag ao Wo mem, mas nin, como dia tradugso classi, saherumente-- A pla ‘dem Schetutiken expresa muta dequadamente toe fenomene fe Tigioso, no qual 3 mera ostentig ja € pots as ‘que exigiam de si mesmo sere sibios,eram absurdos ao afiemar ‘Serem flizes quando queimados vivos dentro do famos0 Touro de Falera. E nao menos absurds € exgineia cist dese” bom e of recer a outra face, quando nio & toma como metafora mas posta fm pritiea eomo modo real de vida "Termina aa, porém, a semelhanga entre as aividades ins radas no amor 8 bondade e po amor a sabedoria. E vendade que lambas se opdem, de certa forma, a esfera pblica: mas o caso da bondage € mais extremo neste particular, € portanto € mais rele vante em nosso contexto, SO a bondade deve esconder-se de modo bsoluto ¢ evitar qualquer publicidade, pois do conraro destrut- dda, Mesmo quando 0 fildsofo decide, com Platio, deixar & sc ema» dos negocios humanos, nio precisa esconder-se de si mes ‘mo: pelo contrrio, sob a luz forte das iiss nag apenas encon- tna a verdadera esséncia de tudo quanto existe, mas tambem se Contra a si proprio no dilogo entre seu e eu mesmo» (eme emauto) ‘no dual Patao aparentemente via exséncia do pensamento.™ Es. {ar em solidio signfiea estar consigo mesmo: e, poranto, 0 ato de pensar, embora posca sera mais soitina das atividades, nunca & Fealizado ineiramente sem um parceio e sem companhia. (Ovamante da bondade, porem, jamais pode permiti-se viver uma vida solitira:e, no entanto, a vida que ele passa na compa ‘hia dos outros e por amor aos outros deve permanecer essential ‘mente sem testeminhas;falla-dhe.acima de tudo, a compan de Si proprio. Néo é um homem solitrie, mas solado: embora convi- vva'com outros, deve ocultar-se deles € no pode ao menos permi- tirse a si mesmo ver 0 que esta fazendo. O fsofo sempre pode ‘contar com a companhia dos pensamentos, ao passo que as obras ‘nio podem ser companhia para inguem: devem ser esquecids a partir do instante em que sso pratiadas, porque até mesmo a me- Imoria delas destri sua qualidade de sbondades. Alem disto. 0 ato {de pensar, por poder ser lembrado, pode cristalizar-se em pensi- ‘mentos; € 0s pensamentos, como todas as coisas que devem ss {existéncia & memoria. podem ser transformados em objetos tan ‘eis que, como a pagina esrita v0 io impresso, se tora par {e do urifiio humana, AS boas obras, por deverem ser imediats mente esquesidas, jamais podem tornarse parte do mundo, vm € ‘a. Encomrase esta expressio agi € ali em Patio (cia exp % ‘io sem dinar vests: © postivamente nao pertencem w este ‘mundo. ese carter extramundano das boss bras que faz do aman te da bondade un fgura esencalmeate religions «tora a bond de, como a sabedria na antgidade, uma qualidade essencialmen te inumana esobre-humana.F, no enlano, @ amr & banda, 90 onirrio do amor sabeori, nao se limita & experimen Je pow. 0s, da mesma fovma que 0 fnolamento, so conti da slo {std alcance ds experenca de todos os homens. Em certo Ao. portant, «bondage e salamento Gm muito mais elevancia para plitca que a sabederia ea soldio: mas somente soli pride vir ser um autenico modo de vida n figura do fsa, a0 Passo que a experiencia mato mais eral do solanent esta em ta oniradigo com a condgio humana da pluralidade goe simples mente ng pode Se suport durante muito tempo: requ 4 Com panhia de Deus, ica tstemuna admisivel das boas obras, Pa a que nio venha a aniguiarinteiramente a existence humana, A eNiaterreniae da exper eign. ha eid em ue mente a expergncta do amor no wena de uiade sn uta ito mais Trewieme, de ponsv bervaga de ua sea de revel manfestrne dent do propo undo mm toes 2s outs ative. permanese neste mundo tem qe errs civ dentro dele. Mas es mates. embraces ‘0 ql outs aides io readin —e depend dese epee Ee natutersstamenteaegala: por fpr do mundo e econ derse de seus habwants, nega 0 espago ue o mondo ofcree 20s homens e,princpsmente.aguela regio publica dese espage onde {doe todos aio vistose ouvids por outros. ‘Como modo sistemitea de vida, portant, & bondide mio & penis impunsvel non vuntns da esferm publica: pode ate mesmo isi. Taser nmgism ten perce tao Charamente essa Sala desrtivs ds bondi quanta Magne qe. em fans fvsigem, tem a susalis de eminar aos homens nani Serem {Wem out poroutrn-O ceites comm gue Magrael lve a ‘tt police err gra, o mesmo eter ds untuidade casa make. como ondade, pode ssi respond da OP sors, Assim, qualquer metodo pelo qual -um homem posse ree mente comstar 0 poder, mas ni gloria € mat.” A malade (Gue deiua seu exconderjo impodeate © dest dietamente o Thundo coum, bonds que sui do seo esconderj € assume a fel publica dein de ser bo trna-se conrupla em seus prope. fermos eleva essa eortupgao para onde quer que vl. Assim. par Maguvel,« motivo pelo qual Hreja era main liéncia coup tora ma politics ila € que participava de ansuntos seculares.€ ‘io a corrupgio individusl de hispos e pelados. Para ee, a alter- rativa apresentals polo problema Jo dominio relgioso da esfert piblca env inevitavelmente estar ow 8 esfera publica corrompia ‘lero e- eamexientemente, se corrompia a si mesma, otto cero permamecia incortupto e destrua completamente esfera pubic. {Uma igrea reformaga constitia, portant, um pergo ainda msior js olhos de Maguiavel, que via com grande respeito. mas com Spreensio ainda maior, @ Felorescimentoreligiosa do seu tempo. fs snovas ordense que, svitando que a rligio fosse destrida pela Ticencionulade dos prclados ¢ dos chefes da Igrelis. ensinam ss pessns it sefem boas fo oFeistir ao mal» —, em decorren hao gue ws goverantes perverse podem fazer todo © mal que ‘averems” Escolhemos © exemplo reconhecidamente extremo de realizar boas obras — extremo porgue esta atividade mio encontra guariga Rem mesmo na esfera da privalividade para Sugerr que 0s Cros historicos say comunidades polities, mediante os quais cada uma delay determinava quis atvidades da it acrva a serem ai tidis em puiblico, podem ter corespondéncia na natuneza dessin mesos atividades” AG levantar a esto. no pretend empreet ‘er ama anilive exaustva ds atividades da vita aericu. cuts man Festagues tem sido curiosamente negligencidas por uma tralia fquea via basicamente do ponto de vst da rita eomemplaic mas fentar Jeterminar. com alga seguranya. © seu significado pol WG Thad cap 17, iscursos, List I cap. 8 CAPETLLO I LABOR Nt piv tia Ket Mar = o gue ¢lamentine numa Jepoca em que tantos escntores, que ames ganhatam 0 set sastemto indo bases. expla ot tcitamente. snsptag Pa ga Se rigueza das iets € vsdes maraistiy. desiram tornae-e Mt maraistas prfissionas. sendo que um deles. no decorrer de tal proceso, chegou a descobrir que 0 proprio Karl Mara niu ere pz de sistentarse si mesm, exguecendy momentaneamente feragdes de autores que Mars sistent. Em stag tao delice ‘da, poss0 apenas embrat a Tetor tina Jeclragao de Benjamin ‘Constant, feta quan este se viv dbrigado a atacar Rowse “F'evitera certes de me joie aun détracteuts d'un grand hone {Quand le hasard fait q'en apparence je me rencontre vec us se tin seul point, je suis en Usfnce de’ maicmeme et pr me cor Soler de parsire un instant de leur ais i besoin de devavouer ft de Mtr. tant qu'il est en moi ces prétendus Aa TGvitarer decerto a compantia Je detrores de im grand bo mem. Quando. por acaso. pareyo concordar com eles em aig pponto, desconikn de mim mesmo: €. para consolarme de hiver fpareatemente comparihaly de sta Opiniay - quero renege & repudiar & mats posuvel eves pretensan colaboradores:.) 1, Vejue De ls Hherté des anciens comparée celle des moet sess (1819), reedtado em Cons de pique costtatonee 1872) ” « a pak Tabor. como substantvo,samais design o prs Fil 0 ses {ado da aio de laborar: permanece come substantive vera ua especie de gerngia, Por gut lado, ed palavea covtespondate trabalho que deriva » dome de proprio pre, mesmo 1% G90 fem que o uso corente seis tu de pet a vos moderna gle {ttorma verbul da pulivrastrullho- se torn petiatente ub Teta” (© motivo pelo qual esa dstingio permaneveu ignore & a importineia manca for examina mon tempor ani parson bastante dbvio, O desprezo pelo labor. orighalmente resultant da cir lta do hommem contra necessalde e deus impanieck fio menos forte em relia toe estore ae nin deaasse tal fer vestigio, quaker monuments. qualquer grande obra gm de Ser lembrade. generalise w medida em gis a exis ‘Tapa polis conumiam cada vez mais tempo dos cain e com ‘4 énfase em sia astongio (blvls de quer stivakale ye 9 Tose poliica, ale eslonderse 4 tudo quan enignse esfryo. O costume politica anteriar. que preceveu 0 pleno devensalsinente {a eidadeestado, meramente Uti ene esravon — aimigos Sencids tles ot ne, que eam evades pura a cas dover edor juntamente com outros despojos de guerra e hi. como mor ‘ores Us cas [ket nt Hears. tabalhavam come eserves para prover 0 proprio sustento ¢ 0 dow seus senhores — € 0 Iunureei 08 operiris do povo em geval, que tnkam liberdade de 3. E 9 cao do francés gerer€ do lems weren, Em amas esas igans dfrentemente do uno corrente do ingles lar. a plas te tuller c arbeien quase perder seu signal original de ore at lagio. Grimm, (ie) ja tara essa mudangn em Melos Jo sech0 prsado: “Waivend in sterer Sprache die Bedeutung »0n oles and chwerer Arbeit worker de 808 op, sper trek it fetch in der hestigen diese vor und jene ence! setener Tamer figno de ota Co fo de qu os sbstartvon nor neue, Wert fen ‘Sem cada Vez mais a ser usados em cago obras Be ae may Ii us, movimento fora defers privada e dentro da esfera publica Em {pu ma recente, om arlesion, aos quais Solon descrevia ainda ‘Simo Flhos de Atos e de Hefesto, chegaram a feceber outro no te! eran chamaados de havin isto eshomens cujo peel i teresse eo se ofieo eno © mundo publco. Esomente a partir de Fins Jo seeulo V que ails passa clssfiar as ocupaydes segu tio a quantile de esforge que exigem. de sorte que Arsltees ‘comsalcrava como mis mesqinhis agulas ocupagoes «mas quais ‘corpo se desgasta~. Embora se recusasse a concede cidadania {los uni te aseito pastes ¢pintores — mas nao campone: Ses nem escltores ‘Veremu qu. parte sew desdém peo bor. 0s egos inham 6, Vejse JP. Beant, Trav natre dans la Grice anciennes Uourna te peschologe morale et pattoloiue, Lil, Ne Gane Margo de 1985) Leterme (lemiouron, chez Homere et Hésede, ne ‘uae pas & origin Tarsan en tant gue tel, comme ‘oui i Int toutes les actives qu sexercem em debors cadre de Tos. em faveur Pun public. demo les amsans — charpenters et forerons — ‘mals om mis leuk Tes devin, Hs Beats, es sede. 47. Politic 1288638 1 Quanto & dscussio de Avstteles acerca da semis dos hun ciadania, vejese Poles bi 5A tera de ‘Aisels crresponde mato de pero reaidade estimase que até 8D for cenlo da maondesbrt Ire, tabulhaores« comercanesconssam Em indviguos que nio ram chads: eram sstrangetros~ (atikountes { metvilvi ov eseraves emancipados gue havam gaigado exes posgdes (echese Fritz Heihelncim, Wirachatieschicive des Alerts (93, 1390), Jacob Burckhardt que, em non Geechische Kalunpesciee (Wott, sogies 6 e W.registn 8 opin corente a Grecia qanio ‘quem pertencia ou ago 4 classe Jos unc, bserva tambem gue m0 SCtmhece mentum ttado sabre excltra, Em ita dos mints emis Salve musica e poesia. € provivel que nio se tate de aidnte di trai ‘io, como nag €acdenialofato de combeceros tans historias acre ‘WD erande sentimeno de superiokade eat memo da aropinca de far Imosospinfres, das guais to existem correspondents quindo te ta ‘de eseultores Esta diferenga etre pntoreseescultores sbrevives mae tos séeulos.Enconramota ainda na Renascenga, quando a excultura ea flassificada etre a artes servis, enqunto qu apna tinha wma pes ‘Ho intermedia entre stance ibras ¢ sere (vejuse Oto Newrath, “eitnge aur Geschichte der Opera Serviiae. Arie Jar Soin sse Sehajh und Sosispotti VotXLL, NE2 1913), ‘0 fata de que» opiniso publica pregs mas dads estadosjulgava as 2 suas razdes pars io confi no urfice ou, antes, na mentaidade Ao Tm Jaber Ess desconfianga porem, 50 €encontrada em cer tws periodos, ao passo que todas as aig cassifcages 6 a ddades humanas. Inclusive as que, como a de Hesiodo, postmen te enaltevem 0 labor." repousam na conviggio de que 0 labor 60 ‘eupagies pune o esfogo necersro e o tempo consumo recede pote de uma observagio de Antoeles quanto a vida dou pastors: Ht {randes dierengs nos modes de vida humanos. Ox ma indoles sho fs pastores, que conseguem alimento sem tstalho (pon) a partir de Snimais domesticon,¢ param de lazer kosiuvn)s (lta 136880 ff). Eimeressante nota que Aristotle, provavelment sequin a pt hido correte, mencione age indolncia (ura) jumamene Cot, © ‘gutse como condo pray sole» tengo de certanatvidades, ‘Que € & condi pare sia polis, O leitor maderno em geal deve Siber que esi e khule nip Sao 4 meses coisa A indolent ina ‘esmas conotagoes que fem para as, eu vila de thie nao era con SSderada uma via pepugoxs. No oboe, o euacionamento de oth fe com o cco €caracterntco Ge urna evolu coor dent dl Assim. Xenofone nos conta gue Socrates for seasado de haver caso {im verso de Hesido: -O trabalho nig envergnba, mas si + peeggs Uiergiae. A scusagao era. que Sracs havi instlado em sees ser los m expinto de seridade (Menai i250. Hiorianent, importante lembrar a dfeensa entre 0 desprezo com gut, nas ct Alaes-estadosgrepas tam visas tad as ocupges msopltcay rsa tantes do fto\de que os eis dedicavam guise tao © se emp © fener & pls € 8 desprero anterior, mai onal € masa, pees tivdades que serviam apenas subsitneia ~ ad vitae natetatne Smo sao dein to opr src anda no secu XVII, No undo ‘Se Homero, Pus e Uinses sham na contrgan de ws case, pe pria Nausicaa Tova as roupas dos lmdos, ete. Tago sto far pate da Sutosufctnei do hero Bomerio, de sua independence © supremasin futdeoma de sua pessoa. Neshum tila € suo quam sition maior independ: a mesma tvdade pode sr sinal Se seid (© due estiver em Jogo no fora independeacia pessoal. sim a mera 4. Ireviséncia, endo for uma expresso de sberania mas de sje rnecesnidade A dferenga de valor atibido por Homer ao resto, Tuturaimente, muito conbecia. Mae one verdadero significa fbn Mamemte-exposto num ensaio recente Je Richard Harder, Eisen? der Green (198). 8.0 labor ¢o taba (uns ¢ erm) so eferenciados em Hesio 4; 6 0 taba € devido a Es, «deusa da emlagso (Os Taba 1s Dias 2026) mas 9 labor, come todos os outos males, proven ds % nosso corpo, exigilo pelas necessdiles deste ukimo. € servl CConsequemtemente, as ocupagdes que niv conystiam em labor ‘mas ainda assim eram exerchiis com a finalilade de atendet 3s ne Cessidades da vida, foram assimiladas 3 condigio de labor. © ito texpica as mudangas ¢ as variagoes Je avalagioe classifcasio em “iferentes periodos de tempo e-em diferentes Iogares. A opin de ‘que 0 labore © trahalho eram ambos vison com desde ns antiga ‘dade pelo Tato de que somente excravos os exerciam & um precon: feito dos historiadores modernos. Os antigos raciocinavam de ot tra forma: achavam necessirio ter eseravos em vrtade Ju natureza servil de todas a ocupagdes que servissem as necessidades de Ma ‘nutengio da vida.” Precisamente por este motivo é que instivigao Ua escravidio era defendida ¢ justiicads, Laborar significava ser tescravizado pela necessidade, escravidio esta increate as condi- {bes da vida humana, Peo fato de serem sujeitos sy necessidades {a vida os homens 36 pouiam conguistar a bberdade subjugando futros que eles, a frga,submetiam &necessidade. A degradacio do t’seravo era um rude golpe do destino. um fado pior que morte por implicar a tansformagao do homem em algo semelhante a um fnimal domestic." Assim, qualquer alteagio na condigao do es Ta de Pandora (90M) & pun imposta por Zeus porque Prometeu «0 Astute o aise, Dede eno» detaesexonderam val dos als 8s omens (42 fy sn malian singe v0 bomen que se aliments de pos (82) lem dito, Hesiodo aces como natural que 0 trabulb fmm faztnda, sea fio por ecravore animals domestics. Louva a i (i cotdiana — 0 que, para om prego. ju ¢ bastante exaoninaro — Ines o seu Heal © 0 fazendecosbastado € find, eno © Usbalhader Que fica cm case mantemse asta das aventray do ma € 405 WeQo ‘mente uma sprodtividade- propria, por mais ites ou pouco duré- ‘eis que Sejam os seus produtos. Fssaprodutividade no reside em qualquer um dos produtos do labor. mas na -forga> humana, cul intensidade no se esgota depois que ela produz os meios de sua Subsistneia e sobrevivéneia, mas € capaz’de produzie um sexce- ‘enter, 10, mais que o nevessario& sua «reprodugios, Uma vez ‘que no € 0 proprio trabalho, mas o excedonte da fora deta batho» humana (Arbeitskraft), que explica a produtividade do tra balho, a introdugao deste terme por Marx, como Engels abservou corretamente, constitu elemento mais originale mais revolucio- tino de todo o seu sistema,” Ao contra da produtividade do tra batho, que acrescenta novos objetos a0 artic humano. a produ tividade do labor s6 ocasionalmente produz objets; sua preocupa- {Gio fundamental Sio os meios da prOpria reprodusio: €, como & Sua forga no se extingue quando a propa reprodacio ji esti as- Sesurada, pode seruiizada para a reprodugio de mats de um pro ‘cesso Mitel, mas nunca produ outa eoisa senio «vidao.” Me: ‘ante violonta opressao numa Sociedade de eseravos. ou mediante tv exploragio ma Sociedade capitalisa da Spoca de Marx. pode ser analizada de tal forma que o labor de algun é bastante para a vida de todos Deste ponto de vista puramente social, que & 0 ponto de vista TRF imrodugso ao sep lv de A Riguca das Navies ‘Adam Smith detaca que a produlivitate se deve a divisio o tabs tho, © no ao propo trabalho 19, Vejase a tnvoducso de Engels no Wage. Labour and Capitals ‘de Mars fem Marte Engel Sefecird Burks (Londres. 1980) 1.38). 80 {al Mar itrodira g nove term com certs fase 20, Marx sempre reali, especialmente em sua vente, que a principal fang do ral era & produqio 6 vase, portato, a © {tubal em pode iiakade com a procragso (vase Deutsche feo sie pid, € sWages Labour and Capital 1 ~ Ue toda era moderna, mas que recebeu sua mais coerentee gran- ‘diosa expressio na obra de Mars. todo trabalho € «produtivor; © perde su validade a distinglo anterior entre a reaizaggo de stare Fas servis, que nio deixam vestigios, ea produsao de coisas suf- cientemente durave's para que sejam acumbladas. Como vimos an- tes, © ponto de vista sociale idenico & interpretagio que nada leva fem conta a nao ser @ processo vital da humanidade: e, dentro de Seu sistema de referénci, todas as coisas tornam-se objetos de consumo, Numa sociedade completamente esocializadas,cuje an x fnalidade fosse # sustentagao do processo vital —c este 0 Weal infelizmente um tanto vl6pico, que orienta as teorias de Marx" — a distingo entre labor ¢ trabalho desapareceria comple- tamente; todo trabalho forarse-ia bor, uma Vez que todas as ‘Soins seriam concebidas, aio em sua qualidade mundana e obje- tiv, mas com resultados da forga viva do labor, como fungdes do pracesso vita” E interessante notar que as distingdes entre trabalo qualfca- BI, As expresses vergeetchafeer Mensch ou seslschafiche Menscieireram feguentemente sade por Marx para nica © oe tivo do scion (vase, por exemplo,o Tere volume de Dus Aap It p73. €-0 dcimo volume das “Theses on Feyerbachs: =O ponto de ‘iste do antigo materia €-t sosidade "vi 0 pono de vista do Tivo € a sosedade humans, ov 8 Rumanidade socialaday (Selected Works. 37), Consstia na eliminyo da lacuna ene a existe me dividual ¢ aenbtenca vel do homem, de sorte que este. =po Se Ser ‘nals individual. sera a0 mesmo tempo um ser socal (um Gemeinne ‘ene Uinsenfeften. ptt) Marv chums feqlentomente es ature 24 socal de-Gattunesnesen do homed, sua qulWade de membeo da specie famosa sto alienagiow de Mark, antes de mais nada, “lenagda do Romem em relagio sua Gartansnesen Gi, 9" “Eine Unmitelbare Konsequcnz davon, dass der Mensch Jem ProUkt seiner [Arbeit sciner Lebensttighet, scinem Gatungswesenenfemdet sts die Entvemdung. des Menschen vom sem Menschen). A sciedade ‘deal € um estat de coisas no qual odsh as aida humnas devon {ho natralmente da snaturers- humana como asecregao de era deriva toy belay pars fare a coli siver etablhar para vver passa & Seva meuina cosa, eva ho scomecars para ( tabalhador) onde (a stivdade do tralho) cess (-Wage, Labout and Capitals, p.7. 22. scusapo viinal de Mary contra sci capital nfo ‘ra simplesmente que ests tasformava todos os oes em mereadar fs, mis sim gue “0 trabalhador se compra em felagao 0 produto OO 10 do € nio-qualificado e entee trabalho manual ejatelectaal no de- Sempenkam papel alum 1 economia politics clisiea nem na ob. {de Marx. Compara» produtividade do tabulho, esis Uistngdes Sio realmente de_importincia secundaria. Tod atividade exige feerto grau de ualificagio, tanto atvidade de linpar © cozinhar ‘como a de escrever um lives ou constru uma casa. A dining pio se refere a atividades diferentes, mas apenas Jenota cers os € qualidades de cada tima dela. Adguitiu era importa ia com a modema divisio 40 tall, na qual trefas origi ‘mente confiadas 20s jovens e aos inexperientestornaranse vcups bes witli. Mus esta conseqitneia da divisio do tabalho. na ‘Qual uma atvidade €dividida em tantas partes minisculas que cat ‘perio especialzado precisa somente de um minimo de quali- ‘cago, tende a abolir completamente o trabalho qualificao, como Marx acertadamente previ. 0 resultado & que 0 que € comprado fe vendido no mercado de trabalho mio ¢ 4 uahicagao individual, mas a sforga de trabalho (labor), da qual todo ser humano deve possuir aproximadamente a mesma quantidade. Alem disto. como © trabalho nao-qualifieado €, até certo ponto, uma contraligan. tistingao em 5 valida somente para stividade do labor. a ten tativa de ulilizé-la como principal sistema de referencia ja india ‘que a distingo entre trabalho e tabor foi abundonada em favor Jo Tabor. ‘em diferente &o caso da categoria, mais popular. de trabalho manual intelectual. Agui, a coneaao subjacent entre © bomem ‘que trabatha com a mio €o que trabalha com a cabega €, mais uma Yee, o processo de labor — no ulti caso, realizado pela cabega, fen primeiro, por outra parte do corpo. Contudo, © processo de pensar, qe se presime seja a aividade da cabeya.¢ ands menos “produtivos que o labor. embora de cert forma se sssemete es {e tlkimo, uma ver que 0 labor €tambem um processo que provar velmente cessa com a propria vida. Se o labor nio deixa aris Je Si vestsio permanente. © processo de pensar no deina coisa sl za tangivel, Por si mesmo, 0 processo de pensar jamais se mate Fialiga em objetos. Sempee queo tabalhador intelectual deseja ma ‘Seu trabalho como ve ete the fosse um objet alte» (eas der Abel {er zum Produkt seiner Arbeit als enem fremden Gegenstand sich vet his Uugendschrsien, p88) — em outta pales. que as coisas Jo Mund, una vez produsidas pelo homem, so a6 ero pono indepen ‘Sentes da vida humans, shes a es vo nifestar seus pensamentos fem que usar as mos como qualguer ‘outro trabalhador. Em outras palvras, 0 processo de pensar € 0 processo de trabalhar sio duss atividades diferentes que nunca ‘chegam a coinciir: 0 pensador que deseje dara conhecer a0 mur {do.0 sconteido» de seus pensamentos deve. antes de mais ads parar de pensar erememorar seus pensamnentos. Neste, como et todos os casos, a lembranga prepara o intangvele o fil para su ‘materalizagio final; € 0 comego do processo de trabalho €, como o tstudo que o artesio faz do modelo que the gular a obra, o seu es ‘gio mais imaterial. Em seguida, o proprio trabalho sempre reauer Aalgum material sobre © qual possa ser realizado e que, mediante ts ipneagdo. que € a atividade do hon Jaber sera transformado em objeto mundano. A qualidade especifica de iabalho do abl i telectual no se deve menos ao trabalho de nossas mios~ que a ‘qualquer outro tipo de trabalho. PParece plausve, ¢ realmente & muito comum, relacionar-se € justiicarse modem istingo ene o trabalho intelectual © © ‘manual com a antiga distingso entre artes sliberaisee artes oser Vise, No entanto, 0 que distingue a ares Heras das artes servis ni 6, de forma slguma, um grau superior de intlgéncias, ner © fato de que 0 «arista liberals rabalha com o cérebro engunto 0 ‘sordido negociante trabalha com #s mos. eriten antigo € be ‘seamente politico. Aquclas ocupagdes que envolvem prudent capacidade de jlgamento pridente que é 8 vitude do estadista, as profisoes de relevincia publica (ad fiominum wrilitatern? eo mo a arquitetura, a medicina a agricultura" sho liberais. Todos 09s oficios, tanto 0 oficio do escrba como do carpinteiro. sio “sérdidos», indignos de um eidadio completo; © 0% piores si0 ‘agucles que considerariamos os mais eis, como os dos "vendedo- TH, Pov uma questi de sonveniéncia, sepia dscussio de Cicero sobre ocupagies berate servis de De oie 1. 304 Os ertrion de pradenta'e wilias outta hominun 0 enanciadon mos parigrafos {sive 195 (A taco de prudent, por Water Miler na edgao da loeb Classical Library, como na higher degre of intligence> partseme indir reo 0 ler) 24, A incluso da arcultura entre as aes hibersn€, naturale speificamente romana. Nao se deve 8 gua sutaies especial da Sercultura, mas antes tem ver com a aetaromana de puri, segundo ‘aul’ o ner Romans © 36 a cidade de Roms, €9 lugar Scapa pela esera publica 102 res de peine, aougueins, cozinheiros, nepociantes de aves domés tices e pescadoress,” Mas nem mesmo estas atividades sao neces Sariamente puro labor. Hi ainda uma terceia categoria na gual a Propria ida © proprio esforgo (avr em contraposigao a0 {timera ativdade em contraposigia obfa € pag © em tls C450 ‘o mero pagamento ¢ sinal de eseraviio>.™ TEmbora sus onigem possa ser encontrada na Wade Métia.” a listing entre trabalho manual e intelectual € moderna ¢ tem duas ausas bastante diferentes, ambas as qual. porem, so igulmen- te caracterisicas do clima geral da era moderna. Uma vez que, mss jondigoes modernas. toda ocupssao deveria demeonstar sus et Tidude> para a sociedade em geral, e como a utlidade das ocups bes intelectual se tommara mas que duvidosa dads » modems “lovficagao do trabalho, era apenas natural que também os intel: Tunis desejasem ser considerados como membros da populgio {rabalhadora. Av mesmo tempo, porem. e em contradigao apenss lparente com este fa'o, 4 necessidade e a estima da sociedade em Felagao a certss realizagoes -inelectuais~ aumentaram de modo Sem precedentes em nossa historia, com a exceyio dos seculos de Aleclinio do. Império Romano. Coavem lembrar. neste context ‘que. cm toda u historia untiga, os servigos intelectual dos esc bas. quer atendessem a necessidades da esfera publica ou da esera privada, cram realizados por esravos e classiicados como servis. Somente u burocratizagio do Imperio Remano € a concomitante 25, esta wtiade para a mera subsistncia que Cicero chams de diners was argo ISI) ¢ ue ele elmina das ates Iiberas Novamente tradogi parece me fala: ao Se rata de praises des-quais adver conaieravel beneiio scidade-, mas oeupagSes ‘fue, tm mito contaste com seis antenerme, transcendem & tiidade igor dos hens de consumo. 26, Os romans arbi tanta import a dierenga entre pas € cpeste qe thar dos tipo diferentes de contrat 8 leat oper e& stn eu ge li Una papel inignennt, ma vez tue mara” do tesbalbo ert fet por estos (wes Ede ening em Phondvinerbuh der Stauwssvschfto (180) 1 721 27. Aner ier en enti com o tabalho intelectual ov, antes, eit nu Idle Msn (verse Oto Nevrath, “Beige ur Geschichte Jer Opera Servilaey Avche fur Sucahsenscaft wd So Sait: VOLXEI UISIS), N° 2) 10s ‘i clevagi politica © social dos imperadores rouxe uma reavalagio {dos sereigos sinelectuis~” Como o intelectual realmente nig & um straahadors — que. como todos os outros trabalhadores,des- {de'o mls bumilde artesao ate © maior dos artistas, esteja empe Inhado em acrescenta agua coisa. se possvel durivel, ao arti ‘5 umn» ele ve assemelha mais ao -riado servile de Adam Smith que qualquer outeo, ainda que a sua fungio seja menos Taner intato 0 provesso da vida e cidar de sua Fepenerasio que Iatar da manutengio das vias epigantescas miquinas burocrt s_ cujs processos consomem os seus Servigos edevoram 0s seus provisos tio rapid © impiedosamente quanto 0 proprio processo bolo vi. O Carater de « colocando-os em nosso mundo, € que eles comegam a ter crescimento e declnio, Embora a natreza se Imanifeste na existeneia humana atavés do movimento circular de fossas funges corpoais, faz-se presente no mundo fabricado pelo Fhomem através da eonstante ameaca de sobrepujivlo ou fze-o pe recer. A catacteristica comum ao processo bolgico do homem & ‘40 prosesso de crescimento ¢ declinio do mundo & que ambos fa- ‘zem parte do movimento ciclico da naturezaz Sendo cigico, esse movimento ¢infiaitamente repetitive: todas a ative humanas provocadas pela necessidade de fazer face a estes ptovessos esto Winculadas aos ciclos recorrentes a nalureza, eno 18m, em Si, ‘qualquer comego ov fim propriamente dito. Ao contrrio 80 pro fesso de ‘nail, que termina quando 0 objeto esti acabado, pronto para ser acrescentado a0 mundo comum das cOiss, © ro” {esso do labor movesse sempre no mesmo ctcule presrito pelo processo bioliyico do orpanismo vivo. eo fim das sfadigas & pe- hase 56 advém com a morte desse organismo.” BE Poca 125407 33. Na iteratura mais atign sobre 0 wba, até 0 tin tergo do século XIX, nio ea incomum gue es autres isisissem a cOneNiO 109) [Ao definir 0 trabalho como =o metabolism do homer com 3 natureza, em Cujo processo +0 material da naturezs () adapta, ‘por uma mudana de forma, as necessdads do homem-, de sorte {que =o trabalho Se incorpora a0 Sujeltos, Marx dinou claro Que tava sfalando fisiologicamentes,e que trabalho ¢ 0 consumo So apenas dois estigios do eterno ciclo da vide biologics." Este ciclo Esustentado pelo consumo. © 4 avidade que prove os meios de ‘ate wabao e © movimem citen ny process wit, Assim, Schle- Deltech, muma palstrs initlads Die Avi (epee In), comes ‘com wma desergio do cic derejoesforgosatifguo “Heim lech Bissen fang schon die Verdauung an Contado, na vokamora ert posmarxita sobre © problema do faba, ogni autor que esas © {Teoria acerea deste aspecto to cementar da tiviade do taulho & Perre Navile, eno Late de faa ene problems 19S) € na ds mals ineressanes © tale mate original a contbuigoes recene, Discuingo os aspects purus rm de tahoe cotapon 0 utes formas de medgio do tompo de tauho, sk iz 9 sep {er ae tat principal est son carasere eyelque o rytmique Ce ch ‘etee eat i'n fos & npr atre! et contoggue Ie ure, (Lau caractre des fonctions physnaggues de Fete hua, eur & ch oman avec les espoces animales peices. Il ext evident ie Teaval devait re de prime abord bea des rythies et fonctions at Fels, Dai advem o carter cicheo do dispendio eda produ da fry fe trabalho que determina a unidae de tempo da jonas de trabalho A tals important intigso de Naville € que o caste temporal ava ‘mana, uma vez gue Roo € simplemente pare david da especie, est fm mid contraste com © caster temporal icico do ide tral. “Les limites naturelles supeseures de lav ne sont pas sites, com ‘ne celle de ln journée, parla pecan et In possi dese repro, ‘mals au contra, pr Fimposuilite de se renoueler, simon 2 Veco de Pespée, Le cjele s accompli em une fis ct e se renouvelle ass (op. 19.8 34, Capital (ed. Modern Library, p 201. Esa firma ¢ freien na cobra de Marae sempre repetida quaceverhuim: O tabulho tema hecessidade natural de eetuar 0 metabolime entre @ homem 2 Mr tureza.(Vejse, por exemplo, Des Kapital, Voll, Pane yc. |, yao 2. Parte 3, cap. 3. A tradugo comagrada em ings ingles, eg da ‘Movers Library. p50, 208, do tema mesa presi de Mars) Et gontramos quase 4 mesma formulagao po Vol Ide Dus Kuptal p87? TE obvi que. quando Mar fa com a fegienca mn que wf do pro cesso via da sociedaden no esta pensando em fermon Je met 0 consumo € 0 labor" Tudo 0 que 6 labor produ destinase al: rmentar quase imediatamente © processo da vida humana, e este Consumo. repenerando o processo sal produ — ou anes. repr luz — nova sforga de trabalho de que o corpo necessita para seu posterior sustento. Do ponto de vista dis exigencias do proprio pracesso vital — a snecessidade de subsist. como 0 chamava Locke — o labor ¢ 9 consumo seguemse tio de pemto que quase cchegam a constr um Unico movimento — movimento que, mal termina, deve comegar novamente. A onecessiade de subsist ‘comanda tanto o labor quanto 0 consumo! eo labor, quando incor pora, seines e =mistura-se> fisiamente as coisas fornecidas pela hatureza,” realize ativamente aquilo que 0 corpo faz mais itims- 35 Ma chamavao labor de consumo prodavo> (Catal (Modern Library) 208) jamais pera de vila 0 fate de ae se rata de ua sondicns Foes 136, Toda tora de Mars gia em tomo do veh comhecimeno de aque oath, ates de mais nah, rerer es pp va 9 po. ‘lsir os melon de wbsitncin. Em seus primetos estos, Mark achava "qe 205 homens comesamm a dtingui-se dos animals quando omeyam a ‘roduzir seus moos de subsiténcay(Dvutre Idle. p10). Beste ‘propre conteado da defini do homem como animal labore. Mais ‘igno de not ainda €0 fto-de que, em outros techon, Marko 36 mostra saisfto com eta defini, que no chega constitu dvingio Scent ene o horem eos animals. =A ara reali operagbes ue lembram as de urn tcelao. ea abelha mosrase superior mus ari Teton a constr de sus comers Maso que istngueo por dos faeos du melbor das abla & que 0 arget eng son extra ma Stuaginagan ames de consiia na reaidade Ao fim de cada proceso de trabalho, temos um restado que js exis nimagiagio do taba Tar desde © comeyos (Cpa (Moder Library. p 198) E abv que Marx aqui jé no se refer a0 labor, mas ao trabubo ~ no gual noe favs imerevsado, c'mclor pova dina € que o elemento de magia ‘ior, spurntemente tio importante, mio desempeata papel slgum em Sh Yeon do trabalho. No ferciryvolune de Dus Kapital ee epee Sue o excelente de trabalo sem dos hes das necestdades metas Serve ao. -prolongamentoprogresvo. do processo Je feprodyio= (op a72, 278A despet de estas ocasionas. Mar permanece co Wencide de que sMlton prouziv © Paris Perduly pela mesa rao ‘gue Bichodascda produ seas Theis) Surban Value (Lode 1951) ptt. 7 Loke, up, sees 46, 26 6 27, respectvamente mente quando consome alimento. Ambos si processos devorado- Fes que se apossam da materia € a destroem: 0 =trabalhos realizado pelo labor em seu materiaee apenas © preparo para a destruigio Final deste timo. Verda que este aspecto destrutivo devorador da ative {de do labor 36 & vsivel do ponto de vista do mundo e em oposigao ‘ao trabalho, que no prepara a materia para incorporla mas trans- formara em materials ser trabalhado e utlizado come produto fi ‘ul, Do ponto de vista da natureza, 0 abalo, © nao o labor, ¢ des: truvo, uma vez que © processo de trabalharsubtral material ds nuatureza sem o devolver no curso fipido do metabolismo natural do onganismo vivo. Tualmente vinculada aos cilos recorrentes dos movimentos haturais. mas no to. prementemente imposta ao homem pelas "eondigoes da vida humana em si" & a segunda tarefa do labor — Sti Tuta constante ¢ interminavel contra os processos de crest mento € declinio mediante os as a natureza permanentemente Invade 0 affcio humano, amearando a durabliae do mundo € Sa prestabildade a0 uso pelo homem. A protesio ea preservagao {do mundo contra os processos natrais sig dss dessas abuts que fexigem o exerccio mondiono de (areas dariamente repetidas. AO ‘contro do processo essencialmente pacifico através do qual 0 Tabor obedece is ordens das nevessiadesimediatas do corpo. esta uta dolorosa pode ser ainda menos =produtivas que 0 metabolismo sireto do homem com a natureza, mas tem uma flago muito mas Intima com o mundo que ela defende contra a natureza. Nas lendas tenos milo anligos, assume muita vezes a grandeza das ltas he Foieas contra fOrgas infiitamente superiors, como no caso de Hercoles, entre cujos«trabalhos- herdieos constavao de limpar 05 cestibulos de Augits. © emprego medieval da palavra trabalho, 1 fil, arebet,tinha também essa conotagio de feito herbico que texige grande forva e coragem e € realizado com espirito de lit ‘Mas a lata que o corpo humano tava diariamente para mantr li ‘poo mundo e evitar he o, declinio’ tem poues semethanya com Fi {os hersicos: a persiseneia que ela requer para que se eparem, dia ‘dia, os dans de ontem. nso & coragem. e 0 que tora 0 esforgo tio doloraso nao € 0 pergo, mas a implacavel repetigaa. Os tabs Toss de Hercules tem em comum com todos os grandes fits 0 f to.de serem iniguslados; mas, infelizmente, depois de despendid MH hid se 34 esfongo €realizai a tre € somente 6 estabulo mituligico Je Av sias gue flea impo. a Labor e Fertilidade A ibis pnts romosin do abr, mais hai ¢ desprezivel posigio & mais alta categors, como mais est ‘mada de todas as atividades humans, comegou quando Locke des {obey que 0 labour» ¢ a fonte Je toda propredade: prosseyuit ‘quando Adam Smith affrmou que esse meso slabour> eras Fonte de toda riqueza: eating o climax no system of bore” de Marx, fo qual o labor passou a sera origem de toda produtividade ea ex pressdo da propria humanidade do homem. Dos ts, porém. some {e Marx estava inleressado no labor como tal: Locke preocupas Se com a instituiglo da propriedade privada como base da socieda de, encanto Smith pretendiaexplcar e assegura olive acumulo limitado de riqueza. Todos eles, porém —embora Marx com maior forga e coeréneia —. afirmavam que o labor devia ser visto como suprema capacidade humana de constuit um mundo: © como o Tabor na verdade, a mais natural e menos mundana das atvida- ides do homem, cada um deies — e novamente nenhum mais que Marx — viussediante de certas contradigoes muito genunas. Pare fe ser da propria nalureza do assunto que a mas Obvis solugio {essas contradigGes — ol, antes, 0 motivo mals Obvio pelo quale Ses grandes aufores nio se deram conta dels — < o fato de que {cquacionam o trabalho com o Tabor. de tal forma que atnbuer a0 Tabor ceras quaidades que somente trabalho possui. Este equ cfonamento leva a absurdos patentes, embora geralmente nao tio tvidentes quanto a seguinte fase de Veblen’ a prova duradours {do trabalho produtivo€0 seu produto material — quase sempre um artigo de consumos.* Aqui a -prova duradoura- que ele menciona WA capresso € de Kal Dunkmann (Secs dey Arb (1933), 1p.2h, que ebver covrtamene que tle da rande obra de Mars & Iadequado: devera ler sido Sete der Ari 40. Esta curios formulas ocore em Thorstein Veblen, The Blew of the Lssare Che 131). ph 13 4e inicio (por necessitar dels pars a suposta produtvidade do ta bor} ¢ mediatamente destruda pelo -® Quando “iO termo cergegenstinchen no ocore muito Freqientemente fem Marx; mis, qlando ocore ¢ sempre sum contelo eral CEJ leendscriten, pK Das praktsche Ezeugen cet gepenstindlchen Walt die Bearbeiung der unorganschen Natur ft ie Bewahrung des Menschen als eines bewssten Gttungswesens (Des Tie) prdier tmcer der Herschalt des unmiteberen Bedirnisses,watrend der Mensch selbst fret vom physischon ‘editns produsiert und ert Arahat producer in der Freie von denstben~ Agu como notre ‘ho de'0 Coptal indo na nota 36, Mark sbvismente ito um com ‘to interment dferene de lab. soe fala de abo e de fab (io. A'mesmareifagao € mencionada em Dus hepa! (Vall. Parte 3 Sop.) embors de modo usm tanto equvoca: Die Arb) is vereeren Stlndlich und der Gegenstand ist verarbeters. O jogo de paves em tomo de Grycnstand forma obscure © que de fo sucede no proves: ltvavés da reicasio, uma cose nova € produnds, max © sets que teste process transform em cosa & do pono de wnt Jo process. Spents materia prima e nig uma cosa. (A edo inglesa editada pel Movers Library, p20] so aleanga sine o eto stemio eh foge do equivoco), 42, Tratase de wa formulagio que acoterepetidamente aa obras de Marx, Vjese, por exempl, Dun Rup, Vol ted. Modern Lib .s0)e Volill, ppatsrs na Mars insite que 0 processo (do trabatho) termina com o produto Finals.” esquece sua propria definigio deste processo come =mets bolismo entre o homem e a aatureza-, durante © qu © produto & imedistamente -incorporada-, consumido e destruido pelo proces 50 vital do organismo. Uma vez que nem Locke nem Smith estava interessido no l- bor com tal ambos podiam dar-se ao luxo de admit certas distin shes que na verdade equivaleriam a distingsir em principio ence Tabor trabalho, nao fosse 0 Seu modo de ver come simplesmente imelevantes as caractersticas genuinas do labor. Assim, Smith char ima de trabalho improdutivo> todas as atividadesretacionadas com ‘© consumo, como se se tralasse de fico acidentaleitelevante de algo cuja verdadeira natuteza é ser produlive. O desdém com que fle diz que =tarefas servigos mesquinhos goralmente desapare ‘cem no instante em que S30 realizados e raramente deixam aris de 5 algum vestigio ou valor tem muito mais a ver com a opiniio pré-moderna que com a moderna glorificao do wabalho. Smith e TTocke sahiam ainda muito bem que nem todo tipo de trabalho trans mite a tudo uma diferenga de valor,""e que hi cert tipo de atvi- dade que nada acrescenta -a0 valor dos materiais com Os ste buthas.” E verdade que também o labor transmite natures algo ‘que € proprio ao homem; mas a proporgio entre © que @natureza 45 — as boas coisas» — e-0 que'o homem Ihe acrescenta € ex mente inversa aquela entre os produtos do labor ¢ os produtos do trabalho. As =boas coisas= destinadas a0 consumo jamais perdem ‘completamente seu estado natural: 0 grio de tio jamais chega ‘desaparecer no pio como a avore dessparece na mesa, Assim, tembora desse pouca atencio a distin que ele proprio fazia ence 0 labor do nosso corpo eo trabalho de aossas mans, Locke ent forgado a reconhecer a diferenga entre coisas de wcurta duragio € ‘otras, sufcientemente »duradourase =para que os homens poss 43, «Des Prozes elscht im Produkte (Dus Kup Val. , Pate 3 capita 3. 4, Adam Sait, op ct 48, Locke, opi, sega 0 46, Adan Sai, op cit us ceonservi-is sem que se extraguems." A difculdade ers & mesma para Smith © Lacke: os sprodutese deviam permanecer por um empo suficientemente longo no mundo das cosas tangiveis para {Que adgurisein "valor © poucd importa seo valor era definido for Locke como algo que pudesse ser conservado e transformado Em propriedade, os, por Smith, como algo que durasse © tempo Suhgiente para ser trovado por outa coisa ‘Mas estes sio pontos secundatios quando comparados a con teadigao fundamental gue eiva, como um estigma, todo 0 pense mento Je Marx, e que esta presente tanto no terceiro volume de {Cary quanto nas obras do jovem Marx, Acattude de Marx em re- {ugho ao trabalho, em relagao a0 proprio fore Jo seu pensamento.. sempre ft equa» mor alo fesse una eter ne Sidade imposta pela naturezs+ ¢ a mats humana e produtiva da a Vidaves do homem, a revolugio, segundo Mars, nio se destinavaa {Uhancipar 3s clases tabalhadorass mas & emancipar o homem Jo Trabalho somente quando o trabalo ¢ abolido pode o reino ds Hperdadcs suplantar 0 sreing da necessidade>. Pis =0 tein da I bherdade comeya somente onde termina 0 traballo imposto pela ne- Cersidade e pela utdade exteriors, onde termina o vimpénio das rnecensidadeslsias imedhatas»” Contradigbes tio fundamentais © Ts pit, segdes dhe 48, Lie tle evel (194), de Sls Vuillemin um bom eke do que sconece quundo se tents resoer as conrad © equnon0s fundamen do permanent de Mars. Into 50 € possvel quando se nundonainciraneateo tester fenomenohigcoe se cOmeEs Ui concise Mars const constuem. por st meson om con pllcado quebraceabera de abstragdes. Assim. 0 labor =dcorre apaent Incnte da nevessdade> mas na verde realea 0 valoda iberdade © [Mum nosso poder: no labor, at necesidade express (part 0 homer) turin oeltos pp 18:16) Em contraposiao a ets terativas {de tulganeagao soften, convem lembrar = atte soberana do pe ps Marte elagdo sabe bra, dee relatada por Kattshy na epee Rintrctas atsky porgmtow a Mans se ele ro pretend eta sas ‘brs complete, a0 que Mara fespondeu: Primi, € preving exrever SRS Shrug tRausthy. Aur der Frage des Maris (1939. p50) 88, Day Kup HL, #73, Na Deng Iwo, Mace aber QUE tie hommumistiche Revolution die Arbeit beset (p59), depo’ “ich alma gum papas antes (10) qu somente ares do te fa a homem se dtingue dos anim 16 flagrantes quanto estas raramente ocoveem em esritores medio res; no caso dos grandes autores, vio ao propria ceme de sta ‘obra. No caso de Mark, cua kuklade e imepridade na Jescrigio {dos fendmenos. tal como estes se apresentavam aos seus oon, Si indubitivels, as dserepancias importantes. observadas porto. ‘dos 0s estutiosos de sua obra, nko podem ser anbuias a deren ‘ga centre o ponto de vista cientifico da historiadore o pont de iy fa moral do profetas." nem a um movimento dialtico que exiisse ‘© negativo, ou 0 mal, para produzir o postvo, ou o bem. O ato & ‘que. em todos os estigios de sua obra, ele define © homem como. {tnimal laborans para levislo depois a uma Sociedade na qual este poder, maior e mais humano de todos i nao € necessaro. Resa ‘hos angustioss sltemativa entre & escravidio prodtivae iber- dade improdutiv ‘Surge assim a questio: por que Locke e todos os seus suces- sores, apesar de toda a sua perspiicia, se apegaram to fimemen te ao trabalho (labor) como origem da propriedade, da riqueza, de todos 0s valores, e Tinalmente da propria humanidage do homem? ‘Ou, em outras palavras. que experiencia inetentes& ativilade Jo labor passaram a ser tio importantes na era moderna? Historicamente, os erst politicos do scculo XVI em dian te viramse frente a frente com um processo ale enti inaudito de riqueza crescente. propriedade crescente aquisgao crescente ‘Tenando explicar esse constante crescimento tiveram a tengo naturalmente voltada para 0 fendmeno do proprio processo pro- zressivo, de sorte que — por motivos que tefemos de uiscuti ai tarde" —@ conceito de processo veka & sera palavracchave da no va era, bem como das ciznclas histrieas © natura que ela desen- volveu. Desde os seus primordios este processo, dada sus aparente interminabiidade. foi eoncebido como process natural, ¢ mise Peciicamente a imagem do proprio processo vital. A mais grosse 8 superstigdo da era moderna — de que sdinheto gera dimbeiro = € sua mais agua percepgio politica — de que poder gera poder = devem sua plausible & metafora fundamental da fertiidade hatural da vida De todas as atvidades humanas somente o labor. © rio a ago nem o trabalho, ¢interminavel visto come acompanha 50. A formulao € de Edmund Wilson em Ts the Filed Staton (6d. Anchor, 1953), mus tratese de crea conbecida'na ert mar SL. Vejnse cap. vi 42, «sep, sutomaticamente propria vide, iniferente # decisdes voluntaras ‘ot finalidades humsanamente importantes. Talvee nada indique mais claramente 0 vel do pensamento de Mar eu fideliade de suse deserigies 4 realidade fenomenol fica que o fato de haver baseado toda sa teria ma concepga0 do {rabalho labor) eda procriaguo como duas modaldades do mesmo proceso fer de Vida O trabalho labor) era para ele» seprod {do da vida do propmo individuoy. que Ie ssvepurava a sobrevi Yéncia, enquanto a procrugao eras produgio -de vida alheian. que fassegurava a sobrevivencia da especie." Cronolopcamente, ess intuigio &a origem onipresente da teors que ele Jevenvolveu em ‘Seguida, chamando de =trabalho abstrato- a forga Je taba (le bor power-) do orgnismo vivo e voncebendo o excedente de tr batho» como aguela quantidade de labor powers remanescente de pris que foram produzidos os melos pura areprodusao do taba flor. Com essa intuigao, Marx desceu a peofundezas jamais atin das por qualquer um dos seus precursores — aos quas. exceto nes te mio, deveu quase todas as suas inspiragdes eruciaiy — ou ‘qualquer um dos seus sucessores. Adapiou sua teri. teoria ds fra moderna, 0 mais antigos e persstentes conhecimentos du tureza do labor, que segundo as tadigoes hebraica eclisica est ‘a intimamenteligado a vida como processo de geragao. Da mesma Forma, o verdadeiro significado da fecem-descoberta produtividade do trabalho (labor) = se tora evidente aa obra de Marx. ma qual Tepousa sobre o equacionamento da protiidade com a fertiids- te, de sorte que © famoso desenvolvimento das =foreas produt ‘ass da humanidade para a criagio de uma Sociedade abundante ‘em =coisas boase realmente nio obedece a outa lei nem € sujeta Dutra nevessdade senso © mandamento orginal — -cresceie mul tiplicai-vos» —, no qual € como se nos flasse a vor da propria ma ‘A ferildade do metabolismo do homem coms natureza. de corrente da redundancis natural 60 «labor powers. participa sind «da Superabundineia que vemos porto parte do reino da natureza. 'A bengao ou agra do labor & 0 modo humano de sentir a pure Salisfagio de se estar Vivo que temos em comum com todas 25 eriaturasviventes;echega a sero unico modo pelo qual também os hhomens padem permanecer na ciclo preserito pela naturezs, dele partcipandoprazeicosamente,labutandoe repousando laborando € onsumindo, com a mesma regularidade feliz inintencional com TE Deuce Meolote, pt ue eo ae ‘que 0 dis segue a noite e x morte segue a vida. A recompensa das Fadigas e penas ests na fertiidade de naturees, na trangia cortez de que aquele que cumpriu sua parte de ofadigas © penas: perma rece como parte da natureza no futuro de seus filhos e nos filos de seus ilhon. © Antigo Testamento, que, ao contri da anigu ‘ade clissiea, considerava vida sagrada © portanto ni via a mor. tee o labor como males (e menos uinda como argumentos conta Vida). mostra, na historia dos patriareas, como eles viviam des: preocupados com a morte, como prescindiam da imontaidade ind dual eterna ou da garantia da etemidade de sus amas, e como ‘a morte Ihes vinha sob a forma familiar da note, do silencio. © do Fepouso eterno snuma bos velhice chet de anos 'A beng da vi como um todo, inerente go labor jamais pe 53, Em parte aiguma do Velho Testamento & more & repeesentads como 0 gud do petado-."A waldo que expubou © Romem 60 paraiso tampouco 9 puna com o labore pascimemo: apenas torneu © Libor mais tnivo © otscinento dolorne.Sepundo 0 Géneses,o omen (ada fra vio para casa e zl ela tra (aaah. como © 54 [roprio nome. que € a forma mascalina de oslo indie ese Ge. 513) Nem havia ainda Adam pra cultivar damal Forme pois © Sehor Deus sudan do 9) de tdumal- Bele. Des, tow a tn polo no paraiso das delcas. pura ele 9 clare gatas (U0 ‘sui tradugio de Marin Bubcre Franz Rosenzweig, De Sein Ber iim, ny. A polava scuivar, que mats tarde se Toro u pales he brea ews que signin trabalho. tem 2 contagso de ware. A malig (9:17-19 no menciona esta playa, mas osinicao € car: ‘© servig pars o qual © homer hava Sno ciao tormavnrse agra se ‘io. A iterpretagio errs, corentee poplar du malig se deve @ tuna inerpretagio inconciente Jo Velho Testament & hi do pens mento grew snterpetaao ela geralmene evitada pels stores cals (ou. Vejase, por exemple Jacques Leclercg, Legos de drt! naw Voli: Parte Tes. Propet, (1986), p31" "La pein di trav ‘st le resulta da peche orginal ‘Lihomme on decbu eit tava ‘dans la joe, mais i et travail ou J. Chr Natemann, Die moderne ‘Avbeinscidoich and theonachhetnachit (129), Eilers te, nese conento, compara a maldijao do Velho Testamento om 4 ex Plicasao apareniementesemeltant da asperers do trabalho ct Hesiod Diz poeta que os deuses, pur puro home. esconderar dle ids (ejase ne sorte que ele nha que procort,a0 passa ut, ane, to 0 que precisava fazer ers ealber ot rato da ters no campos © saves Ai mai cst lo ape perro 19 ser proporcionada pelo trabalho. nem deve ser confundida com 0 breve intervalo de also alegria que se seque a consumagio de tm feito © acompana sua fealizagio. A béngio do labor consiste no fato de que @ esforgo © @ recompense sequemse tio de pesto ‘quanto a produgio e 0 consumo dos meios de subsisténcia, de mo- Ado que a felicdade & concomitante vom 0 proprio process, da ‘mesma forma como o prazer € concomitante Eom funcionamento de um corpo sadio. A sfelicdade da maiorae, na qual generalia ‘mos e vulgarizamos o contentamento que sempre abengoou & Vida terrena, conceituou como sideals realiade fundamental de ums hhumanidade que labora. O dizeito de buscar esta Felicidade ¢ rea mente tio inegavel quanto 0 dieito vida: chega a ser wntica a ela. Mas naa tem em comum com 0 sucesso, qe raro e nunca ‘dura e no pode ser procurado, porque depende da sorte € daquilo ‘que 0 acaso die toma, embora a muioria das pessoas, em sua SThusca de Teliidade-, persiga 0 sucesso e se torne iafliz mesmo {quando o encontra, por querer conserva e gozat da sorte como se testa fosse uma inesgotavel abundancia de boas coisas. Nao exis- te felicidade duradoura fora do ciclo preseito de exaust doloross € regeneragio agradavel; e tudo o qUe perturba o equilrio deste clo — pobreza e miséria nas quas a exaustao ¢ seguida pela des sraga ao imés de regenerasio, ou grande rigueza e uma vida intel Famente isenta de esforgo na qual otedio toma o lugar da exaustao as engrenagens da necessidade, do consumo e da digestio tet Fam, implacavel e esterimente, um corpo humano impotente ate mmaticlo — destrt a felicidade fundamental que advem do Tato de ‘A orga da vida & a fetidade. © organism vivo nio se esgo- ‘a apés garantie sua reprodugio: 0 excedente» esti em sua poten ial multiplicagio. O coerente naturaismo de Marx descobriy Sforga de trabalho» (labor power=) como modalidade especitica- ‘mente humana de forga vital, tio capaz de criar um sexcedente- ‘quanto 9 éa propria natureza. Come Marx estava quase exclusiva- mente interessado neste processo em si, 0 processo das forgas produtivas da sociedade» em cuja via, como na vida de qualquer fspécie animal, 4 produgio e 0 consumo sempre se equilib, {questio da existéncia separada de coisas mundanas,etja dural ‘dade sobrevive suporta os processos devoradores da vida, jamais Ie ocorreu. Do ponto de vista da especie, todas as atvidades rea ‘mente enconiram seu denominador comm na labor, e © unico er {erio de distingao que esta € a abundincia ou escassez de bens que slimentano process vital. Quando tudo se torna objeto de consu 0 _ mo, perde toda importinciaofato de que o excedente de labor no altera a natureza, a curta duragios, dos proprios produtos;e isto Se manifesta na obra de Marx no desdem com que ele tala 38 com plicaas distingdes de seus precursors entre trabalho produtivo e Improdutivo ou trabalho qualficado e nio-qualicado. ‘© motivo pelo quil 0s precursores de Marx no se puderam ‘esquivar dessa dstingdes, que esencilmente equiva 4 Uistingso fnais fundamental entre trabalho e labor, io coasistiv em que les fossem menor scientificos-, ¢ sim que partiram winds ds premissa dda propriedade privada ou, pelo menos, da apropriaggo da riqueza racional pelo individuo, Para que se estabelesa a propriedade. & ‘mera abundincia jamais pode ser suficiente: os produtos do labor fo se Tornam mais duravels por serem sbundantes, e mio podem Ser samontoados» e coaservados para juntar-se & propriedade de tum bomem: pelo contrario, € bem provavel que desaparesam no procesto de apropriagio, ov spetegam inutilmente caso no se onsumidos santes que se estraguem.. ise A Privatividade da Propriedade e da Riqueza A tins vita pose parecer reineteetrino gu ua fla destinada a levar to conclusivamente i abolgio de toa propriedade tena partido da afrmagao toric da propiedad pi ‘ada. Talestrinheza, porém, desfaz-se um pouco quando lem mos o aspecto agudamentepolémico da preocupagio da era moder na com a propriedade. cujos direitos foram afimados expicitamen te contra a esfera comun'e contra o estado, Como nenbuma tora Politica anterior a0 socialisme e 40 eomuismo propuseraestabele- ‘cer uma sociedad interamente destiuida de propriedade, e como henhum governo, antes Jo sceulo XX, demonstrara seria inelins ‘40 de expropriar os seus cidadios,o conteinlo da nova teoris io Podia ser resultado da necessdade de proteger ox direitos de pro- Priedade contra possvelinirusio da esters do govern. O fata & ‘que, naguela época, a0 contrrio de agora, quando todas as teorias dda propriedade encontrar-se obviamente na defensiva. os ezono- mistas" io’ estavam_absolutamente na defensiva: ao contriio. fram abertamente hosts toda a evfera do govern qu, mi melhor das hipoteses, ers tid como «mal necesito. tefleno da nature {a humane, na por, como patasita da vida Ua sociedade que fem tudo mas, era sadia® O que a era modern defendeu tao air radamente jamais foi propriedade como tal, mas u buses dese freada de mais propriedade, ou sea, 1 aproprasao; em contrapos ‘Gao a todos os orgs que defendiam s permanéncis »morta» de um {undo comum, a era modema travou suas batalhas em nome da, da vida da sociedade. ‘Nao esta dUvida de que, como o proesso natural da vida res eno corpo, nenhisma outa aividade€ io mediatamente vincul {da vida quanto labor. Locke ado se satisfaza com a tradicional texplicagio do trabalho (labor) como conseqiencia natural einevi tavel da pobreza, e jamais como meio de abo, nem com a tad ‘ional explicagio da onigem da propriedade através da aquisgio, Conquista divisio onginal do mundo comm." © que realmente Tar Tados os autores da ers moderna concortam em que © lado bom e sproditivo da marera humana ¢ fefeido pela socedade, em {ato a maidade do homem forma 0 govern secessisio. Como sie ‘Thomas Paine: =A socedade ¢ prousida por nosis necessidades. {overno por nossa maldale: a primeia promove nossa feiesade posi- Samemt, unindo nowas aflgdes, enguamoo segundo o faz negative ment, impondo limites aos nssoy vicios. Ee todo Estado, a socied ‘Se cuma beng, mas o govern, mesmo no melhor dot Estados. € uM tal necessrige (Comno Sena, I778) Ob Madson: =Mas 0 que €-0 ropio govemo sen um don maires reflex damatreza humana? Se bs homers fowsem anon, aso havera ecesidade de povermo. Se os ho ‘mens fostem povernados por anjos. no haveranecesadade de contol Extemos a ntermose (Te Federal od. Mera Lib), P37) 5S, Esta er opinito de Adam Smith, por exemplo. que se mostra ‘ra indignado antes extavagacia public do govern =Tods ou que ods a rendu publica na maiora dos pases € cmprceada para anter tenteimprodtivas tpi I, 306) 6, Sem divi, «antes de 1680, nnguém coneebia que bomen esse dieito natural 4 propiedade em decortenla do seu trabalho Tiers depots de 190, a iden pssow a serum axioms da cignia So (Gals chard Schlatter, Pate Papers: The Mistry of wt feu 1950, p 150), Os conceitos de tabu t de propriedade chegsvam a er me Teamenteeiclsives,enquantotabato\epabreza (ons penis, Arbeit {drmat) eram afins mo sentido de que & atviade que corespondia 30 Estado de pobrect ert 0 tnbulbo. Pio, portant, gue sirmava que Os m 0 interessava era a apropriagio, ¢ © que devia encontrar era uma dividade que tivesse's caraterstica de aproprarse do mundo e ‘ua privatividade, ao mesmo tempo, estivesse Tora de divida ou questao claro que nada é mais privado que as fungies corporais do processo vital, inclusive a fertlidade:€ € digno de nota 0 fo de ‘Que os poucos casos em que alé mesmo uma -hurmanidade socai- Zaxdae respeitae impoe severa privaividade tenham a ver preisa- ‘mente com essa sivas: posta pelo proprio process vita Destas, labor, por ser atvidade e no mera Fungéo, € a menos privada, por assim dizer, a Unica que sentimos que nio deve ser fscondida; no entunto, ¢ ainda sufiientemente aparentad 40 pro ‘Sess vital para tomar possvel o argumento a favor da pivaivida- de da apropriagio, em oposigio a0 argumento, muito diferente, favor da privatividade da propriedade ” Locke furdamentou a propriedade privada naquilo cuja propriedade € a mals pivada de todas, a propriedade (Jo homem) no tocantea si mesmos, ou Sea, ‘0364 proprio corpo." «0 labor do nosso corpo e @ trabalho de nos Sas mioss tornam-se uma coisa 96, uma vez que ambos so “imcios~ de “aproprat>aquilo que «Deus ..deu em comum 205, hhomens», E esses meios — corpo, mis © boca—sio os apropria- ores aturais, visto como ndo spertencem em comum a humanida des, mas $30 dados a cada homem para seu uso rival.” I como Marx teve que iniodvzt uma forga natural, o la bor power» do corp, para explicar a produtividade do trabalho e © ‘gradual processo de rigueza crescente, Locke, embora de modo menos explicit, teve que buscar a propriedade numa origem natu- ‘rcravor ram «muts- porque no dominasam seu lado animal, taka Senbor desi meetin (reves ka heaton me Kraan (Sean aa SIA), Nenhurm dos aores cisios jamais pensou no trabalho como possvel fonte de riqueza. Segundo Cicero gue provavelmenteapetas Exprime a apinio 80 se tempo ~a propiedade« agua straves de Eonguista, ria oo iis legal (at tetereoceupatone wat tore ft tege tDe otc 1.20. ST. Vejase 68 cima ral de apropriago, a fim de romper forga aquelasfroneiras esti ‘reise mundanas que «separam do comum 0 quinao do mundo ‘que cada pessoa privadamente possui* O que Marx tinha ainda em ‘Comm com Locke era que pretendia vero processo de ereseente Fiqueza como processo natural, seguindo automaticamente suas leis ¢ fora do aleance de intuit e decsbes voluntras. Se alguma atividade humana haveria de estar de alguma forma, envolvida em tal processo, 6 podia ser uma -alividades cujo uncionamento na- {ural nao pdesse ser interrompido, mesmo que o indivi o dese- jase, Inerromper tis vatvidades» seria, ealmente, destrui mx tureza;e, para toda a era moderna, quer se aferasse a institu {da propredade privada ou vise nela im empecitho ao cresciment0 dda riqueza, 4 interrupgio ou 0 controle do processo de enriqueci- mento equivalia uma tentativa de destruir a propria vida da socie- dade ‘Em vista da evolugdo da era moderna ea ascensio da socieda de, na ql & mais privada de todas as atividades humanas, 0 labor, Se tomou publica ¢ estabeleceu sua propria esfera comum, pode- nos duvidar que s existéncia da propriedade, como lugar privada- ‘mente ocupado no mundo, sejacapaz de superar o inexordvelpro- ‘esto de rigueza crescente. Nao obstante, nio deixa de ser verda- eiro que a melhor garantia da privatvidade dos bens de uma pes- Soa — isto €, sua completa idependéncia em relago 20 scomu a transformagio da propriedade em apropriago, ou uma inter pretagdo da =separacio do comum+ que veja a apropriagio como Frsutado ou sprodto da atividade do corpo. Sab este aspecto, 0 ‘Corpo realmente passa a ser a quintesséncia de toda propriedade, lima vez que ¢0 Unico bem que 0 individuo jamais poderia compar thar com outro, mesmo que desejasse fazélo. Nada, de fto, € menos comum © menos comunicavel—e, portanto, mais fortemen- te protegido contra a vsibiidade ea audibiidade da esferapablica fue o que se passa dentro de nosso corpo, seus prazerese dores, ‘eu labor e consumo, Por 880 mesmo, nada expele 0 individuo ‘mais radicalmente para fora do mundo que a conceatracio excl ‘Siva na vida corporal, concentraco esta forgada ao homem na es: Cravidio ou na condigio extrema de dor insuportvel. Quem, por falgum motivo, pretenda torarinteiramente «privada»a vida hum int, independente do mundo € coasciente apenas do Tato de sta Dripria existéncia, deve basear seus argumentos nesas experién Bid. segio 34 iP cas e, como a implacivelfadiga do labor eseravo nfo é natura fe sim feita pelo homem, e contradiz «natural frtiidade do wnimal Taborans, eujaforga no se esgota © cujo tempo nio se exingue ‘depois que cle reprodue sua Vida, a experizncia wnatual> em que se baseia a independéncia em relagdo ao mundo &, para esticos © tpicurstas, noo labor nem a escravidzo, mas a dor A felcidade leangada no isolamento do mundo e usufruida dentro das frotei- fas da existéncia privada do indiviguo jamais pode ser oura coisa Sendo a famosa sauséncia de dor: qualquer variate coerente dO Sensualismo concordari com esta definigio. O hedonism, a dou trina que afirma que somente as sensagbes comporeas sio reais € tpenas a forma mais radical de um modo de vida apolitic e total mente privado, a verdadeira realizado lahe biosas ka me pol Teuesthai de Epicuto (vive parte © aio te envolvas nos negocios ‘do: mundo». 'Normalmente, a auséncia de dor & apenas a condisio fisca necessiria para que © individuo sinta © mundo: somente quando 0 ‘corpo nao ests iritado,e devido &iritago votado para dentro de Si mesmo, podem os sentilos do corpo funesonar nornalmente © = ‘ceber o que hes € oferecklo. A auséncia de dor geralmente 36 € “Sentidae no breve intervalo entre adore a no-dor, mas a sensi {ia que corresponde ao conceilo de elcidade do sensualista € 0 Stifamento da dor endo «sua auséncia A intensidade de tal sensa- {540 € indubitavel: na verdade, somente a sensagio da propria dor pode iguali-la* O esforgo mental exigido pels Filosaias que. por i, Acredito qu certs pos benignos ¢ bastante Freqienes de ae 0 a diggs, zeramenteatiuidos a propredadesformadors de MNO {estas ultima talver se devam ao deseo de epetiro raze experimen tide com o alvio da dor. scompanhodo de intenso sentiento de eu ‘Ba. Em si 0 fendmeno era bem conecido a anigunade na erat ‘moderna, prem, minha sopogio 40 encoata apo em Isak Dinesen, converse at Nigh io Copenhgens (Las? Tule (1987) pp 338 TL). one ‘la considers va cessgin da dors um dow pos de feliidade ere fae, Plaio 3430 ope aueles que, ao dearer de en doer ate- tltam flimemente ter ating @ meta do. prarer= (Republi HBA). fnas admite que eses sprtzereslegtimon: que se segbem 2 dor & Drivagio sio\maisimemsos qe 0s pazetespuros. como o eben um roma delicado ou contemplar figuras, geometries. Ecusoso que « ‘Confundo esta questo tea sido itroduiga pos hedonstas. que nid ‘Geri adie que pazer da cessagio da dor € de maior inside ‘ge 0 sprazer porto, pra no falar da auseaca da Jor Asn € gue i motives diversos,cuidam de 70, Max Weber, «Agraverilinisse im Abertums, em Gesammelte Aupsitse sue Sil = nd Wirachasenihte (1328), 813, 11. Herddot i113, por exempla cide te di tout. passin. Bx presso Semehanteocovre emt Plime, Mista Natural xa. 19: aliens Pedibus wmbudunts® ales aca antacimas lena mem salt Imus alone tomas opera (ead por Rit Barrow, Slacere the om. Empie (928). p36). +Anddaos com pen allo: veo Com ‘oles abe: reconhecemos esaudamos a pessoas com ua memoria Shia vemos de trabalho sei m2 Pois @ nosss crenga mi realidad da vida € na realidad Jo mundo rio sio mesma coisa. A segunda provem basicamente da permanénciae dt durabiidade do mundo, bem superiors asda vi ‘da mortal. Se © homem soubesse que 0 mundo aeabaria quando ele Imorresse, ou logo depois, esse mundo perderia toda a sua realids de, come a perdeu para os antigoscristaos, na medida em que esta vvam convencidos de que as sus expectativas escatologicas eran imediatamente realzadas. A confanga na realidade da vida, a0 ontario, depende quase exclusivamente da intense com gue Vida € experimentads, do impacto com que ela se faz sentir. Esta intensidade € tio grande e sua forga€ tio elementar gue. onde quer ‘que prevalegs, na alegria ou na dor, oblitera qualquer ourarealid ‘de mundana. Ji se observou mutas vezes que agua que a vida ‘dos ricos perde em vitaldade, em imtimidade com as -boas cos «da natureza,gunha em refinamento, em sensibidae 3s coisas bess {40 mundo. O Tato € que a capacade humana de vida no mundo im pica sempre uma capacntale Je tracers e llense Jas rces ‘Sos da propria Vida, enquanto a vitalidade e © vigor $6 podem ser conservados na medida em que os homens se diponkam a reat ‘com 9 dus, as fadigas ¢ as penas da vida F verdade que'o enorme aperfeigoamento de nossos inst: ‘mentos de trabalho — 0s robos mudos com os quas © fa fe feoreu em axilio do wna labora. em contraposi 0s ns {rumentos humanos dotados de fala (0 vntrntentan cova com {oy chamado o escravo doméstico dos anges) 0s quai © homem dd agio tinha que subjugare oprimie sempre que desejaa ibera © tinimal labora de sta serving —tornou o duplo labor vib. 0 esforgo de sa manutengio e a dor de gercls. mais fil € menos ‘doloroso do que jamais Tol antes Isto, naturalente. nao eliminoy ‘4 compulsio ds atvidade do labor, nem eliminou da vida humana ‘ondigio de sujeio a necessidade. Mas, ao contrat do que oor ‘Ha ma sociedade de escravos, na qual a -maldigao» da necessidade fer uma realidade muito vivids porque a vids do esctavo testemo= ‘hava diariamente ofato de que a -vida escraviio>. esta con (Go Ji no hoje inteiramente murifesta;e, por nio parecer ti Toma-se muito mais dif notila ox lembrila. O perigo agu Sbvio. O homem que ignora ser sujito a necessiade no pode er Tivre, uma vee que si liberdade © sempre congustadu mente Tentativas, nunca infeiramente bem suceddas, ue Ubertarse da hecessidade” E, embora ponsa ser vetdade que 0 que mais forte imente 0 impele a buscar essa liberdade ¢ sua =repugnansia ft ddades, € também possivel que o impulso enfraquoga & medida em a ‘que essa «futilidade» parece mais ficil © passa a exigi menor ey Forge. Pois ainda & provavel que as enormes mudangas da revel {0 industrial. no pansado, eas mudanyas ainda maioves da evolu {0 atdmica no futuro sejam apenas mudangas Jo mundo. & no fudangas da condigao Basia da vida humana na Terra |S ferramentase istrumentos que podem ssvizar consider velmente o esforgo do labor nao si0, ees menmo. prio Jo labor, mas do trabalho; nio pertencem uo processo do consume: ‘ho parte integrante do mundo de objtos Je uso. O papel que de Sempenham. por maior que seja para labor de qualquer civil ‘Ho, jamais pode ating importineia fundamental que os ists mentos tém para todo tipo de trabalho. Nenhur trabalho pode ser prodzido sem instrumentos: 0-aparecimento do lions falvs eo Surgimento de um mundo de coisas feito pela homem. sio. na ver dade, contemporineos da descoberts de astrumentose ferramen tas. Bo ponto de vista do labora ferramenis relorgam ¢ oli ‘am a forga humana até quase substiturla, como ocorre em todos ‘0s casos nos quais as Torgasnaturas, como os animals domesico, 4 org hidruica ou eetriciade, © no coisas materiis, 80 JO ‘madas pelo homem. Da mesma forms, os istrumentos aurea 1 feriliade natural do wal ahrrunye produzem uaa abundant ‘ide bens de consumo. Mas toda estes mudangas io de nate 7a quantitatva, a0 passo que a propria qualidade das coisas fade fads, desde o mais simples objeto de uso ates obraeprima de arte. ‘depend intimamente da existenia de insteumentos adequados. ‘Alem disto, as limitagées dos instrumentos no tocante & ate- ‘nuagio do labor da vida — 0 simples fato de que os servigos de um Unico servo jamais podem ser inteiramente Substiuidos por uma centena de aparelhos na cozinha ou por meia dizia de robds no Sbsolo — sio de naturez fundamental. Prova curiosa einespers- dda deste fato € que ele pide ser previsto mires de anos antes do Fabuloso desenvolvimento de instramentos e miguinas. Em (om meio Tantasioso e meio inico, Arstoteles imaginou, cer vez aquilo qu. deli para ci, jase tornou realidad ou se, que ~cus instrumentofosse capaz de exceutar 0 se trabalho quando se Tho ‘rdenasse como as estituas de Dédalo ou as tripades de Hefesto ‘ue. segundo diz 0 posts, “de moto proprio, vinkam ter aos dew Ses's Assim, a shingadeira tecera e pleceo tangeria lita sem {que mio humana os guiase», E prossegue: Sto sguicaarealmen- te que o artifice ja nao dependeria de asistentes human, mss ro que 0s escravos domesticos pudessem ser dispensados. Pots 05 ‘eseravoy ni eram insirumentos de fazer cosas, ov da pro. ey emer mas ds vida, que constantemente consome os seus servigus.” O processo de fabricar uma coisa limitado, ex fangao do instrumen- {o alinge um fim prevsivele controlado no proto acaados 0 processo vital que exige o labor € uma atividadeinterminivel,€ 0 ico sinsumento> sa altura seria um perpetiann mobile sta &. 0 insirumentum vocale, Bo Vivo ¢ alivo quanto o organism {que serve. -Dosinstrumentos domésticos nada resulta alem 60 so {bs propria possess e € precisimente por isto que cles no podem ‘Ser substtudos pelasferramentas einstrumentos Jo artic, =dos ‘ais resulta algo alem do mero uso do instrumento. Embora os insirumentos ferramentas, desinados « produzie algo além ¢ totalmente diferente do mero uso, sejam de import tia secundaria para #stivdade do labor, o mesmo nao se aplice 0 ‘outro grande principio Jo processo da lide humana, a dvisio do trabalho (enquanta labors). A divisio do labor, reskmente, rest {ado direto do processo de labor. c nao deve ser confundida com 0 principio, aparentemente semelhante, da especalizagio que prevar {ce nos processos de trabalho e com o qual nio deve ser equacio- nada. A especalizasao do trabalho e ivi do labor fem em co mum somenteo principio gerald organieagio, principio este qe, fem si nada tem & ver com 0 trabalho uo labor, mas deve Sua OF {gem a esfera de vida estritamente politica, ao faio de que o horem & capaz de agi. e de agir na companhia e em acordo com os outa. Somente dentro da estrutura da organizagio politica. onde os ho ‘mens nao apenas vivem, mas agem juntos, podem ocorrer a espe- Cializagdo do trabalho e 8 dvisao 0 labor. ‘Contudo, enquanto 2 especalizagio do trabalho € essencial- ‘mente guiada pelo proprio produto acabado, cya natureza ¢ exigit. diferentes habilidades que, em sepuida, sio reunidas eorganizadas fem um conjunio. a divisio do labor, pelo coateio, pressupse & fequivaléncia quilitativa de todas as atvidades isoladas para as {quais nenhum quilificagio € necessria: ¢ estas alividades mio tem uma fialidade em si mesmas, mas representam, Je fat, $0 mente certas quantidades Je =labor power-, somadas umas 3s ot tras de modo puramente quantitative. A divisio do labor ¢ baseada ro fato de que dois homens podem reuni @ seu slabor power © FE, Asees, Pola 1253090154018 7D. Winston Ashley. opi. caps Bs jproceder um com 0 outro como se fossem um sé Esta unidade Cexatamente o oposta da cooperagios indica # unidade da especie, fem velo qual cada memibro individual igual einereambiavel {A formasio Je uma coletividade de labor, onde 0s operat SSo Sovialmente onganizados segundo este principio de Um slabor po wer comuim e divisive, € a antitese das Varias orgaizagies Je Trabalhadores. desde os antigos guilds» « corporagoes, ale certos tipos moderoos de organizagoes sindicas. eujos membros Bo un {bs pelos talentose especializagbes que os distinguem uns Jos ou tros.) Como nenhuma das aividades em que se divide © processo tem uma finaidade em si mesma, sua meta natural-€ exatamente ft mesma do labor -individios: a mera reprodugao dos meios de Subsisincia, ito é a eapacidade de consumo dos eperirios, ou a {xitstao do labor powers humano. Nenbuma desta ds is {oe5.potem, & fina: a exaust faz parte do processo vital do indi- Yiduo. nao da coletividade. e 0 substrato de um processo de labor ras condigGes da divisio do labor € uma forca coletiva de labor. ‘io 0 labor powers individual. A inesgotabildade desta for de Tabor correspond exatamente i imortalidade da especie, culo pro- ‘cesso vital como um todo também nio é interrompido pelo nasi mento ¢ pela morte dos seus membros individuais. Mais seria nos parece a limitagio impasta pela capusidade de ‘consumir, que permsnece no indviduo mesmo quando & orga cole- tiva de labor substitut oslabor powers individual. O crescente aci- tmulo de riqueza pode ser iimitado numa shumanidade socalzadas {que abandonou as limitagdes da propriedade individual e superou a Timitagao da apropriao individu quando dssolveu toda riqueza cestivel, a posse de coisis fam empregados também em processos de labor. a divisio ol bor, inteiramente adequada em consonsncia com o processo do labor, tornou-se uma das principais caractersticss dos modernos processos de Ira. isto €, dt fabricagio © produgio de abjeos {de uso. A divisio do labor. © alo um aumento de mecanizayio. ‘substitu a rigorosa especializacio antes exigida pra todo tipo de Artesanato, Ovaresanato ¢ necessirio somente para © proje ef brico do modelo, anes que este veja produzido em massa. 0 que também depende de maquinas e ferumentas. Mas a produgio em ‘massa sera alm disso, completamente impossvel sem x substitu {so de trabalhadores eda especializasio por operinos e pela divi ‘So do labor, Ferramentas ¢ insirunentos diminuem 0 esfrgo «a dor, © com isto mudam o modo pelo qual 2 urgente necesidade inerente 40 labor era, antes, percebida por todos. Nao muda a necessia ‘de em si servem apenas para escondla de nosson sentigos. Alg0 Semelhante se apica aos produtes do labor. que aio se tornam mais duriveis por serem abundantes. O caso € iteramente dife- Fente na transformagae madera do process da trabalho pel in {wodugdo do principio da divisio do tabalho. Nest caso &prpria nafureza do trabalho @ alterada e o processo de produyio. embors io produza absolutamente objetos para o consumo. assume car ter de labor. Embora ss miquinas ns tenhar levado um stm infinitamente mais pido de repetigo que aquele preserito peo «lo dos processos naturais — ee bem possivel que esta aceleragio especificamente moderna nos fagaignorar 0 cater repetitive de todo labor —, a repetigi ¢ iterminabiklade do prope processo wT imprimemethe a marca inconfundivl do ior, It se wen sinks tus eviente wos tos de uso praridos por xs erica trabalho. Sin mera sbundinci ov transforma cm bens de con Sumo” A interminable du produgto x6 pode ser garni Se Os Seu produos prderem o carter de objeto de us ese tomarem ada ver mais objets Je conse ou, em ours plan. set ‘'de eso for acer tal pots uc dierengs ova ete Use consimo, ene a relive duratidade dos obetos de ws0 © 0 ‘pid sugimento edesaparesment do bens de consumo, fr {ize ate se tomar ng Em nossa necessidade de subuivir cada ver mais depress as sas nants que nos ode 0 podemos on da 0 130 de usd la, de rnpelir ¢ presevar su ierete durabibade: {mos qu’ consi, devora por tsi diner, moss esas 05" Sos moveis nosso: carro, como se estes fons a sous coisas an mturez gue se detenoraram sero fons logo traries pare © co infindivel do metabolsmo do homem com a nature. € Somo'se houessem demabado ss foters que dining fprotegam © mundo, o atc humano, da natreza Jo provesso Brokipco que continua procesarse deno dele. bem como 0s proctsss ecco nara qu o ode, eens ata ‘Sonando eles a jé ameayada estbildade do mundo humo ‘Os eis do homo aber fabian do mond, aie 30a per smanéncia, a esabiidade €t durbiidade, foram saricads em Tenefcio da sbundénci, que € 0 Heal do animal laurans. Vive thos numa sortedade de operarios, porque somente 0 fabor, com Sn ineenteferlidad, tem possbiidae de prodarir 3 abun Share trsormamos o rato em Isbor seprando em parti iss minoscalan at que cle ve pesto & isto. na qual odenam tad comum ds execu mat simples € tigi para lini do ‘amino do labor power» hunano — que pate ua naureza¢ taver a mais poderona de todas a frgas naturals ~ 0 bstaculo di cstabidade nara e puramentetundana do atfeo uma. a A Sov r-se freaientemente que vivemos numa sociedale de consi ‘midores; , uma vez que, como vimos, 6 labor e 0 consumo 18 dade de Consumidores So apenas dois estigios de um s6 processo, imposto a homem pe: Tas necessdades da vida, ato € 9 mesmo que dizer que vivemos numa sociedade de operitios (laborers), ou seja de homens que ‘laboram:.. Esta sociedade nao surgiu em decorréneta da emane’- ‘pagdo das classes trabulhadoras, mas resulou da emancipago da Propriaatividade do labor, séeulos antes da emaneipagao politica {dos tabalhadores. O importante nio & que, pela primeira veZ na historia, os operarios tenham sido admitilos com igus dieitos na ‘esfera piblca,e sim que quase conseguimos nivelar todas as ativ- {ades humanas,reduzindo-as a0 denominadorcomum de assequrar as coisas necessiras vide de produz-las em abundancia, © que {quer que fagamos. devemos fazé-o fim de sganharo proprio sus tentos;€ este veredicto da sociedade, eo mimero de pestoxs que poderiam desafi1o, especialmente nas profissdes bers, vem di ‘minuindo consideravelmente. A tnica exceqao que a sociedade esti disposta a admit € 0 artista que. propramente falando, € 0 {nico strabalhadors que restou numa sociedade de operirios. A mesma tendéncia de reduzir todas as atividades serias 4 condigio de prover 0 proprio sustento € evidente em todas as atuas tears do trabalho. que quase unanimemente definem 0 trabalho como © ‘oposto do lazer. Em consequéncia, todas a atividades séras nde peendentemente Jos rutos que preduzam. sio chamadas de strait Tho», enquanto toda atividade que nv sca necessiri, nem pari vida do individu nem para o processo vital da sociedade,¢ classi «ada como lazer” Nestas teorias que, efltindo ao nivel teria O 75. Embora esta categoria de abubo-laer pares, primeira vit, tio geal que qusse no tem Seno, ¢ earacerstica sob outo peso 4 erdadeiraoponigio em que se Basia €4 oposiio ente necesidade € lierdade: ee realmente notvel obervarcomo'¢ plniivl 20 poss: mento moderno, ver no lazer una ft de bere Apt eta gene Maggio, pode-se dct que as madera sdeazagSes Jo trabalho ‘enquaam. a posso modo, ae sepunts categoria (1) 9 tal ¢ um Icio de ating um fin super. Esta €. de moto gers posiso cts ‘ca que temo grande merito de aio ser capar de fosir mtelramente & Feild, de sorte que intima conetioente trabalho ¢ ida taba dor so. pelo metos, mencionada de ver em quando, Um emneme Tepresentnte desta pogo & Jacques Lacereg, de Lawvain, expecah mente em sua dscassao do trabalho ¢ da propedade em Lecan de trot mature (1946), VOLIV, Pane 2 (2) O wah € um a Ge mol, no qual dada substncin €transformada em ours extrture superior: sal @ a tese cena da famosa obva de Oto Lipman, Grund der Arbcisissenscha} (1926). (3) 0 taba numa sociedad trabalho 139 veredicto stu de wma sociedade que slaboras, torn mals seus {ssi avallagao e a leva ao seu eXttemo inerente. no Testa nem ‘mesmo 0 «trabalho» do artista; este € reduzio a lazer e perde seu Sinificado mundane, Considers-se que o lazer do arsta exerce a Tnesina fungi no processo vital de labor da Sociedade que 0 jogo te tenis ou u manutengio de um shobby> exerce na vida de um in- tividuo, A emancipagio do labor nio o igalou a todas a6 outrss ltividades da titu netic, mas resulou em seu quase indisputivel predominio. Do ponto de vista de -prover 0 proprio sustento Toda atividade nao relacionada com o labor tora-se shabby=™ Para demonsirar « implausibiidade desta aut-avaliagio do hhomem moderno, convém lembrar que todas as eivillzagdes antes «da nossa teria, ao invés disso, concordado com Platio que a sar mere prazer ou pede tars io stati quant a atvidades do lazer jase Gl W. Cleston, aking Wor Haman (999) Exe 2 prong’ suas je por Coredo Git em mua Erconomice Lato {ibsh. gue comider oe Estados Union como una ccedade aah. ‘ore nor) aa gl otal um pare ton querer tristan Wegese weumo des pois, om ng, lem em Pansies Sassen CX 99) € CXS) ‘is, ext teoia€ menos nova so sue parece. Fol formulae pela pie ‘Reid Ss por Signe oval hom ees aes Reve era tal de sake 98a ainda eno iemava ue aa Se ae © trabalho € doloras ¢ um fato psc eno frog de sorte ue 3 dor desaparecert uma scidade em gue todos abu.) Fina tment. o trabalho €'2 cnfrmaga do bomem conta a nauress. gue & {Tsuda por el saver do ob, Ene ¢ 0 pessopono em se i Zt ow pitanete—' yore nine, seen francesa, Seam humansino do tabalo. Seu fepesentate ah onhe ‘ho-€ Georges Faedmarn, te Depo de ton ex toss icone academics € recor: tance saber ie grande mia don tule, quando sc The pe. fina spor que 0 homem taba? responde inplesmonte! “part foderviver 0 «par enka dines jase Helmut Scheky. Arter esend Grater und Mente (989, cs ube 80 wavelet iets de pcconceiton« Mcaleagtes 16. © pape dosh madera sociedad trabulhadrs é baste surprnente © taver sca rai. experiencia na eos de ral lazer O que © especialmente digo de nota este conexto © que Mars, «fe nig tina ea alga de que io via ocorter,esperava que. em Sis soviedae utpiea are do trabalho todas sb aides seam exer la muma fom que lembra moto Je pero 8 maneia do abhi Co eC te de ganhar dinheir (echne misthurnetie) nada tem a ver com © Werdadeio conteido de artes como a medicina, a navegigio ou & Urguitetura a quay correspondiam fecompensas monetaris. Fot para expicar esa fecompensa monetiria, cujanatureza € obvis- Frente diferente Ga natureza da saude, objeto da medicing. ou da omstrugdo de edifcios, objeto da arquitetira, que Plato suger a xistencia de mais uma arte que devi acompanhar todas 9 outs {Esa arte adicioal no ¢ vist absolutamente como o elemento de bors existente em artes que, em tudo mais, sertam liberals ou Ie res: pelo contraro,€ tia como a nica ate que permite 0 -arts- tas, otabalhador profssonal, como diiamos hoje, manterse livre tds necessidade de slaborar»” Pertence & mesma categoria da arte (gue se exigia do chefe de uma casa, que devia saber como exereer Sntoridade e usar de viléncia no comando dos seus escravos. Seu ‘bjetive € libertar © homem da necessidade de =prover © proprio Sustentos, enas outras artes o objetivo era anda mais dstame des ta necessidade elementar “A emancipagao do trabalho a concomitant emancipasio das lasses trabalhadoras em relasio a opresso e & exploragao cert mente signticaram progresso na direcio da nio-volencia, Muito ‘menos certo € que tenham representado progresso também nadir ‘Go da liberdade. Nenhurna Viléncia exercida pelo horem. exceto ‘Squela empregada na tortura, pode igualar a forga natural com que fs necessidades da vida compelem o homer. Por isto € que a pall ‘ra srega para tortura, anak, deriva de necessidade, © no de bia, que era 0 fermo usado para a viléncia de um homem contra ‘outro e esta ¢ também a rao do Tato hist6rico de que. em toda & fntigudade ocidental, a tora, va necessidade que nenhur ho- ‘mem pode suportars.s6 poi ser aplicada a escravos que. de qual: ‘Quer forma, js estavam sujitos& necessidade.® Foram as artes da TH, Repiblcy Mé, Assim, +4 ate da aguisigio afta a pobreza eo smo 0 remédioafusn a Soengse (Gori 478), Como o pagamenio de Seon serigon era volumtno tering yt) as proses hiberas de ‘em reaimente fer stingdo stave prfao ha vate de ganar dine 78. A explcagio modera deste costume, carctritico de to antigua pope latina ~e gic su origerm sta ha cenga de oe “0 ‘crv incapas de dizer a verde a tao ser sob tortuan (Bartow, “pcr pal) & iteramente errbpea. AO conaro, a crenga © Qe inguin ode venta uma mena so ora: “On cova Fecueli lx ‘ool meme dela mature dans le ci Je la Soleus doula pene ut vioncia, da guerra, da piratara, e Finalmente do dominio abso to, que colocaram os vencidos 4 servigo dos vencedores, com isto evitaram temporariamente a necessidade durante © mais longo periodo de que se tem registro na historia,” A era moderna, ainda ‘mals que 6 erstianismo, provocou — juntamente com a sua gon ‘cago do labor — enorme degradagio na avaliasio destas artes € luma menor, mas no menos importante, diminuigo real do so ‘os instrumentos de violencia nas relagdes humanas em geral® O tenaltecimento do labore a necessidade inerente 20 metabolismo do ‘homem com a natureza sio, ao que parece, intimmente relaciona- dos com a degradagdo de todas as ativdades que resultam dicta mente da violencia, como o emprego da forga nas celages huma- ‘as, 08 contém em si mesmos um elemento de viléncia — 0 que, jomo veremos adiante, € 0 caso de todo trabalho. E como Se trescenteeliminagdo da violencia no decorer de toda a era moder rn tenha quase automaticamente dado acesso ao retorno da neces ‘Sidade em seu nivel mais elementar. O que ja sucedeu uma vez em ‘nossa historia, nos séculos de declino do Império Romano, pode estar acontecendo novamente, Também nage épaca 0 labor to. nou-se ocupagdo das classes livres, «somente para levar a esta a6 ‘brigasies das classes servisn." ‘Wat avant, pls imme et ps vat semba Eve ce temoienage del chai ft du Sang» (Wallon, op ci, 1.325) A pon dos ago cones fem melhor do que nv 0 emonto de erdader de avenge lore, ue existe na ment, As saecesadadesslntrodueaias pen tortura spt ‘mente estutam essa Uberdae e, portamo, no pod ser apicade a ‘dads vee. rere 7, As palavras mais amigas, dul ume, com ae om FeBo8 esignvam 0s estavos, signficam ainda sinimigo vendor, Qua 3e {uenas ea venda de peionefos de guera como penipl nt de esr Sosina antigua, verse W. L- Westermann, “Silaveretes em Pal. 0. Hoje, devido ao desenvolvimento de novos instrumenior de vera ede destriao, tenemos a igor esa Lendnci importa ds fra modema Na verdade © socal dezenove fo um do perodos as pociicos da hana 81, Wallon, opi Il 265. Wallon demonsrs de mado bias, aque 2 posterior genaralizaio etsea de que tos os homens so ests ‘os baseavase ta evlugao do Impao Romano, no qual tgs Ter 1a rT 0 risco de que a emancipagio do labor na era moderna nio 56 deixe de trazer nova era deliberdade para todos mas, a0 conrino, Submeta 4 necessdade, pela primeira ver, toda a raga humana, 5k hava sido claramente percebdo por Mark quando ee insist em ‘que 0 objetivo da revolugao nao podia ser a emancipaséo das clas- Ses tahalhadorss, i aleancads, mas sim a emaneipasio do. ho ‘mem em relagao ao trabalho. A primeira vista, este objetivo parece LtGpico — 0 nico elemento uldpico nos ensinamentos de Marx. ‘A emancipagio do trabalho, aos termos do proprio Marx, equvale ‘Femancipagio da necessdade, 0 que significana, em itima anali- Se, a emaneipacio em relagio ao proprio consume, ist, a0 meta bolismo coma natureza que é a propria condigio da vida humana.” ‘Te 1: gradialmcate abolita pelo govero imperil, de modo gue che {Bou um tempo em que ringuem ers lve e todos tah seu senor. foment dviivo gcorreu quando primero Capua, « depois Tajano ‘Comentcam em ser chamados so pura usade anes somente pars devignr 0 hele de uma ca” A chamada moranadeescrva 605 Bums secfos ds antigidae «nua premise de que niu avin deren real enres sida do eervo © vida do homem lve tiskam tases muito Fealitieas- Agora 9 escravo realmente posia aero amo: neuer € ‘re, todos tems um enh Nas palavras Wille sLes condaries {kx imines “ont pour conreres, 4 un moindre depré-de pine les ondarnés ox moulin, aox Boulngeris, su cela bles scout fre travail fasant jet dane corporation parler (p21). «C'est ie droitde Fesclavage qu gouerne maintenant le citoyen:e 00s avons Fetrouvé toute ls lepton propre aux eslaves dans ev velemeats qu neernent sa personne. famile ou ses bens» (pp 21820, 2A Sociedade de Mar, sem classes ¢ sem estado, no € upc. {parte fto de que os eventos madres mostra fndneaincoafan- dligel no sentido de sult distingdes Se Saas mu sovedadee de aaa {uiro'govemo por squela sadmnistragio dav cobs: gue segundo Ex bes. sera t earaccrsicn dh tosedade soci, eles ead. 90 Be Dro Mars, vazuvanrse obvmente na democraca stenieme, com 23 esto de que eu sacodade comuniia os pvegos dos cxadion Heres Seria estendidos 2 todos 83. Talver no sla exagero zee que / condition ourive (981), de Simone Weil ¢ unico ro na mens iteratura sobre 8 queso do rabaho que encra © problema sett prevncetese sem seimentals: ‘mo. Aura escolheu come Tema pura 0 S60 iio, no al acta Svs experenciae condanas eum ubrica, um verso de Homer pol” Uekudsimene,bulere deplete anaghe (muito cota atu vonage, ois mecesidade pesa as sob ts) © cone qe a esperaage de ws Contato, 08 eventos da sltima décads, € especialmente as posi Iidades introduzidas pelo continuo desenvolvimento da automagao, permitem-nos indagar se 4 utopia de ontem nao terminark vino & Sera realidade de amanha, de sorte que, finlmente, 56.0 esfreo 4e consumir restara das fadigas e pense» inerentes 20 ciclo bik fico 4 cuja orga motrie ests ligada a vida humana Coniudo, nem mesmo esta utopia poderiaslterar a futildade rmundana do processo vital. Os dois estagios pelos quis deve pas sar 0 eterno ciclo de vida biodgica 0s estos do labor e do con: sumo, podem mudar de proporgio ao ponto em que todo o «labor powers humano seja gasto em consumir, acaretando © grave pro- blema social do lazer. ito é,essencialmente,o problema de como produzir um nimero suficiente de oporunidades para a exaus0 Suara e pars manter intats x capacidade humana de consumo." © consumo isenio de dor e de esforgo nio mudaria — apenas aumen- {aria — o carater devorador da vida bildgica, até que uma humani- ‘dade, inteiramente slibertada» dos grilhdes da dor © do esfog0. pu ‘desc livremente =consumir» 9 mundo inti e repreduzir diary: mente tudo 0 que desejase consumir. A quantidade de coisas que Aapareceriam ¢ desapareceriam a cada dia ea cada hora no processo itl de tal sociedade seria, na melhor das hipsteses, irrelevante para o mundo, cas0 este € 0 seu carter de objeto pudessem supor {aro temeririo dinamismo de um processo vital inteiramente moto- ‘izado, O perigo da futura automagio nao & tanto a tio deplorada mecanizacio € artificializagio da vida natural, quanto © fat de “Uma liberagio fioal do trabalho © da necessidade € 0 snico elemento Utipco do marnsmo eo mesmo tempo. a veradsra frp nti de {odor os movimentostrabalhstar de iepagas maruista: £0 spa do ove que Mark acrediava fossa rela 4, Nao ¢precso dizer que esse fizer no €, de modo agum, como 0 afma’opito corrente, © mevo que 4 sole a untguaade, eta ‘ao era um fendmeno de consumo, "conspicuor ou M0, emia reulava ‘a exiténcn de stempo de folpr- congstado sobre otal, mas et, 0 contro, uma sabstegao~ consclente de qualquer svidade lpn Itatathar. A pedra de togue desta Lie. em contraposigan com © mo. ‘erno ideal dolce’ ef conhecdae faranveres desta fugalade ‘david grega no ptiodo csc. Assim ico que 0 comdrc mart time. que. mals "que qulquer outs oss. er tesponsivel pela ‘Muénca de Atenas, Fosse enciada com sespeta, de soe ue Plo. Sepuind 0 excmplo de Hesiod, recomendou's frag devas i desentados loge do mar. meee aque, despeito de sua artificialidade, toda produtividade humana Seria sugada por um processo vital enormement itensifcado e se sem dor € sem esforgo, 0 seu cilo natural eteramente te pelido, O ritmo das miquinas aumentaria ¢ intensificana enorme Frente o ritmo natural da vida, mas nio mudaria— apenas tornaria Inals destruidora — a principal caracterstica da vida em relago 20 mundo, que é a de minar a durabilidade "Ha ainda um longo caminho a percorer, desde a gradual dim ruigio das horas de trabalho, que vem constantemente progredin- ‘do ha quase um século até esta utopia. Alem dist, 0 prowresso tem sido superestimado, medido como é em relacio as condigoes txcepcionalmente desumanas de exploraglo que reinavam nos pri tmeirosestigis do captalismo. Se raciocinarmes em termos de pe- ‘odes de tempo um pouco mais longos, © montante anvaltoal de horas vagas de que 0 individuo atualmente dispie parecer-now ‘menos uma conquista da moderidade que uma tard i dda normalidade-® Neste aspecto, como em outros, tuma verdadeira sociedade de consumo € mais alarmante como ideal da sociedade de hoje que como realidade presente. O ideal ‘ndo € novo: estava claramente conto na premissainconteste da ‘economia politica clistca de que o objetivo final da vida aiva €& Fiqueza crescene, a abundincia ea sfelcidade da maiorian-E, ale BS. Calculase que, durante a Idade Média, 4s pessoas raramente trabalhayam mais que metade ds das do ano. Havia Is fra ot als (eles Levasseur op. p32. vee tambem Liss Lr Ti fa (189), p2%, que di mamero de dias ue wabaho ta ran antes (Ga Revol, monsiioso crescimento do numero de Ror Seta fan Meas 9 ccartada do mundo humane, cadeira volar a er Fenha,¢ feb pereceri e retomara ao soo de onde sunpi a drvore que fi ort ‘Sa para transformar-se no material sobre o qual se tabalhou e com ‘ qual se constr. Mas, embora este ssa ser fim inevitivel de tools as cosas individuis no mundo, sinal de gue Sb produtos de lm fabricante mortal, nao € to certo que seo destino final Jo Proprio artfcio humano, no qual todas as coisas podem ser con tanfemente substitudas com w ie vir de geragoes que habitam 0 ‘mundo consiuido pelo homem. Alem dist. embora o uso provar Nelmente desgaste os abjetos, odespaste no € 0 destino deste i Tumos. no mesmo sends em que # destrugao &o fim intainseeo de Todas as coisas destinadas ao consumo, que 0 uso desgasta € a dlurabildade, esta durabilidade que emprest is coisas do mundo su reli tiva independéncia dos homens que as produziram e a5 utilizar. “objetividade> que as fae resistir. -obstar=e suportar. pelo menos ante algum tempo, as vorazes necessiades de seus fabricantes feusuirios. Deste panto de vista ts cols do mundo tem a unio ‘de estabilzae a ida humana; sua objetividade reside no fato de que Contrarando Hercito, que disse que 0 mesmo homem jamais pode crzar-o mesmo rio — os homens a despeito de sua contiuss fnutagdo, podem reaver sas invarabildade, ito 6 sua idemidade ‘no cantata com objetos que Mao arian. como. mesma cadeira et ‘mesma mesa. Em outras palawras, conta a subjetvidade dos. ho sens ergue-se sobjtivwiade do muna feito pelo homer, € 0 Sublime indiferenga de wma natureza inacta. cyja devastadors for {Gu clementar os Torani a percorrer inexoravelmente o circulo do Seu proprio movimento bilogico, em harmoaia com o movimento iclico maior Jo reino da natureza, Somente nés, que erigimos a Objetividade de um mundo que nos ¢ proprio a partir do que a natu Feza nos oferece, que o eonstuimos dentro do ambiente natural pa fa nos proteger contra ele, podemos ver a natureza como algo ‘objetivo, Sem tim mundo interposto entre os homens ex nature day haveria eterno movimento, mas nao objetividade TEmbora.o uo € 0 consumo, como 0 taballho €0 labor. nio se jam a mesma coisa, aparentemente coinekdem er certas reas i portantes, tal ponto que parece jusliear o aeordo unanime em Ques opinio publica ea opinio dos enaivos nlnbificaram numa 3 Conntagio implica vero atin whcere, do gua der mss tarde novna pattra vobjets. € na plata alemi Gexentand 0 ‘Objetos sipnfenItcraimentc algo fngado ou =powo dante ‘6 estas duas questoes diferentes, O uso contém, realmente, certo elemento de consumo, na medida em que o processo de Jespaste ‘corre através Jo eontato do objeto de uso com um organismo vivo ‘ula natureza ¢ consumir:e, quao mais intimo € 6 contato entre © Corpo e's coisa usada, mais pausive parece o equacionamento dos dois, Quando, por exemplo, concebernos a natueza dos objetos de luso em termos das roupas que vestimos, somos tentados conclu ‘que © us0 no passa de um consumo mals lento. Contra isto hi © Argumento, ji mencionade acima, de que a destruigao,embora ine vitivel, € acidental com relagio ao uso, mas inseparvel do con- ‘sumo. © que distingue 0 mats frit par de sapatos dos eros bers de consumo ¢ que no se estagario se no Torem usados — 0 fato ide que tém cert independéncia propria, por menor que Sei qv€ Thes permite sobceviver, as vezes por multo tempo. 20s capichos ‘da pessoa que 0s possul- Usados ou no, permanecerio no mundo durante certo tempo. 2 nio ser que sejam intencionalmente destru- ‘dos ‘Argumento semelhante, muito mais famoso e muito mais pla sivel, poderia ser empregado em defesa da idenlifcagao do Ub Tho com 0 labor. 0 labor humano mais necessrio ¢elementar — 0 cultivo da tera — parece perfeito exemplo de labor que. por assim dizer, se transforma em trabalho no decorter do processo. Isto ‘assim pareve porque 0 amino do Sol, apesar de sus atm rel ‘do com o ciclo bioldgico e sua completa dependéncia do ciclo Inais amplo da natureza, dena aris de si algum produto que sobre vive & propria atividade e constitu adigio duravel a0 arifiio mano: mesma tarefa, executada ano apés ano, terminari por transformar 9 solo inculto em terra cutivada. Exatamente por este ‘motivo, tal exemplo tem lar de destaque em todas as torias ant {gas modemas do triulho. No entanto, a despeito da inegavel si filaridade — e embora, sem divida, 1 Veneranda digniade da 4 faltura se dev ao fato de que 0 cultivo do solo ni0 $0 prove os ‘melos de subsistencia humana mas, no devorrer do processo, pre para a terra para a construgio do mundo — a diferenga ainda é bem clara: a fer cutivada nao consttoi propriamente um objeto de uso que exista com durabilidade propria eexja, para sua perms ‘éncia, Somente o cuidado normal da preservasao: para que 0 solo Cultivado permanega cultivado deve ser trabalkado continuamente Em outras palavras. no chega a haver uma verdadeirareifcagio fa qual a existencta da voiss produsida é assegurada de uma Ve7 por todas; precisa ser continuamente reproduzida para que perma ‘nega como parte do mundo humano. 1st 19 Reificagao fubricagio, que & 0 trabalho do fins Jaher, consiste em tei casio. A solider, inerente a todas as coisas, até mesmo 35, ‘mais tages, resulta do material que fo trabalhada; mas esse mes- ‘mo material nao € simplesmente dado ¢disponivel, como os fratos ‘do campo e das arvores, que podemes coher ou deixar em paz sem ‘que com isso alleemos 0 feino da natureza, O material ja € um ‘roduto das mios humanas que o retraram de sus natural localiza- ‘lo, seja matando um process vial, como no caso da irvore que tem que ser desirida para que se obtenha madera, sejainter- rompendo algum dos processos mais lentos da natureza, como no ‘caso do ferro, da pedra ou do mirmore,arrancados do vente da terra, Este elemento de violagio ede vilénca esta presente em to- {do process0 de fabricagao, e © homo Jaber, ciador do artificio hy ‘mano, sempre foi um desituidor da natureza. O animal laborans ‘uc, com o proprio corpo ea ajuda de animais domésticos, nutre 0 processo da vida, pode ser 0 amo e senhor de todas as riaturas vi Was, mas € ainda servo da natureza e da terra; $60 homo faber se porta como amo e senbor de toda a tera. Como a sua produtvida- Se era vista imagem de um Deus Crisdor — de sorte que, en- ‘guanto Deus cria ev mii, o homem cra a partir de determinada Substancia —, a produtividade humana, por dfinigao, resulta fa- talmente numa revolt prometéica, pois so pode construir um mun ‘do humano apés desu parte da natuteza criada por Deus? 5 Esta interpretagio da crstivdade humana & medieval, 0 pusso que nogio do Romer como senor da tera tien da ers moderna, ‘Xmpas contradizem o espnto da Biblia. Sequndo o Velwo Testament, © iomem ¢ seabor de tad a rats vives (2, 1h que fram eras para ajuds lo C19). Mat em pashagem guna ele'¢ ido como amo seo da tera: pelo conrari o,homem fo posto no arin do Eden para seriio € preserite (15), E imteressante near ‘ero, rjetando conscientemcnteo compromiso eseolstico com buidade preva latins. procura elimina do trabalho eo labor humanos Todo e qualquer elemento de preiaoefabriagao. O labor humano, s- frndo ele, apenas 4 ainidade Oe encontrar os tsouron que Dews Eolocod i tena: Pel ao Vel Testament, ele ress completa de- Pendencia do homem em velgio a ters, nao sev domino” ~Sage An ‘Ser let das iter und Gold m ie Berge. dass man es finer? Wer et 32 A sensasio desta viokncia ¢ a mas elementar sensagio da for ‘ga humana e, portant, o exato oposto do esforyo doloroso © exa {ivo experimentada n0 simples labor. Pode product no home a a tisfago e a seguranga de si mesmo, e até mesmo enché-lo de'con Fianga durante toda a vida — coisas estas todas elas bem diferentes dda bem-aventuranga que pode advir de uma existéncia dedicata 40 bor e as lides da vida, 0a do proprio prazer de slaborar. que € jassageio mas intenso,e que resulta quando o esforgo€ coordens {9 rtmico, essencialmente equivalente a0 prazer provocado por ‘outros movimentosritmicos do corpe. Quase todas as deserigbes ‘da walegria de trabalhar- — quando nio sio tardios reflexos do ‘contentamento com a vida e a morte descrito a Biblia, nem ape- fas confundem 0 orgulho de haver cumprido uma tarefa com a “alegria» de realiz-ia — tem a ver com exullagio sentda no texereicio violent de uma forgacom a qual © homem se mede con tra as forgas devastadoras da nalureza e que, através da asta ‘com que inventou as ferramentas, sabe multpicar muito algm de ‘ua medida naturals A solide resulta desta forga, eno do prazer ‘ou da exaustio que © homem sente quando prove o proprio susten- to «com o suor do seu rosto~ eno € simplemente tomada de em préstimo ou colhida como diva gratuita da natureza etemamente presente, embora fost impossvel sem o material arrancado da na tureza, A solide js ¢ um produto do homem (0 trabalho de fabricago propiamente dito ¢ orienta por um modelo segundo 0 qual se consr0i 0 objeto, Este modelo pode ser {uma imagem vista pelos olhos da mente ou um esbogo desenhado, ‘no qual a imagem js encontrou certa materializagao provisdria tr ‘és do trabalho. Em ambos os casos, © que orenta 0 tabalbo de fabricagdo esta fora do labrcante e precede o processo de trabalho fem si, fal como as exigéncias do processo vital dentro do trabalha- ‘dor precede 0 processo de labor. (0 que acabo de dizer ext em fa ‘ante contradigio com as descobertas da prcologis moderna, que Jn die Acker sol grosses Gut als eraus nacho.” Tat das Menschen [Acbet? It wohl, Abert finde cx woh aber Got mae ex dab lepen. Soles aie Arbeleinden.'Soinden wir Sem, dan ale unsere Arbeit ‘hte at dean Coftes Cite inden un auhchen, mcs ber moge ma hen und ertutens (reef Walon. V. I8T 4, Hendrik de Man, por exempo, deserve quae que excusivaen te a5 Satsfugbes da ergs e do trata 508 ilo engamador de Dre Kump) amie Aebensrende (12), ros dizem quise unanimemente que as imagens mentas esto tio ‘Seguramentslocalizadas em nossa cabega quanto as dares da fome {Emr nosso estomago, Esta subjetivizagan da cinta mexlern. que Spenas reflete a subjetivizagio ainda mas radical do mundo mode no, encontrajusteativa, neste caso, ao flo de que, realmente, fquase todo trabalho no mundo moderao & realizado sob forma de Tabor, de sorte que, mesmo que 0 desejase, 0 operrio nio poderia steabalhar pata sus obra e no para si mesmo. mits vezes con ‘ribuindo para a produgao de objtos de euja forma ulterior 0 tem a menor nogio® Estas citcunstincias, emibora de grande im Portincia histrica, so irelevantes para ua descrigao dis mani- Festagdes fundamentais da ita actu.) © que nos chama a atengio Eo verdadero abismo que separa todas as Sensafdes corporis. Drazer ou dor, desejos e satisages — sensagées tio -privadase ‘Que no podem ser adequadamente expressas,e potanto absouta- mente impossives de reificagio — das imagens ments, Go Fei haturalmente reificivels que nio podemos conceber wma cama Sem, antes, te alguma imagem. alguma vidéiae da cama ante 0 ‘lhos de nossa mente, nem podemos imaginar uma cama sem re- ‘corer # alguma experiéncia visual de coisas reais. Para 0 papel que a fabricasao veio a desempenhar ra hierar quia da vita occa, < muito important 0 fato de que a imagem ou o ‘modelo cuja forma orienta 0 processo de fabricagav no apenas 0 precede, mas nio desaparece depois de terminado o produto; so- breviverlne intacto, pronto, por assim dizer. a emprestarse a uma infinita continudade de fabricazao. Esta multipliasio potencial, propria Jo trabalho, difere em principio da repetisao que earactr: 2a labor. Esta éengida plo ciclo bioligico e permanece seta & ley ay necessidades © caréncias do corpo human vem © Vio, © Foes Simon, Tris coms sur fe rata (Pas. na). ste tipo de ieaizgao €Iequsnte no pensament cisco liberal ov esguerdita da Franya fvejese eopecamente Jean Lacros, sLa notion du tava. La fie inflvetecle Uanbo se 1982) e © domiicano M.D. Chent, Pour Une thcologie deal, Fyre (1952 19SSE ee tava trvale pour som eure putt qu, pour hi méme: lv de geneonte melaphys oes qu defi acne labore ‘6. Georges Friedmann (Pblmes has machine daniel (apes), 211) mostra como © Gequcnte que os option das grande fa fricasinorem ae mesma nome ov fncan ett da pega produc por sus mages Isa fembora fornem a srgit a intervals regulres jamais perdoram muito tempo. A mulliplicagio, diferentemente da mera repetgio, ‘multplica algo que ja poss existenia relativamente estvel e per- ‘manente no mundo, Esta qualidade de permanéncia do modelo ov ‘da imagem, o fato de existir antes que a fabricagao comece © de ppermanccer depois ue esta termina, sobrevivendo a todos 0s pos Siveis objetos de uso que contin ajudando a cir, teve grande in ‘uncia na doutrina dos -universase de Plato. Na medida em que fs seus ensinamentos foram inspurados pea plas dia OU eos (Cformas ou -formato»), que ee fo: 0 primeiro a usar num contexto filosotico,baseava-se em experiéncias de potess. ou ej, de fabri- ‘cao; e embora Patio empregasse sua teoria para exprimie eX periencias muito diferentes ctalver muito mais -Mosofiass, nunca ‘eixou de ir buscar seus exemplos no campo da fabricagzo quando ‘desejva demonsirar a plasibidade do que dizi” Una iia nica 7, O festemunho de Avistees de que foi Patio quem intuzi 0 termo dura terminolog fiosien ocore no prmeio veo de sua Me- Tatne (987), Excelente rl d uno anterior da pala e do ensia fnento de Platio encon-se Gerald F- He, =the Terminology. eases Mervued Sins las tons. Nol. XLVI (1936). Coe fetamente Else inst em ge vndo poems saber. pels dalogss. © fue era outing das Ideas mm su forme Ral © completar [pal Imente inert ¢ a origem da doutrina neste particular. porem. o gui smal seguro talve2sej ainda a propria palavra gue Pato tdi, de tmado to supreendcne, na termnolpin asia, enbora el no owe Corrente ta hnguagem dca As palaves rude ¢ lew reeremse. sem ‘Gividasu formas ¢ snfguraieswisivet,eopeciinente de enaturs Sts asim. c mpsovsel que Patuo concehesv doutin sa a nla {is de formas geomrican, A tese de Francis M. Corford (lato and Parnneniah ted Liberal Ac, ppe?100) de que a doutina¢ prove inente de orgeo socritics. ome vex que Sécrtes procurava deli a jhstga em sis onde ems css que uo poem ser perebidas Pelos sentdon, bem coro ptapirics ma vee gue a Joutna da exist Ein tehonone eterna esaparada de tne s cise precise, como € emo dan seis acarreta = exnci separa de uma alma consi tere copnitiva 4 parte do coro e dos sentido. parece me mato com Wincente” Minha sprescrtagao orem, sbleme de todos estes pres Supostos, Referese simpenmente ao Livro X de Repu, no gual 9 Proprio Pata cxplica sua dosing tomando =o cso comb: de Um a fice gue faz Camus € messssdeacordo om a él dessa cana e me Thanies.E dio qv, para Plas. «propia pala idee sues 155 € eter, presidindo a ums multidio de cones perciveis, alguire Plausbilidade nos ensinamentos de Patio a parti da permanéneia ‘eda unicidade do modelo segundo o qual muitos objetos pereiveis podem ser produzidos ‘ processo de fazer éinteramente determinado pelas cate- fgorias de meiose fins. A coisa fabricada € um produto final no ‘duplo sentido de que o processo de produgio termina com ela (20 processo desaparece no produto, como dia Marx), e de que € ‘apenas um meio de produzir esse fim. E verdade que 9 labor tan them produ parao fim do consumo, ms como esse fim, coisa Ser consumids, no tem a permanéncia mundana dos produtos Jo trabalho, o fim do processo aio é determinado pelo produto final © sim pela exaustio do slabor powers, enquanto que, por outo lado, (0s proprios produtos imediatamente voltam a ser meios de subsis ‘nia € reprodugao do «labor powers. No processo de fabricasio 20 contrario, o fim € indubitavel: ocorre quando algo interamente ‘novo, com suficiente Jurabilidade para permanecer no mundo o- ‘mo unidade independente, &acrescentado a0 atifei humano. NO tocante a coisa, ao produto Final da fabricagio, o processo nao re cisa repetir-se- O impulso na direyio da repetigao decorre dane cessidade que tem o artifice de ganhar 0s Seus meios de subsisten cia, caso em que o seu trabalho ¢ labor; ou resulta de uma procura {e multiplicagao no mercado, caso em que 0 artifice que cuida de ‘atisfazer essa demands aerescentou a0 seu anesanato te de ga- ‘har dinheiro, como dira Patso. O importante ¢ que, num caso 08 fm outro, © processo ¢ repetide por motives alos a si mesmo: lifere da. repetigao compulséra inerente 0 labor, no qual 0 bo: ‘mem deve comer para trabulhar ¢ deve trabalhar para comer. "A caractristica da fabricagio & ter um eomego defiido e um fim detinido e previsvel, ¢ esta caracteristia ¢ bastante pars dis. Linguila de todas as outras atvidades humanas, O labor, preso a tengrenagem do movimento cicica do processo vital do corpo, mio tem comego nem fim E, como veremos adiante, a aga0, embora ale quein que ela sugrine wo arc que (at una cama ou wma mess ‘io othando ont cam ou guts mest; mas olbando aha de Camas {ur von Fite, he Connon of Aen 195). pp 4238) Nao € pe ‘ho dizer que nena destan expr vt ay dda gant, Que experiencia eapectcamente toes por tras do concede eda or um lado: por uto, sus mas surpeeendente qbadae— seu Aer enlteedor ato de ate ¢ opto Os Fight, 156 range conibilgade do tal rete mofo de ge 0 ro Sto de fcaga, ao Conrad gio, nao revere: do ‘Site € rodurido por mos humans pode se desta por else ncnhum objeto de aso & tao urgentementeneexsoao proceso ‘iu que e seu abneamte nthe poses sorevver © permite Xone. O ome labor € realmente amo e senior ip apenas ae € 0 senor os aropo 0 pape de seo e ta 8 mate Fea: mas pore enhor des memo cde stm ston. 10 no se tnlca ao tne aban, suit os neces de 50a exten la nem ao homem de ag, le sempre depenie de seus seme tants A os som a sua imagem do fro proto homo eer ye proven ksrementes tbe oe. conempand 0 a Tho de Stas ions poe detrviovremente —20- Os Instrumentos ¢ 0 Animal Laborans Das ponte st do fe bers tate denen don nstrumentos primordia que sZ0 as suas mics, 0 homem €, ‘como disse Henjamim Franklin, um sfazedor de uteniioss. Os ‘mesmos instrumentos que apenas alviam a carga e mecanizam o Tabor do animal laborans sio proetados e inventados pelo hems {aber para a construgio de um mundo feito de coisas; a convene fia & preciso desses instrumentos so ditadas pelos fins objet ‘oss que ele inventa a seu belprazer. eno por necessidades ou Caréncias subjetivas, Instrumentos e ferramentas s30 objelos tao intensamente mundanos que chegam a servir de critérios para a classficagio Je cvlizages interns, Mas esse cariter mundano hunea ¢ tho evidente como quando eles sio usados nos processos do labor, nos quais constituem realmente as Gnicas coisas tangives ‘que sobrevivem a0 labor e a0 priprio processo de consumo, Por Tanto, para 0 animal laburans, sujeto aes processos devorasores da vida e constantemente oeupado com eles, a durabilidadee aes {abilidade do mundo sio basicamente representadas pelos insu rmentos e ferramentas qe utiliza, e, numa sociedade de operaros, ($ instrumentos podem perfeitamente assumir carter ou fungo ‘mals que meramente instrumental ‘AS frequentes queixas que ouvimos quanto & perversio de 1st imeios e fins na sociedade moderns, de omens que se tornam es ravos das maquinas que cles mesmos inventaram e sio vadapi Adose as necessidades dessas miaquinas, ao inves de usi-las como insirumentos para a satisfagio das necessidaes e caréncis hum ras, tém suas raizes na stag fatal do labor. Nesta situagio. na ‘ual a producio consiste basicamente no prepara para o constmo. 4 propria distingio entre meiose fin, ti pica a avis do Thame faber, simplesmente deixa de ter sentido: e. portanto, os instrumentos que’o him Jaber inventou e com ov uss velo em auilio do animal laborans perdem seu cariter instrumental asim ‘que sio usados por este Ultimo. Deno do proprio processo vital, Ado qual o labor permanece como part inegrante 40 qual jas transcende, €ocioso fazer perguntas que pressupdem categorias de Icios e fins — como, por exemplo, se os homens vivem € conso> imei para te fogs pra aaa oo e abla par oo Se considerarmos em termos de comportamento humano esta perda da faculdade de distinguirclaramente entre meios¢ fins, o- Ademos dizer que a livre disposigoe uso de instrumentos para fi bricagdo de um produte final especiico sao substituidos pela wif ‘cago ritmica do corpo e do seu insrumento, na qual 0 proprio mo- Vimento de slaborar> age como forsa uniicadors. O labor — mis nao o trabalho —~ requer, para melhores resitados, uma execuio ritmicamente ordenada e, quando muitos operrios se reinem, ex ‘Be uma coordenasao rtmica de todos os movimentosindividuais* A conhesda compiao fet por Karl Bacher, em 197. de can cs rican de ables (Arb und Rion te 1928) 1 Sequida de volumoss itera Je carer mais eae. Um don melo Fes doses estudos Uosenh Shoop. Pas deuce Arbo 985) es Sats fat de que no existe canes de bal. ma samen canes de labor: As capes don aces to soca ¢ catia: aps 0 able. ‘ato, naturamemc. que no ext neu mo snare pao tr talo, Notase at vezes a supreendente semana ene 0 imo =a fale neente xa opera de bor eo rng an mguims, 4 depeo de repetidas quits de ue a» miqunas impr a0 eprom Te “trite pico que nas quar jo eam ra ome oy Drops operisis que. ap contri, peecem encontrar © mexno prver fo trabalho mesiico repli gue em outs tvMades repeivas 0 ithe reas, por exemplo. Georges Fidane fe mara man? (2a, ed 988) p.293.c Hendrik de Man sp tp 21), Wo vem cont Ia observes fits no cormeyo dese scl asics a For Kal [Bicher que asreitava que 0 srs rm ¢ ur trabalho utuneate ise Oe [Neste movimento, 0 instrumentos peruem se curiterinstumen {al € desaparece clas distincao entre o hamem e os seus tens Tos. O que preside 0 processo de labor e todos os processos deta batho executados 4 mancita do labor nio é oesforgo intencional do hhomem nem 0 produto que ele possa deseja, mas o proprio movi mento do processo ¢-0 ritmo que este impoe aos opearios. Os Utenslios do labor aderem a este ritmo ate que corpo eo instr mento passa a upitrse no mesmo movimento repetitive, iso &, Bté_qUe. NO uso das maguinas — que, entre todos os ulensiios, melhor se aaptam & «performance- do animal laborans — 9490 & ‘0 movimento do corpo que determina © movimento do uteasio, ‘nas sim 0 movimento da maquina que impde os movimentos 20 Corpo. O fato € que nada pode ser mais faclmente e menos ari almente mecanizado que a ntmo do processo do labor que, por ‘sua vez, cortesponde a0 ritmo repetitive do processo vital. igual ‘mente automatico, e do metabolismo da vida com a natureza Pre tsamente por nio utlizar instrumentos e feramentas para cons: pirwals cores iia: sAuteibend werden aur solchen er Imigen Abeiten. dic sich cht mythmsch pesaltenTasen= (op [-43), Pos emorss velockade da maquina vj sem didn muito mast mals repetitva gue s dolor satura ¢exponineo, x exccisio re fnicaem s tora o labor mecnico eo labor presdusriai main semen {es ene sido que ao tabulho. Hendrik de an, por exenpo, porssbe Inula bem que diese von Bucher. gepiesene Welt wena! die des Tandverhomissg Schiplevnchen Gevetbe ah ie der enfaches, shi: ren Adbvison tls pit p24. “Tas ests ters parecer ulfamente dsctineis em vist do Fe to de que os props taalhidores aprenentar rari iteramente de Fente para si preerénciy plo tabula opeive, Pefetenrno porgue & recanico e nao fequeratenyiv. de sorte que. uo execu. podem pe ‘ores berlinnses, Vesise Thichcke e Penn, Mensch nd Arbeit technischen Zerter” Com Prem ser Rutlserane 958, 92.35 fT, que tamber relatam gu, segundo uma ivestieasso do Max Planck Instat for Arispsycholopi crea a M por cto do rabslares Dreferem taretas monitors | Fapicagso dgts de Roma ver que Eeincide com ax sin amigas recomendagben sists queso uo meion do trabtho marl qe. por exit menor ate, tee inlertent me ‘0s com a contemplacao gue ae uttn ccupagoes © profissoes (jase Etienne Delarelle.=Le tavall dans les gles monastiques occigentales Aide" a Ber stclees Journ de puseeloie mate rhage VouXLt Ne 98 19 {ruir um mundo, mas para atenuar os Iabores de seu proprio pro- {2880 vital. © animal laborans tem sivido ieralmente mum mundo ‘de miquinas desde que a revolugi industrial ea emancipaci do trabalho substituiram quase todas as fervamentas manuais por mie ‘uinas que, Je uma forma ou de outra, suplantaram o slabor po: ‘Were humano com © poder superior des forgs natura “Talvez 0 melhor exemplo da diferenga fundamental entre fr Famentas © miquinas seja a discussio, aparentemente ifindivel, de se-0 homem deve vajustarse- & maquina ou se as, maquinas ‘devem ajustarse a naturezas do homem. No primeiro capitulo ‘mencionamos o motivo principal pelo qual toda discussio dessa na tureza € necessariamente ester se a condigio humana consiste no fato de que o homem ¢ um ser condicionado, para 0 qual tao, seja dado pela natureza ou feito por ele propmo, se trna mediate ‘mente condi para sua existencia posterior. entio 0 homem = touses a um ambiente de miguinas desde o instante em que as ‘consru, Sem duvida. as maquina tornaram-se condigao 20 ial fivel de nossa enistencia como os utensils eferamentas o foram ‘em todas a eras anteriores. Assim, do nosso ponto de vista, 0 imeresse da diseussio reside no fato de ter sido levantada essa ‘questo de ajustamento. Nunca houve divida de que o homem s¢ ‘justava ou precsava de ajste especial ferramentas que utiliza. va, da mesma forma como uma pessoa se ajusta as proprias mios. (0 caso das miquinas € ineiramente diferente. Ao contro das Ferraments do artesanato, que em part algums do processo de tr balho deinam de ser servas da mio, as miquinasexigem que 0 ope rario as sirva, que aust o ritmo natural do seu corpo ao movimen ‘to-mecinico que les & proprio. Certamente isto nla implica que os hhomens, em tal caso, se ajustem ou se tomem servos de suas ‘uinas: mas significa que, enquanto dura o trabalho com as maui hs, 0 processo mecinico substitu 9 ritmo Jo corpo hurano. Ate ‘mesmo a mais sofisticadaferramenta permanece como serv, inca paz de guiar ou substtur a mio: por outro lado aé mesmo amas Drimitiva das maguinas guia © labor do nosso corpo até substitutlo ‘Como freqientemente ocorte com os events histoicos, pare ce que as verdaderas implicagdes da tecnologia, isto, da subst {wigao de instrumentos e utensiios por maquina, 3 vieram flue ‘em seu derradeiro estigi, com 0 advento da automagio. Para os Fins do nosso estado talvez sea util lembrae, mesmo brevemente, ‘8 principas estigios do desenvolvimento da tecnologia desde © inicio da era moderns. O primeira estago, a iavengao da maquina & 160 Fr vapor, que leu a revolaio industil er snd carters Jeb imilagio de provers natura © pelo uno e Trg nau, ora finaldades humana que: em principo, ainda nao dieria do tong so dev fogue du ag ed vem. A nosiade no ea © Friripio da magus a vapor, mas sim a descobela © 0 wso ds as Ue carvan que devenan aliments” Os wension mecin {hv desta fae ie etem est tayo de proceson rts Sonhecidon ces tambe, iam enpmem malo vigor is als Ste tras mo mane oem ge ma es cuir @ sopoiso de qe aia da constroxio (es ‘BPiniquins) sj reproduzr ox movimentos da mio Uo Operador Su operitiow™ ® seyundo estigio foi carasterzao pricipaimente plo aso da cetidnde ~tfeulment a eletcfadecominga a determina ‘Tae lvl de desenvolvimento sno. Est fase Jano pode Ser Sesriem tro etre spine onne Se ion cates; e€ samente a ete mundo ques eategorias do ome fate, pars quem todo instumento cum mee de stn um fim presenti nao se upiam, Pos agora no unamos material {El come a natura o forse, matando process nt totipendocos ou imiandovs. Em tos estes casos, alleramos € ‘esnatraizamos natures para nostos propos fins mundaros {sorte que o mundo cu aici human, de um lado na feza, de auro, passa aser ds entades kamen separa. Flog posamoy a sri, por svi dar, io 4 dsencadear procesos naturals nossos que jamal teria ocrrido sem BOinwes de defender cndoosieneo ari humano conta ss forgas elementares da atoreza, matendoas mais possiel par ted mundo eto pelo horem, caalzamos esas fogs untae tment como Seu poder elmentar. para 0 prop mun. iso Fe 9. Uma dss importantes condigies materia da revoluo ian {oi a extingio das lorena e«descobera do carvan mineral com aba tuto da mateita A soluo proposta por R.H. Harrow fem seu vt Si ery inthe Rima Enyive (828) a0 scone enpna. no exo dis tora econdica do mundo antigo, de que idan se desenvolveu ste Eero pono, mas devo de Tarr 0 progresso que era de se espera € bem interesante ecomsinccnte neste purty Di le que unio for ue simpedia a plicaa das guinas andar on) inte Ae combusivel tom ¢ barton ume ez qe nia hava foes sand {es de carvao de pera de fail acesso- (9.129) TOsdohw Diol. Anavmaton The dso of thy Anton Ha or 1983) ps 11 ot sult em verdadeira revolugio no conceito de abricagi: 4 man fatura, que sempre havis so suma série de passos sepurados Tormou-se sum processo continuas, 0 process0 da coreia anspor tadora ou da lina de montagem "A automagio representa © estio mais ecente desta evolu. «realmente silumina toda s historia da mecanszagiow" Sem duvi Th a pa. 12, Friedmann, Prutimes dunn dr maine desi 18 Esta, ai, amas dbviaconclasio ae tira do de Diol ns, ‘de montage ¢0 read wo conceo da fabisgae com proces cot ‘nue poder-seia acrescenar Que atomayin¢ 0 reso da ecs ‘nizio Grin de montage. A ibra do “labor powers human mos ‘rimeionestgios du indusralizago, 4 astomayao serencenta Heer {io Jo brain powers humano, ama ver que nas tala de fsa © ‘Soneolestualmenterealizadis po seres Mumanon sera Tits po mag hiss lcs pl). Tanto uma como otra itera labor. eno bao. Em amor os casos rablhdor ou 0 sartiice dota Je ar rope {jos "alors hurmanosepscolgieos: ip. 188) uss todos os qb esr ‘tem sobre o assunt procram desesperadamente salva eras vezen, om via pada de tonia involumtara, com guano Dicbold ¢ utr Serer inceramente quo trabalho de conser, ie taver sma ve fa user inteamente alomalia, poe raze x mesa satsagao Que tfabicagio e's produgio de um objte nove — esta fora de copia, slo simples fto de fer sido eiminaso dan Fabrics muito antes de se o ‘ie flor em astomagio. Os tabalhaores Lbs sempre fru operas laborers) e.embora seu amor proprio tenha excelente fundamen ‘ertamente nie deorre do trabalho que execu. A unica cose qe Po ‘demon fazer & esperar qe eles propos se reeuem acta oy sats {os sciis da satsfgio edo amor proprio ue es proper os ort {0 wabao, on quant ean altura realmente acrdiam que © iterese ho trabalho ea itso do atesinato poder ser seston or =rel {hes humana e peo espe ue os tabular =grajla ene Ses ompantiro- (p60 Afnal, afomagao devia ter peo menoy ant [fem de mostrar os bvardos de toon ov shumanismon do rsa oh Imanisme of labor) ast stentar part 9 sgniado vera eMstrico da Falavra shomanseo~ para que te veiique qe a expresso “humm St ators ips uma contra pos terme (Velase excelente erica ‘do modiomo' ds reason humana: em Daniel Bal. Work und fn Ds “ncons (980), cap Sve RP. Genel acter main oft socal ‘hea, Revue frangase ua trai. VOLVHL Nos. 1-8 Ganeo-marGo {de 195}, onde tmbem firme denncia da lorivel ios 8 sale 182 > da, cari sendo © ponte culminante do desenvvimento modern, Megr que a ene stOmice e uma tcnolgia faves em descobertas aineafes logo decm cabo dela, Os primeos nsruments date. pjgia nuclear — o> varios tipos de bomb afomica qu, 36 defi fRados cin Guuntidades suientes (gue nio press ser muito ‘andes). poderiam destrur tous vids orgnien da Tera — cons fuem prova bastante da snormidade da excala 8 qe mudanga i ovorrer. Neste ano, no se Wataria de deSencadea ee Elta process elementars auras mas de mansear na Terra © ta vida e todos om Gas enerpascTorgas que so ocortem fora da ‘Tera, no univers — o que ji feito. mas mente nos labora fos de pesquisa dos Figo aucleares.” Se eatua tecnologia con Siste em canalizarforgas matran para © mondo do arifco hue frano. a tecnologia Uo futuro pode vir 4 constr em caalizar {Brgas univeruis do cosmo gue nos rode para natureza da Ter fac Resta verse essa Conca fturastransformarao 0 reino dem fureza, fal somo o conhecemos desde o comeco de nosso mundo tua mesma medida — ou mals — que a aa! feeologa leroy 8 propria mundanidade do arificio humane. "A canalizagio de forgas naturals para © mundo humano des truisa propria fnaliade do mundo, ose, fato de que os oe {os so 0s fins para Os quan ominstumenton eferraments ao pro- Jetados. E cancteritico de todos 0s processos natura 0 fat de ‘xistrem sem auxio do homem. ede que as coisas natura 0 Sao sfitase, mas vm a ser por mesmas 0 que so. (E este ta thm ostgnfcado autentic de nossa palavraoraturezas quer ade- ‘vemos dari latina maser asset, formon Busca em sa Of bem gra, pss, que vem depen, sng de agua cis, apa fecer porsi mesmo.) Ao contro ds produtos de mags Rumanes, fue devem ser feitos pass a passoe para os quis o proesso de {ibricagao€ inteiamente distin ds exstncia da cosh fabriada, 4 -exintencis du coisa aural io € seprada mas, de cela forma iaémica ao process através do qua ela passa sexist: semente TT. Ginter Anders, num interessante ensio sobre # bom stmica (Die Annigneriiit dee Mons he (1958) sate, de modo convince {que a alas experince jd Se apic as enpeiencls cea ae Scaretam explobes das ovis bom. Pos erucaractersico da expe ‘mentagan gue 0 eopag noua esta oe vealzava ers esrtarment ita sola do meio ambient. Os efos das Doma soto andes ie =o laboratirio tem sou cso} tems mesma dimensao do globo” (p24), 63 contém e,em certo sentido, ji a drvore, ea ivore deixa de viver Seo processo de erescimenio através do qual passou a exis for interrompido. Se os olarmos contra o pano de fundo das Finalida dds humans, que tém um comeso determinado pela vontade e um Fim definido, estes processos assumem carter de automatismo, CChamamos de automatico todo mov tanto, fora do alcance [Na modalidade de produgio itroduzida pela automapio, a diferen- {gente a operagao e 0 produto, bem como a precedencia do pro- ‘to sobre a operagio (que € apenas 0 meio de produzi-o) perdem Seu sentido e tomam-se obsoletas." AS eategoras do homo Jaber € do seu mundo no se aplicam a este caso, como jamal poderiam ‘alicar-se& naturezae ao universo natural Por sna, ¢ por sto que (0 modernos defensores da automagio geralmente se opoem tio Firmemente& nogio mecanistica da natureza e ao uilitarismo pri £0 do século XVIM, tio eminentemente earacteristicos do modo {Gamo © fino faber encara o trabalho, somente por uma faceta © {com um $6 proposit. 7 A discuSsdo de todo problema da tecnologia, isto €, da trans: formacio da vida e do mundo pela itrodo da maquina, ver es- ‘ranhaimente enveredando por um concentragio demasiado excl Siva mo servigo ou desservigo que as miquinas prestam ao homer. ‘A-premissa € que toda ferramenta e todo utensio destina-se basi: ‘camente a tornar mais Ficl a vida do homem e menos doloroso © labor humano. Sua qualidade de instrumento & concebida exclusi vamente neste sentido antropocéntrico, Mas qualidade de instr ‘mento que possuem as Terramentas e 05 utensils relacionam-se ‘muito mais tntimamente com o objeto que eles se destinam a pro- zr, 0 seu mero -valor humano» ita 20 uS0 que dees Faz ‘© aninallaborans. Em otras palavras, 0 homo faber 0 fazedor de {nstrumentos, inventou os utenslios © ferramentas para construir ‘um mundo, © nio — pelo menos nio originalmente — para servir ‘ao processo vital humano. Assim, a questdo no & tanto se somos Seahores ou eseraves de nossas miquinas. mas se estas ainda ser- vem ao mundo e as coisas do mundo ou se. pelo contraro, elas € ‘seus processos automiticos passaram a dominar e até mesmo a destnuir o mundo e a coisas ‘Um ponto & certo: em nossos das, contiquo processo auto- mitica ds manufaturajé eliminou no apenas a potencialmente enor re!” Nas condiges atuais, ¢ tio insensato descrever este mundo ‘de miquinas em termos de meios Fins como sempre fo indagar ‘da natureza se ela produzit a semente pra fazer aavore ou se fe ‘birvore para praduzira semente, Por outro lado, continua oper ‘Sao de canalizar para 0 mundo dos homens os procesos infindi- ‘eis da natureza, embora possa perfeitamente destrut o mundo ‘ina mundo como artfcio humano. provavelmente sera capaz de Stender as necessidades vitais da espécie humana com a mesma fabundincia © confabilidade com que a prOpria naturezs sempre 0 fez, antes que 0s homens construissem a terra ose lar arial € enguessem uma barreira entre si mesmos e a natureza. Para a sociedade de operirios. © mundo das magquinas subst tui hoje o mundo real, embora est peeudomundo sea incapaz de realizar a mais importante trefa do anificio humano, que € 3 Je ‘oferecer aos mortals ui abrigo mais permanente e estavel que eles 15 tial, ps 17 toad p10 At smesmos. Em seu coatinuo processo de operagio. este mundo de ‘maquinas comeya a perder até mesmo aquele caater humano inde pendente que os instrumentose utensils eas primeiras maquinss {da era movlernt possuiam em 120 alto grau. Os processos nturais ‘de-que se alimenta emprestarihe uma afinidade cada ver maior ‘com © proprio provesso biolgico, de sorte que os aparelhos. que fntes manejivamos tao livremente, comegam parever searapar ‘as, partes tao integranes do nosso corpo como a carapagae parte Inegrante do corpo da tartarugas. Do ponto de vista dests aconte cimentos, a tecnologia realmente ji no parece ser «produto de um tesforgo humano consciente no sentido de mulilicar a forga mate Fil, mas sim uma evolugdo biolgica da humanidade na qual os ‘estruturas intas do organism humano sio transplanta, Je ms heir ctescente, para 0 ambiente do homens.” ta ee Os Instrumentos e 0 Homo Faber Oreesionitstraments do a far don as vn ‘experiéncta fundamental da nosao de sinstrumentalidade>, de- {erminam todo trabalho e tos fabricacao. Sob este aspecto, € real ‘mente verdadeiro que o fim justifica os meios; mais qUe isto, 0 fim produz e organiza os meios. O fim jstifica a violencia comet Contra a natureza para que se obtenha © material, tal como a ma deirajustifica matar a arvore ¢ a mesajusifica destruire madeira em atengao ao produto final que as ferramentas sio projetadas € ‘os utenslios sao inventados,e €0 produto final que organiza opr- prio processo de trabalho, determina a necessidade de expecialisas. 2 quimtidade de cooperacio, © mumero de auxiares etc. Durante 0 processo de trabalho, tudo € julgado em termos de adequagio € Serventia em relagdo a0 fim desejado; e nada mais, (0s mesmos ertéios de meiose fins aplicam-se ao prprio peo- ‘dato, Embora este sea um fim em relagdo aor mecios pelos quis Foi produzido, nunca chega 8 serum fim em si mesmo, pelo menos 1 Werner Heisenberg, Dus Nun 166 no enquanto permaneya como objeto de uso. A cadeira. que € 0 fim do processo de carpintaria, sé pode demonstra sua serventia se voltar a ser um meio — seja meio de troea, seja como objeto ‘uj durabilidade permite que se ouse como meio de tora Vida ‘mals conforavel. © problema do critrio de utlidade inerente & propria atividade de fabricagao € que a rlacio entre meiose fins ‘ha al se fundamenta lembra muito uma eades nu gual todo fim pode novamente servi como meio em outro context, Em outas Palavras: num mundo estritamente utr, todos os fins tender a Serde curta duragaoe a transformat-se em meios para outros fins.” Esta perplexidade, intrinseca a todo utiitarismo sistemtico, ‘que € a filesotia par excellence do homo faber, pode ser diagnos ‘cada teoricamente como a capacidade inata de pereeberadierensa centre utilidadee sigificdncia,expressa na linguagem pela diferen ‘ga entre para ques e «em nome de qué Assim, o seal de serven- tia, que orienta a sociedade de arifices — como 0 ideal de conforto uma sociedade de operarios ou o ideal de aquisgao que governa as sociedades comerciais —. ji ndo ¢, realmente, uma questio Je Utldade, mas de sigifcincia.E ~em nome dav serventis em gera que 0 Homo faber juga e faz tudo em termos de =para qués. 0 ‘Weal de serventia, em s, como os ideais de ouras sociedades, rio pode ser concebido Como algo de que se necesita para que se joblenha outra coisa: sua serventa nao admite discussdo. B-sbvio ‘que no hi resposta& pergunta que Lessing cera vez, ding 20s filosofos utilitrios do seu tempo: +E para que serve a serventia?» [A perplexidade do utitarismo € que se perde na cadeiaintermins vel de meios e fins sem jamais chegar a algum principio que possa Jusifcar a categoria de meios e fins, isto &, a categoria da propria Uilidade, O spara ques toma:se 0 eonteddo do =em nome de ques: fem outras palavras, a uiidade, quando promovida a sgnificancia, era a auséncia de significado, Dentro da categoria de meiose fins, ¢ entre as experiéncias do conceit de instrumento que governa todo 0 mundo dos objetos &e Uso e da utilidade, no ha como por termo & cadeia de meios e fins de evitar que todos 0s fins, mais cedo ou mais tarde, voltem 8 ser tusados como meios, @ aio ser declarar que determinada coisa é ‘um fim em si mesmas, No mundo do hun fuer. onde tudo deve 1, Quanto i interminabildade decade de meas efns (0 «Zvevk rerssas in init) ea desea do signeado Que Ihe ierene, Nejse Nietsche, AC ie em Wile ov Mache 167 ter seu uso, isto €, servi como instumento para a obtensio de ou tra coisa, 0 proprio significado no pode parecer sendo um fim “um fim em si mesmo» — isto ou é uma tautologiaaplicivel a to- dos 0s fins ou uma propesisdo contraditria. Povs, assim que € atin ttdo, todo fim deina de serum fim e perde sua capacidade de orien- far ¢ jusificar a escolha de meio, de ofpaniz-os e produzi-os. Passa a ser um objeto entre objet0s, ou seja, € arescentado 20 ‘enorme arsenal de coisas dadas do qual o homo faberselciona li ‘remente os meios de atingir seus fins. O significado, a0 contra, Aleve ser permanente e nada perder de Seu carater, sea ele aleangs- tdo ou, antes, encontrado pelo homem, ou fora do aleanee do ho- ‘mem ¢inatingido por ele. O hommo faber, por no passar de um fa- bicante de coisas e por pensar somente em termos dos meios ¢ fins que decorrem difetamente de sua atividade de tribalho,€ 180 incapaz de compreender © significado como 0 animal laborans € incapaz de compreender 0 conceito de instrumento.F tal como 0s Utensils e instrumentos que © homo Jaber usa para constuir © ‘mundo tomamse 0 proprio mundo para o animal laborans,tam- 'bem o significado deste mundo, que realmente esti fora do alcance do homo faber, torte para ele um paradonal fim em si mesmo. ‘Anica solusio do dilema de auséneia de significado em toda Filosofia estrtamente ultra ¢ fastar-nos do mundo objetivo de coisas de uso e voltar nossa atengio para a subjetividade dx pro- pra utldade, S6 em um mundo estritamente antropocéntrco. on- Se 0 usuirio, sto €, 0 préprio homer, €0 fim tltimo que poe ter ‘m0 cadelainfindivel de meios e fins, pode a utldade como tal ‘adquirr a dignidade de signticagdo. A tagédia, porém. € que, 10 instante em gue o homo Jaber parece reaizar-se, em termos dai dade que the € prpin, passa a degradar 0 mundo das coisas, que Eo fim e o produto final de sua mente e de suas mios. Se o ho- tmemusuirio € 0 mais alto de todos os fins, sa media de todas as coisas, entio ndo somente a natureza, que o home faber vé como ‘materi quase »sem valor» sobre o qual ele tabalha, mas até mes- mmo as cotsas svalhosae- tormam-se simples mes e, com ito, er ‘dem o seu proprio «valor» intrinseco. O utiarismo antropacéntrico doin uber encontrou Sua mais alta expressio na fOrmula de Kant: enum homem deve jamais tommar-se um meio para um fim: todo ser humano € um fin em si mesmo. Antes de Kant — por exemplo, na insstenca de Locke em ‘que nio se deve permitir que um homem seja dono do corpo de ‘utro ou use a forga do seu corpo — encontramos certa percepsio 168 as funestas conseqincias que 0 raciocinio em tenmos de meios e Fins, sem peias e sem orientagzo.invanavelmente tem na esfera po- litiea; mas € somente em Kant que aflosofa das prmerasFses da fer moderna liberta-seintciramente das trivilidages do bom senso, tencontradas Sempre que 0 humo fuber dita os eniteros da socieda de. Naturalmente, 0 motivo disto € que Kant no pretendia formu lar ou conceitualizar os principios do utlitarismo do seu tempo, ‘mas, a0 contriro, deejava antes de mais nada por em seu devido Tgar a categoria de meiose fins eevitar que fosse empregada no ‘campo da agio politica. Nao obstante,€ inegivel que sua formu, tem origem no peasamento uiitrio — como € 0 caso, também, de sud outa famosa e iqualmente paradoxalinterpretagéo da atte do homem em relagio a0s Unicos abjetos que ni se destin a0 “so, oU Sea, as obras de arte, das quai ele disse que nos propor: ‘ionam sprazer destituido de interesse=.» Pois a mesma operayio ‘qe Faz do homem o sfim supremo» permitethe =submeter, se pu der, toda a natureza a esse fim,” isto, reduzir a natureza © 0 ‘mundo simples meios,privando-os de sua dignidade independen- te. Nem mesmo Kant fot capaz de resolver o dilema ou iuminar 3 {eegueira do homo faber no tocante so problema do significado sem ‘oltar ao paradoxal sim em si mesmo e este dilema reside n0 far to de que, embora somente a fabrcagio, com 0 seu conecito de instrumenio, sea capaz de construir wm mundo, esse mesmo mun- do torna-se to Sem valor quanto 0 material empregado — simples tmcio para outros fins — quando se permite que os eritéos qe Dresidiram o seu nascimento prevaleam depois que ele fo estabe- lecido. 'Na medida em que & homo juber. © homem sinstrumentlizas; ce este emprego das coisas como instrumentos implica em rebaixar todas as cosas a categoria de meio ¢acarreta a pena do seu valor Intrinseco e independente; e chega um ponto tm que no somente (0 objetos da fabricago, mas também «a terra em geal e todas as Forgas da natureza- — que evidentemente foram cradas sem 0 au xiio do homem e possvem uma existénciaindependente do mundo hhumano — pendem sev »valor por nio serem dotadas de reiicaio 20. A expressio de Kant ¢ cin Wohletllen oe ales Interesse- (rik dey Umea ed. Caste, W272 21 thd. pis ‘esultante do trabalho» Ni foi por outro motivo sen est a ude do homo Jaber em relagao ao mundo que os gregos. em Seu periodo clssico,diziam que todo 0 campo das artes €oficios, nos ‘Quai 0s homens trabalhavam com iastumentos efaziam algo nao pela satisfagio Je fazélo, mas para produit outra coisa, era Pbunuuskes palavra talvee melhor tradi como sfilisteu-, con tando a vulgaridade de pensar e agirem termos de utilitarsmo. A ‘Yeeméncia de tal desdém ¢ tao mais surpreendente quanto Yemos ‘que nem mesmo os grandes mestes da esculturae da arquitetura fregas escapavam a este veredito. 1 que esti em jogo nio é, aturalmente, 0 conceito de instru- ‘mento em si, o emprego de meios para aingr ur fm, mas antes a ‘generalizagao da experéncia da fabricasio, na qual autlidade e & Serventiasdo estabelecidas como criterion timo’ para a Vida © pa- ‘0 mundo dos homens, Esta generalizagio € inerene atividade {do homo fuer porque a experiencia de meios e fins, tal como exis- te na fabricapio, ndo desaparece com o produto aeabado: prolongs se até o destino Final deste sltimo, que 0 de servir como abjeto de Uso, A. sinstrumentlizagio~ de todo o mundo e de toda a terra, test ilimitada desvalorizagio de tudo © que & dado, este processo ‘de crescente auséncta de significado no qual todo fim se torna um meio e que s6 pode terminar quando se faz do proprio homem o ammo ¢ senhor de todas a8 coisas, no decorre dretamente do pro- {esso de fabricagio; pois. do ponto de vista da fabricagio, produ to acabado é um fim em si mesmo, uma entidade independente ddurvel, dotada de existéncia propria, tal como 0 homem € um fim ‘em si mesmo na filosofia politica de Kant. Somente na medida em ‘que a fabricagdo se concentra em produzir objetos de us0 € que o produto acabado novamente se torna um meio; esomente na med- fa em que 0 processo vital se apodera das coisas eas utiliza par seus fins € que @winsirumentalidade» da fabricago, limitada e pro dutiva, se ansforma na sinstrumentalizagio~ timitada de tudo 0 due existe Parece-nos ébvio que os gregostemiam esta desvalorizasio do ‘mundo e seu inseparavel antropocentrismo — a opinio sabsurda {de que o homem 0 mais alto de todos os seresvivos e de que tudo 0 mais esta sujito&s exigéncias da vida humana (Aristételes) 2, «Der Wasserfall. wie die de dberhaug, wie alle Naturkraft at cinen Wer, weil er Keine in thm vergegenstandiche Ache dart (Das Kapital IL (Murr-tncels Gesuntangube, ABIL, Zague, 53), ‘om. 170 — dha mesma forma como viam com desprez0 a pura vulgaridae de Todo utlitarismo sstemitico. 0 famoso argumento de Patio contra fo dilo de Protigorss,apareniemente axiomtico, de que »0 bomen a medida de todas 39 coisas de uso (ehremara, da exstencia das {que existem e da inexisténcia das que nao exten. aver Sei 0 melhor exemplo de que ji se anteviam as conseqincas de consi- Aerar-se 0 homo Jaber como a mais alta possbldade humana (Evidentemente, Protagoras no disse que ~0 homem €4 medida de todas as coisas”, como nos fazem eter traigio « a4 tages consagradas.) O que importa € que Patio percebeu desde logo ‘que, quando se far do homem a medida de todss as cosas deus, esti'se correlacionando 0 mundo com 0 home usuirioe fazedor de instruments, e no €om 0 homem-orador, pensador ou © ho mem de agio. E como é da nitureza do homem-usuiro farican te de instrumentos ver em tudo um meio para um fim — ver em cada irvore determinado poteacal de madeira —. isto fatalmente Signifcars fazer do homem nio s6 a medida de todas as coisas ‘ja existencia dle depende, msde ieralmente tudo o que existe Na interpretagio platdnica, Protigoras se afigura, realmente, ‘como 0 primero precursor de Kant; pois. se © homem &a medida de todas as coisas, entio s6 0 homem escapa relagio de meios € fins; 56 ele € um fim em si mesmo, capaz de usar tudo 0 mais como metos, Patio sabia perfeitamente que as possbiidades de produzie ‘objetos de soe de tratar todas as coisas da natureza coma objetos de uso Sio to Himitadas quanto as necessidades e os tlentos Jo Ser humano. Se os citrix do inno Jaber passarem a govern © ‘mundo depois de eonstusl coma dever nevessaramente presiit ‘Onascimenta desse mundo, entio ohio fer, mais cedo Ou mals tarde, servir-se-a de tudo e considerara tudo 0 que existe como simples meios a sua dsposigdo.Julgara tado como se todas co} Sas pertencessem a categoria de ciremuta ou objetos de uso, Je B Tivartes 152 ¢ Crusis 85E. Neste casos, como em ots ci tages angus Wo to Laono. Protgoris © sempre clad nor negates terms: punto einematon mtn en dine (ehase Dil Fa ‘imifica, deforma alguna, todas as coisas. mas somente aquelas coisas ‘ie os homens usam. necesita ou possiem.O sopest dit de Provigo. fis — so homem e'4 media Je fo cuss ser, em re ‘tapos metron puso, parlaseando, por exempo, Tie Ge Here Poleman pater punta to confit € 0 pl de odes as Sos) mm sorte que. para adotar 0 exemplo de Plato, © vento deta de ser ‘coneebido como forga natural, existente por si mesmo, para set considerado exclisivamente do ponto de vista das necessigades hhumanas de calor e refgério —'e isto, naturalmente,sigifearia, {que 0 vento, como algo abjetivamente dado, sera eliminado da ex: Perincia humana. Prevendo tais conseqiéncias, Plato — que no Fim da vida lemibra mais uma vee nas Leis o dito de Prot responde com uma formula quase paradoxal: no o homem — que, fem virtude de suas necessidades € asticia quer Usa to, © Pot tanto termina por despojar todas as coisas de sua valia invinseca — as «0 deus € medida (alé mesmo) dos simples objetos de ag te O Mercado de Trocas Nios a van mite es i Jamin Flinkin somo fazedor de instruments ¢ ti tic da im Guides, nto, da era moderna, quanto a dein do home 0 to animal polio o er da antgudade " O ace desta observ io reside o ato de que aera modera estat deca a ex ‘lui de sua esfera paisa o homem politico, ou sia omer gue fala e age. quarto aniguidade esta iteessada em exclur © ‘ms fab. Em ambos 0 casos,» exchiio no ero logics © matral quanto a exclsio dos operriose das classes desttuidas de propredade até sua emancipagao no scculo XIX. A era moderna Sabla, naturalmente, que a esfra politica nem sempre era, como mio devia necesariamente ser mera fungi da -socedade», dest nada a protegero lado produtivoe social da natureza human me diane #admiisieagso do gover: mas ia como =paavrasocase fe svirlorias tudo que nio fons a simples manutengo dale da ‘nde A capaci humana sobre ual a er moderna baseava 4 chamada produtiidade ita natural da socedade era igus. 24. Lek 16D citatexualmente ost ptgorico. ecto gue pl eu homens (antinop) subside por deus ters, 25. Capital ed. Moder Libra). 5% 03 m tionivel produividade do Sime Jaber. A antiguidade, ao contiro Cconhecia pereitamente certs tipos de comunidade humana nos {ais no era 0 cidadio da pos em ares publica em sigue eX Belecia e determinava o comteido da esfers ples: nessas come ridades vide piblica do homem comum era limita # =trabalhar fm beneficio do pov em eral sto €, © homem comum era um lemniourgon, am homer que tabalha para o pove, em conraposi- ‘0 30 oikees, que era um tabalhador doméstico e, portano, es- Eravo.> A caracteristica dessas comonidades apolitias era que 0 Togradouro public. a uzora, nio constitu lugar de encontro pars ‘os cidadios,e sim mercado no qual 0s artfices podiam exibire to ‘ear produtos. Além disto, na Grécia, os tranos nutciam a ambi, Sempre frostrada, de persadie os cidados nao se imseuirem em fassuntos publicos, a deinar de desperdigaro tempo em warren € Dolitenestha, ¢ de transformar 4 aeura aum conjunto de oj Se zmelhantes os bazares do despotismo oriental O que caracterizava testes mercados e mais tarde, caracterizou os baifvoscomerciais © frtesanais das cidades da [dade Média, cra que a enibigio de mer ‘eadorias para venda era seguida da exibigao da produgao. Na ver~ ‘dade, a =produgio ostensiva- (para paraffasear a expresso de Ve ben) & tio tipica da sociedade-de produtores quanto 0 =consumo ostensivor ¢ caracterstco de uma sociedade de operates. ‘Ao contirio do uni labors, caja Vide € erie alheka ‘a0 mundo e que, portnto, &incapaz de eonsruir ou habiar um esfera piblica e mundana, 0 home jaber€ pereitamente capaz de 36 A tia dos primeiros tempos da Made Medi. princialmente 4 historia as sspociogoes de atesum, const exemple adequade da ‘erdadeinerene + antign Sncepgi ox operon como taalhaderes ‘astro, em contrpngao son aries, gh erm vst como tabula ‘ores do pavo.em gral, Piso ramen das sila) asa 0 e800 do esti a sta ds nase Wangan do stem fami para Sistema do arenio ou guia. No primero canon hava uma lane fleamesios roprumene dis porque tas ay access de uma ‘ila ou de outros eros domestcos ram sass peo taal dx ‘membros do proprio pupor {Wl Ashley. am radu ts ns Eeanonie itu and Dror 931, p20) ‘No alemio medieval paliva Suey equiva exaamente&palvea steph deminrzen. Der pieciche senior Ress "Storer eF Beh beim Volk stbeen, cr geht au de Stor Sor signa dv (pov0>) (Wejase Joa Trier, “Arbeit und Gemeimchal. Sein Gente. Vol MLNS TT enovembeo de 1801) ter a sua propria esfera pibliea, embora nio uma esfera politic propriamente dita. A esfera piblia do his Jaber &o mercado de trocas, no qual ele pode exibir os produtos de sua mao e receber & estima que merece. Esta inclinagio para a exibigio publica tem muito ver com a spropensio de negoeiar.permutar ¢ trocar uma coisa por outras que. segundo Adam Smith. distingue os homens {dos animais — e decerto nao ¢ menos aragada que cla” O Tato € {que 0 fiom Jaber, consteutor do mundo e fabricante de coisss, 5 onsegue relacionarse devidamente com as pessoas trocando Pro ‘dutos com elas, uma ver que é sempre no fsolamento que cle 0s produz. A privatvidade exigda nos primdedios da era modern co. mo direto supremo de cada membro da sociedade era nada mais rhada menos que a garantia de isolamento, pois sem isolamento ne hum trabalho pode ser produzid. Os espectadores e curosos Jos rmercados medievais, one 0 asta era exposto em seu isolamento 805 olhos do publico, ndo chegava a ameagar esse solamento; © {que realmente consituiu uma ameaga no nesplendidotsolamento> dbo trabalhador foto surgimento da esfora publica, onde os otros ‘io se contentam com olhar, jugar eadmirar, mas querem ser ad mitidos na companhia dos artiices e com eles paticipar como iquais no processo de trabalho, alando com isso as proprias 0 {6es de competencia eexceléncia. Este isolamento em rlagao 40% Sutros € a condigao de vida necesiria a todo mestrad, que com Siste em estar a os com a side, @ imagem mental da coisa que ita exist. Diferentemente das formas polticas de dominio. o mes trado ¢ basicamente o dominio de coisas ¢ materia, nio de pes- soas. Ali, este ultimo tipe de dominio € bem secundario para atvidade do artifice, as palavras=trablhador:e =mestres — 0 hier eve cram onginalmente enpregdss com sinonimos. > ele werescent, om énfase: Ning jamais va us eo to car im oss com outro cio ames peopontlmees (Wea) Naas (ed, Everyman's). 2. 28. E, Levasseur Misti dex cases ousries ef de industic en France avant 79 (1900 ses mots mate et ouvir stint encore ps ‘comme synonimes av He iele= (p68, n.2)- a paso we =a 13. Se Sle" la matrse est devenue un ire augue est perm 4th Sa pire (p 72). Orginaramente le mot ouvir appiqat Wordnaie Suincongue cuveat, fait erage, mae ou lets {p-H9). Naw pi pis fina eh va soa nig ta gra din entre @ mente mm Se ulgum contato humana resuita diretamente da atividde do trabalho, decorre unicamente do fato de que o meste necesita de ajudantes ou deseja Weinar aprendizes em seu ofcio. Contudo, Giferenga ene © mestre qualificado e seus ajudantesnéo-qualifica- ‘dos ¢ temporaria, como a diferenca entre adultos e criangas. Dif- tilmente algo pode ser mais alheio 20 atesanato, ou mas dest= Yo, que o trabalho em equip: este, na verdade, no passa de uma variante da divisio do trabalho, pressupondo a «subdivisio das ‘operagies nos moviimentos simpies que as consttuems.” A equi pe, autora multicefala de toda produgao executada segundo 0 prin ipo da divisio do trabalho, possui © mesmo tipo de coesio que 38 partes constituiates do odo, e qualquer tentativa de isolamento por parte de seus membros seria fatal & produgio. Mas nio ¢ somente festa coesio que falta a0 mestre e ao trabalhador quando ativamen- fe engajados na produgdo; as formas especiicamente politcas de aliar-se a outras pessoas, de agir em concerto e falar com elas, es- tio completamente fors do aleance de sua produlividade. Somente ‘quando para de trabalhar e quando o produto estéterminado € que ‘0 mestre a 0 trabalhador pode sair de seu isolamento. ‘Historcamente, a ultima esfra publica, o tlm lugar de rev- ido que de lguma forma se relaciona com a atividade do homo fo- ber, €0 mercado de trocas onde seus produtos sio exbidos. A so cidade comercial pica dos primeiros estigios da era moderna ou 4o inicio do capitaismo manfstureio, resultou dessa =produsio ‘stensivas, com o Seu concomitanteapetite de possibldades uni- ‘ersais de barganha e troc eo seu fim chegou com 9 enaltecimen- to do labor com 4 sociedade de operirios, que substituiram a pro- Adugdo ostensiva e respectivo orgulho pelo =consumo ostensivos € respectiva vaidade E verdade que as pessoas que se encontravam umas com as futras no mereado de trocas ja nao eram os proprio fbricantes:€ ‘no se encontravam como pessoas, mas como donos de mereado- ‘Se proprtario ds ofcins ¢ os wabuhadores (p13). (Vejose més, Perre Brizon, Harare taal ede rca (a €8 1938 pp ™ 29. Chatles R. Walter e Robert H. Guest The Ah on the Assemble Line (1982) p10. Tama desrgao que Ada Sih az este prinepo 1a fabricagi de alfintes topsite 4) rosa slaramene cosmo ta Bao mecinico fi precedido pela dist do traalhoe dla deriva em us Fiase valores de toca, como foi abundantemente demonstrade por Mars. Numa Sociedade na qual a troca de produtos ¢ 2 principal atividade politica, até mesmo os operrios,cotejados com +0 heito ou (com) propretirios de mercadorass,toram-se proprie- trios, sdonos de sua forga de tabalho>. F somente neste ponto ue surge a famosa auto-alienagdo de Marx, quando os homens S30 Febaixados a mercadoras;e esta degradagio & caracteristica da si. {agio do trabalho numa sociedade mamuftureira, que juga os ho- ‘mens no como pessoas, mas como produlores, segundo a quali de de seus produtos, Lima sociedale de operinos, 20 contro, julea os homens segundo as Tungdes que eles exercem no processo 4e trabalho; se, aos olbos do om uber orga de trabalho ¢ ape: ‘nas © meio de produzir um fim necessariamente superior, ito €, lum abjeto de uso ov de troca, a soviedade de operarios confere & orga de trabalho o mesmo valor superior que atribui & maquina Em outras palavra, 50 aparentemente esta sociedade € mais . distrgada em uiidade,go- ‘ema 0 mundo, depots de consiruido, com a mesma exclusividade om que governa a atividade através da qual 0 mundo e todas as oisas nele contidas passaram a exist. ase A Permanéncia do Mundo ea Obra de Arte ne as coisas que emprestam a0 artfiio humano estabilida- "de sem a qual ele jamais poderia ser Um lugar seguro para 0s homens hi unas quantilade de objetos estitamente sem utidade e Aue, ademals, por serem dnivos, no Sig intercambiaveis, e portan to mio sio pasniveis de igualagdo através de um denominalor co ‘mum como'o dinheira: se expostos no mercado de tocas. spo Adem ser aprecados arbitrariamente. Alem disso. o devido telacio- niumento do homem com wma obra de arte nao ¢-usilaw: pelo con 0 Inari, ela deve ser cuidadosamente isolada de tado 0 contento dos ‘Objtos de uso comuns para ve possa gala seu lugar devide no mundo, Da mesma forma, deve ser isolada das exigéncis © nec Silades da vida dir, com a6 quai tem menos contato que au {quer outra coisa, Ao argumento, nao inteessa se esta inutidade {dos abjetos de arte sempre exstiu ou se, atiamente, a ate servin {hs chamadas necessidades reigioses do hoeem, ta como os obje tos de uso comuns server a nevessidades mais comuns. Aida ques frigem hstorca da arte tivense carater exclosivamente eigoso ou Imitoligico, 0 fato € que a arte sobreviveu magniicamente& sua se paragio da feligio. da magia € do mito Dada a Ss suma permanéncia as obras de arte sio as mai ine tensamente mundanas de taas 36 coisas tangiveis; sua durabiids de permanece quase isenta ao efeito corrosivo dos processos natu- fais, uma vez que no esti sujeltas ao uso por ciaurss vas — tso que, aa verdade, longe de matrilizar sua fnalidade inereme {como fnalidade de uma cadeira ¢ realizada quando alguem se Sent mela, 36 pode destru‘ta, Assim, a duabiidade das obras de arte € superior aguela de que todas as coisas prcisam pars exist cia, a estabilidade do ta por ser 0 mundo habitado © usado por metals adguire repre- Semtagao propria, Nada como a obra de arte demonstra com tama nha clareza e pureza- simples durabidade deste mundo de coisas: hada revela de forms ig espetacular que este mundo feito de coi fas € 0 lar nio-mortal de seres moras. E como se a estabiidade humana transparecesse na permanéncia da arte, de sorte que certo pressentimento de imortaliage — no a imortalidade da alma ou {a vida, mas de algo imortal feito por mios mortas— aqui pre ‘senga tangivel para fulgurar ¢ ser visto, soar e ser escutado,esere vere ser ldo, ‘A fonte imediata da obra de arte & a capacidade humans de pensar, da mesma forma como a -propensio para a toca e 0 & meérciow e a fonte dow objtos de who. Tratase de capachlades Uo hhomem, € nio de meros arbutos do animal humane. como semti- mentos, desejos e nevessidades, aos quais esto ligadose que mui- tas vezes cansituem o seu contetido. Essesaeibutos humanos sio tao alheios 20 mundo que © homem cria como seu higar na ter ‘quanto os atributos correspondentes de outras especies anima: Se Uivessem que constr um ambiente fabricado pelo homem para & ‘animal humano, esse ambiente sera um nao-mundo. resultado de ‘emanagio nio de emis. A capacklade de pensar Felaciona-se wt ‘com 0 sentimento, trinformando & si dor made € inuriculads, ‘do mesmo modo como a toca transforma gunna cra do dese jo-c10 uso transforma o unseio desesperido du necessilude — ate {ue todos se tornem dignos de adentrar © mundo tansformados em ois, reiffeados. Fm cada caso, uma cupacidade hums que, por Sa propa natures, & comunicatva evolu para mind, ran tende etransere para o mundo algo muito intense e veemente que estava aprisionado no Ser. No caso das obras de ate, a reifcacio & algo mais que mers transformagio: & tansfigurayao, verdaelra metamorfore, vom Seo curso da natureza, que fequer que tudo queime al vita cine 2as, Fosse invertido de odo que ae a cinzas pudessem ieromper fem chamas.” As obras de arte sae frutos do pensamento. mus nem por isto deixam de ser coisas. O procexso de pensar, em si, nid & apse de produit eTabricar coisas tangivets come lveos. pnts esculturas ou partituras musicals. da mesma forma como o uso. em i incapaz de preduzi e fabricar uma casa ou ma cadeira, Nat Frimente, a reiffeayio que ocorre quando se escreve algo. quando ‘Se pinta uma imagem ou se modela uma figura ou se compte uma tmelodia tem a ver com o pensamento que a precede: mas 0 que Fealmente transforma o pensamento em relia e Tabrca co ‘as do pensamento € 0 mesmo artesanato que, com a ajuda Join {rumento primordial — a mio do homem — consti as cosas duriveis do artic humano. Dissemos acima que esta eiicagio, esta materilizagio. sema qual neahum pensamento pode tormarse coisa tangivel, ocore Sempre a um prego, © que 0 prego € a propria vida € sempre nt Sletra morta» que 0 vespisito Vivos deve sobreviver. um amorteci- ‘mento do qual cle 6 eseapa quando a letra morta entra novamente fem contate com uma vida disposta a ressuscitila ainda que esta Fessurreigao tenha em comum com tose a coh viva. Fato de {que ela, também, tornara a morrer. Esse amortecimento, porer ‘embora estes presente, de cera Toma, em toda are, como que ine 19, Reframe no texto um pcm de Rilke sobre ate qe. sah 0 titulo de =Migica- deseveve ena tamfiguragio, itv acta Ae ut beschrelicher Verwandlung stimmen | soldhe Gebie — Fuh und ind!) Wir kedem oft. Anche werden Flmmen, | ch, in det Kura: zur Flnvme wid der Staab Hr nt Map Ie dan esi Jes ‘asbers | scheint dan gomeine Wort hinafgestut.- und Mt dh wie ‘ich wieder Ruf deo Tavbers, der nach Jer unstbren Tae ut cand 4 distinc ente Toate original do pensamento — no co ragio ou no eerebro do homer — e seu destino final no mundo, ‘aria de uma arte para outra. Na misica e aa poesia, que S30 menos smaterialsts» das artey porque seu materiale consste em Sons ¢ palavras, a reificajao e 0 artesanato necessrios sao min ‘mos. O jovem posta e 0 menino que © um genio musical podem ling perfeigio sem muito Weino © experiencia, Tendmeno que diicimente ocorre na pintura, na escultura ov na arquteura. ‘A poesia. cujo material €alinguagem,€ talvez amas humans 1 menos mundana das artes, aquela cuo produto final permanece Inais proximo do pensamento que © insprou. A durabilidade Je um ‘oema resulta da condensagao, de modo que & como Se lingua {gem falada com extioma densi fosse poctica por si mesma. Na poesia, a recordagio, Muemosyne, mie de todas ax musa, € die {amente transformada em memoria: © poeta consegue esa trans Tormagio através do ritmo, com o qual 6 pocma fase na meméria ‘quase que por si mesmo. E esta intimidade com @ memoria viva ‘Que permite que o poema perdure,retenka sua durabiliade fora da piginaescrita ou mpressa;c,embora a =qualkdade~ de um poema, Seja medida por varios padroes diferente, sua »memorabildades inevtavelmente determinard sua durabiidade, isto ¢ «possblia de de ficat permanentemente xado na lembranga da himanidade De todas as coisas do pensamento, a poesia ea que mals se as- semetha a este ultimo; e, entre todas as obras de ate, a que menos se assemelha a uma cosa € um poema, No entanto, até mesmo wn ‘Poema, nao importa quanto tempo tha existido como palavra vi- ‘ae faiads aa memorta do bardo e dos que 0 escutaram. ter, mals {edo ou mais tarde, que se Feito, ito & esento e tansformado fm coisa tangivel para habitar ene coisas pois 4 memoria eo {dom de lembrar, dos quais provem todo deseo de imperecibiids se, necessitam de coisas que os fagam recordar. para que ees pro ios nao venham a perecer W. A express itieitica sures uim poemt- ob fie den eer inuicandow atvadule do poeta. se prende ene fea, O mesmo Sse aplica uo semi dave. que provavelmente derivado aim Sta ‘aan ansgesonnene peti Gessbafene nederchrelben der tam Mic deren vreagen:(Gromm, Werteuel também ne aplcaria se ‘pale derive: came sugere agora 0 Aiomlncsches Wore UOSSI) de KlugelGorze, de vee. antiga panes gue spmtca wer latver veacinada som o lim fngees Neste cao, a avid postin ‘ue pron opera ants de que ele sea escito & tambem concede 18 a processo vital ou, como dizss Hume, mera -eserava day pune E-abvio que essa forga intelectual os resistive processos de lo ica que dels resultam nao si0 capazes de construir um mundo: ‘Sto ta alheios ao mundo quanto os igualmente ivesstivels proces- S0s da vida, do labor e do consumo. ‘Una das mats surpreendentes dscrepineiay da economia eis ‘ica € que os mesmos feoristas que se orgulhavam deter uma pers pectiv ultra freqlentemente viam com muita reserva mera ltildade. De modo geal, sabiam muito bem que a produtvidade specifica do trabalho reside menos em su ulihdade que em sia ‘capacidade de product durabildade. Com esta discrepancla, adi tam tacitamente 0 iealismo de sua propria filesofia utr, Pois, embora « durabildade das coisas comuns seja apenas um de bil reflexo da permanéncia de que sio eapazes a8 mais mundanss das coisas, a5 Obras de are, algo desta qualidade — que. para Pa tao. era divina por assemelhar-se 4 imortaldade — e inerente a 1 das as coisas como coisas. © € precisamente esta qualidade ou sua auséncia que transparece em sua forma eas torn belas ou feias. E ‘erdade que um objeto de uso comum nao & nem deve ser destina- ‘do a ser belo; no entanto, tudo 0 que possi alguma forma e€ visto ‘io pode deixar de ser belo ot feo. ou algo entre belo e feo. Tudo © que existe aparece necessaniamente,e naa pode aparecer sem {er forma propria: portato, nio existe de fto coisa alguma que, de certo modo, nio transcends o seu uso funcional; e esta transcen- ‘encia, sua eleza ou Teiura, correspond ao seu aparecimento pi boo e ao Tato de ser vista Bolo mesmo motivo, sto €, em 8 me rr existencia mundana, todas as coisas também transcendem aes fera da pura sinstrumentalidade. assim que sia produzias, O cr {ério segundo o qual a excelencia de uma cosa &julgada nunca € 8 Simples utldade, pois uma mesa feia nunca exerce a mesma fu (lo que uma mesa bonita, e sim sua adequagao ou inadequagio no focante a upurencia que ela deveri ter isto, na linguagem de Platio,¢ nada mais nada menos que a sua adequasao ou inadequa {90 80 eidos ou ide imagem mental ou, ates, a imagem vista pelos ofos da mente, que precedeu ao seu nascimento sobrevi Vera 8 sua possvel destrugio. Em outraspalavras, nem mesmo os ‘objetos de us so julgados somente sepund as necessidades obje tivas do homem, mas segundo eritenos objetivos do mundo onde fencontrario 0 scu lugar. para dura e para sefem Vstos e usados ‘© mundo de coisas feto pelo homer. o atic humano cons ida pelo home Jaber, soe torna uma Morada pats os homens ‘mortais, um lar cua estabilidade suportara e sobreviverd a0 move ‘mento continuamente mutavel de suis vidas e agdes, na media em ‘que transcende mera funcionalidade das coisas prodzidss para 0 Consumo e mera uiidade Jos objets produzidos para 0 uso. A ida em seu sentido nio-ioiico, 0 tempo que transcore ene © hhascimento es morte do homem, manifesta-se na agao e no scur Sov que tm em comum com's vida fat de serem essencialmente {els A stealizagio de grandes feitos e o dizer de grandes pali- ‘ase io deixario qualquer vestigio, qualquer produto que possa perdurar depois que passa © momento da aio e da pala fad Seo wal labonans precisa do auxio do homo fuber para ate ‘ua Seu labor © minorar seu soimento,e se os mortals precisam ‘Jo seu auxio para construr um lar i era, os homens que agen fe falam precisam da ajuda do home aber em sua mas alta capac dade, sto 6, ajuda do artista de poets historidgrafos, de esr tores e construtores de monurentos, pois, sem eles, 0 nico pro ‘to de sua stividade, « historia que cles vivem e encenam nao po ‘era sobreviver. Para que venha'a ser aquilo que © mundo Sempre ‘Se destinow a ser — uma morada para os bomen durante sua vida fa lerra — 0 artfico hummano deve serum lugar adequido ago © {0 discurso, a allsidades ndo so inteiramente ites a necessida des da vida, mas de natureza inteizamente diferente das varias at Vidades da fabricagao mediante a qual so produzidos © mundo € todas as coisas que nels existem. Nao énecessirio que escolhamos Protagors, nem decidamos Se © homem ou umn 0 que € certo € que a rmeulida nio precisa ser nem a compulsiva necessidade da vida biologics e do labor, nem 0 sinstrumentalismo~ utitario da fabrie cagdo € do Us. 16 CAPITULO Vv ACAO Todas as migoss sio suportveis quando fazemos delas uma historia og cantamos uma historia 4 seu respeito ‘sak Dinesen Nam im omni actione principales: imenditr ab agente, sive fuecessitare naturae sive toluntarie agar, propriam simtudinem esplicare: un fit quod omne agens. in quantum hutusmodi, dele tate. quia, cum ooine quod ext appetat suum esse, ac in agendo “agents esse modammodo amplienur, sequitur de necessitate delet tatio. Nihil iit ait mist tle existens quate patins fier! debe (ois em toda ago a intengo principal do agente, quer ele necessdade natural ou vontade propa, ¢revlar sua propia a: gem. Assim & que todo agente na meds em que age, Sen pacer Em agi como tudo.o que existe desea sun pops existence ome. na agi a extnca do agete 6 de certo modo. neni ada, resultanecessaramente 0 pease. AN, angles ‘sem que (agindo) manifeste o seu eu latente.) eee Dante Sioa A Revelagio do Agente no Discurso e na Agio uralidade humana, condigio bisica da agio € do discurs, A Riis pet epi Sticrae Scien ius s homens striam incapanes de comprecnerse ene 5 aos seus ancestas ou J fazer plas ara 0 fturo © prever ss tecesidads das yeayiesvindouas Se rao fossem fren se fad ser humane nao iferse de todow ov que exstram, exisem os a3 a Bosna rec St ou iam comunicar suas necessidades imediatas ¢ idénticas. | ican tne Ser lferente mio equivle a ser outro — ou sea, mv equrale fa possi essa cross qualdide de salteridade-. comum i two & {Que existe e que, para ilosofa medieval, € uma das quatro carae Tersticas bastas e universe que ranscendem todas as qualidade pariculares. A alterdade €, sem divida, aspecto importante da Pluralidade; a rao pela qual todas as nowsasdefinigbes S30 is Tingaes € © motivo pelo qual no podemos dizer o que uma coisa & Sem distingula de ura, Em sua forma mais abstrata, a alteridade esti presente somente na mera multiplicagio de objetosinowgini= os, Ho passo que toda vida orginica ja enbe varagbes edifeen ‘as, incusive ene individos da mesma especie. S60 homer, po Fam, & capaz de exprmir esvadiferenga e distinguirse 30 cle & ca paz de comunicar a si proprio e no apenas comunicaralguma co: Ei — como sede, fome,afeto, hostiidade ou medo. No homem. & alteridade que ele tem em comum com tudo 0 que existe, a distin ‘0, que ele partiha com tudo o que vive, torpamse singularidade, Es pluraldade humana é paradoxal plraidade de seres singula- ssa distngio singular vem a tona no discurso € a ago. [Através deles, os homens podem dstingui-se, ao inves de perma ‘necerem apenas diferentes a agio ¢ 0 discurso sio 0s modos pelos ‘Quais 0 seres humanos se marnifestam uns aos outs, nlo come meros objetos fsicos, mas enquanto homens. Esta manifestagio, fem contraposigio a mera enstenca corporea, depende da ini Wa mas trta-se de uma inciativa da qual enum ser humane po de absterse sem deixar de ser human. Isto nao ocorre Com ne- ‘ahuma outra atvidade da vita actu. Os homens podem perfeitar mente viver sem trabalhar. obrigando a outros a tabalhar pars les; e podem muito bem decid simplesmenteusar-efrir do mun {do das coisas Sem Ihe screscentar im so objeto util a vida de um fexplorador ou senhor de escravos ou a vida de um paraita pode Sernjusta, mas nem por sto dei de ser humana. Por outro Lo, Vida sem discurso e sem aga0— unico modo de vila em que hi Sincera renncla de toda vaidade e aparéneia na acepxao biblica da Dalavra — esta lteralmente mora para o mundo: dena de set uma ida humana, uma vez que ja no vivida entre os homens E com palavras¢atos ue nos inserimos no mundo humano:€ cesta insergao € coma tim segundo naseimento, no qual confirma mos e assumimos ofato original ¢ singular do nosso aparecimento Fisico orignal. Nio nos € impos pela necessidade, como o labor rem se rege pela uidade, como 0 trabalho. Pode ser estimulada ‘mas munca condicionada, pela eesensa dos outros em cua comp hia desejamos estarz seu impeto Jecorre do comego Que ¥em 40 ‘mundo quando nascemos,e ao qu respondemos comegando algo hhovo por-nossa propria initia.’ Apr. ao sentile tas petal ‘do terimo, significa tomar iniciativa, ieee (com o indica a pal ‘ta greg unt lein, scomegat, ser 0 primeito«€. em alguns e230 :governars). imprimir movimento aalguma cosa (que €0 significa Jo original do term lating ayere). Por consttirem um inition. por serem recém-chepadose iniciadores em viride do fao de te Fem nascido, os homens tomam iniciativas, so impelidos agi. Unitian) erg. ut evset teaan et hom ante gue als Jat {portanto, 0 homem foi eriada para que houvesse um comege, € tntes dele ningiem exists), diz Agostinho em sua flosfia polit fc" Trati-se de um inicio qe difere do inicio do mundo: nao € & inicio de uma coisa, mas de alguém que é, ele proprio, um incia dor. Com a enagao do homem, veio ao mundo 0 proprio peceito {de inicio e st, naturalmente. apenas tra manera Je dizer gue © preceito de liberdade for eriado a0 mesmo tempo, € M0 ants, aque 9 homem, Eda natureza do inicio que se comece algo novo, algo que aio pode ser prevsto a partir de coissalguma que tenha ocorido ates, Exe eunho de surpreendente imprevisibildade ¢ inerente a todo 1 Estas eonsderages enconiram apoio em recetesdescbertas pricolgia ds lop que salen também a eet afinaade ee ‘agi eo dscuro, Bem como sux natureraeapontinese gratia, Vefe Se eapecialmente Arnold Gehlen, er Mitt Ser Natu wd see Sete infer el (1955) qe faz excelente itese Jos esata in {erprelagies das pesquisa cenifcs fuss, com abundeia de cone ‘Simentos vations” Se Gblen, como cts em cue pesquisa he Sein sinyteorasyacredita que ests capcidades espocticamente fume rin so tambem -nevessidades Hogan so, necessiis Um or hismo biolopcamenteTraco © mal sstado come 0 do homer ito € ‘utr problema ue mi inferessa 40 mows context, 2 De sittate Dei si 2. 3. Para Agostino, hiv tanta deren etre os dos comes gue ‘le crpregava ua paves diferente oti) pa indica © comeyo Te Breen pelo homem,chamando de yey ask 8 unde oe dogo coma do primero sera da Bibi. Como se v6 em De eitae Dev i 32, panes pronpiwm tna para ABOGno UM Scmido muito menos fac inicio do mando -nav sigiesva ae contririo das que inventamos, nio tem ator: nessa condigao, € 3 ‘erdadeiro precursor da Providenci, da =o invsivel, da Nat Feza, do ~espirito do mundo, do interesse Je classe e Ue outras rogdes semethantes mediante as quais os erstios © 0s modernos Flosofos da Historia tentaram resolver 0 desconcertante problems ide que, embora a Histria deva a sua existncia aos homens. ob- Viamente ni € «feta por ees. (De fat. nada denota mais clara mente natureza politica da Historia — 0 Tato de que & uma histo Fa de alos feitos,e io de tendénciase Forgas ou idias — que & introdugio de um ator nos bastidores que vemos em todas as Flo- Sofia da Histéria, e que constitu raz sufcieme para que as que Tifiquemos de Hosoi politicas disfargidas. Peto mesmo motivo, ‘simples Tato de que Adam Smith tenha precisado de wna «mio imvisivel> a guar as relagdes economicas no mercado de tocas de ‘monsta claramente que as relagdes de roca envolvem algo mais ‘que a mera atividade econdmica, e que o «homem econdmico>, 30 fdentrar © mercado, © um ser atuante-e nig exchisivamente Um produtor. negociante ov mereadon, ‘A invengio do ator que se esconde nos bastidores devorte de ‘uma perplexadade mental, mas nao corresponde a qualquer expe ‘Séneia real. Com esta invengio. a historia fesllante da ago € Fa ‘Samenteinferpretada como historia fcticia, na gual um ator real: mente pura o& cordbese diige pega, A historia de fegio revels tum autor, tal como qualquer ara de arte indica claramente ue fo) Teita por alguém — e ito no se deve ao carter da historia em si ‘mas apenas do modo pelo qual ela veio a exist. diferenga ent fa historia real ea fiegao & precisamente que esta lima € =feta» tenquanto a primeira nia o€. A historia eal em que nos engajmos ‘durante toda a vida, no tem eriador visivel nem invisivel porque ‘io € eriada, O nico =lguém: que cls fevela co seu heroi eels © © nico meio pelo qual a manifestasio orjginalmente itangivel de ‘um = quem singularmente diferente ode tornar'e tangivel es unt Dak Ws bs, 198 facta através du agio € do discurso, $6 podemos saber quem um hhomem foi se conhecermos historia da qu ele ¢ 0 hero em ‘utras palavra, sa biograias tudo 0 mais que sabemos a seu rs peitos inclusive a obra que ce poss ter produzigo e deixado ats ‘de si da-nos apenas yur ele & ou fo. Assim, emboraestejaos ‘muito menos informados a respeito de Socrates, que jamais escre- ‘eu uma linha sequer nem deixou obra alguma para a posteridade, {ue acerca de Patio ou ArisGteles,sabernes muito melhor e mais Intimamente quem foi Sdorates, por Ihe conhecermos a historia do due salbemos quem foi Arstoteles, de cujas opinides estamos tio bem informados, ‘0 herd revelado pela hstéria no precisa ter qualidade be roicas; onginalmente, isto 6, em Hometo, a palavra sheroir era fpenas um modo de designar qualquer homem live que houvesse Participado da aventura toiana” edo ual se psa contr uma Ns: toria. A conotagio de coragem, que hoy reputamos qualidade in dispensivel a um herbi, i est. de fato, presente na mera disposi- {0 de agire falar. de inserir-se no mundo e comegar via historia Dropria. E esta coragem nio esta necessariamente, nem principal- mente, associnda & dsposigio de arcar com as consequencias: © proprio ato do homem que abandona seu esconderjo para mostrar ‘Quem ¢. para revelar © enibir sia indvidualidade, ji Jenota cor igem e ale mesmo ousadia Essa coragem orignal sem a qual a 14940, o discus e, segundo os gregos. a liberdade Seriam impossi ‘Eis, mio ¢ menor — pode ste ser maior — quando 0 sherOi» € um covarde Tanio 0 conteio especitico como 0 significado geral da agio «do dscurso podem assumir vara forms de reiicagao em obras de frie que enaltecem um feito ou empreendimentoe, atraves Je transformayio © condensasio. revelam toda a importncia de al zum acontecimento extraordinamo, Conta, 0 eariter de revel o, expecifica da agio e do discurso, a manifestagio implicita Jo Agente e do autor das palavras, esti tio indssoluvelmente vincula- 4o ao fluxo vivo da agio e da fala que s6 pode ser representado & sreificados mediante uma espécie de repetiio, a imitagio ov imines que. sequin Aristotle, existe em todas as ates Mas $0 TW Em Homero, palo es sem diva implicav dining ras uma isting sc entava a scance Je guaiger homes lve” Est enum momen temo significado ulteor de =semideus, restate tal Nex da derfeasia don antigo Heros eps 9 «© realmente adequada wo drut, cu proprio nome (do verbo gre four sapis) indica que 4 representagao teatral € na verdade fom imitagao da ago". Esse elemento de imitacao, porém., esta Prevente mio pens ra ate do ator. mas também. como preende Conretamente Aristoteles, no processo € char ou escrever peg pelo menos na medida em que a pega teatral s6 adquire plea exis Tenia o ser interpretada no teatro. SO os atorese inerocutores {que reconsituem o enredo da fstoria podem transmit osignfica {Soot ni tanto da historia em si, mas dos “erois» que ela poe fm evidnei. Em termes de tapi greg. sto quer dizer que Ca {oo significado direto como o signicado universal da istria So e- ‘elas pelo coro, que nao itil €cujos comentarios so pura poe Sia to pusso que a entidadesintangiveis dos agentes, por eseaps Tem a tala generalizayao e, portanto, a toda reiicasio. s6 podem Ser reveladas através daimitagio de seus atos. Esta e também a ra- Zao pela qual teato € arte politica por excelencia: somente no Teatto a esfera politica da vida humana € wansposta para a are Pelo mesmo motivo, ea unica are eyo asunto €,exclusivamente, fo homem em suas felagdes com outros homens. 1H. Ja Aristteles menciona que « playa drum fo excohida poe ‘que os shunts oos ie ageme) sb imtadon (ots RDB) NO po Pio tata. ca evideme que Anstcles foi buscar no drama 0 Modelo 4 smtago» a ate: gencralzaga do conceit pura tomo aplic ‘ela todas a ates parece me inadeguas 12, Geramente, Arsttees fala no de yma imag da ag Ur isms dos agentes (prttonts)(vejese Pov Mala f, 1448028, 1aabn2e 8), Comodo, noo for ssemacameate (cf. 1Sta29, LATA) Tundamentl e que 4 trageiia io tt dar usldade dos homens, ‘tus ptoess mas dos tcomecimento elchnadon a ees a suas aes ‘sn dan, sm Bs os sote (1405-18) O contend de rede ‘iv €, porno. 0 ue chamarimos de penonagem, enim a a580 1 Prutievats 9182, ob prewdoariatel tog et A Fragilidade dos Negécios Humanos Argan de ican a man € pone mento. Estar isolado € estar privado da capaci de agi. A fgio 0 discurso necessitam tanto da citeunvicinanga de outros ‘Qlanto a fabricagao necessita da eireunsizinhanga da natreza, {qual obtém matéria-prima.e do mundo, onde coloca 0 produto ci ‘ado, A fabricagio &circundada pelo mundo e esti em permanente contato com ele: a ago e o discus sdo citcundados pela tela Je ‘tose palavras de outros homens, ¢estio em permanente conto ‘com ela. O mito popular de um =homem forte» que, isolado dos futtos, deve sua forga ao fato de estar 80, ¢ mera superstigio ba Seada na lusio de que podemos «fazer algo na esfera dos nepo- ios humanos — fazer instiuigdes ou les. por exemplo. como {iazemos mess e cadets, fazer © homem =melhor= ou = poe = 00 é,entdo, a desesperanga consciente de toda agao, politica ou no, alada a esperanga utdpica de que seja possivel lidar com os Fhomens como se lida com qualquer =material=" A fora de que © individuo necessita para qualquer processo de produyao. sei inte Feetual ou puramente fsica — tornarseintelramente inatil quando Se trata de agi. A historia esti repleta de exemplos da impotencia dg homem forte superior que é meapae de angariar v-wilio ou ‘cooperagio de seus semelhuntes —frucisso que &freqientemente TH: Plato i reeiminava Prices porno haver torn melhor © ‘idadiow, pov. im esta carer, om atenenes cram pre ae tes (Ginuies S15. 1S. A hist politica recente ests replta de evemposindativos de ‘que t expresadostateral human: no €simplesmeme meafora inte Siva. O mesmo se pve dizer inimeras experncasslenicas tae. todas wsandot manipula © mafia mater harman mm se a traasse de qualgoer outro mater Estate mecanicita e ties dt fem moderna. Quando visava 2 objelvos semeltunis. «agua tendia a concehero homem somo um animal scvugem gue devis ne mado e domestcado. Erm qualquer cao. 0 unico fevuago possvel € morte do home. nao necessaramente camo orga si. Mase uanto omen 21 stribuido a fatal inferionutade da multdio e v0 resentienta que ‘0s homens eminentesinsptam aos medioctes. Mas por sen ‘as que selam estas observagdes, nao descem ao fundo da qv ‘Como exemplo do que esti cm joo neste particular. poemos lembrar que 0 prego € 0 ltim. ao contrario dat inguas manermas ppossuem dss palavras totalmente diferentes. mas correlates. Pars {esignar 0 verbo sagit-, Aos dois ¥etbos pregos ure (come jars, «ser 0 primeira e, finalmente, =governar") € patie (Catravessars, realizar” © saeabur«) corespondem os dos ver bos latinos agere (-pdr em movimento», sar») © keer (eo significado original & =conduzir~). E vomo se toda ago estvesse ‘ividida em duas partes: 0 comeyo, feto por ua so pessoa. ‘ealizagio, & qual muitos aderem para ~conduzir”. »aeabar. ke Var a cabo 0 empreendimento. No so a palavras se corelacionam de modo anilogo. como historia do seu emprego ¢tambem seme: Thante. Em ambos os casos, as palavras que onginalmente desig hava apenas # segunda parte da sei0, 0 ej, sua realizagio — Dpratcine werere — passafam a ser os termos acetos para desigar 4 agio em geral, enquanto as paluvras que designavam © comeso ‘da ago: ganharam significado especial, pelo menos na linguager politic, Avchein passou a sigifcar. priacipalmente, -governar’ © “liderar=, quando empregada de manciraespeciica © 1207" pas Sow a significar = iderar=» ao inves de =por em movimento Desse modo, o papel do iniciador lider. que era um prions inter pares (oo caso de Homero, um Fei enters) passou a Ser © ‘papel do governante; s interdependéncia original da ago — a de: pendéncia Jo iniiador e ider em rela aos outeos 80 tocante & Auxllio, ¢ a dependéncis de seus seguidores em relasio a ele not ante a uma oportunidad de agir — dividivse em duas fungdes ‘ompletamente diferentes: a fungio de ordenar. que passou a ser prerrogativa do governante. ea fungio de executa. que passov a Ser‘o dever Jos siditos. O governnte ests $6. isolado contra oS ‘outros por sua fore, al como 0 iniiador estava, a principio. isle ‘do por sa propria invita, ste encontear 4 adesdo dos UtOs ‘Contudo, a forga do iniciador lider reside apenas em sa inci va e nos riscos que assume, no reali2agan em si No caso do ‘governante bem Sucedido, ele pode revindicar para si agile que To. Quanio a urlcn © pratcin, vejase sored seu empress em Homero tof C. Capele. Wirter i ew Ho thy Hevneriden 1188), 2m ra verdade, & 4 realizagio de muitos ~ coisa que jams tera sido Permit s Agamemnon, que era rei mas nao governane. Atraves tessa reivindieagao, 0 governante monopoliza, por assim dizer. forga daqueles sem eujo auxilo ee jamais teria realizado coisa al- iguma. E assim surge a isio de fora extraordiaara e, com ela, falicia do homem forte que € poderose por estar $8 Palo fato de que se movimenta sempre entre © em relagio a ‘outros seres atuantes. 0 ator nunca € simples =agente>, mas tam- ‘bem, © a0 mesmo tempo. paciente- Agit e padecer si0 como 3s aces opostas da mesma moeda. ea historia inilada por uma agho ‘ompoe-se de seus fetos e dos sofimentos deles decorrentes. E> tas consequencias so iimitaas porque a ago, embora poss pro Vir do nada, por assim dizer. ation sobre um meio no gual toda fea ‘io se converte em reagio em eadeia. e todo pracesto & causa de vos processes. Como a agdo atua sobre seres que tambem <0 apazes de agit a reagao,alem de ser uma respost, ¢ sempre wma nova aga com poder proprio de aingreafetar os outros. Assim. 3 agio ea reacdo Jamal se restringem. entre 0s homens, a um ci alo fechado. e jamais podemos, com seguranga, limitila @ dos purceiros. Essa imitagao € pica no $6 da agdo polities, ag seat {fo mais restnito da palavra — come se a limitagag do iter relacio- faamento humano fasse apenas o resltado da multao iimitada de pessous envolvidas, & qual poderiamos Tugirresignando-nos & aso Sentro de um conjunte limttado e manejivel de cieunstincias, © ‘menor dos atos, nas circunstineias mais Hints, tra ems Se ‘mente da mesma limitagao, pois basta um ato e, as vezes, uma Palavra pars mudar todo um Eoajunto ‘Alem disso, seja qual for 0 seu conteido especifico, a asio sempre estabelece relays, © tem portanto a tendencia inerente de vlolar todos os limites e anspor todas as fontetas". Os limi tes Trontcras que existem na esfera dos neqscios humans jamais jhepam a constr estrutura capaz de resstir com seguranga a0 ‘ram as fis mas ay apes Ue elas ispravam defines leis come Pp [or entre cierntesseres tbsp in Livro I. capi et Li KXVIL cap. Trata'se de uma delinigso surpeendent. uma vez que les sempre foram definidas em termos de ites ou tomes. A ra2S0 iso ¢ que Montesquieu ears menos infressado no abe chamava rnatureza do governo» — se ery repblca ou monargia. por exemplo — {ee pip pb gil gone) a le a pl 205 impacto com que cada nova geragio vem ao mundo. A fragile dda lee instuigdes homanas e- de modo geral, de todo sssunto relative a coexistencia dos homens, decorre da condiyso humana da natuldad. © independe inteiramente da fragiliade da natureza humana. As cercas que iascrevem a propriedade prvada e prote gem os limites de ea domiciio, as frnteias teritonas que pro- tegem e tornum possivel a tdentidade isica dle tm pov, © a8 Tes «que protegem e tornam possivel sua exstenei politica, tm enor me importancia para a estabilidade dos nepicion bumanos precisa ‘mente porgue nenhum principio limitado eprotetor resulta das at Vidas que tanscortem na pripiaesfera dos negscios hunanos. [As limitagoes legas nunca sto defesss absoltamente seguras con tra a agio vinda de dentro do proprio compo politico, da. mesma forma que as fonteras teritorais jamais Sao defesas inteiramente ‘euras contra ago sinda de fora. A iimitagao da ago nada mas endo o outro ldo de su tremenda capacidade de estabelecer re Tagoes. ito e, de sua produtividade especiiea, E por ias0 que antiga virude da moderagao. de se manter dentro de certos limits, realmente uma das vinudes poiicas por exceléncia tl como a Tentagio politica por exeeléneia & 4 hubris come os gregos, com sua grande experiencia das potencalidades da agio, tao Bem sa iam, e nig a ambigio de pode, como somos levados a acreditar CContudo. embora as varias limites e fonteras que encon- tramos em todo corp” politico possam oferecer certaprotego con tra. tendéncia, inerente &agio. de volar todos 0s limites, so t0- talmente impotentes para neuiralizatihe a segunda caracteristca relevante: sta inerente imprevisibilidade. Nao se trata apenas da mera impossibildade de se prever todas as eonsequéncis Iigicas de determinado ato. pois se assim fosse um computador eletronico poderiaprever o futuro: a imprevisibiidade decorrediretameate da historia que. como resultado da agio. se inca ese estabelece as sim que passa 0 instante fugaz do ato. O problema & que. sea qual for anatureza e 0 conto da historia subsequente — quer trans corra na vida publica ou na vida pevada, quer envolva muitos ou pouvos atores'— seu pleno significado somente se revela quando fla termina. Ao contro da fabricagio, em que a luz & qual se Julaa'© produto final provém da imagem ov modelo percebsdo de fanlemio pelo artifice a luz que ilumina os processes da agao e Portanto, todos os processoshistoricos so aparece quando ces ter fninam — muita vezes quando todos os participants ja estao mer. tos. A agi 36 se revelaplenamente pars 0 narrador da hatoria, ou Soja. para 0 elhar retrospective do histriado. que realmente ser 208 pre sabe melhor © que aconteceu do que os priprios participants, Todo relate feito pelos propos aores aa gle em anos ea 205

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