Chanlat - Ser Humano Espaço Temporal

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_—————_ O SER HUMANO, UM SER ESPACO-TEMPORAL F. Rost + Jean-Francois Chanlat Titulo original: L’étre bumain, un étre spatio-temporel Traducio: Oftlia de Lanna Sette Torres Scanned by CamScanner Poy — 126 UO NA ORGANIZAGAO_ 108 constituem duas dimensdes de toda atividade © experia -se simultaneamente No tempo € NO espago, As 6, so também, Ora, estas duas dimensies nio sig 4g, e* weriam set, pelas ciéncias do "comportamento oy. © espago € tempo’ humanas. Cada ser humano enrai nizagoes, as sociedades ¢ 0 unives : consideracio, como de ooo A Sea pala ¢ da linguagem, elas sio freqitentemente vistas apeny sob 2 dtica da funcionalidade ¢ da economia (Fisher, 1989). Entretanto, a obserracs, coridiana nos mostra que estas dimensées sio mais ricas de significagbes do que as cq, cepsées tradicionalmente empobrecidas que © mundo "real" das Organizagées pode te “Todo espaco organizacional; como o demonstra G. N. Fischer no Volume 2 de, coletinea, é um lugar a0 mesmo tempo dividido € imposto; que as pessoas, qualquer gy. seja o nivel hierénquico ow posisio, tentam, a despeito das dificuldades, apropriar, por sg tum lugar rico simbolicamente, tm teatro de interagio (Goffman, 1973), um lugar dee, raizamento. Isto explica porque ¢ sempre dificil deixar um espago a0 qual estamos hab, ruados. Porque 0 espago fixa de algum medio a identidade pessoal € social,’fornece ponte, de recuperacio para nos movermos ~ "O espaco onde alguém sente poder movimentarse livremente é 0 espaco que nos concedemos ¢ que os outros nos fornecem” (Laing, 1971, p. 169). Trocar idéias, produzir, distrair-se, ¢ fonte de carga’afetiva’e social: Construisy social ¢ cultural, pode apenas refletir a relagio que o homem mantém com a natureza ¢ 0s outros homens (Condominas, 1980; Hall, 1966). Esta psicologia social ropolégica, como a teria chamado Lewin (1935), ou esta an tropologia do espaco, como qualificaria arualmente Paul-Lévy ¢ Sigaud (1983), ressalta un ambiente fisico carregado de significado, um veniadeiro "Umneelt” (Harré, 1979) que vi determinar, alidés, em grande parte, como demonstra Jacques Girin no presente volume, 1 configuracio que vio tomar as comunicagdes fitnciomais ¢ relacionais em tuma organizacio. O espaco, lugar a0 mesmo tempo da sobrevida biolégica ¢ da existéncia psicolégic, € também um lugar social, um campo que estrutura as interagées, no importando qul seja sua configuragio (local, regional, nacional, internacional). Seu ordenamento permane ce sempre um jogo arriscado € um desafio. Um jogo arriscado no sentido de que cada ar (individual ou coletivo) procura, na medida de suas disponibilidades, apropriar-se de parte ou da toralidade através da territorialidade e das relagdes de poder; um desafio no sentido de que 0 espago concebido € apenas um possivel entre tantos outros, sempre submetido, wm vez realizado, critica do espago rivido. O espago organizacional, ao mesmo tempo eng!” bando espacos individuais ¢ coletivos de trabalho, esti submetido a algumas exigénciss 197), mais amplos: 0 espago da sociedade e 0 espago do mundo (Hall, 1966; Brave Esta et fineness : imposisio da dimensio espacial ¢ de seu ordenamento na vida humana tem cidéncias cori : : bricas conse tatt®: Quantos edifiios piblicos, prédios de escolas e de universidaes ai vivem ¢ trabalho crea S30 hoje, Fontes de poluigio visual € de desprazer para 08 am! O prazer de estudar ou de trabalhar em um lugar é também um P Scanned by CamScanner PORAL _ 109 yer espacial, um prazer 8 um esp; matidade de vida «ue 2% cidaes hoje cons ; din descrigao de Hay310 geogrifica, que uma universidade americana ou euro qualidade de vida € suas ten sree onde noe sentimos bem. Nao é por sua compan esas § empresas? Nao & através nda nada de numerosasfotografias sugestivas, ae ee cag ceruar seus estudantes? Esta nogio de ‘muito ligadas a0 espaco ¢ sobretudo aa Hla lembra & todos on que quer © . lcrem ouvir, mesmo ni tcitinha, mas que S30 sensivels 4 belezn 2 eno Hao sendo estetas de car- ; le um espaco ic balham, Etros neste campo, e cada um Paco cotidiano, principalmente onde tra- 7 Ds pode Jembrar-s dric 5 difeeis, mesino impossiveis, de serem reparados penis eee te, Fechado ow aberto, nebuloso ou claram, funcional ow labirintico, si cesteti lente definido, personalizado ou andnimo, ; cativo ou vazio de significado, o espago organizacional, qquaisquer que sejam suas caracteristicas, constitu um dos pilares fiandamemate do queda dh agio humana, conforme enfatiza Fischer neste volume, permanecendo, entretante, lige do a outros espagos que ele incorpora (espagos pessoas de trabalho, espagos de interagbes) ‘ou que o envolvem (espago social, espago do mundo). Ele esté também indisoluvelmente re- lacionado com o tempo. HA alguns anos, um grande historiador francés publicava um livro sobre a vida no tempo das catedrais (Duby, 1977). Se, escolhendo tal titulo, ele inseria, enquanto histo- riador da Idade Média, seu estudo em um momento histérico preciso, ele lembrava, igual- mente, como poderiam té-Io feito outros colegas historiadores, a importincia ¢ papel que © tempo exerce sobre a experiéncia humana. Histérico por natureza, 0 ser humano se ins- creve numa duragid que é fixada ao mesmo tempo pelas Ieis da vida, no sentido amplo do termo, ¢ pela sorte, As organizagbes, sendo construgdes humanas, nio escapam também, a este imperativo temporal, Elas nascem, desenvolvem-se ¢ morrem num dia ou noutro, Este tempo pode ser mais ou menos longo, mas marca inexoravelmente a vida de uns € de ofitros, Fi a razio pela qual a dimensio temporal foi sempre objeto de mumerosas re- flexes (Provonost ¢ Mercure, 1989). No campo do trabalho ¢ das onganizagées, como 0 lembram Giovanni Gasparini no presente volume ¢ John Hassard no Volume 2 desta coletinea, 0 tempo € vivido desde a primeira revolugio industrial como uma varidvel quantitativa, um recurso que se pode ut lizat, economizar, desperdigar, segundo os imperativos econdmicos da proto, Eee A Fos de cadéncias ¢ os ritmos de produgio foram que os horétios de trabalho foram fixados, que as cad S| i sformados em instrumentos de.» estandardizados, que o Felégio ¢ 0 crondmetro foram tran: e fn - controle da assicluidade-e do desempenho io trabalho (Taylor, 1911). Hoje, a imensa bi ae i ysessiio tem? bliogeafia dedicada 3 gestio do tempo € uma ilustragdo contemporsnea desta obsess poral de nossa cultura. Esta representagio de um lou pouco a pouco, na maioria seqtiencial, linear ¢ econémico anu- don pases ocidentas, a8 concepgées tradicionals no tempo Fo ocidentais e princi nna Africa, como nos antigo da ordem social. Nos pafses nio ocidentais © pinta oa Afi, come 208 ‘mostra Emmanuel Kamddem neste volume; $0 ee as ccd cepa rovocar As vezes u ; eae be Reet Gultural, Ele esté associado a um sistema, a uma quanto o espago, € ¢ tempo monocrénico, Scanned by CamScanner 110 CO INDIVIOUO NA ORSAN ‘orem social, a um universo de represeneagoes dos estes clementos mantém entre si, Ele se xp) 1986), A lingua é com freqiiéncia a testemunbs Eat Tingna da tribo Hopis (Whorf, 1969), ¢ pes porque em sua lingua 0 amanhi ¢ o mesmo exemplo, ma & outro dia’ Na Africa, como demonstra Kamdem, 0 tempo do Br este tiltimo € policrdnico. Esta nogio de temzo po st presente em numerosas outras culturas 20 tempo industrial, que por sua vez se confroass ex s sisténcias nos primeiros anos da industrislizasio (E_ MOUSE mais yep, o mesmo do Negro, p.. "aa por Hall (19845, coma Gm contradicio com mo intimeras rp. Até o presente, 0 universo da gestio ¢ das tal concepgio, Ora, como nos mostra o texto de Jo tinea, 0 tempo nio é apenas uma dimensio objecir2 ¢ measével B igualmente subjey, ¢ qualitativ. A vivencia do trabalho no € dissociive! do mado pelo gual se consti ay ‘mesmo tempo pessoal e socialmente a temporalidade, 40 repo objecko de organiza responde © tempo subjetivo dos individuos. Os =: fh opolégicos ‘sio dedicados a esta dimensio estio ai para tesemunbor Applebaum, 1984; Hassani, 1988). Aligs, 0 tempo da organizacio esti em esreica relagio Gom os diferentes tempor sm. “ciais (festas religiosas, férias, aniversirios, lutos exc.) qut 0 cercem ¢ com 0 tempo do mundi, bela expressio de Wolfram Eberhard (1969), recomad: por B: (1979: 8): “Podemos apreender um tempo vivenciado nas dimensSes do se nfo é entretanto, que nio deve ser a totalidade da histéria dos homens. Este mp0 =x ‘govema, segundo os lugares e as épocas, alguns espacos ¢ algumas realizes." No momento em que a tera se tornou um espago finito, o tempo do mundo ocidenta! presenta uma tendéncia em transformar no tempo do mundo simplesmenze. O tempo do mundo dos outros, abalado por esta irrupgio, procura adaprar-se de diversas mancizas com as consegiiéncias sociais ¢ culturais conhecidas. wade, __ Seo espago e o tempo fixam assim em cadz cfvel (Exdiviguo, interagio, organizasio, sociedade, mundo) 0s contornos em que se inscrevem as 2oSes humanas (Alegria et al, 1983), eles sio igualmente modificados por elas. As orzanizacies que tém uma tendéncia até agora a reduzir estas duas dimensées a represenzagdes econSmicas, objerivas e menstt riveis, deveriam, a partir de agora, levar em coats saz profundidade psicologica ¢ soc No momento em que a evolugio técnica e socicecoadenica condizem & flexibilidade, 3 der ‘Sincronizagio das atividades, 4 pulverizaco ¢ 20s redimensionzmentos espaciais, onde ¢ modo de ser do tempo, como assinala G. Balandis: (1988), € 2 umgéncia, quando assistimos A escalada da era do imediatismo ¢ do effmero, cade © tempo toma-se uma medida das coisas (Moscovici, 1983), € imperioso que tenhamos consciéncia, se no quisermos cris cada vez mais espagos sem alma e abolir a historia. As Géncias do com: ne orga nizacional, ao dedicarem mais importincia a estas Gimensies, podem vomabém contribs fanto mais quando se sabe que a5 resisténcias a este exmazemento espacial ¢ rempora! Pet manecem diversificadas ¢ numerosas, tanto na socs : : 5 sociedade rag em particular (Balandier, 1988). em geal como nas organiza Scanned by CamScanner TEMPO E TRABALHO NO OCIDENTE Giovanni Gasparini Titulo Original: Temps et Travail en Occident Traducio: Oftlia de Lanna Sette Torres Scanned by CamScanner

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