Atuação Profissional Dos Egressos Da Licenciatura em Música Da UERN

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RESUMO

Esta pesquisa aborda a atuação profissional dos egressos do Curso de Licenciatura


em Música da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) dos anos
2008 a 2015. Tem como objetivo investigar as características de identificação
pessoal, situação e atuação profissional, formação acadêmica e expectativa em
relação a instituição. Para a obtenção dos dados foram aplicados questionários com
os egressos do curso de licenciatura em música da UERN através da organização
de uma lista destes egressos. O questionário composto por 31 perguntas aborda os
espaços profissionais ocupados pelos egressos, atuação profissional, formação
acadêmica, práticas e metodologias pedagógicas e a contribuição oportunizada pelo
curso de música. Os resultados obtidos correspondem a uma mostra de 92.8% do
total de 84 egressos do curso da UERN entre os anos 2008 a 2015. Os resultados
mostram a predominância de indivíduos do sexo masculino. O alcance geográfico do
curso extrapola a região oeste do estado do Rio Grande do Norte, sobretudo com a
presença de estudantes do estado do Ceará. Os espaços profissionais mais
promissores apontados pelos egressos são: escolas de educação básica, escolas
específicas de música, ONGs, bandas de música e faculdades. Menos da metade da
amostra (40%) concluíram uma pós-graduação, 26% estão cursando, e 85%
pretende ingressar numa pós-graduação, o que demonstra a necessidade da
formação continuada desses egressos. Os egressos consideram mais importante
para uma boa atuação profissional o conhecimento pedagógico em detrimento do
conhecimento técnico instrumental. Foi possível constar também que, apesar do
pouco interesse do licenciado em música no Brasil de atuar na educação básica,
esse campo é o que conta com a maior presença dos egressos do curso de música
da UERN. Com essa pesquisa poderemos demonstrar o retorno dos investimentos e
tempo gastos necessários para a formação desses indivíduos. A pesquisa também
de certa forma contribuirá para avaliarmos caminhos necessários para a
estruturação mais contextualizada com o campo de atuação profissional do egresso
do curso de licenciatura em música da UERN.

PALAVRAS-CHAVE: egressos, licenciatura em música, atuação profissional.


-6-
-7-

ABSTRACT

This research paper approaches the professional work of the egressed students from
the Licenciatura (teaching credentials) Degree in Music of the Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte - UERN (University of the State of Rio Grande
do Norte) from the years of 2008 to 2015. It aims to investigate the
characteristics of personal identification, professional work and situation,
academic preparation and expectations in regards to the institution. In order to
obtain the data, a questionnaire was conducted with the egressed students from
UERN’s music course through the arrangement of a list of the alumnus. The
survey was composed of 31 questions approaching the professional areas
engaged by the graduates, such as professional performance, academic training,
pedagogical practices and methodologies, and the contributing opportunities
created by the music course. The results obtained corresponds to a sample of
92.8% of 84 egressed students from the course at UERN during the years of 2008
to 2015. The findings show a predominance of male individuals. The
geographical scope of the course goes beyond the western region of the state of Rio
Grande do Norte, besides the presence of students from the state of Ceará. As
pertaining to the professional field, the egressed students indicated as the most
promising areas: the primary and secondary schools, music schools, Non-
Governmental Organizations (NGOs), music bands and colleges. Less than half of
the sample (40%) obtained a graduate degree, 26% were students in a graduate
program, and 85% had plans for a graduate program, thus it shows the necessity of a
continuing academic training for these college graduates.The graduates consider
pedagogical knowledge as most important for the professional field in detriment to
instrumental and technical knowledge. It was also possible to notice that the
egressed students from UERN’s music course prefer to work in primary and
secondary schools, in spite of the lack of interest by graduates from music courses in
Brazil. Through this research, we can demonstrate the return in regards to the
investments and time spent by these individuals for their academic training. The
research will also contribute in a certain way for us to evaluate necessary methods
for a more contextualized structuration in regards to the professional field of work for
graduates of the Licenciatura degree in music from UERN.
KEY WORDS: graduates, music degree, professional work.
-8-
--

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... - 11 -

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... - 14 -

3. O CAMPO DA PESQUISA............................................................................... - 28 -

4. DESAFIOS METODOLÓGICOS PARA PESQUISAR EGRESSOS ................ - 31 -

5. RESULTADOS DA PESQUISA ....................................................................... - 33 -

5.1 PERFIL DO EGRESSO: .............................................................................. - 34 -


5.2 INFORMAÇÕES ACADÊMICAS: ................................................................ - 36 -
5.3 SOBRE O CURSO: ..................................................................................... - 41 -
5.4 SOBRE A INSTITUIÇÃO: ............................................................................ - 48 -
5.5 SOBRE A VIDA PROFISSIONAL APÓS O CURSO ................................... - 49 -

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. - 53 -

REFERÊNCIAS .................................................................................................... - 57 -
- 10 -

Dedico este trabalho aos meus pais


Enival e Francisca que sempre se
esforçaram ao máximo para cuidar de
mim e de minhas irmãs e sempre
fizeram questão de deixar claro que a
única coisa de valor que poderiam
nos deixar seria os estudos.
- 11 -

INTRODUÇÃO

A formação do educador musical para a atuação docente tem sido um


assunto bastante discutido no âmbito acadêmico na contemporaneidade. De acordo
com Cereser (2007), os cursos oferecidos no país formam profissionais específicos,
como músico erudito, professor ou artista. A realidade vivida pelos egressos dos
cursos de música no país é a de que precisam atuar em múltiplos contextos, sejam
como professores ou artistas, em trabalhos formais e informais. Segundo Penna
(2001) anterior a lei 11.769/2008 que legaliza e ampara o ensino de música em
escolas de educação básica, já havia um espaço mínimo reservado para a música,
mas que nunca foi ocupado. Em relação aos cursos de formação de profissionais da
música, percebe-se que o curso de licenciatura em música é visto como um curso de
qualidade inferior, tornando-se uma segunda opção para aqueles músicos que
buscam uma formação superior na área. Contudo, essa realidade vem mudando,
sobretudo em virtude das políticas nacionais para valorização da formação de
professores.

Existe um grande número de licenciados em música em todo o país que, por


diversos motivos, optam por não atuar em escolas de educação básica. Acredita-se
que a realização desta pesquisa possa contribuir para desvelar como está a situação
da atuação profissional dos licenciados em música da Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte – UERN e os motivos que levam os egressos de música a não
ocuparem os espaços a eles destinados.

A licenciatura em música da UERN é um dos principais responsáveis pela


formação de professores de música da região oeste e alto oeste potiguar,
abrangendo uma grande região, inclusive parte do estado do Ceará. O curso já
formou 132 professores de música capacitados para trabalhar com o ensino de
música, principalmente na rede de educação básica que é um dos principais focos
do curso de música da UERN. Os questionários respondidos por esses egressos
são a fonte de dados dessa pesquisa e os resultados corresponde a apenas uma
parcela desse total de egressos.
- 12 -

A pesquisa teve como objetivo geral avaliar as características de identificação


pessoal, situação e atuação profissional, formação acadêmica e expectativa em
relação a instituição dos egressos do curso de Licenciatura em Música da UERN.
Teve como objetivos específicos: realizar um levantamento das monografias
cadastradas no sistema da biblioteca dos egressos do curso de música da UERN,
levantar o número de alunos concluintes do curso nas placas fixadas na Faculdade
de Letras e Artes, mapear os espaços de atuação profissional do egresso do curso
de música da UERN. Verificar a formação continuada dos egressos, desvelar a
percepção dos egressos sobre a sua formação inicial.

As questões que nortearam essa pesquisa foram: Quais os espaços


profissionais ocupados pelos egressos da Licenciatura em Música da UERN? Qual a
contribuição da Licenciatura em Música da UERN para a atuação profissional dos
egressos?

Espera-se com esse estudo, reunir simultaneamente, características de


avaliação interna e avaliação externa através da participação de integrantes que
representam importante segmento da comunidade acadêmica, que, embora já
tenham sido diplomados, vivenciaram de perto a realidade de seus cursos. Por outro
lado, a trajetória profissional pós-formatura habilita os ex-alunos avaliarem a
instituição com outro olhar crítico, haja vista, a experiência adquirida pelo exercício
da profissão nos diferentes campos de trabalho.

Esse trabalho foi organizado em cinco capítulos: 1. Introdução, 2. Revisão de


literatura, 3. O campo da pesquisa 4. Desafios metodológicos para pesquisar
egressos, 5. Resultados da pesquisa.

No capítulo 2, encontra-se o referencial teórico, onde foi organizado os textos


estudados para darem norte a essa pesquisa, textos esses que trazem informações
introdutórias sobre a importância de pesquisar egressos, as dificuldades de se
realizar pesquisa com esse tipo de público, metodologias utilizadas em pesquisas
dessa mesma natureza, relatos de experiências sobre a realização de pesquisas
com egressos, formação e atuação profissional de licenciados em música e outros
assuntos afins com o tema dessa pesquisa.
- 13 -

O capítulo 3 foi destinado a mostrar um pouco sobre o campo de realização


dessa pesquisa que foi o curso de Licenciatura em Música da UERN, com o intuito
de mostrar como é organizado o curso de música, como acontece o seu
funcionamento e possibilitar ao leitor entender um pouco do contexto do espaço de
formação do egresso pesquisado.

O capítulo 4 trata sobre a metodologia utilizada na pesquisa assim como os


desafios encontrados no decorrer do processo de construção, afim de expor a nossa
experiência, nossos erros e acertos e assim ajudar futuramente aqueles que
pretenderem pesquisar sobre esse tema.

Por fim, o capítulo 5 traz os resultados da pesquisa, mostramos um pouco das


características pessoais do indivíduo pesquisado como por exemplo a faixa etária, o
gênero sexual, de onde eles são, estado civil, número de dependentes. Informações
acadêmicas, ano de conclusão do curso, idade quando concluiu, em quantos anos
concluiu o curso, a opinião deles sobre algumas características de um licenciado,
formação continuada dos egressos, avaliação de alguns aspectos referentes ao
curso, satisfação e insatisfação sobre alguns aspectos, sugestões, sobre a
instituição, Imagem educacional da UERN, avaliação deles sobre alguns aspectos
da Universidade e sobre a vida profissional após o curso, o que eles fizeram no
último ano em relação a estudos e participação em eventos, se estão trabalhando na
área e quanto tempo levou desde sua formação a conseguir um emprego.
- 14 -

2. REVISÃO DE LITERATURA

Dazzani e Lordelo (2012) trazem em seu texto a importância dos estudos com
egressos como uma forma de avaliar programas ou instituições. Chelimsky (2009
apud DAZZANI E LORDELO, 2012) ressalta a importância desse tipo de pesquisa
por se tratar de uma forma de investigar se o investimento feito valeu a pena. Nessa
perspectiva é possível que esta pesquisa possa servir como uma forma de avaliar o
curso de música da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Concordamos
com Chelimsky quando este se preocupa com os investimentos públicos, para ele:

A avaliação de políticas, programas e práticas públicas provê informações


sobre a atuação do governo que a esfera pública precisa conhecer; o
resultado dessas avaliações acrescenta novos dados ao estoque de
informações necessárias para as ações do próprio governo; isto contribui
para a formação de uma cultura de um pensamento crítico acerca da
atuação do Estado; desenvolve um espírito questionador que ajuda o
governo a ser mais honesto e eficiente (CHELIMSKY 2009 apud DAZZANI;
LORDELO, 2012, p. 15).

Esse tipo de avaliação de programas e políticas públicas deixa um pedido de


revisão, de mudanças e melhorias. Como confirma Mainardes (2006 apud DAZZANI
E LORDELO, p.17) “O sentido maior desse tipo de avaliação é o interesse pela
aferição da eficiência da ação e pelo seu valor público”.

Egressos de programas e políticas sociais são sujeitos especialmente


interessantes para compreendermos como esses programas e políticas se
articulam com a sociedade. Eles são uma fonte privilegiada de informações
que permitem entender o alcance, efeitos e consequências de uma ação
educativa (DAZZANI; LORDELO 2012, p.20).

Sendo assim, o público de egressos é uma boa fonte de informação, por


terem passado um tempo na instituição, saberem como tudo funciona, possuírem
experiências e uma melhor capacidade de reflexão.

Silveira e Carvalho (2012) apontam em seu texto as dificuldades de se


realizar uma pesquisa com o público de egressos, problemas listados por elas como:
a dificuldade de localização dos sujeitos, os bancos de dados de endereços e
telefones desatualizados, a disponibilidade dos egressos para responder ao
questionário ou entrevista e a escassez de referencial teórico. Se tratando do curso
- 15 -

de licenciatura da UERN essa dificuldade de localização dos alunos é evidente


tendo em vista que grande parte do alunos do campus central da UERN serem
oriundos de diferentes cidades do interior do estado do Rio Grande do Norte,
também de estados vizinhos e até de outras regiões do País e após a conclusão dos
seus cursos a maior parte retorna a sua cidade/estado de origem.

Scheffer (2012) em seu trabalho com egressos do curso de licenciatura em


música da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS utilizou duas
abordagens metodológicas diferentes, a qualitativa e a quantitativa. Na parte
quantitativa utilizou como ferramenta de coleta de dados o questionário, que estava
estruturado com 28 perguntas objetivas relacionadas a: os espaços profissionais
ocupados pelos egressos, suas práticas e metodologias, além da contribuição que o
curso teve na vida deles. Na qualitativa utilizou como ferramenta a técnica do grupo
focal através de reuniões virtuais, onde foi feito o aprofundamento sobre as questões
do primeiro momento.

Lordelo, et al (2012) trazem em seu texto uma experiência de uma pesquisa


com egressos do programa de iniciação cientifica- PIBIC da Universidade Federal da
Bahia - UFBA, onde mostram as estratégias utilizadas para a localização dos
egressos. Depois de várias tentativas de localização que não foram bem-sucedidas,
decidiram partir para uma nova estratégia que foi a utilização das redes sociais, mais
precisamente o Orkut e o E-mail, que eram a redes mais utilizadas na época da
realização da pesquisa.

Os autores relataram muitas dificuldades, porque mesmo depois de


localizados alguns egressos se recusavam a ajudar com as informações, e de todas
as ferramentas, o e-mail é visto pelos autores como a melhor ferramenta de coleta
de dados, pois segundo eles através do e-mail a distância entre o envio da pergunta
e o recebimento da resposta é muito curto.

Em diversas experiências anteriores com estudos de egressos de cursos de


graduação da Universidade Federal da Bahia e com egressos de
Programas Socioeducativos do Governo Federal jamais se conseguiu
alcançar a amostra cientificamente calculada. No caso de egressos de
cursos de graduação, não se conseguiu localizar 10% da amostra definida.
Nas demais experiências com egressos de programas socioeducativos,
- 16 -

apesar de todas as estratégias e dispondo de mais recursos e tempo, não


conseguimos alcançar 25% da amostra calculada” (LORDELO et al. 2012,
p. 145).

Em pesquisas dessa natureza é difícil obter as respostas de todos os


egressos, geralmente uma parcela do total não contribui para a obtenção dos dados.
Apesar de todas as dificuldades os autores ressaltam a importância desse tipo de
pesquisa com esse público.

Grossi (2003) reflete sobre a atuação profissional de egressos em música,


para iniciar ela traz que para se pensar a atuação profissional é necessário se
conhecer antes a sua fundamentação: o perfil profissional de cada contexto, os
interesses, valores e princípios que regem essa atuação.

Poderíamos pensar a “atuação profissional” em dois sentidos: para os


mercados de trabalho (processo de formação na academia) e nos mercados
de trabalho (o profissional atuante). Do mesmo modo, os “mercados de
trabalho” podem ter perspectivas diferenciadas quando tratados para o
profissional ou do profissional” (GROSSI, 2003, p.88).

No primeiro sentindo “para o mercado de trabalho” refere-se ao processo de


formação do indivíduo, ou seja, o tempo que ele está na academia sendo preparado
para o mercado de trabalho, construindo concepções e aprendendo os caminhos
para a realização de um trabalho eficiente e de qualidade. No segundo "Nos
mercados de trabalho” estaria relacionada ao profissional que já está no mercado
atuando, o profissional inserido na realidade, onde nem tudo funciona corretamente
e as dificuldades são muitas, e muitas vezes é obrigado a realizar um trabalho sem
bons resultados.

É comum enquanto está na faculdade o aluno estudar várias metodologias e


métodos para que possa ser aplicado quando estiver a frente de uma turma e
durante o período em que estuda o aluno acreditar puder mudar a realidade da
educação, acreditar que apenas com o conhecimento adquirido conseguirá obter
bons resultados, só que quando esse aluno chega ao mercado de trabalho, ele ver
que para fazer um bom trabalho o conhecimento adquirido na faculdade não é
suficiente, ele descobre que vai precisar de um espaço adequado, de materiais
adequados e até de uma equipe que acredite na importância da sua profissão, e isso
- 17 -

ainda é muito difícil de se ter na educação básica do nosso país.

Assim como o profissional tem uma perspectiva em relação ao mercado de


trabalho, o mercado também possui uma perspectiva em relação ao profissional, um
espera que o outro atenda às suas necessidades da melhor forma.

Freire (2001, p.14 apud GROSSI, 2003 p.88) destacou “teatros, igrejas,
estúdios de gravação, escolas de música, academias de dança, escolas de samba,
bumbódromos, estádios, danceterias, boates e ruas” como os espaços com maior
demanda de profissionais que trabalham com música. Destaca ainda que os locais
de atuação desses profissionais vão além de instituições regulares de ensino e que
é necessária uma capacitação para uma melhor atuação nesses espaços.

Maura Penna há muito tempo vem realizando estudos sobre a atuação do


professor de música na educação básica. Em seu artigo “Professores de música nas
escolas públicas de ensino fundamental e médio, uma ausência significativa” a
autora relata que são comuns as discussões sobre essa ausência do professor de
música na educação básica, o que muitas vezes é justificado pela falta de espaço
para se realizar tal trabalho nas instituições. Ela defende que é preciso ver o outro
lado do problema também, ou seja, não dá para se contentar com a justificativa da
escola não oferecer esse espaço, precisamos ver até que ponto a área da educação
musical está comprometida com a escola básica. Para ela é necessário que haja um
empenho da área em ocupar esse espaço, buscando soluções, propostas
pedagógicas e metodológicas.

Como mostra a pesquisa relatada em seu artigo, Penna (2002) mostra que o
número de formados na área específica de música é reduzido em relação a outras
áreas como, por exemplo, artes plásticas, o que dificulta ainda mais a afirmação da
música nas escolas básicas. Se o número de formados já é pouco e esse número
foge das escolas de ensino básico, realmente é necessário que a área se mobilize
para tentar mudar essa situação.

A autora ainda questiona o fato de a licenciatura formar professores para a


escola básica e esses egressos não estarem atuando nesse espaço, ela distribui a
- 18 -

culpa entre instituição (escola) e a própria área da educação musical. Sobre isso ela
faz a seguinte pergunta: “até que ponto a reduzida presença da música na educação
básica não reflete o fato de que a educação musical reluta em reconhecer a escola
regular de ensino fundamental como um espaço de trabalho seu?” (PENNA, 2002,
p.17).

Dentro do ensino nas escolas básicas a música está localizada nos conteúdos
do componente curricular arte, sendo uma das quatro modalidades artísticas que
devem ser trabalhadas dentro do campo. Com a lei 11.769/2008 o ensino de música
torna-se obrigatório no componente Arte. Devido as condições de trabalho
inadequadas e a falta de profissionais com formação na área, o ensino de música
muitas vezes fica submetido a um profissional não habilitado a trabalhar com
música.

Na falta de formação especifica, este trabalho pedagógico com música


tende a ser esporádico e superficial, ou até mesmo inadequado; inclusive,
muitas das menções a respeito poderiam se referir a praticas sem cunho
propriamente musical, abordando conteúdos que apenas se relacionam com
a música – como, por exemplo, atividades de interpretação de letras de
canções, que são correntes no ensino médio” (PENNA, 2012. P,148).

Com a falta do profissional com formação adequada, o ensino de música é


deixado nas mãos de “qualquer um”, onde o mesmo realiza um trabalho superficial
quanto ao ensino de música, realizando atividades que não são nada musicais e que
só tende a prejudicar o aprendizado dos alunos e a valorização da área junto ao
meio educacional e social.

Devido a essas dificuldades em se trabalhar com música na educação básica,


os egressos dos cursos de licenciatura em música parecem fugir de trabalhar
nesses espaços, principalmente devido as faltas de condições de trabalho. Porém,
essa realidade está mudando:

A área de educação musical tem, no entanto, cada vez mais fortalecido o


seu compromisso com a educação básica, com um aumento dos estudos
acerca da prática pedagógica nas escolas, seja para conhecer esta
realidade, seja para propor alternativas para esse contexto educativo
(PENNA, 2012, p.151).

Até aqui vemos que existiu um avanço, em 2002, Penna destacava que para
- 19 -

que a área se consolidasse teria que existir também o compromisso da educação


musical com a educação básica, e dez anos depois, segundo ela, isso aconteceu.

Corroborando com as ideias de Penna (2012) a lei 11.769/2008 e o parecer


CNE/CEB Nº: 12/2013 vieram fortalecer a implantação do ensino de música na
educação básica. Esses documentos dão mais legitimidade para o campo de
atuação profissional do licenciado em música.

A lei 11.769/2008 fortalece essas conquistas, e com ela abrem-se múltiplas


possibilidades para a área de educação musical, que se encontra em um
momento histórico de transição, de extrema importância quanto aos reais
efeitos dessa determinação legal, em processo de implementação (PENNA,
2012, p.142).

Para Gomes (2015) a lei 11.769/2008 consolida e garante mais um campo de


atuação para o profissional licenciado em música, mesmo não sendo pré-requisito
legal que as aulas de música devam ser ministradas somente por professores
especialistas. Contudo, Gomes, assim como Penna, destaca como um grande
avanço para a categoria, na qual vê possibilidades de empregos mais claras.

Porém esse momento de transição pode ter sido barrado pela a provação de
uma nova lei, a 13.278/2016, por trazer à tona novamente a questão da polivalência
do professor de arte. Para Oliveira e Souza (2015) que investigaram egressos do
curso de música da Universidade Estadual de Maringá – UEM licenciado em música
não é preparado para a polivalência:

O licenciado em música não está preparado para a polivalência, instituída


no sistema escolar com a Educação Artística, que ainda vigora nas escolas.
O espaço da música no currículo de Arte, que Arroyo tanto almejava ainda
não se resolveu, pois agora se levanta outro problema: como o licenciado
estará apto para ensinar as quatro linguagens da arte, sendo licenciado
apenas em uma? (OLIVEIRA; SOUZA, 2015, p.3).

Essa preocupação é ocasionada pela substituição da lei 11.769/2008 pela lei


13.278/2016 que torna além da música, as artes visuais, a dança e o teatro
conteúdos obrigatórios no componente curricular artes. Assim, essa situação acaba
contribuindo para o afastamento desses profissionais dessa área, como afirma mais
uma vez Oliveira e Souza (2015):
- 20 -

Os licenciados em música não estão aptos para lecionar as quatro


linguagens da Arte, por isso encontram um medo e um desafio muito grande
na Educação Básica. Eles lutam para que a música saia da visão
polivalente do ensino de Arte. Afinal, qualquer área oriunda da licenciatura
executa o seu conteúdo. Essa identidade deve ser mantida também no
currículo da Arte, já que essa área de conhecimento é capaz de
revolucionar, mudando o caminho dos seres humanos (OLIVEIRA; SOUZA,
2015, p.4).

Na pesquisa de Martins (2015) buscou-se entender os porquês dos


licenciados em música da cidade de Campo Grande - MS não estarem atuando na
educação básica de ensino, a autora relaciona isso a um fator que acompanha os
alunos do curso de música desde o seu ingresso na faculdade, o interesse pelas
aulas de instrumento e não pela prático/didática, a vontade de tocar e não de
lecionar. A autora relata que constatou isso ao ingressar como estudante na
graduação em música, e para ela a falta do licenciado em música na educação
básica é resultado do verdadeiro motivo ao qual os estudantes procuram um curso
de música.

De acordo com o que a autora escreveu, noto que é como se os alunos


ignorassem ou não soubessem o significado do termo “Licenciatura”, e se sentissem
atraídos pelo curso apenas pelo termo “Música” achando assim que ao ingressarem
no “curso de música” fossem estudar conteúdos ligados somente a área da teoria
musical e técnica instrumental, concluindo o curso com um alto nível no seu
respectivo instrumento. Ou seja, o curso de Licenciatura em Música é confundido
com o Bacharelado, o que acredito ser considerado também como uma das causas
de evasão dos cursos de licenciatura. O aluno ingressa no curso com um objetivo,
nota que o curso anda por um caminho diferente do que ele pensava que seguiria,
daí ou se identifica com o objetivo do curso ou simplesmente desiste.

Ainda nessa dicotomia entre Bacharelado e Licenciatura, Cereser (2007, p.4)


revela que alguns licenciandos em música escolheram o curso sem ter clara a
diferença entre as modalidades de bacharelado e licenciatura e também pelo fato de
que em algumas universidades o teste específico de ingresso é mais acessível do
que o do bacharelado. Dessa forma o curso de licenciatura é visto como inferior ao
Bacharelado por ser considerado mais facilmente acessado. Porém, em relação ao
- 21 -

mercado de trabalho, o campo para licenciados é bem mais amplo, e isso acaba
levando muitos bacharéis a ingressarem na licenciatura.

Por serem melhores preparados para ensinar, os licenciados sentem-se


injustiçados quando veem bacharéis atuando em sala de aula. Apesar de muitos
licenciados defenderem seu espaço de atuação, outros entendem que os bacharéis
estão atuando em sala de aula devido ao pequeno campo de trabalho que há no
Brasil para instrumentistas (CERESER, 2007, p.6).

Cereser (2007) coloca ainda que alguns alunos entrevistados defendiam que
existisse um equilíbrio onde o Bacharel visse mais didática e o Licenciado mais
técnica instrumental, fazendo assim com que ambos saíssem preparados para o
mercado de trabalho. Vemos que se isso acontecer não teria porque manter então
duas titulações diferentes, Bacharel e Licenciado, já que em ambos os cursos os
alunos receberiam a mesma formação.

A pesquisa realizada por Almeida e Silva (2013) teve como objetivo investigar
o perfil dos alunos egressos do curso de licenciatura em música da UFPE, e foi
realizada com cinco egressos com tempos de trabalho diferentes para abranger
todas as fases da vida profissional mencionadas por Huberman (2007 apud Almeida
e Silva 2013, p.42) quando relaciona a vida profissional com o ciclo da vida humana,
ele divide então da seguinte forma: 1) Estabilização, que são os seis primeiros anos
de vida profissional onde o professor começa a sentir uma autonomia em sala de
aula e passa a se sentir parte de um corpo profissional; 2) Diversificação, dos sete
aos vinte e cinco anos de profissão, é quando o professor se lança em novas
experiências, buscando novas metodologias, novo material didático, é o período das
experiências; 3) Pôr-se em questão, vinte e cinco aos trinta e cinco anos de
profissão, período de crise profissional, serenidade e distanciamento afetivo; 4)
Desinvestimento, trinta e cinco a quarenta anos de profissão, período destinado a
fase final da carreira.

Dos entrevistados, os professores que estavam na fase final da carreira não


fizeram e nem pretendiam fazer uma especialização, a professora que se
encontrava no final da fase de estabilização estava com uma especialização em
- 22 -

curso e pretendia fazer um Mestrado. Isso é importante porque nos mostra que a
idade do indivíduo e o tempo de trabalho influenciam muito no quesito de formação
continuada, na procura de renovação, os anos de trabalho e o cansaço acumulado
com eles podem desestimular os professores a estarem se renovando como
profissionais.

Na sua pesquisa as autoras mostram que apesar de citarem o problema da


desvalorização do professor no que diz respeito aos salários, os egressos falam com
entusiasmo de tempos melhores para o professor de música com a aprovação da lei
11.769/2008, com essa lei os profissionais esperam a abertura significativa de vagas
em concursos, valorização salarial e a estabilidade profissional.

Morato (2009) investigou sobre os processos de aprendizagem profissional de


alunos que estudam e trabalham ao mesmo tempo, na sua pesquisa realizada em
oito escolas públicas especificas de música situadas na região do triângulo mineiro,
ela constatou que as relações estabelecidas pelos entrevistados entre os espaços
onde trabalham e o curso que frequentam esculpem formações profissionais
diferenciadas, considerando-se as experiências vivenciadas por cada aluno
individualmente (MORATO, 2009, p.3).

Entende-se assim que o aluno que estuda e trabalha ao mesmo tempo está
recebendo duas formações concomitantemente, uma baseada na teoria e outra na
prática. Essa situação pode ter seus pontos positivos e negativos, uma das
vantagens em estudar e trabalhar ao mesmo tempo é que assim o aluno tem a
oportunidade de colocar em prática o que aprende no curso mais cedo do que
aqueles que só estudam. Uma desvantagem é o pouco tempo que sobra para o
aluno dedicar-se ao curso deixando de aproveitar melhor esse momento de
formação, tendo que se dedicar ao trabalho o aluno deixa, por falta de tempo, de
participar de projetos e programas extra aulas que complementam a formação de
qualquer estudante.

Trabalhar e estudar ao mesmo tempo na área de música só é possível


segundo a autora devido a precocidade da profissão, ocasionada também pela
precocidade de formação, ou seja, mais cedo as pessoas aprendem música, e
- 23 -

devido a isso ainda jovens obtêm um nível no qual já é possível repassar o que
aprendeu para outras pessoas não sendo necessário uma formação acadêmica para
que isso aconteça, como diz Morato (2009, p.45) “ Numa profissão valorizada e
legitimada pelo saber fazer, o professor é reconhecido pelas habilidades que
domina, as quais crê-se poder ser ensinadas”.

Pela necessidade de regular a atuação de quem exerce profissões que


podem causar lesões a sociedade (por exemplo, direito, engenharia e as
profissões na área da saúde), as sociedades complexas buscaram meios de
organizar a formação preparatória para essas profissões. Assim, embora a
formação profissional organizada por meio do ensino superior se preocupe
em garantir a experiência através dos estágios, exige-se que o profissional
conclua primeiro o curso superior para que, de posse da licença delegada
pelo órgão regulador de sua profissão, comece a trabalhar (MORATO,
2009, p.53).

A formação se constitui ao longo das experiências vividas quando em relação


com as instancias formadoras” (MORATO, 2009, pag.36). A formação não acontece
apenas em um determinado tempo em que passamos em uma instituição, ela nos
acompanha em toda a vida e só para com o fim dela. Estamos em constante
formação, ela é simultaneamente finita e infinita. E boa parte dessa formação vem
junto com a experiência. A autora diz o seguinte sobre formação: “Formação não é
só projeção para o futuro, a não ser pela consciência que temos de construir sobre
as responsabilidades geradas pelas nossas escolhas e pelas nossas ações no
presente. A formação acontece em cada momento vivido” (MORATO, 2009, p. 61).

A experiência, também parte da formação de um indivíduo, não é vivenciada


apenas dentro de instituições de ensino, estamos sempre vivendo experiências na
nossa vida e concomitantemente nos formando a todo momento em diversas
situações, e isso acontece porque elaboramos sentidos para cada coisa que
fazemos no espaço e no tempo e é isso o que constitui a nossa experiência.

“As condições de recepção da formação recebida na universidade dependem


do contexto social e cultural do qual os alunos historicamente advêm” (MORATO,
2009, p. 7). Cada aluno recebe uma formação diferenciada de acordo com o grau de
interesse e receptividade de cada aluno perante a formação oferecida pela
universidade, isso devido os interesses profissionais de cada um que são
- 24 -

influenciados pelo meio de onde vieram.

Os estudantes são ativos nas seleções e apropriações do que estudam. Os


sentidos que constroem nas relações com a universidade dependem de suas
preocupações e interesses profissionais. Isso ocorre porque suas
experiências com esses conhecimentos são particulares, encarnadas e
intransferíveis. Não há como ensiná-las, elas só podem ser provadas, vividas
e revividas por cada um individualmente (MORATO, 2009, p.8).

Isso está diretamente ligado aos sentidos da atuação profissional


mencionados por Grossi (2003), os alunos nessa situação devem pensar a sua
formação nos dois sentidos, para o mercado de trabalho e no mercado de trabalho,
o que pode gerar conflitos, tanto dele próprio com a instituição em relação aos
conteúdos e metodologias. Sendo ele ativo na seleção e apropriação do que estuda
como disse a autora na citação, ele pode não querer aceitar tudo o que é proposto
pelos professores em sala de aula por se achar experiente o bastante ou que certo
conteúdo não o interessa mais. Como também da instituição com ele, quando a
mesma não abrir mão do seu papel de fonte do conhecimento e a partir disso não
considerar importante tudo o que o aluno vive lá fora como fazendo também parte da
sua formação.

Embora para exercer certos fazeres musicais e trabalhar em diferentes


contextos com a música não seja necessário um diploma de formação na área, para
os estudantes universitários do curso de música que estão inseridos no mercado o
diploma é necessário e importante, pois assim como as outras áreas eles dizem que
o fato de serem músicos formados gera um status e reconhecimento a mais do que
quando não se tem o diploma. Eu acredito que diferente das outras áreas que como
diz a autora acabam que sofrendo uma inflação de profissionais com diploma, o
campo de atuação para músicos diplomados, por ser ainda um campo recente,
conta com muitas vagas para esse profissional.

Em relação a escolha do campo de atuação profissional, Benvenuto (2015)


diz que existe fatores que afastam o egresso de curso de música da educação
básica, e com o intuito de conferir uma melhor avaliação dos aspectos que definem
ou interferem na aproximação desses egressos em música com a profissão docente
ele traz à tona apontamentos e reflexões que retratam a trajetória de constituição do
- 25 -

campo da educação musical no Brasil.

Tal dificuldade no reconhecimento social da área de educação musical


como uma área legitima acaba por interferir no processo de construção,
aproximação e comprometimento dos educadores musicais com este
campo de atuação profissional” (BENVENUTO, 2015, p.38).

Primeiro ele traz um breve histórico da educação musical no Brasil, tentando


deixar claro o processo de implantação do ensino de música na educação básica,
em seguida tenta relacionar historicamente o contexto legislativo de cada época com
o conjunto das propostas curriculares e contribuições metodológicas geradas em
educação musical, balizando o nível de influência que exerceram no cenário
nacional (BENVENUTO, 2015, p.38). Por último reflete sobre as dificuldades de
reimplantar a música na educação básica.

O reconhecimento social da área de educação musical acaba interferindo


nesse processo de aproximação do egresso com esse campo, a arte em si por muito
tempo foi destinada a pequenos espaços de atuação no currículo escolar, sendo
vista como um conteúdo inferior destinado a momentos de entretenimento, lazer e
diversão. Como uma modalidade artística a música também por muito tempo vem
sendo utilizada para esses fins nas escolas.

Compreende-se que as experiências anteriores dos estudantes na área de


Música, no âmbito familiar (influência no processo de iniciação musical
estimulada por familiares) e escolar (experiências formativas em Música
que contribuíram para a formação e aproximação dos sujeitos com a prática
musical), exercem forte alcance na formação deste, a qual é,
posteriormente, complementada pela universidade (fortalecimento na
constituição do habitus docente vivenciado no curso de Licenciatura em
Música da UFC/Fortaleza, no que diz respeito à construção da prática
docente musical). Contudo, constata-se que tal conjuntura de vivências
pode não se configurar como certeza ou força determinante na inserção
engajada e atuante deste agente no campo da Música/Educação Musical
(BENVENUTO, 2015, p.109).

Para o autor, existem diversas instâncias socializadoras (família, escola,


universidade, profissão). E para ele as experiências musicais vividas anteriormente
pelos egressos nas três primeiras instâncias não podem ser encaradas como
certezas na inserção profissional.
- 26 -

Oliveira e Souza (2015) em sua pesquisa realizada com egressos do curso de


música da Universidade Estadual de Maringá – UEM, buscou conhecer a
participação dos licenciados nas atividades desenvolvidas no ensino específico de
música de Maringá. As autoras afirmam que mesmo a licenciatura em música da
UEM tendo a “perspectiva de formação de profissionais para atuarem em diferentes
espaços, tem dificuldade de fornecer ao mercado professores para atuarem na
Educação Básica” (OLIVEIRA; SOUZA, 2015, p.2).

O licenciado em música não está preparado para a polivalência, instituída


no sistema escolar com a Educação Artística, que ainda vigora nas escolas.
O espaço da música no currículo de Arte, que Arroyo tanto almejava ainda
não se resolveu, pois agora se levanta outro problema: como o licenciado
estará apto para ensinar as quatro linguagens da arte, sendo licenciado
apenas em uma? (OLIVEIRA; SOUZA, 2015, p.3).

Para as autoras o licenciado em música não é preparado para a polivalência,


essa polivalência citada é relacionada ao fato de que o licenciado em música
atualmente entra nas escolas para atuação, principalmente, como professores da
disciplina de arte, e essa disciplina deve ser ministrada abrangendo as quatro
linguagens artísticas: Artes visuais, Música, Dança e Teatro, como diz no PCN arte:

No transcorrer das quatro séries do ensino fundamental, espera-se que os


alunos, progressivamente, adquiram competências de sensibilidade e de
cognição em Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, perante a sua
produção de arte e o contato com o patrimônio artístico, exercitando sua
cidadania cultural com qualidade (BRASIL, 1997, p.63).

Assim, essa situação acaba contribuindo para o afastamento desses


profissionais dessa área, fazendo com que procurem trabalhar principalmente em
escolas específicas de música.

Os licenciados em música não estão aptos para lecionar as quatro


linguagens da Arte, por isso encontram um medo e um desafio muito grande
na Educação Básica. Eles lutam para que a música saia da visão
polivalente do ensino de Arte. Afinal, qualquer área oriunda da licenciatura
executa o seu conteúdo. Essa identidade deve ser mantida também no
currículo da Arte, já que essa área de conhecimento é capaz de
revolucionar, mudando o caminho dos seres humanos (OLIVEIRA; SOUZA,
2015, p.4).
- 27 -

Esse desafio é o que acaba barrando os egressos dos cursos de música de


atuarem nesses espaços, por não terem recebido formação para trabalhar com as
quatro linguagens, a insegurança e o sentimento de incapacidade pode estar sendo
no momento o principal motivo dessa falta de professores licenciados em música na
educação básica, questão frequentemente discutida por diversos autores.

Xisto (2004) em sua pesquisa “A formação e a atuação profissional de


licenciados em música: um estudo na UFSM” buscou compreender a relação entre
formação e atuação profissional de professores de música egressos da Universidade
Federal de Santa Maria no Rio Grande do Sul, para isso ela investigou o que fazem
estes profissionais, onde atuam e, também, quais as suas próprias concepções
sobre a relação estabelecida entre a formação recebida na universidade e as
necessidades e exigências dos múltiplos espaços de atuação profissional.

Para abordar a atuação profissional a autora utilizou as fases da carreira de


um professor determinadas por Huberman (2007), também mencionadas
anteriormente nesse trabalho por Almeida e Silva (2013). A grande maioria dos
egressos entrevistados da UFSM trabalham com música na educação básica,
também realizam trabalhos em bandas de música, corais, aulas particulares, escolas
de música e ensino superior.

Os problemas e dificuldades para a realização do seu trabalho profissional


nos espaços de atuação mais citados pelos egressos foram: falta de recursos
materiais didáticos, falta de espaço físico ou espaço físico inadequado, número
excessivo de alunos por turmas, falta de apoio da direção/administração para
participação de professores em outros cursos, problemas de relacionamento com a
direção/administração, problemas de relacionamento com professores ou alunos e
outros. Os conhecimentos utilizados na atuação profissional se originam de diversas
fontes, se misturam às experiências profissionais vividas e compõem uma rede de
informações.

O saber do professor provém de diversas fontes, pois em seu trabalho, o


professor se serve da sua cultura pessoal, que envolve aspectos da sua
história de vida e da sua cultura escolar anterior, assim como se apoia em
determinados conhecimentos disciplinares, além dos conhecimentos
- 28 -

didáticos e pedagógicos adquiridos na universidade” (TARDIF, 2002 apud


XISTO, 2004, p. 147).

Para a maioria dos egressos pesquisados por Xisto, a fundamentação para a


sua prática veio tanto da universidade como da prática/vivência do dia a dia. É
comum que apesar de ser nas universidades que os professores aprendem o
conhecimento técnico e cientifico fundamental para a atuação como docente, acaba-
se dando mais importância ao conhecimento da vivência. No entanto:

Para os professores entrevistados, tanto os conhecimentos adquiridos na


formação inicial, em outros cursos e na formação continuada, como aqueles
saberes desenvolvidos a partir da experiência vivenciada no contexto
prático, tanto individual quanto coletivo, são fundamentais para a
constituição da sua prática pedagógica (XISTO, 2004, p.162).

Nas relações estabelecidas entre formação acadêmica e as necessidades da


educação musical nos espaços onde atuam, os egressos entrevistados na pesquisa
de Xisto (2004) apontam várias divergências entre a sua formação e atuação. Para
eles ao saírem do curso de licenciatura não se sentiram preparados totalmente para
os diversos contextos de atuação que a área de música oferece, apesar disso
consideram a teoria das universidades indispensáveis para a atuação. Alguns
apontam que para suprir as necessidades deixadas pela formação inicial tiveram
que recorrer aos cursos de formação continuada (cursos, oficinas, seminários).

3. O CAMPO DA PESQUISA

O curso de licenciatura em música da UERN foi criado no ano de 2003


através da resolução Nº 040/2003-CONSEPE, de 28 de novembro de 2003. Dando
início as suas atividades no semestre 2004.2 com a oferta de 20 vagas, com uma
matriz curricular composta por 3.410 horas e 201 créditos divididos em oito
semestres.

Atualmente o curso já dispõe de um espaço físico destinado as atividades


musicais, dividido em três blocos, o espaço contém: salas de aulas coletivas, sala de
estudos individuais, secretarias, sala dos professores, sala de piano, salas para
- 29 -

prática instrumental coletiva (pequenos grupos), laboratório de Musicalização,


Laboratório de informática, Sala de pesquisa, Miniauditório (com capacidade para 74
pessoas), copa, despensa, banheiros masculinos, banheiros femininos, banheiros
com acessibilidade.

A matriz curricular do curso já passou por algumas mudanças, e hoje está


composta por 3.560 horas, sendo que 2.070 estão destinadas as disciplinas
obrigatórias, 150 para disciplinas optativas, 420 horas de estágio supervisionado,
300 destinadas ao trabalho de conclusão do curso e 200 horas de atividades
complementares. A nova matriz curricular é composta pelos seguintes componentes
curriculares:

1° Período
Componente curricular CH
Fundamentos da língua inglesa 60h
Instrumento Harmônico I 30h
Seminário em acompanhamento instrumental 30h
Introdução a Universidade e Curso 30h
Língua portuguesa instrumental 60h
Metodologia do Trabalho científico 60h
Técnica Vocal I 30h
Teoria e percepção musical I 60h
2° Período
História da Arte 30h
Instrumento Harmônico II 30h
Seminário em percepção 30h
Introdução a antropologia 60h
Prática Coral I 30h
Prática instrumental I 30h
Teoria e percepção musical II 60h
Seminários em psicologia da educação musical 30h
Optativa I 30h
3° Período
História da Música I 90h
Introdução a Etnomusicologia 30h
Língua brasileira de sinais 60h
Psicopedagogia 60h
Prática Coral II 60h
Prática instrumental II 30h
Teoria e percepção musical III 60h
4° Período
- 30 -

História da música II 90h


Didática 60h
Metodologia do ensino da música 30h
Estética 60h
Seminários em apreciação musical 30h
Prática Instrumental III 60h
Teoria e percepção IV 60h
Metodologia da pesquisa em música 30h
Prática de Coral III 30h
5° Período
Contraponto I 30h
Didática da iniciação musical I 60h
Estrutura e Funcionamento do Ensino Básico 60h
Harmonia I 60h
Metodologia do Som e do Ritmo 90h
Prática instrumental IV 30h
Seminário em Pedagogia instrumental 30h
Estágio Supervisionado I 105h
Optativa II 30h
Optativa III 30h
6° Período
Contraponto II 30h
Didática da Iniciação Musical II 60h
Harmonia II 60h
Música Brasileira 60h
Organologia 30h
Regência I 60h
Estágio Supervisionado II 105h
Seminário em Pesquisa I 30h
7° Período
Computação em música 30h
Harmonia III 60h
Morfologia e análise musical I 60h
Regência II 90h
Estágio Supervisionado III 105h
Seminário em pesquisa II 30h
Seminário em planejamento e avaliação em música 30h
Optativa IV 30h
8° Período
Monografia 150h
Morfologia e análise musical II 60h
Regência III 90h
Estágio Supervisionado IV 105h
Optativa V 30h

Fonte: PPP da Licenciatura em Música da UERN


- 31 -

Anteriormente para ingresso no curso de licenciatura em música da UERN, o


aluno teria que passar por um Teste de Aptidão em Música – TAEM onde passava
por provas escritas e práticas específicas em música e somente se aprovados
poderiam participar do Processo Seletivo de Vagas Iniciais – PSVI para concorrer ao
curso de música, caso não fosse aprovado no TAEM o aluno faria o PSVI para
concorrer a uma segunda opção de curso escolhida no ato da inscrição. Atualmente,
com a adesão da universidade ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) /
Sistema Seleção Unificada (SISU), as notas do ENEM passaram a ser o único
critério para ingresso na instituição.

Nos dias atuais, o corpo docente é formado por dez professores efetivos:
Giann Mendes Ribeiro (Doutor), Alexandre Milne-Jones Nader (Mestre), Antônio
Carlos Batista de Souza (Especialista), Henderson de Jesus R. dos Santos (Mestre),
Isac Rufino de Araújo (Mestre), Vera Cidley Paz de Lira e Castro Soares (Mestre),
Andersonn Henrique Simões de Araújo (Mestre), Daniel Augusto de Lima Mariano
(Mestre), Flávia Maiara Lima Fagundes (Mestre) e Renan Colombo Simões (Mestre).
E dois professores substitutos: Iris Emanuella de Castro Nascimento (Especialista) e
Ruãnn Cezar Cezario Silva (Mestre).

A licenciatura em música da UERN é um dos principais responsáveis pela


formação de professores de música da região, desde o início de seu funcionamento
em 2004 o curso já formou 132 professores de música capacitados para atuação em
diversos contextos, cumprindo assim com o seu objetivo que é “Formar professores
para o ensino de música, habilitando-os para atuação em escolas de educação
básica, escolas especializadas da área e demais contextos de ensino e
aprendizagem da música” (PPC, 2014, p. 40).

4. DESAFIOS METODOLÓGICOS PARA PESQUISAR EGRESSOS

Para a obtenção dos dados dessa pesquisa foram aplicados questionários


com os egressos do curso de licenciatura em música da UERN, partindo de uma
- 32 -

lista organizada onde chegamos ao número de 84 egressos formados entre os anos


2008 a 2015. O questionário foi composto por 31 perguntas e constaram questões
sobre perfil do egresso, espaços profissionais ocupados por eles, seus trabalhos,
formação acadêmica, suas práticas, sobre a instituição em que estudaram e a
contribuição que o curso de música oportunizou a eles.

Os questionários foram aplicados através da plataforma “Google forms” que é


uma ferramenta gratuita criada pelo Google para aplicação de formulários, nessa
plataforma é possível “planejar eventos, criar pesquisas ou votações e preparar
testes para alunos, bem como coletar outras informações de forma simples e rápida
com o Formulários Google” (support.google, 2016), e as respostas são todas
computadas em planilhas automaticamente onde é possível também gerar os
gráficos.

Antes do envio dos questionários, a partir da lista feita com os nomes dos
egressos, criamos um grupo no facebook para tentar reunir todos eles em um único
canal de comunicação, o que não foi possível pois alguns dos egressos não
possuíam conta no facebook, pensamos em enviar o questionário para esses
através do e-mail, só que mais um problema surgiu, que foi o fato de alguns deles
não terem muita afinidade com tecnologias digitais. Tinham pouco contato com
computadores, a saída encontrada para esses egressos foi levar o questionário até
eles com os nossos computadores pessoais ou levá-los até a sala do grupo de
pesquisa onde dispúnhamos de computadores com acesso à internet e poderíamos
ajudá-los na hora de responder. Esse deslocamento de levá-los até a sala de
pesquisa foi possível porque alguns deles trabalham no mesmo ambiente onde
funciona o curso de música.

O nosso principal meio de comunicação e de aplicação dos questionários foi o


facebook, após a apresentação da pesquisa por meio de mensagens postadas no
grupo e o envio do questionário, semanalmente enviávamos mensagens in box
juntamente com o link pedindo que eles respondessem o questionário, e como uma
forma de tentar manter o controle pedíamos que ao responderem nos avisasse. O
questionário foi mantido online durante cinco meses. Não fechamos o número de
- 33 -

oitenta e quatro egressos respondentes, acreditamos que existiu alguma resistência


da parte de alguns deles em responder o questionário, outros nos confirmaram
resposta sem ter respondido, não sabemos se por mal vontade ou por falha na hora
do envio. Também tivemos dois deles que apesar de termos encontrado os contatos
deles no facebook não visualizaram as mensagens enviadas, talvez por não terem
mais acesso a conta, tentamos contato com esses através de outros meios, porém
continuamos sem respostas.

A maior dificuldade que encontramos foi o longo período em que tivemos que
ficar pedindo insistentemente para que eles respondessem o questionário, muitos
deles prometiam responder no mesmo momento em que recebiam a mensagem e
mesmo assim levavam muito tempo para responder. Além das cobranças no
facebook, contamos também com a ajuda de amigos e membros do grupo de
pesquisa que conheciam alguns deles e reforçavam pessoalmente o pedido para
que eles respondessem.

Dessa forma, conseguimos alcançar 92.8% dos egressos do curso de música


da UERN, 78 dos 84 formados do curso até o ano de 2015.

5. RESULTADOS DA PESQUISA

Entre os anos 2004 e 2015, 84 estudantes de Música se formaram na


Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. A primeira formatura
ocorreu no semestre 2008.1 enviando para o mercado de trabalho os primeiros
profissionais licenciados em música pela UERN e devidamente capacitados para
atuarem com o ensino da música. Essa pesquisa teve o intuito de avaliar as
características de identificação pessoal, situação e atuação profissional, formação
acadêmica e expectativa em relação a instituição dos egressos do curso de
Licenciatura em Música da UERN e para isso foi aplicado um questionário auto
administrado enviado via e-mail e em uma rede social da internet para todos os
egressos do curso. Dos 84 egressos do curso de música da UERN formados até o
ano de 2015 o total de 78 (92.8% do total de egressos) responderam ao questionário
- 34 -

auto administrado.

5.1 PERFIL DO EGRESSO

Como apontou os dados dessa pesquisa, o curso de música da UERN é


formado principalmente pelo público masculino, o gráfico a seguir mostra que, 85.7%
dos egressos do curso são do gênero masculino e 14.3% são do gênero feminino.
Constata-se assim que o curso de música da UERN é um curso predominantemente
masculino.
- 35 -

Outro dado mostra que o curso de música da UERN não atende somente a
região Oeste do Estado do Rio Grande do Norte e a cidade de Mossoró onde está
sediado o curso. Os dados obtidos demostram que a maioria dos alunos egressos
são de outras cidades da região, até mesmo de outros estados. O resultado aponta
que 37% são da cidade de Mossoró, 63 % são de outras cidades do Rio Grande do
Norte e de algumas cidades de outros estados (Carnaubais- RN, Grossos-RN, Areia
Branca-RN, Natal-RN, Apodi-RN, Assú-RN, Umarizal-RN, Luís Gomes-RN, Gov. Dix-
Sept Rosado-RN, Baraúna-RN, Almino Afonso-RN, Upanema-RN, Jaguaruana-CE,
Aracati-CE, Russas-CE, Quixeré-CE, Êrece-CE, Fortaleza-CE, Limoeiro do Norte-
CE, Icapuí-CE, Irecê-BA, Juiz de Fora – MG). Apesar do curso ser na cidade de
Mossoró, a maior parte dos alunos são de outras cidades.

O egresso do curso de música da UERN é um público consideravelmente


jovem, a maioria, 49%, estão na casa dos 30 anos de idade, 39% estão na casa dos
20 anos, 8% na casa dos 40 anos e 4% na casa dos 50 anos.
- 36 -

5.2 INFORMAÇÕES ACADÊMICAS

Dos egressos respondentes a maior parte são das turmas de 2011 e 2015. No
ano de 2008, que foi o ano que se formou a primeira turma do curso de música,
concluíram o curso 6 alunos, cinco responderam o questionário. Na turma de 2009,
dos 10 alunos formados, 9 responderam. Na turma de 2010, constam 10 nomes na
lista de concluintes, porém, 11 egressos disseram ser dessa turma. Da turma de
2011 todos os 15 responderam. Da turma de 2012, 13 egressos confirmaram ter
respondido o questionário, porém no gráfico abaixo é possível notar que apenas 9
responderam. Na turma de 2013 constava apenas 8 nomes na lista e 10 egressos
disseram ser dessa turma. Na turma de 2014 concluíram 8 alunos, apenas 1 não
confirmou resposta, porém no gráfico só está registrado a resposta de 4 deles. Da
turma de 2015, todos responderam. Percebe-se que entre os anos de 2011 à 2015 é
crescente o número de alunos egressos no curso de música da UERN. Esse fato
pode ser compreendido pelo aumento de procura e acúmulo de egressos de anos
- 37 -

anteriores. Outras pesquisas poderiam se ater mais detalhadamente sobre esse


fenômeno.

Como mostra o gráfico abaixo, a maioria (69%) dos egressos concluíram o


curso na casa dos 20 anos de idade, 21% terminaram o curso na casa dos 30 anos
e 10% na casa dos 40 anos.

O
- 38 -

curso de música da UERN tem a duração mínima de 4 anos, o aluno pode concluir o
curso até 7 anos após seu ingresso. Com essa pesquisa obtivemos a informação de
que 39.7% dos egressos concluíram o curso de música no período regular de 4
anos, 43.6% concluíram entre 4 e 5 anos, 3.8% entre 5 e 6 anos e 12.8% concluíram
o curso após 6 anos do seu ingresso.

Foi solicitado que os egressos classificassem algumas caraterísticas de um


licenciado em música entre “muito importante”, “importante”, “menos importante” e
“irrelevante”. As características foram: 1. Domínio da escrita de texto; 2. Capacidade
de produção científica; 3. Capacidade de produção artística; 4. Domínio de língua
estrangeira; 5. Domínio do conhecimento técnico instrumental; 6. Domínio de
conhecimento pedagógico; 6. Capacidade criativa; 7. Compromisso social; 8.
Capacidade de trabalho em equipe. 9. Domínio profissional.
- 39 -

As características avaliadas como “muito importante” por um maior número de


egressos foram: domínio da escrita de texto, capacidade de produção artística,
domínio do conhecimento pedagógico, capacidade criativa, compromisso social,
- 40 -

capacidade de trabalho em equipe e o domínio profissional. Em segundo lugar,


consideradas características “importantes” ficaram: a capacidade de produção
cientifica, o domínio da língua estrangeira e o domínio do conhecimento técnico
instrumental.

Em relação a formação continuada desses egressos, detectamos que menos


da metade (40%) concluíram uma pós-graduação e que a grande maioria é na área
de música nas seguintes instituições: Faculdade Latino Americana de Educação -
FLATED, Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, Instituto Federal do
Rio Grande do Norte - IFRN e Universidade do Estado do Rio Grande do Norte -
UERN. Alguns concluíram a especialização em outras áreas do conhecimento, tais
como: Psicopedagogia, Artes, Educação, Musicoterapia e Educação especial.
Apenas três egressos concluíram Mestrado na área de música, na UFRN e UFPB.

Daqueles que ainda não concluíram uma Pós-graduação 26% estão


cursavam uma no período da pesquisa, nos respectivos cursos: especialização em
- 41 -

arte - educação com ênfase em música pela Faculdade do Vale do Jaguaribe - FVJ,
outros em Metodologias do Ensino das Artes/Educação Musical - Instituto
PROMINAS e em Psicopedagogia. Atualmente quatro egressos do curso de música
da UERN estão cursando Mestrado na área de música, um em Educação e dois na
área de Ensino.

Os demais egressos que não concluíram e não estão cursando uma Pós-
graduação, 85% afirmaram que pretendem cursar uma Pós-Graduação stricto sensu
na área de educação musical. Também foram mencionados mestrados em
Etnomusicologia, em Educação, Composição, Práticas interpretativas e em outras
áreas do conhecimento como: Direito, Ciências Sociais e Administração de
Empresas. Apenas dois deles pretendem cursar especialização em psicopedagogia
e em Arte. As universidades pretendidas pelos egressos para cursar a Pós-
Graduação são: UERN, UFRN, UFPE, UFPB, FIP, FVJ e UFC.

5.3 SOBRE O CURSO

Algumas questões tinham um cunho avaliativo em relação a aspectos do


curso. Uma delas pedia que eles marcassem “1” para “concordo plenamente”, “2”
para concordo parcialmente, “3” para” Discordo totalmente” e “4” para “indeciso ou
sem opinião”. Os itens avaliados foram: 1. O corpo docente possuía domínio de
conhecimento pedagógico/específico das disciplinas; 2. Os conteúdos/programas
das disciplinas foram desenvolvidos adequadamente; 3. A matriz curricular ajudou
no seu desempenho profissional; 4. O conjunto de disciplinas cientificas ajudou no
seu desempenho profissional; 5. O conjunto de disciplinas especificas ajudou no seu
desempenho profissional; 6. O conjunto das disciplinas pedagógicas ajudou no seu
desempenho profissional; 7. O curso promoveu a integração entre as disciplinas; 8.
Os conteúdos/programas auxiliaram na minha formação humana e profissional; 9.
Os recursos didático-pedagógicos disponíveis para o desenvolvimento das
atividades/aulas do curso foram adequados; 10. O espaço físico disponível para o
desenvolvimento das atividades/aulas do curso foi adequado; 11. Houve equilíbrio
- 42 -

entre a distribuição das disciplinas de formação geral e de formação específica na


proposta curricular do curso; 12. Houve equilíbrio inter-relacionamento sequencial
entre os conteúdos das disciplinas; 13. O estágio supervisionado serviu para
sistematizar/testar/exercitar os conhecimentos adquiridos para a atuação em sala de
aula. Os resultados para cada questão foram:
- 43 -

A duração do curso para 79% dos egressos deve ser a atual de 4 anos, para
10% dos egressos o curso deveria durar menos tempo, 3 anos, e para 11% o curso
deveria durar 5 anos, alguns dos que escolheram a duração de 5 anos justificaram
que essa duração seria para aqueles alunos que entram no curso sem saber a teoria
musical, esse ano acrescentado seria um período destinado a uma espécie de
nivelamento.

Como é possível observar nos discursos dos ingressantes na licenciatura em


música da UERN é comum esperarem do curso uma formação mais técnica
instrumental, no entanto os resultados demonstram que ao saírem do curso, os
egressos consideram mais importante para uma boa atuação profissional o
conhecimento pedagógico em detrimento do conhecimento técnico instrumental.
- 44 -
- 45 -

Como mostra o gráfico 40% dos egressos consideram a proporção de 50%


para formação técnica e 50% para formação teórica como a ideal para um licenciado
em música. 43% deles consideram que deve ser acima de 50% para a formação
pedagógica, ou seja, consideram que um licenciado em música deve possuir
principalmente formação pedagógica em detrimento a formação técnica
instrumental.

Ao serem questionados em outro momento para classificarem entre muito


importante a irrelevante algumas características de um licenciado em música 80%
classificaram como muito importante o domínio do conhecimento pedagógico. Em
outra característica da mesma questão 42% consideraram muito importante o
domínio do conhecimento técnico instrumental. Nota-se, que o conhecimento
pedagógico musical se sobressai ao técnico instrumental. Acreditamos que esse
fator demonstra um amadurecimento profissional na área de ensino em música dos
egressos.

Outro dado nos mostra a satisfação e a insatisfação dos egressos sobre


aspectos como: 1. Formação teórica; 2. Formação prática; 3. Formação cidadã/geral
para a vida e 4. Formação apropriada para as suas atividades profissionais
oferecidas pelo curso.
- 46 -

Como nos mostra o gráfico, os egressos mostraram-se satisfeitos com a


formação teórica, Formação cidadã/geral para a vida e Formação apropriada para as
suas atividades profissionais, mas em relação a formação prática mais da metade
(52.6%) mostraram-se insatisfeitos.

Ao serem questionados se recomendariam o curso de música da UERN para


outras pessoas devido: 1. Matriz curricular; 2. Ofertas de trabalho; 3. Estrutura da
UERN e 4. Regulamentação da profissão. Eles disseram recomendar o curso de
licenciatura em música da UERN para outras pessoas devido a matriz curricular (Sim
- 87.2% / Não – 12.8%), a regulamentação da profissão (Sim - 82.1% / Não - 17.9%)
e devido as ofertas de trabalho, já em relação a estrutura física da instituição (Não-
61.5% / Sim - 38.5%).

Em uma questão aberta os egressos tiveram a oportunidade de dá sugestões


para a melhoria do curso, as sugestões dadas foram sobre vários aspectos, mas
principalmente sobre a matriz curricular, algumas disciplinas especificas, abertura de
um curso a noite e a criação de cursos de Pós-Graduação.

Alguns sugeriram a implementação de novas disciplinas no currículo do curso


como uma disciplina voltada a percussão e outra a estúdios de gravação como é
- 47 -

possível notar nas duas sugestões que se seguem dadas por egressos: “Melhorar
as salas de aula, inserir uma disciplina voltada para bateria e percussão e também
inserir uma disciplina que ajudasse músicos que trabalham com Studio de gravação
de áudio/vídeo” e “Disciplinas referentes a processos de gravação em estúdio como
também conhecimentos básicos sobre equipamentos de som”.

Outros acham que o curso deve ter mais disciplinas práticas como diz esses
egressos: “Que haja mais disciplinas práticas, inclusive com mais aulas de campo e
que acrescente a disciplina metodologia do som e do ritmo 2, pois foi uma disciplina
muito boa e que valeria a pena ter outra” e “Que o curso pudesse oferecer
licenciatura em alguns instrumentos, e claro tivesse mais práticas tanto instrumental
como em regência. Gostaria de ressaltar que todas as informações dadas estar
relacionado a minha turma 2007.2”.
Também teve aqueles que pediram mais disciplinas pedagógicas e didáticas,
como por exemplo esse egresso: “Acredito que seria interessante (e por que não
necessário) no currículo de estágio e práticas pedagógicas, abordar também a parte
de estruturação de diários e também um reforço na parte de lecionar sobre
planejamentos (seja de aula, bimestre, anual, etc.)”.
O que também foi muito solicitado foi a inserção do estudante mais cedo no
campo de estágio, como diz esse egresso: “Algumas sugestões: considero muito
importante a inserção dos licenciando, desde o primeiro período do curso, em
práticas docentes nas escolas públicas (estaduais e municipais) regulares de ensino,
pois são nessas instituições onde as dificuldades na docência são mais sentidas
profundamente. Além disso, sugiro a realização de encontros anuais ou semestrais
envolvendo ex-alunos que estão em atividade profissional e os alunos licenciando,
como forma de abrir um espaço para troca de experiências”.
- 48 -

5.4 SOBRE A INSTITUIÇÃO

A UERN é conhecida principalmente pelo grande número de docentes


formados na instituição, e essa imagem educacional da UERN, para 76.9% dos
egressos interferiu positivamente na sua inserção no mercado de trabalho.

Tratando de aspectos como: estrutura física, recursos humanos, recursos


materiais e auxilio estudantil ou atendimento estudantil relacionados a instituição, os
egressos avaliaram esses aspectos da seguinte forma: A estrutura física foi
- 49 -

considerada regular por 55.1% dos egressos, os recursos humanos considerado


bom por 50%, os recursos materiais foram considerados regular por 60.3% e o
auxílio estudantil foi considerado regular por 47.4% dos egressos. Nos gráficos a
seguir é possível ver detalhadamente esses resultados:

Com relação a um possível retorno a UERN, eles foram questionados se


voltariam por três motivos: 1. Fazer outro curso de graduação; 2. Frequentar um
curso de atualização/ extensão e 3. Frequentar uma Pós-Graduação. A alternativa
escolhida pela maioria (82,1%) foi retornar para fazer uma Pós-graduação.

A maioria (87.2%) dos egressos disseram acompanhar notícias, informações


e eventos promovidos pela UERN, alguns com mais frequência do que outros,
porém esse dado nos mostra que mesmo após concluírem o curso os egressos não
perdem o contato com o curso.

5.5 SOBRE A VIDA PROFISSIONAL APÓS O CURSO

Os espaços profissionais mais promissores apontados pelos egressos são:


- 50 -

escolas de educação básica, escolas específicas de música, ONGs, bandas de


música e Universidades, além desses, alguns ainda citaram Igrejas e tocar na noite
como um campo promissor de atuação profissional.

Os principais motivos mencionados pelos egressos ao citarem a educação


básica como o campo profissional mais promissor para o licenciado em música, se
deu devido a obrigatoriedade do conteúdo musical na disciplina de arte como trata a
lei 11.769/2008. Outro fator apontado diz respeito a falta de profissional habilitado na
área, apesar da lei 11.769/2008 estar em vigor desde 2011 o processo de
cumprimento dela ainda está em fase de andamento no país. Por último os egressos
mencionaram a formação obtida para trabalharem principalmente em escolas de
educação básica. O curso de licenciatura da UERN tem como principal objetivo
formar professores para atuar na educação básica. Destaco que esses dados não
refletem uma tendência nacional. Na pesquisa de Soares; Schambeck; Figueiredo
(2014) com uma amostra nacional, os dados revelaram que a grande maioria dos
estudantes de música participantes pretendem atuar como professores em espaços
diferentes da educação básica.

O segundo campo mais destacado entre os egressos são as escolas


específicas de música. Esse espaço foi justificado pela homogeneidade do público,
que busca o ensino específico de um instrumento musical. Um dos egressos
justificou sua escolha de atuação em escolas especializadas pela especificidade do
ensino de música e pela seletividade dos alunos. Na fala dele é possível notar um
certo preconceito com os outros campos de atuação por contarem com um público
bem heterogêneo com objetivos diversificados diferentemente das escolas
específicas de música onde quem procura o local é porque tem o interesse em
aprender música.

Os Projetos Sociais e as ONGs por serem locais que se apropriam da música


como ferramenta de inclusão social, também foram destacados pelo fato de ser um
campo profissional em expansão na contemporaneidade. Ao tomar conhecimento
que o curso de licenciatura em música da UERN prepara profissionais para atuar em
projetos sócio culturais, alguns egressos destacaram esse contexto educativo como
- 51 -

um dos promissores campos de atuação profissional.

As Bandas de Música são outro importante campo de atuação profissional.


Grande parte dos alunos que ingressam no curso de licenciatura em música da
UERN são provenientes desses espaços e boa parte retornam para atuar neles,
também por ser um campo de atuação profissional socialmente reconhecido nas
cidades do interior originárias dos egressos.

O ensino superior também foi mencionando como um campo promissor para


o licenciado em música. As principais justificativas foram dar aulas especificas de
música para um público que serão profissionais na área e devido a busca de
melhores salários.

Além dos espaços citados anteriormente, foram mencionadas as igrejas e a


noite como locais promissores para a atuação do egresso de música da UERN. A
igreja por valorizar a música na sua liturgia, como também utilizá-la para a formação
geral do ser humano. Nesse espaço a música além de alegrar, ensinar, pode
trabalhar na recuperação de problemas de ordem psicológica e social.

Tocar na noite foi referida entre os egressos por ser um local onde reúne um
público considerável para absorver a música como entretenimento e nesse espaço
haver uma intensa interação social. Tivemos ainda respostas de egressos que
tratam todos esses campos mencionados anteriormente como promissores para o
professor de música. Segundo eles o curso da UERN os preparam para atuar nos
múltiplos contextos apontados nessa pesquisa.
- 52 -

Mesmo após concluírem o curso, o gráfico nos mostra que, os egressos não
se acomodaram em relação a busca pelo conhecimento e atualização de sua
formação, 83.3% deles afirmam terem lidos livros ou revistas especializadas em
música/educação no último ano, 16.7% afirmaram terem participado de curso de
música a distância, 50% dos egressos participaram de encontros/congressos, 17.9%
publicaram artigos em anais de eventos ou revistas e 60.3% participaram de cursos
de capacitação em música.

Partindo para a atuação profissional, 57 (73.1%) egressos respondentes


dessa pesquisa estão trabalhando com música atualmente. Sendo que 23 deles
estão atuando na rede de educação básica, 13 estão atuando em escolas
especializadas de música, 7 deles atuam em bandas de música, 6 são autônomos, 3
atuam no ensino superior, 1 atua em uma associação e outro em uma empresa.
Três deles não informaram seus locais de trabalho.
- 53 -

E em relação ao tempo que transcorreu entre a formatura até seu primeiro


emprego, 73.5% disseram ter começado a trabalhar antes da formatura, do restante
13.2% conseguiu emprego até seis meses depois da formatura, 5.9% de seis meses
a um ano após a formatura, 4.4% de um ano a dois e 2.9% conseguiram emprego
dois anos após a formatura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para investigar as características de identificação pessoal, situação e atuação


profissional, formação acadêmica e expectativa em relação ao curso de música da
UERN formados entre 2008 e 2015, foram aplicados questionários contendo 31
perguntas sobre perfil do egresso, espaços profissionais ocupados por eles, seus
trabalhos, formação acadêmica, suas práticas, sobre a instituição em que estudaram
e a contribuição que o curso de música oportunizou a eles. Sendo que dos 84
egressos do curso formados, responderam ao questionário 78 egressos.
- 54 -

Se tratando do Perfil do egresso do curso de música da UERN, constatou-se


então que, o corpo discente do curso de música da UERN na sua maioria é formado
por indivíduos do gênero masculino. Apesar do curso está sediado na cidade de
Mossoró - RN, mais da metade dos alunos são residentes de outras cidades do
estado do Rio Grande do Norte e de outros estados, principalmente do Ceará. O
egresso do curso de música da UERN é um público consideravelmente jovem, a
maioria se encontra na faixa etária de 20 e 30 anos de idade e o número de casados
e solteiros é quase igual. A maioria possui de 0 a 1 dependentes e boa parte possui
imóvel próprio.

Sobre as informações acadêmicas, dos egressos respondentes a maioria são


das turmas de 2011 e 2015. A grande maioria dos egressos concluíram o curso na
casa dos 20 anos de idade. Boa parte concluiu o curso no período de 4 a 5 anos.

As características de um licenciado classificadas como “muito importante”


pelos egressos foram: domínio da escrita de texto, capacidade de produção artística,
domínio do conhecimento pedagógico, capacidade criativa, compromisso social,
capacidade de trabalho em equipe e domínio profissional. As que foram
consideradas “importante” foram: capacidade de produção cientifica, domínio de
língua estrangeira e domínio do conhecimento técnico instrumental.

Mais da metade do total de egressos pesquisados deram continuidade aos


seus estudos ingressando em uma Pós-Graduação e do restante a maioria pretende
ingressar em uma, o que mostra o interesse desses egressos em se tornarem cada
vez mais capacitados.

Sobre o curso, a maioria dos egressos concordaram parcialmente com as


seguintes afirmativas: “o corpo docente possuía domínio de conhecimento
pedagógico/específico das disciplinas” , “os conteúdos/programas das disciplinas
foram desenvolvidas adequadamente”, “ a matriz curricular ajudou no seu
desempenho profissional”, “o curso promoveu a integração entre as disciplinas”, “os
conteúdos/programas auxiliaram na minha formação humana e profissional”, “ os
recursos didáticos-pedagógicos disponíveis para o desenvolvimento das
atividades/aulas do curso foram adequadas”, “ O espaço físico disponível para o
- 55 -

desenvolvimento das atividades/aulas do curso foram adequadas”, “Houve equilíbrio


entre a distribuição das disciplinas de formação geral e de formação específica na
proposta curricular do curso” e “Houve um inter-relacionamento sequencial entre os
conteúdos das disciplinas”. E concordaram plenamente com: “O conjunto das
disciplinas cientificas ajudou no seu desempenho profissional”, “O conjunto das
disciplinas especificas ajudou no seu desempenho profissional”, “O conjunto de
disciplinas pedagógicas ajudou no seu desempenho profissional” e “O estágio
supervisionado serviu para sistematizar/testar/exercitar os conhecimentos adquiridos
para a atuação em sala de aula”.

Para a maioria dos egressos a duração do curso de 4 anos está de bom


tamanho. É notório o amadurecimento dos alunos ao saírem do curso e ingressarem
no mercado no que diz respeito aos saberes necessários para uma formação que
supra as necessidades da profissão quando a grande maioria considera o
conhecimento pedagógico um saber importante e até mais necessário do que o
conhecimento técnico instrumental, diferentemente de quando ingressaram no curso

Os egressos mostraram-se satisfeitos com a formação teórica do curso e


insatisfeitos com a formação prática, mostraram satisfeitos também com a formação
cidadã/ geral para a vida e com a formação apropriada para as suas atividades
profissionais. Os egressos recomendariam o curso de música da UERN devido a
matriz curricular, as ofertas de trabalho e devido a regulamentação da profissão,
porém não recomendariam devido a estrutura física da UERN.

Apesar de existir um certo preconceito com as Universidades estaduais,


devido não terem as mesmas estruturas físicas e apoio financeiro que um
Universidade Federal tem, a grande maioria dos egressos disseram que a imagem
educacional da UERN interferiu positivamente na sua inserção no mercado de
trabalho. Com relação a um possível retorno a UERN, eles disseram que retornariam
para fazer algum curso de capacitação ou uma Pós-Graduação.

Escolas básicas, escolas específicas, projetos sociais e ONGs, bandas de


música e universidades são os locais vistos pelos egressos como os mais
promissores para um licenciado em música atuar. Apesar de ser comum em todo o
- 56 -

Brasil licenciados em música não quererem ocupar os espaços a eles destinados na


educação básica, com essa pesquisa notamos que a maioria dos egressos que
estão trabalhando com música atualmente estão atuando na educação básica,
seguidos em segundo lugar pelas escolas especificas de música. A maioria
começou a trabalhar antes da formatura.

Diferentemente da experiência vivida por Lordello et al 2012 quando ele diz


que em experiências anteriores de estudos com egressos de cursos de graduação
não se conseguiu alcançar 10% da amostra definida (LORDELO et al 2012, p. 145)
na nossa pesquisa conseguimos alcançar 92.8% do total de egressos formados até
2015.

Corroborando com as dificuldades encontradas por Silveira e Carvalho (2012)


em realizar uma pesquisa com o público de egressos sentimos dificuldades na
localização dos sujeitos devido ao banco de dados dos egressos desatualizados e
principalmente a disponibilidade dos egressos para responder ao questionário,
discordando dele apenas no que diz respeito ao referencial teórico, pois não
encontramos dificuldades em encontrar trabalhos para dar base a nossa pesquisa.

Com esse trabalho tivemos o objetivo de avaliar as características de


identificação pessoal, situação e atuação profissional, formação acadêmica e
expectativa em relação a instituição dos egressos do curso de Licenciatura em
Música da UERN e percebemos que conseguimos alcançar o nosso objetivo. Porém,
não foi possível abranger todos os questionamentos que esse tema nos traz, como
por exemplo, saber os porquês daqueles egressos que não estão atuando na
educação básica e também investigar sobre aqueles alunos que trabalhavam
estudavam ao mesmo tempo, que foi um dado que nos chamou a atenção.
Deixamos assim a sugestão para outros trabalhos relacionados a esse tema.
- 57 -

REFERÊNCIAS

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profissional de licenciados em música em escolas específicas: um estudo com
egressos da Universidade Federal de Pernambuco. I CONFERÊNCIA
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nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF,
1997.130p.

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CNE/CBE N°: 12/2013. Brasília: CBE, 2013.

BENVENUTO, João Emanoel Ancelmo. A constituição do habitus docente pelos


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