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Principios basicos 00 tratamento de esgotos MARCOS VON am SPERLING (© autor considera como totalmente bem-vindos quaisquer comentitios suges tes para a mclhoria deste volume, ou de qualquer dos outros volumes da série. Finalmente, gostaria de agradecer a todos aqueles que contribuiram ¢ que pros seguem contribuindo para a realizagZo desta série. A nivel individual, um agradeci- ‘mento a todos que se motivaramy juntamente comigo, a dar forma ¢ contetido aos livros. A nivel institucional, as entidades e agéncias responsdveis pela viabilizagio do empreendimento: Departamento de Engenharia Sanitaria e Ambiental da UFMG (DESA-UFMG), Sociedade Atemi de Cooperago Téeniea (GTZ) e Conselho Na- cional de Desenvolvimento Cientifico e Teenolégico (CNPq). Marcos von Sperling Janeiro de 1996 CAP{TULO 1 Prineipios do tratamento hiol6gico de esgotos |. PRINCIPIOS DA MICROBIOLOGIA DO TRATAMENTO DE ESGOTOS. 1.1 Introdugai.. si 1.2 Classificagio dos microrganismos. 1.3 A natureza das eélulas biol6gicas f 1.4 Fontes de energia e carbono para as células microbianas 1.5 Metabolismo dos mierorganismos. r 1.6 Geragao de energia nas eélulas microbianas... ECOLOGIA DO TRATAMENTO DE ESGOTOS... 2.1 Introdugio. 2.2 Principais microrganismos envolvidos. 2.3 Bactérias. 2.4 Protozostios | 2.5 Tipos de crescimento esustentagio da biomassa 2.6 0 floco biol6gico em sistemas de erescimento disperso 2.7 biofilme em sistemas de erescimento aderido CAPITULO 2 Prinefpios da cinética de reagées e da hidréulica de reatores { INTRODUGAO.... . CINETICA DE REACOES 2.1.Tipos de reagdes. 2.3. ReagGes de primeira ordem. 2.4-Reagbes de saturagio. 2.5.Influéncia da temperatur |, BALANCO DE MASSA, 3.1, Equag6es representativas 3.2, Estado estacionétio estado dindmico M1 M1 12 B 4 15 a7 21 21 2 2B 26 21 129 32 4, HIDRAULICA DE REATORES 4.1. Introdugi 4.2. Reator de fluxo em pistao ideal. 43, Resto de mistua completa ideal 4.4, Células em série 4.5, Fluxo disperso. 4.6, Células em paralelo 4.7, Células em série com alimentagio ineremental 428, Células em série e em paraleto. 49.0 efeito darecirculagio, 4.10, Comparagaio entre tipos de reatores. 4.11. A influéncia de cargas variveis.. CAPITULO 3 Prinefpios da remogiio da matéria orgéiniea 1. CARACTERIZAGAO DO SUBSTRATO E DOS SOLIDOS 1.1. Introdugao. Ee 1.2. Caracterizagio da matériacarbonicea.. 1.3, Caracterizagio da matéria nitrogenada 14, Atuagao da biomassa 1.5. Representagéo da biomassa e do substato 2, PROCESSOS DE CONVERSAO DAS MATERL CARBONACEA E NITROGENADA 2.1, Conversdo da matéria earbonscea.. 2.2. Convers da matérianitrogenada. 3 3. PROGRESSAO TEMPORAL DA OXIDACAO BIOQUIMICA DAMATERIA CARBONACEA i 4, CINETICA DA OXIDACAO DA MATERIA ORGANICA 5. PRINCIPIOS DO CRESCIMENTO BACTERIANO. 5.1. Sintese e respiragtio endégena, Curva de erescimento bacteriano. 5.3. Cinética do erescimento bacterin... 5A, Produgiio de s6lidos . 6, MODELAGEM DO SUBSTRATO E DA BIOMASSA EM UM REATOR DE MISTURA COMPLETA 6.1. Balango de massa no reator 6.2, Sistemas sem recireulagio e com recitculagio de slides... ‘Tempo de detengio hidrdulica e tempo de residéncia celular ‘Tempo de varrimento cella. . 5, Concentrago de s6lidos em suspensiio no reator. 3. Substrato efluente. CAPITULO 4 DE SEDIMENTAGAO... IMENTACAO DISCRETA 1, Velocidade de sedimentagao 2. Conccito do tanque de sedimentagao de fuxo horizontal ideal 4.3. Testes de sedimentagio JEDIMENTAGAO FLOCULENTA... SEDIMENTACAO ZONAL. 5.1 Sedimentagao em uma coluna 2. A teoria do fuxo limite de sides. 5.3, Determinagio da velocidade de sodimentago da inter 511 {nice volumétrico de lodo... 5.5. Determinagao do fluxo limite de slides Principios de aeracio INTRODUCAO. PUNDAMENTOS DA TRANSFERENCIA DE GASES 2.1. ConcentragZo de saturagao de um gas : 2.2, Mecanismos da transferéncia de gases (CINETICA DA AERACKO. eae PATORES DE INFLUENCIA NA TRANSFERENCIA DE OXIGENIO. "TAXA DE TRANSFERENCIA DE OXIGENIO NO CAMPO E EM CONDIGOES PADRAO OUTROS CORFICIENTES DE AERACAO (6.1. Bficiéncin de oxigenagio... 6.2. Bficiéncia de transferéncia de oxigénio. 6.3. Densidade de pot®ncit...nnnnnn 7. SISTEMAS DE AERAGAO MECANICA. 8. SISTEMAS DE AERAGAO POR AR DIFUSO.. 9. TESTES DE AERAGAO REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS CAPITULO 1 cipios do tratamento biolégico de esgotos 1. PRINCIPIOS DA MICROBIOLOGIA DO TRATAMENTO DE ESGOTOS 1 Introdugio ‘ratamento bioldgico de esgotos, como o pr6prio nome indica, ocore intira- le por mecanismos biolbgicos. Estes processos biol6gicos reproduzem, de ceta ra, 0s processos naturas que ocorrem em um corpo d'gua apés o langamento spejos. No corpo d'égua, a matéria orginica 6 convertida em produtos mincra- 3 inertes por mecanismos puramente naturais, caracterizando o assim chamado eno da autodepuragdo. Em uma estagao de tratamento de esgotos os mesmos os bisicos ocorem, mas a diferenga é que hé em paralelo a introdugio de logia. Bssa tecnologia tem como objetivo fazer com que 0 processo de depura- se desenvolva em condigdes controladas (controle da efieigneia) e em taxas elevadas (solugio mais compacta), A.compreensio da mierobiologia do tratamento dos esgotos é, portant, essencial a olimizagio do projeto e operagio dos sistemas de tratamento biol6gico. No ado, as estages de tratamento eram projetadas por engenheiros tendo por base dos essencialmente empiticos. Nas Gkimas décadas, o cariter multiiseiplinar (Engenharia Santéra tem sido reconhecido, cos bidlogos tém trazido fundamen- contribuigdes para a compreensio do processo, O conhecimento racional tem se andido, com o concomitante decréscimo do nivel de empitismo, possibilitando a 6s sistemas venham a ser projetados e operados em bases mais sélidas. O ultado tem sido o aumento da eficiéncia ea redugo nos custos. (Os principais organismos envolvidos no ratamento dos esgots sao as bactérias, tozoérios, fungos, algase vermes. Destes, as bactérias so, sem diivida, 08 mais ortantes na estabilizagio da matéria orginica, ¢ um maior detalhamento & dedi- 2s mesmas no presente capitulo O tratamento dos esgotas€ visto aqui do ponto vista biolégico (estudo das bactéias) e ecol6gico (estudo das comunidades vids). icfpios do iratamentobioldgico de esgotos dos microrganismos. Alguns fem comum com os vegetais, enquanto ide animais. Tradicionalmente,aclassifieagio dois grandes reinos o Vegetal ¢ o Animal, presentes em cada uma destas grandes subdivi- W208 ndotaram uma divisio mais prética, posicionando os separado, o dos Protistas. A diferenga crucial entre os (Vegetais c animais) é o elevado nivel de diferenciagio celular 8. Isto quer dizer que, num protista, as eélulas de um mesmo ‘maorfol6gica c funcionalmente similares, o que reduz sobremaneia a de adaptagio e desenvolvimento, 4 em organismos com diferencia ‘conte uma divisio de trabalho, Nos organismos superiores, as eélulas clades (mas geralmente de mesmo tipo), reinem-se em grupos maiores, Aenominados recidos. Os tecidos, por sua vez, constituem os drgdos (ex: pulmo), © estes formam os sistemas ou aparetios ex: sistema respirat6rio).O grau de diferen= igo celular é, portanto, um indicativo do nivel de desenvolvimento deuma especie. © Quadro 1.1 apresentaas principaiscaracteristcasdestesirésreinos do mundo vivo. Mais recentemente, tem-se adotado uma nova proposta de classifieago dos sees vivos, englobando os seguintesreinos: (a) monera (seres mais simples, sem ntcleo diferenciado, como bactéias e cianoficeas), (b) protsta (seres simples, mas corn niécleo diferenciado, como algas, fungos e protozoétios), (c) vegetal e(4) animal. Ha autores, ainda, que dividem em cinco reinos, sendo que os fungos oeupam um reino separado (Silva Jee Sasson, 1993) Quadro 1.1 Caractersticas bésicas dos reinos do mundo vivo = ee (Galatercies MoneraPcitas a Animals catia Unicstuarnaticeksor Muliceblar—Nhdtionaar Ditrenciao coer Ines oveda — Elvada Fonte do eneroiauminetéiaorganicainstiainargenea Luz Matern rica Corona “Autenofpresats Proserto Ausente Moorento Imaveigmoveis movie Movsis Parede cokar ‘Asoniojpreses Proconte __Aleie Observa-se, portanto, que alguns grupos de moneras e protistas apresentam ccaracteristicas de vegetais, enquanto outros assemelham-se aos animais, Como comentado, a principal diferenca dos moneras e protistas com relago aos demais é © nfvel de diferenciagio celular, inexistente nos dois primeiros. Em termos dos 2 Principos basicas do tratamento de esgotos {Erupos componentes dos reinos monera e protisia, sio as seguintes as 1.2. Coractertsticas bésicas dos principais prupos de microrganismos (ceinos protista © monera) Nene Pros Prasent> Neo Aguas Mavis smiictorganismos em que o nticleo das eélulas encontra-se confinado por uma ina celular (protistas: algas, protozodrios e fungos) sio denominados euca- , 0 passo que os microrganismos que possuem 0 miicleo disseminado no (monera: algas cianoficeas e bactérias) sfio denominados procariotas. ira geral, os seres eucariotas apresentam um maior nivel de diferenciagio virus ndo foram ineluidos na classificacZo acima por possuitem caracteristicas te particulares (caracteristicas de seres vivos e de seres nao Vivos), € por nio envolvidos diretamente nos processes de depuraio bioldgica das sguas ins. A natureza das eélulas biol6 fe maneira geral, a maioria das células vivas é bastante similar. Apresenta-se a Juma descrigo sucinta dos seus componentes principais (La Riviere, 1980; joglous e Schroeder, 1985). Células tém geralmente como limite externa uma membrana celular. Esta abrana é flexivel e funciona como uma barreira seletiva entre. contetido da célula ene externo, A membrana é scmi-permedvel, exereendo portanto o impor- papel de selecionar as substincias que podem sair ou entrar na célula, No » as bactérins, algas, fungos e plantas possuem ainda uma outra camada 4, denominada parede celular: Esta é geralmente composta por um material . que dé & célula uma forma estrutural caracterfstica, oferecendo ainda uma io contra impactos mecinicos e alteragses osméticas. Acredita-se que esta ia ndo seja somi-permeaivel, n3o exereendo portanto um papel na regulagio sumo das substincias dissolvidas no meio eircundante, Em algumas bactérias le celular pode ser ainda envolvida por uma outra camada externa, geralmente ‘material gelatinoso, denominada edpsula (com limites definidos) ou camada ios do tratamento biotdgico de esgotos sel (quando difusa). No caso das célulasindividuais apresentarem mobilida- de, elas usualmente possuem flagelos ou cifios. O interior da célula contém uma suspensio coloidal de proteinas, carboidratos € ‘outras formas complexas de matéria organica, constituindo o citoplasma. Neste cencontram-se ainda organclas. Cada célula contém dcidos nuctéicos, 0 material genético vital para a reproduso. ficido ribonucléico (RNA), de importincia na sintese de proteinas, encontra-se nos ribossomos, presentes no citoplasma, Ax células procarioias, tais como as das bactérias, contém apenas uma drea nuclear, a0 passo que as células eucariotas pposstiem um nticleo definido envolto numa membrana, O niicleo (ou érea nuclear) é Fico em dcidos desoxirribonucléicos (DNA), os quais contém a informagio genética necessétia para a reprodugio de todos os componentes celulares. O eitoplasma de células procariotas contém frequentemente DNA em pequenas estruturas denomina- das plasmideos. A Figura 1.1 apresenta uma ilustraglo esquemétien de uma eétula bacteriana. CELULA BACTERIANA, Apes, Netean a FIGOSSOWAS —CITORLAGWA ig. 1.1. Boquoma de wma ela bacteria 14 Fontes de energia ¢ carbono para as células microbianas ‘Todos 0s seres vivos, para que possam desempenhar as suas fungbes de eresci- ‘mento, locomosio, reprodutio ¢ outras, necessitam basicamente de: (a) energia, (b) ccarbono ec) nuttientes (nitrogénio, fésforo, enxofre, potissio, cdlcio, magnésio etc). Em termos da fonte de carbono, hi fundamentalmente dois tipos de organismos: 4 Prineipis basicos do tratamemto de exgotas at6trofos. Fonte de carbono: gis earbénieo (CO2); er6trofos. Fonte de carbono: matéria orgénica, mos da fonte de energia, hi basicamente dois tipos de organismos: fototréficas. Fonte de energia: energia luminasa; quimiotroficos. Fonte de en: Fons do cnorga Fanta de cwbono _Organismos pases es Panta supoticres, aloes, rootos 902 bettas atssinioas Matéia orgarica Boca ftoreittons ea Bactérie Bactirias.fungos, prtazadios e aninels Maia egarica attri orgies Peano o Soran, as aa 8 Fay iaior parte dos processos de tratamento de esgotos (excegao feta as lagons livas), a luz ndo penetra significativamente no liguido contido nos tanques dos ao tratamento, devido & clevada turbidez do liquido. Por conseguinte, a de microrganismos que tém a luz.como fonte de energia (fooaut6trofos & irofos) 6 extremamente limitada. Os organismos de real importancia neste portato, os quimioautSirofos (responsives, por exemplo, pela nitificagéo) joheterStrofos (responsiveis pela maior parte das reagées que ocorrem no Wo biolégico). Por simplicidade, dentro. do presente contexto, os limos doravante denominados apenas como heter6trof03. ‘Metabolismo dos microrganismos Si elie fap ceticnscrneneneas a Rif MD assimilagdo ou catabolismo; reagSes de produgdo de energia, nas quais ocorre xadagiio do substrato; lag do ow anabolismo:reagbes que conduzem 3 formago de material celular scimento) com o auxilio da energia liberada na desassimilagio. fe uma maneira simplificada, os organismos crescem e se reproduzem as custas Npios do tratamento bioldgico de esgotos 15 da utilizago da energia liberada por meio da desassimilagio, Na desassimilagio, a cnergia armazenada em forma quimica nos compostos orgiinicos (substrato) ¢ libe- rada, sendo convertida na assimilago em material celular. O crescimento liquido é resultante do balango entre 0 anabolismo (positive) e o eatabolismo (ncgativo). "Em ambas as calegorias, as trahsformagées quimicas ocorrem numa sequéncia de diversas © intrineadas reacSes intermedifrias, cada qual catalizada por um tipo cespeetfico de enzima. A maioria das enzimas esté localizada dentro da célula:tais so Cis +2 20 a4 seduzidoametano. Este caminko é menos importante em termos de conversdo global, sas pode ser realizado por praticgmente todas as bactérias metanogénicas. Asegunda anaerSbias: metanogénese acetotréfica via € ada metanogénese acetotrdfica (producio de metano a partir de acetato), em que 0 carbono orginico, na forma de acetato (Acido acstico) ¢ convertido a metano. Esta via 6 responsvel pela maior parte das converses, embora seja realizada por poucas espécies de bactérias (Lubberding, 1995). Hi organismos adaptados funcionalmente para as diversas eondigbes de respira- fo, distinguindo-se os seguintes de fundamental importincia no tratamento de esgotos: JOH -—-———> CH + COp 1.2. ilustra as principais rotas de decomposi¢ao da matéria orgéinica na a dos diferentes aceptores de elétrons. PRINCIPAIS ROTAS DA DECOMPOSICAO DA MATERIA ORGANICA NA PRESENCA DE DIFERENTES ACEPTORES DE ELETRON [se * organismos aerdbiosesritos:wilizam apents o oxiénio livre na sia respiragio ‘© organismos facultativos: utilizam 0 oxigénio livre (preferencialmente) ou 0 yt nitrato como aceptores de elétron + organismos anaerabios estos: utiliza o sufato ou 0 didxido de carbono ‘como aceptores de elton, nfo podendo obterenerga aravés da respiragio aerdbin elo fato de ser liberada mais energia através das reagSes aerSbias que através das reagSes anacrdbias, os organismos aerdbios se reproduzem mais rapidamente & estabilizagio aerGbia da matéria orgénica se processa a taxas mais rpidas que a anaerSbia, Sendo a taxa de reprodue‘lo maior nos organismos aerSbios, a geraco de Todo € também maior. ‘As principais reagdes para a geragio de energia que ocorem em condigdes aerébins, an6xicas ¢ annerdbias sio: PRESENGA DE OXIGENIO + Condigdes aersbias: Célli206 +6 02 —————> 6 COs + 6 10. ‘© Condigdes andxicas: redugdo de nitratos (desnitrificagdo) AUSENCIA DE OXIGENIO 2NOy-N+2H" —————> Na+2,5 02 +120 * CondigSes anaersbias: reduedo das sulfatos (dessulfatacdo) CHsCOOH + $0," +2 A Principais ots de decomposgto da matéria rgnica na preseaga de diferentes acepores de elérons (medificado de Lubbexding, 1995) Princlplos bsicos do tratamento de esgoros FP nei ctl a eee A sequéncia de transformagdes que ocorre no tratamento de esgotos é fungio do scgptor de létronse do estado de oxidagto do compost, medio pelo seu potencial Sefer expresso enim) Agu ila ests lags 0 dtlhamen- to das diversas reagdes encontra-se no Capitulo 3. PROCESSOS DE TRANSFORMAGAO EM FUNQAO DO POTENCIAL REDOX LCONDIOES PROCESEO 1 = 200 -a00 | AMAEROBIAS 400 - 600! Fig. 1.3, Sequéncia de tansformagées no tratament do egos, em Fungo do seepordeelérons edo poteaca edox(adapad de Pekenflder¢ Grau, 1992) O cestado de oxidacao do composto determina a quantidade de energia méxima dispontvel através dele. Quanto mais reduzido for © composto, mais energia ele contém. O objetivo do metabolismo energético & conservar tanta energia quanto possivel numa forma disponivel para a célula. Um exemplo ¢ através de ATP. (adenosina tri-fosfato), que permite a posterior liberago de energia por conversio a, ADP (adenosina di-fosfato). A energia méxima disponivel por meio da oxidago de lum substrato ¢ a dferenca entre o seu contetido energético (dado pelo seu estado de ‘oxidagio) e 0 contetido energético dos produtos finais da reagto (também dado pelo seu estado de oxidagio ao final da reaco) (Grady e Lim, 1980). Neste sentido, tem-se ‘05 seguintes pontos: Principios basicos do iratamento de exgotos nto maior o estado de oxidagio do produto final, maior a liberagiio de energia. arbono no\COz encontra-se no seu mais elevado estado de oxidagio, Portanto, 8 de oxidagdo que oxidam 0 carbono do substrato completamente a COz iragdo acrObia) liberam mais energia que reagdes que produzem, por exemplo, ol (fermentacio). nto menor 0 estado de oxidaeio do substrato, maior a liberagio de energia. Por smplo, a oxidagodo Acido acético a COs libera menos energia que a oxidaga0 Jetanol a COz, pelo fato do carbono no deido acético encontrar-se num estado de jaco mais elevado do que no etanol CO nunca pode scrvir como fonte de energia, pelo fato do seu carbono eontrar-se no mais elevado estado de oxidago possivel (0 CO nio pode ser 2. ECOLOGIA DO TRATAMENTO DE ESGOTOS Introdugio D papel desempenhado pelos microrganismos no tratamenta de esgotos depende grovesso a scr utiizado. Em lagoas de estabilizagio facultativas, as algas t2m uma #io fundamental, relacionada a produgdo de oxigénio pela fotossintese, O projeto igoas ¢ feito de forma a otimizar a presenca das algas no meio Iiquido e a obter ddequado equilibrio entre bactérias e algas. Nos sistemas anaerdbios de tratamen- condigBes sio favordveis, ou mesmo exclusivas, a0 desenvolvimento de organismos adaptados funcionalmente & auséncia de oxigénio. Destacam-se, ‘caso, as bactérias denominadas acidogénicas e metanogénicas {A massa microbiana envolvida nos processos aerdbios & constituida basicament érias e protozoarios. Outros organismos, como fungos e rottferos podem ser tualmente encontrados, mas a sua importincia 6 menor. A.capacidade dos fungos jobreviver em faixas de pH reduzidas com pouco nitrogénio faz com que os mos possam ser importantes no tratamento de certos despejos industriais. No nto, fungos de estruturafilamentosa podem prejudicar a decantabilidade do lodo, indo a eficiéncia do proceso. Os rotfferos so eficientes no consumo de dispersas e pequenas particulas de matéria organic. A sua presenga no ante indica um eficiente proceso de putificagio biolégica (Metcalf & Eddy, De maneita geral, pode-se dizer que a diversidade de espécies dos vérios organismos componentes da biomassa & baixa © Quadro 2.1 apresenta um resumo das principais caractertsticas das bactérias, rios e fungos, ipios do tratamento bioldgico de esgoros Quadro 2.1. Principais microrganismos presentes nos esgots, de importancia no tratamento \sgico Basereto ‘Organisms unestuaes posontan-so em vias oma etananbos. ‘Sho os princal esponstss pola esabiizagt darmatriaergicica. lgunas backias si patogéless, causando pnipamerds does inten, | Organiznosunieelles sor pad cel, | Amsiona ¢seooia ou seats, | Almentam-se de bacteria, agas 0 oures micrergansmos, |- So essencisis no tratamento bigco par. a manu do um equi to os verso grupes. |_ guns io palogtnicos a COrgarsmee acrbls, mulcaklres, no olosinitions,heteratrions. Fangoe _|-Stotrbém de rar mpertincia na docompesigao da matéra raion dom eraser am candigaae de bao pH Feria Sao ns (00), Scout (108) Naat 8 EI TT 2.2 Principais microrganismos envolvidos A Figura 2.1 apresenta a sequéncia de predominincia relativa dos prineipais microrganismos envolvidos no tratamento aerSbio de esgotos. As interagaes ecolé- gicas na comunidade microbiana fazem com que o aumento de um grupo de microrganismos soja acompanhada pelo declinio de uma outra populacio, face & ccaracteristica seletiva exercida pelo meio em transformago, Imediatamente apés a inlrodugao dos esgotos no reator biol6gico, a DBO remanescente (matéria orginica) ‘encontra-se em seu ponto maximo. O mimero de bactérias é ainda reduzido, ¢ 0s [prolozodtios do tipo ameba podem ser encontrados, Estes sf0 ineficientes na compe- tigdo por alimento, sendo encontrados principalmente no inicio do funcionamento de reatores. Devido grande disponibilidade de substrato,a populago bacteriana cresce. ‘As amebas sio entio substitufdas por protozodrios flagelados que, devido A sua mobilidade, so mais eficientes na competigiio pelo alimento disponivel. Estes protozoérios flagelados sfo caracteristicos de sistemas de alta carga. Com 0 passar do tempo eo decréscimo do material orginico disponivel, os protozostios ciliados substituem os flagelados, j4 que os primeiros sfio capazes de sobreviver a concentra- ‘Bes menores de alimentos. Este ponto caracteriza a operago dos sistemas de carga convencional, onde convivem um grande nimero de ciliados de vida livre, 0 nimero ‘méximo de bactérias e uma baixa concentrago de matéria orgénica (DBO remanes- cente). Em longos tempos de retengio, caracteristicos dos sistemas de haixa carga, ‘a matéria orginica dispontvel & minima, e as bactérias so consumidas por rotiferos (Kénig, 1990). Principio basicos do tratamento de esgotas PREDOMINANCIA RELATIVA DOS MICRORGANISMOS: Numero relatvo de microrganismos i carga convencional carga Tempo ——> ‘Sequéncia da prdominincia elaiva dos microrsnisms no trtamento de esgt08 (edapado de Keni, 990; Metcalf & Bad, 1991) Bactérias s bactétias sto organismos unicelulares procariotas(auséncia de niicleo defini- i tance on a ee Sem fi A ica, bastonete e espiralada, O tamanho da célula varia como grupo: 0,5 a 1,0}hm fiimetro paraas esféricas; 0,5 1,0 mde largura por 1,5.23,01m de comprimento 6s bastonetes; 0,5 a 5 jim de largura por 6 a 15 jum de comprimento para as jraladas, As bactérias possuem ainda uma parede celular mais ou menos rigida, © sm apresentar ou nfo flagelos para locomogio. A sua reprodueso se dé principal- por meio de divisio binsia, além da formagio de esporose reprodugio sexuada ia) (Branco, 1976; Metcalf & Eddy, 1991). bactérias constituem-se no grupo de maior presengac importincianos sistemas nto biol6gico. Considerando-se que a principal fungao de um sistema de plos do tratamento bioldgico de esgotos 23 tratamento & a remogio da DBO, as baetérins heterotréficas so os prineipais agentes deste mecanismo. No entanto, além de desempenharem o papel na depuragio da ‘matéria orginica, as bactétias possuem a propriedade de se aglomerar em unidades estruturais, como flocos, biofilmes ou granulos (ver Item 2.5) Além da remogio da matéria grednica carbonicea, o tratamento de esgotos pode incorporar ainda outros objetivos, a consecuetio dos quais depende de grupos espe- cificos de bactérias. Assim, pode-se ter também, entre outros, os seguintes fendme- + Conversito da amonta a nterito(nitrficagao): bactérias aut6trofas quimiossineti- antes; + Conversdio do nitrto nitrato (nitrificagad antes; * Conversio do nitrato a nitrogenio gasoso (desnitrificagao): bactétias hetersteofas faculativas : bactérias autétrofas quimiossinteti- Acstrutura celular das bactérias foi apresentada no Ttem 1.3 e ilustrada na Figura 1.1. Aproximadamente 80% da célula bacteriana é composta de dgua e 20% de ‘matéria seca. Desta matéria seca, em toro de 90% é orgénica e 10% inorgfinica). Formulas amplamente utilizadas para caracterizar a fragio orgfinica das células bacterianas sfio (Metcalf & Eddy, 1991) (Gem incluir 0 f6sforo) incluindo o fésforo} Em qualquer das duas formulagdes, a relaglo C:H:0:N é a mesma. Um aspecto {importante €de que todos estes componentes devem ser obtidos do meio, e a falta de algum deles pode limitaro erescimento da baci, A.utilizagio do substrato disponivel no meio pelas bactérias se d em fungio do tamanho relativo da particula a ser utlizada, Basicamente, pode-se considerar as seguinies duas prineipaisfragdes da matéria orgnica: (a) a fragdo faclimente biode- gradéivel e (b) a fragéo de degradacao lena. Num esgoto doméstico tipico, a maior parte da matéria orginica na forma solivel é facilmente degradavel, Devido 3s diminutas dimensées dos compostos soiveis, os mestios podem penetra na cétula bacteriana através da membrana celular. Dentro da ela, a maria orginica soldvel € consumida com o auxilio das endoenimas. Fé os compostos orgnicos de maiores dimens6es e formulas mais complexas (matéra orgnica paticulada ou em suspen- s%0) devem softer uma atuaglo fora das células, de forma a que sejam transformados em uma forma assimilével pela bactévia Esta atuaglo se dé através das exoencimas numa reagio de hidrdlise. Na hidélise nio se considera a uilizacao de energia, nko hhavendo portanto a utilizagao de aceptores de cl¢trons, O produto final da hidrdlise passa a se apresentar na Torma de facilmente biodegradavel, penetrando pela mem- 4 Principios basicos do ratamento de esgotos lular para dentro da célula, onde & consumido de forma similar & matécia descrita acima (IAWPRC, 1987) (ver Figura 2.2) ASSIMILAGAO DAS MATERIAS SOLUVEL E EM SUSPENSAO ia em utero eins ‘Mecanismo de conversio da mata particulada em matéia slivet requisitos ambientais das bactérias variam com a espécie, Como exemplo, squeas bactérias envolvidas no mecanismo da nitrficago (bactérias aut6trofas ssintetizantes) so muito mais sensfveis as condicGes ambientais que as as Heterstrofas envolvidas na estabilizagio da ffatéria orgdnica carbonicea ira geral, a taxa Gtima de crescimento das bactérias ocorre dentro de faixas ratura ¢ pH relativamente limitadas, embora a sua sobrevivéncia possa dentro de faixas bem mais amplas. raturas abaixo do 6timo tém uma maior influéneia na taxa de crescimento as temperaturas acima do timo. Em fungio da faixa de temperatura, as podem ser classificadas como psicrofilicas, mesofilicas ou termofilicas. As de temperatura tipicas para cada uma destas categorias esto apresentadas no 22. 2.2. Faixas de temperatura para o desenvolvimento timo das bactérias cea do tratamento biolégico de esgotos ‘O pH também é um fatorde importincia no crescimento bacteriano. Amaior parte das bactérias mio suporta valores de pH acima-de 9,5 e abaixo de 4,0, sendo que 0 ‘timo se situa em forno da neutralidade (6,5 a 7,5) (Metcalf & Eddy, 1991) 2d en) ‘ (© grupo dos protozoirios compreende organismos unicelulares,eucariotas, cons- titufdos de uma pequena massa de protoplasma. A parede celularencontra-se frequen temente ausente, Embora nfo apresentem diferenciag2o celular, alguns possuem uma estrutura relativamente complexa, com algumas regies diferenciadas na eélula para ‘nexecucio de diversas fungSes. A maioria é epresentada por organismos hetero ficos, aerdbios estos. A sua reprodugio se df por divisio binéria, Os protozodcios ‘io usualmente maiores que as bactérias e podem se alimentar das mesmas. Isto faz ‘com que os profozofiries constituam-se em importantes degraus na pirfmide alimen- tar, possbilitando a que organismos maiores se alimentem indiretamente das bacté- ris, que de outra forma seriam uma forma inacessivel de alimento. Em funcio de ‘algumas caracteristcas estruturais,e principalmente do mecanismo de locomogio, ‘0s protozoérios podem see divididos em varios grupos, sendo os de principal interesse 6s seguintes: amebas, flagelados eciiados (Branco, 1976; La Riviére, 1980) ‘As principais afuagBes dos protozosrios no trtamento de esgotos so: * Consumo de matéria organica, dada a sua natureza heterotréfica, *# Consumo de bactéias livres; + Partcipagio na formaglo de flocos. 0 filtimo aspecto, relacionado a contribuicao na formago de flocos, parece ser tum mecanismo de menor importancia (La Riviere, 1977). Os dois primeiros aspectos (consumo de matéria orginica ¢ consumo de bactérias livres) dependem do modo de alimentagao do protozosrio, o qual varia com o seu tipo, podendo ser Horan, 1990): * Protozoérios flagelados. Utilizagio de matéria orginica soldvel por difusio ou transporte ativo. Neste modo de alimentagéo, as bactérias slo mais eficientes na competigao. . + Amebas ¢ protozodrios ciliados. Formagio de um vactolo em torno da particula sélida (que pode incluir batérias) através de um processo denominado fagocitose ‘A fragio organica da partieula& entio utilizada apés atuagio enzimética dentro do vactiolo (dentro da cétula). + Protozoérios ciliados (principalmente). Predagio de bactérias, algas © outros protozosrios ciindos e flagelades. Embora os protozoarios contribuam. para a remogio da matéria-organica dos ‘esgotos, sua principal aluago no tratamento (por processos como lodos ativados) se 6 Principos bésicos do tratamento de esgotos vidade predatéria que exercem sobre as baci livemente suspensas no jo (La Riviere, 1977), Neste sentido, as bactéias que no participam do que se encontram em suspensio no meio, nfo sio normalmenteremovidas lagao final, Em assim sendo, elas contribuem para adeterioragio do efluente fermos de sidos em suspensio, matériaorginica (das prprias bactéras) © ptogenicos. A atuagio dos protozoirios sobre estas bactéxias contibue, 9, para a melhoria da qualidade do efluente final (Horan, 1990). liados de vida livre tm requisites alimeiticios mais elevados do que os fixos, porque grande parte da sua energia é dispendida na locomogdo. A inci dos ciliadosfixos ocorre apés0declfnio da populago dos ciliados de , ocasifo em que podem se alimentar das bactérias dispon‘veis no floc. Tipos de crescimento e sustentagiio da biomassa telaglo a0 crescimento ¢ sustentagio da biomassa, 0 tratamento biolégico 9s Se processa segundo uma das configuragdes bisicas istadas a seguir (ver 2,3), A lista 6 organizada de acordo com o mecanismo predominante, embora ‘ocorrer simultaneamente mecanismos de crescimento aderido ¢ disperso. into disperso: a biomassa eresce de forma dispersa no meio liquide, sem a estrutura de sustentacio, as de estabilizagao e variantes Jos ativados e variantes anaersbio de fluxo ascendente (reccbendoexgotos com sides em suspen- ) imento aderido: a biomassa cresee aderida a um meio suporte,formando um ‘O meio suporte pode estar imerso no meio liquido, ou receber descargas inuas ow intermitentes de liquido. A matriz do meio suporte pode ser um jal s6lido natural (pedras, area, solo) ou atificial(plistico) ou consttuido prdpria biomassa aglomerada (grnulo). com suporte sido para aderéncia temas de disposicio no solo ‘com suporte para aderéncia constituido pela propria biomassa aglomerada: ior anaerdbio de fluxo ascendente (recebendo esgotos predominantemente vei) los do sratamento bioldgico de esgotos 2 DISPERSO iguido CRESCIMENTO ADERIDO camadade bactéras mole suporte (ext pedeas) Fig-23Exemplos de tipos de crescimentoe susteniago da biomassa ‘Ainda que os prine‘pios do tratamento biol6gico sejam os mesmos para ambas as formas de sustentacio da biomassa, a cinética do tratamento é influenciada pela interveniéncia de parimotros especificos a cada caso, O maior desenvolvimento ‘e6rico em termos de modclagem diz respeito ao tratamento aerobio de crescimento disperso. Tal se deve a que um maior mimero de pesquisas tém sido dieecionadas hi J varios anos para o processo de lodos ativados, ea que a formulagio do modelo para .crescimento disperso é de erta forma mais simples do que o decrescimento aderido, ‘Considerando-se, portanto, que o presente texto pretende dar apenas uma visio geral, dove-se ter em mente que a maior parte dos conceitos expressos no presente volume diz respeito a um sistema de crescimento disperso. Deve-se destacar, no entanto, 0 grande desenvolvimento nos titimos anos dos sistemas com biofilmes: 28 Principios bisicos do tratamento de esgotos floco biol6gico em sistemas de crescimento disperso lpuns processos de tratamento, como o de lodos ativados, 08 organismos se , formando uma unidade estrutural mais amp m denominado bora os microrganismos sejam os agentes da remogo dle DBO, o floco de ido desempenha um papel fundamental no processo de remocao da materia Nao é apenas a propriedade dos organismos heterstrofos de estabilizarem ‘organica que torna 0 processo de lodos ativados eficiente. De fundamental wem na unidade estrutural do floco, o qual & capaz de se do liquid por simples mecanismos fisicos de sedimentagao, em unidades de io separadas. Tal separago permite que o efluente final saia clarificado luzidas concentragdes de matéria orgdnica em suspensio). A qualidade do inal é araterizada, portant, por baixos valores de DBO sol6vel(removida biolGgico) e DBO em suspensio (fHocos removidos na unidade de decanta- ). O mecanismo de floculagdo que, no tratamento de agua, é alcancado 3s ladiglo de produtos quimicos, ocorre por mecanismos inteitamente naturais ento biolégico. loco apresenta uma estrutura heterogénea que contém material orginico lo, material inerte dos esgotos, material microbiano produzido para a mattiz, ‘vas e mortas. O tamanho do floco é regulado pelo balango entre as Forgas as tenses de cisalhamento causadas pela aeragao artifical c agitagio (La 1977). Dentre os microrganismos componentes do floeo podem ser encon- além das bactéras ¢ protozostios, fungos,rtiferos, nematGides ¢ ocasional- ‘mestno larvas de insetos (Branco, 1978) BO entrando no reator bol6gico, tanto na forma solvel como prticulada, até lem ser rapidamente absorvidos para a matriz do floco por meio de interagbes material particulado €hidrolizalo por exoenzimas, antes da sua absorco © io pels bactrias. Considerando-se que 0 dimetro do floco varie de 50 a hhavera um forte gradiente ce concentragso de DBO c oxigénio da fae externa (valores maiores) ao centro (onde poder’ haver valores bei baixos da DBO inulos de OD).Em consequéncia, em diregio an centro do floco, as bactérias Paulatinamente carentes de fontes de nutrientes, fazendo com que a le das bactérias seja bem baixa Horan, 1990). Ao se analisar a disponibil ‘oxizénio ou nutrientes no meio liquid, deve-selevar em consideragao a sua Inexisténcia dentro do floco. {sto justfiea que, por exemplo, se considere S como conidigbes wiGxicas um valor de OD no meio liquide igual a0.5_ bora 0 meio Ifquido nfo esteja desprovide de oxigénio, uma grande parte im O estar. Nesta situagdo, as condighies andxicas so prevalescentes no floco, © as reagies bioqurmicas se processam como na auséncia de ‘A Figura 2.4 ilustra os gradientes de DBO e oxigénio ao longo do floco. do tratamento bioldgico de esgotos 2» GRADIENTE DE CONCENTRAGAO DE OXIGENIO E DBO EM UM FLOCO BACTERIANO sna 90 eno do co Tig.2. Gradients de DBO c originio ao longo de wm loco tpico (adapta de Hora, 1950), ‘As condigdes que provocam 0 erescimento microbiano na forma de flocos 20 invés de eéiulas livremente suspensas no meio liquid so ainda desconhecidas (La Riviére, 1977). Uma hipstee plausivel para estrturado loco éadequeas bactérias, filamentosas exeream a fungio de matrz estrutual, na qual as bactviasformadoras 4ée flocos se aderem. Acredita-se que esta aderéncia ocorra através de exopolissaca- rdeos, presentes na forma de cApsula ou camada gelatinosa. No passado atrbuta-se fal fendmeno a apenas a Zooglea ramigera, mas ha indieagdes de que a produgao da camada gelatinosa ocorra através de diversos géneros, incluindo Pseudomonas. O prosseguimento na produgio destes exopolimeros resulta na aderéncia de outros rmicronganismos e pariculas coloidais, e em consequéncia © didmetro do loco aumenta, Finalmente, os protozoérios aderem e colonizam 0 floco, hi algumas evidéncias de que éles também exeretam um muco pegajoso que ajuda na coestio do floco (Horan, 1990). A Figura 2.5 mostra uma estrutura tipica de um floco de lodo ativado. 30 Principios bésicos do tratamento de esgotos COMPOSIGAO MICROBIANA DE UM FLOCO DE LODO ATIVADO strata tpca de wn flaca deka ativad (adptado de Horan, 1990) Jango entre os organismos filamentosos ¢ os formadores de floco é delicado, lepende boa parte do sucesso operacional da estagio de lodos ativados. Trés es podem ocorrer (Horan, 1990): brio entre organismos filamentosos e formadores de floco. Boa decantabili: e adensabilidade do lodo. lomindncia dos organismos formadores de floco. Hi insuficiente rigidez no ‘gerando um floco pequeno e fraco, com mi decantabilidade. Tal condigio 6 jinada como crescimento pulverizado (“pin-point floc”), lomindncia dos organismos filamentosos. Os filamentos se projetam para fora loco, impedindo a aderéncia de outros flocos. Assim, apés a sedimentacio, os ‘ocupam um volume excessivo, que pode trazer problemas na operagio do intador secundério, causando a deteriorago da qualidade do eflucnte final. Tal ¥io é denominada intumescimento do lodo (“sludge bulking”). do tratamento bioldgico de esgotos 2.7 0 biofilme em sistemas de crescimento aderido ‘Aimobilizagio é a aderéncia de microrganismos um suport sdlido ou suspenso, ‘Aimobilizagio apresentaa vantagem de que wma clevada concentraco de biomass pode ser retida em um reator por elevados perfodos de tempo. Embora praticamente todos 0s microrgsnismos tenhaslo potencial de se aderrem a um suport, através da produgio de polimeros extre-celulares que possibilitam a aderénciafsico-quiniea a supertcies, apenas recentemente a aplicacio tecnol6gica dos processos de sorgio celular estzo sendo aplicados em uma escala mais ampla e otimizada em virios processos biotecnolégicose no trtamento de esgotos (Lubberding, 1995) ‘Aaderéncia é nfluenciada por interagSes célula-célula, pola presenga de moléou- las de polimeros na superficie e pela composi¢ao do meio (Rouxhet e Mozes, 1990). No biofilm os composts necessios para o desenvolvimento baetriano, como smatériaorginica, oxigénio © micronutintes, sio adsorvidos & superficie, Apés a aderéncia, eles so trinsportados através do biofilme través de mecanismos de difusto, onde so metabolizads pelos microrganismos. Sélidos de natueza cooidal ou suspensa nfo consegem se difundie no biofilme, neessitand ser hideolizados a ‘moléculas de menores dimensdes. Os produtos fina do metabolismo so tnspor- tados em sentido contritio,na diego da fase liguida (wai e Kitao, 1994), A Figura 2.6ilusicao principio de funcionamento de um bioflme no tratamento de esgotos. REPRESENTAGAO ESQUEMATICA DE UM BIOFILME biofme | ‘anaorébio aoréblo. stpore 1g. 26, Represeniago euqunnica de um biofle (adapta de Iwai e Kita, 1994) Principios bsicos do tratamento de esgotos IBLIOTECA CENTRAL - UFLA 1reator aerSbio, o oxigénio é consumido & medida que penetra no biofilme, valores que definem condigdes anéxicas ou anaersbias. Pode-se ter, ia camada externa com oxigénio, eoutra, interna, desprovida de oxigenio. 6 fator determinante no estabelecimento das camadas, Na camada em ‘andxicas, ocorrerd a reduesio de nitratos. Em condiges anaerdbias,terse-A de fcidos organicos ¢ a reduedo de sulfatos. Esta cocxisténcin entre ‘aerobias, andxicas e anaerdbias é uma importante caracterfstica dos siste- biofilmes (Iwai e Kitao, 1994), 0 de formagao de um biofilme pode ser compreendido como ocorrendo igios (Iwai e Kitao, 1994), © Quadro 2.3 ¢ a Figura 2.7 apresentam as ceatacteristicas destas t€s etapas, associadas & espessura do biofilme. Estigios da formagio do biofilme (baseado em Iwai e Kitao, 1994) Coractsicas (fine & tha requerterente no cobre toda spericia do meio supore "O orescimeno beteiano se di segundo uma xa logarinica “redlos os ictrganimserescem nas mesmas condigees, com © Groscienta set salar ap do uma Bemaaea dperea ‘A eepeeaura do fm tma-se mor “Ateva de crescent bactrno lm constants ‘A espessura da canada ava permaneceinaerada, edapencentemente do ‘eer espereua tl do Hime ‘Cave o superna de aia rgnica sea lritado, os micrrgarisnos ‘sumer i mtatolimo subelenteaponas para a sua manu, n30 Ivers cesmentobaceiano Gua a suprenio ce msi rgtrea soa nf aosrequiios para rmanatongo sp ome ina so ence wily ~ espassura do ote ange um valor base levado Crescent merotiano 6 contaposto pelo propo decane dos ‘tgmnicmes pol consi par cults rponisnos pla eno do ‘enhamenio| -Partes do fm podem ser desaljaas do meio sports ‘Cato bitime eoninue a creer, sem ser esaljade do melo suport, sporerao entupnenios do ii, do trasamento biolégico de esgotos "GRADIENTES DE CONCENTRAGAO DE UM SUBSTRATO S EM UM BIOFILME BIOFLMERNO BIOFILM INTERMEDARIO DIOFILAEBEM ESPESEO eile te ve Bie sim soe si wane cote ahs! aS Flg.2.7. Gratienes de concenrngo de sabstato (S) em bifilmes de diferentes espessuas (adaptado de Lubbending, 1995) ‘Ao se comparar o crescimento disperso ¢0 crescimento aderido no tratamento de eesgotos, a comparagio entre o tempo de detengio hidrdulica e o tempo de geragio Jeelular é um aspecto de grande importincia, Nos sistemas de erescimento disperso, |p ‘que haja crescimento da populagio microbiana, o tempo de detengiio hidrsulica [Gempo que uma molécula de égua permanece no sistema) tem de ser maior que 0 _ | tempo necessitio para a geragio de novas células. Caso o tempo de detengio ~ | hidréulica seja inferior, nao haveré tempo para que as células erescam no reator, © as | mesmas sio “lavadas” do sistema, Tal representa un condicjonante para os volumes requcridos para o reator, considerando-se que 0 volume ¢ 0 tempo de detengio estio diretamente ligados (tempo de detengio = volume/vazio). No caso de sistemas com biofilmes, o tempo de detengfo hidréulica pode ser _menor que o tempo de geragao celular, sem que ocorra lavagem das eélulas, pelo fato ‘das mesmas estarem aderidas a um meio suporte. Em consequéncia, hi o potencial de se adotar menores volumes do reator. ‘Na comparagio entre sistemas com crescimento disperso ¢ com crescimento aderido, tem-se os seguintes aspectos relatives ao crescimento aderid (Iwai e Kitao, 1994; Lubberding, 1995): * O reator pode ser operado com tempos de detenciio hidréulica inferiores ao tempo de geragio celular. ‘* Aconcentragiio de biomassa ativa pode ser superior A de sistemas com crescimento disperso (ver explicagao abaixo), ey Principios bsicos do tramento de exgotos de remogio de substrato pode ser superior & de sistemas com crescimento (ver explicagio abaixo). isténcia entre microrganismos aerSbios e anaerdbios & maior que nos do crescimento disperso, porque a espessura do biofilme é usualmente jor a0 didmetro do floco biolégico. las estio fixas A fase sélida, enquanto o substrato esté na fase iquida. Esta io reduz a necessidade ou os requisitos para o estigio de clarificaga0 jerorganismos sio continuamente reutilizados, Nos sistemas com crescimento 10 a reutilizago s6 pode ser implementada através da recireulagao da ‘a espessura do biofilme seja clevada, pode haver limitagées quanto a difusao strato no biofilme. lferenga potencial entre a atividade da biomassa dispersa e aderida, e conse we da taxa de remagio de substrato, pode ser explicada da seguinte forma ling, 1995). A biomassa dispersa possui uma densidade préxima & do ‘movendo-se praticamente na mesma dirego ¢ velocidade que o mesmo ddo reator. Em decorréacia, a biomassa permanece exposta 8 mesma alfquota jido por um maior periodo de tempo, fazendo com que a concentracio de io na vizinhana da cétula seja baixa. Com baixas concentragSes de substrato, jade bacteriana ¢ a prépria taxa de remogiio do substrato sfio mais baixas. jem uma distincia um pouco afastada da célula, a concentragio de substrato ‘elevada. Considerando-se esta dependéncia entre concentracio do substrato & microbiana, torna-se evidente a importiia representada pelo nivel de no reator. sisiemas com biomassa aderida, a densidade do conjunto meio suporte- & bastante diferente da densidade do liquido no reator, possibilitando a inde gradientes de velocidade entre oliquido ea camada externa do biofilme. jesullado, as células estio continuamente expostas a novos substratos, poten- fe aumentando a sua atividade, No entanto, caso a espessura do biofilme seja ‘elevada, o consumo do substrato ao longo do biofilme pode ser tal, que as Jas mais internas sejam deficientes de substrato, diminuindo a sua atividade. ccondigées, a aderéncia com o meio suporte diminui, e a biomassa pode se jar do meio suporte (ver Figura 2.7) detalhes com relagio aos sistemas com biofilmes podem ser encontrados volume desta série, dedicado especifieamente 20 sistemas de tratamento de com biofilmes. jos do tratamento bioldpico de exgoros CAPITULO 2 Principios da cinética de reagées eda hidrdulica de reatores LINTRODUGAO dos os processos biolégicos de tratamento de esgotes correm num volume io por limites fsicos espectficos. Este volume é comumente denominado ‘As modificagées na composicio © concentragio dos compostos durante 9 néneia da gua resiudria no reator sio essenciais no tratamento de esgotos. dancas tio causada’ por sporte hidréulico dos materials no reator (entrada e satda); Des que ocorrem no reator (producio e consumo). se projetar ¢ operar uma estagiio de tratamento de esgotos ¢ fundamental 0 to destes dois componentes, os quais caracterizam o assim denominado 10 de massa no reator. Finalmente, a maneira e a eficiéncia com que estas igas ocorrem dependem do tipo e da configuraciio do reator, através do estudo inado de hidrdulica de reatores ssente capitulo aborda os seguintes t6picos principais: 2. CINETICA DE REACOES Mipos de reacées inde parte das reagées que ocorrem no tratamento de esgotos so lentas, ea do da sua cinética é, portanto, importante. A taxa de reagdo r € 0 temo a descrever 0 desaparesimento ou aformag3o de um composto ou espécie Arelagio entre taxa de reardo, a concentragdo do reagente ea ordem da (6 dada pola expressio: da cinética de reagbes da hidrdulica de reatores Bree Qn onde: = taxa da reago (ML"T!) k= constante da reagio (T") C= concentragiio do reagente n= ordem da reagiio ara diferentes valores de n, tem-se: en=0 reacio de ordem zero onal reagiio de primeira ordem en=2 reagdo de segunda ordem Quando mais de um reagente est envolvido, o cmputo da taxa de reagio deve levar em consideragio as concentragées dos reagentes. No caso de dois reagentes, com concentragées A e B, tem-se: rakA"B™ 22) Aoordem global dareagao ¢ definida como (m+n). Porexemplo, se umataxa global de reagio foi determinada como sendor=kA7B, a reacdo & ditacomo sendo de segunda cordem com relagio ao reagente A primeira ordem com relago a0 reagente B. A taxa global de reagio € de terceira ordem (Tehobanoglous e Schroeder, 1985). ‘Numa reagio com um reagente apenas, caso se aplique o logaritmo em ambos os Jados da Equagao 2.1, tem-se: log r=n log kC @3) ‘A visualizagao grifica da relagio acima para diferentes valores de'n encontra-se apresentada na Figura 2.1 38 Principio basicos do tratamento de esgotos TAXA DE REAGKO EM FUNGAD DA CONCENTRAGAG C DO REAGENTE loath) ordem 2 ordem 1 cordem 0 logi©) Deterinago da ondem dereagio na esa logan (Gdaplndo de Heneteld e Randal, 1980) tagio da Figura 2.1 é feita da seguinte forma: de orddem zero resulta numa linha horizontal, A taxa de reagdo é indepen- dda concentragio do reagente, ou seja, ela é a mesma para qualquer concen- clo reagente. fo de primeira ordem possui uma taxa de reacio diretamente proporcional ntragio do reagente. de segunda ordem possui uma taxa de reagio proporcional a0 quadrado centrago do reagent, jons de reagio mais frequentemente encontradas no ramo de tratamento de ‘io as de ordem zero ¢ de primeira ordem. As reagbes de segunda ordem -no caso de alguns despejos industriais especificos. A ordem de reagio ita ser nocessariamente um niimero inteiro,e a determina¢Zo em laborat6- saxas de degradagio de certos compostos industriais pode conduzir a ordens as. Além destas reagGes de ordem constante, hé ainda um outro tipo de euja forma é amplamente utilizada na area de tratamento de esgotos, indas reagdes de saturacdo. Em resumo, serio analisadas em maior detalhe ites reagbes: de ordem zero de primeira ordem de saturacao, da cindtica de reagbes ¢ da hidrdulica de reatores 2.2, Reagbes de ordem zero As reages de ordem zero sfio aquelas nas quais a taxa de reagio independe da ‘concentruciio do reagente. Nestas condigbes, a axa de mudanca da concentragao (C) do reagente & consiante, Este ebmentdtio assume que a reagdo esteja ocorrendo em tum reator de batelada (ver Item 4), em que nilo hd adic2o ou retirada do reagente ‘durante a reagiio, No caso de um reagente que esteja desaparecendo no reator (por exemplo, através de mecanismos de degradagZo), a taxa de mudanga é dada pela Equagiio 2.4. sinal negativo no termo da direita indica remogdo do reagente, 30 ppasso que o sinal positivo indicaria produgio do reagente. ‘dt ac. dt K A progressio da taxa de mudanca (dC/dt) a0 longo do tempo, segundo a Equacao 2.5, pode ser vista na Figura 2.2.a. Observa-se, portanto, que a taxa permanece constante ao longo do tempo. ‘ ‘ ‘A integragio da Equagio 2.5 tendo C=C, em t=0 condus a: Esta equagao pode ser também visualizada na Figura 2.2.h. REACOES DE ORDEM ZERO Mudanea da taxa dCidt Mudanga da concentracao © ‘em fungao do tempo, ‘em Tungao do tempo ‘Reagses de ordem zero, a) Mdanga da taxa de ego CIR com o Tempo b) Madang da conzentagao Ceam emp. Principios basicos do tatamento de esgoros ‘em fungio da baixa concentracio do reagente, Este aspecto é discutido no Item 2.4, 3. Reagies de primeira ordem reagdes de primeira ordem so aquelas nas quais a taxa de react & proporcio- io do reagente. Em assim sendo, num reator em batelada a taxa de nga da concentragao C do reagent é proporcional concentragiio deste eagente do instante, Admitindo-se uma reagiio em que oreagente estejasendo removido, ‘uma equagio da seguinte forma: —K.c! pprogressiio da taxa de mudanga (dC/dt) a0 longo do tempo, segundo a Equagio contra-se apresentada na Figura 2.3.2. Observa-se que a taxa decresce linear= ao longo do tempo. integragio da Equagio 2.8 tendo C=Co em t=0 conduz a: Equagio 2.10 encontra-se plotada na Figura 2.3.6. fa rea de tratamento de esgotos hi virias reagbes que ocorrem segundoacinética ira ordem, A inteoducio de oxigénio pela aeraefo artificial 6 um exemplo. ‘a remogio da matéria orginica e 0 decaimento de organismos lizagio biol6gica da matéria orginica se desenvolve como (lo-primeira ordem, como abordado no Item 2.4, Embora vérios componentes um envolvidos, como a concentracio de oxigénio, o nero de microrganismos sncentragio da matéria orgéinica, a taxa pode ser proporcional & concentragio de ico composto (a matéria orgénica, no caso), desde que os outros estejam em cia relativa (Arceivala, 1981). No entanto, como comentado no Item 2.2, ‘matéria organica esteja dispontvel em baixas concentragdes, a taxa torna-se famente constante e a reago se processa como de ordem zero. Este aspecto ira-se abordado no Item 2.4. ipios da cinética de reagdes e da hidrdulica de reatores REACOES DE PRIMEIRA ORDEM Mudanga da toxa acrat Mudanga da concentragio ¢ ‘em fungao do tempo. ‘om lunge do tompo i. 23 Reade rime oem () Muga da axa de ago dC com ot da concentragiio C com o tempo. ” inal Se HA vcospocessos cmplexos em que a tat loa se process segundo cindca de primeira orem. Visas sbstncins podem indivduainenc cotta indica de ondem zero, mas os rusts completon, ea se dveees dens substnisencontamse agregadas ex: deosendomeacn cmdanaey ey sofer umatara de degraasio que dima fade prime nlew nolo ae quando a maior dos conponetes esti sendo removida(onsunaa) corn sent, tara lablderemocio eleva, Apis um cen tenn nosotare pode ser mais nia, quando apenas os compote de praise na tif ainda presents. Asim, ata global de eafaoasemelhnne ume lea carey Primer ordem (Aral, 1981) 2.4.Reagbes de saturacio ‘Uma outra expressio cinética para descrever as taxas envolvidas no tratamento biolégico de esgotes bascia-se nas reapses enzimética,cuja cintica foi proposta por Michaelis e Menten, Como a decomposigdo bacterana envolve uma série de reagbes catalizadas por enzimas, a expresso de Michacis-Menten pode ser ampliada para deserever a cinética do crescimento bacteriano e as reages de decomposigio do esgoto (Sawyer e McCarty, 1978) (ver Capitulo 1). ‘Sem entrar em detalhes sobre as reagdes enziméticas, apresenta-se diretamente a cquagio da taxa de reagio do substrato, Esta segue uma forma hiperblica em que a taxa tende a uma valor de saturagio, ¢ é dada por: Principios basicos do tratamento de esgotos taxa da reagio (ML*T") taxa maxima da reagio (ML*T"!) eancentragiio do substrato limitante (ML*) ceonstante de saturagio (ML) la Equacfio 2.11, observa-se que K, 6a concentragio do substrato na qual ataxa. 1 & igual a fmyy/2. A Equacdo 2.11 encontra-se ilustrada na Figura 2.4. TAXA DE REAGAO SEGUNDO UMA REACAO DE SATURAGAO is Substrata tintante $ (o'r) -Representagdogrific da reapo de saturago, segundo Michaelis-Menten yuagdio 2.1 1 é amplamente utilizada no tratamento biolgico dos esgotos. Sua jimportdncia reside na sua forma, que pode representar aproximadamente tanto icas de ordem zero quanto as de primeira ordem (ver Figura 2.5), bem como io entre as mesmas, Como comentado anteriormente, no infeio de uma reagio smposigao de substrato (matéria organic), quando a sua concentracao éainda ‘io hélimitacio do mesmo no meio, ea taxa de remocio global aproxima-se fica de ordem zero. A medida em que o substrato passa a ser consumido, & reagio principia a decrescer, caracterizando uma regio de transigio, ou de sta. Quando a concentracao de substrato passa ser bem aixa, a taxa de ssa a ser limitada pela pouca disponibilidade do mesmo no meio, Nestas da indica de reagiese da hidrdutica de reatores 8 ccondigdes, a cinética ocorre como em primeira ordem. Estas duns situagdes ocorrem ‘em fungao dos valores relativos de S e K., como descrito a seguit. selativa de substrato: elev - >> Ke: reagiio aproximadamente de ordem zero Quando a concentragao de substrato é muito maior que o valorde Ka, K, pode ser desprezado no denominador da Equagao 2.11. Assim, esta se reduz a Tome (2.12) ‘Nestas condigdes, a taxa de reaglo r 6 constante e igual A taxa maxima tax A reagiio segue uma cinética de ordem zero, em que a taxa de reagio 6 independente da cconcentrago de substrato. No tratamento de esgotos domésticos, tal situacao tende a ocorrer apenas na cabeceira de um reator de fluxo em pistio, onde a concentragio de substrato € ainda elevada, * Concentragio relativa de substrato: baixa S-2 sper. No ean, Gevide Amaor cidade pa. sua rielagem sto tas aprosimogées para um des modelos irons en. O hx do entrada o sada & convo, [restores de mista comet en sro to usados pare modeler orogeeHcrlon qua exist ene orgies doses do harem pipe miss completa. Soa sti fr [compost cs una una apenas, sim produ un real da tra compa. Se stma apresotar an narra deveaes msi, ox em piso & foproduzdo.Qfuxo de ettads¢ sada écontruo, Uridades emai eto tariben carmentsenconradas em agoas de esabizagao de mata, Ti eater posse algum tp do moi de enchimento como pea, dace, oorioaweutos. Com ease a0 hao a eaaragdo, ees reateres podem so subrreros, [com ovlume da pros satacos tio anaaraboe bitte aetado) ou com dosage Itrmitrts, com os pos no Setraos ta Hold). O xa pedo sor asconente ou [descendent 9 da cinética de reacese da hidrdulica de reatores ‘As caracteristicas operacionais dos principais tipos de reatores encontram-se resumidas no Quadro 4.2. (Quadro 42. Carscteriticas operacionais dos prncipais sistemas de reatores (assumindo eondigdes estacionéias) FLUXO EM PISTAO ESTADO ESTACIONAIO Concentracse otuente Concentrate a0 Weare | Vale rom aa eoiengodolompo” Tenge eer conpossan | eompanicio [MS | Tica Teese | cay — | _Faow [oamemmme| coma | omisira| ‘ste SUBSTANCIACONSERVATIA eee conn | Shen | Moreen [elt | mona posigaodo | umdado [MNS argue, . restr tempo) coce eee conce S60. Se EMD oreo itm Fo ai raf aaa ee s : Ss ve Mure Em a, mt No 1 “1 suesraven pecranfvet TEAGAO BE Onan Zen 4.2, Reator de fluxo em pistiio ideal fluxo em pistio ideal é aquele no qual cada elemento de fluido deixa o tanque sei " co-katy za ordem em que entrou, Nenhum elemento se antecipa a outro ou sofre atraso no ppercurso, O fluxo se dé como émbolos que fluem de montante para jusante, sem ‘istura entre os Embolos e sem disperséo. Consequentemente, cada elemento exposto a0 tratamento pelo mesmo perfodo de tempo (como num reatorem batelada), ‘0 qual é igual ao tempo de detengio hidréulica teérico (Arceivala, 1981). ‘A Figura 4.1 apresenta um resumo dos perfis de variago da concentraglo de um ccomposto ao longo do tempo e da posigio em um reator de fluxo em pistio ideal submetido a concentragdes afluentes constantes (condigées estacionsrias). No caso de variagao na carga afluente (condigdes dindmicas), a derivagio das fSrmulas para ‘oreator de fluxo em pistio é mais complicada do que para mistura completa, devido 20 fato da concentracao no fluxo em pistio variar a0 longo do tempo edo espago no reator, ao passo que na mistura completa a variagdo € apenas ao longo do tempo. Essa € a razio pela qual os sistemas de mistura completa em sétie so frequentemente uitiizados para simular o reator de fluxo em pistio nas condiges 2 Principios bsicos do tratamento de esgotos coefciente de eae = lempo de dlengiohidriuics: do estor;¥ = veleidade horizontal a cintica de reares e da hidrdulica de reatores SUBSTANCIA DEGRADAVEL, REAGAO DE PRINIEIRA ORDEM cde concentra Rear de fnxo em pisto ideal em condigesestaconéia. {C= concentragao cm um dado tempo; Ca = concentagioafuente; C [Nas condigdes em que a concentragio afluente (entrada) & constante, a concen- rmplo 4.1 tragdo efluente (safda) permanece também constante ao longo do tempo. O perfil de concentraciio no tanque e, por conseguinte, aconcentraso de saida dependem do tipo € da taxa de reago do composto. O Quadro 4.3 resume as principais equagdes intervenientes: im reator de dlimensdes predominantemente longitudinais possui wm volume 3.000 m°. O afluente possui as seguintes caracteristicas: vaztio = 600m Vd; ‘eoncentragdo de substrato = 200 g/m. Calcular o perfil de concentragio ao longo do reator (assumindo wm reator de fluxo em pistdo ideal no estado estaciondrio) nas seguintes condicdes: Quadro 43. Reator de flxo em pistio ideal, Condigdes estacions -Bqpagdes para o edlealo da concentragio ao longo do tanque e da substancia conservativa (K=0) concentracio efluente 20 longo do tempo substancia biodegradavel com remogiio de primeira ordem (1 Z Cenceniagaoaoienge da Concer sha aoerg> fo: fee ser er) steno i Subetinea oonsevatva aie Tempo de detengao hidrdulica tempo de detenedo hidrdulica (ty) é dado por: (wage de oem 2 =X) c F, ‘Substnci lodearatvel ieagso de primera edo: { orentagis ann dda poae son GD &,cecnormag certs distincia de percurso é proporcional ao tempo gasto parao flicxo do émbolo, distancia total é percorrida ao se atingir o tempo de detengdo hidrdulica. 1 tnpa do dred Neda (= omens) (8) Substéncia conservativa aplicagto da férmula C=Coe** para o estado estaciondrio, com ra diversos valores det, conduz a: 00.6" As seguintes generalizagdes podem ser feitas para um reator de fluxo em pistio ideal no estado estacionsrio: © Substancias conservativas: aconcentragio efluente é igual A concentragio afluente. (a ‘© Substancias biodegraddveis com reacao de ordem zero: a taxa de remogio ‘como tt constante da extremidade inicial a extremidade final do reator. ' Substncias biodegraddveis com reacdo de primeira ordem: a0 longo do reator © coeficiente de remogio de substrato (K) é constante, mas a concentragiio decresce _gradualmente & medida em que o fluxo flu através do reator, Na entrada do reator ‘aconcentragio é elevada, fazendo com que a taxa de remogio seja também elevada (em reagGes de primeira ordem a taxa de remogio € proporcional A concentragao) Na extremidade final do reator a concentracao é reduzida, e, em consequénecia, a taxa de remogio € também inferior, ou seja, hd necessidade de um maior tempo ‘mesmos valores podem ser obtidos através da aplicagéo direta da formula (Co (Quadro 4.3) para substancias conservativas. Para se reduzi um valor unitirio de concentracio, concentracao efluente é a concentragzio ao final do tempo de detengdo iulica (t= d), 01 sea, 200 g/n. O mesmo valor pode ser obtido através licagdio direta da formula Ce=Co( Quadro 4.3). * Reagdes de primeira ordem ou superiores: 0 reator de fluxo em pistio € mais eficiente que o reator de mistura completa, rfl de concentracao ao longo do tanque encontra-se plotado a seguir: Princip basicos do tratamemto de exgotos cinética de reagese da hidrdulica de reatores Serer ee oe ¢) Substncia biodegradével (com reagdo de primeira ordem) A aplicagdo da formula C=Cye* (estado estaciondrio) para diversos valores de tconduz a c=200.604 Terpedarecitois) Datos perro! Cameras algae > ° 09 a ry oa A concentragdo efluente é a concentragdo ao final do tempo de detengdo hidrdulica (=5 d), ou seja, 27 g/m’. O mesmo valor pode ser obtdo através da aplicagdo direta da férmula C=Coe*" (Quadro 4.3) para reagdes de primeira ordem. perfil de concentracao ao longo do tanque encontra-se plotado a seguir. ‘ReaGho ve PRIMERA ORDEM ‘concenagso (gins) Principios bdsicos do tratamento de esgotos tor de mistura completa ideal de fluxo continuo e mistura completa ideal & aquele no qual todos os {que adentram o reator so instantinea e totalmente dispersos. Assim, 0 no reator é homogénco, ou seja, a concentra¢o de qualquer componente € tem qualquer ponto do tanque. Em razZo de tal, a concentragio efluente é a qualquer ponto do reator, lanco de massa no reator & (ver Equagdes 3.1 ¢ 3.4) = Entrada - Safda + Produgio - Consumo = Q.Co-Q.C#ip-V-n.V ado permanente nfo hi actimulo de massa no reator, ou seja, dC/at=0. Na questio nfo ha produg2o de compostos, apenas reagdes de consumo, Dividindo-se os termos restantes por Q,e sabendo-se quet=V/Q, tem-se: 43) chet se no rearranjo da Equacio 4.3, pode-se compor os perfis de concentragio Jo reator de mistura completa e da concentracZo efluente ao longo do tempo, es estacionstias (Figura 4.2). a cinéica de reacdes eda hidrdulica de reatores MISTURA COMPLETA ISIADO ESIACIONARIO Goncentragio 20 jongo do reator (em um dado tempo) Concentragio aftuente ‘20 longo do tompo Cconcentapsoefluante Soongo'do tempo ‘SUBSTANCIA CONSERVATIVA ‘ke0) ‘sussrinci pecrapavet, REAGAO DE ORDEM ZERO SUBSTANCIA DEGRADAVEL EAGAO DE PIIEIRA ORDEW gfe aa t of [Hig 42, Perlis de concentra - Restor do mista completa ideal em condos estaconsia. "Nomencatura: C= eoncentrago em tm dado temper C= eoneenirgo allen concent eluent, K= ceficiente de rea = lempo de detengfohidelica 58 Prineipios basicas do tratamento de esgotos ccondigdes em que a concentrago afluente (entrada) é constante, a concen- juente (safda) permanece também constante ap longo do tempo. A concen- je saida depende do tipo e da taxa de reacZo do composto, No entanto, o perfil rtrago a0 longo do reator retrata uma concentragdo constante, 0 que é ‘com a prépria premissa de que num reator de mistura completa as ses so as mesmas em qualquer ponto do tanque, O Quadro 4.4 resume as is equagies intervenientes: {44 Reator de mistura completa ideal. Condigées estacionstas [Bquagies para céeulo da concentragio ao longo do tanque e da concentragio efluente ao longo do tempo ‘Concentagao aclonga da Concenragiotuenie 20 ‘eator(enum dada temps) tango forgo Subatncia consenatva aera O=G5-Kty 9-Kty C=CoftsKt 05= Cakt+Kin) in eral (= votre) (6) ra-se que, em comparagio com o reator de fluxo em pistZo, a concentragio 6 diferente apenas para reagées de primeira ordem (ou superiores). Para tas ordens i, reator de mistura completa é menos eficiente que o reator de fluxo.em pistio. seguintes goneralizagées podem ser feitas para um reator de mistura completa estado estacionari Hdncias conservativas e substéincias biodegradéveis: a concentragio e a taxa .Gio so a mesma em qualquer ponto do reator. A concentragio efluente é A concentragio em qualquer ponto do reator. tancias conservativas: aconcentragio efluente é gual 8 concentragio afluente. tancias biodegraddveis com reagdo de ordem zero: a concentragio efluente é J & concentragao efluente de um reator de fluxo em pistio com o mesmo tempo fo (a taxa de remogdo independ da concentragao local da substincia). udncias biodegradéveis com reacdo de primeira ordem ou superiores: 0 reator istura completa é menos eficiente que o reator de fluxo em pistio. Conside- se (a) que a taxa de remogio € fungo da concentragio local em reagdes de ira ordem ou superiores, e (6) que a concentrago no reator de mistura jos da cinética de reagBes e da hidrdulica de reatores 9 ‘completa é inferior concentraco média 20 longo do reator de fluxo em pistio, tem-se ‘que aeficincia do reator de mistura completa é inferior do reator de fluxo em pistio. Exemplo 4.2 Um reator de forma aproximadamente quadrada possui o mesmo volume do reator do Exemplo 4.1 (3.000 m*). O afluente passui também as mesmas caracteristicas do referido exemplo (vazio = 600 m'/d; concentragéio do substrato afluente = 200 g/m’). Calcular o perfil de concentragao ao longo do reator (assumindlo um reator de mistura completa ideal no estado estaciondrio) nas seguintes condigées: ‘© substancia conservativa (K=0) © substancia biodegraddvel com remogiio de primeira ordem (K=0,40 ') Solugao: 4) Tempo de deteneao hidrdulica 0 tempo de detencdo hidrdulica é 0 mesmo calculado no Exemplo 4.1, ou seja, = 5 dias ) Substancia conservativa ‘Num reator de mistura completa, sabe-se que a concentragdo em qualquer Ponto é a mesma, Para uma substdncia conservativa, C=Cy (Quadro 4.4). Assim, para as diversas distancias de percurso, tem-se: C= 200 gin! A concentracdo efluente é também igual a 200 g/m. Tal valor é igual ao ccaleulado para 0 fluxo de pistao ideal. O perfil de concentragdo ao longo do tanque encontra-se plotado a seguir. ‘concen (and) oe8eee Principios bsicos do tratamemto de esgotos ¢) Substdncia biodegradavel (com reagdo de primeira ordem) Em qualquer ponto do reator a concentragdo é dada por: Co 200 S +K.t 14+0,40x 67 g/m A concentragéo efluente é também igual a 67 g/n’. Tal valor é superior ao Calculado para o feo em pistao ideal no Exempla 4.1 (27 gh), ilustrando 0 fato de que wn reator de mistura completa é menos efciente do que wn reator de fluxo em pst, para um mesmo tempo de detensao. 0 perfil de concentragdo ao longo do tanque encontrase plotado a segui. "ReAGRODE PRIMERA OREM s ay ‘concetagto() ga oz 04 08 opt etl ta 4.4. CAlulas em série Um outro modelo hidréulico Iargamente utilizado & 0 de reatores de mistura eta em séric, Este sistema pode ocorrer na pritica, como em lagoas de matura- ‘ou reatores de lodos ativados com divisées internas, ou pode ser utilizado como lelo tedrico para representar condigdes hidréulicas | ee ine ‘Quando 0 voTume fotal é distribuido em cia rparear eateries craic loom aM ee an ae io © volume total & distribuido em wn niimero infinito de eélulas, 0 sistema roduz 0 fluxo em pistio. Mimeras de células intermedidrios simulam o fluso como sistema tendendo a um tipo de eator on outro, dependendo do ntimero subdivisdes adotado. Quando se tem poucas eélulas, o sistema se aproxima da istura completa, De forma oposta, quando o sistema é subdivido em um maior de eélulas, este tende para o fluxo em pistio, AFFigora 43 apresena esquematicamente dois possveis aranjos de oilas em séxie, io com células demesmo volume o segundo eom célulasde volumes diferentes. pos da cinética de reagdes eda hidrdulica de rearoves o Fig. 43, Amano equemitco de efulas em sre {) Cela igvais (0) Cals diferentes A concentracdo efluente de cada eélula & dada pelas mesmas formulas da mistura ‘completa, Tem-se assim 0s ttés possfveis casos, cm fungio da taxa de remocio, * Substincias conservativas Plo fato de ndo haver remocio de substincias conservativas,o effuente de cada Célula € igual a0 pr6prio afluente, que por sua vez é igual a0 afluente geral (no estado estacionério). Em assim sendo, 0 efluente final & dado por Gece (44) ‘© Substincias biodegradléveis (remacio de ordem zero Nas reagSes de ordem zero, a f6rmula para uma célula apenas € Ce=Co- K.t. 0 cefluente da primeira célula é, portanto: Ca = Co- Kit conde: Ca = concentragio efluente da primeira célula ty = tempo de detenZo hidréulica na primeira eélula eefluente da primeira célula € 0 afluente da segunda célula. Assim, Ca=Ca-Kb= C.-K -Ke a Principios bdsicos do traiamento de esgotos cconcentrago efluente da segunda célula = tempo de detengio hidréulica na segunda célula 3ra um sistema de n oélulas tem-se: = Co-Kir-Kip-..- Kita = Co KC ba + a Ht) 45) soncentragio efluente final = tempo de detenciio hidréulica total no sistema (agregando-se o volume de todas as eélulas) = ty + 12+ wun Dbserva-se pela Equacio 4.5 que o effuente final de um sistema de n eélulas em re com reaciio de ordem zero ¢ igual a0 de um reator de mistura com uma célula penas (com volume igual ao volume total das células). Adicionalmente, deve-se ainda que este efluente final é também igual 20 eflnente de um reator de fluxo isto. Isto seria dese esperar, considerando-se que, nas reapbes de ordem 2er0, taxa de removio independ da concentragio, Assim, os t8s sistemas de reatores jomportam-se de maneira idéntica bstincins biodegradveis (remocio fo caso de reagbes de primeira ordem, a férmula para uma oélula apenas é Ce = (4Kt), Assim, 0 efluente da primeira célula & Go +k.) fefluente-da primeira célula é 0 afluente da segunda cétula. Assim: Ca o. (+K.u) (1+K.t).0+K.0) jeneralizando, para n estulas, tem-se: G 1+K.ti) (+K.t) 46) (G+K.m) fo caso em que todas as células tenham o mesmo volume (e, por conseguinte, 0 0 tempo de detencio hidriulica), a Equagio 4.6 se simplifica a: ipios da cinética de reagBes e da hidrdulica de rearores & G 7c, uh eras an 1+K.t)" OK. (eng) Ce: onde: f ‘Ce=concentragio efluente final (g/m) K =constante da reagio (¢")) 1 tempo de detencao hidrdulica em uma eélula apenas (4) 1 =tempo de detengio hidriulica total no sistema (agregando-se o volume de todas as eélulas) (2) n=mimero de células, todas elas de igual volume © Quadro 4.5 apresenta um resumo das férmulas para o efleulo da concentragiio 2 unidacles log; E=99,9% —> 3 unidades log; E=99,99% —> 4 unidades 9g; E = 99,999 % — 5 unidades log, ¢ assim por diante (unidades log remov = 9go{(100-E)/100), Fncipios da cinétiea de reacdes e da hidrdulica de reatores o EFICIENCIA NA REMOCAO DE SUBSTRATO. CINETICA DE PRIMEIRA ORDEM Fluxo disperso \ywoaves Loa RENoWAS © [ERCIENGIA DE REMDGAO unas log ores tro (1) ficitncia de remo de um compost segundo wma reagSo do przsiraordem, em um etor de lio dsperso para dferenes valores de Kye ded ‘A intexpretagio das Figuras 4.4 e 4.5, para um eomposto degradado segundo uma cinética de primeira ordem, conduz. aos seguintes pontos (Arceivala, 1981): ‘© Um reator de mistura completa ou mesnio um reator relativamente bem misturado (d> 4,0) éincapaz de dar uma eficiéncia de remogdo superior a 95% para valores de K.ty inferioves a 20. ‘© Para wn dado valor de K.tn, os reatores que se aproximam de fluxo em pistio sempre tendem a dar eficléncias superiores aos reatores que se aproximam de ‘mistura completa, «© Bficiéncias bem elevadas (superiores a 99%), 86 podem ser atingidas se o sistema se aproxima das condigdes de fluxo em pistdo (caso 0 coeficiente dle remogao K ndo seja especialmente alto, ou caso ndo se deseje adotar tempos de detengtio bastante elevados). 0 Prineipos bsicos do tratamento de esgotos Exemplo 4.4 {Um reator possui 0 mesmo volume do retor do Exemplo 4.1 (3.000 n°). 0 >K,, a reagfo tende a ordem zero, © ‘6s volumes dos reatores de mistura completa e fluxo em pistio so aproximada- ‘mente iguais, Quando C. << K,, a reacilo tende a primeira ordem, e o sistema de ‘istura completa passa a requerer maiores volumes clo que ¢ de fluxo em pistao. © Quadro 4.8 apresentaos volumes relatives necesséris para a obtengio de diversos lores de eficigncia (assumindo reagio de primeira ordem), O quadro fornece 0 lores do produto adimensional K.. Com base na eficiéncia desejada, tendo sido lo K.t,, © conhecendo-se (ou estimando-se) K, obtémse o tempo de detengio uerido. Com o tempo de detengo ¢ a vaio, determina-se o volume (V=ty.0). 48 Volumes relativos (expressos como K th) equerdos para vita efits de remogio ReagGes de primeira orem no esto esacionio ‘lune eat (pod admensonal 0% 5% 9% HO% —-ODBDH ofctrcia gna etna fei fencia afc mo st00 oF 108 8 38 59 92 a a), oa Ey) inclpios da cintica de reagdese da hidrdulica de reatores Confirma-se neste quadro o fato de que, para reages de primeira ordem, o fluxo fem pistfo requer o menor volume, Para uma dada eficiéncia. A relagio (volume iistura completa)/(volume fluxo em pistdo) é tanto maior quanto maior for a Cficiéneia desejada, Para uma eficiéncia de 85% esta relasio € de 3,0 (5,711.9), ou seja,o volume requetido pela oélula tnica é tés vezes maior do que pelo fluxo em pistdo, Té para uma eficiéncia de 99%, esta relacio passa a ser 21,5 (=09/4,6). A simples subdivisio do volume total em 2 células faz. com que estas relagbes passem ser de 1,7 (=3,2/1,9) e de 3,9 (=18/4,6), respectivamente, 4.11. A influéneia de eargas variévels 4.11.1. Conceitos gerais ‘A comparagdo entre efiigneias efetuada no Item 4.10 bascou-se na hipétese de estado estacionitio, em que as caractersticas do afluente permanecem constants. ‘Nama estagdo de tratamento de esgolos esta constincia raramente ocore. A propria ‘variagio de vazio e concentragio ao longo do dia é responsével pelo fato de que, na realidade, o sistema opera sempre 10 estado dinimico. Além disto, vérios outros fatores podem contibuir para uma maior variabilidade, tis como vazio pluvial (especialmente em sistemas combisados) e principalmente descargas industrias. Estas dhimas podem se dar sem nenhuma periodicidade estabelecida, ¢ podem ser responsiveis por uma carga de choque naestago. As eargas de choque podem ser de natureza diversa tais como hideSulica, orginica,téxica, de substincia nfo biodegra- davel, érmica ete. Uma estago de tratamento de esgotos deve estar apta areceber as sobrecargas que ocorrem rofineira ov frequentemente, além de boa parte das sobre- cargas de ocorréncia imprevista. ‘Nas situagGes em que este componente de variabilidade & representativo, a concepea0 do sistema deve levar este fal em considerag%o, a importineia do qual pode sobrepujar as consideragdes sobre eficiéncia discutidas no Item 4.10. Os efeitos {de cargas de choque so melhor avalindos através do estudo de transientes utlizan- ddo-se modelos matemiticos dindmices do sistema, Nestas simulagdes pode-seullizar ts variagbestfpicas ou experadas das caractersticas do afluente, bem como variagdes padronizadas, Entre as variagbes paironizadas do aflvente normalmente utilizadas em andlises de transientes,citam-se (ver Figura 4.9} + impulso (acréscimo e decréscimoinstantincos de material) * pulso (acréscimo instantineo para um novo patamar, permanéncla por um perfodo no patamar, e deeréscimo instantaneo para 0 patamar anterior) «degra (acréscimo instantaneo para tim novo patamar e permanéncia no patamar) ‘ rampa (acréscimo gradual linear paraum novo patamar e permanéneia no patamar) « senoidal (acréscimo e decréscimo periédico segundo uma funglo senoidal. 8 Principios bsicos do tratamenio de esgotos ANALISE DE TRANSIENTE VARIAGOES PADRONIZADAS imputso Putso ‘SENOIDAL 49. Andis de wanscnt. Varagdes padronizada do aflvente, eee earls ope ceays coon Cane ere Seta CeneereTeee Gy sbeeda a6 Mem 41012) No ean alguna geen pen et E tans aa neces eed ico no eflni do reso desir complela menor conaposto 2 reaor ino em pao, o ial spesenia0 piso mas clove no fonts O bom Feecpeats do reir de mira conga é cama pla pando isuatines eee steer nme equerido para etr de mista compl com cll nia contin sino nr dec No into er dr tem ns ‘eabeceira de um reator de fluxo em pistZo, a concentraco téxica pode se jastante elevada, devido aos menores volumes envolvidos. Roatan lubstincias 16xicas com acréscimo em des reator de fluxo em pistio sujeito a uma carga em degrau de uma substncia vativa atinge a nova concentragio de equilfbrio apés um tempo igual a1 fo mesmo period, o reator de mistura completa atinge apenas 63% da concentra de equilibrio, sendo gastos 3 t, para que a concentrac3o no reator atinja 95% la concentragio de equilibrio. Este maior tempo pode ser fundamental para a tefpios da cinética de reaciese da hidréulica de reatores » sustentagio do sistema, ou para que sejam fomadas medidas corretivas de controle operacional. Também neste caso os maiores volumes usualmente encontrados nos reatores de mistura completa contribuem para a maior estabilidade do sistema. ‘Sobrecarga de substincias biodégradaveis, (Como ja visto, a eficigneia de um reator de mistura completa ¢ inferior & de um sistema em série ou fluxo em piso, para reagdes de primeira ordem. Entretanto, a consideragiio do volume da unidade desempenha um papel importante no caso de transientes, Na primeira eélula de um sistemaem série, ou nacabeceirade um reator de fluxo em pistio, devido ao menor volume envolvido, oefeito da sobrecarga pode ssermais prejudicial, Em sistemas aerSbios, caso a capacidade de oxigenagio nestes ‘volumes nfo sefa suficiente, a sobrecarga organiea poder inclusive gerar condigOes de anaerabiose, + Sobrecarua hidfulion Quando ocorre um aumento sibito de vazio, corre uma diigo no conte 5, eator, que pode ser responssvel pela “lavagem” das bactérins do reator. Com 0 decréscimo da concentragio de bactrias ha uma decorrente reduc naeficéncia do sistem, Quanto menor o volume do reator, maior éa sua suscepibilidade essa Tavagem. Por essa rao os eatoes de mistura completa com eétula nica sS0 mais estveis do qucos sistemas em série ou do que o aso limite do fluxo em piso Dependendo da forma com que a qualidade do efluente final € monitorada, 0 cconceito de eficiéncia pode ser varidvel: © Amosiras compostas. Sistemas que aferem a qualidade do efluente final através de ‘amostras compostas podem nio detectar os picos de concentragao no eflvente. [Nestes casos, a maior estabilidade proporcionada pelo sistema de mistura completa info sera aparente. © Amosiras simples. Sistemas que aferem a qualidade do efluente final através de ‘amostras simples (instantneas) esto sujitos a coletar uma amostra num momento de pico de concentragio no efluente, Tal pode ser suficiente para que a BTE seja detectada como infringindo os padres de Iangamento. Nesta sitvagio, a maior estabilidade propiciada pelo sistema de mistura completa seré aparente. Em sintese, a selegiio entre um tipo de reator € outro é um compromisso entre ficigncia média e estabilidade. Cada caso deve ser analisado individualmente, Principias basicos do tratamento de esgotos 4.11.2. Reator de fluxo em pistio snjeito a variagdes em concentracio afluente Em um reator de fluxo em pistio ideal, nos casos em que a concentragio afluente {a instantaneamente para um novo patamar (no qual permanece), o comporta- to é bastante similar ao descrito para as condigdes de concentragio constante ado estacionério). A principal diferenga se dé no sentido de que a mudanga se sessa & medida que o émbolo com a nova concentragio flui para jusante. As (culas a montante dele possuem ainda a antiga concentragio, 20 passo que as culas a jusante jé se encontram com o novo valor elevado de concentra¢io. Em sendo, neste reator de fluxo em pistio ideal, a concentracao efluente somente alterada ap6s o percurso completo do émbolo, o qual gasta um tempo exatamente 1 ao tempo de detencio hidréulica. A Figura 4.10 ilustra o comportamento de um tor de fluxo em pistdo, sujeto a aumento em degrau na concentragiio afluente de spostos conservatives e compostos que se decompOem segundo as cinéticas de Oe ordem 1 4113. Reator de mistura completa sujeito a variacBes em degrau da, ‘concentraco afluente Nos casos em que a concentragio afluente aumenta instantaneamente para um vo patamar (no qual permanece), o comportamento do reator de mistura completa fessencialmente diferente do reator de floxo em pistio, para qualquer ordem de 0, Tal se deve & earaceristicahidréulica do reator de mistura completa, na qual bstancia afluente¢ imediatamente dispersa no tanque, vindo, portanto, a apareeet fantaneamente no efluentc. A medida em que anova concentragio afluenteclevada tinua a entrar no reator, a concentragio efluente continua a aumentar, até que as ndigdes transientes cessam e um novo patamar€atingido. A concentragio efluente segue neste novo patamar devido ao fato de se ter aleangado um novo estado anente, o qual vigoraré até que haja uma nova mudanea nas earactersticas do vent. ‘A Figura 4.11 mostra 0 comportamento de um reator de mistura completa, sujeito ‘aumento em degrau na concentragio afluente de compostos conservativos e com Jostos que se decompem segundo as cinétcas de ordem 0 e ordem 1. As equagSes fara o transiente apresentadas so asintticas com relagio ao novo valor de equilt jo, Assim, matematicamente, 0 novo valor de equilforio nunca seria atingido. Para stincias conservativas, a. utilizagso da equagio C=Co.(1-e) conduz aos seguin- valores da relagio C/Go (concentrario remanescente/concentrago afluent): ty 10 20 30 40 50 Cio 0,63 0,86 095 098 0.99 vneipios da cinétca de reagBes eda hidrdulica de reatores FLUXO EM PISTAO ANALISE DE TRANSIENTE [AUMENTO DA CONCENTRAGAO EM DEGRAU c Concentragio 20 Tengo do reator (emum dado tempo) Concentragso. Concentragéo efluente ‘20 longo do tempo ‘20 longo do tempo ‘SUBSTANCIA CONSERVATIVA eo) SUBSTANCIA DEGRADAVEL EAGAO DE ORDEM ZERO coc0-xay 1m ai Sin ores SUBSTANCIA DEQRADAVEL, [REAGAO DE PRIMEIRA ORDEM wes” to han Sm ome caae ig. 4.10, Andis de transinte em restr de fuxo em piso, Ament d concer em degra, cy Principios bsicos do ratamento de esgotos MISTURA COMPLETA. ANALISE DE TRANSIENTE. [AUMENTO DA CONCENTRAGAO EM DEGRAU oo Concantragao stents ‘20 longo do tempo. CConcentagao 20 ionge do enor (emum dado tempo) Concentragdo atuonto ‘20 longo do tempo ‘SUBSTANCIA CONSERVATIVA (0) SUBSTANCIA DEGRADAVEL TREAGAO DE ORDEM ZERO [SUBSTANCIA DEGRADAVEL, REAGAO DE PRIMEIRA ORDEM conto) {ei ah ah eet cove, cvcorte ee) ig. 4.11, Andis de transienteem restr de mistura completa Aumnto da concenteago em degra Principios da cindtca de reagBes e da hidrdulica de reatores CObserva-se que apés um tempo correspondiente ao tempo de detengao hidréulica, a concentragio de uma substincia conservativa é 63% da nova concentracio de cequilibrio (a qual € igual & nova concentragio afluente, no caso de substincias conservativas), Apés um tempo igual atrés tempos de detengao hidriulica, a concen- ‘ragio efluente € igual a 95% df concentragao de equilfbrio. Assim, em termos priticos, considera-se que, aps passado um periodo superior a 3t,, a nova concen- tragio de equilibrio teré sido atingida. Em qualquer das trés equag6es (substincias conscrvativas, reagiio de ordem zero e reagdo de primeira ordem) apresentadas na Figura 4.11 para a funglo de degrau, quando o tempo tende ao infinito, as equagdes se convertem na forma para o estado permanente (apresentadas no Quadro 4.4). 4.11.4, Modelo dinimis tor de mis »mpleta ‘Como visto no Item 4,3, 0 balango de massa no reator de mistura completa é (ver também Equages 3.1 e 3.4) ‘Acumulagio = Entrada - Saida-+ ProdugZo - Consumo 12) v-8629.6.-0.C+h.V—fe-V oe (0 programa de computador a seguir mostra aestrtura de um modelo dinimico, «em linguagem BASIC, bascado no balanco de massa acima, para um composto em ‘um reator de mistura completa. A integragio da equacfo diferencial & feita pelo ‘método de Baler, 0 qual é o método numérico mais simplificado para integracio, ‘equerendo, em consequéncia,reduzides passos de integrago (no programa, 1/1000 do dia). A trajet6ra temporal da concentrago C € ealeulada a partir de dados iniciais, (to), ecorridos no instante t=0, Durante 0 periodo de simulagio, o programa trata (0s dados de entrada (Q e Co) como constants (embora possam varia, em versées do ‘programa mais elaboradas em termos de dados de entrada) O programa tem um loop extemo, de dis, para expressr os resultados da integrago a final de cada dia, eum loop interno, de integragio a cada novo passo. Sto impressos na tela © em arquivo ‘ASCII (REATOR.DAT 0 dia de simulago (DIA), os dados de entrada (Qe So) €0 dao de safda (C), Os valores apresentados na listagem do programa dizem respeito 40 exemplo apresentado a seguir, © podem, obviamente ser alterados em cada aplicagéo. Prineipios bdsicas do tratamento de esgotos ‘DINAMICA DE UM REATOR DE MISTURA COMPLETA -CINETICA DE PRINEIRA ORDEM ‘Maxilo dinamico (BASIC) "Degradacao de um composto segundo uma cintica de primeira ordem FReator sem rectrculacao "Entrada e saida: valores dlarios Dados V= 10000 Volume do restor (m3) N ‘numero de dias de simulacan J=.001 _“passo de Integracao (Euler) (dia) ‘Coeficiente do modelo K=2 ——‘coek de remocao (1d) ‘Valores incials (1-0) do composto no reator (gim3) co-333 c=co "Variaveis de entrada Q= 1000 vaza0 atuente (mid) Co=100 —_‘concentracao atluente (gin) “Abxir arquivo de dados de saida “REATOR.DAT e imprimir inhasincials cis (OPEN *REATOR DAT" FOR OUTPUT AS 1 PRINT TAB(7); "DIA"; TAB(14);°VAZAO"; TAB(23); “C af’; TAB(33); °C of" Loop dos dias FORDIA= 1TON ‘Loop de integracan FOR! =J701 STEPS "taxa de acumulo = entrada - sada + producao - consumo dat = (@* CO/¥)-(Q* C/V) +0-{K*C) C=C (dca) Next "imprimir valores dlarios PRINT USING “AMWIRHR.#; DIA; ; CO; C ‘imprimir na tela PRINT #1, USING "HiwsHES.#; DIA: Q; CO;C Imprimir em arquivo, NEXT DIA rineiplos da cinérca de reagBes e da hidrdulica de reatores Exemplo 43 Utilizando 0 programa apresentado acima, calcular a trajetéria da concen- iragdo de um compasto que é removido segundo uma cinética de primeira ‘ordemem um reator de mistara completa. Assumir que as varidveis de entrada (Q.€ Co) permanecem constantes durante 0 periodo de simulagiio. Fazer a simulagéio para as seguintes condigoe 4a) Simulagao inicial © Vazio afluente: 0 ‘© Concentragdo afluente: Cy b) Dobrar a concentragdo afluente Vazito afluente: Q = 1.000 md Concentragéio afluente: Co = 200 mg :) Dobrar a vaziio afluente Vazito fluente: Q = 2.000 md Concentragdo afluente: Co = 100 mg/l Dados de entrada: Volume do reator: V = 10.000 m* Coeficiente do modelo: ‘= Coeficiente de remopdo: K = 0,2 a Valor inicial da varidvel de estado (t=0): * Composto no reator: C = 33,4 mg Realizar a simulagto para o pertodo de 30 dias (alterar para N = 30 no programa) Solueai 4) Simulagdo inicial Utilizando-se 0 programa, tal como apresentado, obtém-se os dados listados a seguir. Prineipios basicas do tratamento de esgotos o ow ba a soco0 1000 110 so000 32 000 too00 j000 33 | 120 10000 333 10000 1000 $o000 1000 320 1000 333 10000 1000 jon 1000 533 | 140 10000 333 40000 1000 $0000 1000) 150 10000, 3 30000 1000 40000 1000 160 0000 333 40000 1000 40000 1000 170 0000 3 10000 1000 10000 1000 180 0000 333 40000 000 40000 1000 190 10000 33 30000 1000 100 0000 1000 200 sa09 333 40000 1000 Observa-se que a concentragdo efluente é constante,e igual a 33,3 g/t Esta concentragdo é a mesma inital, e corresponde ao estado estaciondrio. Desta ‘forma, 0 reator jd se encontrava no estado estacionério, e prosseguiu no ‘mesmo com a concentragdo de 33,3 mg/. Esta concentragdo pode ser obtida uutiligando-se a férmula para a concentragdo efluente de um composto que se decompde segundo a cinética de primeira ordem, no estado estaciondrio de tum veator de mistura completa (Quadro 4.4) V/Q = 10.000 m'/1,000 mfd = 10 d Co 100. T+K.m 140,210 mg/l b) Dobrar a concentragdo afluente ‘© Vazito afluente: Q = 1.000 md © Concentragao afluente: Co = 200 mg Alterando-se 0 valor de Cy no programa para 200 mg/t, obtém-se os seguintes resultados: rinciplos da cinéica de rearBes e da hidrdulica de reatores Nota-se que a concentragdo efluente passou, do valor correspondente ao antigo estado estacionério (33,3 mg), para 0 valor de 66,7 mg/, apés 30 dias (0 qual corresponde a 3 tempos de detencio hidréulica). Apds 0 dia 26, ‘observase wna tendéncia assintdtica ao valor do novo estado estacionério. Este valor podera ser tab calculado uticando-se a equasao do Quadro 4.4: Teaaeaeroaxi0 Nota-se ainda que este valor € simplesmente 0 dobro do valor inicial. Desta forma, 0 fato de se dobrar a concentragio afluente Co implicou em que a ‘concentragao efluente também dobrasse. A eficiéncia de remogdo [E=(Co CMC] permanece, no entanto, a mesma. ¢) Dobrar a vazdo afluente Retornando-se a concentragéo afluente para o valor original (100 mg/l) e dobrando-se a vazao afluente, tem-se os seguintes novos dados de entrada: + Vacdo afluente: O = 2.000 m'Vd © Concentragdo afluente: Cy = 100 mg/t Alterando-se 0 valor de Ca no programa para 200 mef,obtéim-se os sequintes resultados: [be 0° ce oc!) me anions 10 000 100 ane | 110 e900 1000 490 20 20000 1000 «25 | 120 2000 1000 499 30 20000 100 «0 | 120 ammo tonn 409 40 20000 1000 465 | 140 20000 1000 409 50 20000 1000 77 | 150 20000 1000 00 ‘coo 80 20000 1000 485 | 180 20000 1000 500 coo 70 20000 1000 430 | 170 20000 1000 500 coo 80 20000 1000 43 | 180 20000 1000 500 1000 90 20000 1900 495 | 190 20e00 100 S00 1c00 600 100 20000 1000 497 | 200 20000 1000 500 | 3 i009 500 A concentracdo efluente passou, do valor correspondente ao antigo estado estaciondrio (33,3 mg), para o valor de 50,0 mg/l, apds 30 dias. Apés o dia 15 (nesta simulagéo correspondente a 3.t,) , observa-se uma tendéncia assintética ao valor do novo estado estaciondrio, Este valor poderia ser também calculado utilizando-se a equacéo do Quadro 4.4 V/Q = 10.000 m°/2.000 m'fd = 5 a Co. 100 1+K.th 1402x5 res Principos bdsicos do ratamenta de esgoros 4) Visualizagdo dos resultados A trajetbria da concentragdo efluente nas trés simulagdes encontra-se apre- sentada na figura abaixo. FEAGROEPRIMEMNA CFO euseeeuaed Para o controle de uma estagéo operando em condigées reais, mais impor- tante do que saber os valores dos estados estaciondirios, € saber como as concentragdes passam de um estado a outro, No estado dinamico, predomi- nam os transientes, endo as condicdes estaciondrias. rincipios da cinética de reagées eda Nidrdulica de reatores CAPITULO 3 Principios da remocao da matéria organica 1. CARACTERIZACAO DO SUBSTRATO E DOS SOLIDOS 1.1. Introducio No tatamento de esgotos hi uma interapIo de diversos mecanismos, alguns ‘ocorrendo simultaneamente ¢ outros sequencialmente. A atuagio microbiana princi ppia-se no préprio sistema de coleta e interceptagio de esgotos, e atinge seu maximo ;na estagiio de tratamento, Nos sistemas de tratamento ocorre a oxidaglio da matéria ‘orginicae, eventualmente, também a oxidagao da matéria nitrogenada (em condigoes aerébias). © Oxidagito da matéria orgdnica carbondcea. Esta constitui-se no principal objetivo de todos os processos de tratamento de esgotos a nivel secundario, sendo abordada no Item 2, © Oxidagito da matéria nitrogenada, Esta representa o fenémeno da nitrficagio, 0 {qual ocorre com clevada frequéncia em alguns processos de tratamento (ex; lodos ativados) operando em nossas condigées de clima tropical. Nestes sistemas, mesmo {que a nittificago no tenha sido considerada como um objetivo explicito do pprojeto, a sua alta taxa de ocorréncia ressalta a grande importincia que deve ser atribuida A mesma, Os principios biol6gicos da oxidagao da matéria nitrogenada So tratados no Item 2.2 (Os prineipais fendmenos de transformagiio da matéria, bem como a participagio biomassa presente no reator nestes processos, encontram-se apresentados de forma yuemética na Figura 1.1 (interpretada pelo autor a partir do modelo matemtico da AWPRC, 1987). Como pode ser observado, ha uma grande complexidade na terrclagio entre as diversas formas das compostos ea biomassa. Os itens seguintes screvem os principais conceitos ¢ mecanismos relacionados com a interagio da piomassa (Grea central da figura) com as matérias carbondcea e nitrogenada (éreas terns). rinciplos da remogo da matéra organica 4 z 3 5 3 3 a = 5 fi ‘ 4 8 ZI 3 2 2 5 ei : 3 Fl ig g z 5 g Bi A a 3 g z z 2 : : é SUBDIVISOES E | NITROGENADA r odopacivel recs. ee endco pots, aro somes _Subdivisdese wansformages da matéra enrbonice nitrogen Principios bcos do tratamento de esgotos 1.2. Caracterizagiio da matéria carbonicea A matéria carbonécea (baseada no carbono organico) presente nos esgotos aserem Iratados pode ser dividida quanto & sua biodegradabilidade em (a) inerte ou (6) iodegradével, ‘» A matéria orgdnica inest (nfo biodegradsvel) passa pelo sistema de tratamento sem ‘mudanga em sua forma, Duas fragSes podem ser identificadas, com relagio a0 estado fisico: ~ Solivel. A matéria orginica nfo biodegradavel soltivel nfo sofre transformagdes, 3 CHs-+3 CO>+ Ener Damesma forma, tal equagio é gerale simplificada, representando apenas o produto final de etapas intermedidtias. Nela podem ser destacados os seguintes aspectos: + andi exclusividade da oxidagdo. Se, por un lado, 0 carbono do CO2 se apresenta em seu mais elevado estado de axidagdo (+4), 0 oposto ocorre com o CHs, onde 0 carbono se encontra em seu estaclo mais reduzido -4), podendo ser posteriormente coxidado {por exemplo, por combustdo - 0 metano é inflamdvel); * ando utilizagdo de oxigénio; © a produgao de metano e gas carbonico; © a liberagiio de energia (inferior a da respiracdo aerébia). ‘A matéria orpania foi apenas convertida a uma forma mais oxidada (CO) ¢em ‘outra forma mais reduzida (CH). No entanto, a maior parte do CH é desprendida para a fase gasosn resultando em uma efetiva remogao da matéria organica. ‘A Equagio 2.3 pode ser expressa de uma forma genérica, para um composto ‘orgfinico C,HyO, como (van Haandel e Lettinga, 1994): 98 rincipos bdsicos do tratamento de esgotos Axny~ 224 _, Koy t2e CH,0,+7°—7—= #20 4 axty—22 er cH 4) Acconversio anaerdbia desenvolve-se em duas etapas: ‘© Ease acidogénica: converso da matéria orginica a écidos orginicos, realizada por bactérias denominadas acidogénicas. Nesta etapa no hd remogio de matéria ‘orgfinica, mas apenas conversfio da mesma. ‘* Fase metanogénica: conversio dos dcidos organicos a metano, gis carbénico & ‘gua, realizada por bactérias denominadas metanogénicas. A matéria orginica € novamente convertida, mas pelo fato do CH; ser transferido para a atmosfera, tem-se a remogao da matéria organica, Antes da etapa de acidogénese, os compostos orginicos complexos (carboidratos, proteinas e lipidios) necessitam ser convertides a compostos orgiinicos simples, através do mecanismo de hidrélise. ‘A Figura 2.1 ilustra a sequéncia de etapas envotvidas na digestio anaerobia da ‘matéria orginica. ‘Maiores detalhes sobre os processos de estabilizagdo anaerSbios encontram-se no ‘volume componente desta série, relative aos sistemas anaerdbios. 2.2. Conv jo da matéria nitrogenada Oxidaciio da matéria nitrogenada Outro importante processo de oxidagdo no tatamento dos esgotos é o referente fs formas nitrogenadas. A amdnia é transformada em nitritos ¢ estes em nitratos, no fendmeno denominado nitrifieacfo, Os microrganismos envolyidos neste processo sto autétrofos quimiossintetizan- tes (ou quimioaut6trofos), paras quais o gs carbGnico é principal fonte decarbono, ea cnergia é obtida através da oxidagdo de um substrato inorgénieo, como a aménia, a formas mineralizadas 221. ‘A transformagio da amdnia em nitritos é efetivada através de bactérias, como as Jo género Nitrosomonas, de acordo com a seguinte reagio: ‘Nevermore 2NHI-N +302 —“""", 2 NON + 4Ht + 2120 Aooxidagiio dos nitritos a nitratos dé-se principalmente pela atuagio de bactérias, somo as do género Nitrobacrer, sendo expressa por: 25) ‘Nrabocer 2.NO3-N +02 "5 2 NON (2) rincipios da remagdo da matéra organica 99 IOTECA CENTRAL - UFLA } ‘Acteacio global da nitrficagio é a soma das equagbes 2.5 € 2.6: NHI-N-+2 02 ———> NON + 2H" + HO ‘Nas reages 2.5 €2.6 (bem como na reagio global 2.7), deve-se notar os seguintes ppontos: demanda © Consumo de oxigénio livre, Este consumo é geralmente referido como nitrogenada. «+ Liberagdo de H*, consumindo aalcalnidade do meio ¢ possvelmentereducindo pH. JUENCIAS METABOLICAS E GRUPOS MICROBIANOS: Sea EE VOLUIDOS NA DIGESTAD ANAEROBIA ‘Metanogése 2, sequen nabs raps mins cis niet snabia bit (Chemicharo, 1995; Lubberding, 1995) Principios basicos do tratamento de exgotas 2.2.2, Reduciio dos nitratos Em condigdes anéxicas (auséncia de oxigénio mas presenga de nitratos), os nitratos so utilizados por microrganismos heterotréticos como o aceptor de elétron, tem substituigo no oxigénio, Neste processo, denominado desnitrificac’o, o nitrato 6 reduzido a nitrogénio gasoso, segundo a reagio: 2NOEN+2H* » No+2,5 Or+H20 8) Na reagiio da desnitrficaglio deve-se destacar: ‘© Economia de oxigénio (a matéria organica pode ser estabilizada na auséncia de oxigénio) * Consumo de H*, implicando na economia de alcalinidade e no aumento da capacidade tampao do meio 3. PROGRESSKO TEMPORALDA OXIDACAO BIOQUIMICA DA MATERIA CARBONACEA. De uma maneira simplificada © desprezando-se mecanismos intermediérios, pode-se dizer, para efeito de compreensio, que as reagées aerdbias para a estabiliza- {glo da matéria orgdnica carbonicea comportam-sc, em um sistema fechado (como 0 frasco utilizado para o teste da DBO), em uma sequéncia, na qual predominam os ntes dois principais mecanismos (Eckenfelder, 1980) '* Etapa inicial: predomindncia da sintese (anabolismo) orginica presente na ‘gua residusria € utilizada pelos ‘microrganismos para as suas atividades metabslicas de crescimento e obtencio de fenergia, predominando, portanto, as atividades de sfntese. Esta fase resulta no ‘consumo de oxigénio e no aumento da populacio de microrganismos, podendo ser representada pela equagdo genérica (Hanisch, 1980): 8 CH0-+NHy +30) —> C3HNO2 +3 CO2 + 6 H20 + Energia 6.1) nis exis is eae [Nesta equago, CHO representa a matéria organica, da mesma maneira em que ‘a formulagio equivalente CaFl120¢ foi também utilizada para representar a matéria forginica no Item 2.1. O material celular é expresso pela férmula empfrica CsHNOz iver Item 2.3, Capitulo 1). Principios da remocao da matéria organica + Btapa subsequente: predomindncia da respirag&o endégena (catabolismo) ‘Quando a matéria orgfnica originalmente presente na gua residuérin encontra-se ‘em suta maior parte removida, hi a predomindincia dos mecanismos da segunda fase dda oxidagio. No inicio desta fase a popalagao de microrganismos se encontra em seu ‘méximo e, devido 2 baixa disponibilidade de substrato no meio, a principal fonte de slimento passa a ser o préprio protoplasma celular. Nesta fase predominam, portant, fs mocanismos de auto-oxidagao ou de respiracio endégena (ver Item 5, sobre ‘erescimento bacteriano). A equagdo simplificada representativa de tal fase & Cs1]NO2 +502 > 5 CO2+NH3 +2 HO + Bnergia 62) ser ela [Naturalmente que em um sistema de cultura mista, como de fato 0 sio 0s reatores utilizados no tratamento de esgotos, ha microrganismos com diferentes taxas de crescimento ¢ de decaimento. Em consequéncia, algumas espécies de microrganis- ‘mos podem estar em uma determinada etapa da sintese ou respirago endégen, fenquanto outras espécies estio em fases mais atrasadas ou adiantadas. A representa- ‘¢do acima diz respeito 3s condiges médias prevalecentes no reator para os microrgs- rismos heterotr6ficos. ‘O oxig@nio total consumido em ambas as fases €definido como ademanda diima (DBO,), podendo ser também expresso através da DQO. Somando-se as Equagdes 3.1 e 3.2, tem-se a equagio simplificada da oxidagdo da matéria orginica (idéntica & Equagao 2.1): (CHO +03 0 + Energia G3) © valor da demanda teérica de oxigénio (DTe0) com base nas relagdes estequio- étricas da Equagio 3.3 difere, de certa forma, do encontrado para ademanda dltima, ‘sendo na rcalidade um pouco superior. Isto porque na fase endégena, quando wma bactéria morre, toma-se alimento para uma ovtra bactéria, ocorrendo uma subsequen- te transformagao a gs carbénico, égua e material celular. As bactérias vivas, bem ‘como as iortas, servem de alimento para organismos superiores, como protozosrios. Fim cada transformagao uma nova oxidago ocorre, mas no cémputo geral permanece ‘uma certa fragio de matéria orgdnica, resistente a0 ataque biol6gico. Esta fraglo & a responsével pela variaglo entre os valores da demanda tesrica e da demanda titima de oxigénio (Sawyer e Mc Carthy, 1978). "A remogio ¢ oxidagdo da matéria orginica presente na égua residusria (primeira fase) em a duragio de uina dois dias, normalmente. A oxidagio total da massa celular dispendera um tempo total teoricamente infinito (em termos de modelagem matemé tica), mas em termos préticos considera-se estar completaem 20 dias. Ataxadereagio na fase de assimilagio vérias vezes superior & da segunda fase, de respiragio endégena (Eckenfelder, 1980). 102 Principios bsicos do tratamento de esgotos ‘Ao se plotar o consumo acumulado de oxigénio, a concentragio de substrato e a concentracio de bactérias em fungo do tempo, tem-se as curvas segundo as formas apresentadas na Figura 3.1 PROGRESSAO TEMPORAL DA OXIDAGAO DA MATERIA ORGANICA sirese METAbUSUO EOGOENO i “ung as) ig. 3.1. Progresso temporal da oxida da mara earbonicea 4. CINETICA DA OXIDACAO DA MATERIA ORGANICA O conceito da DBO, representando tanto a matéria orgénica quanto © consumo lc oxignio, pode ser entendido por estes dois Angulos distintos: DBO remanescente: concentragao de matéria orginiea remanescente na massa Iiguida em um dado instante, expresso em termos de oxigénio DBO exercida: oxigenio consumido para estabilizar a matéria orginica até este instante ‘A progressio da DBO ao longo do tempo, segundo estes dois conceitos, pode ser vista na Figura 4.1. rincipios da remogao da matéria orgdnica PROGRESSAO TEMPORAL DA OXIDACAO DA MATERIA ORGANICA ceonsume acumulado ‘de ongirio. (080 exereda) matéria oganica (080 ramanescente) ‘Tempo (das) Fig. 4.1. DBO exereida (oxiginioconsumid) e DBO remuneseente {matéin onic remanescens) a Tong do tempo 'As duas curvas sio simétricas, em imagem de espelho. No tempo igual a 0, a ‘matéria orginica se apresenta em sua concentracio total, enquanto 0 oxigénio consumido é zero. Com o passar do tempo, a matéria orgiinica remanescente vai se reduzindo, implicando no aumento do consumo acumulado de oxigénio. Apés um perfodo de virios dias, a matéria organica esté praticamente toda estabilizada (DBO remanescente igual a zero), ao passo que o consumo de oxigénio esté praticamente todo exercido (DBO totalmente exercida). ‘A cinétiea da reagio da matéria organica remanescente (DBO remanescente) é frequentemente modelada segundo uma reacdo de primeira ordem, Uma reagio de primeira ordem (detalhada no Capitulo 2) 6 aquela na qual a taxa de mudanga da concentragao de uma substincia é proporcional & primeira poténcia da concentracio. ‘Acequaciio da progressio da DBO remanescente pode ser expressa de acordo com a seguinte equacdo diferencial: i ie 1) concentragiio de substrato (DBO) remanescente (mg/l) tempo (dia) coeficiente de reagio (dia) Principio basicos do traiamento de esgotos A interpretagio da Equagio 4.1 se faz no sentido de que a taxa de oxidagiio da ‘matéria orgdnica (4S/dt) é proporcional & matéria orgdnica ainda remanescente (8), fm um tempo t qualquer. Assim, quanto maior a DBO, mais rapidamente se proces sari a taxa da sua estabilizaco. Apés um certo tempo, em que a concentragio de DBO estiver reduzida pela estabilizagio, a taxa de reagao seri menor, em virtude da ‘menor concentrago da matéria orgdnica. ‘A forma integrada da Equaco 4.1 depende da configuragio hidréulica do reator. Maiores detalhes acerca do principio de dimensionamento de reatores podem ser obtides no Capftulo 2. Apenas a titulo de resumo, apresentam-se aqui as equagSes {ntegradas para os dois principais modelos hidrsulicos: * reator de fluxo em $= 8,0" ‘ reator de mistura completa $= Sul(14K.0 | onde: S = concentrago de DBO em um tempo t (g/m*) So = concentracio inicial (afluente) de DBO (g/m') As equagdes acima sofrem ainda complicayées adicionais devido & incorporagio de recirculagbes em alguns processos de tratamento, No entanto, a premissa bésica ida Equacio 4.1 permanece inalterada, Maiores detalhes acerca da progressio tempo- zal da DBO podem ser obtidos no Capitulo “Impacto dos langamentos de esgotos nos ccorpos receptores”, Volume 1 da séri ‘A taxa de remogio da matéria orginica pode ser modelada de uma forma mais avancada, utilizando-se os prineipios da cinética do crescimento bacteriano. Os ftens 5 € 6 apresentam a formulago para se determinar a taxa de remogio de substrato, Tevando-se em consideragio os conceitos de crescimento da biomassa. 5. PRINCIPIOS DO CRESCIMENTO BACTERIANO 5.1, Sintese e respiragio endégena ‘Como ja comentado, os seres heterétrofos utilizam a matéria organica como uma forma de energia condensada, necesséria para os seus diversos processos metabslicos, {ncluindo crescimento e reprodu¢ao. Com a utilizarao de oxigénio (condigdes ac bias - Equago 2.1) ou outro aceptor de elétrons (ex: nitrato, em condigbes andxicas, = Equacio 2.8), estes organismos realizam a oxidagio da matéria orgéinica, com a Principios da remogao da matéria orgénica 10s produ de mis matsial celular (cescimento¢eprodug)¢ libero de energia. é denominada de sintese. é 7 tee daponlna lo ciiea sama cn, come 9a tan que a matin orginica vi sendo progressivament no teatamento de e801 OO Sedma neces debacar otras fonts de mara removide, 08 mire A densa O principal sbsrato dittamentedsponvel € ors onde ee ela, do ala sas pss afer ws, segundo 2 oP aa, obalngo Enegtvo ou sc umaredngo do mets ag aera bactriana no mio caacterizando a fase de respitaco ae ventétios, depreende-se que ha uma estreita relagdo entre a ‘A partir destes com concenngt de substrato no nici, ou Go alimento disponivel, ¢ 0 mimero de Caer pando a disponibilidade de matérin orginia ¢ suicent, a bactrias sin: Quando 2 oe umn erm fen, as bcs ean om cto am ie de al conoterao€ de groneinprtncianowataneto dos arpctostem gues pode projtar sistemas par opera com sito ox binofomesimento tates yar as bacteria ’ dematrinorinin Fe a das elapse situam no resto bioGyio depend an a lice mesmo (ver Cops 2), Em wn restor de i om Beye ea io € associado & localizacaofisica no reator. Em assim sendo, ristdio, o tem 10 de reacio & is Pl 9 on ae pe em no fo a ne bist arctan concentragées de substrato © seenciamenyy gum reat de mista compet 38 = ‘ ace ide ama fase ou outa Gependers da concentra prevalescente d= fei catia de wa men sea mai levad,pevlece no rea, como om subtato no eto Co erat, ca a concent de wbstato sen edd, 0 eico favorseerd os mecanismos de respiragio end6gena. Sala voor olan baci hetero encom saree Figura 5.1 Principios basicos do tratamento de esgotos METABOLISMO BACTERIANO HETEROTROFICO. produto ai cd setae ee +, pease wae osu uta Fig. 5.1, Esquem do metabolism bacterano eteorico 5.2. Curva de crescimento bacteriano principal modo de reproducio das bactérias é por fisio binscia, isto &, quando “a célula atinge um determinado tamanho, divide-se em duas células, as quais iro posteriormente gerar quatro novas células, eassim pordiante. Assim, apés.n di fo mtimero de células formadas é de 2". Admitindo-se um tempo de geragio 20 minutos, um crescimento sem fatores limitantes iria possibilitar a exist@ncia de 2! bactésias apés 48 horas. Tal corresponderia a um peso aproximadamente 4.000 eres superior a0 peso da terra (La Riviére, 1980). Na pritica, naturalmente, 0 terescimento é logo restringido devido & exaustio de nutrientes no meio, ‘Assim, a0 se inocular um volume de liquido com uma certa quantidade inicial de feélulas bacterianas e uma quantidade limitada de substrato, o atimero de bactéias ates a0 longo do tempo progredira segundo a curva tipica de crescimento Dpacteriano, expressa na Figura 5.2 (escala vertical logaritmica): Fincipios da remogo da matéria orgénica PROGRESSAO TEMPORAL DO CRESCIMENTO BACTERIANO MeTaBOUISIO ENDOGEND “ergo Faso do ead ov sdarayio Face ogame (escneno exponen) aso etait (eecinento = dein) ‘rae deli ou marandado(eerésina exponen) Fig.52. Curva tipi de eescimento bacteriano ‘um periodo de adaptagio enzimatica das 4 Fase de retardo, A fase de retardo € um ps bactgrias a0 novo substrato fornecido (von Sperling, 1983). Tal fase pode ser tedurida no caso de despejos domésticos tipicas, em que as bactérias jé adquiriram ‘o necessirio aparelhamento enzimitico. « Fase de crescimento exponencial. Na fase de crestimento exponencial as células se dividem numa taxa constante. Plotado em escala logaritmica, © niimero de ‘élulas eresce linearmente, justificando a designacio de fase fogaritmica. Ha um ‘Exeeaso de substrato no meio, fazendo com que ataxa de crescimento seja maxima, limitada apenas pela capacidade dos micror paralelo com a taxa mixima de cresciment sganismos de processar o substrato. Em io, tem-se também a taxa méxima de remogio de substrao. « Faseeestacionéri, A fase estaciondria € quando o alimento principia a escassear no meio, e a taxa de erescimento bacteriano é igual & taxa de mortandade. Assim, © timeto de células se mantém temporariamente constante. «s Fase de declinio ou mortandade, Na fase de declinio ou mortandade a disponibili- dade de substrato no meio é reduzida, Nestas condigdes, prevalecem as caracteris: 108 Principio bésicos do traiamento de esgetos ticas da respiragdo endégena, em que as bactérias so forcadas a utilizar o seu proprio protoplasma celular como fonte de substrato. As eélulas, a0 morrerem, permitem que os nutrientes se difundam no meio, servindo de alimento para outras células. A taxa de mortandade é exponencial e constante, propiciando uma reta na scala logaritmica, ‘Como ja comentado, 6 importante frisar que esta representagio do erescimento diz respeito a uma populagao tinica de microrganismos crescendo as custas de um, tipo tinico de substrato. Na realidade, no reator biol6gico de uma estagio de trata- ento de esgotos, hi uma multiplicidade de microrganismos metabolizando uma ultiplicidade de compostos. Assim, haverd uma superposigio de diversas curvas de ipos e formas diferentes, desenvolvendo-se em tempos diferentes. Esta interagio racteriza a ccologia do tratamento de esgotos, tépico abordado no Item 2, Capitulo © projeto © operagio das estagées de tratamento de esgotos faz uso destes ceitos de crescimento bacteriano para situar a operagao dentro de uma faixa jesejada. A generalizagao 6 dificil, devido A multiplicidade de organismos e substra- que ocorre na prética, mas as seguintes tendéncias podem ser observadas: ‘Sistema de alissima carga. Na fase de erescimento exponencial a disponibilidade de substrato é clevada. Isto indica que a concentragiio de substrato (ex: DBO) no efluente ser também elevada, Desta forma, a maior parte dos sistemas de trata- -mento de esgotos ndo opera nesta fase, de alta carga (ex: lodos ativados coavencional, filtro biol6gicos de alta ‘earga). A concentra¢o de substrato no efluente & mais reduzida, mas a massa celular tem um alto componente orgfinico, requerendo uma establizacio separada Jodo excedente. Devido & alta carga, 0 volume requerido para o reator é menor ‘do que nos sistemas de baixa carga. istemas de baixa carga (ex: lodos ativados tipo aeragio prolongada, filtros siolégicos de baixa carga). A concepeao destes sistemas € de fomecer uma wantidade minima de alimento aos organismos, para incentivar a respiragio sndégena. Tal propicia a que os organismos se autometabolizem, ou seja, exergam. igestio aerdbia da massa celular no préprio reator. Além da estabilizagio “ial da massa celular, a concentragio de substrato no efluente ¢ minima. O jume requerido para o reator & maior do que nos sistemas de alta carga. lefpios da remoedo da matéria orgdnica 5.3. Cinética do creseimento bacteriano 5.3.1, _Crescimento bruto especifico ; © crescimento bacteriano pode ser expresso em funcio da propria concentrayo de bactérias em tum dado instante né reator, A taxa de crescimento liquido ¢ igual & taxa de crescimento bruto menos a taxa de mortandade das bactétias. "A taxa de crescimento bruto de uma populacio bacteriana é funglo do seu niimero, agsa ou concentragao em um dado instante. Matematicamente, tal relagao pode ser ‘expressa como: 6) onde: X = eoncentrasio de microrganismos no reator, $8 ou SSV (g/m) n= taxa de crescimento espevfica (S") t tempo (3) ‘Tal f6rmula, caso integrada, assume tuma forma exponencial, a qual, quando plotada em escalalogaitsca, resulta numa rela, Esta 6 fase logaritmica, mostrada ‘na Figura 5.2. ‘A taxa de erescimento, tal como expressa pela Equagso 5.1, € para o erescimento sem limitago de substrato. No entanto, foi visto nos ftens anteriores que o cresci- mento bacteriano € fongao da disponibilidade de substrato no meio. Quando 0 ubstrato apresenta-se om baixa concentraglo, a taxa de crescimento € proporcional- mente reduzida, Amatéria carbondcea 6, no tralamento de esgotos, usualmenteo fator Iimitante do crescimento. "A taxa de crescimento espectfico deve ser expressa, portanto, em funglo da concentragio de substrato. Monod, cm seus clissicos estudos com culturas bacteria- has, apresentou tal rolagdo segundo a seguinte formula empiriea: HH onde: Hse $= concentragio do substrato ou nutrientelimitante (g/m) Ky seonstante de saturagio, a qual é definida como a concentragso do substato para a qual = Has? (e/m") taxa de crescimento especifico maxima (4) ‘Afigura 5.3 mostra representagio grficn desta equa. A compreenso desta relagdo se 48 da seguinte forma. Nutrient limtante(S) € aquele que, e250 sen vefhezida a sua concentragio, implicarf num deeréscimo da taxa de erescimento m0 rineipias bdsicos do tratamento de exgotos ;populacional (como indicado na Figura 5.3, através da redugio de jt) Por outro lado, {caso a concentragao de § principie a aumentar, a populagdo aumentari em consequén- cia. No entanto, caso S continue a aumentar, chegari um ponto em que ele passard.a ‘superabundar no meio, nfo mais sendo limitante para o erescimento populacional. INestas condigSes, provavelmente outro nutriente passaré a controlar o crescimento, Tomando-se 0 novo limitante. Isto explica porque jt tende a um valor maximo, IEXPress0 Por Hin. Neste ponto, mesmo que se aumente a concentracio de S, it no Jaumentaré, por nilo estar mais limitada por ele. As bases da formulagao de Monod io analisadas no Capitulo 2. a A inlerpretagio do cocficiente de saturagio K, € de que, quando a concentraciio substrato no meio é igual a K, (K.=S), 0 termo S/(Ket8) da Equagio 1.16 torna-se ual a 1/2, Desta forma, a taxa de crescimento jt tomna-se igual & metade da taxa wixima (Hnia/2). Para se comparar diferentes substratos, o valor de K, dé uma \dicacdo da ndo afinidade dos microrganismos por cada substrato: quanto maior 0 lor de K,, menor a taxa de crescimento 1 (Equacio 5.2), ou seja, menor a afinidade biomassa pelo substrato, Para se obter elevadas redugdes da concentra do a ae ‘TAXA DE CRESCIMENTO BACTERIANO EM FUNCAO DA CONCENTRAGAO DO SUBSTRATO LIMITA aad, ceraecretio ts Substato tntane S (ins) 5.3. Taxa de crescent esocficn em fango da cocentaeso do substrate finite incipios da remot da maréria organica No caso das bactérias heterotrficas envolvidas no tratamento de esgotos. 0 substrato limitante € usualmente o carbon orgéinico ou, em outras palavras, a prépria DBO. Tal se deve ao fato de que os reatores, para produzirem um efluente com baixa concentragio de DBO, trabalham com reduzidas concentragbes da mestna. Tim outras condigSes, pode-se ter outros nutrientes Fimitantes, ou mesmo wina composigio de dois ou mais deles. Este é 0 caso da taxa de crescimento dos ‘rganismos nitrificantes. Devido ao fato da taxa de crescimento dos mesmos ser redurida, tanto com baixos valores de am@nia, quanto com baixos valores de oxigénio ttissolvido, pode-se expressar a relagio de Monod como uma fungio de inibigdo ddupla, Assim, ao invés de se ter apenas um termo Si(Ke+S), tem-se um produto de dois termos [Si/(K1+S1]-{Sa/(KeotS, em que Si e S2 slo as concentragdes dos dois fatores limitantes (no caso, am@nia e oxigénio). ‘Em laboratério, pode-se compor a curva da Figura 5.3 (ou uma transformago da mesma), ese extrair 0s valores de Ky € Hnsx. No tratamento de esgotos domésticos, tém sido relatados valores de Kee Hats Variando segundo as seguintes faixas: « Tratamento aerdbio (Metcalf & Eddy, 1991): aod? Ky =25 a 100 mgDBOs/| K,=15.070 mgDQOM «+ Tratamento anaerdbio (van Haandel Lettinga, 1994): Hic = 2d" (bactérias acidogénicas) Hinsc = 0,4" (bactérias metanogénicas) K, = 200 mgDQOM (bactérias acidogénicas) K, = 50 mgDQOM (bactérias metanogénicas ‘A equagio de Monod apresenta a mesma forma da equagio de Michaelis-Menten para a reagdes enziméticas (ver Capitulo 2). No entanto, enquanto a sitima se apois Em fundamentos te6ricos, a relagso de Monod é essencialmente empfrica. Um outro fspecto € 0 de que a equagio de Monod foi desenvolvida para um tinico organismo metabolizando um dnico substrato, No tratamento deesgotos, noentanto, tal premissa 2 Princpios bésicos do tratamento de esgotos no so vee, f que se tem uma popula mip assinilando wm subsrato Inilplo.Devid a estes aspects, rela de Monod tem sido froquntemente avo de erticas pela literatura especializada. No entanto, nfo foi deseavolvida ainda Ienfuma relocSo mais satistaria, ea equasio de Monod mantém a suainportncia endo adotada em praticamente todos os modelos mateméticos de tratamento de exgot08. ‘A grande vantagem da equagSo de Monod reside ‘ na sua extrutura, que permite ee ee ee fe abundincia do nutrients no meio. Assim, dependendo do Valor deS, a equacio de Monod pode representar aproximadamente tanto as cingticas de onder zero quanto de primeira ordem, bem como a transi entre as meamas. Nocaso de umareagio remoeto de subsite, quando a suo eoncentagio ainda elevada © nao hi 30 do mesmo no meio, a taxa de remogio global aproxim-se da cinstea de fe liniada pela poueadsponibildade do mesmo no meio, Nests conden, 4 en ocr com em primeira orem. Estas da ituagGceocorem em fang dos valores relativos de S ¢ Ks, como descrito a seguir. - te substrate: elevada ‘© rea¢do aproximadamente de ordem zero ‘2 taxa de crescimento independe de S poe een renee es desprezado no denominador da Equaciio 5.2. Assim, esta se reduz. a: ai Noss condos, atxadecescimentoH éeonstant egal taxa mma reaso segue uma cnética de dem zero, em que ataxa de e950 € ind : , a de rasta ¢ndependente daconcentrago de sobstrat, Notratamento de esgotos domésticos, al sitaga0tende corer apenas na cabeceira de um reator de xo em psto, onde a concentag30 Ke substrato é ainda elevada. at i Concentragio relativa de substrato: baixa sau reagiio aproximadamente de primeira ordem © ataxade crescimento. depende de S (diretamente proporcional) vincipios da remogdo da matéria organica Jostrato € muito menor do que o valor de K., $ pode Equagio 5.2. Em consequéncia esta se reduz a: 6.4) Quando a concentragio de sul ser desprezado no denominador da Ss B= Hass Como finds € Ks so constantes, o termo (jims/Ks) 6 também uma constants, ftufdo por uma nova constante K. Desta forma, a Equagio 5.4 se 65) [Nesta situagi0, a taxa de crescimento € proporcional a concentrago de substrate presente, A reagio segue uma cinética de primeira ordem. Tal situagio 6 & Pratamento de esgotos domésticos em reatores de mistura completa, em que a toncentragio de substrato no meio € baixa, devido aos requisitos de baixos valores para o efluent. ‘A Figura 5.4 apresenta as duas situagSes extremas, representativas das cinéticns {de ordem zero e primeira ordem, REACOES DE ORDEM 0E 1, OBTIDAS "ATHAVES DA CINETICA DE MONOD omen ‘en HE Hine ‘Rzigho oe onde ‘lovada concontracio ‘do substato imino. /REAGAO DE ORDEM = aixa concentragao do substrate imtanto Substrata imiante$ (gin) Fig.S4, Condes extras na roqio de saturagio (cingtica de Monod) rincipis basicos do tratamento de espotos Exemplo 5.1 Expressar 1 em funcdo de jini« para as seguintes condigdes: + esgoto doméstico; S=300 mg/l (adotar K=40 mg/) += esgoto doméstico; S=10 me (adotar Ki=40 mg/l) * slicose; S=10 mgf (adotar Ks=0,2 mg/l) Solugao: 4) Esgoto doméstco (S=300 mg/l) Pela Equagao 5.2: 300 +300 O88 Hee Assim, = 0,8, Hts Nestas condigdes, em que $ é grande comparado com Ky, a taxa de cresci- ‘mento {tse aproxima de Yinix. Ha bastante disponibilidade do nutriente limitante, ea populagao apresenta wma elevada taxade crescimento. A reagdo ‘aproxima-se de wma reagito de ordem zero. Esta siwag@o néto & muito frequente no tratamento dos esgotos domésticos, podendo ocorrer apenas na cabeceira de wm reator de fluxo em pistio, onde a concentragiio de substraio é ainda elevada, +b) Esgoto daméstico (S=10 mg/l) Assi, = 0,20. jose Como S € pequeno em comparacdo com Ka taxa de erescimento é baixa, bem inferior a imix Isto indica que ndo hd muita disponibilidade do nutriente Timitante no meio. Esta sitagio é tipica num reator de mistura completa tratando esgotos domésticos, em que 0 substrato encontra-se todo homogeneizado e dilu(do, ‘apresentando wma concentragio igual ado efluente. pos da remogdo da matéria organica us €) Glicose (S=10 mg) ae jail Eo tse Kens, Assim, = 0,98. Hants ‘A concentragdo de S é a mesma do item b, mas como no caso da glicose Ks é bem baixo (elevada afinidade), 0 denominador da expressdo é praticamente igual a S e, em decorréncia, 1. é quase igual a Waux- Assim, hd wna grande disponibilidade de substrato, ¢ a taxa de crescimento € bem préxima a ‘maxima. 53.2. Docaimento hacteriano ‘As relagSes apresentadas no item anterior correspondem ao crescimento brute da biomassa. No entanto, como as bactérias permanecem nos sistemas de tratamento por ‘ais de um ou dois dias, passa a atuar também a etapa de metabolismo end6geno, ‘Talimplica em que parte do material celular sejadestruido poralguns dos mecanismos atuantes na etapa de respiragdo endégena, Para sc obtera taxa iguida de crescimento, deve-se descontat, portanto, esta perda, a qual é também fungio da concentrago ou ‘massa de bactérias. A rigot, deve-se considerar apenas a fragdo biodegradavel da biomassa, jé que existe ainda uma fraglo orginica inerte, nio biodegradavel, nfo sujeita, portanto, ao decaimento bacteriano, Por simplicidade, considera-se neste capitulo os SSV totais, enfo apenas os SSV biodegradveis, Em outros volumes desta sétic, o conceito ¢ aprofundado, fazendo-se utilizagio da fracio biodegradével ‘Ataxa de decréscimo pode ser expressa como uma reagio de primeira ordem da forma: aK cate 56) ais ein i: onde: Ku= coeficiente de respiragio endégena 4") Para esgotos domésticos tipicos, Kg varia segundo as seguintes faixas: © Tratamento aerédbio: Ka=0,03 a 0,08 mgSSV/mgSSV.d (base: DBOs) (Metcalf & ) K1=0,05 a0,12. mgSSV/mgSSV.d (base: DQO) (EPA, 1993; Orhon e Arian, 1994) Principios bésicos do tratamento de esgotos ‘¢ Tratamento anaerdbio: 5 valores disponiveis na literatura parecem pouco contidveis (Lettinga, 1995). 533. Crescimento liquide (0 erescimento Iiquido € obtido pela soma das Equagées 1.15 ¢ 1.20: ere 54. Produgiio de sélides 5.4.1, Producio bruta © crescmentobacterao, ov sj, a prods ; obaceriano, ov sj, a produ de biomass, pode sr expresso também em fungi do substrat uilzdo, Quanto mals subst forasinad Taior a taxa de crescimento bacteriano. Tal relagio pode ser expressa como: axa de crescimento = Y . (taxa de remogo de substrato) cconcentragio de microrganismos, S$ ou $SV (g/m?) coeficiente de produgio celular (biomassa - SS ou SSV - produzidos por uunidade de massa de substrato removida - DBO ou DQO) (e/) concentragio de DBOs ou DQO no reator (g/m?) tempo (4) Observa-se haver, portanto, uma relagio linear entre a taxa de crescimento teriano e a taxa de ulilizacdo de substrato, ou de remogio da DBO ou DQO, O valor de ¥ pode ser obtido em testes de Iaboratério com o esgoto a ser tratado, fara o tratamento aerobio de esgotos domésticos, o Y para as bactérias heterotroficas sponsiveis pela remogio da matéria carbonscea varia de: Pincipios da remogdo da matéra orgdnica += Tratamento aerdbbio: Y= 0,4 a08 g SSV/g DBOs removida (Motealf & Eddy, 1991) Y=0.3 20,7 2 SSV/g DOO removida (EPA, 1993; Orhon ¢ Artan, 1994) += Tratamento anaerdbio Yo 0,15 mgSSWimgDQO (bactérias acidogénicas) (van Haande! e Lettings, 1994) -¥ = 0.03 mgSSV/mgDOO (bactérias metanogénicas) (van Handel ¢Letinga, 1994) outros sistemas podem ter diferentes valores de Y. A establizago anaersbia de substratos orginicos libera menos energia e, portanto, 0 valor do coeficiente Y é menor, indicando uma menor produgdo de biomassa, As bactérias nitrificantes (autottéficas quimiossintetizantes) nfo extraem a sua energia do carbono orgsinico, mas da oxidagdo de compostos inorginicos. Assim, elas também apresentam menores ‘valores de Y comparados com os organismos heterotr6ficos (Arceivala, 1981), 5.42, Producti quids ‘A Equagiio 5.9 expressa o crescimento bacteriano bruto, sem levar em considera: iio a redugio da biomassa devido a respiraglo end6gens. Ao se incluir a respiragtio tend6gena, a produedo liquida de solids passa ase as (5.10) Exemplo 52 Catcular a produgdo de sélidos em um sistema de tratamento, assumindo-se 10 estado estaciondrio. Os dados de entrada so os mesmos utilizados: no fexemplo mais detalhado apresentado no Item 6 (Exemplo 6.1). Dados: + Volume do reator: V= 9.000 m* Tempo de detencdo hidrdulica: 1= 3 d Substrato afluente (DBOs): So = 350 mg/t ‘Substrato efluente (DBOs): $= 9,1 mg/t (no estado estaciondrio) ‘Biomassa no reator (SSV): Xv = 173,3 mg/l Coeficientes do modelo: «© Coeficiente de produgdo celular: ¥ = 0,6 mgSSV/mgDBOs © Coeficiente de decaimento bacteriano: Ka = 0,06 a" Prineipios bésicos do traamento de esgotos Soluedo: Assumindo-se condigdes finitas de tempo, dentro da hipdtese de estado estaciondrio, a Equagéo 5.10 pode ser reescrita como: AK 9 £55V Duo. = 0,6 350 - 9,1) S2BOs ._1__ 9.96 8SSV_ SSV_ Ae 7 OS gp; O80 HTS 599 O08 S85 g- 1789 AX,/At= 68,2 g/m’ d~10.4 g/m? .d=57,8 g/m .d=0,058 kg/m? d Como 0 volume do reator é de 9.000 m’, a produciio liquida global é: 0,058 kg/d x 9.000 mi Portanto, a produgiio liquida de solidos bioldgicos no sistema (expressos como $SV), em funedo da wiiticagdo do substrate, de 522 kgSSV por dia Nos cdleulos acima, observacse que 68,2 g/nt-d é a produsdo bruta¢ 10.4 gin € a destruigdo por respiragdo endégena. Neste exemplo, a produgao Uquida é aproximadamente 85% da producéo bruta. 543. ‘Taxa de remocio de substrato Em um sistema de tratamento de esgotos, é important ; tos, 6 importante quantificar-se também a axa om que o substrato é removido. Quanto maior a taxa, menor serd 0 volume ‘requerido para o reator (para uma determinada concentragiio de substrato) ou maior A eficiéncin do processo (para um determinado volume do reator).. ‘Rearranjando-sea Equardo 5.9, pode-se expressara taxa deremocio de substrato como: ‘A remogio de substrato est associada ao crescimento brute da biomassa. Segundo Equacio 5.1, dX/dt=1.X. Substituindo-se dX/dt por X na Equagio 5.11, tem-se: cipios da remogdo da matéria orgdnica 6, MODELAGEM DO SUBSTRATO E DA BIOMASSA EM UM REATOR DE MISTURA COMPLETA 6.1. Balango de massa no reator ‘As interagSes que ocorrem num reator de fuxo continuo © mistura completa (concentragio homogenca de biomassa e de substrato em todo o volume do reator) Som reciroulago podem ser representadas esquematicamente como na Figura 6.1 REATOR AFLUENTE EFLUENTE ols X, Sterno 50 ‘Vazio Q ‘eoncentragio de substrato total afluente (DBO ou DQO) (me/t ou g/m) oncentragio de subsrato solvel eflvente (DBO ou DQO) (mg/l ou g/m") vvaziio (m'Id) oncentragio de sélidos em suspensio no reator (mg/l ou git") concentragao de sélidos em suspensio afluente (mg/l ou g/m’) pereet | volume do reator (1n") Rertscagse cnc do balango de assa emu ator de mists complet (em rsirealogi0) ‘Uma das caracteristicas do reator de mistura completa ideal é que 0 efluente sai ‘com a mesmia concentragio que o liquido em qualquer parte do reator, Isto explica ts valores de S eX, presentes tanto no reator quanto no efluente, ‘X 6a concentragio de s6lidos. No reator, estes sélidos sio principalmente s6lidos biolégicos, representados pela biomassa (microrganismos) produzida no préprio reator, As expensas do substrato dispontvel. Em contraste, no afluente a0 reator, os lids sto os presentes na égua residustia, sendo frequentemente considerada como esprezivel a presensa dos sélidos biol6gicos, dentro do balango de massa geral. Por simplicidade, frequentemente considera-se Xo= 0 mg/l ois balangos de massa podem ser efetuados, um para 0 substrato © outro para 2 biomassa,Tais balangos de massa sio essenciais para o dimensionamento ¢ 0 controle ‘peracional do reator biolgico, sendo detalhados a seguit. (O balango de massa levaem consideragao os termos de transporte (entrada e safda) ce reasio (produgdo e consumo). As equagdes a seguir sio para um sistema composto fapenas de um reator, sem decantacdo final e sem recirculago. 120 Principios bdsicos do tratamento de esgotas ‘Actimulo = Entrada - Saida + Produgio - Consumo '* Balango de substrato: Pear s FS+0- tm Eg # Balango de sélidos: x 8-8. x4 XK X s +8 5) fo rite de aeons get mai « CART ESE es ings BAST oor sin oi Gane egal isepebninrer coer ant et I sce oysapes Sieeicn fein ple snd ae eee acenrns Seperate SSS einen pet btogensopapens, 00005 i) Ata tempore De err ca acu ee Rad Recess ca cinaurae’s pop ok MOR Ea Ce) pee ence wane ae oo eoaerieeap ec anawvaal Ser eaten 0 ane a ee ail rat rons elon ieee ea aco op ie pee Sate eaten eeacn lana canes ccnp EIGEN ere oreo eS ago (DIA), idos de entrada (Q ¢ So) dados de rincipios da remogao da matéria orgdnica DINAMICA DE UM REATOR - CINETICA DE MONOD Exemplo 6.1 * Modelo dinamico (BASIC) : jf eee ga BIOMASSA ¢ do SUBSTRATO Utilizando 0 programa apresentado acima, calcular a trajetéria das concen- tragaes de substrato e biomassa no reator, para um pertodo de 20 dias, “Reatr som decartacao 8 sem reccuaceo {Ena esol: vores cain ‘assumindo que as variaveis de entrada (0, So e Xo) permanecem constantes neste pertodo. Dados v=9000 ‘volume do retard) Volume do reator: ¥= 9,000 mi Nz3e, ‘numero d das de simtacao J= 001 ‘passo de integracao (Eules (a) * Goefcientes do modelo © Vazito afluente: Q = 3.000 m'fd Yes ‘af © ® Substrato afluente (DBOs): So = 350 ee” 3 5): So = 350 mg/l ur : = Biomassa afluente (SSV): Xo = O mg/l (desprezada na presente simulagdo) o img KD = 08 _— Coeficientes do modelo: "Valots iii variayels de estado no rentor ah) oe eee oo © Coeficiente de producéto celular: Y = 0,6 mgSSV/ngDBOs eee # Taxa de erescimentoespecifica maxima mic = 3,0! *# Coeficiente de saturacdo: K.= 60 mgf © Coeficiente de decaimento bacteriano: Ks= 0,06 a! Varidveis de entrada: ‘ariaveis do entrada Q=9000 —Yazaoafluente (mid) Valores iniciais das variiveis de estado (t=0). = eooten coe llc ee vz uve do dada do eda REATOR DAT empsn oa as cota ae a Solugdo: cs (OPEN “REATOR.DAT" FOR OUTPUT AS 1 PRINT TAB(7); “DIA'; TAB({16}, 0"; TAB25) "So" TAB(S5); “S's TARAS) Av z aa seguir. Caso os dados de entrada sejam diferentes, simplesmente substituir Utilizando-se 0 programa, tal como apresentado, obtém-se os dados listados PRINT USING - aver FBI 0: 5:5, PRINT 1 USING “##BEHHE PDO: 5 S:X Top cbs as foRbIA= 1108 a a Teepe togracan sotno ss02 0 1000 fontesTO1 STEP Sono Seon ex to Ota do cresorenorrasia somo S00 Nis tai7 UzuMaeses 5) man ems) fet Mo Ered Said + Prducao-Corsuro Som S00 Wo tot emis Soo ean ays Ban (O"s0/¥)-(0°8/1)40-(UXIM) somo sen 9s tee 85 +080) Sooo sete a2 ies kat (0X01) -(Q*X/¥) + (U"0-(KD"X) $000 sen tao xox axa) Noa Nimp ves dios “i Ober oe doer de de nde esocanane a una nova Fae RS cHIROTUR DIAG; S0/S:X “prin natea I condigto de equiva, A concentragdo de substtato tende ao valor de 9,1 PRINT #1, USING “B#RHERH A”; DIA; Q; SO; 8: X “imprimir em arquivo mg/l, enquanto a concentragdo de biomassa tende a 173,3 mg/. Os dados Nee prea iniciais (S e X no dia 0) estéo associados a variiveis de entrada (Q, Ss e Xo) ‘as valores no programa, im Principios bsicos do tratamento de esgotos Mincipios da remogdo da matéria orgdniea 13 dliferentes das que ocorrem durante 0$ 20 dias de simulagao. Com a mudanga was variéveis de entrada, o sistema busca uma nova condigdo de equilforio: ir hiomassa eresce devido a wna maior carga afluente, possibilitando a ‘edugfio na concentragéo de gubstrato efluente. A figura a seguir ilusira a trajetéria dos dois dados de satda ao longo dos 20 dias de simula. ‘SUBSTRATOEFLUENTE(OB05)E SOMASSA 0) CCONCENTRAGAO (ra) Exemplo 6.2 Com os mesmos dados do Exemplo 6.1, caleular a trajtéria de S e X Sabendo-se que a vazio afluente dobra apés o dia 10, Os demais dados ‘permanecem como tal + Dias 0 10: Q = 3.000 m'/a © Dias 11 a20: Q = 6.000 mrad Solugao: Utiligando-se 0 mesmo programa de computador, fazer una simulagdo por ‘10 dias (dias 11a 20), tendo como valores iniciais das varidvels de safda os valores obtidos no dia 10 da simulagdo efetuada no Exemplo 6.1, ¢ tendo 6.000 n/a. Desta forma, os valores inicias de Se Xx sto: $= 9,1 me (Sto=9.1) Xy= 1720 mall (Xto= 172.0) estas condigdes os valores registrados no arquivo do programa sao (dias 0 ‘a 10: simulagdo do Exemplo 6.1; dias 11 a 20: nova simulagéo): Prineipios bdsicos do tratamento de esgotos ba aw 00 sco0 10 159 20 3 sar 30 1821 40 a) 50 1988 60 ie69 10 1000 80 vos 100 v0 A Figura seguir ilustra a trajetéria das duas varidveis, Observa-se o degrau i tre eS aE oe tende a wna nova situagio de equiltbrio, distinta da obtida no Exemplo 6.1. SUBSTRATO EFLUENTE (BOR EBOMASSA Fungfocerasem@roda : 5 3 ca engi ete ee reldade que ocorre em una ext de ratemento de egos. No entamo, para esta aplicacto, torna-se mais interessante alterar«extrutura dos dados 1 entrada no proprma fezendo com que osmesnas seam dos de argues de dados de entrada. eater rincipias da remogdo da matévia orgdnica ‘Caso se deseje modelarum sistema composto por um reator eum decantador fina), incluindo a reeiteulagSo do lodo (ver Item 6:2), & nevesséria apenas a inclusso dos {entrada e saida no reator), partindo-se da premissa de que no termos de transporte jelagem dindmica de um deean- ‘oorrem reagées bioquimicas no desantador. A mod tator é bastante complicada, por se ter simultaneamente variagBes do volume da manta de lodo e vatiagSes de concentragZo, Admitindo-se um modelo nao dinimico do decantador, de separagio s6lido-liquido instanténea, pode-se ter as seguintes alteragées no programa: «s Entrar com um valor para Q, nas variveis de entrada: Qa + Enire 0 loop de dias ¢ © loop de integrago acrescentar: XR = X*(QHQRVOR « Substituir as equagdes diferenciais por: DSDT = (Q*SO/V + QR*S/V) - (Q+QR)*S/V + 0 - UtXIY DXDT = (Q*XO/V + QR®XRIV) - (Q+QR)*XIV + U*X - KD*X 62, Sistemas sem recirculagio e com recirculaciio de sélidos 62.1, Introducio ‘0 as seguintes a rés possiveis combinagées de reatores com biomassa com cresci- mento disperso, alimentagao deluxe continuo e regime hidréulic de mistura completa: +s reator sem decantaao posterior e sem recirculagio de s6lidos reator com decantagdo posterior e sem recirculagio de sélidos 1 reator com decantagio posterior e com recirculagio de sélidos CO sistema composto de um reator sem decantagio posterior e sem reciculagso de sélidos foi visto no Tem 6.1. Os demais sisternas so abordados no presente item. 62.2, Reator scantacfio final Jrculaci ‘Ao se analisar a Figura 6.1, observa-se que os sélidos biolégicos formados © presentes no reator saem no efluente, apresentando a mesma coneentaglo qe Fossufam no reator. Ora, estes slidossfo, em ima anélise,matéra organica ©, caso Fossem langados no corpo receptor sofreriam um processo de estabilizaglo, da mesms maneira que as ouras formas de matéria orginica. Assim, mesmo que por um lado 2 DBO solivel possa ter softido uma aprecidvel redugio no reator, a DBO em: fuspenao, representada pelos sidos biolGgicos no eflucnte, pode ser responsével por uma detetiorago da qualidade do mesmo. 126 rincipios bsicos do tratamento de esgotos Baseado neste conceito, virios sistemas de tratament . 1s de tratamento incorporam uma unidade de decantagiio apés o reator, de forma a reter os sélidos biolégicos, visando impedir ue atinjam 0 corpo receptor na mesma conceatragio em que se encontravam no reator. O sistema com decantagio pode ser como exibido na Figura 6.2. DECANTADOR, AFLUENTE xe s a EFLUENTE X_= concentragio de sélidos em suspensZo efluente (mg/l ou g/m" ig. 62. Restor biolépco seyuido de unidade de decantaso (Sem recteulago do lod) eee nio s6 a caracteristica de removerem com eficiéncia a DBO, : também de poderem ser removidas por simples operagdes de separa ‘igus do, como a sedimentagio. mh ote: ee 6.2.3, Reator. com decantacio e com recirculagio Oa itn ern ons ene do ei Dra cnertntces pa nciataconie epee deacacagiat a ca ac ee a eee ee eee nmin ann msn mi a SaeE eee aac cree rncipios da remogo da matéria orice wi od 8 27 maior concentragio (ou “lodo ativado”) ao reator, o sistema poderé assimilar uma ‘carga muito maior de DBO. Esta recirculagio tem também o importante papel de faumentat o tempo médio que os microrganismos permanecem no sistema, A recitcu- Jago da biomassa 60 principio basieo de sistemas como o de lodosativados. A Figura 6.3 ilustra esta concepeao. DECANTADOR AFLUENTE EFLUENTE, LoDo. Ng EXCEDENTE RECIRCULAGAO Q,. = vazio de recirculagao (m'/A) Qe: = vazio de lodo excedente (m'/d) ss X= concenteagio de s6lidos em suspensdo no lodo recireulado (mg/l ou g/t") Fg. 63. Realor boca com ecirculago de slidos (O valor de X;é mais elevado que 0 de X, ou seja, o Jodo recireulado possi uma maior concentraco de sélidos em suspensio, o que possibilita aumentar a concen- tragiio de SS no reator. Na Figura 6.3 existe ainda uma outra linha de fluxo, correspondente ao lodo excedente. Tal se enquadra dentro do conceito de que a produgio de biomassa {crescimento bacteriano) deve ser compensada por um descarte em quantidade ‘equivalente a producto, para que o sistema se mantenha em equilibrio. Caso no hhouvesse este descarte, a concentragiio de sélidos no reatoriria aumentando progres- sivamente, estes s6lidos iriam sendo transferidos para o decantador, até um ponto em {que o decantador tornar-se-in sobrecarregado. Nesta situagio, o decantador nio mais seria capaz de transfetir os sélidos para o fundo, co nfvel da manta defodo no mesmo ia se elevando, até um ponto em que os s6lides comegariam a sair no efluente, ddoteriorando a sua qualidade. Assim, em termos simplificados, pode-se dizer que a 8 Privcipios bsicos do tratamento de esgotos pprodugéo de sélides deve ser contrabalancada pelo descarte de uma quantidade ‘equivalente de s6lidos (massa por unidade de tempo). A vaziio de lodo excedente hem baixa, comparada as vazies afluente e de recirculagio. 6.3. Tempo de detenciio hidriulica e tempo de residéncia celular ‘Num sistema com recirculagio de sidos, como o da Figura 6.3, 08 slidos sio separados ¢ concentrados na unidade de decantacdo final, retornando posteriormente 420 reator. O liquido, por outro lado, apesar da recirculaclo (a qual ¢ interna 20 sistema), nfo sofre variago quantitaiva, a menos da retirada da vazio de lodo excedent, a qual 6 desprezivel no cSmputo geral (Qu: ~ 0). Portanto, o que seretém ho sistema so apenas 0s sélidos, devido & separagio ¢ adensamento. Assim, os s6lidos permanecem mais tempo no sistema do que iquido, o que geraanecessidade da caracterizagio dos conceitos de tempo de residéncia celular e tempo de detendo ‘hidrdulica. Ovtr0s sistemas de ratamento conseguem fazer aretengio de sélidos sem necessidade de decantadores separados (ex: lodos ativados por batelada) ou de 8. justifica (0 fato da biomassa permanecer mais tempo no sistema do que 0 liquide. 1a maior eficiéncia dos sistemas com recirculagio de sélidos, comparada com os sistemas sem recisculagao de sélidos. Analisando-se de outra forma, para uma mesma tficiéncia, os sistemas com recirculago requerem volumes do reator bem menores ido que os sistemas sem recirculagio, A demonstracio destes aspectos encontra-se no volume sobre lodos ativados, componente desta série. Em toda a andlise deste item, foram adotadas as seguintes hipsteses simplifica- doras: + As raze boguinicasocorrem apenas no reator As eagies de ido da Coen eee de cadena claro tad de decanao podem ie ais anda comperndes com as qu oem resto. O eo deeOnene Se cinplincae pd se consderad coro despre ; «ponte ¢ tounida como endo preset apenas no ret. No cles 3 sad, en decondrados os ios presents na nade de canta va eo ata de reeulga, Ta 6 aenss una questo de convenso,€ tc ec conc apenas amass no eno devido 3 maior smplide 130 Principio bsicos do tratamento de esgoros associada a este procedimento (medi¢o apenas da concentracao de $$ no reator) Caso se incorpore também 0 componente da massa de s6lidos presente no decan- tador, tal deve ser explicitado claramente ao se apresentar o valor da idade do lodo, A operagio se processa segundo o estado estaciondrio. Bstahipstese & grandemen- te simplificadora da real situac3o que ocorre em uma estago de tratamento de lesgotos, em que o verdadero estado estacionério nunca chega a ocorrer. Acontinua vatiagao das caracteristicas do afluente (ao longo das horas do dia) por si s6 ja 6 responsével pela predomindincia do estado dinimico na operago, com a ocorréacia de aciimulos de massa no reator e decantador, No entanto, caso se analiseo sistema ‘numa ampla escala de tempo, estas variagdes passam a ter menor importincia, Assim, pode-se dizer que, para cfeito de projeto ou planejamento da operagfio em Tongos horizontes, a hipdtese do estado estacion.iio pode ser aceita, Por outro lado, para a operaco da estaco numa escala de curto prazo, a predomindincia do estado dindmico deve ser levada em considerago, ¢ as relagdes acima no podem ser ‘usadas come tal, No estado dindmico, a massa de slides produzida néo é igual & ‘massa descartada, 0 que altera a interpretacdo do conceito da idade do lado. ‘A influéncia dos s6lidos do esgoto afluente foi desconsiderada. Esta € uma hipstese simplificadora adotada na maioria dos textos, mas pode se afastar da realidade em alguns sistemas de tratamento de esgotos com menor produgao de sélidos biol6gi- cos. Exemplo 6.3 Calcular 0 tempo de detencéio hidréulica e a idade do todo no sistema de tratamento de esgotos descrito no Exemplo 6.1(sem decantagdo e sem recir- culagdo de sélidos). Os principais dados de releviincia do Exemplo 6.1 sao: Volume do reator: V = 9,000 m' Varidveis de entrada e saida: + Vaziio afluente: Q = 3.000 m'fd ‘+ Substrato afluente (DBOs): Sy = 350 mg/t ‘+ Substrato efluente (DBO): S = 9,1 mg/l (apés ter sido atingido o estado estaciondrio) Coeficientes do modelo: + Taxa de crescimento especifica mdxima:jmic = 3,0! © Coeficiente de saturagao: Ky = 60 mg/t * Coeficiente de decaimento bacteriano: Ke = 0,06 a" Solugéo: A integragio desta equagio dentro dos limites det = 0 et= t conduz a: 4) Tempo de detengéo hidréulica ek Bs través da Equagio 6.7 tem-se: Aravés da Equa : a 9.000 3.94 X = miimero, ou concentrasio de bactérias num tempo t 3.000 m'/d %o = ntimero, on concentragio de bactérias no tempo t= 0 ‘b) Idade do todo Esta€a fase de crescimento exponencial, a qual, se plotada num papel logaritmico, O valor de u é dado pela Equagio 5.2 fornece uma reta, O tempo de duplicagio é aquele em que X=2Xe, ou seja: In2=p.t (6.15) if Sa, gee aenadieceSy CORB 0,395 Assim, 0 tempo de duplicagio tay & dado por Aidade do lodo é dada pela Equagiio 6.11: x (6.16) 9067304 rm Como seria de se esperar no presente exemplo, = ®., jd que o sistema nao As consideragdes aqui sto também distintas para os sistemas com ¢ sem recircu- possuirecireulagdo de sides. O volume sobre Lodas Ativados, componente Tago (Arceivala, 1981) dda presente série de livros, apresenta exemplos com recireulagdo de sblidos, nae re ee * Sistemas de biomassa suspensa, sem recireulago (8.= 1). Neste caso, (=) deve ser maior que ou igual ata Talcondigo deve ser satsfeita no caso, por exemplo, de lagonsaeradas de mistura completa. Nests, essencial assegurar-se que o tempo 64. Tempo de varrimento celular de detencio hidrdulica minimo nfo sea inferior ao tempo de duplicagio da bacteria, em condigdes de temperatura critica, No dimensionamento de unidades como © tempo que uma célula bacteriana permanece no sistema de tratamento (0x) deve lagoas em série, o tamanho minimo de eada lagoa é ditado por este aspecto. scr superior ao tempo necessério para a mesma se duplicar: Caso conttio, a célala seri varidn do sistema antes que tena tid tempo de se multiplies conduzindo x ® Sistemas de biomassa suspensa, com recirculagZo (>). Nestes sistemas, a vazio uma progressiva redugio da concentragdo de biomassa no reator, até 0 colapso do 4e recirculagio pode ser ajustada, de forma a manter 0.> ta, enquanto o tempo sistema. de detengio hidréulica t pode ser mantido mfnimo (minimo volume do reator). Consequentemente, a recirculagio do Todo torna-se umna mancira de se aumentar 8c érias se reproduzem por fiso binds, sendo a taxa de ose Nee Le See ‘sem necessariamente aumentar-se t. crescimento express pela Equagio 5.1 Para a remocio aerdbia da matériaearbonscea, o tempo de residéncia celular das Kx 1 actériashetertrofas € usualmente bem superior ao tempo minimo, Para a metano. at ese em sistemas anaerdbios, bem como para a oxidago da amGnia em sistemas bios, no entanto, deve-s ermaior cuidado no projeo,jéque ataxadereprodusio as baci metanogénica das bactvas ntrifcantes 6bem lenta, e clas cortem 0 sco de ser varrdas do sistema caso a vazfoafluente aumente substancialment, ot (613) 50a sua taxa de reprodugSo se redvza, devido a algum problema ambiental Principios bsicos do tratamento de esgotos rincipios da remocdo da matéria organica 6.5. Concentragio de sélidos em suspensio no reator [Em itens anteriores foi apresentada a concentragdo de s6lidos no reator, tendo sido adotado um determinado valor paraa mesma. No presente item examina-se em maior detalhe os aspectos relacionados com 0 conceito de Xv. ‘Para se obter a concentragio de Biomassa no reator de um sistema com recircula- fo, pode-se reartanjar as equag8es 5.10 e 6.9, assumindo condigdes estacionétias, de forma a se ter: 6.17) Esta equagio & de grande importancia na estimativa da concentragio de solidos ‘emum determinado sistema, uma vez conhecidos ou estimados os demais parametros ce variveis. A andlise desta equagio permite ainda interessantes considerages sobre ‘ainfluéneia da recirculagio do odo na concentragio de SSV no reator. ‘Num sistema sem recirculac3o, fi visto que Oc=t Desta forma, a Equagio 6.17 sereduz a ¥.(So-8) (6.18) Seka Observa-se que a diferenga entre ambas as equagdes é 0 fator (BJ), 0 qual exerce ‘um efeito multiplicador sobre a Equagio 6.18, no sentido de aumentar a concentracio de sélidos em suspensio no reator. Como comentado, em um projeto, qualquer aumento em X implica numa diminuigo proporcional do volume necessério para 0 reator. © Exemplo 64 ilustra 0 célculo da concentragao de biomassa em um sistema sem recirculaco, enquanto o Exemplo 6.5 mostra a vantagem da recirculagio em termos da redueo do volume do reator. 134 Principios bdsicos do tratamento de esgotos Exemplo 6.4 Calcular a concentracio de sélidos em suspenséio a ser atingida, em condi- ges estaciondrias, no reator do sistema descrito no Exemplo 6.1. Os dados relevantes do Exemplo 6.1 sao: © Substrato afluente (DBOs): Ss = 350 mg/l ‘* Substrato efluente (DBOs): 5 = 9,1 mg/t (obtido no Exemplo 6.1, apés se atingirem condigoes estaciondirias) + Tempo de detengdo hidrdulica: t = 3,0 dias (obtido no Exemplo 6.3) © Coeficiente de produgao celular: ¥ = 0,6 mgSSV/mgDBOs © Coeficiente de decaimento bacteriano: Ka = 0,06 d Solugao: Pela Equagio 6.18: FG, O600-90)m0 ap Este valor é igual ao obtido no Exemplo 6.1, apés terem sido atingidas as condigdes estacionérias. Exemplo 6.5 Calcular a concentragao de sélidos bioldgicos no reator, para as seguintes condigdes: «© sistema sem recirculagdo, t= 0: = 5 dias (ex: lagoa aerada de mistura completa) © sistema com recirculagio, t= 0,25 dias e Q. = 5 dias (ex: lodos ativados ‘convencional) Adotar ¥ = 0,6; Ki= Soluea 4) Sistema sem recireulagéio Pela Equagdo 6.18: Xo 6 x (300 — 15) me/t _ x= FSe= 9 _ 06% 800= 19) 8/1 _ 197 pg 1+Ke.t 14007d"x5a rincipios da remocito da matéria orgénica 135

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