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GUBRREIKU RAMUS | | ) ADMINISTRACAOE CONTEXTO BRASILEIRO S| ESBOCO DE.l MA TEORIA. GERAL DA ADMINISTRACAC 22 edigto eon | wR 13 nto de Documentagto wdacfo Getulio: Vargas ‘Rio de Janeiro, RI -— 1983 0s temas da teoria administraiva se encontram hoje em fase de intensa problematizagao. Estudos e pesquisas se verificaram, nos ultimos anos, em numero ¢ variedade apreciaveis, dos quais tém resultado avangos significati- ‘vos, Tomou-te, por isso, necessaria a reformulacdo de certos conceitos. Um ddeles énotadamente o de ago administrativa. Revelou-se agora que ela estava ral. definida, pois que att bem pouco tempo, vs que se ocuparam do assunt? ro dispunham dos esclarecimentos a que podemos recorrer hoje, gracas aos ‘progressos do que, nos Estados Unidos, se vem chamando de cincias do com- portamento, No definir-se aglo administrativa, em nossos dias, tem-se que le vvarem conta alguns aspectas do conhecimento, dentre os quais salientamos sumariamente os seguintes: 1, O entendimento de que 0 ambito das téenicas administrativas néo coincide ‘com o da sociedade global. O surto das chamadas ‘relagdes humanas”” no tra- balho despertou o interesse para problemas antes deseurados: 0s grupos infor- _mals, as motivagoes e atitudes dos individuos, alargando, assim, de modo po- sitivo, at fronteiras da teoria administrative. Mas esta mesma expansio susei- toustemores, quanto a0 perigo de que as téenicas cientificas pudessem legit- mar o-empoigamento pela organizagao de areas da existéncia. humana que, do pponto de vista ético, nao Ihe pertencem. O sucesso da obra de W. H. Whyte, The: Organization man,’ denote que quaisquer que sejam os méritos ou eméritos de semethantes criticas, € imprescindivel € valido © pressuposto de que os estatutos normativos do trabalho nto se podem confundir com os esta~ tutos normativos da vida humana em geral, embore uns outros se relacio- ~2. Acpercepoto de que eficiéncia ¢ produtividade sto fendmenos mais comple- xox do que supunha a teoria tradicional, passando-se hoje a considerartm-st em seus devidos termos de magnitude os problemas concernentes eo equilibria entre a personalidade © 2 organizaplo. A administraglo vem de tornar-se Sensivel'aaspectos do comportamento humano, como poder, alienagRo, entre outros, que-exigem reorientagto conceitual. Tal reorientacto ja pode ser per- eebida'em obras como Complex organizations, de Amitai Etzioni; New pat- ferns of management, de Rensis Likert; Integrating the individuel and the or- ‘ganization; de-Chris Argyris, que marcam a superagio da fase propriamente explorat6riaida dinamica de grupo, caracterizada, por exemplo, pelos trabs thos de-Ekton Mayo, Roethlisberger, Dickson e Kurt Lewin, ¢ 0 advento do ‘sistema participative de organizagio” (Likert)? portador de qualiticesdes metodlileaseconccaai qu o ding dot “stem atortrot” CL 36 & 3. Aconsciéncia de que necesshria conhecer de modo sistemétioo instutsie: do ambiente externo sobre as organizacdes. Esta influtucia é genericamentere- {evante. Cresee,porem, de interese quando se estudem problemas adminittra-~ tivos de reps socledades subdesenvolvides, ou em transiglo. No presente capitulo, no entanto, apenas trataremos da materis ems sentido gerd, como, de resto, assim procederam diversos autores, entre os quai, Philip Selmiek; ‘Thompson ¢ W. 1. McEven, Kenneth Boulding, Karl Deutsch. ‘Definir ago administrativa, tendo em visa esses reparos, & tarefa que, a seguir, procuraremos realizar. Recorreremos, como se verd, para vencer as d- fieuldades da materia, a Max Weber. Nto seria esta a primeira vex que; em teorla administrativa, revalorizam-se contrbuigbes do conhecida autor ale- mmo. £ de lembrar-se que 0 conceito weberiano de buroeracia era assunto:fa- rillar ao socblogos desde a déeada de 1920. Mas ait bem pouso tempo no se considerava o stu conbesimento ne cessirio 4 formagio do administrador. Quando mito, qualificava, perante Seuscolegas, 0 razo especialista que o postuia como alguém dotado de versati ‘dade navrneidad, O autor exereven, em 1946 primeira exposigto do pen: samento de Max Weber que se publicou muma revista de adiininu ayy 29 ‘Brasil, mas s6 nos dias atuai essa espésie de assunto comega a er, entre nbs, rmatésia ordindria dos compéndios de adminstragao ¢ do trina intelectual do administrador. ‘O conceito weberiano ganhou, atualmente, a categoria de verdadeiro mo- delo, a lado, por exemplo, do modelo de Mooney e Reiley e, na sua perspecti- va, slo levados a efeito levantamentos, pesquisas, indagagdes eanaliss,cujos {esultados servem para orentarconcretamente o trabalho de organizarto ead- mninistracio, ‘Acreditemos que idéntico destino poderto ter dois pares conceituais de origem weberiana. Trata-se de “racionalidade funcional-acionslidade subs- fancal" e “ttiea da cemponsabilidade-tticn do valor absoluto ov da conv glo". A nosso ver, ambos oF pares sAo conducentes a um satisfat6rio equa- tlonamentotebrico da aco administrative. 2.1 Racionalidade funcional eracionalidade substancial Distinguir entre racionalidade funcional eracionalidade substancial cons tii pass preliminar na pesquisa de uma definiedo clara de agko edministrat- va, Podembos esbocar o raciociio bésico dessa pesquisa com ajuda de Chiester Barnard. Diz ele: “Os individuos vinculados a qualquer sistema cooperative tém com ele uma relagdo dual — a relagdo funcional ou interna, que pode ser mais ou menot intermitente; ea relacdo individual ou externa, que ¢ continua, ‘do intermitente. No primeiro aspecto, algumas das atividades da pessoa sto neramente parte de um sistema no-pessoal de atlvidades; no segundo aspec- toro individuo & estranho (outside), isolado ou opasto ao sistema cooperati vou" Esse pensamento de Barnard, tomado conkecido em 1938, além: dt ot! tras conttibuigdes,justifice 0 aprego que se tem pela profunda intwictordo au tor, Muito do chamado movimento das “‘relagdes hurmanas”” perdewvalidade porque nfo atentou para os limites da agho administrativa que, em:1938; Bat bard tinba ja claramente delimitado, Por Isso mesmo, no convény deixar ca Jmplictos, hoje, certo aributos desta ago, B necessiro discos sstemati- camente, Em terms analveosedeseritvos, Barnard sublinhou que a reciona- Jidade da organizagdo no se confunde com a racionalidade em gerale, por is- so, afro: "Sera dt considerar st pestoas em seu aspeioindvidval, como enterns a qualquer sistema cooperativo. Neste aspect, as pessoas escolnem se entrario ou no num expecifieo sistema cooperativa. Esa escolha podera ser feta nabase de (I) intengBes,deseos, imipulsos do momento, e (2) alterntiv externa a9 individuo reconhecidas por ele como validas. 4 organinagao resul- sada modificagdo da agdo do individuo mediante controle destas categoria Ou sua influbncia sobre uma delas(o rifo & de Barnard). Controle deliberada- mente consciene expecilizado de tas categorias a essncia das funder exe- ctivas."* Bssas consideragdes de Barnard servem cabalmente come introd- so 20 pensamento cental deste cantulo. 'No primeiro tomo de sua obra, Economia e socedade, editado pel pri mira vez, em 1922, Max Weber procurou defini a agBo social. Apresentou, éntfo, os rudimentos do que hoje € 0 conceto sociolbgco de racionalidace ‘Weber distingue quatro tipos de a¢do social a racional no tocante aos fins, a xacional no tocante aos valores, a aietiva, a traciionel. A aro socal afctiva e 2 tradicional sto respectivamente determinadas por estados emotivos ou seni- mentaise porcostumes, endo nula ou eseassa # avaliag sstemdtica de as coneqhncias/A ago racional no tocantea valores €fortemente portadora de consciéniasstemitica de sua intencionalidade, visto que €ditada pelo mérito intrinseco do valor ou dos valores que inspram, bem como & indiferente 205, seus resultados. B conduta, por asim dizer, herica ou polémica, que testem- nha f€ ou crenga num valor tien, celigoso, esttic, ou de outta navureza, © sua racionaidade decorre apenas de que ¢ orientada por um crtério transcen- dente. & ago racional no tocante a fins ¢sstematica, consciente, caleulaéa, -afnit a imperative de adequar condlges e melon is dliberadamente de sidos:| Exe entendimento exposto por Weber € bésito. Torot possiel présiar ox alferentes matizes das palavras racionalidade e raconalizagio. Comple- mentando Weber, Kari Mannheim pOde qualificar ainda mais 0 conceito ¢ me- Thor ajstato as necessidades de compreensto da nossa época, Max Weber e&- ‘sreveu: ““Atua racionalmente com relaglo a fins quem orienta sua acto pelo fim, meios ¢ consequncias nela implicados ¢ confronta racionalmente os meios com os fins, 0s fins com as conseabéncis implcadas, ¢ os diferentes Fins possveis entee si. quem nfo atuar, pois, oem aetvainente (emotiva- mente em partcula) nem com reasto a tracgdo.” Reeneontra-s agul a duae Jidade a que se reportava Bamard em 1938, As eroydes¢ os costumes slo or- dinariaroente elements ‘rracionais que perurbam 9 rendimento ou tito da- quela-conduta, E também of valores, sezundo a intligtncia de outros textos \eberianos, Peresbeu Mannheim que este era um terreno em que se carecia de refinar ot sentidos de rcionalidade ede iracionalidade, Mannheim, par tan- {o,.tecoreu aos adjetivos “funcional” “‘substancial"#* Atos ou elementos $40 funcionalmente racionais quando, articuiadas ou relacionados com outros tot ouelementos, contibuem para ques loge alingir um objetivo predter- sninado.£, pois. em funeo do objetivo prestabelecido que se afee esse tipo de racionalidade. O assassinato de um vigia noturno, 0 arrombamento de um 38 ; cofre, os insirumentos paraiso utlizados, sfo atos ¢ elementos racionas, na perspectiva dos membros de uma gang que projetam assaltar um banco. Os tore elementos imprevistos, por exemplo, a reagio brava e hibil do vigia, ©0 disparo automético dosapareihos de alarma, stoiracionais, do ponto de vista dos assaltantes. Na racionalidade funcional nk se-aprecia propriamente & qualidade inttinseca das ag6es, mas 0 seu maiok ou menor concurso, numa série de outros, para atingir um fim preestabelecido; independenterente do conteddo que possam ter as acdes ! Diz-se que é substancialmente racional todo ato intrinsecamente iteligen- te, que se bascia num conhecimentolicido ¢ autBnomo de relagses entre fato. ‘Bum ato que atesta a transcendéneia do ser humano, sus qualidade'de criatura dotada de razdo. Aqui arazio, que preside ao ato, alo €-sua integracko po- itiva numa serie sistematice de outros atos, mas o seu téor mesmo de acurdcia intelectual. Esse & um ato de dominio de impulsos, sentimentos, emogbes pre- conecitos, ¢ de outros fatores que perturbam a vislo ¢ o'entendimentc:inteli- gente da realidade.|De ordindrio, 2 racionalidade substancial:€'estreitamente Telacionada com a preacupagto em resguardar a liberdade. {A ifracionalidade cal deriva de impulsos. exolosbes emotivas, superstigbes, quimeras © preconeeios e, assim, caracteriza o individuo intelectualmente inferior ou de- tradado. A natureza dessa icacionalidade se eselarece quando: se. conser, {que um ato inteligente pode ser funcionalmente ieracionat desde sue entre em chogue com uim objetivo predeterminado. A distingfo-entre‘os dois tipos.te racionalidade tem gnificativa importéncia para.a.andlise sociolpgica-Reven- temente, Erie Voegelin retomou com sucesso essa distine e a aplicow ne exa ime de problemas politicos e sociais de nossa-époea. Voegelin’ distinc entre: racionalidade pragmética e racionalidade notticg; a8 quais.corsespondemtos: | dois tipos de Weber © Mannheim. F procure: mostrar: quc:a:“tqualigade!ide. uma Sociedade pode ser afer 2 lz da rzto-notea. Esa, avalide tanto maior quanto mals arazio nottica assumic ovcartter de forea'ctiadarale cexercer influéncia sobre a vida humana. E,, segundo Yoegelity. nit tradigho clAsica do pensamento politico, sempre existiv-o-pressupostc: da "boa: socie- dade", definida precisamente como aquela em que #"‘vidarda'raido”™(Emien tido nodtico) constitui um ntcleo essential, ~ rye stneriger Manheim observa que aindustrializapao tem desenvolvige'afacidnalida-” de funcional, e admite Venha exercer efeito paralisadbr sobre" tapacidade mmédia de apreciardo ¢ entendimento, &Iuz de racionalidside-subsincia Nas" sociedades industriais, sto cada vez mais numerosas.as‘atividades esiruagtes fm que se impée a racionalidade funcional, Emttaiscondigtes, asobrevivencia do homem depende de sus capacidade de auto-racionalizagnodisto €; depende de que tela capaa de orgasizar.se mentalmente, de seu'altocontrole moral ¢ fisio, tendo em vista o exerccio de tarefas funcionalmente racionalizadas. O operirio de uma fabrica taylorizada, que exeeuta.0' seu: ttabalho segundo as instrugdes, 08 tempos e movimentos preestabeleidos, adotx uma-conduta au- to-racionalizada. O mesmo acontece com todos aquelés:que se'subordinam & ‘padrdes e normas constitutivas de uma carrera: O\fazer carrera implica auto- dominio, auto-racionalizapto da conduta de quein e pretende, que afeta sua ‘ida fora do trabalho e até a sua vide interior. Onde a divisto social do traba- Tho se encontra em avancado estadio, torna-se-predominante o principio da 39 “carceira”. Ezcaseeia nlimero daqueles que podem ganhar a vida, sem submeter-se ao principio de fazer carreira."® A vida & constante luta por pro- ‘mogées, melhoria, ascensOes, tendendo, assim, a ciminuir 0 contetido nto apenas de simpatia, emogdes ¢ sentimentos, que nas sociedades simples ainda presenta, mas de racionalidade substancial. Seria, portanto, infundada a ex- pectativa de que quanto mais se desenvolve, em nivel eenolégico, a sociedade, sais se eleva necessariamente a autoconsciéncia racional do homem, no senti- do em que Kant, fazendo-se porta-vor do ideal milenar do saber, consagrou em seu famoso irnperativo categérico: “‘Atua de maneira que a méxima de (ua vontade possa servir sempre como principio de uma legislagdo universal.” A racionalidade que a temologia e a industrializacto difundem, quando entre gues a um provesso cego, & a que submete o homem a crtérios funcionais, {tes.que substanciais, de entendimento e compreens&o. E nesta perspectiva que se fala hoje dos perigos da massifieacao e da robotizagao da conduta humane, ‘e que se indaga sob que condigges pode o saber tornar-se um modo de preser- vagao da liberdade, num mundo em que a tecnologia, incoercivelmente, terd aplicagio cada ves wai em sates os dominios da avistincia Observa ainda Mannheim que a industrializagso tem agravado o carkter concentracionario-de nossa epoca. Nao s6 restringe a relativamente poucos & propriedade dos meios de produgo, como concentra o poder de decidir € or- ganizar, excluindo dele a maioria dos individuos. Tal exclusto também impor- taem debilitamento da racionalidade substancial. A visdo inteligente dos fatos tanto mals penctrante quanto mais abrangiva e, assim, a divisfo do trabalho, seja na sociedade global, seja na organizagto, tenderé-a deteriorar os poderes racionais do‘homem, se 0 reduz a mero agente passivo do pader ¢ de decisOes. ‘©-poder toma-se condigdo- de conhecimento, notadaiente do conhecimento _historico-social. As consequéncias da associacto entre poder e conhecer no ‘podem ser apreciadas aqui. Mas constituem assunto de extraordindria impor- tineia, cujoestudo sistemético'€ arialtico esta destinado a contribuir para'o advento deum-novo tipo de saber na historia intelectual da humanidade. Em seu tratado Administrative organization, Pfitfner ¢ Sherwood discu- temaobra de Whyte, The Organization man, ¢ eta crcunstincia nfo pode dei- sar derefled uma preocupagdo séria, entre os especaliias em teoria adminis- tratva, pelos aspectos da racionalidade acima assinalados. Whyte focaliza o probleme do equilbrio entre o individuo e a organizagdo nos EUA, e aponta om pessimiemo tendéncia, em sua opinido, ameacadoras, porque prejudicias, 40 ser humano. Segundo Whyte,a organizagdo, ajudada pelascitncas sociis aplicadas eas tdenicas cientficas, est-se tomando onipotente, e ao procura- remesias a integra ¢ a harmonis ene o individuo e a organizagdo, perse- {uemvum objetivo falacioso e ut6pico. Um mundo espantoso seria aquele em «que essa harmonia se efetivasse. O projeto dessa hermonia resulta tributario ie uma ideclogia antchumanista, que Whyte chama de “ica social”, visto {que visa alegiimar as pressOes da sociedade edo grupo contro individuo, € a adestr-lo para 0 conformismo. Condenando a5 manipulases que servem pe ‘re ssegurara primazia do grapo e para omnar o individuo “grupo-pensante”"y ‘Whyte afirma.existir um conflito créaico entre o individuo e a organizag4o, constituindo dever do primeiro enfrenté-o ineligentemente.t 40: A obra de Whyte & demonstrativa dos efeitos da racionalidade funcional sobre a conduta, E uma vasta pesquisa, bem-sucedida selegdo de fatos, que ‘apontam com clareza © até dramaticidade, um problema efttivo. Mas Whyte ‘nao tem solugdo para o problema que descreve, e cuja efetividade, nos BUA, ‘deve set presumida, por forca da larga aceitacto que o livro mereseu do ‘pablico naquele pais. Qual o remédio para os males que Whiyte-descreve? Essa Dergunta € um desafio para os préprios administradores, para’a teoria admi- histrativa, Se Whyte acusa as Genicas cientificas de subservientes & “ética so- Gal", cumpre aos que as formulam nfo s6 responder & critica, como ainda, se ‘da tem alguma pertinéncia, pesquisar outras "‘téenicas" € procedimentos, no ‘campo mesmo da administrago, que, ressalvados os objetivos legitimos da or- panizacao, sirvam a0 individuo, resguardanco-o contra o primado heterand- rico do grupo, “Amitai Etzioni salienta-se entre 0s estudicsos de administrago por se ter preocupado com esse assunto, Em sua visto do que chama "‘organizacdes Complexas”, dé-se conta dos aspectos de comportamento humano, da questo do equilibrio entre os individuos e a organizacio. Seus temas principais ¢ a ma- aera de ‘9 inetem entre os que pesquisamn os alenuantes OU mes- mo 08 antidotes & onipottncia do grupo. Tais autores valorizam uma situse diante do trabalho, close da autonomia do invidivuo , ao mesmo tempo, ‘compativel com os padrGes minimos de integraso, requeridos cronicamente por toda situacdo administrativa, fundamentada numa espécie de dialética psi- Colbgica de desengajamento e afustamento, liberdade e consentimento, Preco- ‘nizam o ajustamento positivo do individuo ao trabalho, de modo a combinar fua produtividade como trabalhador, com sua independéncia como ser buma- NO, a racionalidade Funcional com a racionalidade substancial de seu compor- amento, a ética da responsabilidade com a ética do valor absoluto ou da con- viegto. ‘Mas o encaminhamento de solugdes para esta sorte de problemas carece {46 ri conceito redical de racionalidade, tal como o proposto pot Max Weber, f posteriormente desenvalvido por Karl Mannheim. Veremos, mais adiante, ‘como # impreciso 0 uso do termo, azé mesmo em textos subscritos por protis~ Sionais competentes como Dwight Waldo e Herbert Simon. Certa-confusto reinante ao que concerne & essEneia de “racionalizagao” ou da racionalidade fadministrativa se dissipa quando se uilizam devidamente os instrumentos con Ceituais weberianos, A. luz dos mesmos, verifiea-se, por exemplo, que as analises de Etzioni" e de Whyre sto verdadeiramente complementarss, desde {que sedelimitem, com clareza, as fronteiras da organizacSo. ® ingenuo — adverte Whyte — negar que estejam em confito 0 individuo b acrganizaglo, \"Tém que estar sempre —escreve Whyte —,€ 0 rego para ser tam individuo ter que defrontar-se com esses conifitos.""* © que se pede & ‘uma citncia das relagdes bumanas no trabalho € menos a impossivel ecradi- cagdo desses conflitos do que habilitar 0 individuo a transcend®-lo e a tomé-lo trlador, do ponto de vista de seu desenvolvimento, Pera utilizar um termo de Ezzionl, 0 envolvimento” positivo seria uma atitude que possiblita essa transcendéncia, Resolver um conflito, aqui, ésubsttut-lo por outro menos to5- ‘, menos penoso ao homem. A.jntegraglo do individuo na organiza¢Ro, em ies adiantadas de cultura social, tende a ser obtida mediante a deliberadaau- au tovaconalizaszo da conduta em at nivel de consi presto, ‘pe a'ttica da responsabilidade nee com Se 2.2 Problemas éiicos da.organizacto Importa, agora, focalizar o outro par conceitual de inspirago weberiana, io bo amit “dten da raponalidace dice do er telus 00 Cow un emote Weber aneau aime rcs eas Ft ate erat tA pega pes Pacman ‘eGuide able ea fa fesponsbilidade a segunda é traduzida em lingua inglesa por ‘‘ética do va~ rated” Param} o ders at (Gel eae eee tad acorn nang Sem nde eer on See tors delle tn, compere que tens as das re 38 lo ato de sods Co's asa anna ae mee sco sei sa en coundoe weenie, sity Sa toto Alsen Slog! dye oe rat eit nto cone apeeten Stee eae Prva, recon esas c uracil esa Irate apnoea ov soo fo igeees ‘ino ge Weber gue snesam econenonib Wena oremare cea con eagtos rs pat ale ox cae reves Simonse acl im tate far beds sgempeaie dou ing t primeira € sempre irracional, acentuando-sc tal cardter & medida que o valor tiramoetecvaldgneaio ds heats pone ieee eee Sit ott eto manor gun sr Sa cess coved ‘ar mons dow sev carts tno dione edo mess fom relasdo a ins é contudo, um caso limite.” (O°grifo & nosso — G.R.) A ations nto pce ates sasedcas deen Satin an dei ey gue gta ig ee Case {Plier econ a us Sarees So Notinn uods fae “att ciate aac Cs nr aneno linemen gustan tee fone decero, em rlagdes de tensto, Portanto, para fins de careza, julgamos ft sawn on gma ie ue tens ie oe 11-A.Atica da responsabilidade corresponde & ago racional-referida a fins..Seu 2 tério fundamental 4 a racionalidade funcional oti “‘pragmatica’* (Voegelin). ica do valor absoliato ou da convicgo esta implicita em toda ago referida 4 Yalores,Serit permitido indagar: aque tipo de tie se subordina 2 conduta EhSamen once piace seca as ecu Seman ete augu asin nes um lor ’Nio Poderd a propria racionalidade substancial ser incluida entre os sla Aa pepe rependotos soe: Ho, Ms nate coumarin ker eo es ss tenderness potas eee iad Octo conan ova franc acne rao abo ‘Slows ons, ane gun orem eee asic 9 foe ose. Be conser finc el neces Pre Meg ne ® | | er, nem Mannheim focalizaram sistematicamente o problema ético da racio~ nnalidade substancia]. : 2, As duas éiicas nfo ska necessariamente antagOnicas. No'tocante‘t.organi- ‘2agho, tebriea-e concretamente, pode-se admitir congruéneia.entre as duas ti- ‘cas, na proporglo em que as qualificagSes e a netureza do trabalho se coadi- nem com of valores dos individuos, As relagGes entre as duas¢ticas se expit team menos pela dialética da concradiglo do que mediante a dialética: da ambi. ‘saidade, tanto no dominio propriamente da organizacéo, como da sociedade global. 5. Consequlentemente, a nto ser em casos extraordinérios, nenhuum individuo ‘organiza a sua conduta sob a espécie exclusiva de nenhuma das duas éticas. Por isso, ebsoluta racionslizag2o com relagdo a valores é também wm caso Ii: mite. ( exercicio de qualquer cargo, fungio ou carreira requer a auto-taciona- IWzagdo da conduta de seu ocupante ou titular. O individuo esté orientado, em seucoraportamento, por Valores, isto &, por estimagbes e avaliagSes, das quis Gecorre a sua concepedo de mundo, e seu ideal de tealizaeio prépria esocial, © gue con ties de convieedo, A observancia minima dessaética, indispensivel pare a seguranca ¢ integridade interna do indivicuo, ocasionsi mente o toma polémico, envalvido ém situagdes conflitantes. Seria utbpico ‘admitir-se — como salienta Whyte — que houvesse a possibilidade de instalar- se harmonia perfeita entre os valores do individuo e os da organizaco. Nessi- tTuagbes administrativas ou organizacionais, o individuo se encontra.ordinaria- mente em tensto. Todavia, of graus ¢ contetido dessa tensto podem ser mais ‘ou menos deterlorantes, do ponto de vista humiano, conforme as qualificagses estruturals da organizacto. ‘Podemos ilustrar estas afirmativas recorrendo ao. conhecido estudo de Amitai Etzioni, A Comparative Analysis af Complex Organizations, O-autor ‘mostra a natureza das quelificagdes estruturals que tornam a orgenizaglo me ‘nos adversa a realizagto humana no trabalho. Refere-se, por exemplo, 20.con- Sentimento: (compliance). de tipo. coercitivo-alienativo,” certamente. equele _fie frustra o individuo em seus desejos e ideais. Mas o fato de que estas ques- bes vem sendo, ultimamente, postas sob a reflexo dovestudioso revela-orsur-— simento de um imperative de tornar, tanto quanto possivel, as organizagies fais ajustadas aos padres estruturais, considerados néo-elienativos, para tsar ainda, e:terminologia de Etzioni. A estruturagto do ‘‘consentimento” ‘com 0 oajetivo de tornt-lo menos alienativo, pode beneficiar-se de orien tagbes, diretrizes, métodos e processos, indicados pelos estudiosos de orgent- zapdo ede administragdo, preocupados com esta sorte de problemas humancs: ‘Mas nfo é Iieito supor que uma estruturacZo totalmente ndo alienativa do “consentimento” seja concretamente possivel. Assim, o problema: do ‘equilibrio entre o individuo e a organizacdo tem de ser equacionado também; Tevando-se-em conta a contribuigio dos dois tipos weberianos de ica. ‘Num mundo em que a fungio do emprestrio adquire crescente-contetido- social, nfo somente ele como os que dele dependem, isto &,.empregados © tra balhadores, esifo-compelidos & observancia da chamada ética da responsebill> dade. A promessa de que a cfncia viré um dia, mediante tkenicaside.relagde hhumanas e organizativas, assegurar o equilbrio perfeite entreo:homemesor- a Sorina deal osatee cgren sact a a aa cat ei ta eee ee ghsn cad picd Wicca ee reas fhe tain i a Se a inode apne. Ann sane as oro ae steerage tite tans adie crane Soom enacess omens nes gta tenet Attica da responsabilidade ¢ ingrediente de toda aco administrativa, Ro: i scotopic ot non aa rane tonto sige de sa cnc tn anee te pons weep’ Sclogas hres fas ita muna pte cnn ae omar x ee ea re atau a eee sw aes ts grz manag i 1 1 ii tnd in Mo cei en in. tncia sistemftica desta categoria. Ao ser elevada ao plano da sistematicidade ©, nesta qualidade, tomar-se incorporada a condu ‘mo, um ajustamento do trabalhador & sua tarefa, mais inteligente e human mente pesitivo. Desta mancira habilita-se quem a adota a procurar os termos sociais adequados & realizagdo.ou ao cumprimento.de sua ética de conviegto, ‘Bor iss0.mesmo que passa a contar, como fato bisico, a irredutibilidade do in- ividuo & organizagto, a tensto entre a racionalidade funcional desta titima € aracionslidade substancial a que todo ser humano tem nfo s6 direito, mas também o dever de aspirar por exigencia de acabamento de sua personalidade. propicia, por isso mes- 23 Testes iene organizagdo. q Claro que 0 advento desses dois tipos de ética no campo administrative: suscita. problemas que demiandam ulleriores indagagoes, algumas des quai, podemos apenas indicar esquematicamente, sob a forma de perguntas.~ ~~~ Sob, que condigSes globais da sociedade, varia o grau de tensdo entre as uas ércas? Nao ha diivica de que a tensto entre as duas étieas € condicionada pelo estado geral da sociedade global. Quando, por exemplo, as relagdes entre classes € grupos se radicalizam, a adesto responstvel dos empregados ¢ traba- Ihadores ds normas e aos fins das organizagies se restringe, tendendo a preva- lecer, no comportamento desses agentes, a tica da convicsdo. B que se po- deré-observar numa sociedade cujas bases politicas foram subvertidas, de mo- doviolento: um pals invadido por nazistas, por comunistas, ou cujo govern0 fol empolgado, em decorréncia de um golpe de Estado, por uma facpfo de {indole totalitiria. Em situagbes tais, que ferem concepgbes das classes e dos grupos, © comportamento administrative, notadamente dos assalariados, & fortemente afetado por conviccdes. A sabotagem ¢, ordinariamente, sob for- y ‘mas sutis ow-ostensivas, a expresso de inconformismo de essalariados com 0 estado geral-da sociedade globai, Coneluise, assim, que um minimo de con- senso-social énecesstriopara-que a tensto entre as duas éticas se mantenha ‘Rum grau'que-permita’ds organizagdes operarem segundo as expectativas nor- { ‘mais de produtividade:e eficicia: A relagio entre o comportamento adminis- } 40: trativo 0 consenso tem sid examinada, Fn seu iro, Amita Bizioiafoca Tan ates, portn, to vel as orgnizngdes. Mas em sciedade mraz Soto, comp atpalera,eeevente o endo desea relat no nivel da socieds- ested cua iat unforme ox vai segundo oe ae gl cea de Ean st roponte rpamecte fis de organist Mra ntngur os eerste eoneto,” est er eee lei dasosededes 00 teres a ee tise 8) parschesto na oa rN ee i tora fefoonane slgtongy, 0 ete a ae Na orcoarbes ce Bont cane nt aa a eae signet cocgiespliens,ovasdedey aa a lt nbao o pau se cota en todas esters, ae ee wmmraceonaso sequen ve tsete sot ojos ea a a ge neon As orunangbes wits Sea a ie Cigdiauos scents crtaizgee pron Se ta tempo de pu) requ © minine de coe ‘iittutnss cio et bormeoe, on dao Ste afeuoa oe eformancs et 3 ea acrid ‘Eapecosteenlcos (ne 6). As organizagoes coerctiva (campos de concentracEo, a on ea ede ptosis te fsa, anda a ream coved Ssateg aden ciao com ae eee omens ¢rqurio no oetie Pte: ctperforents, “ aa eae canto x vein em intesidadeviforme ne. ae ae oars. Shana oa pedis poder der ee € minima, nas organizagées normativas ¢ maxima nas organizagdes coercitivas. Hn eee eraghe ds cad une sta encore] com ae ee i sc ueniercuvo eo feu de ncpagiodasconve- aoe ai fel orgaeases, Pov tas sus ogurzaes See ae reac eign, ants pare set aera oe abe tai ores uae, em -regra, o§ individuos se encontram parcialmente ‘empenhados; pois x netureza: dda avidades ndo Ines permite integra plenamente seus prdpros valores no Se ae ey adie gue ebala mua ogeieagio HRS. ESGIED hae er meio no camp doves ot re estaneaene de orgungter nvr (27de- cot pn alan emp rn Pe at to ai dav” ous peruncs, comcibocer ne da éticada convieg4o. Orzack procurou demonstrar como certos trabalbos, aaa ora ec, Compara eurade aes com ve uta anal de Dubin, apenenta Orzack a in Shao qauro. ‘snl da apt adinsrativg, luz a dualdade “te dasesponsab Se cameron aeeios scutes dot Dale gus outa: Mean beens, on mur ds tur posine jue foodeam ab-reapbec cate iaccio © oyna. K fcuriia deta anise tem muito a ganhar e recorer'a6 abyndante material ~ ~ — 4s Cansenitiy 2% Quadro2 Distribuigao dos interesses centrais da vida (%) Eafe “iabaliadores profironal Tutiie (Orel) ‘Datin) “Tesbahodwork) » % Fora otetbalko(nonsnork) a 6 Sage: Gras 1H. Work 5 "al ip aes” of protien Son Prob SR, 1959 (apud Etzioni. op. cit. p. $3). * Se ‘pretend por Eig em. sua obra sobre leonseninento complied), E- ‘Zoni utiliza o consentimento como base para uma tipologia das organizagdes, ois, em todu, ela etd presents como elemento. Consentimento, para Eo 1, definese como "relagdo na qual um ator se conduz de aeordo tom uma dl retiva formulada por um agente de poder, ou como orientaglo de um ator su- bordinado no tocante ao poder aplicado”’. Para a determinagdo das diversas estratras de consenimento, Bion recore a tuna bara de conestos, tls ‘como ot de: poder eapacidade de um agente para induzr outro agente acum. Bri creas ou norms); envolvimento(oretiagdoavaatvaesubjeivamen- teconcetrada de um agente no tocante a um objeto earacerizaa em temo de intensidade ¢direeo}; allen (eavolvimento negativoy; compromise {envolvimento positive). Distingue trés tipos de poder: 0 coercitivo (que se exeree mediante aapicaglo ot ameaga de aplicacho de sangbesiscas) ore. ‘munerativo (que recorre a recursos ou retribuigdes materiais; pagamentos, salarios, comissOes, retribuighes em espécie); 0 normativo (baseado na alo- Cardo emanipulagt de rerbuigbes sinboliease desitugdes mediante 0 em. prego delideres, manipuagdo de mass medla, aplicagto de smbolos de ese © presi, adminstragso de ritual eintutcta sobre istibugta de ace {apie e"rspesta postive”), Distingve ainda tts zons de envolvitento que Formariam um continuum: 0 allenativo (que implice em osentagdo Intens mente negatva);¢ moral (ue implica em orientag postiva ce ula intensica- de); 0 calculativo (envolvimento intermediario que implica posic&o, ora nega- tiva, orapositiva, de baixa intensidade).!” ‘Com estas referncias tebricas, Etzioni procura determinar a tipologia das relag6es de consentimento. Quadro 3 Tipologia das relardes de consentimento Esptsesde poder Bepdcesdeenvolvnento Alienavo Cau Morat Conrivo 7 2 3 Remureatvo ‘ 5 é Norma 7 4 5 ‘Fonte: Esl. A Comparat enles of camper oranzatons. The Free Prew of Ginos, 46 Revela a antlise nove sipos ou estratures de consenmento} tas quai,: seis, dita incongrienes, so paricularmenterelevancésno-estudo-de mudaa gas, conflitos © tensées; ¢,.trés, ditas congruentes, se verificam habitualmentey Som mais freqdéncia, Essas itimas sto as comblnasBer representadas pelos tr, Se Bepor isso charam-se, respecivamente: coereiiva-lfenaivaGustn Plesmence coerctiva; remunereivacalulativa ou simplesmente- uti ‘normativa-moral ou simplesmente normativa, Be ‘A concepsto de Etzion contém inudivl elemento ico, Um pressupos to, nko explieto de modo titemtic, a orienta: o de que, na orden tee tirutura de consentimento que confers maior leptimidade ov postvidade & ‘organkzapdo, € a que lgra integra no trabalho os valores on as convicgbes dos ‘que o reaizam. Por io que as etrutures de consentimento fe excalonam em ‘graus diversos ¢ a mais positiva delas nunca se efetiva, de modo absoluto, em henhuma unidade socal, existe permanence tensto entre as duas tices, su, ceivel sempre de ser diminuida de intensdade, mas nunca totalmente elimina da, Daio conteddo altamente ideol6gco de toda conceprdo que, neglgenciaa- scfe admininerativn, orestuponha que a racionalida- de desta agdo coinida com « racionalidade dos valores © convig6es ¢ com & racionalidadesubstancial. Finalmente conver expressar mais uma trcira perguna:@ tensto entre as duns eicas pode varnr de intensidae segundo earacterisics ingulses das personadades? Fatos mumerosos demonstam que ceras personalidades, em determinadas situagbes,reveamseinapras, Ou, por assim dizer, refratirias 4 racionalidade funcional de orgnizardo, Sto casos limites. As chamadas pe Sonaldadescarismfticas, enquanto nao concrtizam os seus valores ou convic $e, on nfo of torna premissas de nove ordem de coisas, conduzems.inva- Favelmente de moo rebelée a todo staru quo, Bo sempre animadores de cis mas. Também os radicais de varias sortes, devem ser incluidds entre os re- Fratiros, em coaseqotncia deintensaedesto a uma éica do valor absaito. 0, miltante de paride comunista, de feigho clissica, por exemplo, freqhente mente €animado de host reerva mental contra o estatto normativo des of- ganiangdes de um pais capitalise, Por outros motivos mals flos6ficos ou tntticos do que potiecs, maltosindividuos recusam globalmmente o trabalho em moldes ordinarios, ¢ vivem 4 margem do mundo da organizasio, como 08 beciniks de Creenwich Vilage eos boémios de Montparnasse, Na Unido So- vittica de hoje, 0 caso Evtuchenko, para nfo falar no anterior caso Baser- nack, justifica se presumir ali a existéncia de circulos em dissidio com 0 estatu- to normativo da vigente organizagto cultural. No Brasil, muitos negros impor- tndos da Africa, acometidos pelo “banzo’’, tornavam-se desajustados ao tré batho, E, assim, o "banzo",provavelmente, pode sr considerado, em alguma medida, reflexo de rigido compromisso com uma concepedo de vida, em fron- {al confit com as novascondigées de trabalho & époea colonia no Bas. 2. Definigdo de ago administrativa B oportuno, agora, definir a apio administrativa. Tal agdo é modelidade de apo social, dotada de racionatldade funcional, e que supée estejara os seus, ‘agentes, enquanto a exercem, sob a vighncia predominante de ética da respon- sabilidade, " Alguns aspectos da definicao merecem ser destacados. Em primeiro lugar, pio € excessivo frisar que se trata de modalidade de aglo social, ou sela, aque. la que Max Weber chama de “‘racional com relagto a fins". Além disso, ¢ s0- Gal porque satisfaz o requisito por exceléncia de toda ago social, que, segun- do alias 0 proprio Weber, consiste no fato de ser orientada pelas apes de ou- tras. O-sentido desta agto nfo ¢ imanente, nfo se destina a ser apreendido pela sta contemplagto isolada, como um estado Intimo do sujeito. E um sentido re- lacionado, referido a circunstAncias, elementos ¢ condutas de terceiros. Evi- cdentemente varia o grau de consciéncia que o sujeito tem desse sentido. De or- dintrio, a agdo administrativa ¢ exereida de modo rotineio, sendo a conscitn- cia.de seu sentido maxima nos momentos criticos, ante a interferéncia de per- ‘turbagdes sobitas, ou diante do imperativo de reformas e reorganizagSes. Em segundo lugar, fica esclarecido na definiglo o caréter funcionalmente racional da ago administrativa, Esse ¢ o aspecto talvez mais digno de nota, centre todos, porque desfaz equivocos muito correntes entre os especialistas & entre certos criticos que acusam a organizaelo, sem fundamento. A razto da iva nfo # a razao entendida como faculdade humana trans- cendente. E simplesmente a eficicia, a operapto produtiva de uma combi- napio de recursos e meios, tendo em vista aleancar objetivos predeterminados, contingentes..De um lado, constitui temerario erro apresentar a racionalidade do mundo da organizagdo e das ages administrativas como se fosse congruen- te coma racionalidade substancial, pois isso desorienta 8 muitos, levando-o3 a uma inferiorizaggo que, nem sempre, se justifiea objetivamente, Uma organi- ago pode satisfazer As exigtncias habituais de racionalidade funcional e, no cnianto, ndo ser, globalmente, satisfat6ria, & luz de erttrios racionais trans- cendentes. Mas, de outro lado, erro também & pedir & organizaclo que seja 0 que jamais, por constituicio; poderia ser; uma unidade social em que se'reali- 2aiperfeita harmonia entre o individuo e as condigées de trabalho. Aqui se tra- ‘ade uma questo de medida. A organizago ¢ a acto administratiya tendem, ‘com o-progresso histérico-social, a procurar como objetivo limite, conti eficigncia com a racionalidade substancial. cies wees Decorre dessas observagdies uma terecira. A organizago tem um evhas es- pecfico, diverso do ethos da vida humana em geral.E claro que aquele assimi- lacdeste:muitos aspectos. Mas nfo ¢ fortuito o fato de que geralmente se aceite a normalidade da distingao entre um ambito privado e um ambito profissional na existéncia dos que traballiam: No ambito privado admitem-se e até estimu- Jam-se franquias, singularidades, atos de liberdade, que manifestam os valores ‘econvicedes das personalidades. No mundo da organizagdo, eseas tolerdncias sto bastante limitadas e, além de certa escala, desintegradoras. Em outras pa lavras, a ética da organizagdo & a ética da responsabilidade, embora ela nunca cionam a administrapto. Alsrgaram a base de seu estudo para incluir muita ay : formagho que antigamente era ot irelevante ou ignorada. O objetiva'da ta" 474% Gonaidade ro ft sbandonado. Ants flcolocado em nove pespeive pea ralograr a racionalidade é necessério respeto pela ampla érea do ndowriciohaly 2 2851 € muito comhecimento deste. Parcialmente, esta nova perspectiva- & apenas” mas sriaobservancia ds mAxima de Bacon: ‘para comandar ¢natutesa, deve se obedectla." ste ftores nfovracionas nto devem ser entendides comorne: cessariamente contriros as finalidades da organizapto formal, mas antes’ pa- radotalmente, como fendrmenos que, propriamente compreendidos, poder ruitas vats ser iigidos para &relizag dos fins da organizagao. les 689: Fecursos come também riscor.. Fsses eminciados confirmam os nosso temores. A falta de uma cotce: tuaclo difeencal da racionalidade cond w uma indbita compenctrapo dos- cto ndo-racional. Na verdade, ele sugere que, do lado de fora da adminis tragto, nfo existe racionalidade, reina a nfo-racionalidade. # por isso, preco- niza o reconhecimento dos fatores n4o-racionais que “‘envolvem” a adminis trapdo, para submeté-los a racionalidade desta, magnificada assim como:tn~ trinsecamente excelente. As téenicas organizativas, inspiradas em concepcbes como as de Waldo, € que, pertinentemente, se aplica acritica de Whyte: Maso estudo cientifico da administragao nada tem a ver com a ideologia do homem-, "~~ “organizapao. Distingue os espagos existenciais humanos. Distingue os tipos de” racionalidade. Define a racionalidade da organizaco como sendo especifcs ‘mente de carter funcional. Nio magnifica & racionalidade funcional da org nizaglo, mas a relativiza, Reconhece existencia de racionalidade no ambiente externo a organizacio. 28 Modelos de racionalidade administrative segundo Pflffner Indicapbes existem de criadora intatisfarto quanto aos conceitos de ago administrativa habitualmente em curso. Indagagbes e pesquisas veri send Fel- ‘tas ultimamente com o proptsito de definir a natureza dessa ago. E significa tivo que a resultados ou conclusbes idénticos tfm chegado simultaneamente s- ‘tudiosos do assunto, notadamente quanto limitada vigencia da racionalidade funcional e ao reconhecimento de que, no comportamento administrativo, it- idem fatores ¢ influtncias, antes sistematicamente postos de lado como espirios, mas hoje em dia altamente valorizados pelos analistas. Estimulante artigo” de John M. Pfiffner confirma essas observagbes. Pfiffner reporta, em primeira mao, os resultados a que chegou Nicolaidis, em seu estudo sobre 332 decisdes administrativas, ¢ acentua a conformidade de suas descobertas com ‘outras, resultantes de estudos que independentemente realizaram Charles E. Lindblom e William J. Gore, &semelhanca do que jf tem ocorrido em épocas anteriores. Importa assinalar essa simultaneidade de conclusbes a que chegar pesquisadores independentes, porque ela denota que o estigio de desenvolvi- ‘mento do saber impde, em certos momentos, mudangas sistemAtiens, que no sto fortuitas ow decorrentes de meros atributos mentals, singulares, deste ou! daqueleciemtista. sa Redefinir anatureza da agdo administrativa, precisar a area de sua vigin- cia no espago existencial humano, e aferit a importéncia que, no seu condicio. ‘namento, ttm fatores antes descurados, constiniem temas de alta priovidade a atual teoria administrativa. Ineorporanda certos avangos do conhecimento ‘em nossos dias, Pfiffner amplia 0 spectrum de fatos com os quais se relaciona © comportamento administrativo, entre eles, a politica, o poder, a dindmica de ‘rupo, a personalidade, além de outros, relativos & ciéncia social. Referindo-se ropriamente, ao processo de decisao, observou que ele & “circular e multidi mensional’, verdadira ‘consielagdo ou geldxia de numerosas decisdes indivi duais”, implicando “‘um continuum de modelos, que varia da racionslidade léssica, em um polo, até a extrema intuigdo, no outro”. E concorda com Ni

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