Crimes Hediondos - Definição Dos Crimes de Tortura - Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça Ou Cor - Crime Organizado PDF

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CONCURSOS (J Estratégia Aula 03 Legislagéo Penal Extravagante p/ PC-DF (Agente) Com Videoaulas - 2019 Mi 1-Consideragées Iniciais .. 2 - Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/90).... 2.1 - Disposigées Gerais.... GRNN 2.2 - Crimes hediondos... 2.3 - Crimes equiparados a hediondos 2.4 - Progresstio de regime. 2.5 - Pristio temporaria... 2.6 - Associagao criminosa... 3 - Crimes de Tortura (Lei n® 9.455/1997).. 4- Crimes resultantes de Preconceito de Raca ou de Cor (Lei n. 7.716/89)... 5 - Crime Organizado (Lei n. 12.850/13)... 6 - Resumo da Aula.. 7 - Jurisprudéncia pertinente... 8 - Legislagio aplicavel... 9 - Questées. 9.1 - Questdes Comentadas... 9.2 - Lista de Questées .. 9,3 - Gabarito .. 10 - Consideragées Fi WIL oN 1oya7 Noel w NCAT 04, caro amigo! Hoje continuaremos nosso curso estudando mais quatro leis importantes para a sua prova! Vamos lal? Bons estudos! 2 - CRIMES HEDIONDOS (LEI N. 8.072/90) 2.1 - DisposicOEs GERAIS Um crime é qualificado como hediondo porque é considerado muito grave, repugnante, aviltante. O legislador entendeu que esses crimes merecem uma maior reprovagdo por parte do Estado. Os crimes hediondos esto no topo da pirdmide da desvaloracao axioldgica criminal. Sao os crimes que causam maior aversdo e repulsa. A Constitui¢do da Republica menciona os crimes hediondos no art. 5°, XLII XLII - a lei considerard crimes inafiancaveis e insuscetiveis de graca ou anistia a pratica da tortura, 0 tréfico ilicito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitd- os, se omitirem; Os crimes de tortura, de tréfico ilicito de drogas e de terrorismo sao mencionados especificamente pela Constituigao. Esses s%io considerados crimes equiparados a hediondos. Axiologicamente, néo ha nenhuma diferenca entre eles, mas Lei n. 8.072/1990, bem como a prépria Constituigao, mencionam esses crimes separadamente, de forma que nao fazem parte do conjunto dos crimes hediondos, apesar de terem muitas vezes o mesmo tratamento e de também serem mencionados pela lei. es hediondos e os crimes equiparados a hediondos sao inafiangaveis e insuscetiveis de graca ia. A Lei dos Crimes Hediondos menciona ainda, em seu art. 22, a impossibilidade de concessio de indulto: Art. 2° Os crimes hediondos, a prdtica da tortura, o tréfico ilicito de entorpecentes e drogas afins e 0 terrorismo sao insuscetiveis de: 1- anistia, graca e indulto; I- fianga. Agraca, 0 indulto e a anistia séo formas de extin¢do da punibilidade. Anistia é 0 ato do Poder Legislativo por meio do qual se extinguem as consequéncias de um fato que em tese seria punivel e, como resultado, qualquer processo sobre ele. E uma medida ordinariamente adotada para pacificacao dos espiritos aps motins ou revolugées. A graca, diferentemente, é concedida a pessoa determinada, enquanto o indulto tem cardter coletivo, Ambos, porém, somente podem ser concedidos por ato do Presidente da Republica, sendo possivel a delegagio dessa competéncia a Ministro de Estado, ao Advogado-Geral da Unido ou ao Procurador-Geral da Republica. A redacao original do inciso II do art. 22 vedava também a concessao de liberdade proviséria nos casos de crimes hediondos e equiparados. Vocé pode notar, entretanto, que a Constituico nao fez qualquer mengo a restrigio da liberdade do acusado por tais crimes. Pelo contrario, o teor do art. 5°, LXVI, é no sentido de que “ninguém deve ser levado a prisdo ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisdria, com ou sem fianca”. Foi por essa razo que o dispositivo foi alterado em 2007, e hoje os crimes hediondos e equiparados so inafiancdveis, mas 0 acusado apenas pode ter sua liberdade restringida cautelarmente quando houver decisao judicial fundamentada, e apenas nos casos previstos em lei (art. 312 do CPP). Mas quais so os crimes hediondos? A lei traz o rol taxativo dos crimes hediondos em seu art. 1°. Isso significa que TODOS os crimes hediondos sao os que constam no art. 1°. Para que um novo crime seja considerado hediondo, ele precisaré ser incluido nesta lista O sistema adotado no brasil é 0 do etiquetamento ou rotulacao, também chamado de sistema legal. Sistema legal: etiquetamento ou rotulacao (adotado); Sistema judicial: juiz declara a hediondez diante do caso em concreto; Sistema misto: parte de um rol legal que é flexivel ao caso concreto; Podemos dizer que, por mais cruel ou vil que pareca um crime, ndo pode a autoridade policial ou a autoridade judiciéria considerar hediondo um crime que no conste na lista Art. 12 So considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n° 2.848, de 7-de dezembro de 1940 - Cédigo Penal, consumados ou tentados: I- homicidio (art. 121), quando praticado em atividade tipica de grupo de exterminio, ainda que cometido por um s6 agente, e homicidio qualificado (art. 121, § 2%, incisos I, IT, III, IV, V, Ve vi); I-A - lesdo corporal dolosa de natureza gravissima (art. 129, § 2°) e leso corporal seguida de morte (art. 129, § 3°), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituicao Federal, integrantes do sistema prisional e da Forca Nacional de Seguranca Publica, no exercicio da funcéo ou em decorréncia dela, ou contra seu cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau, em raz30 dessa condica0; II - latrocinio (art. 157, § 3%, in fine); HI - extorsdo qualificada pela morte (art. 158, § 2%); IV - extorsdo mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ P, 2 e 32); V - estupro (art. 213, caput e §§ 1° e 2%); VI - estupro de vulnerdvel (art. 217-A, caput e §§ 1°, 2, 2 e 4 VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 12). VII-A - (VETADO) VII-B - falsificagéo, corrupcao, adulteragéo ou alteracdo de produto destinado a fins terapéuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1%, § 1°-A e § 12-B, com a redacao dada pela Lei n? 9.677, de 2 de julho de 1998). VIII - favorecimento da prostituicéo ou de outra forma de exploracSo sexual de crianca ou adolescente ou de vulneravel (art. 218-8, caput, e §§ 1° e 2°). Paragrafo tinico. Consideram-se também hediondos o crime de genocidio previsto nos arts. 1°, 2° e 3° da Lei n? 2.889, de 1° de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei n® 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. Antes da alteragao sofrida pelos incisos V e VI em 2009, havia uma grande discusséo doutrinaria acerca da inclusdo ou nao do estupro (e atentado violento ao pudor) em suas formas qualificadas no rol dos crimes hediondos, pois os dispositivos mencionados apenas tratavam do caput dos artigos correspondentes do Cédigo Penal. Hoje vocé pode notar que os dispositivos tratam do caput e dos pardgrafos do art. 213. CRIMES HEDIONDOS CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS Homicidio por grupo de exterminio, e homicidio qualificado lesdo corporal dolosa de natureza gravissima e les&o corporal seguida de morte, quando praticadas contra autoridade ou agente das Tortura Forcas Armadas e policias. Extorsdo qualificada pela morte Extorsdo mediante sequestro e na forma qualificada Estupro simples e de vulneravel Drsiconde! Drogas Epidemia com resultado morte Ss ‘- Falsificacao, corrup¢ao, adulteracao ou alteragdo de produto destinado a fins terapéuticos ou medicinais Favorecimento da prostitui¢ao ou de outra Terrorismo forma de exploracao sexual de crianga ou adolescente ou de vulneravel. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito Boa parte das questdes de prova acerca dos crimes hediondos pode ser respondida apenas com base nos tipos penais assim considerados, mas ainda assim estudaremos em detalhes cada um dos crimes considerados hediondos e equiparados, de forma que vocé estaré plenamente preparado para acertar qualquer questo a respeito do tema. 2.2 - CRIMES HEDIONDOS 2.2.1 - Homicidio © homicidio simples (art. 121 do Cédigo Penal), em regra, nao é considerado crime hediondo. Para que um homicidio seja hediondo, é necessério que seja qualificado, encontrando previsio no §2° do art. 121. Homicidio qualificado § 2° Se 0 homicidio é cometido: I- mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; IZ - por motivo fstil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - 4 traigao, de emboscada, ou mediante dissimulagao ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execuco, a ocultaco, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusdo, de doze a trinta anos. Feminicidio VI - contra a mulher por razBes da condicdo de sexo feminino: VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituicao Federal, integrantes do sistema prisional e da Forca Nacional de Seguranca Publica, no exercicio da fungéo ou em decorréncia dela, ou contra seu cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau, em razo dessa condigao: Pena - reclusao, de doze a trinta anos. Uma novidade criada em 2015 é a qualificadora do feminicidio. Neste caso o crime é qualificado por ter sido cometido contra vitima mulher, por razdes da condi¢o de sexo feminino. 0 préprio Cédigo Penal considera que hd essa motivacdo nos seguintes casos: a) violéncia doméstica e familiar; b) menosprezo ou discriminagao condigao de mulher. Outra qualificadora incluida em 2015 no Codigo Penal é a que diz respeito ao homicidio cometido contra agentes de seguranca. Sobre isso vocé precisa ter aten¢ao aos seguintes detalhes a) O crime deve ser cometido contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituico Federal, ou seja, integrantes das For¢as Armadas, das Forcas de Seguranca Publica (policias e bombeiros), guardas municipais (encontram previsdo no §8° do art. 144 da Constituicao), bem como agentes de transito (previstos no §10 do art. 144). A qualificadora alcanga também os integrantes do sistema prisional e da Forca Nacional de Seguranca Publica; b) Avitima precisa estar no exercicio da fun¢o, ou o crime precisa guardar relacao com a fungao por ele exercida. A condi¢ao nao se estende, em regra, a agentes aposentados. Mas, se mesmo aposentado, foi vitima de crime em decorréncia da sua funcdo que exercia anteriormente, temos a qualificadora. ¢) Avitima também pode ser cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau do agente, desde que o crime tenha relacdo com a funcdo por ele exercida. Vocé sabe o que é um crime privilegiado? £ uma modalidade considerada mais branda de um crime, e que por isso tem sua pena reduzida. Na realidade, podemos dizer que um crime privilegiado é 0 contrério de um crime qualificado. O homicidio também tem uma figura privilegiada, prevista no §1° do art. 121 do Cédigo Penal. §1° Se 0 agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ov sob 0 dominio de violenta emogSo, logo em seguida a injusta provocacao da vitima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terco). O homicidio privilegiado, portanto, ocorre em algumas situagdes nas quais a atitude do agente é um pouco mais “compreensivel”, e por isso sua pena deve ser abrandada. Pois bem, perceba que, a0 menos em tese, é possivel que um homicidio seja considerado privilegiado e qualificado a0 mesmo tempo. A doutrina e a jurisprudéncia reconhecem essa possibilidade, mas para nés fica a duivida: 0 homicidio privilegiado-qualificado seré considerado hediondo? A resposta é NAO, nos termos da jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justica. P HABEAS CORPUS. HOMICIDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO. TENTATIVA. CRIMENAO | ELENCADO COMO HEDIONDO. REGIME PRISIONAL. ADEQUACAO. POSSIBILIDADE DE PROGRESSAO. 1. © homicidio qualificado-privilegiado n&o figura no rol dos crimes hediondos. | Precedentes do ST3. | 2. Afastada a incidéncia da Lei n.° 8.072/90, 0 regime prisional deve ser fixado nos termos do | disposto no art, 33, § 3°, c.c. 0 art. 59, ambos do Cédigo Penal 3. In casu, a pena aplicada ao réu foi de sels anos, dois meses e vinte dias de reclusdo, e as | instancias ordindrias consideraram as circunstdncias judicias favordveis ao réu. Logo, deve sere | stabelecido o regime prisional intermediario, consoante dispde aalinea b, do § 2°, do art. 33 do | Cédigo Penal. | | 4. Ordem concedida para, afastada a hediondez do crime em tela, fixar 0 regime inicial semi-aberto | | para o cumprimento da pena infligida ao ora Paciente, garantindo-se-Ihe a progressao, nas | | condicdes estabelecidas em lei, a serem oportunamente aferidas pelo Juizo das Execucées Penais. | HC 41579-SP. Rel. Min. Laurita Vaz. Para concluirmos 0 estudo do homicidio, devemos ainda mencionar uma hipétese em que o homicidio simples sera considerado hediondo: estamos falando do homicidio praticado em atividade tipica de grupo de exterminio, ainda que cometido por um sé agente. Existe muita discuss3o acerca do que seria o grupo de exterminio aqui mencionado pelo legislador. Para que a atividade seja considerada tipica de grupo de exterminio, basta que a pratica do homicidio seja caracterizada pela impessoalidade na escolha da vitima. O agente resolve, por exemplo, eliminar pessoas que correspondam a determinado esterestipo, como, por exemplo, negros, travestis, prostitutas, ladrdes, policiais e menores de idade. Trago ainda a definicdo do professor Cézar Roberto Bittencourt!. Atividade tipica de grupo de exterminio ¢ a chacina que elimina a vitima pelo simples fato de pertencer a determinado grupo ou determinada classe social ou racial, como, por exemplo, | mendigos prostitutas, homossexuais, presididrios, etc. A impessoalidade da acio (...) é uma das caracteristicas fundamentais, sendo irrelevante a unidade ou pluralidade de vitimas. Caracteriza- se a aco de exterminio mesmo que seja morta uma tinica pessoa, desde que se apresente a impessoalidade da aco, ou seja, pela razdo exclusiva de pertencer ou ser membro de determinado [ gtupo social, ético, econdmico, étnico, etc. 1 Bittencourt, Cézar Roberto. Tratado de direito penal. 11 ed. Sao Paulo: Saraiva, 2011, v. 2, p. 68. Outro ponto que merece ser mencionado é que, para que o crime seja considerado hediondo, basta que seja cometido em atividade tipica de grupo de exterminio, ndo havendo a necessidade de existir efetivamente um grupo montado para cometer esses homicidios de forma reiterada Caso realmente haja a formagdo de um grupo, além de o homicidio ser hediondo, seré aplicada a causa de aumento prevista no art. 121, §6° do Cédigo Penal. § 6° A pena é aumentada de 1/3 (um terco) até a metade se o crime for praticado por milicia privada, sob 0 pretexto de prestagéo de servico de seguranca, ou por grupo de exterminio. 2.2.2 - Latrocinio O latrocinio é 0 roubo com resultado morte. Nao se trata de um homicidio, pois a intencao do agente era praticar 0 roubo, mas da violencia aplicada resultou a morte da vitima. Roubo Art, 157 - Subtrair coisa mével alhela, para si ou para outrem, mediante grave ameaca ou violéncia 2 pessoa, ou depois de havé-la, por qualquer meio, reduzido 4 impossibilidade de resisténcia: Pena - reclusdo, de quatro a dez anos, e multa. Ce] § 3° Se da violéncia resulta lesdo corporal grave, a pena & de reclusdo, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a recluséo € de vinte a trinta anos, sem prejuizo da multa. 2.2.3 - Extorsio Aqui temos a extorséo com resultado morte, que segue a mesma ldgica do latrocinio. Sera considerado hediondo o crime de extorsdo que tiver como resultado a morte da vitima. Extorséo Art. 158 - Constranger alguém, mediante violéncia ou grave ameaca, e com 0 intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econémica, a fazer, tolerar que se faca ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusdo, de quatro a dez anos, e multa. Led § 2° - Aplica-se 4 extorsao praticada mediante violéncia o disposto no § 3° do artigo anterior. 2.2.4 - Extorsio mediante sequestro Aqui temos um outro tipo penal, diferente da extorsao, e o crime seré considerado he prati 22 ndo quando icado na forma qualificada. Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condicao ou prego do resgate: Pena - reclusdo, de oito a quinze anos. § 1° Se 0 sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se 0 sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se 0 crime & cometido por bando ou quadrilha. Pena - reclusdo, de doze a vinte anos. § 2° - Se do fato resulta les0 corporal de natureza grave: Pena - reclusdo, de dezesseis a vinte e quatro anos. § 3° - Se resulta a morte: Pena - reclusdo, de vinte e quatro a trinta anos. 5 - Estupro Hoje qualquer modalidade do crime de estupro é considerada crime hediondo, na forma simples ou qual 2.2. lificada. Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violéncia ou grave ameaga, a ter conjuncao carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusdo, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1° Se da conduta resulta leso corporal de natureza grave ou se a vitima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusdo, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2° Se da conduta resulta morte: Pena - reclusdo, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos 6 - Estupro de vulneravel O estupro de vulneravel é um tipo penal especifico, no qual se presume que nao ha consentimento parte da vitima, jd que ela é jovem demais para decidir se quer ou no manter relagdes sexuais o agente. por com Estupro de vulnerdvel Art. 217-A. Ter conjuncao carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusdo, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1° Incorre na mesma pena quem pratica as ac6es descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiéncia mental, néo tem o necessdrio discernimento para a pratica do ato, ou que, por qualquer outra causa, nao pode oferecer resisténcia. § 2° (VETADO) § 3° Se da conduta resulta lesdo corporal de natureza grave: Pena - reclusao, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4 Se da conduta resulta morte: Pena - recluséo, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 2.2.7 - Epidemia Este crime serd considerado hediondo quando resultar na morte da vitima. Epidemia Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagacao de germes patogénicos: Pena - reclusao, de dez a quinze anos. «| §1°- Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. De tempos em tempos ressurge a discussao acerca da transmissio dolosa do virus HIV. Hoje essa conduta no é considerada como crime hediondo, mas ha projeto de lei tramitando no Congreso Nacional para incluir essa conduta no rol da Lei n. 8.072/1990. importante salientar ainda que o crime culposo de epidemia (art. 267, §2°) nado é considerado hediondo, ainda que provoque a morte de alguém. 2.2.8 - Falsificagao, corrup¢i0, adulterac3o ou alterac3o de produto destinado a fins terapéuticos ou medicinais Este crime estd tipificado no art. 273 do Cédigo Penal. Nao é um crime muito comentado, mas a conduta pode ser lesiva a um numero indeterminado de pessoas. Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapéuticos ou medicinais: Pena - reclusdo, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. § 1° - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expe 3 venda, tem em depésito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. aie § 1°-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias- Primas, os insumos farmacéuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnéstico. § 1°-B - Est sujeito 4s penas deste artigo quem pratica as acées previstas no § 1° em relagéo a Produtos em qualquer das seguintes condicées: I- sem registro, quando exigivel, no 6raéo de vigilancia sanitdria competente; II - em desacordo com a formula constante do registro previsto no inciso anterior; HII - sem as caracteristicas de identidade e qualidade admitidas para a sua comercializacéo; IV - com redugdo de seu valor terapéutico ou de sua atividade; V - de procedéncia ignorada; VI - adquiridos de estabelecimento sem licenca da autoridade sanitéria competente. Em 1998 houve ainda a tentativa de incluir no rol dos crimes hediondos o crime do art. 272 do Cédigo Penal, mas 0 dispositivo foi vetado pelo Presidente da Repiiblica por contrariar o interesse puiblico. Vale ainda mencionar o crime de falsificaco culposa de medicamento (art. 273, §2°) ndo é considerado hediondo, seja ele simples ou qualificado. 2.2.9 - Genocidio Este crime esta tipificado na Lei n. 2.889/1956. Art. 1° Quem, com a intencao de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesdo grave 4 integridade fisica ou mental de membros do grupo; ©) submeter intencionalmente 0 grupo a condicées de existéncia capazes de ocasionar-Ihe a destruicao fisica total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferéncia forcada de criancas do grupo para outro grupo; Lud Art. 2° Associarem-se mais de 3 (trés) pessoas para pratica dos crimes mencionados no artigo anterior: Art. 3° Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 12: ‘ie 2.2. 10 - Favorecimento da prostitui¢o ou de outra forma de exploracao sexual de crianca ou adolescente ou de vulneravel Este crime esta tipificado no art. 218-B do Cédigo Penal. Favorecimento da prostituicdo ou de outra forma de exploracao sexual de crianga ou adolescente ou de vulneravel. wR. Este: Art. 218-B, Submeter, induzir ou atrair & prostitui¢éo ou outra forma de exploracao sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiéncia mental, nao tem 0 necessério discernimento para a pratica do ato, facilité-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusdo, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1° Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econémica, aplica-se também multa. § 2° Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjungao carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) ‘maior de 14 (catorze) anos na situacao descrita no caput deste artigo; II - 0 proprietério, o gerente ou o responsdvel pelo local em que se verifiquem as praticas referidas no caput deste artigo. 11 - Leso corporal dolosa gravissima e lesdo corporal seguida de morte s crimes esto tipificados no Codigo Penal. Leséo corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a satide de outrem: Pena - detengao, de trés meses a um ano. JF § 2° Se resulta: I- Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurével; III perda ou inutilizacéo do membro, sentido ou funcéo; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusao, de dois a oito anos. Leséo corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstancias evidenciam que 0 agente nao quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusao, de quatro a doze anos. on Pois bem, esses crimes serao considerados hediondos quando forem cometidos contra agentes de seguranca. Aqui valem os mesmos comentarios referentes ao homicidio cometido contra esses agentes: a) O crime deve ser cometido contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituicio Federal, ou seja, integrantes das Forgas Armadas, das Forcas de Seguranca Publica (policias e bombeiros), guardas municipais (encontram previsdo no §8° do art. 144 da Constituicio), bem como agentes de transito (previstos no §10 do art. 144). A qualificadora alcanga também os integrantes do sistema prisional e da Forca Nacional de Seguranca Publica; b) Avitima precisa estar no exercicio da fungo, ou o crime precisa guardar relacdo com a fungao por ele exercida. A condigo nao se estende, portanto, a agentes aposentados; ©) Avitima também pode ser cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau do agente, desde que o crime tenha relagdo com a funcao por ele exercida. 2.2.12 - Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito A Lei n, 13.497/2017 incluiu na lista dos crimes hediondos o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, tipificado pelo art. 16 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento): Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depésito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessério ou municgo de uso proibido ou restrito, sem autorizagéo e em desacordo com determinacao legal ou regulamentar: Pena - reclusdo, de 3 (trés) a 6 (seis) anos, e multa. Pardgrafo dnico, Nas mesmas penas incorre quem: I~ suprimir ou alterar marca, numeracao ou qualquer sinal de identificagao de arma de fogo ou artefato; I - modificar as caracteristicas de arma de fogo, de forma a tornd-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; HII - possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiério, sem autorizacéo ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar; IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numerag3o, marca ou qualquer outro sinal de identificacao raspado, suprimido ou adulterado; V - vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessério, muni¢éo ou explosivo a crianga ou adolescente; VI ~ produzir, recarregar ou reciclar, sem autorizagao legal, ou adulterar, de qualquer forma, municao ou explosive. Lembro a vocé de dois aspectos importantes aqui: 0 primeiro deles é que a alteracdo da Lei dos Crimes Hediondos no importa em alteracdo do Estatuto do Desarmamento. O crime jé estava previsto no Estatuto, e continua ld, nao tendo sofrido qualquer alteracdo. ‘om Em segundo lugar, lembre-se de que arma de fogo de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forgas Armadas e Forgas de Seguranca Publica, e que precisa ser registrada no Comando do Exército por meio do Sigma. Além disso, devemos mencionar que nao apenas a conduta do caput do art. 16 se tornou crime hediondo, mas também as condutas equiparadas, que contam no paragrafo unico. 2.3 - CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS Os crimes equiparados a hediondos so tratados por leis especificas, que precisam ser estudadas com calma: a) Lei n. 11.343/2006 (Trafico de Drogas); b) Lei n. 9.455/1997 (Tortura); e ¢) Lei n. 13.260/2016 (Terrorismo). Quero apenas fazer um comentario em relacao a Lei de Drogas. Essa lei tipifica diversas condutas, e por isso sao frequentes as discussdes acerca de quais desses crimes sao considerados equiparados a hediondos. Em principio esses serao os tipos principais, previstos no art. 33 e no art. 36 da Lei n. 11.343/2006 Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor 8 venda, oferecer, ter em depésito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorizacdo ou em desacordo com determinaco legal ou regulamentar: Pena - reclusdo de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Art. 36. Financiar ou custear a pratica de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 2, e 34 desta Lei: Pena - reclusdo, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. J4 houve muita discussao acerca do tréfico privilegiado, previsto no §4° do art. 33. § 42 Nos delitos definidos no caput e no § 12 deste artigo, as penas poderdo ser reduzidas de um sexto a dois tercos, vedade-«conversie_em_penss restritives de direitos, desde que o agente seja primario, de bons antecedentes, nao se dedique as atividades criminosas nem integre organizacao criminosa. Este é 0 trafico privilegiado. Esta causa de diminuigao de pena exige que o agente seja primério, tenha bons antecedentes, e nao integre organizagées nem se dedique a atividades criminosas. ie Atencio! As atividades criminosas mencionadas nao precisam necessariamente ter relagdo com 0 trafico de drogas. Em decisao de fevereiro de 2014, 0 STI reiterou sua orientacao no sentido de que a minorante do art. 33, § 42, da Lei 11.343/2006 nao havia retirado o cardter hediondo do crime de trafico privilegiado de entorpecentes Entretanto, em 2016 o STF afastou esse entendimento, e por isso o trafico privilegiado nao deve ser mais considerado como crime hediondo, ok? Na pratica a Sumula 512 do STJ nao esta mais valendo! EscLarccenpo © STF ndo reconhece mais 0 carater hediondo do tréfico de drogas privilegiado. 2.4 - PROGRESSAO DE REGIME J& houve muita controvérsia na Doutrina acerca da possibilidade de progressdo de regime do condenado por crime hediondo. Com as alteragées legislativas que sofreram os paragrafos do art. 22, a discussdo foi sepultada de uma vez por todas. § 12 A pena por crime previsto neste artigo serd cumprida inicialmente em regime fechado. § 2° A progresséo de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar- se-4 apés 0 cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se 0 apenado for primério, e de 3/5 (trés quintos), se reincidente. E interessante também saber que o juiz deve decidir fundamentadamente se o réu poderd apelar em liberdade, caso haja condenacao. A redacao anterior do §12 era de que a pena seria cumprida integralmente em regime fechado. §12, porém, foi declarado inconstitucional pelo STF, em sede de controle difuso, no julgamento do HC 111840. Abaixo transcrevo trecho da ementa do julgado. [HABEAS CORPUS. PENAL. TRAFICO DE ENTORPECENTES. CRIME PRATICADO DURANTE A i | VIGENCIA DA LEI N. 11.464/07. PENA INFERIOR A 8 ANOS DE RECLUSAO. | | OBRIGATORIEDADE DE IMPOSICAO DO REGIME INICIAL FECHADO. DECLARACAO : INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §1° DO ART, 2° DA LEI N. 8.072/90. OFENSA A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZACAO DA PENA (INCISO XLVI : DO ART. 5° DA CF/88), FUNDAMENTACAO NECESSARIA (CP, ART. 33, §3°, C/C O ART. | 59). POSSIBILIDADE DE FIXACAO, NO CASO EM EXAME, DO REGIME SEMIABERTO PARA | O INICIO DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. ORDEM CONCEDIDA. [1 Ordem concedida tao somente para remover o dbice constante do § 19 do art. 2° da Lei n° | 8.072/90, com a redacdo dada pela Lei n° 11.464/07, 0 qual determina que "[a] pena por crime | previsto neste artigo seré cumprida inicialmente em regime fechado*. Deciaracdo incidental de | Ss one | inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da obrigatoriedade de fixagdo do regime fechado para ! | inicio do cumprimento de pena decorrente da condenacao por crime hediondo ou equiparado. | [HC 111840-ES, Rel. Min, Dias Toffoli, j. 16.12.2013, p. 17.12.2013 i Além disso, devemos ainda mencionar a Sumula Vinculante n. 26 do Supremo Tribunal Federal, que também reconhece a inconstitucionalidade do art. 22 no que se refere aos requisitos para progressao de regime. “SUMULA VINCULANTE 26 DO STF | Para efeito de progressao de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, | | 0 juizo da execucao observara a inconstitucionalidade do art. 2° da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1 1990, sem prejuizo de avaliar se 0 condenado preenche, ou no, os requisitos objetivos e subjetivos | do beneficio, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realizacdo de exame Recomendo que vocé tome bastante cuidado ao responder uma eventual questdo de prova sobre esse tema, pois a banca pode ainda nio ter incorporado 0 novo posicionamento do STF. Cuidado também com expressdes que facam men¢do diretamente a lei. Essas sdo as tais “questdes blindadas”. E possivel a progresséo de regime do condenado por crime hediondo, sendo possivel quando se der o cumprimento de 2/5 da pena (apenado primario), ou de 3/5 (reincidente). A Lei dos Crimes TOME NOTA! — Hediondos determina que a pena deve ser cumprida inicialmente em regime fechado. Todavia, o STF ja declarou este dispositivo inconstitucional em sede de controle difuso. 2.5 - PRISAO TEMPORARIA Em regra, a prisdo temporaria pode ser decretada por até 5 dias, nas hipéteses previstas na Lei n. 7.960/1989. Na Lei dos Crimes Hediondos, porém, hé previséo especifica, com a possibilidade de decretacao da prisdo temporaria por até 30 dias, podendo haver prorrogagao em caso de extrema e comprovada necessidade. Art. 2° Os crimes hediondos, a prética da tortura, o tréfico ilicito de entorpecentes e drogas afins € 0 terrorismo sao insuscetiveis de: I- anistia, graca e indulto; II - fianca. nile § 4 A priséo temporaria, sobre a qual dispée a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, teré 0 prazo de 30 (trinta) dias, prorrogavel por igual periodo em caso de extrema e comprovada necessidade. 2.6 - ASSOCIACAO CRIMINOSA Art, 8° Seré de trés a seis anos de reclusao a pena prevista no art. 288 do Codigo Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prética da tortura, tréfico ilicito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. O art. 288 do Cédigo Penal diz respeito ao crime de associacao criminosa. Quando a associagdo criminosa tiver por objeto a pratica de crimes hediondos ou equiparados a hediondos, haveré aumento de pena: a pena cominada pelo CP é de reclusdo de 1. 3 anos, enquanto, neste caso, seré de reclusdo de 3 a 6 anos. Pardgrafo tinico. O participante e o associado que denunciar 4 autoridade 0 bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terd a pena reduzida de um a dois tercos. O pardgrafo Unico traz mais uma hipotese de delacao premiada, aqui chamada de trai¢o benéfica. importante que vocé compreenda que, quanto a crimes hediondos, a delac¢do premiada somente se aplica quando houver associacao criminosa, formada especificamente para o fim de cometer crimes hediondos ou equiparados. Caso um participante da associa¢ao criminosa denuncie 0 grupo as autoridades, levando ao seu desmantelamento, sua pena seré reduzida de 1 a2 tercos. Um aspecto encarado pela Doutrina é o que diz respeito & prova do desmantelamento da associagao criminosa. Obviamente é muito dificil fazer essa comprovacio, e nada impede que, mesmo que todos os componentes sejam presos, eles voltem a reunir-se no futuro para a pratica dos mesmos crimes. O Poder Judiciario deve, portanto, encarar com parciménia o dispositivo legal. DELACAO PREMIADA NOS CRIMES HEDIONDOS TRAICAO BENEFICA © participante ou associado da associago criminosa ou bando precisa denuncié-la as autoridades, possibilitando seu desmantelament: ie 3 - CRIMES DE TORTURA (LEI N° 9.455/1997) A Lei dos Crimes de Tortura é pequena, mas muito importante. A Constituicéo Federal traz como principio 0 reptidio a tortura e as penas degradantes, desumanas e cruéis. Vejamos o que diz a nossa Constituico sobre o assunto. Art. 5°, III - ninguém sera submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Lol XLIII - a lei considerard crimes inafiancdveis e insuscetiveis de graca ou anistia a pratica da tortura , 0 trdfico ilicito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evité-los, se ‘omitirem. A tortura, portanto, é um crime inafiancavel e insuscetivel de graga ou anistia, ATENCAO! O crime de tortura nao é imprescritivel! Essa caracteristica ¢ aplicdvel apenas aos crimes de racismo e as aces de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o estado democratico. 14 houve decisio do STF no sentido de negar também a aplicacao do indulto a condenado por crime de tortura. QUE See : : oo : -ATENTO! A Constitui¢do determina que o crime de tortura é inafiancavel e insuscetivel de graca ou anistia, mas ndo é imprescritivel. O STF também ja de com indulto. iu que 0 condenado por crime de tortura também nao pode ser beneficiado A definiggo de tortura deve ser buscada na Convencao Internacional contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes, aprovada pelas Nacées Unidas em 1984 e ratificada e promulgada pelo Brasil em 1991. O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, fisicos ou mentais, so infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informagées ou confissdes; de castiga-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminacao de qualquer natureza, quando tais dores ou sofrimentos sao infligidos por um funcionarios puiblico ou outra pessoa no exercicio de funcées puiblicas, ou por sua instigagdo, ou com o seu consentimento ou aquiescéncia Ss a Podemos ver, portanto, que a tortura ndo resume a imposi¢ao de dor fisica, mas também esté relacionada ao sofrimento mental e emocional. Essa agonia mental muitas vezes é chamada de tortura limpa, pois ndo deixa marcas perceptiveis facilmente. Antes da Lei n° 9.455/1997 ndo havia qualquer definicao legal acerca do crime de tortura. O termo era mencionado em algumas leis, mas de forma genérica e esparsa, de modo que a Doutrina nunca aceitou que houvesse a tipificagdo do crime de tortura antes da referida lei. A Lei da Tortura é muito criticada pela imprecisao na tipificag3o do crimes. A lei foi votada as pressas, e sem muita discussao no Poder Legislativo, sob 0 impacto emocional no que aconteceu na Favela Naval, em Diadema. Esse caso se refere a uma série de reportagens investigativas conduzidas em 1997 acerca de condutas praticadas por policiais militares na Favela Naval. Esses policiais foram filmados extorquindo dinheiro, humilhando, espancando e executando pessoas numa blitz. 0 fervor das discusses entdo levou & apresentagdo de um projeto de lei que foi rapidamente aprovado pelo Poder Legislativo, sem as discussées que seriam necessarias a elaboracao de uma lei tecnicamente bem feita. Esse 6 0 pano da fundo da histéria, mas isso obviamente nao interessa para a nossa prova, ndo é mesmo!? Vamos ao que realmente interessa, que é a andlise do texto legal. Art. 1° Constitui crime de tortura: I- constranger alguém com emprego de violéncia ou grave ameaga, causando-lhe sofrimento fisico ou mental: a) com 0 fim de obter informagao, declarag3o ou confissao da vitima ou de terceira pessoa; ) para provocar a¢ao ou omissao de natureza criminosa; ©) em razio de discriminagao racial ou religiosa; IZ - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violéncia ou grave ameaca, a intenso sofrimento fisico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de cardter preventivo. Pena - reclusao, de dois a oito anos. A tortura, em qualquer de suas modalidades, é crime material, pois s6 ha consumao com o préprio. resultado: o sofrimento da vitima, Pela mesma razao, podemos dizer que é possivel a tentativae a desisténcia voluntaria. Além disso, ndo se admite o arrependimento eficaz e nem o arrependimento posterior. O crime de tortura é de ago penal publica incondicionada. ae oa ae CARACTERISTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES E um crime material E possivel a tentativa e a desisténcia voluntaria No se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior ‘Ac3o penal publica incondicionada Pelo texto do art. 1°, podemos concluir que ha diferentes modalidades de tortura, a depender da intengao do agente criminoso. Vejamos quais séo esas modalidades, de acordo com a prépria lei e a Doutrina. MODALIDADES DE TORTURA Infligida com a finalidade de obter TORTURA-PROVA ou TORTURA informagao, declaragao ou confissdo da PERSECUTORIA vitima ou de terceira pessoa (inciso |, alinea “a”). TORTURA PARA A PRATICA DE CRIME ou | Infligida para provocar acdo ou omissdo TORTURA-CRIME TORTURA DISCRIMINATORIA ou Infligida em razdo de discriminagao racial TORTURA-RACISMO- ou religiosa Infligida como forma de aplicar castigo sesaaaatsooonsnnnniaat pessoal ou medida de cardter preventivo. Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que vocé memorize uma caracteristica diferente. O inciso II do art. 1° tipifica a conduta daquele que inflige sofrimento a pessoa que esteja sob sua guarda, poder ou autoridade, com finalidade de castigar. Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO é um crime préprio, pois somente pode ser praticado por quem tenha o dever de guarda ou exerga poder ou autoridade sobre a vitima. Ao mesmo tempo exige-se também uma condi¢do especial do sujeito passivo, que precisa estar sob a autoridade do torturador. aldaialiiiein a -—_ O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum é 0 do agente penitenciario que tortura presos, ou do pai que tortura os préprios filhos. As demais modalidades de tortura previstas no inciso | (tortura prova, para a pratica de crimes e discriminatéria) sdo crimes comuns, pois ndo se exige nenhuma qualidade especial do agente ou da vitima, § 1° Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de seguranca a sofrimento fisico ou mental, por intermédio da prética de ato ndo previsto em lei ou nao resultante de medida legal. Esta é a TORTURA DA PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A MEDIDA DE SEGURANCA. A tipificacao especifica de crime cometido contra essas pessoas reforca o que determina a Lei do Abuso de Autoridade e a prépria Constituigao Federal, que assegura “aos presos 0 respeito a integridade fisica moral”. Perceba que esta conduta é a Unica que nao exige dolo especifico do agente. Basta que a pessoa presa ou sujeita a medida de seguranca seja submetida a sofrimento, ndo sendo exigida nenhuma finalidade especial por parte do torturador. § 2° Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitd-las ou apurd- las, incorre na pena de detencao de um a quatro anos. Esta 6 a OMISSAO PERANTE A TORTURA. JA sabemos que, de acordo com o préprio Cédigo Penal, a omissao sé é penalmente relevante “quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”. A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas criminaliza a omissio daquele que tinha o dever de agir para evitar a tortura, e nao inclui aquele que, apesar de nao ter o dever, tinha a possibilidade de impedir 0 ato de tortura e nao o fez. na Apenas responde por OMISSAO PERANTEA TORTURA aquele que ATENTO! tinha o dever de agir para evitar 0 ato de tortura e nao o faz. § 3° Se resulta leséo corporal de natureza grave ou gravissima, a pena é de reclusSo de quatro a dez anos; se resulta morte, a recluso é de oito a dezesseis anos. Estas so as hipdteses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas chamo sua atencdo para as qualificadoras, que sao 0 resultado leso corporal grave ou gravissima, ou morte. A lesdo corporal leve no ¢ qualificadora do crime de tortura. ama A les&o corporal leve nao é qualificadora do crime de tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver como PRESTE MAIS ima ou, ainda, o ATENCAO! | ‘esultado lesdo corporal grave ou gravi resultado morte. Para esclarecer as questées acerca da natureza da lesdo corporal, ¢ interessante que vocé relembre © teor do art. 129 do Cédigo Penal, que trata do tema. As hipéteses de lesdo corporal grave esto previstas no §1°, enquanto 0 §2° traz os casos de leso corporal gravissima. CP, Art. 129. Cel § 1° Se resulta: I- Incapacidade para as ocupagées habituais, por mais de trinta dias; IZ - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou funcao; IV - aceleracao de parto: tf § 2° Se resulta: I= Incapacidade permanente para o trabalho; IZ - enfermidade incurdvel; III - perda ou inutilizaco do membro, sentido ou fungéo; IV - deformidade permanente; V- aborto: Agora voltaremos a Lei n° 9.455/1997 para analisar as causas de aumento de pena para o crime de tortura. § 4° Aumenta-se a pena de um sexto até um terco: I- se o crime é cometido por agente puiblico; II - se o crime é cometido contra crianga, gestante, portador de deficiéncia, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; III - se o crime é cometido mediante sequestro. A definigdo de agente piiblico deve ser tomada de forma ampla, nos termos do Cédigo Penal, que estabelece que, para efeito penais, deve ser considerado funcionério publico “aquele que, embora transitoriamente ou sem remuneracao, exerce cargo, emprego ou funcao publica”. aaah Vocé jé sabe que, nos casos em que a condic&o de agente publico é elementar do crime, no pode ser aplicada esta agravante. Nao faria sentido, por exemplo, aplicar a agravante 8 TORTURA- IMPROPRIA, quando o agente prisional se omite diante de ato de tortura, pois, se o agente nao fosse funcionério puiblico, no poderia haver o crime. Segundo o Estatuto da Crianga e do Adolescente, sdo consideradas criangas as pessoas que tenham menos de 12 anos, enquanto adolescentes sio aqueles que tém mais de 12 e menos de 18. Por fim, a agravante relacionada ao sequestro ¢ aplicével quando a vitima é sequestrada e, durante © sequestro, o agente comete crime de tortura. Caso 0 agente cerceie a liberdade da vitima com a finalidade Unica de infligir a tortura, ndo hé que se falar em sequestro. § 5° A condenaco acarretard a perda do cargo, fungao ou emprego publico ¢ a interdicéo Para seu exercicio pelo dobro do prazo da pena aplicada. Este é um efeito extrapenal administrativo da condenagao. Caso o agente do crime de tortura seja funcionério publico, perderé seu cargo, fun¢do ou emprego e ficard interditado para seu exercicio pelo perfodo equivalente ao dobro da pena. O STF e 0 STJ jd decidiram que esse efeito decore automaticamente da condenagio. § 7° O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipétese do § 2°, iniciard 0 cumprimento da pena em regime fechado. Para responder as questées de prova com preciso, é importante conhecer, ao menos em parte, 0 contetido da Lei n* 8072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a tortura. A mencionada lei estabelecia 0 cumprimento das penas relativas aos crimes hediondos e equiparados em regime integralmente fechado. Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que houve derrogacao parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes hediondos e equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em regime fechado, mas é possivel a progressio de regime. A polémica, porém, ndo acabou. O ST! tem afirmado, em julgados recentes, que nao é obrigatério. que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena em regime fechado. Esse entendimento decorre do posicionamento do STF relacionado aos crimes hediondos e equiparados, e entre os equiparados esta o crime de tortura. - PDIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA. No é obrigatério que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no | regime prisional fechado. Dispée 0 art. 19, § 79, da Lei 9.455/1997 ~ lei que define os crimes de tortura e dé outras providéncias - que "O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipétese do § 2°, iniciaré o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar que 0 Plenario do STF, ao julgar 0 HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do [Tegime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se | observar, para a fixacdo do regime inicial de cumprimento de pena, 0 disposto no art. 33 c/c o art. | 59, ambos do CP. Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2°, caput e § 19, da Lei 8.072/1990, & evidente que essa interpretacdo também deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo 0 caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1°, § 79, da Lei 9.455/1997, que possui a mesma disposicgo da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar essa posic30, nao se esta a violar a Stimula Vinculante n.° 10, do STF, que assim dispée: "Viola a cldusula de reserva de plenario (CF, art. 97) a decisao de érgao fracionario de tribunal que, embora nao declare expressamente a inconstitucionalidade de lel ou ato normativo do poder publico, afasta | sua incidéncia, no todo ou em parte". De fato, 0 entendimento adotado vai ao encontro daquele | proferido pelo Plendrio do STF, tornando-se desnecessério submeter tal questo ao Orgao Especial desta Corte, nos termos do art. 481, pardgrafo unico, do CPC: "Os érgaos fracionarios dos tribunais no submeterdo ao plenério, ou ao érgao especial, a arguico de inconstitucionalidade, quando ja | houver pronunciamento destes ou do plenario do Supremo Tribunal Federal sobre a questao". | Portanto, sequindo a orientacao adotada pela Suprema Corte, deve-se utilizar, para a fixaco do regime inicial de cumprimento de pena, 0 disposto no art. 33 c/c 0 art. 59, ambos do CP e as ‘Stmulas 440 do ST) e 719 do STF. Confiram-se, a propésito, os mencionados verbetes sumulare: Fixada a pena-base no minimo legal, € vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso | do que 0 cabivel em razdo da sancao imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.” | (Gtimula 440 do STJ) e "A imposicao do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada | permitir exige motivacdo idénea.” (Sumula 719 do STF). Precedente citado: REsp 1.299.787-PR, Q Art. 2° O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime nao tenha sido cometido em territério nacional, sendo a vitima brasileira ou encontrando-se 0 agente em local sob jurisdicao brasileira. Em algumas situagGes, a Lei de Tortura pode ser aplicada mesmo fora do territdrio nacional: = Quando a vitima do crime for brasileira; - Quando o agente se encontre em local em que a lei brasileira seja, em geral, aplicavel — 4 - CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO DE RAGA OU DE Cor (LEI N. 7.716/89) Nao pretendo tecer longas consideracdes histérias a respeito das origens do preconceito e do racismo no Brasil. Vocé sabe que por séculos a sociedade brasileira considerou os negros de origem africana como objetos, e que, com a abolico da escravatura, ndo houve qualquer politica de inclusao dos negros na atividade produtiva, e por isso essas pessoas permaneceram & margem da sociedade, sem instrugao formal, e sofrendo fortissimo preconceito em qualquer lugar que fossem. Do ponto de vista penal, por muito tempo os escravos no foram considerados pessoas, mas apenas em termos de culpabilidade. Eles eram criminosos, mas nao podiam ser vitimas, pois eram propriedade do seu senhor. A primeira lei que tratou de combater 0 preconceito de raga e cor foi a Lei Afonso Arinos, de 1951, que tratou a discriminacao como contravengao penal. Infelizmente essa foi uma daquelas famosas leis que “nao pegam”. A Constituicdo de 1988 determina, em seu art. 4°, que o reptidio ao racismo é um dos principios que regem a Republica em suas relacées internacionais. Além disso, a pratica de racismo é crime inafiangavel e imprescritivel, sujeito a pena de reclusao. A Lei n* 7.716/1989 surgiu para criminalizar as condutas de preconceito de raga ou de cor. Em 1997, a lei sofreu uma reforma de proporcées considerdveis, que inclui em seu escopo também a discriminaggo ou preconceito de etnia, religido e procedéncia nacional. Art, 1° Serdo punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminagao ou preconceito de raga, cor, etnia, religiao ou procedéncia nacional. Vamos fazer uma pequena anélise da terminologia utilizada pelo dispositivo, com base nas explanagées doutrindrias sobre o tema, ok? Discriminacao é a separacdo, segregacao. Representa o rompimento da igualdade, mas nem sempre é ilegitima. Existem, por exemplo, as politicas que s4o comumente chamadas de “Discriminacio Positiva”, que séo voltadas para apenas uma parcela da populacdo. Tratando-se da populagao negra, podemos mencionar como exemplo o estabelecimento de cotas para acesso as instituigdes de ensino superior. Preconceito é um sentimento ou ideia pré-formatada, que seja favoravel ou desfavoravel em relacdo a determinada pessoa. O preconceito a discriminacao puniveis sao aqueles relacionados a raca, cor, etnia, religido ou procedéncia nacional. Para fins e interpretaco legal, racas so subgrupos nos quais a humanidade se divide, de acordo com caracteristicas fisiolégicas comuns. Uma observacao interessante é que mesmo a ciéncia jd nao aceita pacificamente a exist&ncia de diferentes racas. A ideia ja foi inclusive confirmada pelo STF, no julgamento do HC 82424. Ss iii PHABEAS-CORPUS. PUBLICACAO DE LIVROS: ANTI-SEMITISMO. RACISMO. CRIME | LIMPRESCRITIVEL. CONCEITUAGAO. ABRANGENCIA CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE | | EXPRESSAO. LIMITES. ORDEM DENEGADA. 1. Escrever, editar, divulgar e comerciar livros | “fazendo apologia de ideias preconceituosas e discriminatérias" contra a comunidade judaica (Lei 7716/89, artigo 20, na redac&o dada pela Lei 8081/90) constitui crime de racismo sujeito as cldusulas de inafiancabilidade e imprescritibilidade (CF, artigo 5°, XLII). 2. Aplicacao do principio da prescritibilidade geral dos crimes: se os judeus ndo so uma raga, segue-se que contra eles no | pode haver discriminacdo capaz de ensejar a excecSo constitucional de imprescritibilidade. : Inconsisténcia da premissa. 3. Raca humana. Subdivisdo. Inexisténcia. Com a definicgo e 0 mapeamento do genoma humane, cientificamente néo existem distingées entre os homens, seja pela segmentacdo da pelé, formato dos olhos, altura, pélos ou por quaisquer outras caracteristicas | fisicas, visto que todos se qualificam como espécie humana. Nao ha diferencas bioldgicas entre os | | seres humanos. Na esséncia séo todos iguais. 4. Raca e racismo. A diviséo dos seres humanos em racas resulta de um processo de contetido meramente politico-social. Desse pressuposto origina- se 0 racismo que, por sua vez, gera a discriminacao e 0 preconceito segregacionista. 5. Fundamento } do nucleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam racas distintas. Os primeiros seriam raca inferior, nefasta e infecta, caracteristicas suficientes para justificar a segregacao e o exterminio: inconciabilidade com os padrées éticos e morais definidos [na Carta Politica do Brasil e do mundo contempordneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o | estado democratico. Estigmas que por si sé evidenciam crime de racismo. Concepcao atentatéria | dos principios nos quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e | dignidade do ser humano e de sua pacifica convivéncia no meio social. Condutas e evocacées aéticas e imorais que implicam repulsiva acao estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte a afrontar 0 ordenamento infraconstitucional e constitucional do Pais. 6. Adesao do Brasil La tratados e acordos multilaterais, que energicamente repudiam quaisquer discriminacées raciais, | | ai compreendidas as distingdes entre os homens por restricdes ou preferéncias oriundas de raca, cor, credo, descend@ncia ou origem nacional ou étnica, inspiradas na pretensa superioridade de um Povo sobre outro, de que sao exemplos a xenofobia, "negrofobia”, "islamafobia" e o anti-semitismo. 7. A Constituicao Federal de 1988 impés aos agentes de delitos dessa natureza, pela gravidade e repulsividade da ofensa, a cléusula de imprescritibilidade, para que fique, ad perpetuam rei memoriam, verberado 0 repiidio e a abjecdo da sociedade nacional sua pratica. 8. Racismo. Abrangéncia. Compatibilizacio dos conceitos etimolégicos, etnoldgicos, _ sociolégicos, | antropoldgicos ou biolégicos, de modo a construir a definicao juridico-constitucional do termo. | Interpretacao teleolégica e sistémica da Constituicgo Federal, conjugando fatores e circunstancias histéricas, politicas e sociais que regeram sua formacdo e aplicacdo, a fim de obter-se o real sentido e alcance da norma. 9. Direito comparado. A exemplo do Brasil as legislagdes de paises organizados sob a égide do estado moderno de direito democratico igualmente adotam em seu ordenamento legal punigdes para delitos que estimulem e propaguem segregacao racial. Manifestacées da | Suprema Corte Norte-Americana, da Camara dos Lordes da Inglaterra e da Corte de Apelaggo da { Califérnia nos Estados Unidos que consagraram entendimento que aplicam sancdes aqueles que | transgridem as regras de boa convivéncia social com grupos humanos que simbolizem a pratica de | | racismo. 10. A edic&o e publicaao de obras escritas veiculando ideas anti-semitas, que buscam | resgatar e dar credibilidade & concepcao racial definida pelo regime nazista, negadoras e subversoras de fatos histéricos incontroversos como 0 holocausto, consubstanciadas na pretensa inferioridade e desqualificagao do povo judeu, equivalem a incitac4o ao discrimen com acentuado contetido racista, reforcadas pelas consequéncias histdricas dos atos em que se baseiam. 11. Explicita conduta do agente responsdvel pelo agravo revelador de manifesto dolo, baseada na equivocada premissa de que os judeus nao s6 so uma raca, mas, mais do que isso, um segmento racial atdvica e geneticamente menor e pernicioso. 12. Discriminacdo que, no caso, se evidencia como deliberada e dirigida especificamente aos judeus, que configura ato ilicito de pratica de racismo, com as consequéncias gravosas que o acompanham. 13. Liberdade de expresso. Garantia constitucional que nao se tem como absoluta. Limites morais e juridicos. O direito a livre expressao no pode abrigar, em sua abrangéncia, manifestacdes de contevido imoral que implicam ilicitude | penal. 14. As liberdades pUblicas nao so incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira | Eharménica, observados os limites definidos na prépria Constituicéo Federal (CF, artigo 5°, § 2°, — ie f primeira parte). © preceito fundamental de liberdade de expresso ndo consagra o “direito a! | incitagéo ao racismo", dado que um direito individual néo pode constituir-se em salvaguarda de | condutas ilicitas, como sucede com os delitos contra a honra. Prevaléncia dos principios da dignidade da pessoa humana e da igualdade juridica. 15. "Existe um nexo estreito entre a imprescritibilidade, este tempo juridico que se escoa sem encontrar termo, e a meméria, apelo do passado a disposico dos vivos, triunfo da lembranga sobre o esquecimento". No estado de direito democratico devem ser intransigentemente respeitados os principios que garantem a prevaléncia | dos direitos humanos. Jamais podem se apagar da meméria dos povos que se pretendam justos os atos repulsivos do passado que permitiram e incentivaram o ddio entre iguais por motivos raciais de torpeza inominavel. 16. A auséncia de prescricéo nos crimes de racismo justifica-se como alerta grave para as geragdes de hoje e de amanhé, para que se impeca a reinstauracdio de velhos e | ultrapassados conceitos que a consciéncia juridica e histérica no mais admitem. Ordem denegada. | | STF, HC 82424/RS, Rel. Min. MOREIRA ALVES, j. 17.09.2003, DJ 19.03.2004 PP-00017 EMENT ; | VOL-02144-03 PP-00524. A cor se refere a tonalidade da pele da pessoa. A etnia diz respeito a origem das comunidades, e abarca nao sé caracteristicas fisicas, mas também componentes culturais (dialetos, religido, crengas, costumes). Religido é uma crenca em comum, normalmente manifestada por meio de ritos préprios. Origem nacional se refere ao pais de proced&ncia da pessoa. Aqui a Doutrina faz consideragées também sobre os locais de origem dentro de um mesmo pais, com relacdo a uma regio especifica, estado ou cidade. Normalmente nos referimos aos crimes previstos na Lei n® 7.716/1989 como “crimes de racismo”, O racismo, na realidade, é a crenca na superioridade de uma determinada raca sobre outra, que gera consequéncias sociais extremas. Utilizarei esta expresso aqui para me referir aos crimes previstos na lei, ok? Primeiramente vamos analisar 0 tipo mais genérico, previsto no art. 20. Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminagao ou preconceito de raca, cor, etnia, religiao ou procedéncia nacioni Pena: recluséo de um a trés anos e multa. Este tipo abarca qualquer ato relacionado @ promogdo de atitudes discriminatérias ou preconceituosas relacionadas aos elementos que jé estudamos. § 1° Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular simbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz sudstica ou gamada, para fins de divulgacéo do nazismo. Pena: reclusao de dois a cinco anos e multa. § 2° Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicacao social ou publicagao de qualquer natureza: Pena: reclusao de dois a cinco anos e multa. § 3° No caso do pardgrafo anterior, 0 julz poderé determinar, ouvido 0 Ministério Pablico ou a Pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediéncia: ame I- 0 recolhimento imediato ou a busca e apreensao dos exemplares do material respectivo; II - a cessago das respectivas transmissées radiofénicas, televisivas, eletrénicas ou da publicagao por qualquer meio; III - a interdicéo das respectivas mensagens ou paginas de informagao na rede mundial de computadores, § 4° Na hipdtese do § 2°, constitui efeito da condenacao, apés 0 transito em julgado da deciséo, 2 destruic¢ao do material apreendido. A criminalizacao do uso do simbolo do nazismo (suastica) ¢ consequéncia dos traumas gerados pelas politicas racistas e segregacionistas adotadas pelo regime de Adolf Hitler e que marcaram a expansdo alemé durante a Segunda Guerra Mundial. O simbolo ficou tao fortemente ligado ao racismo, que até hoje sua utilizagdo constitui crime punido severamente. Ha também uma pena mais grave se os crimes de racismo forem cometidos utilizando-se meios de comunicagao social ou publicagdo. Esses meios so aqueles conhecidos como “comunicacéo de massa”. Uma atitude racista transmitida na TV, radio ou internet é punida mais severamente do que aquela feita de forma timida e com menor alcance. Para investigar a utilizagéo de meios de comunica¢éo, 0 juiz pode determinar medidas cautelares com a principal finalidade de interromper a transmissao de contetidos racistas. © §42 determina ainda que a destruicéo do material de cunho racista é efeito da condenacao. Art. 3° Impedir ou obstar 0 acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administracao Direta ou Indireta, bem como das concessiondrias de servicos puiblicos. Pardgrafo nico. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminacao de raca, cor, etnia, religiao ou procedéncia nacional, obstar a promogao funcional. Pena: reclusio de dois a cinco anos. Aqui a conduta tipificada é a obstacularizacao ou o impedimento do acesso de pessoa habilitada a cargo ou a promocao funcional. O sujeito ativo é pessoa componente da Administracao Publica, que detenha cargo ou fungao de chefia ou atribuigdes relacionadas ao acesso a cargo ou promogao, enquanto © sujeito passivo é 0 préprio Estado e, secundariamente, 0 ofendido pelo ato discriminatério. E necessério ainda que haja o elemento subjetivo da vontade dirigida a atitude discriminatéria ou preconceituosa relacionada aos elementos mencionados no parégrafo tinico. Isso nao significa que outras atitudes discriminatérias nao sejam puniveis, ok? A discrimina¢do contra idosos, ou por razéo de sexo e estado civil sdo puniveis com base em leis especificas. _— Art. 4° Negar ou obstar emprego em empresa privada. § 12 Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminagao de raca ou de cor ou praticas resultantes do preconceito de descendéncia ou origem nacional ou étnica: I- deixar de conceder os equipamentos necessdrios ao empregado em igualdade de condicées com os demais trabalhadores; IZ - impedir a ascenso funcional do empregado ou obstar outra forma de beneficio profissional; III - proporcionar a0 empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salario. § 22 Ficaré sujeito as penas de multa e de prestaao de servicos & comunidade, Incluindo atividades de promocao da igualdade racial, quem, em andincios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparéncia prdprios de raca ou etnia para emprego cujas atividades nao justifiquem essas exigéncias. Pena: reclusdo de dois a cinco anos. Este tipo penal é bastante interessante. Enquanto o art. 3° tratava da negativa de acesso ao cargo ou a promogo funcional na Administragao Publica e nas concessionarias de servicos puiblicos, este trata das empresas privadas. As condutas criminalizadas sao as seguintes: © Negar ou obstar emprego; * Deixar de providenciar os equipamentos necessérios a empregado; © Impedir a ascensdo ou outro beneficio funcional a empregado; © Tratar empregado de forma diferente dos demais; © Exigir aspectos de aparéncia préprios de raga ou etnia para emprego sem justificativa Lembro que, em todos os tipos penais relacionados ao racismo, € necessaria a existéncia de dolo relacionado ao preconceito ou discriminagao resultante de raca, cor, etnia, religio ou origem. Art. 5° Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. Pena: reclusdo de um a trés anos. Art. 6° Recusar, negar ou impedir a inscri¢&o ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino piblico ou privade de qualquer grau. Pena: reclusao de trés a cinco anos. Paragrafo unico. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um tergo). No pardgrafo Unico ndo consta agravante, mas sim uma causa de aumento de pena. A expressio foi utilizada pelo legislador de forma atécnica — A negativa de acesso a instituigées de ensino por motivos racistas era muito comum ha algumas décadas. Perceba que nem as escolas mantidas por instituic6es religiosas podem negar 0 acesso de alunos que nao pertencam aquela denominagéo. Isso nao impede, é claro, que sejam estabelecidas normas de conduta a serem observadas no dia a dia da instituicao. Art. 7° Impedir 0 acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensao, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar. Pena: reclusao de trés a cinco anos. Art. 8° Impedir 0 acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ov locais semelhantes abertos ao puiblico. Pena: recluséo de um a trés anos. Art, 9° Impedir 0 acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversées, ou clubes sociais abertos 2o puiblico. Pena: reclusdo de um a trés anos. Art. 10. Impedir 0 acesso ou recusar atendimento em salées de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades. Pena: reclusdo de um a trés anos. Art. 11. Impedir o acesso As entradas sociais em edificios piblicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos: Pena: recluséo de um a trés anos. Art, 12, Impedir 0 acesso ou uso de transportes publicos, como aviées, navies barcas, barcos, 6nibus, trens, metré ou qualquer outro meio de transporte concedido. Pena: reclusdo de um a trés anos. Art. 13. Impedir ou obstar 0 acesso de alguém ao servico em qualquer ramo das Forcas Armadas. Pena: recluso de dois a quatro anos. Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer melo ou forma, 0 casamento ou convivéncia familiar e social. Pena: recluso de dois a quatro anos. Mais uma vez chamo sua atengo para a necessidade do elemento subjetivo da conduta do agente © dolo de impedir ou obstruir 0 acesso das pessoas a esses locais em razdo de discriminacao ou preconceito quanto a raca, cor, etnia, religido ou origem da pessoa. Na Jurisprudéncia dos Tribunais Superiores ha pouquissimos julgados sobre os crimes de racismo. 0 HC 82424, julgado pelo STF, tratou da publicagdo de livros com contetdo antissemita, ou seja, discriminatério e preconceituoso contra a comunidade judaica. Na ocasigio, a Suprema Corte confirmou o carater criminoso da publicacdo de livros “fazendo apologia de ideias preconceituosas e discriminatérias contra a comunidade judaica”. O STF relacionou as publicacées as antigas ideias de supremacia ariana em relagdo aos judeus, veiculadas pelo regime nazista. “a Ha ainda um outro julgado interessante, desta vez do STJ, que foi cobrado numa questéo do concurso de 2013 da Policia Rodoviaria Federal. Na ocasido, discutiu-se a possibilidade de um clube social negar a admissdo de uma pessoa em razio de preconceito de raga ou cor, quando, de acordo com o estatuto do clube, a sua diretoria nao precisava justificar a negativa. Nem preciso dizer que isso nao faz o menor sentido, ndo é mesmo? RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL.INEPCIA DA | DENUNCIA. CRIME DE PRECONCEITO DE RACA OU DE COR. AUSENCIA DE JUSTA CAUSA. INOCORRENCIA. 1. A dentincia que se mostra ajustada ao artigo 41 do Cédigo de Processo Penal, ensejando o pleno exercicio da garantia constitucional da ampla defesa, néo deve, nem pode, ser tida e havida como | inepta. 2. A recusa de admissao no quadro assoclativo de clube social, em razéo de preconceito de raga ou de cor, caracteriza o tipo inserto no artigo 9° da Lei n° 7.716/89, enquanto modo da { conduta impedir, que Ihe integra 0 nucleo. 3. A faculdade, estatutariamente atribuida a diretoria, | de recusar propostas de admissao em clubes sociais, sem declinagdo dos motivos, ndo Ihe atribui | a natureza especial de fechado, de maneira a subtrai-lo da incidéncia da lei. 4. A pretensdo de | exame de prova € estranha, em regra, a0 Ambito angusto do habeas corpus. 5. Recurso improvido. STJ, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Data de Julgamento: 22/03/2005, T6 - SEXTA ! TURMA, i Acerca dos aspectos processuais, ha um julgado importante do STJ que reconhece que a consumacao do crime de racismo por meio da internet ocorre no local de onde foram enviadas as manifestagdes racistas. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETENCIA. CRIME DE RACISMO PELA INTERNET. MENSAGENS ORIUNDAS DE USUARIOS DOMICILIADOS EM DIVERSOS ESTADOS. IDENTIDADE DE MODUS OPERANDI. TROCA E POSTAGEM DE MENSAGENS DE CUNHO RACISTA NA MESMA COMUNIDADE DO MESMO SITE DE RELACIONAMENTO. OCORRENCIA DE CONEXAO INSTRUMENTAL. NECESSIDADE DE UNIFICACAO DO PROCESSO PARA FACILITAR A COLHEITA DA PROVA. INTELIGENCIA DOS ARTS. 76, III, E 78, AMBOS DO | | CPP. PREVENCAO DO JUfZO FEDERAL PAULISTA, QUE INICIOU E CONDUZIU GRANDE © PARTE DAS INVESTIGACOES. PARECER DO MPF PELA COMPETENCIA DO JUIZO FEDERAL | DE SAO PAULO. CONFLITO CONHECIDO, PARA DECLARAR COMPETENTE 0 JUIZO FEDERAL DA 4A. VARA CRIMINAL DA SUBSEGAO JUDICIARIA DE SAO PAULO, O SUSCITADO, DETERMINANDO QUE ESTE COMUNIQUE O RESULTADO DESTE JULGAMENTO AOS DEMAIS JUIZOS FEDERAIS PARA OS QUAIS HOUVE A DECLINAGAO DE COMPETENCIA. 1. Cuidando- se de crime de racismo por meio da rede mundial de computadores, a consumago do delito ocorre no local de onde foram enviadas as manifestacées racistas. 2. Na hipétese, é certo que as supostas condutas delitivas foram praticadas por diferentes pessoas a partir de localidades diversas; todavia, contaram com 0 mesmo modus operandi, qual seja, troca e postagem de mensagens de cunho racista e discriminatério contra diversas minorias (negros, homossexuais e judeus) na mesma | comunidade virtual do mesmo site de relacionamento. 3. Dessa forma, interligadas as condutas, tendo a prova até entéo colhida sido obtida a partir de Unico nticleo, inafastavel a existéncia de _ conexdo probatéria a atrair a incidéncia dos arts. 76, Il, e 78, II, ambos do CPP, que disciplinam a competéncia por conexao e prevencao. 4. Revela-se itil e prioritaria a colheita unificada da prova, sob pena de inviabilizar e tornar infrutifera as medidas cautelares indispensaveis & perfeita caracterizagéo do delito, com a identificagdo de todos os participantes da referida comunidade | virtual. a ELal | ST), CC 102454/R), Rel. Min, NAPOL! (0. NUNES MAIA FILHO, Veremos agora alguns dispositivos de outras leis que mencionam a discriminagao ou preconceito baseados no racismo. O art. 140 do Cédigo Penal trata do crime de injuria, mas 0 que realmente nos interessa aqui é contetido do §32, que estabelece uma variante qualificada desse crime. Art. 140 Injuriar alguém, ofendendo-Ihe a dignidade ou o decoro: Pena - detencdo, de um a seis meses, ou multa. § 1° - 0 juiz pode deixar de aplicar a pena: I- quando 0 ofendido, de forma reprovavel, provocou diretamente a injtria; IT - no caso de retorséo imediata, que consista em outra injtiria. § 2° - Se a injiria consiste em violéncia ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detengio, de trés meses a um ano, e multa, além da pena correspondente 4 violéncia. § 3° Se a injiria consiste na utilizacéo de elementos referentes a raca, cor, etnia, religiéo, origem ou a condic&o de pessoa idosa ou portadora de deficiéncia: Pena - reclusdo de um a trés anos e muita. Entre outros elementos, constam aqueles presentes no art. 12 da Lei do Racismo. Nas palavras de Celso Delmanto, "comete o crime do artigo 140, § 32 do CP, e no o delito do artigo 20 da Lei n? 7.716/89, 0 agente que utiliza palavras depreciativas referentes a raga, cor, religidio ou origem, com 0 intuito de ofender a honra subjetiva da vitima". J& crime de racismo seria aquele cometido por quem pratica conduta discriminatéria di determinado grupo ou coletividade. O crime de racismo ¢ considerado mais grave pelo legislador, e, além de imprescritivel e inafiangdvel, sua persecugdo se dé por meio de a¢ao penal publica incondicionada, enquanto, no caso da injuria racial, a aco penal ¢ publica condicionada & representagio do ofendido. Com relacdo @ injuria racial, vale a pena também mencionar julgado do STF que confirmou a condenagdo do blogueiro Paulo Henrique Amorim pelo crime, estendendo a injuria racial a imprescritibilidade prevista para o crime de racismo. “o_ [)DIRETTO PENAL. AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINARTO COM AGRAVO. CRIME | DE INJURIA RACIAL. IMPRESCRITIBILIDADE. MATERIA INFRACONSTITUCIONAL ; AMPLAMENTE ANALISADA NA ORIGEM. NEGATIVA MONOCRATICA DE SEGUIMENTO. MANUTENCAO DA DECISAO. DESPROVIMENTO DO AGRAVO. 1. Como afirmado na deciséo monocrética ora atacada, os fatos foram detida e profundamente apreciados nas instancias ordinarias. De modo que nao se pode rediscutir a matéria sem revolver | 05 fatos para que se chegue a conclusao diversa da encontrada pelo Superior Tribunal de Justica. | De se salientar que no se trata de manter a deciséio, com exame da questéio de fundo, mas da | impossibilidade de proceder & revisdo nesta via recursal. 2. Por outro lado, como também explicitado na deciséo, a questdo relativa a imprescritibilidade & insuscetivel de reapreciacdo por se tratar de matéria infraconstitucional, objeto de profunda analise | pelo Superior Tribunal de Justica, érgao constitucionalmente vocacionado para o exame da matéria. E interessante conhecer também o crime de redugao a condi¢ao andloga a de escravo, tipificado no art. 149 do CP, e que prevé aumento de pena se a conduta for relacionada ao racismo. Art. 149 Reduzir alguém a condicéo andloga a de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forcados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condicées degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomogao em razao de divida contraida com 0 empregador ou preposto: Pena - reclusdo, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente 4 violéncia. Leu] § 2° A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: L I - por motivo de preconceito de raga, cor, etnia, religio ou origem. A Lei n® 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, também prevé no tipo penal um componente relacionado ao racism Art. 1° Constitui crime de tortura: I- constranger alguém com emprego de violéncia ou grave ameaga, causando-Ihe sofrimento fisico ou mental: ©) em razao de discriminacéo racial ou religiosa; pa 5 - CRIME ORGANIZADO (LEI N. 12.850/13) A Lei n& 12,850/2013 define organizag3o criminosa e trata dos crimes cometidos por essas organizagées. Além disso, ela revogou a Lei n2 9.034/1995, que até 2013 tratava desses temas. Art. 1° Esta Lei define organiza¢o criminosa e dispde sobre a investigacao criminal, os meios de obtengao da prova, infracdes penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. Acredito que a informacdo mais importante da lei seja justamente a definiciio de organizacio criminosa, que é a associagao de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisdo de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a pratica de infracdes penais cujas penas maximas sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de carater transnacional. Além disso, a lei se aplica também aos crimes previstos em tratados ou convengées internacionais quando, iniciada a execugdo no Brasil, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no exterior, ou ao contrério, quando a execucao do crime se iniciar no exterior e o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no Brasil. Por dltimo, a lei também se aplica as organizagées terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a pratica dos atos de terrorismo legalmente definidos. Como vocés devem saber, existe uma lei de crimes de Terrorismo, a lei 13.260/2016. Organizago criminosa é a associagdo de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisdo de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou TOMENOTA! indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a pratica de infragées penais cujas penas maximas sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de cardter transnacional. Adicionalmente, é importante que vocé saiba que a Lei n® 12.850/2013 operou alteracdes no Cédigo Penal, modificando 0 tipo penal de quadrilha ou bando, instituindo o de associagao criminosa. A diferenca basicamente é a seguinte: a associaco criminosa é composta por 3 ou mais pessoas, com o fim especifico de cometer crimes, enquanto a organizagao criminosa precisa ter 4 ou mais pessoas, além das seguintes caracteristicas especificas: ordenamento estrutural, divisdo de tarefas, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a pratica de crimes graves, com penas maximas superiores a 4 anos. Ss ite ole Voor Mot ORGANIZACAO CRIMINOSA PREVISAO LEGAL Cédigo Penal (art. 288). Lei n® 12.850/2013. Cl UDyU la INTEGRANTES, 3 ou mais pessoas. 4.0u mais pessoas. - Estrutura ordenada; - Divisdo de tarefas, ainda que informalmente; Aassociacao deve tera | - Objetivo de obter, direta ou OUTRAS finalidade especifica de indiretamente, vantagem oN Tela ole tS) cometer crimes. mediante a pratica de crimes com penas maximas superiores a4 anos, ou que sejam de cardater transnacional. A respeito dos tipos penais envolvidos, vocé ja deve ter percebido que a prépria associacao criminosa ja constitui conduta tipica, enquanto o crime relacionado as organizacdes criminosas consta no art. 2° da Lei n? 12.850/2013. Art. 2° Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organiza¢ao criminosa: Pena - recluso, de 3 (trés) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejulzo das penas correspondentes as demais infracdes penais praticadas. § 12 Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraca a investigacao de infragao penal que envolva organizacao criminosa. § 2° As penas aumentam-se até a metade se na atuacéo da organizacao criminosa houver emprego de arma de fogo. § 32 A pena é agravada para quem exerce 0 comando, individual ou coletivo, da organizagSo criminosa, ainda que néo pratique pessoalmente atos de execucao. § 42 A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois tercos): I-- se hd participacao de crianca ou adolescente; IT - se hd concurso de funcionério publico, valendo-se a organizacéo criminosa dessa condicéo para a pratica de infragdo penal; III - se 0 produto ou proveito da infracao penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; IV - se a organizacéo criminosa _mantém conexéo com outras organizacdes criminosas independentes; aa: sine V - se as circunstanclas do fato evidenciarem a transnacionalidade da organizacao. § 52 Se houver indicios suficientes de que o funciondrio publico integra organizacao criminosa, poderd 0 juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou fungéo, sem prejuizo da remuneracao, quando a medida se fizer necessdria a investigacao ou instrugdo processual. § 62_A condenacao com trénsito em julgado acarretaré ao funcionério ptiblico a perda do cargo, funcao, emprego ou mandato eletivo e a interdicdo para o exercicio de funcao ou cargo publico pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. § 72 Se houver indicios de participacao de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Policia instaurard inquérito policial e comunicaré 20 Ministério Publico, que designard membro para acompanhar 0 feito até a sua conclusdo. O agente criminoso, portanto, nao precisa efetivamente fazer parte da organizacao criminosa. Ele pode, por exemplo, promove-la por outros meios, contribuir para sua constituigao, ou financid-la, ainda que por meio de outra pessoa. Quanto as regras adicionais, chamo sua atengdo para a possibilidade de afastamento cautelar do funcionario publico para fins de investigacdo e instrugdo processual. Essa possibilidade existe para evitar que o servidor influencie de alguma forma as investigagdes e a produgo de provas. Por trata- se de um afastamento cautelar, sua remunera¢do ¢ mantida durante o periodo, pois ele néo foi condenado. Caso o funcionario piiblico seja condenado, temos aqui duas consequéncias diferentes: uma delas 6 a perda do cargo, emprego ou funcdo publica, e a outra é a interdicéo do condenado para o exercicio de funcdo ou cargo publico pelo prazo de 8 anos subsequentes ao cumprimento da pena. Imagine, por exemplo, que um auditor fiscal se envolveu em atividades de uma organizacao criminosa que tinha por finalidade praticar crimes como estelionato, corrupsio ativa, corrupgao passiva, etc. Se esse auditor for condenado, ele perder seu cargo, precisara cumprir a pena, e, apés a conclusao do perfodo de cumprimento, ndo podera assumir outro cargo ou funsio publica pelo periodo de 8 anos, Nem mesmo se ele for aprovado em outro concurso piblico! Se houver a participacao de policial, a lei determina que a Corregedoria de Policia deve instaurar inquérito e comunicar 0 fato ao Ministério Publico. Art. 32 Em qualquer fase da persecucao penal, seréo permitidos, sem prejuizo de outros jd previstos em lei, os seguintes meios de obtencdo da prova: I - colaboracao premiada; II - captacao ambiental de sinais eletromagnéticos, épticos ou actsticos; HII - acao controlada; IV - acesso a registros de ligagées telefénicas e teleméticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados publicos ou privados e a informacées eleitorais ou comerciais; V - interceptacéo de comunicacées telefénicas e teleméticas, nos termos da legislacéo especifica; VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancério e fiscal, nos termos da legislagao especifica; VII - infiltrago, por policiais, em atividade de investigaco, na forma do art. 11; ‘ie VIII - cooperacdo entre institui¢ées e érgaos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informacées de interesse da investigac3o ou da instruco criminal. Agora vamos estudar um a um esses meios de obtengao de provas, ok? A colaboragéo premiada € 0 beneficio comumente chamado de “delacdo premiada” ou de “colaboragéo premiada”. Este procedimento é previsto na legislacéo penal brasileira de forma esparsa, e com regras um pouco diferentes dependendo do caso Os criminalistas divergem fortemente acerca da real utilidade deste instituto — alguns até a chamam de “extorséo premiada” — mas sua adocdo vem ganhando espaco, especialmente pela proposta de uma solucao mais rapida para os processos criminais. Ha diversas regras especificas a respeito da colaboracao premiada, que estudaremos agora. Art, 42 0 juiz poderd, a requerimento das partes, conceder o perdéo judicial, reduzir em até 2/3 (dois tercos) a pena privativa de liberdade ou substitui-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigacao e com 0 processo criminal, desde que dessa colaboragao advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a identificacéo dos demais coautores e participes da organizacéo criminosa e das infracées penais por eles praticadas; I - a revelago da estrutura hierdrquica e da divisdo de tarefas da organizacao criminosa; HI - a prevengio de infracées penais decorrentes das atividades da organizag3o criminosa; IV - a recuperacao total ou parcial do produto ou do proveito das infracées penais praticadas pela organizagao criminosa; V - a localizago de eventual vitima com a sua integridade fisica preservada. Primeiramente & importante compreender que a colaboracao premiada pode resultar em trés possibilidades de beneficios para 0 colaborador: ele pode ficar livre da pena (aplicando-se o perdéo judicial), pode ter sua pena reduzida em até dois tercos, ou ainda ter a pena privativa de liberdade substituida por restritiva de direitos. Para isso, o agente precisa colaborar voluntaria e efetivamente com a investigagao, levando a pelo menos um dos resultados mencionados pelo dispositive. De qualquer forma, a concesséo do beneficio deve levar em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstancias, a gravidade e a repercussao social do fato criminoso e a eficacia da colaboracao. Quanto ao procedimento, a coisa funciona assim: diante da relevancia da colaboracao prestada, 0 Ministério Publico ou 0 Delegado (neste caso com a manifestacio do MP) podem requerer ou representar ao juiz pela concessao de perdao judicial ao colaborador. E possivel também que as medidas de colaboracdo suspendam o prazo para oferecimento da dentincia, ou 0 proprio processo, por até 6 meses, prorrogaveis por igual periodo, e nesse caso fica suspenso também 0 prazo prescricional. O Ministério Publico pode ainda deixar de oferecer a dentincia se 0 colaborador nao for o lider da organizago criminosa e for o primeiro a prestar efetiva colaboracao. on Vejamos mais algumas regras acerca da colaboracdo premiada, nos paragrafos do art. 4°. § 62 0 juiz nao participaré das negociacées realizadas entre as partes para a formalizacao do acordo de colaboragéo, que ocorrerd entre o delegado de policia, o investigado e 0 defensor, com @ manifestaca0 do Ministério Publico, ou, conforme o caso, entre 0 Ministério Publico e 0 investigado ou acusado e seu defensor. § 72 Realizado 0 acordo na forma do § 6%, 0 respectivo temo, acompanhado das declaragées do Colaborador e de cépia da investigacao, seré remetido ao juiz para homologacao, 0 qual deveré verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir © colaborador, na presenca de seu defensor. § 8 0 juiz poderd recusar homologacao 4 proposta que nao atender aos requisitos legais, ou adequé-la ao caso concreto. § 92 Depois de homologado 0 acordo, 0 colaborador poderd, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Puiblico ou pelo delegado de policia responsavel pelas investigacées. § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatérias produzidas pelo colaborador nao poderdo ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. § 11. A sentenca apreciard os termos do acordo homologado e sua eficdcia. § 12, Ainda que beneficiado por perdao judicial ou no denunciado, 0 colaborador poderé ser ouvido em juizo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. § 13. Sempre que possivel, o registro dos atos de colaboracao seré feito pelos meios ou recursos de gravacdo magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informacées. § 14. Nos depoimentos que prestar, 0 colaborador renunciard, na presenca de seu defensor, a0 direito ao siléncio e estard sujeito 20 compromisso legal de dizer a verdade. § 15. Em todos os atos de negociagSo, confirmagao e execucao da colaboracao, 0 colaborador deverd estar assistido por defensor. § 16. Nenhuma sentenca condenatéria serd proferida com fundamento apenas nas declaracées de agente colaborador, Chamo sua aten¢do para a proibicdo da participacdo do Juiz nas negociagées da colaboracao premiada. Esse papel cabe ao Ministério Publico ou Delegado, ao lado do colaborador e de seu advogado. O Juiz, na realidade, recebe 0 acordo posteriormente, e é responsdvel por analisar sua legalidade, concedendo ou nao os beneficios previstos pela lei. Otermo de acordo deve conter os seguintes elementos, nos termos da prépria lei: a) o relato da colaboragao e seus possiveis resultados; b) as condigées da proposta do Ministério Piblico ou do delegado de policia; C) a declaragao de aceitagao do colaborador e de seu defensor; d) as assinaturas do representante do Ministério Publico ou do delegado de policia, do colaborador e de seu defensor; €) a especificagdo das medidas de protecdo ao colaborador e a sua familia, quando necessario. os A distribuig&o do termo de acordo deve ser feita de forma sigilosa, sem quaisquer informacdes que possam identificar 0 colaborador e 0 seu objeto. Apés a distribuigao, as informacdes detalhadas sobre a colaboracao serdo dirigidas diretamente ao juiz responsavel, que deverd decidir no prazo de 48h. 0 acordo permanece sigiloso, entdo, até o recebimento da dentincia. Uma vez homologada a proposta pelo Juiz, o colaborador poderd ser sempre ouvido pelo Ministério PUiblico ou pelo Delegado. Lembre-se também de que a proposta nao é imutavel, e as partes podem inclusive retratar-se, caso em que as provas produzidas pelo colaborador contra ele mesmo nao poderdo ser utilizadas para prejudica-lo. Agora vejamos o que a lei diz sobre os direitos do colaborador. Art. 5° Sao direitos do colaborador: I- usufruir das medidas de protecdo previstas na legislacao especifica; II - ter nome, qualificacao, imagem e demais informagées pessoais preservados; III - ser conduzido, em juizo, separadamente dos demais coautores e participes; IV - participar das audiéncias sem contato visual com os outros acusados; V - néo ter sua identidade revelada pelos meios de comunicacao, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorizagao por escrito; VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados. Perceba que esses direitos so quase todos relacionados a garantia de seguranca do colaborador. Imagine o que aconteceria, por exemplo, se ele tivesse suas informagées divulgadas ou se fosse colocado no mesmo estabelecimento prisional dos membros da organizaco criminosa que ele ajudou a condenar? COLABORAGAO PREMIADA MEDIDAS QUE PODEM SER CONCEDIDAS ~ Perdao Judicial; - Reducdo da pena em até 2/3; - Substitui¢&o da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Precisa ser voluntéria e efetiva, trazendo pelo menos um dos seguintes resultados: a) a identificagéo dos demais coautores e participes da organizac3o criminosa e das infragdes penais por eles praticadas; b) a revelago da estrutura hierdrquica e da divisio de tarefas da organiza¢ao criminosa; c) a prevencdo de infracées penais decorrentes das atividades da organizagao criminosa; d) a recuperacao total ou parcial do produto ou do proveito das infragdes penais praticadas pela organizacao criminosa; e) a localizagdo de eventual vi preservad O Juiz ndo participa das negociacées. A ele cabe apenas homologar o ACORDO acordo firmado pelo colaborador com 0 Ministério Ptiblico ou com o Delegado responsavel. a) usufruir das medidas de protecao previstas na legislagdo especifica; b) ter nome, qualificagdo, imagem e demais informacées pessoais preservados; ¢) ser conduzido, em juizo, separadamente dos demais coautores e DIREITOS DO —_| participes; COLABORADOR | d) participar das audiéncias sem contato visual com os outros acusados; e) nao ter sua identidade revelada pelos meios de comunicagdo, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorizagao por escrito; f) cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados. Ainda acerca da delaco premiada devemos citar alguns julgados interessantes do STF e do STI. O primeiro deles diz respeito ao sigilo do contetido da delagao. DELAGAO PREMIADA E SIGILO. [0 sigilo sobre o conteudo de colaboragao premiada deve perdurar, no maximo, até o recebimento { | da deniincia. Ing 4435 AgR/DF, rel. Min, Marco Aur 017. Informative STF 877. lio, julgamento em 12 De acordo com a regra do caput do art. 7°, 0 acordo de colaboracao premiada tramita em sigilo, inclusive quando jé celebrado 0 acordo e encaminhado ao Judicidrio para homologacao. Todavia, 0 §3° do art. 7° estabelece que tal sigilo deixa de existir com 0 recebimento da dentncia. O entendimento do STF aqui foi no sentido de que o sigilo deve permanecer no maximo até o recebimento da denuincia, podendo ser decretada sua quebra em momento anterior, desde que tenham sido realizadas as diligéncias cautelares indispensdveis. PCOLABORACAO PREMIADA. ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS. AUTORIDADE COM | PRERROGATIVA DE FORO. COMPETENCIA PARA HOMOLOGACAO DO ACORDO. TEORIA DO JUIZ APARENTE. ‘A homologacao de acordo de colaboragéo premiada por julz de primeiro grau de jurisdicao, que | mencione autoridade com prerrogativa de foro no STJ, nao traduz em usurpacdo de competéncia | desta Corte Superior. i | Rcl_31,629-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/09/2017, Die | 1 28/09/2017 } a“ Neste caso hd um acordo de delag3o premiada no qual é mencionada autoridade com prerrogativa de foro no STJ. Em consequéncia, passou-se a discutir se 0 Ju(zo ordindrio seria competente para homologar tal acordo. A Corte Especial do STJ entendeu que o simples fato de 0 acordo de colaboracao premiada conter trechos nos quais se imputa a pratica de infraces penais 4 pessoa detentora de foro privilegiado no configura usurpa¢ao de competéncia, exatamente por nao se tratar de “producdo probatoria” perante juiz incompetente, bem como pelo fato de que, ainda que se tratasse disso, deveria ser utilizada a chamada “teoria do juizo aparente”, por se tratar de descoberta fortuita de provas. De acordo com essa teoria, a prova colhida perante juizo incompetente deve ser considerada valida se 0 juizo era, ao tempo da colheita, aparentemente competente para tal. Além disso, 0 STJ entendeu que, diante dessa situagSo, os autos devem ser imediatamente encaminhados ao foro prevalente. Art. 8° Consiste a ago controlada em retardar a intervenco policial ou administrativa relativa 4 aco praticada por organizacéo criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observacao e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz 8 formacgo de provas e obtencao de informacées. A aco controlada consiste na autorizacao legal concedida ao agente policial para, diante da pratica de infragdo penal, em vez de efetuar a prisio em flagrante delito, aguardar 0 momento mais adequado, de forma a permitir a produgao de uma prova mais robusta Muitas vezes a aco policial é adiada com o objetivo de aguardar um momento em que se produza melhor efeito e, consequentemente, seja alcancado um numero maior de criminosos, visando & desestruturacaio de toda a organiza¢do. Por isso esse procedimento também é conhecido como flagrante retardado. A Doutrina diz que o agente policial deve atentar ao principio da razoabilidade ao aplicar o procedimento de aco controlada. Nucci traz como exemplo o caso da organizaco criminosa que resolva exterminar testemunhas. Tome cuidado com esse exemplo! O Cespe jé considerou CORRETA a seguinte assertiva: | MPE-TO — Promotor de Justia - 2012 — Cespe. Nao incorre em violagdo de dever funcional o | | agente policial que, investigando organizacdo voltada a pratica de tréfico de heroina, infiltrado, “presencie, durante a chegada de um carregamento que, segundo as suas investigacées, | ‘conteria cerca de 2t da referida droga, componentes da organizac3o cometerem cinco | | homicidios, sem prendé-los em flagrante pelos assassinatos. O retardamento deve ser comunicado com antecedéncia ao Juiz, ¢ este, se for 0 caso, estabelecerd seus limites e comunicaré ao Ministério Publico. ae: Se a agdo controlada envolver a travessia de fronteiras, somente pode haver o retardamento com a cooperacio das autoridades dos paises que sejam considerados como provavel itinerdrio ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime. Art, 10. A infiltragao de agentes de policia em tarefas de investigac3o, representada pelo delegado de policia ou requerida pelo Ministério Ptiblico, apés manifestacéo técnica do delegado de policia quando solicitada no curso de inquérito policial, serd precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorizagao judicial, que estabelecerd seus limites. A infiltracao é 0 procedimento por meio do qual o agente de policia age como se fosse membro da organizaco criminosa, com o objetivo de colher provas dos crimes cometidos. Atengdo para um aspecto importante: neste caso é necessaria a autorizagao judicial, decidida mediante requerimento do Ministério Publico ou representacao do Delegado, ouvido o Ministério Publico. A lei determina que a autorizago somente deve ser concedida quando houver indicios de crimes cometidos pela organizacao criminosa e a prova nao puder ser produzida por outros meios disponiveis. A infiltrac3o ento poderd ser autorizada pelo prazo de até 6 meses, sem prejuizo de eventuais renovagdes, caso seja necessario. Da mesma forma que 0 acordo da colaboracao premiada, o pedido de infiltracio deve ser distribuido sigilosamente, de forma a preservar a identidade do agente que serd infiltrado. As informacées detalhadas devem ser enviadas ao Juiz posteriormente a distribuico, e ele entdo deve proferir a decisdo no prazo de 24h. Uma regra bastante interessante para fins de prova é a do art. 13. Art. 13. O agente que nao guardar, em sua atuacdo, a devida proporcionalidade com a finalidade da investigaco, responder pelos excessos praticados. Paragrafo Unico. Nao é punivel, no 4mbito da infiltracao, a pratica de crime pelo agente infiltrado no curso da investigacao, quando inexigivel conduta diversa. O significado aqui é muito simples: o agente infiltrado precisa ser razoavel nas suas aces, mas pode até chegar a cometer atos tipificados como crimes, quando nao houver outra forma. Guarde bem essa informago, ok? A pratica de crime pelo agente infiltrado durante a infiltrago ndo IQUE ATENTO! épu el quando inexigivel conduta diversa, aah Art, 14, Sdo direitos do agente: I- recusar ou fazer cessar a atuagio infiltrada; II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9° da Lei n® 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de protegao a testemunhas; III - ter seu nome, sua qualificagso, sua imagem, sua voz e demais informagdes pessoais preservadas durante a investigacéo e 0 processo criminal, salvo se houver deciséo judicial em contrario; IV - nio ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicacao, sem sua prévia autorizagao por escrito. Por fim, temos os direitos do agente infiltrado, que mais uma vez remetem a necessidade de protecdo. A tarefa do infiltrado é muito complexa e arriscada, e por isso ha tantas medidas especificas de protecao que devem ser a ele dirigidas. Art. 15. 0 delegado de policia e 0 Ministério Puiblico terao acesso, independentemente de autorizago judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente 2 qualificacao pessoal, a filiacéo e o endereco mantidos pela Justica Eleitoral, empresas telefénicas, instituices financeiras, provedores de internet e administradoras de cartdo de crédito, A redaco deste dispositivo foi muito cuidadosa ao limitar 0 acesso da do Delegado de Policia e do Ministério Pablico aos dados cadastrais dos investigados. Isso para evitar discussdes acerca dos sigilos bancério, fiscal e de comunicagées. Quanto a efetiva quebra desses sigilos, isso também ¢ possivel, mas para tal é necesséria autorizagao judicial. Ha inclusive leis especificas sobre o assunto, como a Lei Complementar n® 105/2001, que trata da quebra dos sigilos bancério e financeiro quando houver investigacao de ilicito praticado por organizago criminosa Para possibilitar esse acesso, a lei determina ainda que as empresas de transporte e as concessiondrias de telefonia fixa ou mével deverdo manter registros dos servigos por elas prestados pelo prazo de 5 anos. A lei menciona ainda o procedimento de captacao ambiental, que nada mais é do que a instalacdo de escutas, para que um dos interlocutores colha dados e informacdes em didlogo do qual participa. Este procedimento é diferente da interceptacao, em que a autoridade policial instala equipamentos para captar didlogos dos quais nao participa. Para encerrar nosso estudo da Lei n° 12.850/2013, temos os crimes por ela tipificados, relacionados as investigacBes e a obtencao das provas. ae Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar 0 colaborador, sem sua prévia autorizacéo por escrito: Pena - reclusdo, de 1 (um) a 3 (trés) anos, e multa. Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboragao com a Justica, a pratica de infragao penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informacées sobre a estrutura de organizacéo criminosa que sabe inveridicas: Pena - reclusdo, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 20. Descumprir determinago de sigilo das investigacdes que envolvam a aco controlada e 2 infiltracao de agentes: Pena - reclusdo, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informagées requisitadas pelo juiz, Ministério PUblico ou delegado de policia, no curso de investigacao ou do process: Pena - reclusao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Paragrafo tinico. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei. Esses crimes e as infragdes penais conexas devem ser apurados mediante procedimento ordinario previsto no Cédigo de Processo Penal. A instrucao criminal deve ser encerrada em prazo razoavel, que nao poderd exceder a 120 dias quando o réu estiver preso, prorrogaveis em até igual periodo, por deciséo fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa ou por fato procrastinatério atribuivel ao réu. aa 6 - RESUMO DA AULA Para finalizar 0 estudo da matéria, trazemos um resumo dos principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa sugesto é a de que esse resumo seja estudado a= | sempre previamente ao inicio da aula seguinte, como forma de “refrescar” a meméria. = @ = | Além disso, segundo a organizacao de estudos de vocés, a cada ciclo de estudos & fundamental retomar esses resumos. CRIMES HEDIONDOS CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS Homicidio por grupo de exterminio, e homicidio qualificado lesdo corporal dolosa de natureza gravissima e lesdo corporal seguida de morte, quando praticadas contra autoridade ou agente das Tortura Forgas Armadas e policias. Extorsdo qualificada pela morte Extorsao mediante sequestro e na forma qualificada Estupie simples e de vulneravel SrekordeDroges Epiclemia com resultado morte Falsificago, corrupso, adulteracao ou alteracao de produto destinado a fins terapéuticos ou medicinais Terrorismo Favorecimento da prostituicdo ou de outra forma de exploracao sexual de crianca ou adolescente ou de vulneravel. aia i aa ae ae Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito O STF nao reconhece mais 0 carater hediondo do trafico de drogas pi E possivel a progresséo de regime do condenado por crime hediondo, sendo possivel quando se der o cumprimento de 2/5 da pena (apenado primério), ou de 3/5 (reincidente). A Lei dos Crimes Hediondos determina que a pena deve ser cumprida inicialmente em regime fechado. Todavia, o STF jé declarou este dispositivo inconstitucional em sede de controle difuso. DELACAO PREMIADA NOS CRIMES HEDIONDOS TRAICAO BENEFICA - 0 participante ou associado da associacao criminosa precisa denuncid-la as autoridades, possibilitando seu desmantelamento; CRIMES HEDIONDOS — QUADRO RESUMO Em regra, admite fianca. Inafiancgavel. ‘Admite liberdade proviséria. ‘Admite liberdade proviséria. Pode ser concedida anistia, graga e indulto. | Insuscetiveis de anistia, graca e indulto. aldaialiiiein a tes Pristio temporaria de até 5 dias, admitida prorroga¢ao por igual perfodo em caso de extrema e comprovada necessidade. Regime inicial de cumprimento da pena fechado, semiaberto ou aberto. Prisdo temporaria de até 30 dias, admitida prorrogacao por igual perfodo em caso de extrema e comprovada necessidade. Regime inicial de cumprimento da pena fechado, semiaberto ou aberto. E possivel a substituicdo da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Pode haver a concessio da suspensao condicional da pena (sursis). Para concessao do livramento condicional 0 condenado deverd cumprir 1/3 ou 1/2 da pena, dependendo de ser no reincidente em crime doloso. ou E possivel a substituicdo da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Pode haver a concessdo da suspensdo condicional da pena (sursis), exceto no caso de trafico de drogas (art. 44 da Lei n. 11.343/2006). Para concessdo do livramento condicional 0 condenado ndo pode especifico e deveré cumprir 2/3 da pena. ser reincidente Para progresséo de regime é necessdrio cumprir 1/6 da pena. ‘A pena pelo crime de associagao criminosa é de 1.23 anos. Para progressao de regime é necessario cumprir 2/5 da pena (se primério) ou 3/5 da pena (se reincidente). ‘A pena pelo crime de associacao criminosa serd de 3 a 6 anos. A Constituiggo determina que o crime de tortura é inafiangavel e insuscetivel de graca ou anistia, mas nao é imprescritivel. STF também jé decidiu que 0 condenado por crime de tortura também nao pode ser beneficiado com indulto. CRIME DE TORTURA CARACTERISTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES Eum crime material E possivel a tentativa e a desisténcia voluntaria _s No se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior Aso penal publica incondicionada DPC Infligida com a finalidade de obter TORTURA-PROVA ou TORTURA. informagao, declaragao ou confissdo da PERSECUTORIA vitima ou de terceira pessoa (inciso |, alinea “a”). TORTURA-CRIME de natureza criminosa. TORTURA DISCRIMINATORIA ou Infligida em razo de discriminagao racial ‘TORTURA-RACISMO ou religiosa Infligida como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de carater preventivo. Apenas responde por OMISSAO PERANTE A TORTURA aquele que tinha o dever de agir para evitar 0 ato de tortura e nao o faz. Alesao corporal leve nao é qualificadora do crime de tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver como resultado lesdo corporal grave ou gravissima ou, ainda, 0 resultado morte. CRIMES DE RACISMO. ‘Art. 20, Praticar, induzir ou incitar 2 discriminacao ou preconceito de raca, cor, etnia, religiio ou procedéncia eet Art. 8° Impedir 0 acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, Pena: recluséo de um a trés anos e | confeitarias, ou locais semelhantes multa. abertos ao publico. § 22 Se qualquer dos crimes previstos | pena: reclusdo de um a trés anos. no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicacao social ou publicagdo de qualquer natureza: a as Pena: reclusdo de dois a cinco anos e multa. § 12 Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular simbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz sudstica ou gamada, para fins de divulgacao do nazismo. Art. 92 Impedir 0 acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversdes, ou clubes sociais abertos ao piblico. 4 Ae Pena: reclusdo de um a trés anos. Pena: reclusdo de dois a cinco anos e multa. Art. 32 Impedir ou obstar 0 acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administracao Direta ou Indireta, bem como das concessionérias de servigos publicos. Art. 10. Impedir 0 acesso ou recusar atendimento em salées._ de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de — massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades. Pardgrafo Unico. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminaggo de raga, cor, etnia, religiio ou procedéncia nacional, | pena: reclusdo de um a trés anos. obstar a promocio funcional. Pena: recluso de dois a cinco anos. Organizagio criminosa é a associacao de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisdo de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a pratica de infragdes penais cujas penas maximas sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de cardter transnacional - ASSOCIACAO CRIMINOSA ORGANIZACAO CRIMINOSA. PREVISAO LEGAL Cédigo Penal (art. 288). Lei n? 12.850/2013. CUE ees 3 ou mais pessoas. 4.0u mais pessoas. OL) a H E = - Estrutura ordenada; - Divisdo de tarefas, ainda que informalmente; Aassociagao deve ter a - Objetivo de obter, direta ou finalidade especifica de indiretamente, vantagem cometer crimes. mediante a pratica de crimes com penas maximas superiores a4 anos, ou que sejam de carater transnacional. UL oN Tela Ole COLABORACAO PREMIADA MEDIDAS QUE _| - Perdao Judicial; PODEM SER - Reducdo da pena em até 2/3; CONCEDIDAS _| - Substituicao da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Precisa ser voluntaria e efetiva, trazendo pelo menos um dos seguintes resultados: a) a identificagdio dos demais coautores e participes da organizagao criminosa e das infragdes penais por eles praticadas; b) a revelago da estrutura hierdrquica e da divisio de tarefas da organizagao criminosa; c) a prevencdo de infragées penais decorrentes das atividades da organizagao criminosa; d) a recuperacao total ou parcial do produto ou do proveito das infragdes penais praticadas pela organizacao criminosa; e) a localizagdo de eventual vitima com a sua integridade fisica preservada. O Juiz no participa das negociacées. A ele cabe apenas homologar o ACORDO acordo firmado pelo colaborador com o Ministério Publico ou com 0 Delegado responsavel. a) usufruir das medidas de protecdo previstas na legislacdo especifica; b) ter nome, qualificacdo, imagem e demais informagdes pessoais preservados; DIREITOS DO —_| c) ser conduzido, em juizo, separadamente dos demais coautores e COLABORADOR | participes; d) participar das audiéncias sem contato visual com os outros acusados; e) nao ter sua identidade revelada pelos meios de comunicagao, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorizacao por escrito; COLABORACAO aia i aa ae in ) cumprir pena em estabeleci ou condenado: jento penal diverso dos demais corréus A pratica de crime pelo agente infiltrado durante a infiltracao n&o é punivel quando inexigivel conduta diversa. WMO a AU) a) Wasa ai PHABEAS CORPUS. HOMICIDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO. TENTATIVA. CRIMENAO | | ELENCADO COMO HEDIONDO. REGIME PRISIONAL. ADEQUAGAO. POSSIBILIDADE DE PROGRESSAO. i qualificado-privilegiado nfo figura no rol dos crimes hediondos. | Precedentes do STJ. | 2. Afastada a incidéncia da Lei n.° 8.072/90, o regime prisional deve ser fixado nos termos do disposto no art. 33, § 3°, c.c. 0 art. 59, ambos do Cédigo Penal. 3. In casu, a pena aplicada ao réu foi de seis anos, dois meses e vinte dias de reclusdo, e as | instncias ordindrias consideraram as circunstancias judicias favoraveis ao réu. Logo, deve sere | | stabelecido o regime prisional intermedidrio, consoante dispde aalinea b, do § 2°, do art. 33 do | | Cédigo Penal. | 4, Ordem concedida para, afastada a hediondez do crime em tela, fixar 0 regime inicial semi-aberto {para o cumprimento da pena infligida ao ora Paciente, garantindo-se-Ihe a progressdo, nas | condigdes estabelecidas em lei, a serem oportunamente aferidas pelo Juizo das Execugées Penais. | HABEAS CORPUS. PENAL. TRAFICO DE ENTORPECENTES. CRIME PRATICADO DURANTE A | VIGENCIA DA LEI N. 11.464/07. PENA INFERIOR A 8 ANOS DE RECLUSAO. | | OBRIGATORIEDADE DE IMPOSICAO DO REGIME INICIAL FECHADO. DECLARACAO | INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §1° DO ART. 2° DA LEI N. 8,072/90. | | OFENSA A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZACAO DA PENA (INCISO XLVI | | DO ART. 5° DA CF/88). FUNDAMENTACAO NECESSARIA (CP, ART. 33, §3°, C/C O ART. | 59). POSSIBILIDADE DE FIXACAO, NO CASO EM EXAME, DO REGIME SEMIABERTO PARA | | O INICIO DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. ORDEM CONCEDIDA. ited | Ordem concedida to somente para remover o dbice constante do § 1° do art. 2° da Lel n° | 8.072/90, com a redacao dada pela Lei n° 11.464/07, 0 qual determina que "[a] pena por crime previsto neste artigo sera cumprida inicialmente em’regime fechado”. Deciaracao incidental de | inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da obrigatoriedade de fixaggo do regime fechado para | | inicio do cumprimento de pena decorrente da condenacao por crime hediondo ou equiparado. i HC 111840-ES, Rel. Mi SUMULA VINCULANTE 26 DO STF | Para efeito de progressao de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, ! | 0 juizo da execucdo observara a inconstitucionalidade do art. 2° da Lei n. 8.072, de 25 de julho de | 1990, sem prejuizo de avaliar se o condenado preenche, ou nao, os requisitos objetivos e subjetivos | do beneficio, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realizacdo de exame PHABEAS-CORPUS. PUBLICACAO DE LIVROS: ANTI-SEMITISMO. RACISMO. CRIME | LIMPRESCRITIVEL. CONCEITUAGAO. ABRANGENCIA CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE | EXPRESSAO. LIMITES. ORDEM DENEGADA. 1. Escrever, editar, divulgar e comerciar livros fazendo apologia de ideias preconceituosas e discriminatérias" contra a comunidade judaica (Let 7716/89, artigo 20, na redacdo dada pela Lei 8081/90) constitui crime de racismo sujeito as | clausulas de inafiancabilidade e imprescritibilidade (CF, artigo 5°, XLII). 2. Aplicago do principio | da prescritibilidade geral dos crimes: se os judeus nao so uma raca, segue-se que contra eles nao pode haver discriminacéo capaz de ensejar a excec&o constitucional de imprescritibilidade. [Inconsisténcia da premissa. 3. Raga humana. Subdivisdo. Inexisténcia. Com a definicgo e 0 | mapeamento do genoma humane, cientificamente no existem distingdes entre os homens, seja pela segmentacao da pelé, formato dos olhos, altura, pélos ou por quaisquer outras caracteristicas | | fisicas, visto que todos se qualificam como espécie humana. Nao ha diferencas bioldgicas entre os | | seres humanos. Na esséncia so todos iguais. 4. Raca e racismo. A diviséo dos seres humanos em | racas resulta de um processo de contetido meramente politico-social. Desse pressuposto origina- se 0 racismo que, por sua vez, gera a discriminacao e 0 preconceito segregacionista. 5. Fundamento | do nucleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam ragas | | distintas. Os primeiros seriam raca inferior, nefasta e infecta, caracteristicas suficientes para | justificar a segregacao e o exterminio: inconciabilidade com os padrées éticos e morais definidos [na Carta Politica do Brasil e do mundo contemporaneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o | | estado democratico. Estigmas que por si s6 evidenciam crime de racismo. Concepgao atentatoria | dos principios nos quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua pacifica convivéncia no melo social. Condutas e evocacies aéticas e imorais que implicam repulsiva aco estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento infraconstitucional e constitucional do Pais. 6. Adesao do Brasil | 2 tratados e acordos multilaterais, que energicamente repudiam quaisquer discriminagées raciais, | ai compreendidas as distinges entre os homens por restricdes ou preferéncias oriundas de raca, | cor, credo, descendéncia ou origem nacional ou étnica, inspiradas na pretensa superioridade de um povo sobre outro, de que so exemplos a xenofobia, "negrofobia”, "islamafobia" e o anti-semitismo. 17. A Constituico Federal de 1988 impés aos agentes de delitos dessa natureza, pela gravidade e | | repulsividade da ofensa, a clausula de imprescritibilidade, para que fique, ad perpetuam rei | memoriam, verberado 0 repiidio e a abjecdo da sociedade nacional sua pratica. 8. Racismo. | Abrangéncia. Compatibilizag3o dos conceitos etimolégicos, _etnoldgicos, _sociolégicos, | | antropolégicos ou biolégicos, de modo a construir a definicio juridico-constitucional do termo. Interpretacdio teleoldgica e sistémica da Constituiggo Federal, conjugando fatores e circunstancias historicas, politicas e sociais que regeram sua formacao e aplicacao, a fim de obter-se o real sentido e alcance da norma. 9. Direito comparado. A exemplo do Brasil as legislacdes de paises organizados [sob a égide do estado moderno de direito democrético igualmente adotam em seu ordenamento legal punigdes para delitos que estimulem e propaguem segregacéo racial. Manifestaces da Suprema Corte Norte-Americana, da Cémara dos Lordes da Inglaterra e da Corte de Apelacdo da Califérnia nos Estados Unidos que consagraram entendimento que aplicam sangdes Aqueles que transgridem as regras de boa convivéncia social com grupos humanos que simbolizem a pratica de racismo, 10. A edicSo e publicacao de obras escritas veiculando ideias anti-semitas, que buscam i resgatar e dar credibilidade & concepcao racial definida pelo regime nazista, negadoras e ! subversoras de fatos histdricos incontroversos como 0 holocausto, consubstanciadas na pretensa inferioridade e desqualificacéo do povo judeu, equivalem a incitagao ao discrimen com acentuado contetido racista, reforcadas pelas consequéncias histéricas dos atos em que se baseiam. 11. Explicita conduta do agente responsdvel pelo agravo revelador de manifesto dolo, baseada na — por | equivocada premissa de que os judeus nao sé sé0 uma raca, mas, mais do que isso, um segmento / | racial atavica e geneticamente menor e pernicioso. 12. Discriminago que, no caso, se evidencia | como deliberada e dirigida especificamente aos judeus, que configura ato ilicito de prética de racismo, com as consequéncias gravosas que o acompanham. 13. Liberdade de expresso. Garanti constitucional que néo se tem como absoluta. Limites morais e juridicos. O direito a livre expresséo no pode abrigar, em sua abrangéncia, manifestacdes de contetido imoral que implicam ilicitude penal. 14. As liberdades pUblicas n&o so incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira harménica, observados os limites definidos na prépria Constituicéo Federal (CF, artigo 5°, § 2°, primeira parte). O preceito fundamental de liberdade de expressdo nao consagra o “direito a incitagéo ao racismo", dado que um direito individual n&o pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilicitas, como sucede com os delitos contra a honra. Prevaléncia dos principios da | dignidade da pessoa humana e da igualdade juridica. 15. "Existe um nexo estreito entre aj | imprescritibilidade, este tempo juridico que se escoa sem encontrar termo, e a meméria, apelo do | passado a disposi¢ao dos vivos, triunfo da lembranga sobre o esquecimento". No estado de direito | democratico devem ser intransigentemente respeitados os principios que garantem a prevalénci dos direitos humanos. Jamais podem se apagar da meméria dos povos que se pretendam justos os atos repulsivos do passado que permitiram e incentivaram o édio entre iguais por motivos raciais | de torpeza inomindvel. 16. A auséncia de prescricdo nos crimes de racismo justifica-se como alerta ! grave para as geracdes de hoje e de amanhé, para que se impeca a reinstauracdo de velhos e ultrapassados conceitos que a consciéncia juridica e histérica ndo mais admitem. Ordem denegada. | STF, HC 82424/RS, Rel. Min. MOREIRA ALVES, j. 17.09.2003, DJ 19.03.2004 PP-00017 EMENT : Lv | RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS, DIREITO PROCESSUAL PENALINEPCIA DA DENUNCIA. CRIME DE PRECONCEITO DE RACA OU DE COR.AUSENCIA DE JUSTA CAUSA. INOCORRENCIA, 11, Adentincia que se mostra ajustada ao artigo 41 do Cédigo de Processo Penal, ensejando o pleno ! exercicio da garantia constitucional da ampla defesa, ndo deve, nem pode, ser tida e havida como inepta. 2. A recusa de admissao no quadro assoclativo de clube social, em razdo de preconceito de raca ou de cor, caracteriza o tipo inserto no artigo 9° da Lei n° 7.716/89, enquanto modo da | conduta impedir, que Ihe integra o nucleo. 3. A faculdade, estatutariamente atribuida a diretoria, | | de recusar propostas de admissao em clubes sociais, sem declinacao dos motivos, nao the atribui | [a matureza especial de fechado, de maneira a subtrai-lo da incidéncia da lei. 4. A pretensio de | exame de prova ¢ estranha, em regra, ao mbito angusto do habeas corpus. 5. Recurso improvido. ‘STJ, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Data de Julgamento: 22/03/2005, T6 - SEXTA TURMA CONFLITO NEGATIVO DE COMPETENCIA. CRIME DE RACISMO PELA INTERNET. | MENSAGENS ORIUNDAS DE USUARIOS DOMICILIADOS EM DIVERSOS ESTADOS. IDENTIDADE DE MODUS OPERANDI. TROCA E POSTAGEM DE MENSAGENS DE CUNHO RACISTA NA MESMA COMUNIDADE DO MESMO SITE DE RELACIONAMENTO. OCORRENCIA DE CONEXAO INSTRUMENTAL. NECESSIDADE DE UNIFICACAO DO PROCESSO PARA | FACILITAR A COLHEITA DA PROVA. INTELIGENCIA DOS ARTS. 76, III, E 78, AMBOS DO | | CPP, PREVENCAO DO JUIZO FEDERAL PAULISTA, QUE INICIOU E CONDUZIU GRANDE | PARTE DAS INVESTIGAGOES. PARECER DO MPF PELA COMPETENCIA DO JUIZO FEDERAL | DE SAO PAULO. CONFLITO CONHECIDO, PARA DECLARAR COMPETENTE 0 JUIZO FEDERAL DA 4A. VARA CRIMINAL DA SUBSECAO JUDICIARIA DE SAO PAULO, O SUSCITADO, DETERMINANDO QUE ESTE COMUNIQUE O RESULTADO DESTE JULGAMENTO AOS DEMAIS JUIZOS FEDERAIS PARA OS QUAIS HOUVE A DECLINACAO DE COMPETENCIA. 1. Cuidando- | se de crime de racismo por meio da rede mundial de computadores, a consumacao do delito ocorre | | no local de onde foram enviadas as manifestacoes racistas. 2. Na hipdtese, é certo que as supostas | condutas delitivas foram praticadas por diferentes pessoas a partir de localidades diversas; todavia, a Econtaram com 0 mesmo modus operandi, qual seja, troca e postagem de mensagens de cunho | | racista e discriminatério contra diversas minorias (negros, homossexuais e judeus) na mesma ‘comunidade virtual do mesmo site de relacionamento. 3. Dessa forma, interligadas as condutas, tendo a prova até entdo colhida sido obtida a partir de Unico niicleo, inafastavel a existéncia de conexo probatéria a atrair a incidéncia dos arts. 76, III, e 78, II, ambos do CPP, que disciplinam ‘a competéncia por conexao e prevencdo. 4. Revela-se util e prioritaria a colheita unificada da prova, sob pena de inviabilizar e tornar infrutifera as medidas cautelares indispensdvels & perfelta | caracterizac&o do delito, com a identificagdo de todos os participantes da referida comunidade virtual. Gel LST,.CC 102454/R3, Rel. Min, NAPOLEAO NUNES MAIA FILHO, j, 25.03.2009, DJe 15.04.2009. DELAGAO PREMIADA E SIGILO. £0 sigilo sobre o contetido de colaboragao premiada deve perdurar, no maximo, até o recebimento ! da deniincia. Lng 4435 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12.9.2017. Informative STF 877. [COLABORACAO PREMIADA. ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS. AUTORIDADE COM | | PRERROGATIVA DE FORO. COMPETENCIA PARA HOMOLOGACAO DO ACORDO. TEORIA DO | JUIZ APARENTE. L + A homologacdo de acordo de colaboracgo premiada por juiz de primeiro grau de jurisdicgéo, que : | mencione autoridade com prerrogativa de foro no STJ, no traduz em usurpacdo de competéncia | desta Corte Superior. Rel 31.629-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/09/2017, Die | 28/09/2017 ime 8 - LEGISLAGAO APLICAVEL LEI N2 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. Dispde sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5%, inciso XLII, da Constituicao Federal, e determina outras providéncias. Art. 12 So considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Cédigo Penal, consumados ou tentados: | —homicidio (art. 121), quando praticado em atividade tipica de grupo de exterminio, ainda que cometido por um sé agente, e homicidio qualificado (art. 121, § 22, incisos I, II, Il, IV, V, Vie Vil); |-A- lesdo corporal dolosa de natureza gravissima (art. 129, § 2°) e lesdo corporal seguida de morte (art. 129, § 3°), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituicio Federal, integrantes do sistema prisional e da Forca Nacional de Seguranca Publica, no exercicio da fungo ou em decorréncia dela, ou contra seu cOnjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau, em razao dessa condicao; I latrocinio (art. 157, § 32, in fine); Ill - extorsio qualificada pela morte (art. 158, § 2°); IV - extorsdo mediante seqiiestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1°, 2°e 3°); \V- estupro (art. 213, caput e §§ 12€ 22); VI - estupro de vulneravel (art. 217-A, caput e §§ 1°, 22, 3° e 49); VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1°). VILA - (VETADO) VIL-B - falsificacdo, corrupgao, adultera¢do ou alterago de produto destinado a fins terapéuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1°, § 1°-Ae § 1°-B, com a redacdo dada pela Lei n® 9.677, de 2 de julho de 1998). VIII - favorecimento da prostituicio ou de outra forma de exploragao sexual de crianga ou adolescente ou de vulnerdvel (art. 218-B, caput, e §§ 12 e 22), Pardgrafo Unico. Consideram-se também hediondos o crime de genocidio previsto nos arts. 1°, 2°e 32da Lei n® 2.889, de 1° de outubro de 1956, e 0 de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei n°10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. Art. 22 Os crimes hediondos, a pratica da tortura, o trafico i 0 terrorismo sao insuscetiveis de: ito de entorpecentes e drogas afins aldaialiiiein a iain | - anistia, graca e indulto; Il- fianga. § 12 Apena por crime previsto neste artigo serd cumprida inicialmente em regime fechado. § 2° A progressao de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-4 apés 0 cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se 0 apenado for primério, e de 3/5 (trés quintos), se reincidente. § 3° Em caso de sentenga condenatéria, o juiz decidir fundamentadamente se o réu poder apelar em liberdade. § 4° A prisdo temporaria, sobre a qual dispde a Lei n° 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, teré 0 prazo de 30 (trinta) dias, prorrogavel por igual periodo em caso de extrema e comprovada necessidade. Art. 32 A Unido manterd estabelecimentos penais, de seguranca maxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanéncia em presidios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade publica. LEI N° 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989. Define os crimes resultantes de preconceito de raca ou de cor, O PRESIDENTE DA REPUBLICA, faco saber que 0 Congreso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 12 Serdo punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discrimina¢o ou preconceito de aca, cor, etnia, religido ou procedéncia nacional. Art. 22 (Vetado). Art. 3° Impedir ou obstar 0 acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administragdo Direta ou Indireta, bem como das concessiondrias de servicos puiblicos. Pardgrafo Unico. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminagdo de raca, cor, etnia, religido ou procedéncia nacional, obstar a promocao funcional. Pena: recluséo de dois a cinco anos. Art. 42 Negar ou obstar emprego em empresa privada. § 1° Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminagao de raga ou de cor ou praticas resultantes do preconceito de descendéncia ou origem nacional ou étnica: | - deixar de conceder os equipamentos necessdrios ao empregado em igualdade de condigées com os demais trabalhadores; II impedir a ascenso funcional do empregado ou obstar outra forma de beneficio profissional; Ill - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salério. ie § 22 Ficard sujeito as penas de multa e de prestagdo de servicos 4 comunidade, incluindo atividades de promogio da igualdade racial, quem, em antincios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparéncia prdprios de raga ou etnia para emprego cujas atividades no justifiquem essas exigéncias. Pena: reclusdo de dois a cinco anos. Art. 5° Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. Pena: reclusdo de um a trés anos. Art. 62 Recusar, negar ou impedir a inscri¢&o ou ingresso de aluno em estabelecimento de en: publico ou privado de qualquer grau. Pena: reclusao de trés a cinco anos. Pardgrafo Unico. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um tergo). Art. 72 Impedir 0 acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensdo, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar. Pena: reclusdo de trés a cinco anos. Art. 8° Impedir 0 acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao publico. Pena: recluséo de um a trés anos. Art. 92 Impedir 0 acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversdes, ou clubes sociais abertos ao publico. Pena: recluséo de um a trés anos. Art. 10. Impedir 0 acesso ou recusar atendimento em salées de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades. Pena: reclusdo de um a trés anos. Art. 11. Impedir o acesso as entradas sociais em edificios publics ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos: Pena: reclusdo de um a trés anos. Art. 12. Impedir 0 acesso ou uso de transportes publicos, como avides, navios barcas, barcos, énibus, trens, metré ou qualquer outro meio de transporte concedido. Pena: recluséo de um a trés anos. Art. 13. Impedir ou obstar 0 acesso de alguém ao servico em qualquer ramo das Forgas Armadas. Pena: reclusdo de dois a quatro anos. Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivéncia familiar e social. ps Pena: reclusdo de dois a quatro anos. Art. 15. (Vetado). Art. 16. Constitui efeito da condenago a perda do cargo ou fun¢do publica, para o servidor piblico, ea suspensdo do funcionamento do estabelecimento particular por prazo nao superior a trés meses. Art. 17. (Vetado). Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei ndo sdo autométicos, devendo ser motivadamente declarados na sentenca. Art. 19. (Vetado). Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminagao ou preconceito de raga, cor, etnia, religido ou procedéncia nacional. Pena: reclusdo de um a trés anos e multa, § 1° Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular simbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz sudstica ou gamada, para fins de divulga¢3o do nazismo. Pena: reclusdo de dois a cinco anos e multa. § 22 Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicacio social ou publicagao de qualquer natureza: Pena: reclusdo de dois a cinco anos e multa. § 32 No caso do paragrafo anterior, 0 juiz podera determinar, ouvido o Ministério Publico ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediéncia: 1-0 recolhimento imediato ou a busca e apreensdo dos exemplares do material respectivo; Il- a cessagdio das respectivas transmissdes radiofOnicas, televisivas, eletrénicas ou da publicacao por qualquer meio; Ill - a interdiggo das respectivas mensagens ou paginas de informag3o na rede mundial de computadores, § 42 Na hipotese do § 2°, constitui efeito da condenacao, apds o transito em julgado da decisdo, a destruigao do material apreendido. Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicacao. Art. 22. Revogam-se as disposicbes em contrério. LEI N° 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 201: Define organiza criminosa e dispde sobre a investigacdo criminal, os meios de obten¢do da prova, infraces penais correlatas e 0 Procedimento criminal; altera o Decreto-Lei n? 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Codigo Penal); revoga a Lei n° 9.034, de 3 de maio de 199! e dé outras providéncias. CAPITULO | DA ORGANIZACAO CRIMINOSA Art. 12 Esta Lei define organizacao criminosa e dispde sobre a investigacao criminal, os meios de obtenco da prova, infracdes penais correlatas e 0 procedimento criminal a ser aplicado. § 12 Considera-se organizacdo criminosa a associacio de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisdo de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a pratica de infracdes penais cujas penas maximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de carater transnacional. § 2° Esta Lei se aplica também: |- as infracBes penais previstas em tratado ou convengo internacional quando, iniciada a execucao no Pais, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; Il - as organizacées terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a pratica dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Redacdo dada pela lei n® 13.260, de 2016) Art. 22 Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organiza¢ao criminosa: Pena - reclusio, de 3 (trés) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuizo das penas correspondentes as demais infracdes penais praticadas. § 12 Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraca a investigaco de infrag&o penal que envolva organizacao criminosa. § 2° As penas aumentam-se até a metade se na atuacdo da organizacao criminosa houver emprego de arma de fogo. § 32 A pena é agravada para quem exerce 0 comande, individual ou coletivo, da organizacio inosa, ainda que no pratique pessoalmente atos de execucio. § 42 A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois tercos): | - se hé participacao de crianga ou adolescente; II- se ha concurso de funcionério puiblico, valendo-se a organizacao criminosa dessa condi¢do para a pratica de infracao penal; Ill - se o produto ou proveito da infragao penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; ane IV = se a organizacdo criminosa mantém conexio com outras organizagées criminosas independentes; \V- seas circunstncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organizacao, § 5% Se houver indicios suficientes de que o funciondrio publico integra organizagao criminosa, poderd o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou fungdo, sem prejuizo da remuneracdo, quando a medida se fizer necesséria a investigagao ou instrugdo processual. § 6° A condenagao com transito em julgado acarretara ao funcionario ptiblico a perda do cargo, fungdo, emprego ou mandato eletivo e a interdic¢ao para o exercicio de funcdo ou cargo publico pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. § 7° Se houver indicios de participag3o de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Policia instaurara inquérito policial e comunicaré ao Ministério Publico, que designard membro para acompanhar o feito até a sua conclusio. CAPITULO II DA INVESTIGAGAO E DOS MEIOS DE OBTENCAO DA PROVA Art. 38 Em qualquer fase da persecuso penal, sero permitidos, sem prejuizo de outros ja previstos em lei, os seguintes meios de obtencao da prova: | - colaboragSo premiada; II - captacao ambiental de sinais eletromagnéticos, dpticos ou aciisticos; Ill - ago controlada; IV -acesso a registros de ligacdes telefénicas e teleméticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados publicos ou privados e a informagées eleitorais ou comerciais; V - interceptacdo de comunicagées telefonicas e telematicas, nos termos da legislagao especifica; VI- afastamento dos sigilos financeiro, bancario e fiscal, nos termos da legislacao especifica; VII infiltraco, por policiais, em atividade de investigaco, na forma do art. 11; Vil - cooperacao entre instituicBes e érgdos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informagoes de interesse da investigacao ou da instrugo criminal. § 1° Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatoria, poderd ser dispensada licitagdo para contratacao de servigos técnicos especializados, aquisigao ou locagao de equipamentos destinados a policia judicidria para o rastreamento e obtencao de provas previstas nos incisos Il e V. (Incluido pela Lei n° 13.097, de 2015} § 22 No caso do § 14, fica dispensada a publica¢o de que trata o pardgrafo Unico do art. 61 da Lei n® 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o érgao de controle interno da realizagdo da contratacao. (Incluido pela Lei n? 13.097, de 2015) Segao! Da Colaboracao Premiada Art. 42 juiz poderd, a requerimento das partes, conceder o perdao judicial, reduzir em até 2/3 (dois tercos) a pena privativa de liberdade ou substitui-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigaco e com o proceso criminal, desde que dessa colaboracao advenha um ou mais dos seguintes resultados: | -a identificagdo dos demais coautores e participes da organizagao criminosa e das infracdes penais por eles praticadas; ll -a revelago da estrutura hierdrquica e da divisdo de tarefas da organizacao criminosa; Ill -a prevencao de infracdes penais decorrentes das atividades da organiza¢ao criminosa; IV - a recuperagao total ou parcial do produto ou do proveito das infragées penais praticadas pela organizaco criminosa; \V-alocalizacao de eventual vitima com a sua integridade fisica preservada. § 12 Em qualquer caso, a concessio do beneficio levara em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstdncias, a gravidade e a repercussao social do fato criminoso e a eficacia da colaboragdo. § 22 Considerando a relevancia da colaboracao prestada, o Ministério Publico, a qualquer tempo, e © delegado de policia, nos autos do inquérito policial, com a manifestacdo do Ministério Publico, poderdo requerer ou representar ao juiz pela concesséo de perdao judicial ao colaborador, ainda que esse beneficio no tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei n® 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Cédigo de Processo Penal). § 3° O prazo para oferecimento de dentincia ou 0 processo, relativos ao colaborador, podera ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogaveis por igual periodo, até que sejam cumpridas as medidas de colaboragao, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional § 4° Nas mesmas hipsteses do caput, o Ministério Publico podera deixar de oferecer dentincia se o colaborador: - | = nao for o lider da organizagdo criminosa; \1- for o primeiro a prestar efetiva colaboragdo nos termos deste artigo. § 52 Se a colabora¢do for posterior a sentenca, a pena poderd ser reduzida até a metade ou serd admitida a progressdo de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. § 6° O juiz nao participard das negociacdes realizadas entre as partes para a formalizacao do acordo de colaboracao, que ocorrera entre o delegado de policia, o investigado e o defensor, com a manifestacao do Ministério Publico, ou, conforme o caso, entre o Ministério Publico e o investigado ou acusado e seu defensor. § 7° Realizado o acordo na forma do § 6°, o respectivo termo, acompanhado das declaragdes do colaborador e de cépia da investigacio, ser remetido ao juiz para homologago, o qual devers verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir © colaborador, na presenca de seu defensor. § 82 O juiz poderd recusar homologacao a proposta que no atender aos requisitos legais, ou adequé-la ao caso concreto. § 9° Depois de homologado 0 acordo, o colaborador poderé, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Publico ou pelo delegado de policia responsavel pelas investigacées. § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatorias produzidas pelo colaborador nao poderao ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. § 11. Asentenca apreciard os termos do acordo homologado e sua eficacia. § 12. Ainda que beneficiado por perdao judicial ou néo denunciado, 0 colaborador podera ser ouvido em juizo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. §13. Sempre que possivel, o registro dos atos de colaboracao seré feito pelos meios ou recursos de gravacdo magnetica, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informacées. § 14. Nos depoimentos que prestar, 0 colaborador renunciaré, na presenca de seu defensor, ao direito ao siléncio e estaré sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. § 15. Em todos os atos de negociacio, confirmacao e execugéo da colaboracio, 0 colaborador deverd estar assistido por defensor. § 16. Nenhuma sentenca condenatéria seré proferida com fundamento apenas nas declaragées de agente colaborador. a Art. 5° So direitos do colaborador: | - usufruir das medidas de protegdo previstas na legislacdo especifica; II ter nome, qualificacao, imagem e demais informacées pessoais preservados; Ill - ser conduzido, em juizo, separadamente dos demais coautores e parti pes; IV - participar das audiéncias sem contato visual com os outros acusados; V - nao ter sua identidade revelada pelos meios de comunicacao, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorizagao por escrito; VI- cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados. Art, 62 O termo de acordo da colaboracao premiada deverd ser feito por escrito e conter: | - 0 relato da colaboragao e seus possiveis resultados; II -as condigdes da proposta do Ministério Publico ou do delegado de policia; Ill -a declaracao de aceitagao do colaborador e de seu defensor; IV -as assinaturas do representante do Ministério Publico ou do delegado de policia, do colaborador e de seu defensor; \V- a especificagao das medidas de protegao ao colaborador e a sua familia, quando necessério. Art. 72 0 pedido de homologacao do acordo sera sigilosamente distribuido, contendo apenas informagdes que nao possam identificar 0 colaborador e o seu objeto. § 12 As informacées pormenorizadas da colaboracao serdo dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuido, que decidiré no prazo de 48 (quarenta ¢ oito) horas. § 2° O acesso aos autos sera restrito ao juiz, a0 Ministério Puiblico e ao delegado de policia, como forma de garantir 0 éxito das investigagées, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercicio do direito de defesa, devidamente precedido de autorizacao judicial, ressalvados os referentes as diligéncias em andamento. § 32 0 acordo de colaboracdo premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a dentincia, observado o disposto no art. 5°. a Sesio It Da Agao Controlada Art. 8% Consiste a aco controlada em retardar a intervengdo policial ou administrativa relativa & aco praticada por organizacao criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observacdo e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz formacdo de provas e obtencdo de informacées. § 1° O retardamento da intervengao policial ou administrativa seré previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerd os seus limites e comunicara ao Ministério Publico. § 2° A comunicacao sera sigilosamente distribuida de forma a nao conter informagdes que possam indicar a operacao a ser efetuada. § 3° Até o encerramento da diligéncia, 0 acesso aos autos seré restrito ao juiz, a0 Ministério Publico e ao delegado de policia, como forma de garantir o éxito das investigacées. § 4° Ao término da diligéncia, elaborar-se-a auto circunstanciado acerca da ago controlada Art. 9° Se a aco controlada envolver transposicao de fronteiras, 0 retardamento da intervencdo policial ou administrativa somente poderd ocorrer com a cooperagao das autoridades dos paises que figurem como provavel itinerério ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime. Segao Ill Da Infiltragao de Agentes Art. 10. A infiltraggo de agentes de policia em tarefas de investigacao, representada pelo delegado de policia ou requerida pelo Ministério Publico, apés manifestacao técnica do delegado de policia quando solicitada no curso de inquérito policial, sera precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorizacao judicial, que estabelecerd seus limites. § 12 Na hipotese de representacéo do delegado de poli ouvird 0 Ministério Publico. |, 0 juiz competente, antes de decidir, § 22 Sera admitida a infiltragdo se houver indicios de infragao penal de que trata o art. 12e se a prova nao puder ser produzida por outros meios disponiveis. § 3° A infiltraco seré autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuizo de eventu renovacées, desde que comprovada sua necessidade. § 4° Findo o prazo previsto no § 3°, 0 relatério circunstanciado seré apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificard o Ministério Publico. § 5° No curso do inquérito policial, 0 delegado de policia podera determinar aos seus agentes, e 0 Ministério Publico poderé requisitar, a qualquer tempo, relatério da atividade de infiltracao. Art. 11. O requerimento do Ministério Publico ou a representaco do delegado de policia para a infiltragdo de agentes conteréo a demonstra¢do da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possivel, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltraco. Art. 12. O pedido de infiltragao sera sigilosamente distribuido, de forma a nao conter informagées que possam indicar a operacdo a ser efetivada ou identificar o agente que ser infiltrado. § 12 As informagées quanto a necessidade da operacio de infiltracdo serao dirigidas diretamente a0 juiz competente, que decidiré no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, apés manifestagdo do Ministério Piblico na hipstese de representagdo do delegado de policia, devendo-se adotar as medidas necessérias para 0 éxito das investigagdes e a seguranca do agente infiltrado. § 22 Os autos contendo as informagées da operacao de infiltracéo acompanharao a denuncia do Ministério Publico, quando serao disponibilizados @ defesa, assegurando-se a preservacdo da identidade do agente. § 32 Havendo indicios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operacao sera sustada mediante requisico do Ministério Publico ou pelo delegado de policia, dando-se imediata ciéncia ao Ministério Publico e 8 autoridade judicial. Art. 13. O agente que ndo guardar, em sua atuaco, a devida proporcion: investigacdo, responderd pelos excessos praticados. Pardgrafo Unico. Nao é punivel, no Ambito da infiltrago, a pratica de crime pelo agente infiltrado no curso da investigacao, quando inexigivel conduta diversa. Art. 14. Sdo direitos do agente: | - recusar ou fazer cessar a atuagao infiltrada; II ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, 0 disposto no art. 9° da Lei n? 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de protecdo a testemunhas; Ill- ter seu nome, sua qualificagao, sua imagem, sua voz e demais informacdes pessoais preservadas durante a investigagao e 0 processo criminal, salvo se houver decisdo judicial em contrario; IV - nao ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunica¢ao, sem sua prévia autorizacao por escrito. ae Segdo IV Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informacées Art. 15. © delegado de policia e 0 Ministério Publico terSo acesso, independentemente de autorizaco judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificacao pessoal, a filiagéo e o endereco mantidos pela Justica Eleitoral, empresas telefénicas, instituigdes financeiras, provedores de internet e administradoras de cartao de crédito. Art. 16. As empresas de transporte possibilitarao, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério Publico ou do delegado de policia aos bancos de dados de reservas e registro de viagens. Art. 17. As concessionarias de telefonia fixa ou mével manterao, pelo prazo de 5 (cinco) anos, & disposigao das autoridades mencionadas no art. 15, registros de identificacéo dos ntimeros dos terminais de origem e de destino das ligagdes telef6nicas internacionais, interurbanas e locais. Segio V Dos Crimes Ocorridos na Investigagdo e na Obtencao da Prova Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar 0 colaborador, sem sua prévia autorizacao por escrito: Pena - reclusdo, de 1 (um) a 3 (trés) anos, e multa. Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboracao com a Justica, a pratica de infracao penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informagdes sobre a estrutura de organizacao criminosa que sabe inveridicas: Pena - reclusdo, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 20. Descumprir determinacdo de sigilo das investigacées que envolvam a aco controlada e a inflltragao de agentes: Pena - reclusdo, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art, 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informacdes requisitadas pelo juiz, Ministério Publico ou delegado de policia, no curso de investiga¢o ou do processo: Pena - reclusao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Pardgrafo Unico. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei. CAPITULO IIL DISPOSICOES FINAIS Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infragdes penais conexas serdo apurados mediante procedimento ordinario previsto no Decreto-Lei n° 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Cédigo de Processo Penal), observado o disposto no parégrafo Unico deste artigo. Paragrafo Unico. A instrugdo criminal deverd ser encerrada em prazo razodvel, o qual ndo poderd exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogaveis em até igual periodo, por decisio fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa ou por fato procrastinatério atribuivel ao réu. Art, 23. O sigilo da investigacao poder ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficacia das diligéncias investigatérias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercicio do direito de defesa, devidamente precedido de autorizacdo judicial, ressalvados os referentes as diligéncias em andamento. Pardgrafo Unico. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor tera assegurada a prévia vista dos autos, ainda que clasificados como sigilosos, no prazo minimo de 3 (trés) dias que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsdvel pela investigacdo. Art. 24. O art, 288 do Decreto-Lein® 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Cédigo Penal), passa a vigorar com a seguinte redacao: “associacao Criminosa Art, 288. Associarem-se 3 (trés) ou mais pessoas, para o fim especifico de cometer crimes: Pena - reclusio, de 1 (um) a 3 (tras) anos. Pardgrafo Unico. A pena aumenta-se até a metade se a associacdo é armada ou se houver a participagdio de crianca ou adolescente.” (NR) Art. 25. O art. 342 do Decreto-Lei n? 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Cédigo Penal), passa a vigorar com a seguinte redacao: Pena - reclusdo, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Stil eaten tiictattea ictanntitleiatite tee eR) Art. 26. Revoga-se a Lei n° 9.034, de 3 de maio de 1995. ~- 9 - QuESTOES 9.1 - QUESTOES COMENTADAS 1. TI-SE~—Analista Judiciario - 2014- Cespe Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplicagao de penas. Considere que um individuo tenha sido condenado por crime hediondo. Nesse caso, para que possa requerer progressio de regime de pena, esse individuo deve cumprir dois quintos da pena que Ihe foi imputada, se for primario, e trés quintos dessa pena, se for reincidente. Comentarios Aassertiva esta de acordo com o art. 22, §22 da Lei n? 8.072/1990: A progressao de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-d apds 0 cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primario, e de 3/5 (trés quintos), se reincidente. GABARITO: CERTO 2. TI-CE— Analista Judicidrio - 2014 - Cespe (adaptada) E permitida a progressdo de regime em crimes hediondos, sendo necessério, para isso, que 0 juizo da execucao avalie se 0 condenado preenche os requisitos objetivos e subjetivos do beneficio, podendo determinar, ainda, a realizaco de exame criminolégico. Comentarios Hoje a progressio de regime no cumprimento de pena pro crime hediondo é permitida, exatamente nesses termos. GABARITO: CERTO 3. TI-CE— Analista Judicidrio - 2014 - Cespe (adaptada) E admitido o indulto, graca e anistia a agente que praticou crime de natureza hedionda. Comentérios Os crimes hediondos, a pratica da tortura, o tréfico ilfcito de entorpecentes e drogas afins eo terrorismo so insuscetiveis de anistia, graca e indulto. GABARITO: ERRADO 4, TI-CE— Analista Judicidrio - 2014 - Cespe (adaptada) Os crimes de extorsdo mediante sequestro e sequestro so equiparados ao hediondo. Comentarios Extorsiio mediante sequestro é crime hediondo, e nao equiparado. GABARITO: ERRADO “a 5. PC-BA—Delegado de Policia - 2013 - Cespe 0 individuo penalmente imputavel condenado a pena privativa de liberdade de vinte e trés anos de reclusdo pela pratica do crime de extorsdo seguido de morte poderd ser beneficiado, no decorrer da execucéio da pena, pela progresso de regime apés o cumprimento de dois quintos da pena, se for réu primério, ou de trés quintos, se reincidente. Comentarios O crime de extorso qualificado pela morte consta na lista dos crimes hediondos. € importante que vocé tenha bem claro na sua mente que é possivel a progressao de regime do condenado por crime hediondo. O cumprimento da pena se dard incialmente em regime fechado, mas a progressiio pode ocorrer quando se der o cumprimento de 2/5 da pena (apenado primério), ou de 3/5 (reincidente).. GABARITO: CERTO 6. CNJ—Analista Judicidrio - 2013 - Cespe Recentemente, ocorreu a incluso do crime de corrup¢ao ativa no rol dos delitos hediondos, fato que, entre outros efeitos, tornou esse crime inafiancdvel e determinou que o inicio do cumprimento da pena ocorra em regime fechado. Comentarios Atualmente tramita na Camara um projeto de lei nesse sentido, mas hoje a corrup¢o nao consta na lista da Lei dos Crimes Hediondos. GABARITO: ERRADO 7. TI-ES - Analista Judi jo - 2011 - Cespe Considere a seguinte situagdo hipotética. Maura praticou crime de extorsio, mediante sequestro, em 27/3/2008, e, denunciada, regularmente processada e condenada, iniciou o cumprimento de sua pena em regime fechado. Nessa situa¢do hipotética, apés o cumprimento de um sexto da pena em regime fechado, Maura tera direito a progressao de regime, de fechado para semiaberto. Comentarios Em 2007 a redacdo da Lei de Crimes Hediondbos foi alterada, e agora faz mengao a possibilidade de progressdo de regime quando cumpridos 2/5 da pena (condenado primério) ou 3/5 da pena (reincidente). Esta lei é especial em relagao ao Cédigo de Proceso Penal, que estabelece a regra de progressao com 1/6 da pena cumprida. GABARITO: ERRADO 8. DPE-PI- Defensor Publico - 2009 - Cespe (adaptada) A nova figura tipica denominada estupro de vulneravel nao foi incluida no rol de delitos hediondos, fato que tem gerado varias criticas por parte da doutrina mais autorizada. a Comentarios ALei n? 12.015/2009 incluiu no rol dos crimes hediondos a figura do estupro de vulneravel, ao tempo em que sepultou a discussdo sobre a incluséo ou nao do estupro simples na lista de crimes hediondos. Hoje qualquer estupro é considerado crime hediondo. GABARITO: ERRADO 9. TIDFT - Analista Ju jério - 2008 - Cespe O crime de homicidio considerado hediondo quando praticado em atividade tipica de grupo de exterminio, ainda que cometido por um sé agente, e quando for qualificado. Comentarios Para no haver perigo de vocé nao lembrar da lista dos crimes hediondos, vou repeti-la aqui, ok? CRIMES HEDIONDOS CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS por grupo de exterminio, e homicidio qualificado lesdo corporal dolosa de natureza gravissima e lesao corporal seguida de morte, quando praticadas contra autoridade ou agente das Forcas Armadas e policias. Extorsao qualificada pela morte Extorsdo mediante sequestro e na forma qualificada ; ; Trafico de Drogas Estupro simples e de vulneravel e Epidemia com resultado morte Falsificagao, corrup¢ao, adulteracao ou alteragao de produto destinado a fins terapéuticos ou medicinais Genocidio Terrorismo Favorecimento da prostituicao ou de outra forma de exploracao sexual de crianca ou adolescente ou de vulnerdvel. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito GABARITO: CERTO 10. AL-MT - Procurador - 2013 - FGV Avalie os tipos de crimes listados a seguir. |. Extorsdo mediante sequestro; IL. Estupro; Ill. Qualquer homicidio, simples ou qualificado, desde que doloso; IV. Falsificacao, corrupgao, adulteragdo ou alteracao de produto destinado a fins terapéuticos ou medicinais. De acordo com a Lei n. 8.072/90, so considerados crimes hediondos: a) le ll, somente. b) le Ill, somente. ¢)|, lle IV, somente. d)|, Ill e lV, somente. e) Il, Ile lV, somente Comentérios Entre todos os crimes indicados, somente o crime de homicidio simples nao é classificado como hediondo. Item I: extorsdo mediante sequestro é hediondo (art. 12, IV da lei n” 8.072/1990) Item Il: Estupro é hediondo (art. 12, V da lei n° 8.072/1990) Item Ill: homicidio qualificado é hediondo (art. 12, 1 da lei n° 8.072/1990) Item IV: Falsificacdo, corrup¢ao, adulteracao ou alteracaio de produto destinado a fins terapéuticos ‘ou medicinais tem natureza hediondo. (art. 12, VII-B da lei n° 8.072/1990) GABARITO: C 11. TRF 5? Regido — Analista Judicidrio - 2012 - FCC So crimes hediondos préprios, assim definidos pela Lei n°8.072/1990, dentre outros, a) estupro de vulnerdvel, epidemia com resultado morte e adulteragdo de produto destinado a fim terapéutico. b) extorsdo mediante sequestro, desastre ferrovidrio e incéndio, desde que seguidos de morte. a ae: ¢) terrorismo, estupro, atentado violento ao pudor e racismo. d) homicidio, latrocinio, extorséo mediante sequestro e trafico ilicito de drogas. e) atentado contra meio de transporte aéreo, concussdo e homicidio qualificado. Comentarios A Unica alternativa que corresponde & nossa lista é a letra A, ndo é mesmo? Cuidado para ndo confundir os crimes hediondos com os equiparados! GABARITO: A 12.PC-AC - Agente de Policia Civil - 2017 — IBADE. Acerca dos crimes hediondos (Lei n* 8.072/1990 e suas alteracées), pode-se afirmar que a: a) pena por crime hediondo sera cumprida integralmente em regime fechado. b) prisdio temporaria por crimes hediondos tera o prazo de 10 (dez) dias, prorrogavel por igual periodo em caso de extrema e comprovada necessidade. c) progressao de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos, dar-se-4 apés 0 cumprimento de 3/5 (trés quintos) da pena, se o apenado for primério, havendo vedacao em caso de ser reincidente. d) progressao de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos, dar-se-4 apés 0 cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primario, e de 3/5 (trés quintos), se reincidente. €) priséo temporaria por crimes hediondos ter o prazo de 20 (vinte) dias, prorrogavel por igual periodo em caso de extrema e comprovada necessidade. Comentérios A alternativa A esta incorreta. Nos termos do §1° do art. 2°, a pena por crime hediondo sera cumprida INICIALMENTE em regime fechado. Lembre-se, porém, de que 0 STF declarou o dispositive inconstitucional. A alternativa B esta incorreta. A prisdo temporaria por es hediondos tera 0 prazo de 30 dias, prorrogavel por igual perfodo em caso de extrema e comprovada necessidade. Isso também torna a alternativa E incorreta. A alternativa C esta incorreta. A progressdo de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos, dar-se-4 apés 0 cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primério, € de 3/5 (trés quintos), se reincidente (art. 2°, §2°). Isso torna a alternativa D correta. GABARITO: D li aad Ss sales 13. PC-AC - Delegado de Policia Civil - 2017 — IBADE. No que concerne a Lei que trata dos crimes Hediondos (Lei n° 8.072/1990 e suas alteracées), assinale a alternativa correta. a) A progressao de regime, no caso dos condenados por crimes hediondos, dar-se-d apés 0 cumprimento de 3/5 (trés quintos) da pena, se o apenado for primério. b) O crime de homicidio qualificado previsto no Cédigo Penal Militar é considerado hediondo. ¢) O fato de o crime ser considerado hediondo, por si s6, ndo impede a concessao da liberdade proviséria, de acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores. d) O sistema adotado pela legislagao brasileira para rotular uma conduta como hediondo é 0 sistema misto. e) Dentre os crimes equiparados aos hediondos estdo: tortura, trafico ilicito de drogas e racismo. Comentarios A alternativa A esta incorreta. Nos termos do art. 2°, §2°, a progressdo de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-4 apds 0 cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primério, e de 3/5 (trés quintos), se reincidente. A alternativa B esta incorreta. 0 homicidio considerado hediondo é aquele praticado em atividade tipica de grupo de exterminio, ainda que cometido por um s6 agente, e homicidio qualificado (art. 121, § 20, incisos |, I, Ill, IV, V, VI e VII do Cédigo Penal). A alternativa C esté correta. 0 Supremo Tribunal Federal, ao julgar 0 HC 104.339/SP, declarou a inconstitucionalidade da expressao "e liberdade provisdria", constante do art. 44, caput, da Lei n. 11.343/2006, afastando o dbice 4 concessao da liberdade proviséria aos acusados da pratica de crimes hediondos e equiparados, razao pela qual a decreta¢ao da prisdo preventiva sempre deve ser fundamentada na presenga dos requisites do art. 312 do Cédigo de Processo Penal - CPP. A alternativa D esta incorreta. O sistema adotado no brasil é 0 do etiquetamento ou rotulacao, também chamado de sistema legal. Sistema legal: etiquetamento ou rotulagdo (adotado); Sistema judicial: juiz declara a hediondez diante do caso em concreto; Sistema misto: parte de um rol legal que é flexivel ao caso concreto; Aalternativa E esta incorreta. O trafico de entorpecentes, o terrorismo e a tortura séo equiparados a crimes hediondos, mas nao o racismo. GABARITO: C a 14, DPE-RS - Analista Processual — 2017 — FCC. E correto afirmar que, a) segundo entendimento hoje unanime nas duas turmas de competéncia criminal do Superior Tribunal de Justiga, o descumprimento de ordem judicial imposta sob o titulo de medida protetiva no ambito da Lei n* 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nao implica a pratica das condutas tipicas de desobediéncia dispostas nos artigos 330 ou 359 do Cédigo Penal b) segundo entendimento hoje vigente no ambito do Supremo Tribunal Federal, o trafico de drogas cometido na vigéncia da Lei n° 8.072/1990, em qualquer de suas versées, é crime assemelhado a hediondo. ¢) para a jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justiga, a consuma¢ao do roubo reclama a posse pacifica e indisputada da coisa pelo agente. 4d) a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal no admite a aplicagio do chamado principio da insignificancia penal para o crime de descaminho. e) segundo a jurisprudéncia assentada no mbito da 3? Seco do Superior Tribunal de Justica, ndo subsiste o crime de desacato tipificado no artigo 331 do Cédigo Penal no ordenamento juridico brasileiro, posto que incompativel com o direito de liberdade de expressio e critica Comentarios Aalternativa A esté correta. Nao ha crime de desobediéncia quando a pessoa desatende a ordem e existe alguma lei prevendo uma sangdo civil, administrativa ou processual penal para esse descumprimento, podendo haver também a sancdo criminal. STJ. 5? Turma. REsp 1.374.653-MG, Rel, Min, Sebastido Reis Junior, julgado em 11/3/2014 (Info 538). STJ. 62 Turma. RHC 41.970-MG, Rel, Min. Laurita Vaz, julgado em 7/8/2014 (Info 544), A alternativa B esta incorreta. O STF mudou seu posicionamento, e hoje o tréfico privilegiado (beneficiado pela minorante do §4° do art. 33 da Lei n. 11.343/2006) ndo é mais considerado crime equiparado a hediondo. Aalternativa C esté incorreta. C- Errada. Consuma-se o crime de roubo com a inversao da posse do bem, mediante emprego de violéncia ou grave ameaca, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguicao imediata ao agente e recuperagdo da coisa roubada, sendo prescindivel (dispensdvel) a posse mansa e pacifica ou desvigiada. Veja a seguinte decisdo: STJ. 3# Seco. REsp 1.499.050-RI, Rel. Min, Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/10/2015 (Informativo STJ 572). A alternativa D est incorreta. Ao considerar que o descaminho nao é crime material (mas sim formal) e que ele defende outros bens juridicos além da arrecadagdo, a consequéncia légica seria nao mais utilizar o pardmetro de R$ 10 mil reais como critério para a aplicacao do principio da insignificncia. No entanto, 0 STJ continua aplicando o principio da insignificdncia ao crime de descaminho quando 0 valor dos tributos elididos nao ultrapassar a quantia de R$10.000,00 (dez mil reais), estabelecida no art. 20 da Lei n. 10.52/02 (STI. 5? Turma. AgRg no REsp 1453259/PR, Rel. Min, Felix Fischer, julgado em 05/02/2015). a ae Aalternativa E esta incorreta. Desacatar funcionario publico no exercicio da funcao ou em razSo dela continua a ser crime, previsto pelo art. 331 do Cédigo Penal. (STJ. 38 Seco. HC 379.269/MS, Rel. para acérdao Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/05/2017). GABARITO: A 15. PC-GO - Delegado de Policia Substituto — 2017 — CESPE. A respeito de crimes hediondos, assinale a op¢ao correta. a) Embora tortura, tréfico de drogas e terrorismo nao sejam crimes hediondos, também sao insuscetiveis de fianca, anistia, graga e indulto. b) Para que se considere o crime de homicidio hediondo, ele deve ser qualificado. ©) Considera-se hediondo o homicidio praticado em ago tipica de grupo de exterminio ou em aco de milicia privada d) O crime de roubo qualificado é tratado pela lei como hediondo. e) Aquele que tiver cometido o crime de favorecimento da prostituigo ou outra forma de exploragao sexual no periodo entre 2011 e 2015 ndo responderé pela pratica de crime hediondo. Comentarios Aalternativa A esté correta. Realmente, embora tortura, tréfico de drogas e terrorismo no sejam crimes hediondos, também sao inafiangdveis e insuscetiveis de anistia, graca e indulto. A alternativa B esta incorreta. 0 homicidio qualificado é crime hediondo, mas nao apenas ele. Também é hediondo, por exemplo, o homicidio simples praticado em atividade tipica de grupo de exterminio. Aalternativa C estd incorreta. A lei ndo fala em milicia privada, mas apenas em homicidio praticado em atividade tipica de grupo de exterminio. Aalternativa D esta incorreta. Na realidade o crime considerado hediondo é 0 latrocinio. A alternativa E esta incorreta. Uma alternativa traigoeira, que exige que vocé saiba quando houve alterago na Lei dos Crimes Hediondos. Na realidade a alternativa est incorreta porque a inclusdo do favorecimento da prostituicéo ou outra forma de exploracao sexual se deu em 2014, e nao em 2015. GABARITO: A ie 16.TJ-MG - Titular de Servicos de Notas e de Registros — Remogao ~ 2017 - CONSULPLAN. Analise as assertivas abaixo, sobre crimes hediondos, e assinale a alternativa correta: |. A progressao de regime, no caso dos condenados por crimes hediondos, atualmente, dar-se- 4 apés 0 cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primério, ou 3/5 (trés quintos), se reincidente em crime da mesma espécie. II. A liberdade proviséria nao & permitida nos processos por crimes hediondos, mas o excesso de prazo autoriza o relaxamento da priséo processual. lll. A pena para os crimes hediondos, ou equiparados, ser cumprida inicialmente em regime fechado, na hipétese de nao cabimento de regimes menos gravosos. IV, Para efeito de progresséo de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, ndo é obrigatério 0 exame criminolégico na avaliago do preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos pelo condenado, mas uma vez exigido, tal decisdo deve ser fundamentada. Estd correto somente o que se afirma em: a)le. b) etl oiliev. d) le lll. Comentérios O item | esta incorreto porque a Lei dos Crimes Hediondos nao faz qualquer mencao a necessidade de reincidéncia especifica para que seja aplicada a regra de progressdo de regime com o cumprimento de trés quintos. O item II esta incorreto. A redacao original do inciso 1! do art. 22 vedava também a concessdo de liberdade provisdria nos casos de crimes hediondos e equiparados. Vocé pode notar, entretanto, que a Constituicao nao fez qualquer mencao a restri¢ao da liberdade do acusado por tais crimes. Pelo contrario, o teor do art. 52, LXVI, é no sentido de que “ninguém deve ser levado a prisdo ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade proviséria, com ou sem fianga”. Foi por essa razdo que 0 dispositivo foi alterado em 2007, e hoje os crimes hediondos e equiparados sao inafiangaveis, mas © acusado apenas pode ter sua liberdade restringida cautelarmente quando houver decisao judicial fundamentada, e apenas nos casos previstos em lei (art. 312 do CPP). GABARITO: C 17. TRF - 22 REGIAO - Analista Judiciério - 2017 - CONSULPLAN. “A progressio de regime, no caso dos condenados por crimes hediondos dar-se-4 apés 0 cumprimento de da pena, se 0 apenado for primario; e de , se reincidente.” Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa anterior. a)1/3 /2/3 in b) 1/4/2/5 c) 1/6 / 1/2 d) 2/5 / 3/5 Comentarios Vocé ja esté cansado de saber isso, nao ¢ mesmo!? © Nos termos do art. 28, §28, a progressdo de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-4 apds 0 cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primério, e de 3/5 (trés quintos), se reincidente GABARITO: D 18. DPE-PR - Defensor Puiblico - 2017 — FCC. Sobre os crimes em espécie, é correto afirmar: a) Segundo posicao do Supremo Tribunal Federal, os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, mesmo que cometidos antes da edic3o da Lei n° 12.015/2009, sio considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples, b) A escusa relativa prevista nas disposicdes gerais dos crimes contra o patriménio extingue a punibilidade do sujeito ativo do crime. c) A extorsdo é crime formal e se consuma quando 0 sujeito ativo recebe a vantagem exigida. d) A receptacdo na modalidade imprépria admite tentativa. e) O art. 28 da Lei n° 10.826/2003 veda, em qualquer hipétese, ao menor de 25 anos, a aquisig30 de arma de fogo. Comentérios A alternativa A esta correta. Tanto o estupro quanto 0 atentado violento ao puder jd eram considerados crimes hediondos. A diferenca é que, a partir da Lei n. 12.015/2009, os dois tipos penais foram reunidos em um s6, sob o nomen juris de estupro. A alternativa B estd incorreta. As escusas absolutas extinguem a punibilidade (art. 181 do Cédigo Penal). As escusas relativas apenas condicionam a a¢ao penal (art. 182 do Codigo Penal). A alternativa C esta incorreta. A extorsio é crime formal, e por isso se consuma com o constrangimento da vitima. Nao se exige, para fins de consumagao, a obtencdo da vantagem exigida, que é apenas a intencdo do agente, e poder ser considerada na dosimetria da pena. Aalternativa D estd incorreta. Na modalidade impropria, a receptacao nao admite tentativa, j4 que se trata de crime formal, que se consuma quando o agente influencia 0 terceiro. Aalternativa E estd incorreta. A vedagao ¢ a regra geral, mas hd excegées, conforme redagao do art. 28 do Estatuto do Desarmamento. Art, 28. vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das entidades constantes dos incisos I, II, ITI, V, VI, VII e X do caput do art. 60 desta Lei. GABARITO: A 19. SEJUC-RN - Agente Penitencidrio ~ 2017 - IDECAN. Os crimes hediondos so suscetiveis de: a) Fianga b) Anistia, ©) Indutto. d) Liberdade proviséria Comentérios Depois de ter estudado a aula de hoje, vocé ja sabe definitivamente que os crimes hediondos séo inafiangaveis e insuscetiveis de graga, anistia e indulto, mas a liberdade provisdria é admitida. GABARITO: D 20. SEJUC-RN - Agente Penitenciario - 2017 - IDECAN. NAO é considerado hediondo ou equiparado o crime de: a) Latrocinio. b) Corrupsao ativa. c) Estupro de vulneravel. 4d) Epidemia com resultado morte. Comentérios No rol taxativo dos crimes hediondos que consta no art. 1° da Lei n. 8.072/1990 nao consta o crime de corrupgdo ativa. Existe projeto de lei em tramitaco no Congreso Nacional nesse sentido, mas essa alteracdo na lei nunca chegou a ser feita. GABARITO: B 211, SEJUS — CE - Agente Penitenciario — 2017 - INSTITUTO AOCP Constitui crime hediondo, previsto na Lei 8072/1990, a) 0 favorecimento da prostituiggo ou de outra forma de exploracao sexual de crianga ou adolescente ou de vulneravel. b) constranger alguém, mediante violéncia ou grave ameaca e com 0 intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econémica, a fazer, tolerar que se faca ou deixar de fazer alguma coisa. ¢) leso corporal leve quando cometida contra agente do sistema prisional. d) homicidio simples praticado por qualquer cidadao. Comentarios Retornemos a nossa tabela que lista os crimes hediondos para responder a questdo. CRIMES HEDIONDOS CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS Homicidio por grupo de exterminio, e homicidio qualificado lesdo corporal dolosa de natureza gravissima e lesio corporal seguida de morte, quando praticadas contra autoridade ou agente das Tortura Forgas Armadas e policias. Extorsdo qualificada pela morte Extorsao mediante sequestro e na forma qualificada Estupro simples e de vulneravel Treiceadaietiaas Epidemia com resultado morte Falsifica¢do, corrupso, adulteracao ou alteracao de produto destinado a fins terapéuticos ou medicinais Favorecimento da prostituicao ou de outra Terrorismo forma de exploracao sexual de crianca ou adolescente ou de vulneravel. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito O crime definido na letra A consta exatamente na tabela. O crime da letra B nao consta na lista. O crime da letra C fala de lesdo corporal leve cometida contra a gente prisional, enquanto que na lista consta o crime de lesao corporal dolosa de natureza gravissima. A letra D define o homicidio simples praticado por qualquer cidadao como crime hediondo, enquanto que a lei define 0 homicidio pony qualificado ou homicidio praticado por grupo de exterminio como crimes hediondos. A resposta, portanto, éa letra A. GABARITO: A 22, DEPEN — Agente Penitencidrio - 2015 - Cespe. SITUAGAO HIPOTETICA: Um servidor publico federal, no exercicio de atividade carceréria, colocou em perigo a satide fisica de preso em virtude de excesso na imposicao da disciplina, com a mera inten¢o de aplicar medida educativa, sem he causar sofrimento. ASSERTIVA: Jessa situago, o referido agente responderd pelo crime de tortura Comentarios Neste caso nao podemos dizer que houve tortura, pois ndo houve dolo e nem sofrimento. Na realidade o caso trazido pela questao é de crime de maus trates, tipificado no art. 136 do Cédigo Penal. GABARITO: ERRADO 23. SEAP-DF — Agente de Atividades Penitenciarias - 2015 — Universa. A condenagao por crime de tortura acarretard a perda do cargo, da fungao ou do emprego piblico e a interdi¢do, para seu exercicio, pelo triplo do prazo da pena aplicada Comentarios Opa! Olha a pegadinha!!! Na realidade a interdi¢ao deve perdurar pelo dobro do prazo da pena, e no pelo triplo! GABARITO: ERRADO 24, PC-CE — Escrivao de Policia - 2015 — VUNESP, crime de tortura (Lei no 9.455/97) tem pena aumentada de um sexto até um terso se for praticado a) ininterruptamente, por periodo superior a 24 h, b) em concurso de pessoas ¢) por motivos politicos. d) contra mulher €) por agente piiblico. Comentérios Aumenta-se a pena de um sexto até um terco nas seguintes circunstancias: |-se o crime é cometido por agente publico; Il- se o crime é cometido contra crianga, gestante, portador de deficiéncia, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; a Ill - se o crime é cometido mediante sequestro. GABARITO: E 25. DEPEN — Agente Penitenciario - 2013 - Cespe. Joaquim, agente penitencidrio federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de trés anos de reclusao, por crime disposto na Lei n.2 9.455/1997. Nos termos da referida lei, Joaquim ficard impedido de exercer a referida fungdo pelo prazo de seis anos. Comentarios A condenagao por crime de tortura acarreta a perda do cargo, fungdo ou emprego puiblico e a interdigao para seu exercicio pelo dobro do prazo da pena aplicada, nos termos do art. 1°, §5° da Lei n° 9,455/1997. GABARITO: CERTO 26. DEPEN — Agente Penitenciario — 2013 - Cespe. Um agente penitencidrio federal determinou que José, preso sob sua custédia, permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber dgua ou alimentar-se, como forma de castigo, j4 que José havia cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa situagdo, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que nao tenha utilizado de violéncia ou grave ameaga contra José. Comentérios Para responder corretamente a questo vocé precisa conhecer o contetido do §1° do art. 1° da Lei de Tortura: “Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de seguranca a sofrimento fisico ou mental, por intermédio da pratica de ato nao previsto em lei ou nao resultante de medida legal”. Esta questao é muito polémica por dizer que nao houve violéncia ou grave ameaca, © que, na minha opinido, é um erro da banca, mas o gabarito foi mantido na época. GABARITO: CERTO 27.PRF - Agente - 2013 - Cespe. Para que um cidadio seja processado e julgado por crime de tortura, é prescindivel que esse crime deixe vestigios de ordem fisica. Comentarios A palavra “prescindivel” significa “dispensavel”. A assertiva, portanto, esta dizendo que nao é necessario que o crime de tortura deixe vestigios de ordem fisica. Nada impede que a prova do crime seja produzida de outras maneiras. GABARITO: CERTO 28. MPU — Técnico — 2010 — Cespe. Occrime de tortura é inafiancavel e insuscetivel de graca ou anistia Comentarios Esta é a letra da Constituigdo Federal, em seu art. 52, XLIII. © STF ja decidiu que 0 indulto também nao € aplicavel no caso de crime de tortura. Lembre-se também de que o crime de tortura nao é imprescritivel! GABARITO: CERTO 29. MPU ~ Técnico - 2010 - Cespe. E considerado crime de tortura submeter alguém, com emprego de violéncia ou grave ameaga, a intenso sofrimento fisico ou mental, como forma de aplicar-Ihe castigo pessoal ou medida de carter preventivo. Comentarios Esta é a Tortura-Castigo. Lembre-se de que esta modalidade é crime préprio, pois somente pode ser praticado por quem tenha o dever de guarda ou exerca poder ou autoridade sobre a vitima. Ao mesmo tempo exige-se também uma condigdo especial do sujeito passivo, que precisa estar sob a autoridade do torturador. GABARITO: CERTO 30. TJ-AC - Técnico Judicidrio - 2012 - Cespe. Suponha que Jo&o, penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastiéo, com emprego de violéncia, a continuo e intenso sofrimento fisico, provocando-Ihe lesao corporal de natureza gravissima. Nessa situagdo, Jodo deverd responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverd cumprir a pena em regime inicial fechado. Comentarios © crime de tortura exige um elemento subjetivo especifico: “obter informacio, declaraco ou confissao da vitima ou de terceira pessoa”; “provocar aco ou omissao de natureza criminosa”; “por motivo de discriminago racial ou religiosa”. O agente que inflige sofrimento em outra pessoa por sadismo nao comete crime de tortura, mas sim de lesao corporal ou, a depender do caso, de homicidio tentado. GABARITO: ERRADO 31. DPF — Agende da Policia Federal — 2012 — Cespe. O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependéncias do distrito policial, um acusado de trafico de drogas a confessar a pratica do crime perderd automaticamente 0 seu cargo, sendo desnecessério, nessa situagdo, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo am Comentarios A perda do cargo, emprego ou funcao publica ¢ efeito extrapenal administrative da condenacaio, € no precisa ser declarado pelo juiz. GABARITO: CERTO 32. PC-RN — Escrivao de Policia Civil - 2009 - Cespe (adaptada). Um delegado da policia civil que perceba que um dos custodiados do distrito onde é chefe est sendo fisicamente torturado pelos colegas de cela, permanecendo indiferente ao fato, nao sera responsabilizado criminalmente, pois os delitos previstos na Lei n.2 9.455/1997 nao podem ser praticados por omissao. Comentarios O crime de tortura conta com uma modalidade omissiva, prevista no §2° do art. 1°. Entretanto, apenas é criminalizada a omisséo daquele que tinha o dever de agir para evitar ou apurar a ocorréncia de atos de tortura. § 2° Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evi Jas, incorre na pena de detencéo de um a quatro anos, GABARITO: ERRADO las ou apurd- 33. PC-RN — Escrivao de Policia Civil - 2009 - Cespe (adaptada). Se um membro da Defensoria Publica do Estado do Rio Grande do Norte, integrante da Comissdo Nacional de Direitos Humanos, for passar uma temporada de trabalho no Haiti — pais que nao pune o crime de tortura — e ld for vitima de tortura, ndo haverd como aplicar a Lei n.2 9.455/1997. Comentérios Oart. 2° da Lei da Tortura determina que ela se aplica ainda quando o crime nao tenha sido cometido em territério nacional, sendo a vitima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdi¢io brasileira. GABARITO: ERRADO 34, PC-ES — Escrivao de Policia - 2011 - Cespe. Excetuando-se 0 caso em que o agente se omite diante das condutas configuradoras dos crimes de tortura, quando tinha o dever de evitd-las ou apuré-las, iniciaré o agente condenado pela pratica do crime de tortura o cumprimento da pena em regime fechado. Comentarios Ja deu para perceber quais sdo os assuntos preferidos do Cespe no que se refere a Lei de Tortura, nao é mesmo? A assertiva esta correta em funcao do teor do §7° do art. 1°. Lembre-se da excecao! GABARITO: CERTO 35. PC-ES — Escrivdo de Policia - 2011 - Cespe. No crime de tortura em que a pessoa presa ou sujeita a medida de seguranca é submetida a sofrimento fisico ou mental, por intermédio da pratica de ato no previsto em lei ou ndo resultante de medida legal, ndo é exigido, para seu aperfeicoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando, portanto, para a configuracao do crime, o dolo de praticar a conduta descrita no tipo objetivo. Comentérios A conduta do §1° do art. 1° é a Unica que nao exige dolo especifico por parte do agente do crime de tortura. § 1° Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de seguranca a sofrimento fisico ou mental, por intermédio da prética de ato ndo previsto em lei ou nao resultante de medida legal. GABARITO: CERTO 36. PC-PE - Agente de Policia - 2016 — Cespe. Rui e Jair sdo policiais militares e realizam constantemente abordagens de adolescentes homens jovens nos espacos publicos, para verificacdo de ocorréncias de situagdes de uso e tréfico de drogas e de porte de armas. Em uma das abordagens realizadas, eles encontraram José, conhecido por efetuar pequenos furtos, e, durante a abordagem, verificaram que José portava um celular caro. Jair comegou a questionar a quem pertencia 0 celular e, a medida que José negava que o celular Ihe pertencia, alegando nao saber como havia ido parar em sua mochila, comecou a receber empurrdes do policial e, persistindo na negativa, foi derrubado no cho e comecou a ser pisoteado, tendo a arma de Rui direcionada para si. Como nao respondeu de forma alguma a quem pertencia o celular, José foi colocado na viatura depois de apanhar bastante, e os policiais ficaram rodando por horas com ele, com o intuito de descobrirem a origem do celular, mantendo-o preso na viatura durante toda uma noite, somente levando-o para a delegacia no dia seguinte. Nessa situacao hipotética, 8 luz das leis que tratam dos crimes de tortura e de abuso de autoridade e dos crimes hediondos, a) 0s policiais cometeram o crime de tortura, que, no caso, absorveu o crime de lesdo corporal. b) os policiais cometeram somente crime de abuso de autoridade e lesdo corporal. c) 0 fato de Rui e Jair serem policiais militares configura causa de diminuicao de pena. d) 0s policiais cometeram o tipo penal denominado tortura-castigo. e) caso venham a ser presos cautelarmente, Rui e Jair poderdo ser soltos mediante o pagamento de fianga. Comentérios Diante da situagdo descrita na questdo, os policiais militares cometeram o crime de tortura-prova. Como se trata de um crime mais especifico, a tortura absorve a leséo corporal e nossa reposta, portanto, é a alternativa A. O fato de Rui e Jair serem policiais militares configura causa de aumento de pena, e nao de diminuigéo. Diante de uma eventual prisdo cautelar, Rui e Jair nao podem ser soltos mediante o pagamento de fianca. O crime de tortura ¢ inafiancdvel! GABARITO: A 37.PC-AC - Agente de Policia Civil - 2017 — IBADE. Consoante a Lei de Tortura (Lei n° 9.455/1997), assinale a alternativa correta. a) A Lei de Tortura aplica-se ainda quando o crime nao tenha sido cometido em territério nacional, sendo a vitima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdicso brasileira. b) Se o crime cometido contra crianga, gestante, portador de deficiéncia, adolescente ou maior de 70 (setenta) anos, aumenta-se a pena um sexto até a metade. c) O crime de tortura ¢ inafiancavel e suscetivel de graca ou anistia. d) A condenacao pela prética do crime de tortura acarretaré a perda do cargo, fungdo ou emprego pubblico e a interdicao para seu exercicio pelo triplo do prazo da pena aplicada. e) O condenado por crime previsto na Lei de Tortura, via de regra, iniciaré o cumprimento da pena em regime semiaberto. Comentarios Aalternativa A esta correta, nos termos do art. 22. Art. 2° O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime no tenha sido cometido em territério nacional, sendo a vitima brasileira ou encontrando-se 0 agente em local sob jurisdicao brasileira. A alternativa B esté incorreta. A causa de aumento de pena neste caso incide quando o crime for cometido contra crianca, gestante, portador de deficiéncia, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos (art. 12, § 42). A alternativa C esta incorreta. Vocé jé estd cansado de saber, mas ndo custa repetir: o crime de tortura é inafiangavel e insuscetivel de graca ou anistia. Aalternativa D esta incorreta. Nos termos do art. 12, §52, a condenago acarretard a perda do cargo, fung3o ou emprego piiblico e a interdigao para seu exercicio pelo dobro do prazo da pena aplicada. A alternativa E esté incorreta. De acordo com 0 § 72 do art. 12, o condenado por crime de tortura, salvo a hipétese do § 22, iniciaré o cumprimento da pena em regime fechado. GABARITO: A 38. SEAS-CE - Assistente Social/Pedagogo/Psicélogo - 2017 - UECE-CEV. O disposto na Lei Federal n° 9.455 de 1997 (Lei da Tortura) a) aplica-se quando o crime nao tenha sido cometido em territério nacional, sendo a vitima estrangeira, ainda que o agente nao se encontre em local sob jurisdigao brasileira b) nao se aplica quando o crime néo tenha sido cometido em territério nacional. az ©) aplica-se quando o crime nao tenha sido cometido em territério nacional, sendo a viti brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdigao brasileira. d) no se aplica quando o crime tenha sido cometido em territério nacional, mas a vitima seja estrangeira. Comentarios Esta questo pode parecer complicada, mas foi retirada diretamente do texto da lei, mas precisamente do art. 22. Art. 2° O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime nao tenha sido cometido em territério nacional, sendo a vitima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdicéo brasileira. GABARITO: C 39. TRF - 28 REGIAO — Técnico Judicidrio - Seguranca e Transporte — 2017 - CONSULPLAN. Os crimes previstos na Lei de Tortura (Lei n° 9.455, de 7 de abril de 1997) NAO terdoa sua pena aumentada de um sexto até um tergo se o crime for cometido a) por agente piiblico. b) mediante sequestro. c) contra vitima de 55 anos. d) contra portador de deficiéncia. Comentérios Nos termos do art. 12, § 42, aumenta-se a pena de um sexto até um terco, entre outras hipoteses, se o crime é cometido contra crianga, gestante, portador de deficiéncia, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos. GABARITO: C 40. EMBASA ~ Engenheiro ~ 2017 - IBFC. Assinale a alternativa incorreta sobre as previsdes expressas da Lei Federal n° 9.455, de 07 de abril de 1997 que define os crimes de tortura e da outras providéncias. a) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violencia ou grave ameaca, causando-Ihe sofrimento fisico ou mental com o fim de obter informacdo, declaragdo ou confissdo da vitima ou de terceira pessoa b) Aquele que submeter pessoa presa ou sujeita a medida de seguranca, a sofrimento fisico ou mental, por intermédio da pratica de ato no previsto em lei ou nao resultante de medida legal, incorre em pena diversa aquela prevista para o crime de tortura c) No crime de tortura, aumenta-se a pena de um sexto até um terco, se o crime é cometido por agente piiblico d) No crime de tortura, aumenta-se a pena de um sexto até um terco, se o crime é cometido contra crianca, gestante, portador de deficiéncia, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos a Comentarios Nosso erro esté na alternativa B. De acordo com o art. 12, § 12 da Lei de Tortura, na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de seguranca a sofrimento fisico ou mental, por intermédio da pratica de ato nao previsto em lei ou nao resultante de medida legal. GABARITO: B 41, SUSEPE-RS - Agente Penitencidrio - 2017 - Fundacio La Salle. Constranger alguém com emprego de violéncia ou grave ameaca, causando-lhe sofrimento fisico ou mental, com o fim de obter informagao, declaracdo ou confissdo da vitima ou de terceira pessoa constitui em: a) crime de imprensa. b) crime de tortura. c) crime de constrangimento ilegal d) e) crime contra a liberdade individual. e de les6es corporais. Comentarios A conduta aqui descrita constitu crime de tortura, ndo é mesmo? Vamos relembrar 0 art. 12 da Lei n, 9455/1997, Art. 1° Constitui crime de tortura: I- constranger alguém com emprego de violéncia ou grave ameaga, causando-Ihe sofrimento fisico ou mental: a) com o fim de obter informacao, declaracso ou confissao da vitima ou de terceira pessoa; b) para provocar aco ou omisséo de natureza criminosa; ©) em razio de discriminagao racial ou religiosa; IT - submeter alguém, sob sua guarde, poder ou autoridade, com emprego de violéncia ou grave ameaca, a intenso sofrimento fisico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de cardter preventivo. Pena - reclusao, de dois a oito anos. GABARITO: B 42. SEJUDH-MT - Agente Penitencidrio - 2017 — IBADE. Sobre o crime de tortura, leia as afirmativas. |. Configura crime de tortura constranger alguém com emprego de violéncia ou grave ameaca, causando-he sofrimento fisico ou mental. Il. Configura crime de tortura submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violéncia ou grave ameaca, a intenso sofrimento fisico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de carater preventivo. a Ill. Incorre na mesma pena do crime de tortura quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de seguranca, a sofrimento fisico ou mental, por intermédio da pratica de ato ndo previsto em lei ou nao resultante de medida legal. IV, Aquele que se omite em face de uma conduta que configura tortura, quando tinha o dever de evitd-las ou apuré-las, incorre na pena do crime de tortura Estd correto apenas o que se afirma em: a) lel b) Iile lV. ciel d)llew. e) lel. Comentérios O item | estd incorreto. Para que esta estivesse correta, deveria ter sido especificada a finalidade especial da tortura, nos termos do art. 12. Art. 1° Constitul crime de tortura: 1 - constranger alguém com emprego de violéncia ou grave ameaga, causando-Ihe sofrimento fisico ou mental: a) com o fim de obter informagao, declaragéo ou confissao da vitima ou de terceira pessoa; b) para provocar aco ou omisséo de natureza criminosa; ©) em razao de discriminagao racial ou religiosa; II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violéncia ou grave ameaca, a intenso sofrimento fisico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de carater preventivo. Pena - reclusao, de dois a oito anos. O item IV esta incorreto. Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evité-las ou apuré-las, incorre na pena de detengdo de um a quatro anos (art. 12, 64 GABARITO: A 43. PGE-SE - Procurador do Estado - 2017 - Cespe. No que concerne ao crime de tortura, assinale a opc¢ao correta a) 0 individuo que se omite ante a pratica de tortura quando deveria evi igualmente pela conduta realizada. -la responde b) A legislagao especial brasileira concernente a tortura aplica-se somente aos crimes ocorridos em territério nacional. ¢) No crime de tortura, a pratica contra adolescente é causa de aumento de pena de um sexto até um tergo. d) A condenagao de funcionério puiblico por esse crime gera a perda do cargo, desde que a sentenga assim determine e que a pena aplicada seja superior a quatro anos, €) A submisséo de pessoa presa a sofrimento fisico ou mental por funciondrio publico que pratique atos nao previstos em lei exige 0 dolo especifico. Comentérios Aalternativa A est incorreta. A pena para a omissao perante a tortura (prevista no § 22 do art. 12) 6 de detencao de um a quatro anos. Aalternativa B esté incorreta. Para responder corretamente precisamos conhecer a regra do art. 2°. Vamos relembrar!? Art. 2° O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime néo tenha sido cometido em territério nacional, sendo a vitima brasileira ou encontrando-se 0 agente em local sob jurisdicdo brasileira. Aalternativa D esta incorreta. De acordo com o § 5° do art. 12, a condenacdo acarretard a perda do cargo, funcéo ou emprego pubblico e a interdi¢do para seu exercicio pelo dobro do prazo da pena aplicada. A alternativa E esta incorreta. Neste caso 0 tipo subjetivo se contenta com o dolo, nao exigindo finalidade especial animando o agente. § 1° Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de seguranca a sofrimento fisico ou mental, por intermédio da prética de ato ndo previsto em lei ou no resultante de medida legal. GABARITO: C 44, DPU - Defensor Puiblico Federal - 2015 - Cespe. Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a conduta consistente em, com emprego de grave ameaga, constranger outrem em razao de discriminacao racial, causando-Ihe sofrimento mental. Comentarios Perfeito! Este é um bom exemplo de tortura fundada em discriminacao racial ou religiosa. Perceba que aparece o elemento do sofrimento, neste caso mental, infligido mediante grave ameaca, com o componente discriminatério. GABARITO: CERTO 45. DPE-RS — Defensor Puiblico - 2014 - FCC. Sobre a Lei n? 9.455/97 (Crimes de Tortura), é correto afirmar que a) sea vitima da tortura for crianca, a Lei n® 9.455/97 deve ser afastada para incidéncia do tipo penal especifico de tortura previsto no Estatuto da Crianca e do Adolescente (art. 233 do ECA) b) ha previsdo legal de crime por omissao. ©) é invidvel a suspensdo condicional do processo para qualquer das modalidades tipicas previstas na lei. d) 0 regramento impée, para todos os tipos penais que prevé, que 0 condenado inicie o cumprimento da pena em regime fechado. e) hd vedago expressa, no corpo da lei, de aplicacao do sursis para os condenados por tortura. Comentarios A alternativa A esta incorreta porque 0 tipo penal do ECA que tratava de tortura contra crianca ou adolescente foi revogado pela Lei de Tortura. Hoje a tortura praticada contra crianga, gestante, portador de deficiéncia, adolescente ou maior de 60 anos sujeita o infrator a aumento de pena de um sexto até um tergo. A alternativa B esta correta, pois a lei traz a previsdo da tortura por omisséo em seu art, 1°, §2°. As alternativas C e E estdo incorretas porque na tortura por omissdo cabe a suspenso condicional do processo, uma vez que a pena deste delito é de 1 a4 anos de detencio. A alternativa D esta incorreta porque a tortura por omissdo, prevista §2°, ndo possui tal obrigatoriedade. GABARITO: B 46, DPE-PB — Defensor Puiblico - 2014 - FCC. Com relago & tortura, cabe afirmar: a) Genericamente trata-se de crime préprio. b) Nao esta tipificada distintamente a conduta cometida com finalidade puramente discriminatéri ©) Na verso especificamente omissiva, trata-se de crime comum. d) Trata-se de crime insuscetivel de graca, porém nao de anistia. €) Pode ser aplicada a lei brasileira ao crime praticado por brasileiro no estrangeiro. Comentarios Aalternativa A esté incorreta porque, apesar de o crime ser considerado comm na maior parte das suas modalidades, o art. 1°, IItraz uma modalidade propria do crime de tortura, assim como a tortura por omissao. Isso também torna a alternativa C incorreta. A alternativa B esta incorreta por causa da previsao da tortura racismo (art. 1°, |, “c’). A alternativa D estd incorreta porque a tortura é crime inafiangavel e insuscetivel de graga e anistia, nos termos da Constituigdo Federal. GABARITO: E 47.PC-BA — Delegado de Policia - 2013 - Cespe. Determinado policial militar efetuou a prisdo em flagrante de Luciano e o conduziu a delegacia de policia. La, com 0 objetivo de fazer Luciano confessar a pratica dos atos que ensejaram sua priso, o policial responsavel por seu interrogatério cobriu sua cabega com um saco plastico e amarrou-o no seu pescoco, asfixiando-o. Como Luciano nao confessou, 0 policial deixou-o trancado na sala de interrogatério durante varias horas, pendurado de cabeca para baixo, no escuro, periodo em que Ihe dizia que, se ele nao confessasse, seria morto. O delegado de policia, ciente do que ocorria na sala de interrogatério, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou que a conduta do policial Ihe provocara intenso sofrimento fisico e mental. Considerando a situaco hipotética acima e o disposto na Lei Federal n.2 9.455/1997, julgue ‘os itens subsequentes. Para a comprovaco da materialidade da conduta do policial, ¢ imprescindivel a realizagao de exame de corpo de delito que confirme as agressées sofridas por Luciano. Comentarios A Lei da Tortura no menciona em nenhum de seus dispositivos a necessidade de exame de corpo de delito para que se comprove que houve o crime. No exemplo dado na questao houve inclusive tortura de natureza mental/emocional. GABARITO: ERRADO 48. TJ-RO — Analista Judicidrio — 2012 — Cespe (adaptada). A perda da funcao piblica e a interdigdo de seu exercicio pelo dobro do prazo da condenacao decorrente da pratica de crime de tortura previsto em lei especial so de imposicao facultativa do julgador, tratando-se de efeito genérico da condenacao. Comentarios A perda da funcao publica e a interdigdo de seu exercicio so imediatas e obrigatérias, nos termos do §5° do art. 1° da Lei n° 9.455/1997. GABARITO: ERRADO 49. DPU - Defensor Puiblico - 2007 - Cespe. Nao se estende ao crime de tortura a admissibilidade de progressdo no regime de execugao da pena aplicada aos demais crimes hediondos, Comentarios Para responder as questdes de prova com precisao, € importante conhecer, ao menos em parte, 0 contetido da Lei n° 8072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a tortura. Essa lei estabelecia 0 cumprimento das penas relativas aos crimes hediondos e equiparados em regime integralmente fechado. Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que houve derrogaco parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes hediondos e equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em regime fechado, mas € possivel a progresséo de regime. GABARITO: ERRADO aie 50. PC-ES — Delegado de Policia - 2011 - Cespe. Considere a seguinte situacao hipotética. Rui, que ¢ policial militar, mediante violéncia e grave ameaca, infligiu intenso sofrimento fisico e mental a um civil, utilizando para isso as instalacées do quartel de sua corporagao. A intengao do policial era obter a confissao da vitima em relagdo a um suposto caso extraconjugal havido com sua esposa. Nessa situacao hipotética, a conduta de Rui, independentemente de sua condicdo de militar e de 0 fato ter ocorrido em drea militar, caracteriza o crime de tortura na forma tipificada em lei especifica. Comentarios Aqui estamos diante da Tortura-Prova ou Tortura Persecutéria: a tortura foi infligida com a finalidade de obter informagao, declara¢ao ou confissao da vitima. GABARITO: CERTO 51. MPE-RR - Promotor de Justica — 2008 - Cespe. Daniel, delegado de policia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes de policia Irineu e Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia sido detida, sob a acusagao de porte de arma e de entorpecentes. 0 delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatério, antes de lavrar 0 auto de priséo em flagrante. Durante esse periodo, ouviu ruidos de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam os agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao detido que ele confessasse quem era o verdadeiro proprietario da droga, Quando foi lavrar a prisdo em flagrante, o delegado notou que 0 detido apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que havia guardado a droga para um conhecido traficante da regiéo. O delegado, contudo, mesmo constatando as lesdes, resolveu nada fazer em relacdo aos seus agentes, uma vez que os considerava excelentes policiais. Nessa situa¢ao, o delegado praticou o crime de tortura, de forma que, sendo proferida sentenga condenatéria, ocorrerd, automaticamente, a perda do cargo. Comentarios Nesta hipétese foi praticada a tortura em sua modalidade omissiva. Lembre-se de que este crime apenas pode ser praticado por aquele que tinha o dever de evitar ou apurar o ato de tortura e ndo o fez. GABARITO: CERTO 52. STJ —Analista Judiciario — 2008 — Cespe. condenado pela pratica de crime de tortura, por expressa previsdo legal, no podera ser beneficiado por livramento condicional, se for reincidente especifico em crimes dessa natureza. oli hk a a cc ae a es a Comentarios Esta questo no diz respeito & Lei da Tortura, mas achei interessante coloca-la aqui. O livramento condicional néo pode ser concedido nesse caso em fungao do art. 83 do Cédigo Penal: Art, 83 - O juiz poderé conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que Led V - cumprido mais de dois tergos da pena, nos casos de condenacao por crime hediondo, pratica da tortura, tréfico ilicito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se 0 apenado nado for reincidente especifico em crimes dessa natureza. GABARITO: CERTO 53. DPF — Delegado de Policia Federal - 2009 - Cespe. A pratica do crime de tortura torna-se atipica se ocorrer em razdo de discriminacdo religiosa, pois, sendo laico o Estado, este nao pode se imiscuir em assuntos religiosos dos cidados. Comentarios Esta modalidade é chamada de Tortura Discriminatéria ou Tortura-Racismo, e é praticada em razao de discriminago religiosa ou racial. GABARITO: ERRADO 54. TJM-SP - Juiz de Direito Substituto — 2016 - VUNESP Considere a seguinte situagao hipotética: Jodo, agente publico, foi processado e, ao final, condenado & pena de recluséo, por dezenove anos, iniciada em regime fechado, pela pratica do crime de tortura, com resultado morte, contra Raimundo, Nos termos da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, essa condenago acarretara a perda do cargo, funcdo ou emprego puiblico a) ea interdigdo para seu exercicio pelo dobro do prazo da pena aplicada b) ea interdi¢do para seu exercicio pelo triplo do prazo da pena aplicada. c) ea interdigdo para seu exercicio pelo tempo da pena aplicada. d) desde que 0 juiz proceda a fundamentacao especifica. e) como efeito necessario, mas nao automatico. Comentarios Segundo 0 §52 do art. 12, a condenacdo pelo crime de tortura acarretard a perda do cargo, fungéo ou emprego publico e a interdicao para seu exercicio pelo dobro do prazo da pena aplicada. GABARITO: A

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