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CONCURSOS (J Estratégia Aula 05 Legislagéo Penal Extravagante p/ PC-DF (Agente) Com Videoaulas - 2019 Mi 1 - Consideragées Iniciais .. 2- Lei n? 8069/1990: Estatuto da Crianca e do Adolescente (apenas aspectos penais e processuais penais). 2.1 - Dos Direitos Fundamentais . 2.2 - Da Prevengao.. 2.3 - Da Pratica do Ato Infracional.. 2.4- Do Acesso a Justica. 2.5 - Da Justica da Infancia e da Juventude 2.6 - Dos Crimes e das Infracdes Administrativas..... 3 - Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/03)... 4-Resumo da Aula .. 5 - Jurisprudéncia pertinente.. 6 - Legislagio aplicavel 7 - Questées. 7.1 - Questées Comentadas... 7.2- Lista de Questées ....... 7.3 - Gabarito 8 - Consideragées Finais BET oN yo) a7 Nae] COC Old, amigo concurseiro! Hoje estudaremos o famoso Estatuto da Crianca e do Adolescente. Quero chamar sua aten¢do especialmente para as alteracées que o Estatuto sofreu por meio de algumas leis publicadas recentemente. Estamos plenamente atualizados, ok? © Também estudaremos os aspectos penais da lei 10.741/2003, que é 0 Estatuto do Idoso! Vamos Ié!? Forca! Bons estudos! 2 - LEI N° 8.069/1990: ESTATUTO DA CRIANGA E DO ADOLESCENTE (CUA ASPECTOS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS). A Lei n* 8.069/1990 é reconhecida internacionalmente como um dos mais avangados Diplomas Legais dedicados a garantia dos direitos da populacao infanto-juvenil. Suas disposi¢des, entretanto, ainda hoje so desconhecidas pela maioria da populagio, além de serem sistematicamente descumpridas por boa parte dos administradores puiblicos, que fazem da prioridade absoluta e da protecao integral & crianca e ao adolescente palavras vazias de contetido, apesar da prioridade absoluta e da protecio integral a crianga e ao adolescente serem principios elementares contidos nao 6 na lei, mas na propria Constituicao Federal. Vamos agora estudar os dispositivos do Estatuto. Veremos todo 0 ECA, dando maior énfase, é claro, nos aspectos penais, que costumam ser cobrados nas provas para cargos policiais. 2.1 - Dos DIREITOS FUNDAMENTAIS 0 Titulo II trata de mecanismos capazes de garantir o exercicio de alguns direitos fundamentais. Nos arts. 7° a 14 menciona-se 0 direito a vida e a satide, e os primeiros dispositivos tratam do direito ao nascimento sadio e harmonioso, bem como das garantias oferecidas a gestante em termos de atendimento, por meio do Sistema Unico de Satide. Art. 7° A crianca e 0 adolescente tém direito a protecao a vida e a sade, mediante a efetivacdo de politicas sociais publicas que permitam o nascimento e 0 desenvolvimento sadio e harmonioso, em condigées dignas de existéncia. Art. 8° £ assegurado a todas as mulheres 0 acesso aos programas e as politicas de satide da mulher e de planejamento reprodutivo e, as gestantes, nutricéo adequada, atencéo humanizada 4 gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pés-natal integral no 4mbito do Sistema Unico de Saude. § 12 O atendimento pré-natal seré realizado por profissionais da atencao priméria. § 22 0s profissionais de satide de referéncia da gestante garantiréo sua vinculacgo, no dltimo trimestre da gestacdo, ao estabelecimento em que seré realizado 0 parto, garantido 0 direito de opgao da mulher. § 32 Os servicos de satide onde o parto for realizado assegurardo 4s mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsavel e contrarreferéncia na atencao priméria, bem como 0 acesso a outros servicos e a grupos de apoio 4 amamentacéo. § 42 Incumbe ao poder piiblico proporcionar assisténcia psicolégica 4 gestante e 4 mae, no periodo pré e pds-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequéncias do estado puerperal. § 52 A assisténcia referida no § 4° deste artigo deveré ser prestada também a gestantes e maes que manifestem interesse em entregar seus filhos para adocéo, bem como a gestantes e maes que se encontrem em situacao de privacéo de liberdade. § 62 A gestante e a parturiente tém direito a 1 (um) acompanhante de sua preferéncia durante 0 eriodo do pré-natal, do trabalho de parto e do pés-parto imediato. § 72 Agestante deverd receber orientagao sobre aleitamento materno, alimentagSo complementar saudavel e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criacao de vinculos afetivos e de estimular 0 desenvolvimento integral da crianga. § 82 Agestante tem direito a acompanhamento saudavel durante toda a gestacao e a parto natural Cuidadoso, estabelecendo-se a aplicag3o de cesariana e outras intervengées cirtrgicas por motivos médicos. § 92 A atengSo priméria a satide faré a busca ativa da gestante que néo iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que nao comparecer as consultas pés-parto. § 10. Incumbe ao poder publico garantir, 4 gestante e 4 mulher com filho na primeira infancia que se encontrem sob custédia em unidade de privacao de liberdade, ambiéncia que atenda as normas sanitérias e assistenciais do Sistema Unico de Satide para 0 acolhimento do filho, em articulacdo com 0 sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da crianca. Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atencdo 4 satide de gestantes, publics e particulares, so obrigados a: I- manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontudrios individuais, pelo prazo de dezoito anos; II - identificar 0 recém-nascido mediante o registro de sua impressao plantar e digital e da impress digital da mae, sem prejuizo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; III - proceder a exames visando ao diagndstico e terapéutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientacao aos pais; IV - fornecer declaragéo de nascimento onde constem necessariamente as intercorréncias do parto e do desenvolvimento do neonato; V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanéncia junto 4 mée. VI - acompanhar a prética do processo de amamentacéo, prestando orlentacdes quanto 4 técnica adequada, enquanto a mde permanecer na unidade hospitalar, utilizando 0 corpo técnico j4 existente. — Po © correto e rigoroso registro dos procedimentos desenvolvidos nos hospitais, bem como a identificacao dos bebés recém-nascidos so muito importantes, pois evitam que haja trocas e desaparecimento de criangas. Os procedimentos determinados pelo dispositive deveréo ser cumpridos por todos os estabelecimentos hospitalares, sejam eles ptiblicos ou privados. Ha dispositivos no ECA que criminalizam a conduta de quem nao observa esses preceitos. Veja o que dizem 08 arts. 228 e 229 do ECA, que tratam dos crimes. Art, 228. Delxar 0 encarregado de servico ou o dirigente de estabelecimento de atengao a satide de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer & parturiente ou a seu responsavel, por ocasiao da alta médica, declaragéo de nascimento, onde constem as intercorréncias do parto e do desenvolvimento do neonato: Pena - detencao de seis meses a dois anos. Art. 229. Deixar 0 médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atencao 4 satide de gestante de identificar corretamente 0 neonato e a parturiente, por ocasiéo do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: Pena - detencao de seis meses a dois anos. Quanto a satide da crianga e do adolescente, o ECA determina que, caso seja necessario interna-los para tratamento de satide, os estabelecimentos deveréo proporcionar condigdes para a permanéncia em tempo integral de um dos pais ou responsavel. Caso o estabelecimento médico conclua que houve maus tratos contra a crianca ou o adolescente, deve comunicar 0 fato ao Conselho Tutelar, sem prejuizo de outras providéncias legais. Ha também previsio de penalizacéo para o médico ou professor que tomar conhecimento da ocorréncia de maus tratos e nao fizer a comunicacdo, mas dessa ver ndo se trata de crime, e sim de infracdo administrativa. Art. 245. Deixar 0 médico, professor ou responsdvel por estabelecimento de atencao 4 satide e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar 4 autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmac3o de maus-tratos contra crianca ou adolescente: Pena - multa de trés a vinte salérios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. Caso 0 médico, professor ou responsavel por estabelecimento de = atencdo a satide e de ensino fundamental, pré-escola ou creche ‘ATENTO! tome conhecimento ou suspeite da ocorréncia de maus tratos, deve comunicar autoridade competente. Na realidade, podemos dizer que qualquer pessoa que tenha conhecimento da ocorréncia de maus tratos contra crianca ou adolescente tem a obrigacio de comunicar o fato as autoridades competentes. Jé houve julgados que enquadraram a omissao na conduta criminosa de omissao de socorre, tipificada pelo art. 135 do Cédigo Penal. A seguir, 0 ECA trata do direito a liberdade, ao respeito e a dignidade. Art. 16. 0 direito a liberdade compreende os seguintes aspectos: I- ir, vir e estar nos logradouros piiblicos e espacos comunitdrios, ressalvadas as restrigdes legais; IZ - opinido e expresséo; IIT - crenga e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitéria, sem discriminaco; VI - participar da vida politica, na forma da lei; VII - buscar refiigio, auxilio e orientacao. Embora a religiosidade e a espiritualidade se constituam em valores positivos, que merecam ser cultivados, nao é admissivel que a religido seja o foco central das atividades desenvolvidas com criangas e adolescentes em situagdo de risco ou cumprindo medidas socioeducativas, muito menos que determinada crenga ou culto religioso seja imposto as criancas, adolescentes e familias atendidas por determinada entidade, ainda que seja esta vinculada a alguma instituicao religiosa. A privacao do direito & liberdade importa em maus tratos e o responsdvel ser punido com perda da guarda, destituigao da tutela ou suspensdo ou destituicao do patrio poder. Além disso, ha a previsio de infraco administrativa: Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao patrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinacao da autoridade judiciéria ou Conselho Tutelar: Pena - multa de trés a vinte salérios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. elementares de todas as criancas e adolescentes é o de ter, préximo de si, um adulto responsdvel por sua orientacao, estabelecendo regras e limites, corrigindo eventuais desvios, dando bons exemplos, enfim, educando. ECA determina ainda que € dever de todos prevenir a ocorréncia de ameaca ou violagdo dos direitos da crianga e do adolescente. Além disso, também é direito da crianca e do adolescente ter acesso a informagao, cultura, lazer, esportes, diversées, espetaculos e produtos e servicos que respeitem sua condi¢éo peculiar de pessoa em desenvolvimento. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fisica, psiquica e moral da crianca e do adolescente, abrangendo a preservacao da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crengas, dos espacos e objetos pessoais. A divulgacdo da imagem ou de informagées de crianca ou adolescente que tenha cometido ato fracional nao é permitida. Quem o faz comete infraco administrativa, prevista no art. 247 do ECA. Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorizacéo devida, por qualquer meio de comunicacao, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrative ou judicial relative @ crianca ou adolescente a que se atribua ato infracional: Pena - multa de trés a vinte salarios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. § 1° Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de crianca ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustracao que ihe diga respeito ou se refira a atos que Ihe sejam atribuidos, de forma a permitir sua identificacao, direta ou indiretamente. Quanto ao direito a dignidade, o ECA determina que é dever de todos velar pela dignidade da crianca e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatério ou constrangedor. A conduta de quem expée crianga ou adolescente a vexame ou constrangimento constitui crime, tipificado pelo art. 232. Art. 232. Submeter crianca ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigiléncia a vexame ou @ constrangimento: Pena - detencao de seis meses a dois anos. A Lei n® 13,010/2014 incluiu no ECA os arts. 18-A e 18-8, que tratam do uso de castigo fisico ou tratamento cruel ou degradante. Preste atencdo a essa novidade, principalmente aos conceitos de castigo fisico e tratamento cruel ou degradante, pois isso pode aparecer na sua prova, ok? Art, 18-A. A crianca e 0 adolescente tém 0 direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo fisico ou de tratamento crue! ou degradante, como formas de corrego, disciplina, educacéo ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da familia ampliada, pelos responsaveis, pelos agentes puiblicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratd-los, educé-los ou protegé-los. Pardgrafotinico. Para os fins desta Lei, considera-se: I- castigo fisico: aco de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com 0 uso da forca fisica sobre a crianca ou o adolescente que resulte em: 2) sofrimento fisico; ou b) lesdo; II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relacéo 4 crianca ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou ©) ridicularize. Art. 18-B. Os pais, os integrantes da familia ampliada, os responsdveis, os agentes pliblicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de criancas e de adolescentes, traté-los, educd-los ou protegé-los que utilizarem castigo fisico ou tratamento cruel ou degradante como formas de corre¢So, disciplina, educacao ou qualquer outro pretexto estardo sujeitos, sem prejuizo de outras sancées cabiveis, 45 seguintes medidas, que serao aplicadas de acordo com a gravidade do caso: I- encaminhamento a programa oficial ou comunitdrio de protegao 4 familia; IZ - encaminhamento a tratamento psicolégico ou psiquidtrico; HII - encaminhamento a cursos ou programas de orientacéo; IV - obrigacao de encaminhar a crianca a tratamento especializado; V - adverténcia. Pardgrafo tinico. As medidas previstas neste artigo sero aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuizo de outras providéncias legais. Grande parte do ECA trata do direito & convivéncia familiar e comunitaria, com foco na criagdo e educacao no seio da familia natural ou da familia substituta, quando for necessdrio. A convivéncia familiar e comunitaria é considerada um direito fundamental. Os filhos havidos fora do casamento e os adotados terio os mesmos direitos e qualificagées dos demiais, proibidas quaisquer designacdes discriminatérias. Os filhos gerados fora do casamento poderao ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no proprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento puiblico, qualquer que seja a origem da filiaco. O reconhecimento do estado de filiacdo € um direito personalissimo, indisponivel e imprescritivel. As criangas e os adolescentes esto sujeitos ao poder familiar, que deve ser exercido em igualdade de condigées por pai e mae, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordancia, recorrer a autoridade judiciaria competente. O poder familiar envolve também o dever de sustento, mas o ECA é expresso no sentido de que a falta ou a caréncia de recursos materiais nao constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensdo do poder familiar. No ECA hd a previsao de uma infracao administrativa relacionada ao descumprimento dos deveres relacionados ao poder familiar. Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinagao da autoridade judiciéria ou Conselho Tutelar: Pena - multa de trés a vinte salérios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. Para encerrar esta parte, quero chamar sua atencdo para uma regra incluida no ECA pela Lei n? 12.962/2014. As bancas gostam bastante de cobrar regras novas nas provas, ndo é mesmo? Por isso vamos ficar ligados. Art. 19. E direito da crianga e do adolescente ser criado e educado no seio de sua familia e, excepcionalmente, em familia substituta, assegurada a convivéncia familiar e comunitaria, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. § 42 Serd garantida a convivéncia da crianga e do adolescente com a mae ou 0 pai privado de liberdade, por meio de visitas periédicas promovidas pelo responsdvel ou, nas hipdteses de acolhimento institucional, pela entidade responsavel, independentemente de autorizagao judicial. A crianga ou o adolescente tem direito & convivéncia com os pais, Essa ¢ uma regra simples, mas o §42, posteriormente adicionado ao texto da norma, esclarece que esse direito deve ser exercido mesmo quando o pai ou mae esteja privado de sua liberdade, De forma semelhante, a nova redagdo do ECA determina que a condenacao criminal do pai ou da mae no implicard a destituicSo do poder familiar, exceto na hipdtese de condenacao por crime doloso, sujeito 8 pena de reclusdo, contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. Além disso, a permanéncia da crianga e do adolescente em programa de acolhimento institucional nao se prolongaré por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciaria (art. 19, §2°). A Lei n. 13.509/2017 incluiu no ECA 0 art. 19-A, que trata da situacdo em que a gestante ou mae manifeste o desejo de entregar seu filho para adocao, e também o art. 19-B, que trata do programa de apadrinhamento. Art, 19-A. A gestante ou mae que manifeste interesse em entregar seu filho para adocao, antes ou logo apés 0 nascimento, seré encaminhada Justica da Infancia e da Juventude. § 1° A gestante ou mae serd ouvida pela equipe interprofissional da Justica da Infancia e da Juventude, que apresentard relatério 4 autoridade judicidria, considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal. § 2° De posse do relatorio, a autoridade judiciéria poderé determinar 0 encaminhamento da gestante ou mae, mediante sua expressa concordancia, & rede publica de satide e assisténcia social para atendimento especializado. § 3° A busca 4 familia extensa, conforme definida nos termos do paragrafo Unico do art. 25 desta Lei, respeitard o prazo maximo de 90 (noventa) dias, prorrogavel por igual periodo. § 4° Na hipdtese de no haver a indicacao do genitor e de néo existir outro representante da familia extensa apto a receber a guarda, a autoridade judiciéria competente deverd decretar a exting0 do poder familiar e determinar a colocagéo da crianca sob a guarda proviséria de quem estiver habilitado a adoté-la ou de entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional. § 5° Apés 0 nascimento da crianca, a vontade da mae ou de ambos os genitores, se houver pal registral ou pai indicado, deve ser manifestada na audiéncia a que se refere o § 10 do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. § 6° (VETADO). § 7° Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) dias para propor a acao de adocao, Contado do dia seguinte 4 data do término do estdgio de convivéncia. § 8° Na hipétese de desisténcia pelos genitores - manifestada em audiéncia ou perante a equipe interprofissional - da entrega da crianca apds 0 nascimento, a crianga seré mantida com os genitores, e serd determinado pela Justica da Infancia e da Juventude o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. § 9° E garantido A mae o direito ao sigilo sobre 0 nascimento, respeitado 0 disposto no art. 48 desta Lei. § 10. (VETADO). Art, 19-B. A crianca e 0 adolescente em programa de acolhimento institucional ou familiar poderso participar de programa de apadrinhamento. § 1° 0 apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar a crianca e a0 adolescent vinculos externos 4 institui¢o para fins de convivéncia familiar e comunitdria e colaborag3o com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, fisico, cognitive, educacional e financeiro. § 2° (VETADO). § 3° Pessoas juridicas podem apadrinhar crianca ou adolescente a fim de colaborar para 0 seu desenvolvimento. § 4° 0 perfil da crianca ou do adolescente a ser apadrinhado seré definido no dmbito de cada Programa de apadrinhamento, com prioridade para criancas ou adolescentes com remota possibilidade de reinsercao familiar ou colocacao em familia adotiva. § 5° Os programas ou servicos de apadrinhamento apoiados pela Justica da Infancia e da Juventude poderdo ser executados por rgdos publicos ou por organizacdes da sociedade civil. § 6° Se ocorrer violagdo das regras de apadrinhamento, os responsdveis pelo programa e pelos servicos de acolhimento devero imediatamente notificar a autoridade judiciéria competente. re A condenacao criminal do pai ou da mae néo implicaré a ‘ATENTO! destituiggo do poder familiar, exceto na hipétese de condenagéo por crime doloso, sujeito a pena de reclusdo, contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. 2.2 - DA PREVENCAO Na parte geral, chamo sua atenco para a incluso do art. 70-A, por forca da Lei n? 13.010/2014. Art, 70-A. A Unio, os Estados, 0 Distrito Federal e os Municipios deverdo atuar de forma articulada na elaborac3o de politicas pliblicas e na execucao de agdes destinadas a coibir 0 uso de castigo fisico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas ndo violentas de educacao de criancas e de adolescentes, tendo como principais acées: 22. 1 - Diversées e Espetaculos Publ I - a promocao de campanhas educativas permanentes para a divulgacao do direito da crianca e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigo fisico ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de protecdo aos direitos humanos; II - a integrac3o com os érgaos do Poder Judicidrio, do Ministério Publico e da Defensoria Publica, com o Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Crianga e do Adolescente e com as entidades ndo governamentais que atuam na promocao, protecao e defesa dos direitos da crianga e do adolescente; HII - a formacao continuada e a capacitacao dos profissionais de salide, educacdo e assisténcia social e dos demais agentes que atuam na promocao, protecdo e defesa dos direitos da crianca e do adolescente para 0 desenvolvimento das competéncias necessdrias & prevencdo, a identificacao de evidéncias, ao diagnéstico e ao enfrentamento de todas as formas de violéncia contra a crianca e 0 adolescente; IV - 0 apoio e 0 incentivo as praticas de resolugS0 pacifica de conflitos que envolvam violéncia contra a crianca e 0 adolescente; V - a inclusdo, nas politicas publicas, de acdes que visem a garantir os direitos da crianca e do adolescente, desde a atencdo pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsdveis com 0 objetivo de promover a informacao, a reflexdo, o debate e a orientacao sobre alternativas a0 uso de castigo fisico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educativo; VI - a promogao de espacos intersetoriais locais para a articulacéo de acées e a elaboraco de planos de atuagao conjunta focados nas familias em situagao de violéncia, com participagao de Profissionais de satide, de assisténcia social e de educacao e de drgdos de promocao, protecdo e defesa dos direitos da crianca e do adolescente. Paragrafo tnico. As familias com criancas e adolescentes com deficiéncia teréo prioridade de atendimento nas agées e politicas publicas de prevencdo e protecao. Art. 74. 0 poder piiblico, através do érgéo competente, regularé as diversées e espetéculos publicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etarias a que ndo se recomendem, locais e hordrios em que sua apresentacao se mostre inadequada. Paragrafo tnico. Os responsdveis pelas diversdes e espetdculos publicos deverao afixar, em lugar visivel e de fécil acesso, 4 entrada do local de exibicéo, informacao destacada sobre a natureza do espetaculo e a faixaetdriaespecificada no certificado de classificacao. Atualmente, as diversées e espetaculos piiblicos séo regulados pelo Ministério da Justica, que identifica sua natureza e determina as faixas etdrias para as quais s4o recomendaveis. Essas informagées devem ser afixadas pelos responsaveis pela promocao de diversdes e espetdculos publicos na entrada do local de exibicao. A desobediéncia a essa determinacao configura infracdo administrativa, prevista pelo ECA nos arts. 252 e 253. Art. 252. Deixar 0 responsdvel por diversao ou espetaculo publico de afixar, em lugar visivel e de facil acesso, 4 entrada do local de exibicao, informacao destacada sobre a natureza da diverséo ou espetdculo e a faixa etdria especificada no certificado de classificacao: — aie Pena - multa de trés a vinte salérios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. Art. 253. Anunciar pecas teatrais, filmes ou quaisquer representacées ou espetaculos, sem indicar 0s limites de idade a que nao se recomendem: Pena - muita de trés a vinte saldrios de referéncia, duplicada em caso de reincidéncia, aplicdvel, separadamente, 4 casa de espetdculo e aos érgaos de divulgacao ou publicidade. Toda crianca ou adolescente tera acesso as diversdes e espetaculos publicos classificados como adequados a sua faixa etaria, mas os menores de dez anos somente poderdo ingressar e permanecer nos locais de apresentacao ou exibico quando acompanhadas dos pais ou responsavel. Quanto aos programas transmitidos pelas emissoras de radio e televisdo, somente devem ser exibidos no hordrio recomendado para o piiblico infanto-juvenil os programas com finalidades educativas, artisticas, culturais e informativas. Além disso, nenhum espetéculo pode ser apresentado ou anunciado sem que haja informagao, antes de sua transmissdo, acerca da classificagao indicativa, A desobediéncia a essa determinacao também importa em infragdo administrativa: Art. 254. Transmitir, através de rédio ou televisdo, espetéculo em hordrio diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificacao: Pena - multa de vinte a cem salérios de referéncia; duplicada em caso de reincidéncia a autoridade judiciéria poderd determinar a suspensao da programacao da emissora por até dois dias. Art. 77. Os proprietarios, diretores, gerentes e funciondrios de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programacao em video cuidarao para que ndo haja venda ou locacao em desacordo com a classificacao atribuida pelo érgao competente. Pardgrafo Unico. As fitas a que alude este artigo deveréo exibir, no invélucro, informacao sobre a natureza da obra e a faixa etdria a que se destinam. Certamente esse dispositivo ficou desatualizado ao longo do tempo, mas continua perfeitamente aplicavel no tempo dos DVDs e Blu-Rays. A desobediéncia a essa obrigag4o também importa em infrag3o administrativa, Art. 256. Vender ou locar a crianga ou adolescente fita de programagao em video, em desacordo com a classificacao atribuida pelo érgdo competente: Pena - multa de trés a vinte salérios de referéncia; em caso de reincidéncia, a autoridade judiciaria poderé determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Os arts. 78 € 79 do ECA tratam das revistas e publicagdes. A embalagem de revistas e publicaces que tenham contetido impréprio para criancas e adolescentes deve ser coberta quando contiver imagens pornogréficas ou obscenas. Essa obrigaco cabe as préprias editoras. ‘ie JA as revistas e publicagées destinadas ao publico infanto-juvenil ndo devem conter ilustracées, fotografias, legendas, crénicas ou antincios de bebidas alcodlicas, tabaco, armas e municdes, respeitando, assim, os valores éticos e morais da pessoa e da familia. O descumprimento dessas obrigages importa em infracdo administrativa. Aqui vale mencionar o crime do art. 241-A, que trata da pornografia envolvendo crianca ou adolescente. Art. 241-A, Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informatica ou telemético, fotografia, video ou outro registro que contenha cena de sexo explicito ou pornografica envolvendo crianga ou adolescente: Pena - reclusao, de 3 (trés) a 6 (seis) anos, e multa. § 12 Nas mesmas penas incorre quem: I - assegura os meios ou servicos para 0 armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata 0 caput deste artigo; II - assegura, por qualquer meio, 0 acesso por rede de computadores as fotografias, cenas ou imagens de que trata 0 caput deste artigo. § 22 As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 12deste artigo séo puniveis quando o responsavel legal pela prestacao do servico, oficialmente notificado, deixa de desabilitar 0 acesso 20 conteuido ilicito de que trata o caput deste artigo. Com relacao a esse crime, preciso mencionar um julgado do STJ, que trata da competéncia para inquérito e processo em relacao a esse crime. LITO NEGATIV c : INQUERITO POLICIAL. DIVULGACAO DE IMAGEM PORNOGRAFICA DE ADOLESCENTE VIA | WHATSAPP E EM CHAT NO FACEBOOK. ART. 241-A DA LEI 8.069/1990 (ECA). INTERNACIONALIDADE. INEXISTENCIA. COMPETENCIA DA JUSTICA ESTADUAL. Compete & Justica Federal a conducio do inquérito que investiga 0 cometimento do delito previsto no | | art. 241-A do ECA nas hipéteses em que hd a constatacdo da internacionalidade da conduta e a Justica Estadual nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de informagées privadas, como nas conversas via whatsapp ou por meio de chat na rede social facebook. CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 26/4/2017, DJe 2/5/2017. Informative ST) 603. A discussdo aqui gira em torno da competéncia para o processo e julgamento do crime de divulgaco de imagem pornografica de adolescente (art. 241-A do ECA) por meio de “whatsapp” e chat no “Facebook”. A competéncia para 0 processo e julgamento neste caso é, em regra, da Justic¢a comum estadual, so havendo competéncia da Justica Federal nas hipdteses em que restar evidenciada a transnacionalidade do delito, conforme entendimento do STF. on Neste julgado o STJ entendeu que o simples fato de delito pelo simples fato de o delito ter sido realizado por meio da rede mundial de computadores nao evidencia a transnacionalidade do crime, jd que, no caso, a troca das informacées se dé em ambiente privado, no qual é possivel escolher pontualmente o destinatario das mensagens. Para que estivesse presente a competéncia da Justica Federal seria necessério apontar que a divulgagdo do material se deu em “ambiéncia virtual de sitios de amplo e facil acesso a qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, que esteja conectado @ internet’, independentemente da ocorréncia efetiva de acesso no estrangeiro”. Art. 257. Descumprir obrigagio constante dos arts. 78 e 79 desta Lei: Pena - multa de trés a vinte saldrios de referéncia, duplicando-se a pena em caso de reincidéncia, sem prejuizo de apreensao da revista ou publicacao. Nao 6 permitida a entrada de criancas e adolescentes nos estabelecimentos que explorem bilhar, sinuca ou congéneres ou casas de jogos, mesmo que acompanhadas dos pais, tutores ou guardides. Além disso, deve constar na frente desses estabelecimentos adverténcia acerca dessa proibi¢ao. O descumprimento dessas obrigagdes importa na seguinte infracao administrativa. Art. 258. Deixar 0 responsdvel pelo estabelecimento ou 0 empresdrio de observar o que dispoe esta Lei sobre 0 acesso de crianga ou adolescente aos locais de diversao, ou sobre sua participacdo no espetaculo: Pena - multa de trés a vinte salérios de referéncia; em caso de reincidéncia, a autoridade judiciaria poderé determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. 2.2.2 - Produtos e Servicos Art. 81. E proibida a venda a crianca ou ao adolescente de: I~ armas, municées e explosivos; It - bebidas alcoélicas; III - produtos cujos componentes possam causar dependéncia fisica ou psiquica ainda que por utilizaco indevida; IV ~ fogos de estampido e de artificio, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano fisico em caso de utilizagao indevida; V - revistas e publicagées a que alude o art. 78; VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. ‘om Este dispositivo é importante para sua prova! A venda de armas, munigdes e explosivos para criangas e adolescentes é definida pelo ECA como crime, previsto no art. 242. Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a crianca ou adolescente arma, muni¢&o ou explosivo: Pena - reclusao, de 3 (trés) a 6 (seis) anos. Avenda a crianga ou adolescente de bebidas alcoélicas e produtos que possam causar dependéncia também 6€ conduta tipificada pelo ECA. Perceba que aqui nao estamos tratando das substancias entorpecentes classificadas como drogas, até porque a venda dessas substancias é crime independentemente de quem seja o comprador. Art, 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a crianca ou a adolescent, bebida alcodlica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependéncia fisica ou psiquica: Pena - detengio de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato no constitui crime mais grave. A venda ou qualquer outro tipo de fornecimento de fogos de estampido ou de artificio a criangas e adolescentes também é, em regra, proibida. Entretanto, a proibicao nao alcanca aqueles que ndo tenham o potencial de provocar danos, como é 0 caso dos estalinhos que as criancas utilizam na época das festas juninas. O descumprimento dessa proibicao caracteriza a conduta criminosa prevista pelo art. 244. Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a crianga ou adolescente fogos de estampido ou de artificio, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano fisico em caso de utilizagao indevida: Pena ~ detencao de seis meses a dois anos, e multa, Por ultimo, & proibida também a hospedagem de crianca ou adolescente em hotel, motel ou pensdo, ou estabelecimento congénere, exceto se for autorizado ou estiver acompanhado pelos pais, ou responsdvel. A inobservancia dessa regra acarretara infracdo administrativa. Art. 250. Hospedar crianga ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsdvel, ou sem autorizagao escrita desses ou da autoridade judiciéria, em hotel, pensdo, motel ou congénere: Pena - multa. ie 2.2.3 - Da Autorizagao para As regras acerca desse tema sao diferentes para criancas e adolescentes, e dependem também de a viagem ser nacional ou internacional. Resumi as diferencas do quadro esquematico abaixo. VIAGEM NACIONAL NNT NL Xoo Vm E necessdria autorizacao judicial apenas | £ necessdria a autorizacao para crianca ou para crianga que viaje para fora da | adolescente que que ndo esteja: comarca onde reside, desacompanhada ‘ : 1 — acompanhado de ambos os pais ou dos pais ou responsével. responsével; ou Il — acompanhado de um dos pais, com autorizacdo expressa do outro através de documento com firma reconhecida. A autorizagio nao serd exigida quando: | Sem prévia e expressa autorizacao judicial, nenhuma crianga ou adolescente nascido em territério nacional poderd sair do Pais em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior. 1 Tratar-se de comarca contigua 2 da residéncia da crianga, se na mesma unidade da Federacao, ou incluida na mesma regido metropolitana; I-A crianga estiver acompanhada 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau; 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mae ou responsével. O juiz pode conceder autorizacao valida por dois anos. Adolescente pode viajar sem necessidade de autorizacao judicial. A desobediéncia as regras acerca de viagem de crianca ou adolescente importa em infracio administrativa: Art. 251. Transportar crianca ou adolescente, por qualquer meio, com inobservancia do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: Pena - multa de trés a vinte salérios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. one 2.3 - DA PRATICA DO ATO INFRACIONAL Art. 104, S3o penalmente inimputaveis os menores de dezolto anos, sujeitos as medidas previstas nesta Lei Pardgrafo Unico. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente a data do fato. Vocé ja sabe que os menores de 18 anos nao so penalmente responsaveis, e por isso ndo cometem crimes. E importante lembrar que a idade considerada para essa finalidade é aquela do agente a época do fato. Vocé lembra que ha algum tempo atrés um rapaz foi morto na portaria de casa por um menor? Nao lembro os detalhes do ocorrido, mas algo me chamou atencdo: o assassino estava a apenas dois dias de completar 18 anos de idade. Nessa situaco, portanto, dizemos que esse jovem cometeu um ato infracional, e deve ser punido nos termos do ECA, e nao do Codigo Penal. = Para fins de apuragéo da imputabilidade penal, deve ser DIFICIL! considerada a idade do agente a época do fato. Qualquer ato tipificado como crime ou contravencao penal deve ser considerado ato infracional quando cometido por menor de idade. Art. 105. Ao ato infracional praticado por crianca correspondero as medidas previstas no art. 101. Otratamento dado a criangas é diferente daquela dispensado pelo ECA aos adolescentes. As criancas esto sujeitas a medidas protetivas. Aquelas previstas pelo art. 101 sao as seguintes: I- encaminhamento aos pais ou responsével, mediante termo de responsabilidade; II - orientacéo, apoio e acompanhamento temporérios; IIT - matricula e frequéncia obrigatérias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - incluso em servicos e programas oficiais ou comunitarios de prote¢So, apoio e promogéo da familia, da crianca e do adolescente; V - requisigao de tratamento médico, psicolégico ou psiquidtrice, em regime hospitalar ou ambulatorial; nile VI - incluso em programa oficial ou comunitario de auxilio, orientacdo e tratamento a alcosiatras e toxicémanos; VIZ - acolhimento institucional; VIII - incluséo em programa de acolhimento familiar; IX - colocacéio em familia substituta. Art. 106. Nenhum adolescente seré privado de sua liberdade sendo em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciéria competente. Pardgrafo Gnico. 0 adolescente tem direito & identificagao dos responsavels pela sua apreenséo, devendo ser informado acerca de seus direitos. Caso 0 infrator seja adolescente, ele deverd ser levado até a autoridade policial especializada. Geralmente as Policias Civis contam com delegacias préprias para tratar de ilicitos cometidos por criangas e adolescentes. A autoridade policial lavrard, em caso de crimes cometidos com violéncia ou grave ameaca, o AUTO DE APREENSAO. O préprio ECA determina que, uma vez apreendido 0 adolescente, sua localizaco deve ser informada imediatamente a sua familia e ao juiz. Nas demais situagdes, em que nao ha violéncia ou grave ameaca, é lavrado um boletim de ocorréncia circunstanciada. O adolescente no é indiciado e nem condenado a penas de reclusdo ou detencao, mas cumprem medida socioeducativa. Nao é tecnicamente adequado dizer que o adolescente que comete ato infracional ¢ preso. Na realidade, o correto seria dizer que ele é apreendido. O direito de identificar os responsaveis pela apreensdo é uma proteco contra a violéncia arbitréria da autoridade policial. Art. 108, A internagao, antes da sentenca, pode ser determinada pelo prazo maximo de quarenta e cinco dias. Pardgrafo Unico. A deciséo deverd ser fundamentada e basear-se em indicios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Este dispositivo jé foi cobrado em provas anteriores, e, portanto, é importante que vocé lembre esse prazo: o adolescente s6 pode permanecer internado preventivamente por até 45 dias. reve Ainternago do adolescente, antes da sentenca, 6 pode durar no ‘ATENTO! maximo quarenta e cinco dias. ie ECA repete o teor da Constituigdo Federal de que o civilmente identificado nao deve se submeter a identificacdo criminal. Na realidade, ndo ha que se falar sobre crime e, portanto, os termos utilizados pelo ECA so os do art. 109. Art. 109. O adolescente civilmente identificado nao seré submetido a identificagao compulséria pelos drgaos policiais, de protecao e judiciais, salvo para efeito de confrontacao, havendo duvida fundada. ECA define também garantias processuais aplicdveis aos adolescentes. Essas garantias nao sio muito diferentes daquelas que vocé ja conhece do Direito Processual Penal, comecando pelo devido processo legal, por meio do qual se assegura que nenhum adolescente serd privado de sua liberdade sem que sejam observadas as normas do proceso, previstas em lei. As demais garantias processuais conferidas ao adolescente estdo listadas no quadro-resumo a seguir. COUT elas aed Wore hres GARANTIAS COMENTARIOS 1 - pleno e formal conhecimento da atribuiggo de ato infracional, mediante citacdo ou meio equivalente; Il - igualdade na relag3o processual, podendo confrontar-se com vitimas e testemunhas e produzir todas as provas necessarias a sua defesa; I - defesa técnica por advogado; WV - assisténcia judi integral aos necessitados, na forma da lei; gratuita e v- to de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; Precisa haver um ato oficial por meio do qual 0 adolescente é acusado de cometer ato infracional. Ele, sua familia e seu advogado precisam saber qual é a acusacdo. Tanto a acusaco quanto a defesa deve ter as mesmas oportunidades de produzir provas. Caso 0 adolescente nao tenha como arcar pela assisténcia juridica, deve ser assistido por Defensor Publico. Mais uma vez 0 ECA determina que o adolescente deve ser encarado como sujeito de direitos, e ndéo como mero objeto. a VI- direito de solicitar a presenca de seus | Os pais ou o responsével devem dar o pais ou responsavel em qualquer fase do | apoio emocional e orientar o adolescente. procedimento. Ao adolescente infrator ndo se aplicam penas, e isso vocé jd estd “careca” de saber. Caso seja comprovada 0 ato infracional, devem ser aplicadas as chamadas medidas socioeducativas ou medidas de protecao. Quando falamos sobre 0 cometimento de ato infracional por crianca, vocé viu que ha medidas especificas aplicaveis, previstas no art. 101 do ECA. Essas so as medidas de protegao, e algumas delas também sao aplicaveis aos adolescentes. Vamos ver o que diz 0 art. 112. Art. 112. Verificada a pratica de ato infracional, a autoridade competente poderé aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I- adverténcia; IZ - obrigag3o de reparar 0 dano; III - prestaco de servigos 4 comunidade; IV - liberdade assistida; V - insercao em regime de semi-liberdade; VI - internag3o em estabelecimento educacional; VII - qualquer uma das previstas no art. 101, 1a VI. Essas medidas sao aplicaveis isolada ou cumulativamente, e podem ser substituidas a qualquer tempo. Abaixo um resumo com os detalhes acerca de cada uma das medidas. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS APLICAVEIS AO ADOLESCENTE INFRATOR Efeita oralmente pelo juiz, langadaem um adverténcia . termo e assinada. Consiste na compensacao de prejuizo material causado pelo adolescente. Caso I- obrigagao de reparar o dano ele nao tenha patriménio, e nem seus pais ou responsdvel, a medida poderd substituida por outra. ae Ill - prestagao de servigos a comunidade - Tarefas gratuitas de interesse geral, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congéneres, bem como em programas comunitarios ou governamentais (nunca entidades com fins lucrativos!) - Jornada maxima de 8h semanais, sem prejudicar a frequéncia a escola ou a jornada normal de trabalho; - Periodo maximo de 6 meses. IV - liberdade assistida V - insergéo em regime de semi- liberdade VI- internagao em estabelecimento educacional - 0 juiz designara pessoa capacitada para acompanhar o adolescente, sob a condigao de orientador; - © orientador deve acompanhar o adolescente no mbito —_ familiar, educacional e profissional, apresentado relatério; - Prazo minimo de 6 meses. - © adolescente fica parte do tempo recolhido, e outra parte em atividades externas, sob a superviséo de um orientador; - Nao comporta prazo determinado. - € uma medida privativa de liberdade e, portanto, deve ser __aplicada excepcionalmente, e por perfodo breve; - E possivel a realizagao de atividades externas; - N&o comporta prazo determinado, devendo haver reavaliagdo a cada 6 meses, mas s6 pode ser aplicada por no maximo 3 anos, ao fim dos quals o adolescente deve ser liberado, colocado em semi-liberdade ou liberdade assistida; - Aliberagao € obrigatéria aos 21 anos de idade. O _Judicidrio _ja__firmou -—_ entendimento de que a redugdo da maioridade civil ndo tem relacdo com esse limite. Vamos relembrar quais sdo esas. medidas? Encaminhamento aos pais. ou responsével, mediante termo de responsabilidade; . Orientacéo, apoio e acompanhamento temporérios; . Matricula e freqiiéncia obrigatorias em VII- qualquer uma das previstas no art. | estabelecimento oficial de — ensino 101, 1aVI fundamental; - Incluséo em programa comunitario ou oficial de auxilio a familia, a crianca e ao adolescente; - Requisico de tratamento médico, psicolégico ou psiquidtrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; . Inclusdio em programa oficial ou comunitario de auxilio, orientagio e tratamento a alcodlatras e toxicémanos. Art. 122. A medida de internagao s6 poder ser aplicada quando: I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaca ou violéncia a pessoa; II - por reiteragao no cometimento de outras infracées graves; HII - por descumprimento reiterado e injustificével da medida anteriormente imposta. Perceba que a internagao realmente deve ser encarada pela autoridade judiciria como medida excepcional, aplicavel apenas em situacées graves, quando nao houver outra medida adequada. Art. 123. A internacao deverd ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separacao por critérios de idade, compleicao fisica e gravidade da infracao. Pardgrafo unico. Durante o periodo de internagéo, inclusive proviséria, seréo obrigatérias atividades pedagégicas. ama A entidade na qual se dard 0 cumprimento da medida de internagdo nao pode se dedicar a outras atividades: ela deve ser exclusiva para o acolhimento de adolescentes infratores. O abrigo mencionado pelo dispositivo é 0 local que acolhe criangas e adolescentes desassistidos pela familia, e essas atividades precisam ser totalmente separadas, pois sdo de natureza diversa. Além disso, 0 periodo de internacao deve contar também com o desenvolvimento de atividades pedagégicas, ou seja, os adolescentes devem necessariamente estudar nesse periodo. Oart. 124 traz 0 rol dos direitos assegurados pelo ECA ao adolescente que cumpre medida privativa de liberdade. Nao ha nada demais nessa lista, mas é importante que vocé leia e a tenha em mente. Art. 124, Séo direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes: I- entrevistar-se pessoalmente com 0 representante do Ministério Publico; II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; III - avistar-se reservadamente com seu defensor; IV - ser informado de sua situa¢ao processual, sempre que solicitada; V - ser tratado com respeito e dignidade; VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais préxima ao domicilio de seus pais ou responsdvel; VII - receber visitas, 20 menos, semanaimente; VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; IX - ter acesso aos objetos necessdrios 3 higiene e asseio pessoal; X - habitar alojamento em condicées adequadas de higiene e salubridade; XI - receber escolarizagao e profissionalizagso; XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: XIII - ter acesso aos meios de comunicacae social; XIV - receber assisténcia religiosa, segundo a sua crenga, e desde que assim 0 deseje; XV - manter a posse de seus objetos pessoais € dispor de local seguro para guardé-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade; XVI - receber, quando de sua desinternaco, os documentos pessoais indispensdveis 4 vida em sociedade. § 1° Em nenhum caso haverd incomunicabilidade. § 2° A autoridade judicidria poderd suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsdvel, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente, Acredito que aqui o mais interessante seja conhecer o teor dos pardgrafos. A regra geral é a vedagdo da incomunicabilidade, e até aqui ndo temos nenhuma novidade. Existe, porém, uma excesaio, que & a possibilidade de o juiz suspender as visitas ao adolescente, inclusive de sues pais, caso considere que as visitas o prejudicam. aaah Essa prejudicialidade é considerada principalmente nos casos em que os pais tiveram influéncia direta na ma formacao do adolescente, contribuindo para que ele cometesse a infracdo em razdo da qual foi internado. Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuracéo de ato infracional, o representante do Ministério Publico poderd conceder a remissao, como forma de exclusao do processo, atendendo as circunstdncias e consequéncias do fato, a0 contexto social, bem como 4 personalidade do adolescente e sua maior ou menor participa¢ao no ato infracional. Pardgrafo unico. Iniciado 0 procedimento, a concesséo da remisséo pela autoridade judicidria importaré na suspensao ou extincao do processo. Remissao significa perdao. Aqui estamos diante de duas possibilidades diferentes de remissao. A primeira, prevista no caput, é chamada de remissdo parajudicial: por meio dela, o representante do Ministério Puiblico decide ndo provocar 0 Poder Judiciario. O parégrafo unico, por outro lado, trata da remissao judicial, por meio da qual o perdao é concedido pelo magistrado. A medida aplicada por forca da remissdo poderd ser revista judicialmente, a qualquer tempo, podendo requerer esse beneficio o préprio adolescente, seus pais, o tutor ou guardido, o advogado constituido ou Defensor PUblico. 2.4 - Do Acesso A JusTI¢A Art. 141. E garantido o acesso de toda crianca ou adolescente 4 Defensoria Publica, ao Ministério Piblico e a0 Poder Judiciario, por qualquer de seus érgaos. § 1° A assisténcia judicidria gratuita seré prestada aos que dela necessitarem, através de defensor publico ou advogado nomeado. § 2° As acées judiciais da competéncia da Justica da Infancia e da Juventude so isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipdtese de litigancia de mé-fé Os representantes do Ministério Publico, da Defensoria Publica e do Poder Judicidrio devem sempre dar especial atencao s manifestacdes de criangas e adolescentes, providenciando inclusive meios de atendimento informal. A garantia de assisténcia judiciéria a quem dela necessitar é trazida pela Constitui¢ao Federal. Além disso, ha isengao de custas e emolumentos para as aces judiciais da competéncia da Justica da Infancia e da Juventude, exceto em caso de mé-fé. - Essas varas especializadas estdo presentes na Justica Comum dos Estados. O STI jé decidiu que essa isencdo é deferida as criancas e adolescentes, na qualidade de autoras ou rés, ndo sendo extensivel a0s demais sujeitos processuais que eventualmente figurem no feito. As ages judiciais da competéncia da Justica da Infancia e da = Juventude sao isentas de custas e emolumentos, ressalvada a PRESTE MANS hipétese de litigncia de mé-fé, mas essa isengdo deve ser deferida ATENCAO!! apenas as criangas e adolescentes que atuem na qualidade de autoras ou rés, ndo atingindo outros sujeitos processuais. A Justiga da Infancia e da Juventude obedece as regras processuais acerca da representaso dos incapazes e assisténcia dos relativamente capazes. Entretanto, se o Juiz considerar que os interesses do menor no esto em harmonia com os de seus pais, sera designado curador especial. Art. 143. E vedada a divulgagao de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a criancas e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. Pardgrafo Unico. Qualquer noticia a respeito do fato néo poderé identificar a crianca ou adolescente, vedando-se fotografia, referéncia a nome, apelido, filiacdo, parentesco, residéncia e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. Essa determinagio nao viola o principio da publicidade, que ¢ a regra geral dos atos processuais. A Constituicéo resguarda especificamente a inviolabilidade das criangas e adolescentes, ndo permitindo nem mesmo que o juiz autorize a divulgacao dessas informagées. 2.5 - DA JUSTICA DA INFANCIA E DA JUVENTUDE Art. 145. Os estados ¢ 0 Distrito Federal poderéo criar varas especializadas e exclusivas da infancia e da juventude, cabendo ao Poder Judiciério estabelecer sua proporcionalidade por numero de habitantes, dota-las de infraestrutura e dispor sobre 0 atendimento, inclusive em plantées. O primeiro aspecto importante que merece ser lembrado acerca das varas especializadas da infancia € da juventude é que elas podem ser criadas no 4mbito da Justiga Comum dos Estados e do Distrito Federal — Art. 147. A competéncia seré determinada: 1 - pelo domiciio dos pais ou responsével; IT - pelo lugar onde se encontre a crianca ou adolescente, a falta dos pais ou responsdvel. § 1° Nos casos de ato infracional, seré competente a autoridade do lugar da acéo ou omisséo, observadas as regras de conexéo, continéncia e prevencao. Perceba que os critérios do caput sao aplicaveis apenas em processos que ndo envolvam atos infracionais. Quando houver infragdo, o juizo competente seré o do local da conduta. Em causas que envolvam outros temas que no infragdes, devem ser aplicadas as regras do caput, primeiramente a do inciso | (domicilio dos pais e responsdveis) e, na falta dos pais, a regra do inciso II (local onde se encontre a crianga ou adolescente). As regras processuais gerais, previstas no Cédigo de Processo Civil, sio aplicaveis subsidiariamente, quando 0 ECA nao regulamentar especificamente a situagéo. Em se tratando da apuracdo de infragées e da aplicagao de medidas de privacao de liberdade, devem ser aplicadas subsidiariamente as normas do Cédigo de Proceso Penal Art. 171. O adolescente apreendido por forca de ordem judicial sera, desde logo, encaminhado a autoridade judicidria. A autoridade policial que realizar a apreensdo somente poderd fazé-lo em cumprimento de ordem judicial. Nesse caso, o adolescente deverd ser apresentado imediatamente ao juiz. O policial que néo cumprir essa determinacao incorrera no crime previsto no art. 231 do ECA: Art. 231. Deixar a autoridade policial responsavel pela apreensao de crianca ou adolescente de fazer imediata comunicacao 4 autoridade judiciéria competente e 4 familia do apreendido ou 4 pessoa por ele indicada: Pena - detengao de seis meses a dois anos. Art. 172. 0 adolescente apreendido em flagrante de ato infracional serd, desde logo, encaminhado a autoridade policial competente. Parégrafo unico. Havendo reparticéo policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerd a atribuicao da repartigao especializada, que, apés as providéncias necessarias e conforme 0 caso, encaminhard 0 adulto reparticéo policial prdpria, a Caso a apreenséo do adolescente ocorra em razio de flagrante ato infracional, ele devera ser encaminhado & autoridade policial competente. Caso se trate de crianca, esta deverd ser encaminhada ao Conselho Tutelar. Essa situacio é a mesma em que, se fosse imputével, o adolescente estaria em flagrante delito ou contravencao. Em geral, ha delegacias especializadas no atendimento a criangas e adolescentes. Geralmente so chamadas de Delegacias de Protecao a Crianga e ao Adolescente. A competéncia desses érgaos especializados deve prevalecer, mesmo quando o ato infracional tenha sido cometido em coautoria com maior de idade. Nos casos de ato infracional cometido com violéncia ou grave ameaga, a autoridade policial deverd entao lavrar auto de apreensio, ouvir as testemunhas e€ o adolescente, apreender o produto ou instrumentos da infrago, e requisitar exames ou pericias que eventualmente sejam necessérios. Nos demais casos (quando nao houver violéncia ou grave ameaca), a lavratura do auto pode ser substituida por boletim de ocorréncia. Esses documentos (auto de apreensdo ou boletim de ocorréncia) deverao ser encaminhados ao Ministério Public. Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsdvel, 0 adolescente serd prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentacao ao representante do Ministério Publico, no mesmo dia ou, sendo impossivel, no primeiro dia util imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercusséo social, deva 0 adolescente permanecer sob interna¢o para garantia de sua seguranca pessoal ou manutengéo da ordem publica. O adolescente deverd, em regra, ser liberado quando comparecer pelo menos um dos pais ou responsavel, exceto quando a internaco for necessdria para garantia da seguranca pessoal do préprio adolescente, ou para manutengo da ordem publica. A liberago do adolescente deve ocorrer mediante assinatura de termo de compromisso, por meio dos quais os pais ou responsavel assume a responsabilidade de apresenté-lo ao membro do Ministério Publico, Essa apresentacao deve ocorrer preferencialmente no mesmo dia. Caso 0s pais ou responsdvel falhem no cumprimento dessa obrigacdo haverd o crime previsto no art. 236. Art. 236. Impedir ou embaragar a agao de autoridade judiciéria, membro do Consetho Tutelar ou representante do Ministério Publico no exercicio de funcao prevista nesta Lei: Pena: detencao de seis meses a dois anos. Caso os pais ou o responsavel néo compareca para receber 0 adolescente, este deverd ser encaminhado ao representante do Ministério Publico, nos termos do art. 175. ie Art. 175. Em caso de néo liberacao, a autoridade policial encaminharé, desde logo, 0 adolescente ao representante do Ministério Publico, juntamente com cépia do auto de apreenséo ou boletim de ocorréncia. § 1° Sendo impossivel a apresentacao imediata, a autoridade policial encaminhara o adolescente 4 entidade de atendimento, que faré a apresentaco ao representante do Ministério Publico no prazo de vinte e quatro horas. § 2° Nas localidades onde nao houver entidade de atendimento, a apresentagao far-se-é pela autoridade policial. A falta de reparticéo policial especializada, 0 adolescente aguardard a apresentagdo em dependéncia separada da destinada a maiores, néo podendo, em qualquer hipétese, exceder o prazo referido no paragrafo anterior. A regra geral é de que, quando o adolescente nao puder ser liberado, a autoridade policial o encaminhe ao Ministério Publico. Se nao for possivel encaminha-lo imediatamente, a autoridade policial deve encaminhé-lo a entidade de atendimento, que se responsabilizara por apresenta-lo a0 MP no prazo de 24h. Ainda assim, é possivel que na localidade nao haja entidade de atendimento. Nesse caso, o adolescente permaneceré sob custédia policial e, se ndo houver érgio policial especializado para atendimento a crianga e ao adolescente, 0 infrator ndo deve permanecer no mesmo local destinado a maiores de idade. © ECA determina ainda que o adolescente ndo podera ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veiculo policial, em condigdes atentatérias & sua dignidade, ou que impliquem risco a sua integridade fisica ou mental. O policial que desobedece essa determinacao incorre no crime previsto no art. 232, ja visto por nés. Art. 180. Adotadas as providéncias a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério PUblico poderé: I- promover 0 arquivamento dos autos; II - conceder a remisso; HII - representar 4 autoridade judicidria para aplicacao de medida socioeducativa. © arquivamento dos autos ou a concesséo de remissio, sero promovidos mediante termo fundamentado, que contera o resumo dos fatos. Os autos entéo serdo conclusos a autoridade judicidria para homologacao. Uma vez homologado 0 arquivamento ou a remisséo, a autoridade judiciéria determinara, conforme © caso, 0 cumprimento da medida. Discordando, a autoridade judicidria remetera os autos ao Procurador-Geral de Justiga (chefe do Ministério Publico do Estado), mediante despacho fundamentado, e este ofereceré representaco, designara outro membro do Ministério Publico para apresenté-la, ou ratificard o arquivamento ou a remissao, e s6 entao estard a autoridade judicidria obrigada a homologar. ame Se 0 representante do Ministério Publico decidir néo promover o arquivamento ou a remisséo, oferecera representagdo 8 autoridade judicidria, propondo a instauracao de procedimento para aplicagao da medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada. Oferecida a representacdo, caberd ao juiz determinar o dia, hora e local para a audiéncia. Na mesma ocasigo deve o magistrado decidir acerca da internagao preventiva. Tanto 0 adolescente quanto seus pais, tutores ou guardides serao citados. Se os pais ou responsdveis no forem localizados, o juiz indicaré curador especial ao adolescente. Caso nao seja possivel localizar o adolescente, o juiz expediré mandado de busca e apreensio eo processo sé continuaré quando ele for encontrado. Os pais também devem comparecer & audiéncia, mesmo quando o adolescente estiver internado. Art. 186. Comparecendo 0 adolescente, seus pais ou responsdvel, a autoridade judiciéria procederd a oitiva dos mesmos, podendo solicitar opiniéo de profissional qualificado. Além de solicitar a opiniao de profissional qualificado, o juiz pode aplicar a remisso, devendo antes ouvir o representante do Ministério Publico. A remissao, entretanto, podera ser aplicada em qualquer fase do processo, e no somente nesse momento. Se o ato infracional cometido for de natureza grave, punivel com internago ou imposicao de regime de semiliberdade, e 0 adolescente nao tiver advogado constituido, o juiz nomearé defensor. O advogado ou defensor constituido teré 3 dias para apresentar defesa prévia e rol de testemunhas, a partir da audiéncia de apresentacao. Art, 189. A autoridade judiciéria no aplicaré qualquer medida, desde que reconheca na sentenca: I- estar provada a inexisténcia do fato; I - no haver prova da existéncia do fato; HI - no constituir o fato ato infracional; IV - no existir prova de ter 0 adolescente concorrido para o ato infracional. Paragrafo unico. Na hipdtese deste artigo, estando o adolescente internado, serd imediatamente colocado em liberdade. 2.6 - Dos CRIMES E DAS INFRACOES ADMINISTRATIVAS Art. 225. Este Capitulo dispée sobre crimes praticados contra a crianca e 0 adolescente, por aco ou omissao, sem prejuizo do disposto na legislacéo penal. Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Cédigo Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Cédigo de Proceso Penal. _—

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