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UNIVERSIDADE DE COIMBRA Boletim aa Faculdade de Direito VOL. XXVII (rest) comissho mepactons CADRAL DE MONCADA—TSIXEIRA RIBEIRO = 6, DRAGA DA CRUZ cowwosto # neraesso wa tiodeana pa «COIMBRA EDITORA, L.pt> COIMBRA (Portvuan)— 1952 INTERPRELAGAO DUMA CLAUSULA TESTAMENTARIA ALOUMAS consipgnagogs cen: DA INTUHEKETACAO DOS TI ACORDAO D4 RELAQAO DE COIMBRA DR & DE JULHO DR 1951 ‘Suwinio: —Se sm testamento feito por homem solteizo, sem ascenden- tes nem descendentes,e tendo como mals prOximnos pareates suces- siveis um irmio germano e virlos itmios consanguincos, o testador dispés de certos bens favor dumm seu sobrinho e da mulher deste, respectivamente flho ¢ nora dum irm& consanguiven do meso lestador, acescentando depois que salém destes bens Ines deiea & parte que Mes competr cota seus herdeiros, em todos 05 bens, ‘itetos e acgoes que possuir & hora da sua mores, sla chivsila deve interpretar-se como chamando tambérn ess egaivios sues io cowno hetdeios testamentirine, em concorréaca coin 08 leii= ros, perteacendo Ines una quota igual & do inde germane. No luger de Alvotge, dx comsron 46 Ancito, faleceo, com te lumento, no dia 10 do Janeiro de 1980, Luts Bargarido, no estado de soltoiro, som descendentes nom ascondentes. Sobreviveram-lhe, come herdeiroa legitimos, um itmo germano ¢ clneo irmios consanget- eos. Pelo docesso de Margerido procedouse a jnventério naquole ‘comarca, desompenhando nolo a5 fungdes de caboga-de-casal seu ‘emo germano. No tostamento com que faleceu, o Margerido insti- tulu legetirios do vérios bons sea sobriaho Amétieo Portele 6 mulher Glérin dos Santos — aquele fino do uma sua irms consua- -Euines, elads viva; © dopois do identficar os prédios lexedos, die- pie ainds pela forma soguinte: «Quo aldm dectos bens Thos deixa ‘parte quo thes competir, como Kaus herdelros, 230 2uRIseRCORNCLA CRETICA ireitos © mcgdes que postuir A hora da gua mortes, Rorgue nas suns doclaracdee 0 eahaca.de.caset indiooy como herdeiros do frle- ‘ldo Ho-dmente sous irmdos » descendentes de Irmios fA falecides 0 Américo © mulher requotersm pars serem consideradoe como herdeitor testamentirios, © 0 primeito oxboce-de-oess) por ser 6m casa dele que o felecida rosidty nos Gtimoe dois para tres mesos © ali veio @ morrer. Tove o requerimento tots indeforimeato por 56 ‘ntender que os requerestos sto s6 © aponde legatérfos, nfo podendc fa cldusula que se deixa tranecrita representar uma inaituigdo de Derdeiros tostement¢rios nem de herdeiros em conjunto com os tios os requerentes. ‘Nie ce conformando com ests decisto, 0 américo ¢ mulher interpuseram dela © presente recurso que xe mostra devidemante minateds ¢ contraminutado, Os recorrentss podem a rovogacio 40 desptcho polas seguintes conclusbes por que terminam a aus ‘minuta: a yoniade do testador foi de considers los herdoiros,além o legatirios, © que eles recebessem bens, A hora as ave morte, cdo rommnescente da heranga; que a porgdo do bens a receber aeja igual & dos tioe germanos, visto que eto chamados A heranga apents como herdeiros instituldos © no camo representantes legals 2a mie; que o que © testador manitestou no s6v testemento fol yue 08 fagravantes fossem seus hordeiros & hora de sua morte; que estando viva, come sta, a mie e sogra dos agravantes, ou soja a irmi do teatador, & vontade dente nto se reapoitava A gus morte ae aeaso saqueles foacem excluldos de herdoiros, pelo quo 0 dospscho recor rio desrespoitou no #6 a ventade do testador como vielen ainda © Aisposio nos artigos 1761. © 1791. do Cédigo Civil. Os recorrides efendem 4 manutentio do despacho recorrido, sustentando que os gravantes to apenas legaidrios oe herdeiroytostemonttrioe, por io tecom sido institutdoe no testemento ne totalidade ou em parte ‘ax herange, @ nio sio hardelros legitimos por #6 encontrar viva sue ake © sogra,e que em eato tlgum a eva quote hereditaris podie ser gual a dos inmdos germenos de iatontarisde. Cumpre conhecer: ‘Toda a questio decidir aqui gira volts da interpretsedo a dar 2 cldusute tettamentéria que acima 56 deixe transerite, problema 1 declatr 6 este: devarsa, em faco dela, 0 sobrinho do slecido eeu mulher, ser havidos como hordelros daquele, instituldos mo tosta- IeTRNYMETACKO DUMA CLAUSULA TutmaMeNTsRIA 281 mento? Sobre 0 ponte d 6 opinisgs se manifertam noe sutos: uma, ida no despecho om recurso ¢ doutamente apoiada per am eru- ito «Barecers, entende que o teatador fovo em vista sor explcito ‘no seu prop6tito do tevoreoer of racorreates xpenas com os bens ‘que expectficadamente thea deizou, tondo a cliyeula a fnslidade de salientar que tals bens gaom intactos da herenga 0 independente- mente de qualquer outro dirato quo o8 legatériog tenham comno her: eiros, caso sux mo © sogra aofe aieciia; outea, que 6 a doe agen- ‘vanles, tustonta que oF logutdrios sho também heedelros insttutdos ‘no teattmento o que a sun quota hereditiria 6 igual & do irmlo ger- ‘mano. (Quel das duas intorpretag6es merece ncothimento? Opts, om hositagies, pela d09 agravante © teatador podia, porque falecny no estado de soltsire 9 sem ‘scondentes nom descondentes, dispar de todos ce seus bons a favor 40 Américo ¢ mulher. Pela mesma raako Ihe era ieito dispor a6 do arto doles, Cédigo Civil, artigos 17742, 17643, 1968. « 1959. Que fle nto quis dlapor de fodos os neue bens a favor dequelos, mostre-o ‘com nitides a ciounsttnefa de elo o8 ter insituldo logatérlos. Des- ecessirit seria om verdade eats insttuiglo #6 0 autor da berance ‘ivesse 0 propésito de o8 contemplar com todos os seus bons. E que ‘esta nio fol # gus vontade também 0 denuncia & cldusula era quos- ‘a, ne qual se diz quo «Ihes dsixa « parte que hes competie como seus herdeiroes, que importa agora determivar 6 46 0 festedor ‘us, ronlmence, disper de porte doe tewe bone a fator dos recorrante, 6 on quia instituir anus herdsiron telamentérioe, Segundo 10 proceitun no artigo 1761. do Cédigo Civil, em ‘onto do davida sobre a interpretagdo da dispostefo sestementé- Fis, obwervar‘e. 0 quo for miis sfustado com & IntongHo do tee- tedor, conforme 0 contexio do testamonto, Este preceite, além de fornecer a regra do inierpretaglo de qualquer duvidoes dispo ‘lo tostamentérin, mostra que a funsto do intérpeeto tant do sor saivar, dar vida a ossa dieposigio © nunca aniqullé-s, NAo 6 Meito, erante 0 aludide precoito legal, covsiderer dispensével « disposi. cio, mas Wo-dmente darth 0 gatondimento com que o testador & rodigiu. Do contesto do testamento made de proveitoto a pode extrtir no sentido do aclarar u Intencio do testador; taas a eléustla fem $i ofo ve apresenta malty duvidoss va atingncia da dencoberta aqueln intongio. Diz Drboslogadon) Ihe dica« pate qne Ihe sompetir como seus her dviroe, Youo quo hk dons delats simuldneas: x doe hens expo- sllendes © ds pato que aoe recorontetpertanoar na qualidade do hortnicot do testor. Uma doiza som eontetde & dispongto que fe nfo comproende @ por {8800 tettdor, a0 frsar que além doe bens logados deiza aoe logatition otros hone, & porgi quer que slos reesbam ofectivemente rain do qua aquilo que legot. Dostro modo nio teria uasdo da oxprossfo de que wsou — «dein. Pro: leader fatarprotar otermo como rterindoee baile que sk obti- utdriamento contere & admits ama elkuralavazin no tendo © Jbgicamonts inadmissvel. Go « olferula em questo te ontentar como ome intitagio de herdoiros, jo term «deixa, nels empry- ado, tom slgattcagto comproooivel ¢ a clusuln surg clara © Jogica. No BA moonssidade do the dar intorprotagior « ontondi- mentos que do certo nunca etiveram na intengtp do lestedor, tm simples teabslbador agricola. © que terador pretendeu © auls ituir 04 recorrentes Sout herdorestestamontirios de dos seus ena « pa imo thes daixou a parts que Ino8 compe- tir nequola qualidade. Nada no toatmento meatra qve o tstador tere om mont # morte do sun irmi consanguines, mio o togra Gos recorrent nem on Dens que & estos portonceriam nosso ovsnte. 0 quo ole tore om sist ao ompragar o verbo sompetr foi parte dos bent ue tos recorrontor viriam cabor como seus herdolros inal tuldos, Quer dizer: o tenlador inituia ce voorrents s0u8 her. Astros om coneureo com os emis « 1 pare dou bors reese qualidade Ines pertoncr. Ando 8 dar oat interprets to rom ae compreenderéftllmente quo ola s0 hou emprogado o termo «deine, nem tera cleo entendimento# cxpreteo «como eeu herdeirn, poin quo to tompo da fitara do tertament o8recorrentes ni era © © tstador no podia quer prover 99 om algcm tompo.o vriam a sor. E antos de pousar fupor que, preceupando-o © propSsto,rvelado no testament, de Incguimento Donor o8 recorren, ele nem soquer eogitase nas ccnsequocas que rosultariam dx morte dk mike sogra dos agra antes. fate Sntorprotagto que se df 8 clduvula tom a mais, sobre ‘1 oposta ume vantagem que sobropyj todas as consderaces tts «advert: 6 quo onquant #opinito contri 8 adoptada inutitiza a ERPRETACHO DMA CUADSULA TESTANENTA ‘+ eldusule, com doxprezo do aslutar preesito que, como airse se ‘rinoou, promana do artigo 1761. do Cédigo Civil, que se seguo © dofende respeite-a ¢ mantém-na om foda a cus intogridade de hat monia com 0 intuito manifesto da nossa let efvil. [Nade mais bé a decidir porque o despacho om recurso de nada mais ae ooupou que aqui baja de sor tatsdo, Conclui-te, portanto, sim: Em face da cldusula que se deixs transcrits, 08 recorrentes ‘ho herdeiros inetituldos do falecido Luts Margaride, om coojunto ‘com gous herdoiros legitimos. Di-te, em consoquéncia, provimonto to recurso, revogendo-s0 0 despacho regorrido, que dovers wor sube~ tituido por outro de harmonia com o deeidide, com #8 consoquén- clas dosen devieto decorrenter. ‘Custas polos recorridos. Coimbra, § de Junho do 1951. —J, Repos Pinheiro da Cotta Ferustrelo Botahsire ANOTAGH Suminio:—1. A capécie 20 Acérdio. lnterpretacio nele sancionads para a cljusulacimIitigio 2. Rejlase (al inerpretagdo—3. Ras 2oes deste porto de Visla —4, RazBes invocadas no Acérdo, — 55 Critica dessis ratdes,— 0, Pomibilidage de avriguar, em face Ge elementos extetiores 20 testamento, ter sido outra a vontade do Aestador. 1. Criérioe fondainoatais a segue na interprtagio das isposigoestesomnctitias — 8, Couclusdo a trae para o caso ver= fente.—9. Qual seia a quota &aiibuie aos beuetictrios da cline Sila pleteada, suposto qre nla testador tvesse querida insti og seus berdciros 1. 4 falecen no estedo de solteiro, sem ascenden- tos nem descendontes, © deixando como mais proximos parentes sucessiveis um irméo germano 0 cinco irmaos consanguiness. Fez testamento em que legoa certow prédios » sou eobrinho B © & mulher deste, C, respecti- vamente filho ¢ nora de D, irma consénguinea dele tes- vse SURISPRUDENGIA cxITICA joresventando depois, a favor dos mosmos lo; o cldusula: thrips, a «Que além destes bens thes deixa a parte que thes competic como seus herdeitos, om tados os bens, direitos © acgGes que postuit a hore da sue morte.» Néo consta do Acdrdio se nate testamento & pabtioo ou cerrado, mas partimos do princtpio de que 6 pablico. No Acérdio diz-se, ba verdade, ser 0 tostador , constituiodo 0 tostemonto corrado uma espécie bastente rara em pessoas do tl oon- digo; © por outro lado a cléusula transcrita eaté redigida em fermos—aiids pouco afortunados, 6 def o litigio— que 12velam conhecimento da linguagem notarial, © que, independentemente disso, sio 08 habituais nos testamen- tos publicos, © 66 neetes ?, Sendo ainda viva D, mie © sogra de B o C, ¢ roque- 0 inventério para partilha da heranga de 4, euscitou-te controvérsia sobre #8 aquele cltusaie torte dado aoe legetérios — B © O—algum dircito, ¢ qual, a participa. rem nO remanescente da mesma herange. Protendiam estes que tal clfusula os iustitaica também herdeiros testamentérios, em concorréneia oom os irmAos @ her- deiros legitimos do testador, sendo a respectiva quota "Pho caso de parte de eldogula onde a fla de «todas 08 bons, Aiveitn €aetbnr Lasso ne cltogute, com eflto: +Quo elém deste bons Ihes deize..».” Se 0 testumenta fost oBrr400, 08 trmos wsunis, mesmo 10 bipéteso do otebtamonto sor eacrito por outrem a rogo do tets- dor (Cod. Civ, art 10209, cerium antes: «AL6m doses Dens deze Pe INTERPRETAGKO DUKA CLAOSULA TALTAMERTARtA 295: igual A do irmAo germano, Sustentavam os outros ints reseados (os herdeiros legitimos) que ose cldusula ape- nas restsivava aquoies 0 dicsite de, cumuletivemente com os bens legados, receborem ainda da heranga do testador a parte qae Thes tocasso como hordeiros legiti- mos, #6 tal qualidade vieese « oompetirthes, como de corto Ihes competiria 0 caso de D j& ndo viver a quando da abertura da sucessio. Xa 1 igvtdnois provatece este ditiao ponte de Vista; mas @ Relagto de Coimbra, pelo presente Acérdo, Aeoidiu om eentide favordvel aos legatérios, reconheceu- do-ibet, por forge daquela citusute, # posigts de her deitos testementitios, em concurso com os herdeiras logitimos. Quanto & quota hereditécia que thes pertencerie nessa qualidade, 0 AcérdAo nada especifica Da sua con- clusto, Na sua patto motivatoria, porém, declara ac tar exom heditagden @ intorprotegto defendide pelos legatérios, interprotagdo cujos termos prdviamente enun- ciou, sem omitir 0 ponto agora foctde, Por onde dedas, oom (oda @ segarance, que 2 Relecto quie atri- buir-thes, como pretondiam, uma quota igual & do irm&o germano do testador. 2. Estaré corte a doutrina do Acérdto? Com plena aloitere respondemos que nko, mente. Foi quando repli ume possfvel intorpretagdo eoguado @ qual o testedor, com 2 cléusale em Jitigio, totia quorido institair B © C sous finicos © univers hordeiros, © nao apenas designé-los como herdeiros de parts da sua heranga, nos tormoe jt sabidos. 286 JURIEPRODEROIA cRETICA Tal interpretsgdo serie, na verdede, um rotundo con- trazonso, como dosde logo se intui © paladinamente o ‘comprovam as duas razdes mencionadas no Ac6rdio: ela tornaria supér‘iua —e de modo inexplieével—a dis- posigo que contém 0 legado a favor de B oC; 6 estaria abortamente contra » prépria letra da cléusula ventilada, enguanto fela apenas, com referéncia eos mesmos lega- térios, da «parte que Ihes competir como sous herdeiros>, Mas esse ponto pouco ou nada interessave para a Aesisto do pleito. Nem sequer estava em causa, sendo que, como se deixa entender pelo relatério do Acérdo, 8 legetérios nfo 6 abslancaram, polo menos em recurso, 8 propugnar aquela interpretagto. E quanto ao mais parece-nos flegrantomente desacertada # doutrina da Relagao, Estamos inteiramente com o decidido na Instincia. Até mesmo, porém, quando os legatérios dovessem ser admitidos a compartither do remanescente da heranca do testador, por efeito daquela cléusule, supomos bastante nitido que a sua quota hereditéria seria outra que no a declerada no Acérdéo. Tal a nossa orfentagdo, Resta dizer as razdes com que ontendemos jastificg-ta . Dede logo 08 préprios tormos da cldusula ver- sada sto mais compaginiveis com a idela de que o pro- Pésito do testedor nio teré sido outro seudo acautelar quo o legado precedentomento instituido deixava fote- gra aos logatérios—B © C—a possibilidade de con- correrem a0 remanoscente da herance, se a esta viessem 4 tor chamad LA ce deixou aos legatérios, com efeito, am compat por sucessio legitima, dos. como seus bens legados, «a parte que Ih i ' t INTERPRATAGRO DSLA CLAUSULA TEBTAMENTERIA 287 hordeiross, 0 testador, portanto, nao os institulu direo- tamente seus herdeiros. Nada mais fez sendo pressupor ou prever uma vocagdo sucesséria nosse sentido. Endo constendo que ela pudesse resulter de outro passo do testamento, # vocacto enearada £6 pode ter sido 8 legel. Nao bd dhivida de que tal vocagdo 6 existia, ao tempo, f titulo eventual — para a bipéteso de D, mie © sogra 08 legattrios, felecer antes de abertura da heranga do testador; mas esea mosma natureza eventual est6 suge Fide, ou pelo menos eoonestada, pelo termo . E acrosce que a deeignaclo «herdeiros», aom mais qua. lifleativos, 6 correntemente usada para sludir aos sucee- ores legitimos, Por outro lado—o ainda isto de certa maneira, argumentar com a letra daquela oléusula—o teatador também no disse qual a parte hereditéria que entendeu conferir a B © C; © nfo bestava para a determiner 0 imples concurso com os herdeiros legitimos, dado que 08 respectivos quinhdes eram deviguais, competindo a0 inm&o germano uma parte dobrada em relagto A de cada um dos irmios consanguineos (C6d. Civ., art. 2001.) Ora seria perfeitamente inverosimil que o testador xaese de resolver este ponto, de modo bem claro o termi ante, se & sua vontade tivesse sido a quo Ihe atribui o Acérdao. Nem 6 de supor que o notério ignorasse aquels diversidade dos quinhdes dos herdeiros legitimos, tratando se duma nogdo juridica indiscutivel e elementar. Esta difculdade 66 cossaria de oxistir se 0 testador tivesse pretendido deixar aos legatérios, também insti- tuidos seus herdeiros, a parte sucese6ria que houvesse de competir a D, mie © cogra dos mesmos legatbrio como que deserdando esta sua irmé coneanguines. Ma seria verdedeiramento inaereditével que néo tivesse somIePRDORNCIA. cHlTICA patenteado do algoma forms tal fotengéo— para tanto niio sondo diffcil, ais, encontrar o8 termos aproptiador Por tiltimo a clétsula quostionads, a veler a inter- pretagio do Ac6rdlo, correeponderia a um tipo andmalo do disposigbes testemontérias, inteiramonte fore dee pre- aiieogies habituais dos testadores, mesmo quando, a0 contrério do nosso caso, eejam iguais os quinhdes que competem aon diversos herdeiros legitimos. Uma dis Posigdo pela qual o testador chama o herdeiro institatdo A concorrer com os legitimos, atribaindo-Ihe a parte que Ihe tocaria se também {oss um doles, deve ser espécie muito rara, quando nao de todo inédita. ‘Mae uma razdo bastante séria para so admitir quo, 80 tal fosse 0 sentido da clgusula versads, nfo deixaria © testador —o8 o notério por ele—de ter exteriorizado © seu pensamento om termos indubitévels, ou em todo © cago mais explicitos do que aquel ida essa parte do testemento, 4, Contra isto produzem-se no Acérdéo, mai menos declaradamente, diverses consideragdes que importa ordenar © resumir, para depois terem devida. ‘mente aprociadas. 4) Comeca se por tirar argumento do preceituads no artigo 1761.* do Oédigo Civil, segundo o quel, exis- do «Aiivida sobre a interpretagto da disposigho testa- mentérias, valeré vo que pareter mais ajustado com a intengao do testador, conforme o contexto do tostamento: Esta norma (diz 0 Acdrdfo), , decerto ‘Ao cogitaria da hipétese de os legetérios virem a ser chamados & sua heranga por sucessao legftima, em razio do predeceseo de D, irma consanguinee dele testador @ mio © sogra dos mesmos legatérios. 5. Wutrando a ajuizar destas razdee, diremos ji ‘nic nos parecer diffeil concluir que nenhuma dela: seré decisive contra a interpretagto que propugna- mos © @ favor daquela que veio a triuafar no presente Avérdéo. a) Corre como certo que as disposigdes testamen- téries devem ser entendidas por maneira a nao resulta- rem supérfiuas ou feridas de nulidede'. 1 podemos coneeder, som relutdncia de maior, que essa directiva —aplicago do chemado princfpio da conservacdo dos negésios juridicos, segundo o qual estes devem ser inter- pretados (¢ tratados) magia ut ealeant quam wl pereant? — ideo (198), BAK. 180; Gane, La ewcen Ag. 286; HFTTH, Interprelacione deli legge « dept allt piuridis (194 ag. 920: DE Pace, Trailé de droit eel Belge, vn, 17 (1947), pg. 1596. Entre nds também 6 tradicional erta maxims. J& PeaAs (apud Com. Lo a ROcma, Inalitugoee, 4 eda, 34, pag. 795) ae feria e00 dela este 2 Sobye este principio oft. por todos: Gnasserns, pag. 161; Bert, pag. BLL; Camara Pena, 1 napecio gturidicn (1948), Page. 334, ‘361 & 680. ereneeracko oUxA cutvsLa tesrameNTARA 201 seja de admitir, embora talvez com dadas restrigdes ou atonuacoe: Mas, por um lado, ela nio esti consegrada no artigo 1761. como se protende no Acérddo; nem eabe- mos, eliée, de qualquer outro texto legal “que declara- damente a eancione ’. O artiga 1761. limita-se a dizor que a interpretagdo testamentéria dove nortear-se pela tengdo do testador, em conformidade com os tormos: do tostamento. Nao estipula que deva presumirse no testador uma Yontade tel que as respectivas disposigdes, tenham um contetdo ati @ vélido em face da lei. A dou- trina 6 que tradicionalmente assion o entende; © ess orientagdo pode justificar-se, sobretudo para os testa~ ‘mentos piiblioos (e a prescindir de outras consideragdes) com a ideia de quo o testador, por ciéncia ou experién- cia j@ adguirida, ou por informagao do notério ou de outra pessoa com quem se aconselhe quando delibera tostar, teré corto conhecimento do direito sucessdrio em vigor, sendo naturelmente levado # abster.se de cléu- sulas dispensiveis ou sem validade legel. Por outro Indo mesma directiva nfo ¢ sento uma centro muitas, de modo nenhum podendo aber-the o + Todavia, como aplicacto esse drectiva pode cits-2e, quando male no seja, 9 acigo 1820. (legado a um eredor: ct por 6x. De Paax, ibid. Na doatrina eetrangeiea mencionern ‘rotee também os texioe cOrreepondentos § a. (condiebes impossiveis), 1852. ¢ 1853." (ai E quanto a0 principio da eonservacio dos negécios furidicos rele- re.ae 0 texto correspondente #0 noseo artigo 2248. (usulruto até corte idado de tereelen poston). Ofty por todos, Gaasser7! © Berns, nos lugares j4 citados. Alguns Chdizos do outros paises sancionam expressa © gent loamente © princfpio visedo qu conteaton (antl, ¥. © Céd, francés, avt's157) ou quanto aos testementoa (arsim o C39, slemao, § 208 200 nupexotA ontnicd valor imperativo de que o Acérdio parece querer rever tila, 86 pode exercer inflnéncia capital na solugto a Preferir, quando os outros factores hermenéuticos con- duzem o intérprete @ ur resultado insankvelmente equi- ‘oro, Ora no cao versado temos indioagdes bastante ‘concladentes no sentido de que com a cléustla em ques- Wo o testador a6 quis acentuar que o logado « favor de Be C nfo prejudicaria 0 direito que ov legatérios Pudeseom vir a ter ao sobranto da respectiva heranca, por sucesso legitima: ofr. supra, n° 4; infra, 6) @ ). ‘De certo que cout tai interpretagto se torna diepen- ‘vel aquela cléusula: 08 legados, mesmo quando a favor de herdeiros legitimérios, entendem-ce feitos de monte maior, nfo privando assim os legetérloe de concorre- rem, sem qualquer limitagio (salva quanto aos logitims- rios » intangibilidade dae legitimay), ao remanescente da heranca !. Mas deve obtemperar-se que esta doutrine ‘fo esté expliciteda na tei e podia ser desconhecida do testador (como naturalmente o era) ou ser davidoss — quando nfo também desconhecida para 0 préprio notério, Dal que # olfusula nfo so deparasse como fnteiramente supérflua — ou mesmo como supérfiua, foul court —eo8 olhos de quem redigiu o tostamento, for dum go-herdoiro pode chemat-te «pro- Mas em sentido proprio a6 ae dé ease nome a do toda « horangs, por mancira rooobor 08 bons lagedos, ¢ mais 2 saa quota ‘no sobrante de masse hereditiri. Nfo 208 logados potlot w eergo do outro eo-berdelro, por forme que © legatério touba a recebor a sua quota na totalidede da herenen © mals ox bens leuados, 86 feando redazids, portanto, a quota do co-herdeiro gravady com 0 reapectivo encargo. Cty, por todos: Gaal, [logot, 1,24 od, (1988), ‘Ags. 136 © 190, nota 1; Duom, Lo eucsessione festamentaria, 2° 0. 1 (1896), pig. 31, ereRPRETAGKO DUMA CLKUHULA TweTAMRNTiae 288 Alige, se por tal interpretagto a cldusals se torna diepensével, pela interpretagso contréria (2 do Acdrdéo, que Ihe dé o sentido e alcance de conferir aos logaté- rioe—B 6 C—um direito como que euténome @ com: partilharem do remanescente da heranca) com ume redacgto extravagante, imprépria no mais alto rau para traduzir o pensemento do testador. E seria ‘bem mais injustifcada © chocante esta extravagincia impropriedade do que aguela dispensabilidede. ») Os termos iniciais da cléusule ventilade a8o per- feitamente compaginéveis com a interpretsqao que deten- domos, ume ver admitido e assente—pela razto jé decle- ada: ofr. supra, a)—que aos olhos de quem redigi o testamento essa cldusula néo seria de todo indtil, E até serdo intoiremente apropriedos pare reflectir « rontade tentatoria, desde que a mesma clétsula tenba sido conside- rada pelo redsetor do testamento ndo s6 «til eomotambém indispensével—uma hipotese que néo 6 para por de parte. Em eapéciat qaanto 2 revelarem oseos tormos que no se tratava sli duma disposicko puramente eventusl (66 para a emergéncia de a mae © sogra dos legatérios vir a falecer antes do tertador), deve retorquir-se: 5} que toda a disposigao testamentéria contém um elemento de coventualidade, dependendo sempre (conditio juris) da premoriéneia do testador em relagio a0 contemplado 406d, Giv., art, 1769, 0. 1.*); 2) que para significar que, na espécie, 0 testador quis atribuir a rospeotiva libera~ lidade uma indole mais eventual do que a inerente & todas ae disposighes testamentériae 14 estto—como bas- tante adequados, eonquanto nfo de todo explicitos —os ‘termos subsequentes da mesma cliuenle, onde se fale da parte que «competir» aos legato 284 JURIEPRUDENCIA cutrICA ©) Paseands a encarer, finalmente, » dltima consi deragto do AcérdAo, noteremos que +, Mas hoje em dia toroou-se proponderanto © até quase pacifca tondéncia contréris, tanto na dou- 1a como nos tribunais*. Segundo esta corrente 1 Ctr, por todos: Dias Fenatns, Cédigo Civil anotedo, 1° ed, , pop. 17, © 24 04, IF, pg. SUT; Recieta de Lepislagte » de Juris: prudéncin, 309, pdg. 4, © 60. peg. 11. P'Gity por todas: Prof. Josh TAvAnse, Suessce, 24 ed., pig. 122 (invocando 0 disposto no artigo 2607 do Céuigo Civil, Agora subsiituide pelo artigo 621°, parte 1 do CBdigo de Processo); Hevnta de Lagislagae, 68.2, pigs. 74 0 578, T2', pags. 9 0 26%, 78°, pég. 9, 742, plg. 125, © 792, peg. $45; Prof. Feansn Conneia, Brro¢ Inteprelagoo na teoria do wpéoio jurtdieo, pag. 289; Prot. Pavo Gunite, Do dirvito da suzcesbee {ligdes pobiicedas por LT.) 11, Dag. £2, ¢ Sucterdo festomentéria (licdes publicadss por Losrengo Poraica’@ Agoatinho de Oliveira), pigs. 47 © 110; Dr. PaLaa Can- 108 (3, J), Dab mverebee, 3, Pg. 186; Prot, ANTUNES VARSLA, Torf- isin do lslamanlo « vonlads conjectural do tastador, pg. 78. Covtea Dr. Covi Gongatves, Tralade de Direito Civil 1x, pg. 687. 3 Neste aeatido eft, por dimo: AcérdBos do Supreme, 47 1941 (Hola Ofiat do Miniaidrio da duatiea, 1, pg 192), 2.11946 (Boletim Ofeial, v4, pag. 105) 25-11-1967 (Bolelim Ofeil, viy, poy. 300), 15-1949 (Boleim de Miniatério da Justia, 11°, pig. 204), 12-1 3960 (Boltin, 182, pg. 267), 20-1960 (Bolen, 21%, pg. 388), 62-1951 (Bolatim, 272, pég. 182); Aeérdio do Relegfo do Lisbor, i948 (Doletim, 82, pg. $18); ADSrddo da Relagko de Coim- bre, de 211-1048 (Holatim, 8, pag. 246). Contra (ras rosselvaudo 0 ‘iepesto nos artigos 1741. e 18ST"): Aesedto do Supreme, de B7-¥- 1049 (Boletim, 182, plg. 816), Tavom-se nesta dovieto «0 principio 298 -roRvermoDbKota intérprete de cléusulas etamentérias pode servir-se de dados extrinsecos—e nao apenas dos prdprios tor- mos do testamento— para captar a verdadeira vontade testatdria, seja qual for o aspecto on elemento da respec: tive disposigao quo se trate de defiir; e esves dados —que serdo quaisquer circunstAncias, idénoas para rove- larem 2 mens testantie (as0s de linguagem locais ov Profissionais, afoig6os ou animosidades do tostador, quaisquer declaragses # lores ou posteriores ao tostamento, ete:)— podem pro- ‘var-so nfo 6 por documentos, come ainda por qualquer outro meio, sem exclusto das testemunhas. Qual das duas orioptagdes em prosenca aconselbivel? Por nossa parte sompre tomos estado a favor da Gltima E certo que a letra do artigo 1761.", remotendo-nos pera ea intengdo do testador, conforme o contezio do les- famento>, pode sugerir a ideia de quo x2 disposigdes tostamontérie inicamento podem e devem ser interpre- tadas cex ipsomel leslamento... ex proprite verbis tenta- smanti... non aliunde, non ezlrinsecuss *; ¢ que no mesmo sentido (exclusto da chamsda prova extrinsecs) depoe ainda 0 facto de 2 Comiesso Revisora ter suprimido no Cldssico do quo «no tostamento s6 fala 0 testador @ mals ningaém> —prinolpio também referido e invoeado pelo Dir, CURHA GORCAT~ Yi, 1% Pg 888 1" Aesim jd na Revista de Zegisloedo, 82, pig. 225, nota 1, 6243, nota 8, Cir. por Gltimo Blamenioe do nopteto juridico, 15% (gee Dublicedas por Ricardo Velha), pag. 345. = DUMOULIN, apud VARDENBROUCALE, Interprtation dos teata- ‘nents (1928), pig. 24. Sobro este pasto, © outros somelhantes (40 diversos antores), formou-se o brocardo segundo 0 qual as disposi- {9608 tostamontérias deveriam ser interpretadus «ex earbe eripti in astamento, non eztringecuss: oft. Vitatt, Dalle eucession, 1, 28 06 oko A914), pag. 158. i wreneRATAgiO DUMA CLLUEULA TREUABKNTARIA 9. texto correspondente do Projecto de Senbra (art. 1892.7), texto om tudo o mais essencislmonte id8ntico aodaquele artigo 1761, ae palavras finais— 1. Mas contra isto podem alinbar-se uuias tantas coneideragses que nos a) A referéncia ao artigo 1761." 20 de gue 20 texto we fala no deve entender-se como oertezn absolute, mae 40 6 como probebilldade mals forte co que a geralmenta requerida ‘paca a prova dum facto: eft. M. AnnRADR, Nog dementaree de pro- camo ceil, 1° 98. ‘Tal, sogundo parece, = orientecdo correate om Fr polo menos numa époce bastante préxima de n : BARRAU, Liaterprétaion deo tslamente (197), pag. AB; VamDENBRC- ‘cave, pags. 24.6 92. Nio mencionem, porém, « restrigio eludida no 08 04 URIBPREDBNCIA owtsICA ‘Mas nem tal restrigdo n08 parece de acolher. Desde Jogo porque néo discernimos re2to bastante pare tornar instifichvel (de lege ferenda) a distingao quo assim esta- ria contide na lei. Depois também porque a julgamos Pouso condizente com generalidade dos termos do artigo 1761." Sendo tAo lata o indiscriminada a formule. ‘pho dessa norma !, custa realmente @ comproender quo neia se teuba querido sancionar uma doutrina que s6 teria aquele estreito dominio de aplicegio, em quasc todo 0 vasto campo da hermenéntica testamentéris, imperando @ doutrina oposta © sexto alguas tratados rocentisimos © dos mais presiigiosoe. Assim: Puawrot, BIPEAt e HOULANGER, Trait lémantaire de droit ciel, 3° 048), ph 657; Couts, Carmmaxr © La Monaxoriins, il, (1850), Pag. 905 ‘ip6toee 04 proviso {cm caso do 10 da dieposigho tectemonsAtia- ‘RazSos perooides com eaiae n08 lovam a oajeitar ome outra possfvel rortrgio, proconizads pelt evsin de Lepulardo, 3°, Ag. 101, onde 80 profeana gue-o arsigo 17642 4d ao permite Ineo” ar elementon estranondivelanentaendenton a termina a inton- ‘Ho do teitador, somo seria o depoimento do tostemunhas que Sonbeconsem » sua vontade e dele pudessem informer o tibunal>- 'S'No oontido do ge admit o reoarsn A prova extrnsece 0a Inoepretagio testamonifris 6 2 gonorelidedo da doutrine etrengoire salva a retciloj¢ aponteda quanto A doateinsfeancesa. Cte, por todos: Knerascniian, Dar Brbreht (i918), § 24 1, 83 Kivy, Doe Brbracht (od. do 182h, § 18, 1; Enxeoenus Niveevver, Algomeiner Teil (ed, do 199), § 12, , 8 € 4,0 § 198), 1, © 4 MecraRase Stvvvarss, Brecht (1896). pg 166; BHRANeW HG, Sactem dex tater ‘ichnchon aligemnintn Prvabrsht, 62 0 81 (1820-8485. 4;LOSANA, AU testamento (de 1947), PAE. 995 Cantora FeneaRa, fers, pag. $16; Dx Page, v1, 2 0 19081805, 190, 1810- 320 (184), pag. do-se que no Codigo eapanbol exieto um texto — o do artigo 675, 1, parte 24— equivalente ao nosso artigo 1761, weTACKO DUMA CLAUHULA TESTAMENT RIA II) Passando ao outro problema (0 da relagfo que dova oxistir entre # voatade testatdria, descoberta atra- és da prova oxtrinsees, © ae palavras do testametto), vérias solugdes sfio possiveis. Comegaremos por salien- tar duns, que constituem o minimo 6 o méxino que a ‘este propésito se pode exigit sem flagrsute desacerto. a) Para uma delas a verdadeira intenpio do testa- dor valeré sempre quo ele tenba pretendide infundite pelavras do testamento, poco importando que de modo nenbum tenba logrado torné-la perceptivel, por radical impropriedade desses meior de expressso ', 86 nfo podem valer aguelas vontades do tootador que ficaram no estado de simples proposita in mente rolenta; equelas disposicoee —ou determinagdes—gue © testedor tiaha resotvido fazer, mas que deixou olvida- das no acto de testar, tendo enverrado o testamento sem lhes dar formulagto (rectiue: eem tontar d6- Eseas vontades testatérias ¢ que 28q padeu surtir ofetto, por mais cabslmente provada que seja a sua existéncla. b) Para a outra solugto apents valer& como sen- fido decisive do tostamonto uma vontade teetatéria —por qualquer forme evidenciada—que em todo 0 caso corresponde, mesmo 96 de modo bastante vago © defeituoso, a alguma das poseivele sigaificagGes objocti- vas do contexto testamentério, entendendo por objecti- ‘as aquelas sigaiticagdes quo estiverem deutro dos usos 2 Valerd no plano interpretative, ditando 0 sentido decisive ‘du declaragto testamentiris. Mas est claro quo pode ow ‘tro plano (por incapteidade do testador, por ilieitude do objecto, ete). da lingua, com exclusio todavia dos usos pessosis do testador 1. Além destas posigdes extremas #80 concebiveis ss posigdes intermédias. A mele digna de considera. cdo seré aquela que também d& relevancia aos hébitos de linguagom proprios do testador, ainda os mais es0- térioos », 26 ficando de parte como inatendiveis Gee extravagantes, mes puramente ocasionais, om que ele tenha usado os termos do testamento "5, Ora dove jf dizer-se quo esta ditima solugio tom manifesta superioridede sobre a anterior—a 2 daque- Jas porig6es extremas, Desde logo, nfo se corre com tal soluglo grande perigo de frustrar, pelas sabidas contigén- cias da prove extrinseca (desigoadamente a testemunhal) a Salvo se, sinds assim, tiverem qualaue contexto, objectivamente interpretado, © Podem servir aqui estes dois exemplos do escola Uredoe da doutrine slemd: 0 testador, porque assim se costumers oxprimir, diapbs om certos tormos ds sua «biblioteca» ou de sua oloctdo de raridadees, quando {inks em vista « sus gerrafelrs (ou parte dela): fou dispos de sua «ménegeries, quando tinka em vista a sue gale- via de Fotratos. Cte. ENRECCERUS-NoTPERDSY, § 1981, 10, Cf. sinds Prof. Peeeen Conaeta, pli 160. "Sempre, todavia, com ume rovorve gomelbante & Joo! 2 note 1, * Yecluimosaqui,embors com pouco rigor d prios eanos de erro material (lopaue fing retexo no mesmo xpressto,os pr 0 fapeus clams): ¥-snfr. jpondo-o esqueetdo do que Id quis determiner ‘dos seus uses de inguagom, poderia travéa dole reconstiwulr o seu penssmanto, Botendida estes termos —o quo 6 probleméico — osterd carte « ‘conhecida férmule do Kusrasctan (@ 24, 1,1), segundo qual a ‘vordadoire vontade tostutérie tord elcéciaioterprotativa desde que stenha encootcado no respective documento ums expressio recon -efval do ponto de viata do testedor». veriaragracTo Duma chusuLA TaeraMmnrinta $07 verdadeira vontade tostatéria', Como garantia contra ‘esse risco j& chega 0 set necessirio demonstrar que significagoes em causa eram mais ou menos hebitusis no testador, sinda quo muito discrepantes da normali- dade (geral—ou mesmo 56 local, ete.) Além disso soria desmarcada violénoia exigit quo o testador, no acto do tostar, se deeembaracasse dos seus jeitos © pré- tioas de linguagem, sob pena de nko obti eho da ordem juridica para as suas verdadeirss intencdes © propésitos*. E neste sentido 6 opinito gerel ‘. Falta agora decidir entre esta eolugto © 1 daqu posigdes extremes; falta indagar se as disposigdee testa- ‘mentériss podem também ser interpretedas de aoordo com a yortade retl do testador, mesmo quando ele tenhe uusado os respectivos termos numa acepedo extravagante, mas a titulo puramente ocasional ¢ nao porquo estivess nos seus hdbitos usf-los com tal significado. A anomalia Quando esta soja a que se coligiria dos termos do tastamento ~ 8 que ostd objectivamnente oxprosea no contextotestsmentério — ou atee diveren da qua so alegou 0 da qutl, erradaments, co consiga poreusdir of teibunai Deduzide felsamento s habitualidade de tais signifcacdes, sora relativemente fact ao advorsério fazor contraprova deste aleg ‘Ho, outro tento no suesdordo quanto « significarves invocadus ‘como pursmento ocasionsis. Violéneia tanto mais ineomportivel quento 6 ceeto quo 0 teetador serd frequentemente— se nic em regen — nme pessoa de ‘expirito mais ou menos enfrasuocide ou conturbado pelos anos, pelo tofrimento ou pelo recelo de morte proxima: eff. DE Pace, VIR, 2, 21908. Consideracio esta, lids, que também fevorece, dum mode ‘goral, a admissbilidade de prove oxteinaoe ‘Cte. por todos: Lowko, Coleco de dlvserlasien, pg. 952; Buneocenus-Nirvenusy, § 169, 1.1; LEMMANN, dllgemeiner Teil 480, v1, 4, 6); AUMRY © RAL, Cowra de drott cil, 5+ eda X1 (1919), ag. 496; GANG, Lo aucsesione fartomentaria, Mt, pag. 298, SPRUDBNCIA ORITICA pode ser devida ® erro —material ou intelectual '; mas talvex nfo seja inconoebivel que o tostador tena prove. ‘ido muito de caso pousado, para distargar to momento & sua verdadeira intenc&o, confando entretanto que ela ‘iesse & ser reconhecida mais tardo, depois da abortara da herenga ¢ Assim postas blema. Vériaa consideragses se podem prodasir em abono Aaquola orientecto intermédia—a favor, portanto, da doutrina segundo 8 qual a verdadeira mens testants, ceptada através da prova extrinsece, ué poderd veler como sentido decisive duma disposigto testamentiria 86 tivor algom reflexo nos termos do testamento, entendidor as suse Posstveis sigaideagtes asaais, ainds que pare © efeito 80 tenham como relevantes as singularidades do linguagem prépriee do testador. A principal, ¢ 6 dessa tratamos por agors, § que dé outro made Aeariam vom- prometidas em grande parte as razdes do formelismo testementério. © ser 0 testamento um nogésio satene 280 implicx Por légica necossidade outra coisa sendo que tenham do valer como ‘ermos da declaracéo de vontade testatoria portanto come objecto de interpretagto correspon coisas, resta epfrentar 0 pro: No erro material—orro mecdnico; error in prowedendo; Irruny (orrtneia) — protur-se um feavio na exteriorizagko (fouétion ou grk- fee) du imagem verbo! que oxistia ne mento do deelarante. Tinhe-se roprosenind ont a palevr fdénon, mas lt avi dformada ou NTERORETAGLO DOA CLAURULA THSTAMENTARA 208 donte'—as palavras do documento onde osea mesina doolaragto osteja formalizada, ¢ nko qusiequer outras. Todavia o e250 6 bem diferente no plano teleol6gico. Nom todas as rezses quo determinaram a exigénsia aquele formalismo ficeriam catisfeitas com esea clemen- tar rostriggo & liberdade ioterpretativa*. Estaria salva guardada, indubitavelmente, aquela que radica no ibtuito de proteger o testador a sua prépris leviandade © pre- eipitecdo | Mas jé resultaria prejudioada ume outra dessas razdes (pelo menos): a que se tradu na proo- ‘cupagdo de dar corteza & declaragdo testamentéria (@ por tanto sogursaca & corrolativa sucessio), furtando-a, omais Possivel, as sabidas contingénoias da prova axtrinsecs, dosignadamente a testomunbal‘, com a consequente pos- sibiidade de devises injustas © de litigios sem conta, Esta razdo, que vale, mulatie mulandis, pata a gene- ralidade dos negécios formals, interrém com redobrada Torpa quanto As disposieSes testamontérins, pelas grau- \ Por manera que qusisquer apenas fectores ou coefifeniee hormenéuticos a atonder na investi ‘uGKo do sentido detees tormos. + Para ume indlcaglo suscinte das razdos do formelisme negoctal, om grande parte vélides pare 6 dieposiqoes da dkima offs: Lanamn, § St, tt; M, ARDRADE, Blemanton, pag. 108. 10 a0 formalismo testamentirio ef Atanas Ita famenio (1984), pg. 287; PrastoL, Riegnr © BOULanaun, 1%, pig. 627 ‘i ‘no facto de tostamento eer um negdcio juridico 3 E também, do certo modo, contra sugesizes ou prossdes oxoreidan sobre a qua vootade: ctr. ALLARA, did, ‘OA main falivol de todes. Mas também an outras provas exttiageoes comiportam oF seus riseoe. Quaate aoe prdprice doeumen: ‘oe to pode sor bastante corta © sogura s averiguaguo da sys auten- tieidn, ‘roblemstico ajuizar da gua sinceridade o, ‘gocbricamonte, da veridicidads des doclaragdos noles gontides: cM, ANDRADE, ¥opGeeelomensarsy, 2.2 315, Dl 50 GURISERUORNCLA cutrteA dos cubigas ou encaraicadas Iutes de iateresses que as fherangas costumam suecitar. Admitir a prova extrinsoca —e até som exclusdo da tostemunbal—para dar eed cin positiva & vontade real do testador ', mesmo quando 4 sua exprosedo no testamento eeja radicalmente inapro- Priada por qualquer motivo ocasional, setia, com efeito, escancarar at portas & possibilidade de decis6es desa- cortadas, por erro de apreciacéo dos tribunais quanto matéria de facto, e dar largas a que surgisse © prospe- Passe um som ndmero de litigios, com os graves trans- tornos individuals © sociais que Ibes s8o inerentes. 4 Podem produzir-sereparos muito Destacamos alguns deles. 3) Posta ae parte a interpretapao condizente com & vontade real do testador, quando néo tenba qualquer reflex no contexto do testamento, entendido segundo um critério objsotive (hoe senew) , sompro essa vontade tord a ofledeia do invalidar, por divorgéncia com a deel: Tagio, a respectiva cléusule testamentiria; © tal 6, na Foalidade, a doutrina mals corronte—de Jonge — not Partidérios daquela orientacao *. Mes, sendo assim, Id 1 Por mancira g diter ela o resuledo os Snterprotegto cesta~ -mentirie (9 szatido desisivo de dleposigio considerads). Gutra coisa s0r6 4 oflctoia negativa da mesma vontade, pois se (redusiré na nulidade ciato renew) da respectiva disposicie, por diverséneia entre festa vontado 0.0 declaragho correspondente: ¥. infra. © Quer dizer: segundo a8 posstvos sigoifoagsea usuate dos 908 Yormos, includes as que cortospondam tos ibitos de lingua ‘gem prOprios do teatador, Gtr, por todos: Eunecounus-NinrenoBy, § 129,45 Mrcuas: us © SaveHierH, phy. 187; LeHMasn, § 39, Yh, 4, ¢}: GANGL, Lo mer vione testamentario, 1, plg. 68; Berns, pig. 318; De Pace, vit, 1, ‘ne 09; Prot, Fannen Corsets, pég. 246, No metino sentido era ja 0 Aireito romeno: oft, Por ex, Dy 28, 5,9, pra 1 5 su sTAGKO DUWA CLLUSULA TESTANRNTA ‘estamos novamento caidos nas contingéncias da prova extrinseca, por isso mesmo pretendendo algum tratadista excluir, am casos deste génere, tanto a efcdcia positiva (ato 6, interpretacional) como a efledcia negative (isto é, anulat6ria) da vontade real do testador !. 2) Perdihada aquela orientacao, suscitam-se os mai gravee embaracos quanto # defnir © procisar em termos tooitéveis 0 minimo de expressgo sem o gus} a verds- deica mens teslantis ogo pode ter relevncia no plano interprotativo. Entra-se num terreno instavel ¢ reevals digo, onde sora imposstvel tragar com nitidez a linha partir da gus) essa voutade jd no poderd ter relevancis hermenéutica, por insandyel deficiéncia de exteriorizagao 10 contexto testamentério 8) © artigo 1837. doixa entender som sombra de arivida que a verdadeira intencdo do testedor 6 que dita © sentido decisive do testamento quanto aoe aspoctos Ji \_ Gtr, D'Avanzo, apud Gaxct, La eve pig. &7 (mesmo que no proprio testemento hala indicios da div éncia), Cte. sindy Piaxioe, RineRE 0 Teaswor, Donations et trian ‘ments (1888), 1 584 6 $90 (G5 quando w disorgéncia nfo estola Visluinbrade nos prdprios tormos do toetamento). laro que 2 doulrine oposte nfo tem que detrontars6 com Gtr. principalmente: Conuio vA Keats, Inaliuizce, 1, § 708; Corwera Teun $1704, Eater autores, onan- iando @ doutrioa corregpoudento & do art. 1837, referem-se apenas ‘408 eatos de flea demonstragio (v. infra), ombora som arredi lexprossamente qualquer outro caso. Em sentido enélogo, eft. Lis ‘Tertius, u, pag. 436. Clr elnde, quanto so diteio francés, PorutsH, Traitd sur Jen tstomunts (ed. de 1810), pag. 33. Em contrérlo, toda- la, peders osgrimir-se com Mio FRRIRE, Znalilutcnss juey cel, (ed, do 1828), 7, 11 0 12, rondo muito de ser ereanueracio DUMA cLL0s0 um corto eigai- ftesdo desta f6rmule, sordo justamente os que flcaram aladidos!. Isto som feler agora do que possa sugerir- not no mesmo sentido o elemento sistomitico da inter- pretacdo, ropresentado, ne espécie, pelo contronto com ‘08 termos do artigo 1761." (v. infra). mados do falsa demonstragdo, o8 quai Emm face de tudo o exposto, como concluir ?- A tendéncia preponderaate 6 no sentido de nio 20 reconheoer valor hermen6utico & vontade real do testa dor quando néo tenba qualquer exteriorizacko objectiva (hoo sensu), nos tormos do testamonto. Tal 0 caso entre 16s e naqueles paises —como a Franga ¢ « Alemanha— ‘onde nfio ha preceitoequivalente so do noseo artigo 1887." Nos préprios paises —como a Itélia (cfr. 0 art. 836° do Cé6d. do 1865 © o art. 625° do C6d. actual) —onde essa norma existe, alguns nem por isso deixam de seguir Sobre as vérine significegBos quo tm sido atributdes 8 Jalsa demonniraio, oft, por 6x.: Fiscust, Rechigeechatches Beinerk J noe Therimge Tahrbdcher, 762 (1925), pag. 13 Gxoea Ott, por ex 5, 4, 6.195, vi; Kuerzsciwan, prs. 128-125; Kuee, § 28, 1) 1; PLAS tol, Hiprer Trasnor, ne 894 6 695; Ds Pack, vin. 1, 2 98; Prof! Fenuex Connets, ibid.> Prof. ANTUNES VaNeLA, pags. 81-38, fom nota (inuito explisito). Na mesma orientugdo esti x noses Jurisprudéncia (eff, as devisdes J€ citadas) quando proclama quo o recurso & prova extringeca s6 pode ter lugar se os tormos do t mento comporterem alguine atvida, alo sendo {ateiramente claros ‘2 procizoe. Concsito de ascendéncia romana (D, 82, 25, 1: Cum im erbis nulla ambiguiloe ea, om debe advli eoluntate quacstc), tum bbém muito divulgado noatros pafses; assim, por ex.: KHETZSCIONA, 24, 1, fy AURRY © Rav, 1, pig. 494; Cotas, Cariraxr © La MORAN- DIBKE, ‘1H, PAE. 906; Dx PAOE, VIL, 2 0. 1804; Ganon, Le enceneione faslamnlari, 1, 2° 700 (nae et, 697) somsrauDtNcIA oRiTICA @ mosma orienteplo. H ¢¢ 6 certo que grande majoria esté a favor da doutrina conteéris, por torga desse texto © nos limites do seu campo de aplicagao *, muitos ou quage todos salientam, porém, sor a mesma doutrine pozoo compativel com o formalismo testemen- tGrio © destoante dos principios geralmente acolhidos quanto aos efeitos da divergtncia entre a vontade oa declaragdo nos negécios juridicos, Consideram-re, por- tanto, quaiquer coisa de endmalo, que e6 pode valer por imposio#o daquele texto legal *. Pela nossa parte também temos seguido a tendénoia preponderante. Tatmbém temos sustentado que carece de relevAncia interpretativa e verdadeira vontade do testador, quando nfo denunciada ou reflectida—nem que nfo soja senfo de modo eacasso e vacilante — nas poseiveis significagdes objectives (hoc sensu) do contexto tostamontirio ‘. Ae if mencionadas rezdeé que contra ela tem sido ow podem ser deduridas nfo as julgamos to imperiosas que nos constranjam @ mudsr de rump (v. supra)*. Apenas significam qué tal posi¢go nao éduma 1 Gtr, Gano, 7 Lagat, pag. 196 0m nota (mes depois mudon de ‘opinite: v. infra); Facasuca, em fore italionc, 1x (1985 3,00). 1925. + Assim ae Katie. Quanto & Kusiria, onde também existe te a0 oteo (eft. 0 § 571 do respectiva Céad, pre ‘loco 16-8 outra orlentaglo; eft, BNWENW HG, 1,2, 88 499, 1, 6496, 8. Quanto & Hspanha, eujo Céad, (ert. 79, 1) iguaimente contém um texto equiparivel to do noseo art, 18379, eaté a favor desta altima tendancls, 40 gue supomes, Azsaceotso Ganota, pég. 485 (oft ainda Pg, 436), QUO allée 00 rofera opinides em eontrério, 1 Offs por todos: GaNcy, La rustasone testamentars,t,0.2 90h; Acans, p&g. 180; Cosarmint, pig. 481. Em sentido diverse: Croc, pg. 18 1 Gtr, Hlemenios do napsrio furSdion, akg. 347, Acssae ume outra. E 6 que aos con- ‘rates for MeYBRPRETACKO OMA CLAUIULA TesTAMENTKRIA SIT evid6neia irrecustvel. 1 por outro lado a favor dessa dou. trina pode invocar-se o disposto no final do artigo 1761.°: <..,conforme 0 contexto do testamentor. Gom isto pre- tonden a lei, pode dizer-se, que « vontade real do tes- tador, captada atravée da prova extrinsecs, «6 tenha Televéncia interpretativa quando posea reconduzi ~melhor ov plor, 208 termos if eabidos — a0 teor ver- bal do documento testamentério. smbora sem plena segu~ Procedente orientapto. Continuemos a ter coma acertada & doutrina prepondi rante, segundo a qual a prova extrinseos #6 relevaré Para efeitos de interpretagéo quando @ vontede tests. dosvendada, tena na letra do teetamento qualquer expressto objectiva (hoc sensu), ainda que imperfeita e rudimentar, Mas esta posigo geral demanda Ao também, porventura, algu- mas restrig6e6. Diremos 0 que prinipelmente nos ooorre neste sentido. parter quigsram vender corto prédto, s0ad0 outro, porém, 0 qus consia de escritura); donde quo, por enalogie, ambém 08 testamen- tos dovam ser intorproiado# segundo a vordadoica ment frlandis, ‘embors ela no corresponds, nem do longo, a qualquor das posetvois sigaifleagdes objectivae do contoxto testamentério, Maa pode obtom: perar-te, desde Jogo, que a premitse fundamental deste racioctnic E digcutfeeledieoutida: Cl, por todos, Leiant, pg. 149(favorave), fe Ennucknce Neprenosr, § 157,15, 4,9) (deafavorsvel). Por outto lado, ‘mesmo a estar certa a preinisen vieada, ao seri forgoss a conclusio, pols noe contratos formals terit de demonetrar.so 0 ofectivo acordo dos partss no sontide om queaida, o gow {d de afgum modo corccerie ‘os perigos da prova extrioseca (eft, oste propétlto, PLAMIOL, RUPERT fe Bovtawass, 1%, phg, G27). Talvex por isto 6 que LaiMas, § 30, 1%, 4,0 nfo transfere pare os testamentos a dovirina quo propugos quanto x ontratos formals; © al sin Jugaree cltados), « orieotagie sgundo o mosmo trata ieetypraddacia alomk. sie a) Deve reputerse legitima a prova extrinseca nos casos de ambiguidade (ou plurivocidade) da declaracto tostamentiria e nos limaites dessa ambiguidade, ‘Trata.so das casos em que— por insuficiente especicacéo * ou por diverso motivo *—os termos do testamento, enten- didos nas sues possiveis acepedes ususis (incluindose nesta {6rmula os us0s préprios do testador), comportam outras signiBeagdes além da correspondente & verda- deira mens testantis, cem que neste plana puramente literal haja qualquer rezto para se dar preferéucia a alguma delas. Entéo, pode © deve dizer-se, 0 sentido contorme a rontade reel do testador— assim como qual- queF dos outros—tem no conterto testamentério uma ‘exteriorizago que, oom todas as suse deficiéneias ov inoorrecgdes, seré bastante para efeitos interpretacio- ais Ausim quando 0 nome (ou qualquer outea mengao) através do qual 0 testador tenhie identifierdo a pecyon do hardeiro ou lege trio ou a coisa legada, som Ihe acretoontar mais algama indiesyio (capes de destruir a equivocidado), corresponda a diversas peweoer 00 8 diverans cotsas, de nto colacidizam na sus signitercdo ‘objective ¢hoe ventu) a6 varias enuncisgoeq de que © testador ve sorvido peta traduzit a sua vontade: ¥, aupra 6 infra, no neste sentido: D., 94) 5, 8, 24,27 também quase todos os pansoe © 28; D. 85, 4, 38) 12 B60, 17, $85 inais abaixo cltados na presente mot, ‘So 4 Intorpretagto, mesmo rocotride da prove extrinsece, nko consegue descobrir a verdadeira vontede tasteticie, setd nul, om Principio, « respective dispesigig —ao menos quanto & parte ou Aspecto (GondieHo, modo, ele.) a quo se refira x ambiguidade (tr art. 17488, gin, do Cod. Civ). Assim [& nas fortes romanas (D. 34, 8, 2; Dy §0, 17, 78, 8); ¢ no mesmo sentido pode ergumentar-s0 «© contrario, com base nos artigos #742.° » (6579 Mas quando #6 ‘rate da identilergHo de coise legada « doutcioe tradicional entende ‘que & disposigdo valers, apeas SULA TESTAMENEARIA 819 B campre situar aqui os o4sos, jf referidos, de duple {ou phirima) identifioagto da vontade testatéria, designa- dsmente quanto & pessoa do instituido equanto ao objecto da liberalidade, Entto poderé evidenciar-se, mediante a prova extrinsecs, qual a verdadeira mens leefantis, 0 @ hota identifieadora que nfo corresponds a essa voutade seré tide @ havida como simplés demonetratio, ouja inexactidéo non nocet (ofr, D., 25, 1, 88, pr.) —isto 6, no cago, legatum non peremil (ott. D., 34, 2, 10; 6 ainda, ¥. g, D,, 34, 5, 28). >) Propendemos a crer que valeré x mesma dou- trina (relerncia do sentido eubjectivo, pateptendo atra- rés da prova extrinseoa) quando na propria letra do testamento, olhada 6 em si metma, baja indicios bas- tantes de que o testador—cientements, por lapso mate- rial ou por erro inteloctusl — tigou aos respectivos termos uma signifleagdo esotérica (que, todavia, Ihe nfo fosee habitual), mas 26 pelo recurso Aquela prova podendo saber-se qual esse vigniloagio '. ‘oscolher @ sou telante uima das coleas compreendidas neesa ambfgua Identifcacio (D., $0, 2 3, 92 2, € 83,5}. Cie. por todos: AUURY av, Cours % pg 68, Losi porém, Ganat, T legass, 3, 0.88 HH, A? 842. Quando se trate da possos do instlutdo, sustonta-eo por vozos — 6 assim cat ntgunts ingsne yg no Cig slot § 205) soe» gan legade devart reparti.se por igual entre aquelas pes- sous in yuna pede eux as menos snaholopens coat #9 testamento, Mas ofr. om sentido oposto (e favor d8 nulidade da isposigho) a Revieia de Leginlagdo, 78, pég. 10; 0 & mosme dou- ting, quo ore # do direito romano (Dx 28, 5, 68, 1; Dy 94 4% Ts Dy 84, 5, 27}, etd expresas no artigo 778%, 11, 49 Codigo eapenbol. "Um caso daetos pode ser 0 d0 no testamento cortes pala aparecerem sublintadas, etre aspas ou com reticdncias, Cr. supra, pg. 305, note 2 30 SORISPRODANCIA oRITICA ©) Talver, por tiltimo, deva seguir-se ainda a mesma orientag&o quando se chega Aquele resultado, nBo j& sdmente através do préprio contexto testamentério, mas pela imposeibitidade de executer @ respectiva disposi sfo, uma vez entendida ela consoante as posefveis signi floagdes usuais dos seus termos', Assim, designadamente, onde nfo exista ume pessoa ou uma coiss & qual se posta aplicar a identifcagao contida no testamento * ‘De qualquer modo, porém, sempre floaré um certo ‘campo de aplicagto para a doutrina preponderante. Tra: ta-20 dos casos deste género: 0 testamento identifica 0 contomplado ou o objecto da disposicto em termos que se ajustam, perfeita © ineguivocaments, a corte pessoa ou & corte coisa (uma © outra com existéncia real), mas ave- rigua-se pela prova extrinsson que—mazime por erro material ou intelectual — foi diversa a pestos ou a coisa ‘montada pelo testador *; sem quo haje, todavie, no con- + Ou dos termos de qualquer ouira disposicis que Ihe esteja conoxionad : 2 Ofry neste gentido, PcaNtoL, [rent 6 Twastcr, 1.596 (onde te adverte quo om tal cate o orto do tealador — rectus,» prove dase erro — tem 0 $00 ponte de partie no proprio testament), Talvez 86 fora admit tainbm quo « respective disposigio vethe segundo * vontade resl, quando, de qualauer modo, « identiReugho vordedeica f° aproxima a contida no testament, ropreventaodo esta uma for- ‘mulagdo estropriada dequols,o nfo radiealinentecivorse, Cato par- ticularmente impressionsnto 6 0 de 6 notaro, ou a pessoa que esere vel o testamente cerrado (eft. ort, 120°), ter ropretezido inllelmente, por arm ou de propisito,o® termos uyedos pote testador, Mas talvoz 0 porsa resotvé-lo no sentido justo, por aplicagto delgum prinetpio , Por ioto nada obeta ‘8 quo tsl dieposigdo soja interpretada contorme a verdadeirs ment ‘uatantin, Assim deverd ser, desigoudamente, quando s0 prove quo © testador 86 tinba irmas legitimas no sentido restrito © legal do termo; ou quendo ole tonlie feledo entos das suas «legitimas rms, 1 Cte. 08 tormos do Acérao (pigs, 275 @ 276) 6.0.5.1, én fine Or. ainda os termos do Acérdio (pég. 277) ¢ 0 outro lugar i citado, TERPRETACKO BUMA OLAUSULA TESTAMENTARIA 32 Gistribuido polos herdeiros legitimos, segundo o critério legal — cabendo, portanto, ao irmAo germaco um quinhéo dobrado em relaglo go de cada um dos irmios consan- guineos (Cod. Civ, art. 2001.")) MaNueL A. D. DR ANDRADE. A favor do entendimento que propugr versaila e-sogando 0 qual o testador nada mats quis send fuar que os legatérior (2 oC) recsberiam since a paste que po ventura Ihes tocasee ne heranga como herdsiros legals — poderia pensar-se em aduzir-o prinetpio da proforéncia 8 asoossio legttima, fque parece estar certo para o direito actual, contrarlamento eo que 6 dada altura) Bo dizelto romane. Mas seria ‘consarvaqio dos negécfor juridicos, na sua a 10 osteja om cuuca.--D8 eva propria cgséncin o nfo apenas wr sua atmplitudeo efoto til dama Yorba testamentiria, Cf, Oreo, Profit del emerprlasione apgeliva del neposio giuridico (1948), 1 3836, eentue-s, por Hltima, que clreunstancia de 0, mulher de B, pio Agurar ontce os porsiveis herdoiros legais do testador nfo rebate nom often « ‘verba pleiteada, Enguanto imeeire do soepectivo cecal, C teria de partioipar no qui Initio que ao marido vivsse # competi como herdeiro legitimo do estecor. Bie nko seria chamade directamento & sucostio do here fitundo, mes ef-lo-a indirectamenie @ formando com sou marido fama £6 cabega, por virtude da comushfo conjugal, De acordo ‘com isto, 6 frequentiasimo os tostadores 6 8 doadores disporem do bbens a fevor de parentes cous o rexpectivas mulheres, sem todavia ‘quererem contempler estes de modo aut6nome e come que conte Findo-thes uma individualidede propria; sem qte, por outras pale- ‘les formem para tal ofeit, na sae ideia, unm cabegn diatinta Gado matido, Eassim mesmo tera pensado 0 Acbrdlo,pols— decerto ‘6 aoe dofs legatérios om conjanto—o nko a ceds um deles separa Gamente— 6 quo atribuiy um quinbZo igual ao do irmin germano fl testador; nem oles pretondiam mais do que itso,

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