SIMULADO 7 - ENEM 2018 - PROVA I

Opção língua estrangeira: Inglês

LINGUAGENS, CÓDIGOS
E SUAS TECNOLOGIAS
01 - 16 - 31 -
02 - 17 - 32 -
03 - 18 - 33 -
04 - 19 - 34 -
05 - 20 - 35 -
06 - 21 - 36 -
07 - 22 - 37 -
08 - 23 - 38 -
09 - 24 - 39 -
10 - 25 - 40 -
11 - 26 - 41 -
12 - 27 - 42 -
13 - 28 - 43 -
14 - 29 - 44 -
15 - 30 - 45 -
CIÊNCIAS HUMANAS
E SUAS TECNOLOGIAS

46 - 61 - 76 -
47 - 62 - 77 -
48 - 63 - 78 -
49 - 64 - 79 -
50 - 65 - 80 -
51 - 66 - 81 -
52 - 67 - 82 -
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56 - 71 - 86 -
57 - 72 - 87 -
58 - 73 - 88 -
59 - 74 - 89 -
60 - 75 - 90 -
 SIMULADO 7 - ENEM 2018 - PROVA I
Opção língua estrangeira: Espanhol
LINGUAGENS, CÓDIGOS
E SUAS TECNOLOGIAS
01 - 16 - 31 -
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CIÊNCIAS HUMANAS
E SUAS TECNOLOGIAS

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 01 a 45

Questões de 01 a 05 (opção inglês)

QUESTÃO 01 WD1M

WHO multi-country survey reveals widespread public misunderstanding about antibiotic resistance
As World Health Organization (WHO) ramps up its fight against antibiotic resistance, a new multi-country survey shows
people are confused about this major threat to public health and do not understand how to prevent it from growing.
Antibiotic resistance happens when bacteria change and become resistant to the antibiotics used to treat the infections
they cause. Overuse and misuse of antibiotics increase the development of resistant bacteria, and this survey points out some
of the practices, gaps in understanding and misconceptions which contribute to this phenomenon.
Almost two thirds (64%) of some 10,000 people who were surveyed across 12 countries say they know antibiotic resistance
is an issue that could affect them and their families, but how it affects them and what they can do to address it are not well
understood. For example, 64% of respondents believe antibiotics can be used to treat colds and flu, despite the fact that
antibiotics have no impact on viruses. Close to one third (32%) of people surveyed believe they should stop taking antibiotics
when they feel better, rather than completing the prescribed course of treatment.
Disponível em: <http://www.who.int>. Acesso em: 25 fev. 2016 (Adaptação).

A Organização Mundial da Saúde utiliza seu portal eletrônico para divulgar ações e informações úteis sobre saúde pública.
Uma pesquisa divulgada pela Organização revelou que a resistência bacteriana é agravada pelo(a)
A. ingestão de antibióticos próprios para o tratamento de gripe e resfriado.
B. aumento dos casos de diagnósticos incorretos nos doze países pesquisados.
C. aparecimento de um vírus cujas características se assemelham às de uma bactéria.
D. desconfiança da comunidade médica nos medicamentos antibióticos existentes.
E. desconhecimento da população acerca do uso racional de medicamentos.
Alternativa E
Resolução: Segundo o texto, o que agrava o problema da resistência bacteriana é o uso exagerado e indevido dos antibióticos,
associado a práticas incorretas e falta de conhecimento sobre o assunto, conforme indica este trecho do segundo parágrafo:
Overuse and misuse of antibiotics increase the development of resistant bacteria, and this survey points out some of the
practices, gaps in understanding and misconceptions which contribute to this phenomenon. Assim, está correta a alternativa
E. Segundo o texto, antibióticos são inúteis para tratar gripes e resfriados, portanto não há antibióticos próprios para tratar
essas doenças, o que torna a alternativa A incorreta. As alternativas B, C e D não podem ser confirmadas com base nas
informações do texto.

QUESTÃO 02 OH7H

Forget the “selfie”, holidaymakers go for the “braggies”!

What’s the first thing you do when you get to your holiday home? Unpack your suitcase? Inspect the property for any
changes? It seems that the trendy thing to do is take a “braggie”.
Since the “selfie” craze began on Twitter and Instagram, people are uploading their holiday pics by the second. Well
it’s now been documented that a staggering 5.4 million of us upload a photo within just 10 minutes of arriving at our holiday
destinations to make our friends and family at home jealous.
In a new poll, 25% admitted to sharing a photo with everyone within an hour of arriving, although we’re not all completely
techno-mad apparently, as the average wait time until people bragged to everyone back home about the stunning view of the
Med from the hotel balcony averaged about 3 hours.
The poll found that photos were captured and sent mostly via smart phones or tablets and commonly included the “view
from my hotel room” or the “surrounding area and landscape” such as the swimming pool or sea view – as well as food in
restaurants. The most frequently used social media platform was Facebook.
But here’s the interesting bit…! With the use of editing apps, research found that 6.5 million of us are likely to edit or crop
unflattering photos before posting to the public. And surprisingly, 5% of men polled said they would be editing before uploading
their pics compared to only 2% of women.
Disponível em: <http://www.gotimeshare.org/forget-selfie-holidaymakers-go-braggies/>. Acesso em: 14 jun. 2018. [Fragmento]

BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 1

Considerando-se as informações do texto, a expressão
braggie se refere
A. às fotos produzidas por hotéis e restaurantes para
divulgar os melhores destinos de férias.
B. às fotos de viagens publicadas nas redes sociais para
causar inveja em outras pessoas.
C. ao processo de edição digital de fotos de viagens que
deixa as imagens mais atraentes.
D. às fotos de viagem alteradas digitalmente usando
aplicativos em tablets e smartphones.
E. às selfies masculinas tiradas em locais paradisíacos e
publicadas no Facebook.
Alternativa B
Resolução: De acordo com o segundo parágrafo do texto,
a expressão braggie se refere a fotos de viagens de férias
publicadas em redes sociais com o objetivo de causar inveja
em quem as vê, especialmente em amigos e familiares
(a staggering 5.4 million of us upload a photo within just
10 minutes of arriving at our holiday destinations to make
our friends and family at home jealous). O termo braggie tem
origem no verbo brag, que em português significa “gabar-se”,
“contar vantagem”. O uso desse verbo no seguinte trecho
do terceiro parágrafo também confirma que o objetivo de
uma braggie é exibir-se: the average wait time until people
bragged to everyone back home about the stunning view
of the Med from the hotel balcony averaged about 3 hours.
Assim, está correta a alternativa B. As demais alternativas
estão incorretas pelos seguintes motivos: (A) as fotos não
são produzidas por hotéis e restaurantes, mas tiradas nesses
locais, e seu objetivo principal não é divulgar destinos de
viagens; (C) o termo braggie se refere a fotos, e não a um
processo de edição de fotos; (D) o quarto parágrafo do texto
afirma que a maioria das fotos foram tiradas e enviadas
via smartphones e tablets, e não que elas foram alteradas
usando esses aparelhos (The poll found that photos were
captured and sent mostly via smart phones or tablets [...]);
(E) as braggies são fotos tiradas em locais bonitos e
agradáveis e publicadas nas redes sociais de modo geral,
não apenas no Facebook, para causar inveja em quem
as vê. Além disso, elas não se restringem apenas a fotos
masculinas.
QUESTÃO 03 3W7X
Beat the burglar
The concept for “Beat The Burglar” is that an ex-burglar
(Mike Fraser) attempts to break into the houses of volunteers
to put their home security (or lack of it) to the test. Then they
look over the devastation caused by a burglary and make
improvements to reduce the risk of it happening for real.
Unfortunately most of the willing participants are of the type
that think that putting the front door key under the mat or
nearby flowerpot is highly original and safe, so that frequently
it only takes the “burglar” seconds to make his entry before
trashing the place looking for valuables.
LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 7 – 2018
The programme may help to shock some viewers into
doing something about their security and so there is a
beneficial side. Coming back to a burgled house is a traumatic
experience and any reduction in incidence is all to the good.
The show would work in a one-off special type scenario,
but fails badly in a series format as the method of entry and
advice given is virtually the same every episode so that there
is no incentive to watch more than one. Most of the advice is
extremely obvious and commonsense in any case such as
fitting burglar alarms, deadbolts to the doors, proper locks on
the windows and gates etc. though it is dispensed like real
pearls of wisdom. Watch one episode if you are concerned
about your home security. You will then have seen all you
need to.
Disponível em: <https://www.imdb.com/title/tt0434661/>.
Acesso em: 02 jul. 2018. [Fragmento adaptado]
No texto anterior, o autor expressa sua opinião a respeito
do programa de televisão Beat the burglar. A crítica que se
faz nesse comentário refere-se ao fato de que o programa
A. aborda a questão da criminalidade com
sensacionalismo, sem oferecer nenhum benefício.
B. explora a ingenuidade dos participantes ao expor a
vulnerabilidade de suas residências.
C. desestimula o telespectador a assistir mais de um
episódio, pois é um tanto repetitivo.
D. incita a criminalidade no público telespectador, pois
mostra técnicas de arrombamento.
E. explora os participantes ao vender dicas e soluções de
segurança a preços abusivos.
Alternativa C
Resolução:
A) I NCORRETA – Segundo o autor do texto, o programa
tem um lado positivo, que é chamar a atenção do
telespectador de modo que ele tome medidas para
melhorar a segurança de sua casa, conforme indicado
no segundo parágrafo. Além disso, em momento algum
o autor afirma que o programa é sensacionalista.
B) I NCORRETA – A ingenuidade a que se refere o autor
do texto é o fato de muitas pessoas acreditarem que
esconder a chave embaixo do tapete da entrada ou de
um vaso de flor é uma forma segura de proteger a casa.
Além disso, a participação no programa é voluntária,
e os participantes se beneficiam dessa participação,
pois a partir dos resultados do teste, podem fazer
melhorias na segurança de suas casas.
C) C
 ORRETA – No terceiro parágrafo, é dito que as
dicas dadas são praticamente as mesmas em todos os
episódios e que, por isso, não há estímulo para assistir
a outro episódio (the method of entry and advice given
is virtually the same every episode so that there is no
incentive to watch more than one). Nas duas últimas
frases de seu comentário, o autor também afirma que
basta assistir a um único episódio para aprender tudo
que precisa sobre a segurança da sua casa: Watch one
episode if you are concerned about your home security.
You will then have seen all you need to.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
D) INCORRETA – Não há informações no texto que indicam
que o autor do comentário defende a ideia de que o
programa estimula a criminalidade nos telespectadores,
mesmo mostrando o método de entrada (method of entry)
nas casas, que é praticamente o mesmo em todos os
episódios.
E) I NCORRETA – As dicas são passadas àqueles que
participam voluntariamente do programa e também ao
telespectador, que pode aplicá-las em sua própria casa.
Em momento algum é dito que essas dicas e soluções
de segurança são vendidas. A crítica que se faz é que
muitas delas são óbvias e de conhecimento geral, mas
são passadas de tal forma que se tem a impressão de
serem preciosas (Most of the advice is extremely obvious
and commonsense [...] though it is dispensed like real
pearls of wisdom).
QUESTÃO 04 4M68
Your sponge may be dirtier than your toilet
If you’re someone who repeatedly uses the same
sponge to wipe your kitchen counters, table and dishes,
replacing it only every month or so, a new study published
in Scientific Reports may make you want to change your
cleaning habits ASAP.
A team of German researchers analyzed 14 used
kitchen sponges, collected from households in southwestern
Germany, and discovered that they harbored a surprisingly
high amount of bacteria. You may be wasting your time by
even trying to clean your sponge; the study found that the
best thing you can do is replace your sponge once a week.
Previous research has shown that kitchen sponges
contain more active bacteria than anywhere else in the house –
including the toilet. It has also shown that sponges contain
pathogenic bacteria – the type that can lead to disease – like
E. coli and salmonella. Sponges are “the biggest reservoirs
of active bacteria in the whole house”, the authors write.
Unfortunately, the new study showed that regularly
sanitized kitchen sponges did not contain significantly less
bacteria than unclean ones, so it’s probably best to invest
in a weekly sponge if you want to have a cleaner kitchen.
Disponível em: <http://time.com/4882325/kitchen-sponge-bacteria-
dirty/>. Acesso em: 26 jun. 2018.
O texto anterior aborda o uso de esponjas para lavar a
louça e limpar mesas e bancadas na cozinha. A utilização
de esponjas pode oferecer riscos à saúde humana, pois elas
A. apresentam concentrações muito elevadas de fungos.
B. liberam resíduos químicos tóxicos nos utensílios de
cozinha.
C. abrigam bactérias patogênicas, como a salmonela e a
E. coli.
D. ficam impregnadas com restos de alimentos em
decomposição.
E. proliferam germes na mesma quantidade encontrada
em sanitários.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Alternativa C
Resolução: Segundo o texto, um estudo realizado
na Alemanha mostrou que as esponjas contêm uma
quantidade surpreendentemente grande de bactérias,
sendo que algumas delas, como a E. coli e a salmonela,
podem causar doenças. Assim, está correta a alternativa C.
As alternativas A, B e D não podem ser confirmadas com
base nas informações apresentadas no texto. A alternativa E
está incorreta porque, conforme pode ser constatado no
terceiro parágrafo, o estudo também revelou que as esponjas
são os maiores reservatórios de bactérias ativas em uma
casa, ganhando até mesmo dos sanitários.
QUESTÃO 05 J16O
Disponível em: <https://www.adsoftheworld.com>. Acesso em: 01 jun. 2018.
Anúncios publicitários podem não só promover um produto
como também conscientizar sobre causas importantes, como
é o caso dessa campanha do Greenpeace. Observando-se
a combinação entre imagem e recursos verbais na
publicidade anterior, a palavra wonder busca transmitir a
mensagem de que é
A. espantoso verificar que a fauna marinha está mais
ameaçada do que a flora.
B. lamentável chegar à conclusão de que a vida marinha
está com os dias contados.
C. surpreendente que ainda haja vida no oceano, apesar
da quantidade de lixo encontrada.
D. maravilhoso perceber a resistência de ecossistemas
oceânicos, apesar do impacto humano.
E. admirável como espécies aquáticas e resíduos urbanos
conseguem coexistir no fundo do mar.
Alternativa C
Resolução:
A) INCORRETA – Embora seja notável a ausência de fauna
marinha na imagem, ainda assim não se pode afirmar que
ela esteja mais ameaçada do que a flora.
B) I NCORRETA – A peça publicitária sugere que a vida
marinha está sob ameaça, mas concluir que seus dias
estão contados extrapola seu sentido.
C) C
 ORRETA – A imagem dos resíduos sendo levados pela
correnteza somada à frase procura mostrar que, apesar
da enorme quantidade de lixo, é surpreendente que ainda
seja possível encontrar vida nos oceanos.
ENEM – VOL. 7 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 3
D) I NCORRETA – A palavra wonder na Língua Inglesa
tem múltiplos significados, mas, baseado no contexto,
é inadequado traduzi-la como “maravilhoso”.
E) I NCORRETA – O objetivo do anúncio é alertar para os
riscos provocados pela poluição nos oceanos; portanto,
é errado afirmar que os resíduos e as espécies coabitam
aquele espaço harmoniosamente.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 01 a 45
Questões de 01 a 05 (opção espanhol)
QUESTÃO 01 OUJY
Esta piedra maravillosa se conoce con el nombre de
piedra de Rosetta, porque se encontró bajo la escarpa del
fuerte moderno de Rosetta. Los ingleses, apoderándose
de ella, se la llevaron a Inglaterra, donde los hombres
de más sabiduría la estudiaron durante varios años,
hasta que por fin el arabista francés Silvestre de Sacy
y el físico inglés Tomás Young, sabios de gran cultura,
averiguaron que las otras dos lenguas empleadas en
la inscripción eran el lenguaje dibujado o jeroglífico
y el idioma corriente o vulgar del antiguo país del Nilo.
Ahora bien, el griego no ofrece dificultad alguna, y por
tanto, cuando se hubo averiguado el sentido de la inscripción,
se les ocurrió a los expertos que los jeroglíficos debían
significar lo mismo; y así era, efectivamente. Con esto pudo
el gran egiptólogo francés Juan F. Champollion interpretar
la escritura jeroglífica; quedó así descifrada la clave de
la escritura egipcia y desapareció el misterio que hasta
entonces había rodeado a esas inscripciones.
Después de leer esta inscripción se descifraron con
facilidad todas las que figuran en las piedras y en las
columnas egipcias.
Disponível em: <http://www.escolar.com/lecturas/variedades/de-que-
modo-averig/la-famosa-piedra-rose.html>. Acesso em: 10 dez. 2014.
O texto informa a descoberta da Pedra de Rosetta e afirma
que esse achado
A. atrasou o estudo dos pesquisadores que levaram a
pedra de Rosetta para a Inglaterra.
B. confirmou as hipóteses anteriores de que os egípcios
possuíam uma linguagem em signos.
C. demonstrou diferentes inscrições feitas em uma
mesma língua antiga não decifrada.
D. dificultou o trabalho dos estudiosos que decifraram
apenas as inscrições em grego.
E. possibilitou a leitura dos códigos hieroglíficos egípcios
com base em técnicas comparativas.
Alternativa E
Resolução: O texto informa que os estudiosos perceberam
que a Pedra de Rosetta continha inscrições em três
idiomas: grego antigo e duas variantes egípcias, sendo
uma hieroglífica e a outra vulgar. A tradução do texto
em grego antigo não oferecia dificuldade e quando foi
conhecido o significado da transcrição, os especialistas em
hieróglifos calcularam que os hieroglíficos deveriam conter
a mesma mensagem, o que resultou verdadeiro. Assim,
LCT – PROVA I – PÁGINA 4
a chave da escrita hieroglífica egípcia foi decifrada com base
em um estudo comparativo feito a partir do grego, acabando
com o mistério em torno dessas inscrições. Portanto,
a alternativa correta é a E.
QUESTÃO 02 YNØL
La gran familia, el que mucho abarca poco aprieta
Ni uno ni dos ni tres, sino hasta cinco protagonistas
quiso incluir Sánchez Arévalo en su última entrega
cinematográfica La gran familia española. Si se tratara
de una comedia de enredos francesa serían pocos,
pero para tratarse de una comedia costumbrista muy
a la española, son demasiados. La coralidad de la
película le hace un flaco favor al humor, la cohesión
y la credibilidad de la historia. Ya sabéis lo que se dice, quien
mucho abarca poco aprieta. La sensación de superficialidad
de los personajes provoca inevitablemente que no me ponga
en su piel y no me identifique con ellos. Sencillamente porque
no les conozco. Y con esto no quiero decir que los personajes
no muestren sus emociones; sino todo lo contrario, las
muestran demasiado. Confiesan cómo se sienten, por qué
lloran, cuáles son sus traumas… creando una sensación
de artificio alrededor de esta “comedia”. Y lo pongo entre
comillas porque empieza como una comedia pero acaba
como un dramón de ponerse a llorar. 
Siempre es más divertido que el público sepa lo que
los personajes ignoran. No obstante, Sánchez Arévalo sin
duda está hallando su sello propio y se está diferenciando
del resto de directores españoles. Se puede percibir también
un acercamiento a las corrientes cinematográficas europeas
que pueden abrirle muchas puertas en el futuro no sólo a él
sino a todo el cine español, lo cual es siempre de agradecer.
CONDE PÉREZ, Andreia. Disponível em: <www.galiciadigital.com/
opinion/opinion.9852.php>. Acesso em: 23 fev. 2018.
Tomando-se como base o título do texto e as ideias
apresentadas, depreende-se que a autora do artigo opina
que Sánchez Arévalo, diretor do filme espanhol La gran
familia española,
A. alcança sucesso em seu ambicioso projeto.
B. adota as correntes cinematográficas europeias.
C. consegue imprimir personalidade própria à sua obra.
D. distancia-se da proposta inicial de produzir uma
comédia.
E. segue as mesmas tendências dos produtores espanhóis.
Alternativa D
Resolução: A expressão idiomática El que mucho abarca
poco aprieta significa “quem muito abarca pouco aperta”,
e possui significado similar ao ditado português “quem
muito quer pouco tem”. A autora adianta a opinião exposta
no texto sobre o filme La gran familia, que ela considera
ter tido grandes pretensões, um exagero de personagens
que foram trabalhadas de forma superficial, entre outros
contras, não conseguindo entregar ao telespectador o que
pretendia. Isso explica o uso da expressão, indicando que o
filme tentou abarcar muita coisa e não conseguiu ter êxito.
ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Dessa forma, a alternativa A está invalidada. A alternativa B
está incorreta porque a autora diz que o diretor do filme
se aproxima das correntes cinematográficas europeias, e
não que as adota totalmente. A alternativa C está incorreta
porque a autora afirma que Arévalo ainda está criando
seu selo próprio, por isso não se pode afirmar que ele
efetivamente conseguiu imprimir sua personalidade à obra.
A alternativa D está correta porque, no texto, a autora afirma
que o filme acaba se distanciando de sua proposta inicial de
ser uma comédia e cai em um dramalhão. A alternativa E
está incorreta porque a autora afirma que Arévalo está se
diferenciando do restante dos diretores espanhóis.
QUESTÃO 03 UCVI
Dejar de ser mono
El espíritu de investigación no tiene límites. En los
Estados Unidos y en Europa han descubierto a últimas
fechas que existe una especie de monos hispanoamericanos
capaces de expresarse por escrito, réplicas quizá del mono
diligente que a fuerza de teclear una máquina termina
por escribir de nuevo, azarosamente, los sonetos de
Shakespeare. Tal cosa, como es natural, llena estas buenas
gentes de asombro, y no falta quien traduzca nuestros libros,
ni, mucho menos, ociosos que los compren, como antes
compraban las cabecitas reducidas de los jíbaros1. Hace
más de cuatro siglos que fray Bartolomé de las Casas pudo
convencer a los europeos de que éramos humanos y de
que teníamos un alma porque nos reíamos; ahora quieren
convencerse de lo mismo porque escribimos.
¹jíbaros: tribo indígena.
MONTERROSO, Augusto. Disponível em: <http://ciudadseva.com/
texto/dejar-de-ser-mono/>. Acesso em: 23 fev. 2018.
Augusto Monterroso, escritor hondurenho, possui um estilo
marcadamente sagaz e satírico em suas obras. Nesse breve
conto, o escritor
A. descreve a descoberta de uma nova espécie de macaco
superinteligente em terras hispano-americanas.
B. contrapõe a visão dos colonizadores a respeito dos
povos hispano-americanos à dos europeus nos dias
de hoje.
C. ironiza a continuidade da visão preconceituosa dos
europeus e estadunidenses com relação aos povos
hispano-americanos.
D. afirma que os povos hispano-americanos possuem
capacidades tão desenvolvidas quanto os europeus e
os estadunidenses.
E. critica a aquisição, tradução e leitura de livros de
escritores europeus por escritores hispano-americanos
e vice-versa.
Alternativa C
Resolução: No miniconto, Monterroso trata do interesse
estadunidense e europeu pela literatura hispano-americana,
que ele descreve como a descoberta assombrosa por
parte destes de que na América Hispânica há macacos
capazes de escrever. Monterroso aponta ainda que
estadunidenses e europeus consomem essa literatura
como antes os colonizadores consumiam artigos ditos
exóticos, como as cabeças encolhidas da tribo Jíbaro,
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
e que querem convencer-se de que os hispano-americanos
são humanos, e não macacos – no sentido figurado – devido
à sua capacidade de escrever. Dessa forma, o autor ironiza
a continuidade de uma visão etnocêntrica preconceituosa
por parte dos europeus e dos estadunidenses com relação
aos povos latino-americanos, como mostra a alternativa C.
A alternativa A está incorreta porque o autor comparou os
hispano-americanos à macacos para satirizar a forma como
os europeus e estadunidenses os veem. A alternativa B
está incorreta porque, de acordo com o ponto de vista de
Monterroso, a visão dos europeus e estadunidenses sobre
os latino-americanos não mudou, de forma que não há
uma contraposição, e sim, uma referência ao pensamento
antigo que perdura até os dias de hoje. A alternativa D
está incorreta porque o autor em nenhum momento afirma
que hispano-americanos e europeus / estadunidenses
tenham as mesmas capacidades, e sim satiriza a crença
desses últimos de que eles são superiores. Por fim,
a alternativa E está incorreta porque o escritor não critica,
e sim escarnece do consumo de literatura hispano-
-americana pelos europeus e estadunidenses devido à sua
visão preconceituosa.
QUESTÃO 04 36C5
Atrás quedaron los días en los que las mascotas
esperaban horas en una jaula para ser atendidas en la
peluquería. Hoy en día estos servicios evolucionaron para
convertirse en verdaderos spas y brindar a los animales de
compañía un trato especial, enfocado en su bienestar y en
su disfrute.
¿Por qué cambió? Estos compañeros de cuatro patas
se convirtieron en una parte importante de la familia,
los dueños responsables buscan productos y servicios que
mejoren la calidad de vida de sus “perrhijos” y también
que estén acorde a los parámetros de bienestar. Prefieren
que se evite el maltrato, que sean tratados con cariño y,
sobre todo, con respeto.
Las experiencias de los animales también son
importantes para esta nueva generación de peluquerías.
Utilizan juguetes, técnicas de relajación, y masajes para
que los perros y gatos no tengan estrés ni ansiedad.
“La idea es que disfruten y no le tengan miedo al agua,
al corte de pelo”, comenta Érika Álvarez, dueña de Kika Pets,
en el Valle de los Chillos. […]
Disponível em: <http://www.elcomercio.com/narices-frias/relajacion-
diversion-apuesta-peluquerias-mascotas.html>. Acesso em: 23 fev. 2018.
Ao utilizar, no segundo parágrafo, o termo “perrhijos”,
a intenção do autor do texto é:
A. Confirmar a preocupação do dono com o bem-estar do
seu animal.
B. Enfatizar a relação de afeto que existe hoje entre o
animal e o dono.
C. Mostrar a necessidade de melhoria nos cuidados com
os cachorros.
D. Despertar no leitor o sentimento de amor e de respeito
pelos animais.
E. Ensinar como evitar o estresse e o medo dos cães na
hora do banho.
LCT – PROVA I – PÁGINA 5
Alternativa B
Resolução: O termo perrhijo, usado pelo redator da reportagem, é um neologismo criado a partir da junção das palavras perro
(cachorro) e hijo (filho). Esse termo enfatiza o tipo de relação desenvolvida hoje em dia entre os seres humanos e seus animais
de estimação, que são cada vez mais considerados parte da família e tratados como tal. Portanto, a alternativa correta é a B.
A alternativa A está incorreta porque a expressão perrhijo está inserida no parágrafo que trata da importância do papel dos
animais na família e seu uso é enfatizar o elo entre os donos e seus animais de estimação, e não confirmar a preocupação
dos donos com seus animais, visto que o autor deixa essa premissa clara no primeiro parágrafo. A alternativa C, D e E estão
incorretas porque a expressão destacada exerce a função descrita na alternativa B, e não as descritas nessas alternativas.

QUESTÃO 05 8ZPF

Disponível em: <https://www.aecc.es/TeAyudamos/informaryconcienciar/Campa%C3%B1as/PublishingImages/Sol_2014.jpg>. Acesso em: 03 abr. 2017.

O autor da campanha publicitária contra o câncer de pele constrói seu texto utilizando a segunda pessoa para se dirigir ao
leitor. Esse recurso tem como principal objetivo
A. intensificar o grau de veracidade das informações dadas.
B. imprimir um tom mais formal e científico às informações.
C. promover uma maior proximidade com o público-alvo.
D. conferir maior autoridade a quem fornece as informações.
E. mostrar a importância de se respeitar o leitor em potencial.
Alternativa C
Resolução: A alternativa correta é a letra C porque o uso da forma de tratamento tú marca as relações de proximidade e
simetria. As alternativas B, D e E se referem à forma de tratamento usted. A alternativa A está incorreta porque uma forma de
tratamento não atribui nem resta veracidade de uma informação.

LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO

QUESTÃO 06 IT62
– Puxe mais um chorado na viola, compadre
– Mano, espermente um golinho de cachaça ardosa
pra tomar sustança
– Então abram roda
BOPP, R. Cobra Norato. 22. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004.
Cobra Norato reconta a lenda amazônica de uma índia
que engravida do Cobra Grande ao se banhar entre o
rio Amazonas e o Trombetas. Nos versos de Raul Bopp,
o vocabulário empregado pelas personagens é um registro
que reflete a
A. verossimilhança da fala do grupo em questão.
B. decadência da cultura originária da Amazônia.
C. ausência de instrução formal entre os falantes.
D. objetividade do falar informal em vez do formal.
E. valorização de diversas variantes do português.
Alternativa A
Resolução: O autor, ao empregar um vocabulário marcado
por aspectos regionais, busca ser fiel à variante linguística
que retrata em seu texto, como aponta corretamente a
alternativa A. A alternativa B está incorreta porque o texto
não expõe uma suposta decadência da cultura amazônica;
na verdade, o poema de Raul Bopp a enaltece. A alternativa C
está incorreta porque somente pelos versos expostos não se
pode inferir a escolaridade das personagens, já que mesmo
pessoas com alto grau de instrução podem, ainda assim,
empregar linguagem informal em seu dia a dia. A alternativa D
está incorreta porque a linguagem informal não é mais nem
menos objetiva que a formal, já que ambas são variantes de
uma mesma língua empregadas em contextos diferentes.
Por fim, a alternativa E está incorreta porque o poema de
Raul Bopp valoriza somente uma variante em seu texto.
QUESTÃO 07 X86I
Patrimônio mineiro, igreja inacabada do século XVII
sofre com vandalismo
O prazer de vândalos em marcar a ruína é um ataque ao
patrimônio público e à história da Bom Jesus de Matozinhos.
A igreja começou a ser erguida no século XVII. Por algum
motivo que ninguém sabe explicar, a obra não foi acabada.
Há várias teses e lendas sobre o tema. Uma diz que os
operários morreram de malária. Outra sustenta que a
construção foi interrompida ao se constatar que o leito do
Velhas, a menos de 10 metros de lá, inundaria o templo em
época de enchente.
A imagem da ruína da Bom Jesus sempre esteve
ligada ao conceito de morte. Pelo menos é o que contam
por aquelas bandas. Além da versão de que o templo não
foi concluído porque os operários morreram de malária,
há quem sustente que Fernão Dias (1608-1681), o paulista
cuja bandeira deu origem a várias cidades de uma região
inóspita que viria a ser Minas Gerais, foi vítima de uma peste
e fechou os olhos para sempre ao lado da igreja inacabada.
LOBATO, P. H. Disponível em: <https://www.em.com.br>.
Acesso em: 28 jun. 2018.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
O gênero reportagem se caracteriza por apresentar
linguagem concisa e objetiva, que visa à transmissão de
informações precisas. O texto em questão, no entanto,
apresenta linguagem incomum para o gênero, a qual pode
ser percebida pela presença de
A. fatos duvidosos, em “Por algum motivo que ninguém
sabe explicar”.
B. divulgação de diferentes versões dos fatos, em “Há
várias teses e lendas sobre o tema”.
C. trechos subjetivos e emotivos, em “sempre esteve
ligada ao conceito de morte”.
D. expressões típicas de contos populares, em “é o que
contam por aquelas bandas”.
E. elogios à pessoa notória, em “o paulista cuja bandeira
deu origem a várias cidades”.
Alternativa D
Resolução: Considerando que o gênero reportagem se
caracteriza por apresentar comumente linguagem concisa
e objetiva, que visa à transmissão de informações de forma
precisa, o texto apresenta uma perspectiva histórica da igreja
alvo de vândalos e, para tanto, o autor utiliza uma linguagem
associada ao ato de contar histórias populares, como em
“é o que contam por aquelas bandas”. A alternativa correta é,
portanto, a D. A incerteza dos fatos veiculados, proposta na
alternativa A, e as versões distintas dos acontecimentos,
conforme sugerido na alternativa B, são comuns no gênero
reportagem, que pode apresentar caráter investigativo e
trabalhar com hipóteses ou múltiplas versões dos fatos, o
que invalida essas alternativas. Por sua vez, a alternativa C
está incorreta porque o trecho “sempre esteve ligada ao
conceito de morte” não impõe caráter subjetivo e emotivo,
mas consiste em uma constatação feita com base no resgate
histórico. Já o tom elogioso sugerido na alternativa E não
pode ser inferido do texto, que apenas descreve a ação
historicamente conhecida do bandeirante.
QUESTÃO 08 JQTK
Fora de si
eu fico louco
eu fico fora de si
eu fica assim
eu fica fora de mim
eu fico um pouco
depois eu saio daqui
eu vai embora
eu fico fora de si
eu fico oco
eu fica bem assim
eu fico sem ninguém em mim
ANTUNES, A. Fora de si. In: Bicho de sete cabeças. CD. BMG, 2001.
A aparente incoerência presente na construção do texto,
por meio da desconexão entre a pessoa do discurso e a
conjugação verbal, é utilizada propositalmente pelo autor
para atingir seu objetivo de
LCT – PROVA I – PÁGINA 7
A. demonstrar que a língua é incompreensível caso se
desconsiderem as regras gramaticais.
B. defender as diversas possibilidades de uso da língua
em suas variações formal e informal.
C. comprovar que estabelecer comunicação é mais
importante que respeitar a norma-padrão.
D. simular o discurso de alguém que esteja desajuizado
pela subversão das normas da língua.
E. exemplificar como o discurso de um falante sem
conhecimento da língua pode ser entendido.
Alternativa D
Resolução: O título da canção é “Fora de si”, logo, percebe-se
que a construção do texto gera o efeito de sentido de
reiterar a ideia de alguém que esteja louco. Isso acontece
por meio da subversão das normas gramaticais que regem
a Língua Portuguesa. A alternativa correta é, portanto, a D,
pois a incoerência é utilizada pelo autor para simular o
discurso de quem estivesse nessa condição. O foco do
texto, portanto, não diz respeito à incompreensão gerada
por desvios de regras gramaticais, como sugerido na
alternativa A, ao papel comunicativo da língua, como
proposto na alternativa C, ou ao entendimento do discurso,
ainda que este apresente desvios gramaticais, como
proposto na alternativa E, pois não há elementos no texto
que faça alusão a essas questões, invalidando essas
alternativas. Tampouco há oposição entre variação formal
e informal da língua, mas entre coerência e incoerência,
o que invalida a alternativa B.
QUESTÃO 09 CUØF
Batata quente
Se eu te entregasse agora o meu amor
aceso como ele está,
como ele está, pesado,
você o trocaria rapidamente de mão,
você o guardaria um pouco na esquerda,
um pouco na direita,
por quanto tempo antes de o passar adiante?
MARQUES, A. M. A vida submarina. Belo Horizonte: Scriptum, 2009.
O eu lírico de Ana Martins Marques, quanto ao amor,
evidencia uma visão
A. debochada, que o compara à mera brincadeira de
criança.
B. infantilizada, que revela um fascínio recém-descoberto.
C. conformada, que se opõe à melancolia do término.
D. amargurada, que rememora as experiências.
E. projetada, que causa frustrações sucessivas.
Alternativa E
Resolução: No poema de Ana Martins Marques, o eu lírico
traduz uma visão projetada do sentimento amoroso,
por meio da qual imagina uma sequência que poderia ocorrer
caso amasse alguém, revelando frustrações já vivenciadas
em relacionamentos passados. Está correta, assim,
LCT – PROVA I – PÁGINA 8
a alternativa E. Está incorreta a alternativa A, pois o eu lírico
não debocha do amor, e a referência à brincadeira infantil
“batata quente” alude a situações semelhantes ocorridas
anteriormente. A alternativa B está incorreta, pois a referência
a uma brincadeira infantil não traduz, necessariamente,
uma visão infantilizada do amor, tampouco este pode
ser entendido como um sentimento recém-descoberto.
A alternativa C está incorreta, pois o eu lírico não evidencia
uma visão conformada, mas questiona o que a pessoa
amada faria com seu amor caso estivesse de posse dele;
além disso, não há elementos no texto que sugiram o fim de
um relacionamento, já que as ideias são trabalhadas numa
situação hipotética. A alternativa D está incorreta, pois não
se pode dizer que há, no poema, um eu lírico amargurado,
que não deseja mais viver um amor, mas sim alguém, que,
embora tenha passado por experiências negativas, ainda
deseja amar.
QUESTÃO 10 YDNH
Depois continuava dizendo, como se realmente
estivesse apaixonado:
– Oh, princesa Dulcineia, senhora deste cativo coração!
Muito me ultrajastes ao despedir-me e reprovar-me com a
rigorosa obstinação de mandar-me não aparecer diante de
vossa formosura. Comprazei-vos, senhora, recordar deste
vosso subjugado coração, que tantas penas padece por
vosso amor.
Com esse ia alinhavando outros disparates, todos na
maneira que seus livros haviam lhe ensinado, imitando sua
linguagem o quanto podia. Por isso caminhava devagar –
e o Sol subia tão rápido e tão ardente que poderia derreter
os miolos dele, se tivesse alguns.
CERVANTES, M. Dom Quixote. São Paulo: Centauro, 2012.
Os elementos da prosa narrativa podem se combinar
infinitamente, criando nuances que guiam o leitor pelo
caminho almejado pelo autor. No trecho de Dom Quixote,
o narrador realça o(a)
A. ponto de vista sobre a personagem ao descrevê-la
como tola e disparatada.
B. despropósito no grau de formalidade do tratamento
entre cavaleiros e princesas.
C. determinação da personagem, que persegue o ideal
romântico de forma imprudente.
D. importância do amor entre a personagem e Dulcineia,
ponto-chave no desenrolar da fábula.
E. admiração pela desenvoltura na eloquência da
personagem e pelo uso da linguagem literária.
Alternativa A
Resolução: A linguagem adotada pelo narrador de Dom
Quixote evidencia sua opinião sobre a personagem.
Em “como se realmente estivesse apaixonado” o narrador
transparece a incredulidade acerca das motivações emocionais
da empreitada de Dom Quixote. Em outras passagens,
ao referir-se aos pensamentos da personagem como
“disparates”, dizer que estava “imitando a linguagem” e que
não tem miolos, fica claro que, para o narrador, ele é um tolo.
ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Assim, está correta a alternativa A. A alternativa B
está incorreta, pois a obra é uma sátira aos romances de
cavalaria, nos quais a figura da princesa e do cavaleiro
eram primordiais. A alternativa C está incorreta, pois a
determinação de Dom Quixote fica clara em seu discurso
apaixonado, no entanto, o narrador não compra tal
motivação. A alternativa D está incorreta, pois a paixão
por Dulcineia é desmotivada e descreditada pelo narrador.
Finalmente, a alternativa E está incorreta, pois o narrador
mostra que Dom Quixote imita a linguagem literária sem
consciência daquilo que diz.
QUESTÃO 11 DSNX
No fim dos anos oitenta, quando a comunicação por texto
se limitava aos caracteres, havia o emoticon, representações
geralmente do rosto humano, feitas apenas através de sinais
de texto, como pontuação, letras e números. Isto aqui, por
exemplo, seria um vampiro :-[ . A partir do avanço técnico
dos aparelhos, os emoticons foram aos poucos sendo
substituídos pelos emojis, pequenas imagens originadas nos
desenhos com caracteres. Um rosto assustado assim :*O
tomou ares mais artísticos a partir de O grito, de Edvard
Munch, assim: . e os profissionais da imprensa são aconselhados a alimentar
[...] Mas por mais familiar ou específica, por mais
matizada que seja a linguagem escrita, falta a ela ainda algo
da presença física, especialmente em conversas íntimas.
Os emojis, memes e gifs animados cumprem justamente
esse papel. Estranho misto entre a pop arte e a pontuação,
eles reinserem na comunicação as microvariações de
sentido que a voz, o gesto e as expressões faciais produzem
quando se está presente. O emoji é um atenuador que
garante a possibilidade da presença diluída e multiplicada
da contemporaneidade.
ISABEL, T. A. Disponível em: <https://www.revistaforum.com.br>.
Acesso em: 07 jun. 2018 (Adaptação).
De acordo com o texto, o emprego de emojis possibilita o(a)
A. substituição da pontuação no texto.
B. informatização da linguagem escrita.
C. inserção da arte na comunicação cotidiana.
D. expressão simbólica de impressões subjetivas.
E. aumento da intimidade na troca de mensagens.
Alternativa D
Resolução: Os emojis representam expressões humanas,
inserindo no texto escrito as nuances e variações que antes
só eram possíveis em conversa presencial. Por meio de um
acordo simbólico entre os usuários, cada emoji representa
uma emoção ou expressão, como a alegria nos emojis que
sorriem ou a tristeza nos que choram. Segundo o trecho,
eles reinserem as microvariações de sentido advindas da
entonação ou das expressões faciais que faltam à linguagem
escrita, possibilitando a expressão simbólica das impressões
pessoais do sujeito que fala. Assim, está correta a alternativa
D. A alternativa A está incorreta porque os emojis representam
emoções, não sinais de pontuação, ainda que os emoticons,
anteriores a eles, usem-nos para sua composição.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
A alternativa B está incorreta porque não são os emojis
que tornam possível a informatização da comunicação
escrita, mas fatores como suportes e gêneros digitais.
Os emojis são, portanto, apenas um recurso proveniente
da informática. A alternativa C está incorreta porque o
trecho considera os emojis um misto de arte e pontuação, e
não uma expressão artística por si só. A alternativa E está
incorreta porque, segundo o trecho, os emojis emprestam
às conversas íntimas aquilo que falta na linguagem escrita,
mas não se fala em aumento da intimidade.
QUESTÃO 12 6WTS
As velhinhas das vans, grupos organizados de
senhorinhas que ainda mantêm o hábito de ir ao teatro, lotam
as salas de espetáculo, para alívio e desespero da classe.
A ausência de jovens, ou mesmo adultos grisalhos entre
a plateia, é sinal da crise que se abateu, não só no teatro,
como nos demais veículos ligados à arte e à comunicação.
A venda de livros colapsou até na culta Inglaterra.
O último autor a vender mais de 1 milhão de exemplares foi
Ian McEwan, com Reparação, e lá se vão 15 anos.
O papel jornal se tornou tão obsoleto quanto o de fax,
seus blogs com o empenho de uma criança que dribla o óbito
de um tamagotchi.
Com exceção do biquininho de fita isolante de Anitta,
poucos são os que estão preparados para sobreviver na
nova ordem.
A consciência me veio numa reunião com o cientista
Fabio Malini, coordenador do Labic (Laboratório de estudos
sobre Imagem e Cibercultura). Malini projetou, num telão,
sua pesquisa sobre a circulação de dados na Internet, e eu,
que esperava um PowerPoint jurássico, pasmei diante das
bolhas expandidas em 3D, semelhantes a uma tomografia
computadorizada.
A inteligência artificial impera, e levante a mão quem
não treme diante de um algoritmo.
De volta ao refúgio do lar, busco sentido na companhia
de Os Maias. A cabeça branca, mal disfarçada pela tintura 6,
reluz na raiz do cabelo. Eu sou a nova velhinha da van.
Alô, 2018. Alguém me lê? Alguém me escuta? Tem
alguém aí?
TORRES, F. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br>.
Acesso em: 13 fev. 2018. [Fragmento adaptado]
Em sua crônica, a atriz Fernanda Torres vale-se de
estratégias exemplificativas bem-humoradas a fim de
A. resignar-se com sua condição de excluída digital,
cujos gostos são ultrapassados.
B. criticar as inúmeras inovações tecnológicas no âmbito
da arte e da comunicação.
C. polemizar acerca dos novos padrões estéticos de arte
que estão sendo erigidos.
D. condenar o seu próprio envelhecimento, bem como o
da população em geral.
E. mostrar-se perplexa diante do fluxo de novidades
culturais e tecnológicas.
LCT – PROVA I – PÁGINA 9
Alternativa E
Resolução: Na crônica, a atriz Fernanda Torres mostra-se
perplexa diante das inovações tecnológicas e culturais
que têm ganhado cada vez mais espaço no mundo.
Um exemplo disso é o trecho em que diz: “e eu, que
esperava um PowerPoint jurássico, pasmei diante das
bolhas expandidas em 3D”. Nessa passagem, a atriz
demonstra como sua expectativa estava ultrapassada, pois
esperava a utilização de uma ferramenta, a qual já estaria em
desuso, e foi surpreendida pela inovação da apresentação
do cientista, que utilizou recursos atuais de comunicação.
Está correta, assim, a alternativa E. A alternativa A está
incorreta, pois a atriz não demonstra resignação diante
de sua exclusão digital, ao contrário, termina sua crônica
interpelando ao leitor, questionando se alguém ainda a lê e
escuta. Ademais, não se pode inferir que os gostos da atriz
são ultrapassados, já que, embora cite a obra Os Maias, ela
também demonstra ter conhecimento de tecnologias atuais e
novas manifestações culturais. A alternativa B está incorreta,
pois a atriz não critica as inovações tecnológicas e culturais,
não apresentando juízo de valor em relação a elas, mas
sim evidenciando sua perplexidade diante das mudanças.
A alternativa C está incorreta, pois a atriz não apresenta
nenhuma polêmica sobre os novos padrões da arte, mas
menciona, por exemplo, o biquíni da cantora Anitta para
demonstrar o tipo de manifestação que tem se sustentado
na atualidade. A alternativa D está incorreta, pois a atriz não
condena o envelhecimento, mas evidencia como ele se faz
presente em algumas manifestações culturais, como o teatro.
QUESTÃO 13 YØZN
Assim, mais ou menos, seria o desenrolar da história,
penso eu, se na época de Shakespeare uma mulher tivesse
o talento de Shakespeare. Mas, de minha parte, concordo
com o falecido bispo, se é que era um: é impensável que
qualquer mulher nos dias de Shakespeare tivesse tido o dom
de Shakespeare. Porque um gênio como o de Shakespeare
não surgia entre pessoas trabalhadoras, sem educação
formal, servis. Não nascia na Inglaterra entre os saxões e
os bretões. Não surge hoje entre as classes trabalhadoras.
Como, então, poderia surgir entre mulheres cujo trabalho
começava, de acordo com o professor Trevelyan, pouco
antes de deixarem o berço, e ao qual eram impelidas pelos
pais e obrigadas pelo poder da lei e dos bons costumes?
Ainda assim, gênios desse tipo hão de ter existido entre as
mulheres, da mesma forma que hão de ter existido entre as
classes trabalhadoras.
WOOLF, V. Um teto todo seu. São Paulo: Tordesilhas, 2014.
O uso do pretérito imperfeito do subjuntivo e o uso do futuro
do pretérito fundamenta o sentido do texto de Virginia Woolf,
uma vez que
A. marca a distância temporal entre a Inglaterra dos
saxões e bretões e a realidade da autora.
LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 7 – 2018
B. determina a plausibilidade de uma situação hipotética
sem correspondência com os fatos reais.
C. denuncia a situação deplorável das mulheres desde a
Inglaterra do século XVI até os dias atuais.
D. estabelece o cenário passado da Inglaterra de
Shakespeare, segundo descrito pelo professor
Trevelyan.
E. constrói a argumentação pela suposição da existência
de uma mulher talentosa nos dias de Shakespeare.
Alternativa E
Resolução: O uso de verbos no Pretérito imperfeito do
subjuntivo, como em “se na época de Shakespeare uma
mulher tivesse o talento de Shakespeare”, e no Futuro
do pretérito, como em “poderia surgir entre mulheres”,
se dá para fins argumentativos dentro do texto. A autora
descreve a realidade das mulheres na Inglaterra de William
Shakespeare e demonstra a impossibilidade da emergência
de um talento como o dele dentro deste cenário social, no qual
não cabe à mulher tempo para se dedicar a outras tarefas
que não as servis. Dessa forma, está correta a alternativa E.
A alternativa A está incorreta porque, apesar de os tempos
verbais fazerem referência a diferentes ideias de passado
e isso impor uma distância entre os fatos e a realidade da
autora, não é nisso que se pauta a construção de sentido no
texto. A alternativa B está incorreta, pois os tempos verbais
descritos sugerem um passado diferente, ou seja, uma
situação hipotética impossível. A alternativa C está incorreta,
pois o texto não denuncia a situação social da mulher,
apesar de descrever o cenário desigual. A alternativa D
está incorreta, pois, mesmo descrevendo situações reais de
um momento histórico, o texto trabalha também com uma
hipótese não contemplada pela realidade histórica.
QUESTÃO 14 7UGA
Onde
Onde eu escrevo
há o ruído
do lixo da cidade depois
de recolhido
sendo triturado
há um abajur
uma cômoda
com espelho
e uma cama
desarrumada
o outono está próximo
a janela fechada
um cansaço súbito
toma conta das palavras.
BONVICINO, R. Céu-eclipse. São Paulo: Editora 34,1999.
No texto de Regis Bonvicino, a organização sintática dos
elementos textuais é importante na produção de sentido,
pois o(a)
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
A. uso recorrente de adjetivos reforça o tom descritivo
evidente já no título.
B. presença de orações subordinadas confere
interdependência aos versos.
C. construção de orações curtas reflete a rapidez do
raciocínio no ato da escrita.
D. progressão dos complementos verbais em versos
separados cria suspense no leitor.
E. quebra de continuidade do período representa o
pensamento fragmentado do eu lírico.
Alternativa E
Resolução: O poema de Regis Bonvicino faz referência
ao processo de escrita e à dificuldade do escritor em se
concentrar no processo criativo. Por meio do recurso do
enjambement, o poeta simula os pensamentos interrompidos
do eu lírico, distraído pelo ambiente em que se encontra.
Esse recurso consiste na fragmentação dos períodos ao
longo dos versos, o que contribui para o sentido do texto.
Por exemplo, o período “Onde eu escrevo há o ruído do lixo
da cidade depois de recolhido sendo triturado”, que compõe
a primeira estrofe, fragmentou-se em cinco versos que,
apesar de serem lidos em sequência, têm sua linearidade
interrompida. Portanto, está correta a alternativa E.
A alternativa A está incorreta, pois os adjetivos no poema
destacam a atenção difusa do eu lírico, que se distrai do seu
processo de escrita e devaneia nos detalhes do ambiente
em que se encontra. A alternativa B está incorreta, pois as
orações presentes no poema não se relacionam entre si por
subordinação, uma vez que há a predominância de períodos
simples no poema. A alternativa C está incorreta, pois os
períodos curtos e fragmentados reforçam, ao contrário,
a quebra do fluxo de raciocínio do eu lírico. A alternativa D
está incorreta, pois a separação dos complementos das
orações dita, na verdade, um ritmo lânguido para a leitura
do poema.
QUESTÃO 15 ZYM5
A mente física é a tentativa de Teun Vonk de deixar
os participantes experimentarem a relação entre seus
estados físicos e mentais aplicando pressão física ao corpo.
A instalação consiste em dois objetos infláveis entre os quais
um participante deita-se para, posteriormente, ser erguido
e suavemente espremido entre as curvas dos dois objetos.
Enquanto o levantamento cria um sentimento instável,
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
essa sensação estressante é logo em seguida contrastada
com a sensação segura de ser suavemente espremido
entre dois objetos macios. Além dessa experiência para
os participantes, a instalação também evoca sentimentos
de empatia entre os espectadores que testemunham
participantes submetidos à experiência.
Disponível em: <http://highlike.org>. Acesso em: 05 jun. 2018.
[Fragmento adaptado]
A arte como manifestação social representa características
próprias do ser humano da sua época. Nesse sentido, A mente
física apela para o indivíduo da era da informação, pois
A. é exposta perante uma audiência, que testemunha a
experiência oferecida.
B. compõe a arquitetura do museu, demonstrando
integração entre arte e cotidiano.
C. traz uma releitura dos objetos infláveis, tradicionalmente
aplicados ao transporte.
D. representa a angústia humana, equiparando as
sensibilidades físicas e psicológicas.
E. quebra a fronteira entre obra e espectador,
posicionando-o como elemento primordial.
Alternativa E
Resolução: O indivíduo da era digital não se contenta
em ser mero espectador da arte, já que as tecnologias de
comunicação proporcionaram grande interatividade entre
as pessoas e a informação, moldando, inclusive, sua forma
de consumir arte. As novas produções artísticas, como
A mente física, de Teun Vonk, dialogam com esse contexto
contemporâneo, permitindo a imersão do espectador bem
como sua interação com a obra. Com base nisso, alternativa
correta é a E. A alternativa A está incorreta porque a
presença da audiência é fator fundamental para a produção
artística, não se limitando a um conceito inserido pela era da
informação. A alternativa B está incorreta porque a instalação
não se mescla à arquitetura do museu. A alternativa C está
incorreta porque os objetos infláveis servem ao propósito
de estimular o corpo com pressão, não havendo o objetivo
artístico de releitura de seu uso. Finalmente, a alternativa D
está incorreta porque a arte tem como tradição expressar
os sentimentos da sociedade que lhe é contemporânea,
e a angústia da existência humana é uma questão atemporal,
sem relação direta e exclusiva com a era da informação.
QUESTÃO 16 9R3S
O resto do mundo, mais praticamente educado, sabe
que as epidemias não se submetem facilmente a declarações
nem a decretos; e sabe ainda que as cidades são como
as pessoas, cujo corpo não fica asseado pelo simples fato
de se revestir de uma roupa limpa. Nada mais louvável,
certamente, do que a intenção do poder sanitário que
declarou extinta a peste; todos nós desejamos vê-la extinta,
apesar da farta messe de dinheiro que a muita gente fornece
essa Ceifadora de vidas. Mas diz um rifão que de boas
intenções está calçado o inferno – cujo calçamento deve
ser muito parecido com o do Rio de Janeiro.
BILAC, O. Crônica. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 23 mar. 1902.
[Fragmento]
LCT – PROVA I – PÁGINA 11
Olavo Bilac critica um decreto que declarou extinta a
peste bubônica no Rio de Janeiro. No trecho apresentado,
um recurso que pouco acrescenta à argumentação do autor
é identificado no(a)
A. comparação entre a higiene de corpos humanos e a
de cidades.
B. tom irônico no julgamento à resposta das epidemias
aos decretos.
C. elogio prestado às intenções do poder sanitário no
combate à peste.
D. crítica aos interesses econômicos ligados
disseminação da doença.
E. referência a um dito popular na equiparação do inferno
ao Rio de Janeiro.
Alternativa E
Resolução: A crítica do escritor Olavo Bilac ao poder sanitário
do Rio de Janeiro é pontuada pelo sarcasmo e pela ironia.
Assim, no fim do trecho, o autor recorre ao dito popular “de
boas intenções está calçado o inferno”, sugerindo que mesmo
uma ação movida por uma boa causa pode trazer prejuízos.
Esse tipo de argumentação agrega pouco ao seu texto, uma
vez que é um lugar comum facilmente de ser contraposto,
muitas vezes com um outro dito popular, como “o que vale
é a intenção”. Portanto, a resposta correta é a alternativa E.
A alternativa A está incorreta, pois a comparação entre corpos
e cidades serve para demonstrar a ineficácia do decreto em
termos de sanitarismo. A alternativa B está incorreta, pois
a ironia demonstra ao leitor o ridículo da situação, uma vez
que o decreto nada faz de efetivo para combater a doença.
A letra C está incorreta, pois o termo “louvável” é usado
ironicamente, denunciando a intenção política por trás da
extinção da peste. A alternativa D está incorreta, pois a crítica
ao enriquecimento de algumas instituições devido à peste
é um dos argumentos que sustentam sua argumentação.
QUESTÃO 17 1V9N
A publicidade, então, descaracteriza a noção original
de uso do produto, incitando no indivíduo, através das
associações imaginárias que ele estabelece entre o produto
e o que representa a sua posse, uma ideia que não está
relacionada ao uso e funcionalidade dos objetos, mas ao valor
de troca simbólica, expressando a individualidade de cada um.
Esse valor está presente na sedução da comunicação
publicitária e na necessidade de personalização das marcas.
Dessa forma, a publicidade tem entre seus objetivos a criação
da imagem da marca, o que é feito através da humanização
desta. Segundo Lipovetsky, “a publicidade poetiza o produto
e a marca idealiza o trivial da mercadoria”.
DELLAZZANA, A. L. Crítica da publicidade: um resgate histórico.
VIII Encontro Nacional de História da Mídia, 2011 (Adaptação).
O trecho descreve aspectos sociais do texto publicitário, em
que se identifica o(a)
LCT – PROVA I – PÁGINA 12
A. atribuição de um valor emocional ao produto anunciado.
B. sentimento coletivo de pertencimento conferido pelo
produto.
C. reconhecimento dos aspectos práticos do produto
consumido.
D. distanciamento da marca para criação de um produto
desejado.
E. consumo pautado nas relações de uso entre produto
e comprador.
Alternativa A
à Resolução: De acordo com o trecho analisado, a publicidade
cria um valor imaginário associado à posse do produto
anunciado. É nesse valor imaginário que se baseia a
sedução publicitária, que oferece ao consumidor uma
troca simbólica que extrapola o uso original do produto.
Em busca desse objetivo, é importante a personalização das
marcas, de modo que estas sejam associadas à expressão
de individualidade do consumidor. Portanto, está correta a
alternativa A. A alternativa B está incorreta porque o texto se
refere à expressão de individualidade do consumidor, e não
ao sentimento coletivo. A alternativa C está incorreta porque
o trecho retrata o estabelecimento de relações imaginárias
de valor em que a funcionalidade do produto não está em
questão. A alternativa D está incorreta porque a marca busca
sua humanização para criar a própria imagem. A alternativa E
está incorreta porque a noção original de uso se perde nessa
relação de consumo em que o produto é idealizado.
QUESTÃO 18 TZGI
Leitores e autores de textos acadêmicos são
sujeitos um tanto quanto conservadores, buscando e
reproduzindo em seus textos uma estrutura organizacional
bastante estável, normalmente dividida em introdução,
desenvolvimento e conclusão. Apesar de encontrarmos
variedade nos tipos de textos acadêmicos, essa costuma
ser a estrutura organizacional explicitamente encontrada
em textos desse tipo.
JORDÃO, C. M.; MARTINEZ, J. Z. Fundamentos do texto em Língua
Inglesa II. Curitiba: IESDE Brasil S. A., 2009.
O texto acadêmico é estruturado com um fim específico.
Assim, considerando o que afirmam as autoras, sua função
social é
A. complementar perspectivas críticas a conceitos das
áreas de humanas, biológicas e exatas.
B. ensinar métodos de eficácia comprovada a discentes e
docentes de outras universidades.
C. manter inalterada a tradição de pesquisa e divulgação
acadêmicas iniciada séculos atrás.
D. divulgar metodologia e resultado de uma investigação
científica, filosófica ou artística.
E. promover resoluções aos problemas da humanidade
discutidos nas universidades.
ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Alternativa D
Resolução: A função de um texto acadêmico é divulgar os
resultados de uma investigação sobre determinado assunto –
científico, filosófico ou artístico –, explicitando a metodologia
empregada para embasar o estudo. São textos geralmente
divididos em introdução, em que se apresenta o objetivo
do trabalho, a ideia que originou seu desenvolvimento,
o embasamento teórico, entre outros; desenvolvimento,
em que a metodologia e os resultados obtidos são
discutidos e teorizados; e conclusão, em que se apresenta
a consideração final sobre o assunto, demonstrando os
resultados da investigação. Está correta, assim, a alternativa D.
A alternativa A está incorreta, pois a função de um trabalho
acadêmico não é complementar perspectivas críticas, mas
analisar determinado assunto a partir de uma investigação
teórica – e algumas vezes prática. A alternativa B está
incorreta, pois não é objetivo do trabalho acadêmico funcionar
como ensinamento para alunos e professores de outras
universidades, mas, antes, como fonte de consulta e
pesquisa sobre determinado assunto, investigado segundo
óptica predeterminada. A alternativa C está incorreta, pois os
trabalhos acadêmicos não têm a função de manter inalterada
a tradição de pesquisa e divulgação. Como mencionado no
texto, embora a maioria dos trabalhos sigam determinado
modelo, este não é regra, e há trabalhos que o contrapõem.
A alternativa E está incorreta, pois não é função do trabalho
acadêmico, necessariamente, promover resolução para
problemas, mas sim investigá-los e compreendê-los.
QUESTÃO 19 3TX5
GÊ, L. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>.
Acesso em: 05 dez. 2017.
No cartum anterior, de maneira incomum ao gênero, há uma
sequência de quadros a fim de se estabelecer uma crítica
ao cenário político nacional. Para construir essa crítica,
o cartunista valeu-se das seguintes tipologias:
A. Argumentativa e expositiva.
B. Argumentativa e narrativa.
C. Expositiva e dissertativa.
D. Narrativa e expositiva.
E. Narrativa e descritiva.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
Alternativa B
Resolução: No cartum em análise, apenas por meio da
linguagem imagética, o cartunista critica o cenário político
brasileiro, valendo-se de diferentes tipologias textuais.
Primeiramente, por meio da narração, ele relata uma história
evidenciada pela sequência de acontecimentos: no início,
vê-se um urubu, depois outro, depois vários, mostrando a
aglomeração gradual que vai se dando em torno de algo
ainda não identificado. Depois, verifica-se que os urubus
estão sobrevoando o Brasil; um deles, em primeiro plano,
tem água na boca, evidenciando fome, como se houvesse
avistado comida. A partir da abertura do quadro, constrói-se
a argumentação. Sabe-se que urubus se alimentam de
carniça, logo, ao sobrevoarem o Brasil em bando, há a ideia
de que no país há alimentos – carne podre – abundante,
numa alusão ao cenário político brasileiro, repleto de
corrupção e desonestidade. Ainda, pode-se entender que
os próprios urubus são uma metáfora dos políticos, que
sobrevoam o país buscando consumi-lo. Está correta, assim,
a alternativa B. As alternativas A, C e D estão incorretas,
pois embora sejam empregadas as tipologias argumentativa
e narrativa, as tipologias expositiva e dissertativa não se
fazem presentes, haja vista que dizem respeito à exposição
de fatos, o que não é evidenciado na imagem. A alternativa E
está incorreta, pois não há descrição de elementos, cenários
ou personagens, tampouco caracterização dos urubus ou
do Brasil de acordo com suas qualidades. Logo, a tipologia
descritiva também não foi empregada.
QUESTÃO 20 VX3Ø
Os povos indígenas usavam muito o arco e flecha como
arma de guerra. Atualmente, ele é usado para a caça, pesca
e rituais, e tornou-se também uma prática esportiva, sendo
disputada entre aldeias e até com não indígenas.
[...] A primeira atividade no âmbito esportivo intertribal
que se tem notícia ocorreu em 1997, no I Jogos dos Povos
Indígenas, realizado em Goiânia. [...] Nessa primeira edição
dos Jogos Indígenas, foram usadas as flechas cedidas
pela organização dos jogos, não havendo um grande
aproveitamento na precisão dos lançamentos. Nos outros
jogos que se seguiram nas cidades de Guaíra-PR (1999)
e Marabá-PR (2000), cada competidor trouxe os seus
próprios arcos e flechas. Segundo Terena, “ao trazer seu
próprio equipamento, o atleta aprimorou sua demonstração
e possibilitou o uso mais apurado, pois sendo um objeto de
uso pessoal, permitiu o exercício da técnica de cada guerreiro
ao retesar a corda, na calibragem da flecha e na habilidade
de seu lançamento”.
Disponível em: <http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br>.
Acesso em: 05 jun. 2018.
A prática do arco e flecha é tradição entre os povos indígenas
do Brasil e tornou-se também uma prática esportiva.
A mudança ocorrida entre os primeiros Jogos dos Povos
Indígenas e suas edições subsequentes demonstra a
LCT – PROVA I – PÁGINA 13
A. importância da participação de competidores não
indígenas.
B. ausência de familiaridade dos não índios com a
ferramenta.
C. rivalidade entre as tribos indígenas envolvidas nos
jogos.
D. inadequação dessa ferramenta ao evento competitivo.
E. estreita relação entre o guerreiro e seu equipamento.
Alternativa E
Resolução: Segundo o trecho, o arco e flecha era um
instrumento tradicionalmente usado para a guerra e,
atualmente, teve seu uso transposto para a prática
esportiva, entre outras. Na primeira edição dos Jogos
dos Povos Indígenas, foram usadas flechas cedidas pela
organização do evento, o que prejudicou a precisão dos
lançamentos realizados. Para as edições seguintes, cada
competidor levou seu próprio equipamento. Como o arco
e flecha é de uso pessoal, cada competidor deve usar
equipamentos ajustados ao seu gosto e limite físico. A
melhora de desempenho observada com as suas próprias
flechas demonstrou a estreita relação entre o guerreiro e seu
equipamento, como aponta corretamente a alternativa E. A
alternativa A está incorreta porque os jogos são intertribais,
não contemplando competidores não indígenas, apesar de
o arco e flecha ser praticado também por não indígenas.
A alternativa B está incorreta porque os não índios são
familiarizados sim com a ferramenta, como comprovado pela
sua ocorrência em diversos povos do planeta. A alternativa
C está incorreta porque não foi relatada rivalidade entre as
tribos competidoras. A alternativa D está incorreta porque
a competição de arco e flecha precisou de adaptações
para contemplar o equipamento indígena, o qual é de uso
pessoal, o que não classifica a ferramenta como inadequada
ao evento.
QUESTÃO 21 N19V
Dança como expressão folclórica é um meio de
expressão natural e espontânea em que o corpo, integrando
o ritmo e a música, ocupa a dimensão espaço-tempo.
Na criança, a dança aparece muito cedo, logo que ela
domina a marcha. Na dança livre, a mobilidade do corpo,
os gestos, as posturas, as evoluções no espaço traduzem
os pensamentos do indivíduo, sua afetividade, o conteúdo
emocional de sua imaginação. É uma linguagem pela
qual se comunicam ideias não expressas verbalmente.
O homem da Pré-História já dançava para celebrar certos
ritos. O homem moderno dança nos momentos de lazer, pelo
prazer de doar seu corpo ao mundo e o de sentir-se próximo
de outrem. A dança, sobretudo quando codificada, é, com
efeito, profundamente social: constitui meio de integrar-se
a uma comunidade.
A dança folclórica é um baile cerimonial ou recreativo,
com passos simples e repetitivos executados por membros de
uma comunidade com laços culturais em comum, resultantes
de um longo convívio (transmitidos de geração a geração),
e troca de experiências. Não requer a presença de público;
LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 7 – 2018
funciona como fator de integração, celebrando eventos
de relevo ou como simples manifestações de vitalidade e
regozijo.
CÔRTES, G. P. Projeto Escola de Dança e Ritmo Sarandeiros:
Interface de Saberes. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão
Universitária, 2004. Disponível em: <https://www.ufmg.br>.
Acesso em: 05 jun. 2018.
Segundo o texto, a dança é uma expressão natural e
espontânea do ser humano, conforme observado
A. no prazer obtido da sua prática.
B. nos passos simples da dança folclórica.
C. na precocidade com que aparece nas crianças.
D. na possibilidade de expressão não verbal de ideias.
E. nos laços culturais estabelecidos entre os praticantes.
Alternativa C
Resolução: A dança é um meio de expressão natural ao ser
humano em que há integração dos movimentos corporais
sob um ritmo ditado pela música. Ela possibilita expressar
afetividade por meio de uma linguagem não verbal e possui
uma natureza profundamente social. Segundo o texto, ainda,
o fato de a dança se desenvolver muito cedo nas crianças
demonstra sua espontaneidade. Dessa forma, a alternativa
correta é a C. A alternativa A está incorreta porque o prazer
obtido na dança demonstra seu poder lúdico, mas não sua
espontaneidade. A alternativa B está incorreta porque os
passos simples da dança folclórica têm por objetivo incluir
os membros da comunidade, sem demonstrar, portanto,
espontaneidade. A alternativa D está incorreta porque
a expressão não verbal de ideias é apenas uma das
possibilidades da dança. A alternativa E está incorreta porque
os laços culturais são consequências da dança folclórica,
o que ilustra sua esfera social.
QUESTÃO 22 3G9B
No momento em que Aurélia, depois de passar o Lemos,
ia por sua vez entrar no gabinete, apareceu à porta da saleta
a Bernardina, velha a quem a menina protegia com esmolas.
A sujeita parara com um modo tímido, esperando permissão
para adiantar-se.
Aurélia aproximou-se dela com um gesto de interrogação.
– Quis vir ontem, segredou a Bernardina; mas não pude,
que atacou-me o reumatismo. Era para dizer que ele chegou.
– Já sabia!
– Ah! Quem lhe contou? Pois foi ontem, havia de ser
mais de meio-dia.
– Entre!
Aurélia cortou o diálogo, indicando à velha o corredor
que levava para o interior; e passando ao gabinete cerrou
a porta sobre si.
ALENCAR, José de. Senhora. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 16 mar. 2018.
A interrupção do diálogo é importante na construção do
texto, pois
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
A. permite vislumbrar nuances da personalidade de
Aurélia.
B. apresenta detalhes da casa e possibilita a ambientação
do leitor.
C. estabelece a dinâmica do relacionamento entre Aurélia
e Bernardina.
D. serve como um momento de respiro para o leitor por
tratar de amenidades.
E. reforça o aspecto cotidiano do contexto em que se
passa a trama da obra.
Alternativa E
Resolução: Em Senhora, romance urbano que retrata os
modos e costumes da cidade do Rio de Janeiro no século XIX,
a interrupção de Bernardina não afeta o desenrolar da trama,
pois a informação por ela trazida já era do conhecimento de
Aurélia, no entanto, a irrelevância da cena reforça o aspecto
cotidiano da obra. Nem todos os acontecimentos do dia a dia
são dignos de menção e, justamente por mostrar momentos
que não seriam mencionáveis, o autor corrobora com a
verossimilhança das vidas que descreve. Assim, a alternativa
correta é a E. As alternativas A e C estão incorretas, pois o
trecho não é suficiente para que se vislumbre a personalidade
das personagens ou a dinâmica entre elas. A alternativa B
está incorreta, pois a ambientação é parte importante
da coerência narrativa da obra e o trecho não apresenta
detalhamento suficiente para tal. Já a alternativa D está
incorreta, pois o autor não insere trechos na narrativa sem
que estes se prestem a algum propósito dentro da obra.
QUESTÃO 23 CAQY
Segundo Xavier (2004), o letramento digital é uma
necessidade contemporânea, que só tende a aumentar,
porque a nossa participação na nova era digital deve passar
necessariamente pelo aprendizado da leitura e da escrita
no contexto hipertextual, o qual deve mediar as nossas
relações de sujeito. Para ele, a nossa capacidade de ler o
mundo tende a ser alargada pelo hipertexto, consolidando
o processo definido primeiramente por Paulo Freire de que,
para ler a palavra, é necessário ler o mundo. Na sociedade
contemporânea, tanto a palavra quanto o mundo tendem a
se cruzar no contexto hipertextual da Internet.
Por fim, no caso específico do letramento digital que se
manifesta nos blogs, destacamos que os participantes deste
grupo colaborativo peculiar, que se envolve na produção
hipertextual dos blogs, se relacionam a partir de posições
com graus de influência diferenciados. Uma vez que o
autor do blog, que tem espaço maior e mais privilegiado
para a escrita nos posts, detém, certamente, um maior grau
de poder do que os seus leitores, que participam apenas
nas ferramentas de comentários. Em outras palavras, ao
tomarmos os blogs como espaço virtual para a produção de
escrita interativa, faz-se necessário que essa colaboração
seja estruturada e hierarquizada, visto que a maior parcela de
poder e influência na relação recai sobre o autor da página.
DANTAS, D.; GOMES, A. L. Questões de letramento e de gênero do
discurso em blogs. Disponível em: <http://www.ufjf.br>.
Acesso em: 07 jun. 2018 (Adaptação).
Segundo o autor, o letramento digital presente nos blogs se
caracteriza pelo(a)
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
A. compromisso com a correção do conteúdo publicado.
B. ambiente colaborativo para a produção dos textos.
C. relação de igualdade entre os sujeitos produtores.
D. valorização da palavra em vez do hipertexto.
E. reprodução das relações do mundo real.
Alternativa B
Resolução: Segundo o autor, o letramento digital manifestado
nos blogs se caracteriza pela existência de um grupo
interativo representado pelo autor do blog e por aqueles
que comentam nos posts. Assim, a produção hipertextual
acontece neste ambiente colaborativo, porém hierarquizado,
no qual o autor tem uma parcela de poder maior do que
aqueles que comentam. Portanto, está correta a alternativa B.
A alternativa A está incorreta porque o texto não contempla
a correção do conteúdo dos textos publicados nos blogs,
os quais podem ser dos mais variados gêneros, de literários
a jornalísticos. A alternativa C está incorreta porque o
autor do blog possui mais poder do que os leitores que
nele comentam. A alternativa D está incorreta porque a
palavra, conforme produzida no blog, é fundamentalmente
hipertextual, condizente com o contexto da Internet.
A alternativa E, por fim, está incorreta porque a escrita
interativa proporcionada pelo blog, apesar de hierarquizada,
é peculiar e não reproduz propriamente as interações fora
desse ambiente.
QUESTÃO 24 4EWT
A grande novidade introduzida pelos meios digitais
prende-se com o aparecimento de bibliotecas híbridas nas
quais os seus usuários podem desfrutar das vantagens de
acessar a bibliotecas digitais, bem como podem requerer
os serviços presenciais de um bibliotecário na orientação
da sua pesquisa. Esse fato traduz-se na necessidade das
bibliotecas em “incorporar o livro eletrônico como mais um
elemento do serviço bibliotecário” (Garcia, Díaz & Arévalo,
2011). Podemos, pois, inferir que esse tipo de biblioteca vem
dar resposta a variados tipos de públicos de bibliotecas,
correspondendo às suas necessidades diversificadas, uma
vez que “o que está em causa não é morte do livro ou o
fim das bibliotecas, mas sim o reposicionamento da leitura
enquanto prática cultural no contexto da emergência da
‘sociedade da informação’”, (Ventura, 2002).
CRISTÓVÃO, A. F. M. Disponível em: <https://repositorio.iscte-iul.pt>.
Acesso em: 05 jun. 2018 (Adaptação).
A biblioteca híbrida combina as vantagens da era digital
com o conceito tradicional de biblioteca. Identificam-se,
nesse novo modelo, características necessárias para sua
adequação à sociedade da informação, como
A. a priorização do indivíduo autônomo como público ideal.
B. a orientação mediada pelos funcionários das
bibliotecas.
C. a valorização do livro como fonte de conhecimento
irrefutável.
D. a substituição do acervo físico pelo digital sob uma
óptica ecológica.
E. o acesso às diversas possibilidades de leitura abertas
pelo hipertexto.
ENEM – VOL. 7 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 15
Alternativa E
Resolução: Com as novas tecnologias de pesquisa e o
crescente número de obras digitais – ou digitalizadas –, foi
necessária a modernização das bibliotecas em busca de
se adequarem a esse novo contexto. A biblioteca híbrida
combina as facilidades do acervo digital com os benefícios
de uma instalação física voltada para a pesquisa. A figura do
bibliotecário representa o conceito tradicional de biblioteca,
no entanto, nesse novo cenário, esse profissional vem
auxiliar no letramento digital, facilitando a experiência do
indivíduo. A biblioteca híbrida atende, então, tanto o indivíduo
que nasceu na sociedade da informação, familiarizado
com as tecnologias digitais, quanto o público que ainda
está transitando entre a mídia física e o acervo online.
Está correta, portanto, a alternativa E. A alternativa A está
incorreta porque a biblioteca híbrida contempla necessidades
diversificadas. A alternativa B está incorreta porque a
mediação entre o indivíduo e o saber proporcionada pelos
bibliotecários representa o conceito tradicional de biblioteca.
A alternativa C está incorreta porque a nova concepção de
biblioteca contempla outras fontes de saber que não só o
livro físico. Por fim, a alternativa D está incorreta porque há
a coexistência do acervo físico com o digital.
QUESTÃO 25 JTV9
Poeta do hediondo
Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!
Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultrainquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!
Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah! Certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto...
Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!
ANJOS, A. Eu e outras poesias. Porto Alegre: L&PM Editores, 2012.
Augusto dos Anjos se consagrou como poeta sombrio e
pessimista na literatura brasileira. Importante elemento da
sua produção poética, a metalinguagem se expressa no
poema anterior por meio de um eu lírico que se revela como
A. vítima da ingrata tarefa de romantizar liricamente a
existência humana.
B. porta-voz solitário das tristezas humanas,
negatividade e do luto.
C. ser atormentado pela lucidez e brilhantismo das
palavras amorosas.
D. sujeito elevado fadado a compilar os sofrimentos da
raça humana.
E. indivíduo ávido por conservar uma poética vinculada
ao prazer.
LCT – PROVA I – PÁGINA 16
Alternativa B
Resolução: No poema de Augusto dos Anjos, o eu lírico, na
última estrofe, evidencia a metalinguagem ao se referir a si
mesmo como um porta-voz solitário que canta a poesia dos
mortos, ou seja, aquele que guarda a dor, o luto e a tristeza
humana. Está correta, assim, a alternativa B. A alternativa A
está incorreta, pois o eu lírico não romantiza liricamente a
existência humana, mas a lamenta, expondo dor e sofrimento
em seus versos. A alternativa C está incorreta, pois não há
qualquer referência a palavras amorosas, mas, antes, uma
menção a dor e sofrimento, relacionados às desgraças
humanas. A alternativa D está incorreta, pois o eu lírico
não se posiciona como um sujeito elevado, mas sim como
uma “generalização do desconforto”, demonstrando-se
amargurado e melancólico. A alternativa E está incorreta,
pois o texto não menciona o prazer, mas, ao contrário,
o sofrimento, a dor, a solidão e o luto.
QUESTÃO 26 TMCW
TEXTO I
HONÓRIO, T. Trabalho. Ferramentas, 2013-17.
Museu de Arte de São Paulo – MASP.
TEXTO II
Trabalho  (2013/16)  surge a partir de um jogo de
relações – profissionais, pessoais e afetivas – entre Thiago
Honório e um grupo de trabalhadores da construção civil.
O artista negociou com pedreiros e mestres de obras a
troca ou doação de seus instrumentos ou suas ferramentas
de trabalho, que agora compõem esta instalação. São
pás, talhadeiras, escadas, picaretas, enxadas, marretas,
desempoladeiras, serrotes, foices roçadeiras, rolos, pincéis,
espátulas, entre outros, que foram utilizados no restauro de
uma antiga estação de fornecimento de energia da empresa
Light, um edifício da década de 1920 na praça da Bandeira,
centro de São Paulo, transformado no centro cultural Red
Bull Station.
Disponível em: <https://masp.org.br>. Acesso em: 08 jun. 2018.
Considerando o contexto de produção, a instalação de
Thiago Honório
A. representa a generosidade humana pela doação dos
instrumentos de trabalho.
da B. reconhece os trabalhadores como peças constituintes
de um ambiente artístico.
C. dialoga por meio da prosopopeia, conferindo
personificação às ferramentas expostas.
D. contempla a dádiva da inspiração divina, geradora da
arte por meio do trabalho do artista.
E. contrasta o moderno e o tradicional com a inserção de
elementos rústicos no ambiente refinado.
ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Alternativa B
Resolução: A obra de Thiago Honório opera por meio da
metalinguagem ao reconhecer a presença do trabalhador
como parte do processo artístico. As ferramentas dos
trabalhadores, usadas para restaurar um edifício que hoje
abriga um centro cultural, remetem àquelas usadas por
um artista na criação das obras de arte, no entanto, na
instalação, elas mesmas são expostas como esculturas.
A alternativa correta, portanto, é a B. A alternativa A está
incorreta porque a doação das ferramentas não tem
por intuito representar a generosidade nem ilustra uma
operação metalinguística. A alternativa C está incorreta
porque as ferramentas representam de forma metonímica
o artista e o trabalhador, sem ocorrência de prosopopeia
ou personificação. A alternativa D está incorreta porque a
instalação rompe com a ideia clássica de inspiração divina
ao reconhecer o trabalho do ser humano para se alcançar
a arte. A alternativa E está incorreta porque o rompimento
estético com as belas artes não representa um diálogo
metalinguístico.
QUESTÃO 27 YFP6
Lamentamos informar que, em voo realizado por
essa Companhia, no trecho Maceió / São Paulo, no dia
21/01/05, detectamos que a mala de viagem pertencente
a nosso Diretor-Presidente, Dr. YY, sofreu sérias avarias,
o que terminou por danificar permanentemente alguns
de seus mais estimados pertences. Estamos cientes de
que os objetos que sofreram estragos são relativamente
fáceis de ser substituídos, o fato que nos desapontou
de maneira significativa foi a maneira relapsa com que
nosso ilustre Diretor foi tratado quando de sua reclamação
verbal junto ao balcão de informações da Companhia.
Sendo assim, informamos que entraremos com pedido de
reembolso junto ao Departamento Financeiro de sua empresa
para podermos recuperar, pelo menos, o prejuízo material,
porque, no quesito confiança, a relação entre nossa empresa
e a XX sofreu um considerável abalo.
Disponível em: <http://alb.com.br/>. Acesso em: 12 maio 2016
(Adaptação).
A contra-argumentação é uma estratégia persuasiva
comumente observada em cartas de reclamação. No texto,
o contra-argumento é construído pelo uso de
A. advérbio de negação.
B. conector adversativo.
C. modo verbal subjuntivo.
D. adjetivos enaltecedores.
E. substantivo de valor negativo.
Alternativa B
Resolução: O texto revela a reclamação de um cliente que
teve sua bagagem avariada durante um voo de Maceió
a São Paulo. Assim, além de expor o fato, há também
uma argumentação, em que o autor busca convencer a
empresa da insatisfação causada. No entanto, para tal,
o autor antecipa-se à argumentação de seu interlocutor,
numa estratégia conhecida como contra-argumentação.
O elemento linguístico que pode impor esse sentido é o
conector adversativo, o qual, embora ausente no texto,
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
faz-se perceber implicitamente pela estruturação das ideias.
No trecho “Estamos cientes de que os objetos que sofreram
estragos são relativamente fáceis de ser substituídos”, o
autor recorre ao argumento que a empresa poderia usar
para resolver a situação; já no trecho que vem em sequência,
“o fato que nos desapontou de maneira significativa foi a
maneira relapsa com que nosso ilustre Diretor foi tratado
quando de sua reclamação verbal junto ao balcão de
informações da Companhia”, há a contra-argumentação.
Entre esses trechos, poderia ser inserido um conectivo
adversativo, como “mas” ou “porém”. Portanto, a alternativa
correta é B.
QUESTÃO 28 796T
Elevação
Por sobre os pantanais, os vales orvalhados,
As montanhas, os bosques, as nuvens, os mares,
Para além do ígneo sol e do éter que há nos ares,
Para além dos confins dos tetos estrelados,
Flutuas, meu espírito, ágil peregrino,
E, como um nadador que nas águas afunda,
Sulcas alegremente a imensidão profunda
Com um lascivo e fluido gozo masculino.
Vai mais, vai mais além do lodo repelente,
Vai te purificar onde o ar se faz mais fino,
E bebe, qual licor translúcido e divino,
O puro fogo que enche o espaço transparente.
Depois do tédio e dos desgostos e das penas
Que gravam com seu peso a vida dolorosa,
Feliz daquele a quem uma asa vigorosa
Pode lançar às várzeas claras e serenas;
Aquele que, ao pensar, qual pássaro veloz,
De manhã rumo aos céus liberto se distende,
Que paira sobre a vida e sem esforço entende
A linguagem da flor e das coisas sem voz!
BAUDELAIRE, C. As flores do mal. Tradução de Ivan Junqueira.
São Paulo: Nova Fronteira, 2012.
Charles Baudelaire se insere no prenúncio do movimento
simbolista na França, figurando como um dos principais
poetas desse período. “Elevação” representa os ideais
simbolistas pelo(a)
A. tom que evoca o aspecto místico.
B. paisagem que representa a natureza.
C. conservadorismo que rege a crítica social.
D. linguagem denotativa que descreve a realidade.
E. execução dos princípios que remetem ao Iluminismo.
Alternativa A
Resolução: Os traços simbolistas do autor francês Charles
Baudelaire são permeados com temática romântica.
Ao se valer de descrições não objetivas, representando
a realidade pela óptica do inconsciente, o Simbolismo
intensifica o misticismo, já presente na poesia romântica,
e se opõe à rigidez parnasiana. O tom evocativo da poesia
demonstra, ainda, a busca pela compreensão do mundo
no espaço das abstrações “Que paira sobre a vida e sem
ENEM – VOL. 7 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 17
esforço entende / A linguagem da flor e das coisas sem voz!” e, por sua linguagem sugestiva, reforça a mística do poema.
A alternativa correta é, então, a A. A alternativa B está incorreta, pois a representação da natureza é característica marcante
da poesia árcade, com seu tom escapista. A alternativa C está incorreta, pois o texto de Baudelaire, bem como o Simbolismo,
não se caracterizam por engajamento político. A alternativa D está incorreta, pois a linguagem do poema de Baudelaire
é subjetiva, não havendo, portanto, o objetivismo da linguagem denotativa. A alternativa E está incorreta, pois a temática
simbolista busca o afastamento do racionalismo e do intelectualismo, muito presentes no Iluminismo.

QUESTÃO 29 ØDCO

Disponível em: <veredasdalingua.blogspot.com>. Acesso em: 11 jun. 2015.

A fala da personagem no segundo quadrinho apresenta, em relação à fala do primeiro quadrinho, uma informação cujo
sentido é
A. comparativo.
B. denotativo.
C. literal.
D. qualitativo.
E. temporal.
Alternativa D
Resolução: No primeiro quadrinho, a personagem caracteriza os castelos de areia por meio de uma oração subordinada
adjetiva restritiva. Logo, caracteriza os castelos de areia, qualificando-os. A fala do segundo quadrinho mantém com a do
primeiro, assim, uma relação qualitativa, conforme corretamente identificado na alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois
o sentido da fala no segundo quadrinho não é comparativo. Há comparação no primeiro quadrinho apenas, em que “sonhos”
são equiparados a “castelos de areia”. As alternativas B e C estão incorretas, pois o sentido, nesse caso, é conotativo, e não
denotativo ou literal, haja vista que se emprega a linguagem figurada em “sabor das ondas”. A alternativa E está incorreta,
pois as falas nos dois primeiros quadros não mantêm entre si uma relação temporal, visto que a expressão “desfazem ao
sabor das ondas” não indica o período em que isso ocorre.

QUESTÃO 30 SHJJ
Agosto 1964 
Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo
num ônibus Estrada de Ferro – Leblon.
Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentira.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógios de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
que a vida
eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito
policial-militar.
Digo adeus à ilusão
mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,

LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO

 da humilhação, da tortura,
do terror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato,
um poema,
uma bandeira.
GULLAR, F. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.
Publicado em 1975, o poema de Ferreira Gullar aborda,
desde o título, a realidade política brasileira dos anos 1960,
marcada pela Ditadura Militar. Construídos como forma de
resistência, os versos que projetam o fazer poético como
forma de engajamento são:
A. “viajo / num ônibus Estrada de Ferro – Leblon”.
B. “Volto do trabalho, a noite em meio, / fatigado de
mentira”.
C. “Digo adeus à ilusão / mas não ao mundo. Mas não à
vida”.
D. “O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud, / relógios de
lilases, concretismo”.
E. “do terror, / retiramos algo e com ele construímos um
artefato”.
Alternativa E
Resolução: Nos últimos versos da estrofe, percebe-se que
o fazer poético é tido como uma forma de engajamento,
luta, resistência, ao evidenciar que “do terror, / retiramos
algo e com ele construímos um artefato, / um poema, /
uma bandeira.” Ou seja, a partir do terror da Ditadura
Militar, o poeta constrói seus versos, que funcionam como
uma bandeira de resistência contra o governo ditatorial.
Está correta, assim, a alternativa E. As demais alternativas
estão incorretas, pois os versos nelas citados não incitam a
luta e a resistência, mas narram os acontecimentos vistos e
vivenciados pelo eu lírico.
QUESTÃO 31 1BØ6
TEXTO I
Disponível em: <http://www.grupocorpo.com.br/obras/21#fotos>.
Acesso em: 22 fev. 2016.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
TEXTO II
Quando se vê o Grupo Corpo dançando, é como se as
questões do trânsito entre a natureza e a cultura estivessem
sendo bem respondidas. São os diversos Brasis, o passado
e o futuro, o erudito e o popular, a herança estrangeira e a
cor local, o urbano e o suburbano, tudo ao mesmo tempo
sendo resolvido como arte. Arte brasileira. Arte do mundo.
KATZ, H. Disponível em: <http://www.grupocorpo.com.br/companhia>.
Acesso em: 22 fev. 2016.
No texto II, da professora e crítica de dança Helena Katz, há
uma definição da identidade do Brasil vista no espetáculo 21,
da companhia Grupo Corpo. Essa identidade brasileira está
representada, no texto I, pelo(a)
A. composição do cenário com as tramas dos tecidos que
o constituem.
B. harmonia entre o cenário (natureza) e os bailarinos
(ambiente urbano).
C. presença de bailarinos de variadas etnias, mostrando a
pluralidade da cultura nacional.
D. figurino composto por vestes sumárias, representando
a simplicidade do povo brasileiro.
E. nomeação do espetáculo como “21”, indicando a
maturidade alcançada pela arte brasileira.
Alternativa A
Resolução: No texto I, a imagem do cenário evidencia uma
identidade brasileira marcada pela mescla entre velho e
novo, erudito e popular, estrangeiro e nacional, urbano e
suburbano, assim como mencionado no texto II. As diversas
cores, texturas e estampas ilustram uma identidade brasileira
em que elementos de diferentes épocas, povos e culturas
convergem para um todo disforme e, ao mesmo tempo,
coeso, que se mistura e se completa, formando uma arte
tipicamente nacional. Está correta, assim, a alternativa A.
A alternativa B está incorreta, pois o cenário não representa
a natureza, tampouco os bailarinos representam o urbano,
havendo, em ambos, uma mescla de elementos que unem
um pouco de cada uma dessas partes. A alternativa C
está incorreta, pois, embora a variedade étnica seja uma
característica da identidade brasileira, não é este o elemento
cênico responsável por traduzir a identidade nacional no
espetáculo. A alternativa D está incorreta, pois o figurino
harmoniza com o cenário, representando o mesmo estilo de
estampa e textura, não se podendo classificar tal figuração
como sumária, tampouco inferir que ela representa a
simplicidade do povo brasileiro, mas antes sua variedade,
sua mistura e diversidade. A alternativa E está incorreta,
pois não se pode inferir, do texto, que o nome do espetáculo
tenha relação com a maturidade artística brasileira.
QUESTÃO 32 UF61
D. Maria,
Desviaram dinheiro do INPS1 para a construção da ponte
Rio-Niterói e da hidroelétrica de Itaipu. Todo mundo sabe
como muitas das grandes empresas particulares e estatais
dão calote no INPS.
ENEM – VOL. 7 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 19
 Aí, claro, deu esse furão que eles dizem existir porque
estamos gastando demais com assistência médica. Mentira!
90% da população brasileira corre do INPS.
Bão, mas repetiram esta gigantesca mentira mil vezes e
agora vão decretar o aumento da nossa contribuição para 10%.
Vamos lá, gente: o povo acaba de decretar um aumento
de 10% nas doenças!
Viva a tuberculose!
Viva a meningite!
A bênção do seu perebinha,
Henfil
HENFIL. Cartas da mãe. Disponível em: <http://www.culturabrasil.org/
henfil_cartas_da_mae.htm>. Acesso em: 05 jun. 2015.
1 - INPS: Instituto Nacional de Previdência Social
Ao longo das décadas de 1970 e 1980, o cartunista mineiro
Henfil publicou em periódicos como O Pasquim e IstoÉ
diversas cartas, normalmente destinadas à sua mãe,
Dona Maria, abordando os mais variados assuntos.
A partir desse contexto sociocomunicativo, o autor relaciona,
propositalmente, a(s)
A. linguagem formal e expressões de cunho oral,
o que revela que a modalidade linguística escolhida é
inadequada.
B. esferas privada e pública, de modo que, embora se
remeta à mãe, o autor também se comunique com a
população brasileira.
C. assistência médica a preços inacessíveis e o aumento
no número de doenças infecciosas, para mostrar o mau
gerenciamento da saúde pública.
D. exaltação das doenças e seu aumento desenfreado,
o que mostra alienação em relação à situação da saúde
pública de então.
E. informações objetivas e os dados estatísticos,
resultando em um texto de natureza essencialmente
jornalística.
Alternativa B
Resolução: O cartunista Henfil, ao publicar em jornais de
grande circulação cartas aparentemente endereçadas à
sua mãe, mescla as esferas públicas e privadas, em uma
estratégia de comunicação com o povo brasileiro por meio
de uma linguagem mais informal, intimista – assim como é
o tom de quem conversa com a própria mãe. Está correta,
assim, a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois não
se pode classificar a modalidade linguística escolhida por
Henfil como inadequada, haja vista que atende ao propósito
comunicativo de seus textos: dirigir-se à população brasileira
por meio de um suporte de grande circulação (formal),
simulando uma escrita direcionada para sua mãe (oralidade).
A alternativa C está incorreta, pois o autor não relaciona
propositalmente essas duas esferas com objetivo de mostrar
o mau gerenciamento da saúde púbica, mas sim de criticar o
desvio de verbas do INPS para a construção da ponte Rio-
-Niterói. A alternativa D está incorreta, pois o cartunista não
se mostra alienado em relação à saúde pública, ao contrário,
LCT – PROVA I – PÁGINA 20
demonstra conhecer o assunto, tanto que critica o desvio de
verbas que deveria ser destinado a isso. A alternativa E está
incorreta, pois o autor não apresenta informações objetivas,
mas sim dados subjetivos, analisados de acordo com sua
própria óptica, expondo um tom informal e não apropriado
à esfera jornalística, embora totalmente adequado ao seu
objetivo comunicativo.
QUESTÃO 33 38NO
Disponível em: <http://blog.cancaonova.com>.
Acesso em: 27 jan. 2016.
Os ditados traduzem a sabedoria popular e são utilizados
para explicar práticas e posturas dos indivíduos. Com base
na interpretação dos elementos verbais e não verbais da
imagem anterior, infere-se que o ditado que se adapta ao
contexto estabelecido é:
A. “Assombração sabe para quem aparece.”
B. “Quanto mais rezo, mais assombração me aparece.”
C. “É de menino que se torce o pepino.”
D. “Filho criado, trabalho dobrado.”
E. “Casamento e mortalha no céu se talha.”
Alternativa C
Resolução: O ditado popular “É de menino que se torce
o pepino” está relacionado à prática dos agricultores de,
no início da plantação, fazerem uma pequena poda nos
pepinos para que eles possam crescer da forma correta.
Isso significa, então, que a educação e os valores devem
ser passados para os indivíduos desde cedo, porque é
na infância que se molda o caráter. No texto em análise,
vê-se uma criança que desde cedo apresenta valores
consumistas e capitalistas, os quais teriam sido aprendidos
prematuramente com os pais, como sugere o ditado.
Está correta, assim, a alternativa C. As demais alternativas
estão incorretas, pois os ditados apresentados nelas
não se relacionam à imagem. Na alternativa A, o ditado
sugere que as situações acontecem com quem estão mais
suscetíveis a elas. Na alternativa B, o ditado significa que,
quanto mais a pessoa evita acontecimentos negativos,
mais eles ocorrem. Na alternativa D, o ditado significa
que, depois que o filho já está criado e não precisa
mais dos cuidados dos pais, ele ganha sua própria
liberdade, mas não necessariamente responsabilidade,
ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
e pode ter atitudes incorretas e inadequadas, exigindo mais
trabalho ainda por parte dos pais. É muito usado para se
referir ao período da adolescência. Na alternativa E, o ditado
é usado geralmente quando alguém tem um relacionamento
com uma pessoa que apresenta defeitos, mas aquele só
consegue enxergar as qualidades.
QUESTÃO 34 VCTJ
No imenso metro entre nós
Talvez você não seja mais que isto: alguém,
de costas, tenta acender um cigarro ao vento.
Um oceano abstrato vem bater em nosso quarto.
É preciso cuidado, não são poucas e são altas suas
ondas;
escuto, mas quem compreenderia a valsa
dos afogados, feita de uma boca intraduzível?
O vento dispersa o que eu diria, não chego a você,
a seus ouvidos; assim também minha mão
que desmorona antes de alcançar seu rosto onde
do que entre nós alguma vez foi nítido embaraçam-se
os fios; o vento derrama seus olhos para longe,
dessalga e seca nos meus a hipótese da queixa;
Vento da noite, que espalha suas pedras negras
no imenso metro entre nós.
Talvez o mundo mais perfeito seja apenas isto:
Você, enfim, acende seu cigarro.
FERRAZ, E. Escuta. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
Em geral, o texto poético vale-se de uma linguagem
predominantemente subjetiva, que pode se manifestar pela
presença de figuras de linguagem. No poema de Eucanaã
Ferraz, a personificação é uma dessas figuras de linguagem,
identificada em:
A. “alguém, / de costas, tenta acender um cigarro ao vento.”
B. “Um oceano abstrato vem bater em nosso quarto.”
C. “mas quem compreenderia a valsa / dos afogados, feita
de uma boca intraduzível?”
D. “do que entre nós alguma vez foi nítido embaraçam-se /
os fios”
E. “Talvez o mundo mais perfeito seja apenas isto”
Alternativa B
Resolução: A prosopopeia é a figura de linguagem que
consiste em atribuir características humanas a seres
inanimados. No poema, essa figura pode ser observada no
verso “Um oceano abstrato vem bater em nosso quarto”,
em que o oceano assume uma característica própria do
ser humano (“bater”). Está correta, assim, a alternativa B.
As alternativas A e C estão incorretas, pois remetem, de
fato, a pessoas, não apresentando, portanto, personificação.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
A alternativa D está incorreta, pois “os fios embaraçam-se”
não consiste em uma personificação, já que “embaraçar-se”
não é uma ação exclusiva de seres humanos. A alternativa E
está incorreta, pois também não apresenta personificação,
mas sim uma qualificação do mundo como perfeito,
caracterização atribuída a seres animados ou inanimados.
QUESTÃO 35 NGZE
Existe peleumonia
Eu mesma já vi várias. Incrusive com febre interna que
o termômetro num mostra. Disinteria, quebranto, mal olhado,
impingi, cobreiro, vento virado, inpinhela caída. Eu tô aqui
pra mode atestá. Quem sabem o que tem é quem sente.
E eu quero ouvir ocê desse jeitinho. Mode a gente se
entende. Por que pra mim foi dada a chance de conhece as
letra e os livro. Pra você, só deram chance de dizê.
Pode dizê. Eu quero ouvir.
ROCHA, J. Disponível em: <https://www.facebook.com>.
Acesso em: 14 dez. 2016.
O texto, publicado em uma rede social, é a resposta de
uma médica a um colega que debochou do modo de falar
de um paciente. Com base nisso, infere-se que a médica
optou por utilizar determinada linguagem, pois
A. as redes sociais permitem a utilização de linguagem
coloquial.
B. a sua intenção é ironizar o ocorrido e apoiar a atitude
do colega.
C. o seu objetivo é demonstrar uma aproximação com os
pacientes.
D. o contexto profissional em que ela se insere exige a
informalidade.
E. os termos médicos devem ser evitados para trazer
clareza ao paciente.
Alternativa C
Resolução: Em julho de 2016, ganhou notoriedade o caso
de um jovem médico que debochou de um paciente em
rede social devido ao fato de este não saber pronunciar
corretamente a palavra “pneumonia”. Várias foram as
repercussões, inclusive de muitos outros médicos se
mostrando contra a postura do colega, como é o caso da
médica que escreveu o texto em análise. Nele, a profissional
usa a linguagem criticada pelo colega – coloquial e oral – para
criar uma aproximação com os pacientes e com o modo de
dizer de muitos deles, revelando não haver problema em
falar “errado”, pois ela está ali para ouvi-los. A alternativa
que apresenta corretamente esse entendimento é a C.
Está incorreta a alternativa A, pois, embora as redes sociais
permitam o uso da linguagem coloquial, não foi esse fator
que motivou a escolha lexical da médica, mas sim o apoio
aos pacientes, em especial àquele que sofreu o preconceito
linguístico por parte do médico. A alternativa B também
está incorreta, pois a médica não tem intenção irônica nem
demonstra apoio ao colega, mas sim contestação ao seu
deboche. A alternativa D está incorreta, pois o contexto de
atendimento médico não pressupõe a linguagem coloquial,
LCT – PROVA I – PÁGINA 21
sendo, na verdade, muito comum nesse meio o emprego de uma linguagem mais formal. No entanto, para facilitar a comunicação
entres médicos e pacientes com pouca instrução, a linguagem informal deve sim ser empregada, como inferido do texto. A
alternativa E está incorreta, pois termos médicos não devem ser evitados, mas sim devidamente explicados a pacientes, para
que tenham total conhecimento de seu quadro.

QUESTÃO 36 XAG1

Ando vadiando demais

vagabundeando
[...]
Quero dizer que ando flanando por aí
sem emprego
com ódio do mundo.
Mas, como sou mulher,
não posso ser vadia
[...]
Se fosse Ricardo,
se fosse Fernando
ou Chico
seria flâneur
[...]
Só mais um intelectual boêmio.
– e ainda soa charmoso. –
Mas não sou nada disso,
sou apenas Maria
e Maria, como sabem
é vai com as outras
é xingamento
Maria é
(insira aqui algum objeto que me rotule como mulher que gosta de namorar homens de profissão específica)
Maria é mulher-objeto
Maria somos todos nós contra o mundo.
COELHO, D. Disponível em: <https://medium.com>. Acesso em: 28 jun. 2018.

A poesia contemporânea caracteriza-se por retomar e atualizar questões da sociedade. Em seu poema, Damy Coelho critica a
A. intelectualidade limitada dos homens.
B. desunião das mulheres no ativismo social.
C. negação à contribuição intelectual feminina.
D. naturalização da posição inferior das mulheres.
E. hegemonia dos homens nas posições de poder.
Alternativa D
Resolução: No poema contemporâneo de Damy Coelho, a poeta critica o modo como a sociedade encara a mulher, tida
naturalmente como inferior ao homem pelo simples fato de ser mulher. Prova disso são os versos “se fosse Ricardo, /
se fosse Fernando / ou Chico / [...] / Só mais um intelectual boêmio / [...] / sou apenas Maria / [...] é xingamento”,
em que o eu lírico evidencia o tratamento diferenciado dado a homens e a mulheres. Enquanto aqueles são considerados
intelectuais, estas são consideradas objetos, xingamento. A alternativa que apresenta corretamente essa interpretação é a D.
A alternativa A está incorreta, pois a poeta não critica a intelectualidade dos homens, mas sim o fato de apenas estes serem
considerados intelectuais. A alternativa B está incorreta, pois não há, no texto, uma crítica à desunião das mulheres, mas, ao
contrário, uma afirmação que reforça essa união: “Maria somos todos nós contra o mundo”. Ou seja, todas as mulheres são
Marias, são vítimas do machismo, do preconceito, de xingamentos. Estão todas elas unidas contra o mundo. A alternativa C
está incorreta, pois o eu lírico não critica necessariamente a negação da intelectualidade feminina, mas o fato de as mulheres
não poderem agir com liberdade, como os homens, sem serem caracterizadas por xingamentos. Um homem que vadia por
aí, como mencionado no poema, é considerado um intelectual boêmio. Uma mulher que faz o mesmo é alvo de xingamento.
A alternativa E está incorreta, pois a crítica do poema não está voltada à hegemonia dos homens em posições de poder,
embora isso seja um fato, mas sim à inferiorização natural com que as mulheres são tratadas.

LCT – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO

QUESTÃO 37 PEMW

Disponível em: <https://www.denatran.gov.br/contran.htm>. Acesso em: 20 mar. 2018.

As campanhas publicitárias argumentam com o público-alvo no intuito de sensibilizá-lo para o problema discutido. Na campanha
em pauta, a estratégia argumentativa é o(a)
A. destaque à importância do celular para a informação de trajetos, desde que o aparelho não seja atendido.
B. uso do humor para alertar pedestres sobre os cuidados necessários durante a travessia de ruas e avenidas.
C. apelo para as consequências legais e possíveis ações punitivas do uso de celular no trânsito por motoristas.
D. emprego de imagem impactante para chocar o interlocutor e ressaltar a importância da atenção nas rodovias.
E. jogo entre “atender” e “desligar” para estabelecer relação entre o uso do celular no trânsito e os acidentes fatais.
Alternativa E
Resolução: O slogan da campanha, “Atendeu o celular e desligou a vida”, vale-se da relação de oposição entre entre
“atender” e “desligar” para associar o uso do aparelho celular no momento da direção às mortes causadas pelos
acidentes de trânsito. Desse modo, quando o motorista decide atender o celular, ele está assumindo o risco de morte
para si e para outros, uma vez que sua atenção na via fica prejudicada. A alternativa correta, por conseguinte, é a E.
A alternativa A está incorreta, pois a campanha tem por objetivo desencorajar o uso do celular durante a direção.
A alternativa B está incorreta, pois a estratégia da propaganda não passa pelo humor, mas sim por uma antítese que visa
alertar os motoristas. A alternativa C está incorreta, pois o apelo às leis de trânsito não é o principal objetivo da propaganda,
o que é notável pela diferença de tamanho entre as fontes utilizadas para o slogan e para o alerta à ilegalidade de se atender
o celular. A alternativa D está incorreta, pois o foco da propaganda está no seu texto verbal, apesar do reforço obtido com a
imagem do carro amassado, ilustrando o risco de acidentes relacionado ao uso de celulares.

QUESTÃO 38 BWAY

Disponível em: <http://www.nce.ufrj.br>. Acesso em: 18 dez. 2017.

Hipertexto é o termo que remete a um texto ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de
palavras, imagens ou sons cujo acesso se dá por referências específicas. A imagem anterior mostra o funcionamento básico
de um hipertexto, destacando, como característica central, a

BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 23

A. transitoriedade.
B. linearidade.
C. velocidade.
D. segurança.
E. ligação.
Alternativa E
Resolução: A característica geral do hipertexto é a ligação
que os textos mantêm entre si. O hipertexto consiste em
relacionar diferentes textos – verbais, não verbais ou
sonoros – por meio de links, que fazem a conexão entre eles.
Está correta, assim, a alternativa E. A alternativa A está
incorreta, pois não se pode dizer que a transitoriedade é,
obrigatoriamente, uma característica do hipertexto, haja
vista que nem todos os textos relacionados entre si são
passageiros; muitos podem ser fixos em seus respectivos
suportes. A alternativa B está incorreta, pois a linearidade
não é uma característica do hipertexto; ao contrário, este
se caracteriza justamente por seu caráter não linear,
em que diferentes informações podem ser acessadas a
partir de um ponto inicial, sem que haja, necessariamente,
uma relação direta entre elas. Por exemplo, em um texto
sobre Chico Buarque, pode haver um link que permite o
hipertexto para um texto sobre a MPB, que por sua vez se
relaciona com um texto sobre estilos musicais brasileiros, que
leva a um texto sobre funk, e assim por diante. A alternativa C
está incorreta, pois a velocidade não é a característica
central do hipertexto, haja vista que ele não torna a leitura
necessiariamente mais rápida. A alternativa D está incorreta,
pois a segurança também não é uma característica do
hipertexto, sendo possível, por meio das diferentes ligações,
ser levado a informações não confiáveis ou, no caso da
Internet, a sites de acesso inseguro.
QUESTÃO 39 4ØGT
Epitáfios
De um humorista:
Aqui jaz uma gargalhada cercada de choro por
todos os lados.
De um chofer de praça:
Sua única corrida sem cobrar a volta.
De um caçador:
Foi o dia da caça.
De um mocinho de cinema:
Fora da tela bastou um tiro.
De um prefeito:
Este foi o único buraco que ele não fez.
De um locutor:
E agora passemos a outro programa.
De um jogador:
Foi pego com cinco ases na mão.
De um toureiro:
O touro correu mais.
De um açougueiro:
A carne é fraca.
De um coveiro:
Chegou a minha vez.
ELIACHAR, Leon. Disponível em: <http://emaranhadodemaluquice.blogspot.
com.br/2012/drops-de-maluquice-21html>. Acesso em: 28 set. 2014
LCT – PROVA I – PÁGINA 24 ENEM – VOL. 7 – 2018
Considerando-se a intenção comunicativa e a forma do texto,
sua função de linguagem predominante é a
AA referencial, já que o texto cumpre o papel de informar a
morte de diferentes figuras da sociedade.
BB poética, uma vez que a intenção do autor é brincar com
definições e provérbios e dar significados inusitados a
frases simples.
CC metalinguística, pois o texto é um grande epitáfio que, ao
tecer considerações sobre epitáfios diversos, nega suas
características.
DD fática, porque epitáfios são uma forma socialmente aceita
de um morto manter interlocução com os vivos.
EE emotiva, pois o texto é subjetivo e centrado nas impressões
do eu lírico diante das diferentes faces da morte.
Alternativa B
Resolução: O texto, criando intertextualidade entre
provérbios e epitáfios, emprega a função poética da
linguagem para criar um jogo de palavras. Um epitáfio é
caracterizado por apresentar dizeres no túmulo de alguém
que faleceu; assim o autor mescla essa ideia a ditos
populares com o objetivo de gerar humor. A alternativa
correta é, portanto, a B. A alternativa A está incorreta, pois
a função referencial não é empregada no texto, que não
busca apresentar informações objetivas sobre as profissões.
A alternativa C está incorreta, pois o texto não trata de si
mesmo, sendo, na verdade, um poema que promove humor
acerca de epitáfios. A alternativa D está incorreta, pois,
no texto, não ocorre função fática da linguagem, a qual é
utilizada para manter a comunicação em uma conversa. Além
disso, epitáfios não são textos que permitem a comunicação
dos mortos com os vivos, e sim textos escolhidos antes da
morte pela própria pessoa ou depois, por seus familiares ou
amigos. A alternativa E está incorreta, pois o texto não traz
traços de subjetividade, tampouco a presença de um eu lírico
discernível que tece considerações sobre o tema.
QUESTÃO 40 DUXG
A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no
outono de 1875, era conhecida na vizinhança da rua de
São Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas
Verdes, pela casa do Ramalhete ou simplesmente o
Ramalhete. Apesar desse fresco nome de vivenda
campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes
severas, com um renque de estreitas varandas de ferro
no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas
abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de
Residência Eclesiástica que competia a uma edificação
do reinado da Sr.ª D. Maria I: com uma sineta e com uma
cruz no topo assimilar-se-ia a um Colégio de Jesuítas.
O nome de Ramalhete provinha de certo de um revestimento
quadrado de azulejos fazendo painel no lugar heráldico do
Escudo das Armas, que nunca chegara a ser colocado,
e representando um grande ramo de girassóis atado por
uma fita onde se distinguiam letras e números de uma data.
QUEIRÓS, E. Os Maias. Porto: Livraria Ernesto Chardron, 1888.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Com o declínio da estética romântica, os escritores
passaram a retratar os sujeitos e as relações por uma
nova perspectiva. Nesse sentido, a descrição do espaço
no qual transitam as personagens no fragmento de Eça
de Queirós é fundamental, já que
A. o procedimento de composição dos cenários era
superior à descrição dos comportamentos humanos.
B. a necessidade maior era a de construir uma trama
alicerçada no contexto doméstico do mundo burguês.
C. a ambição estética predominante era a de tornar o
universo ficcional o mais próximo possível da realidade.
D. a disseminação de imagens não vinculadas ao poderio
e à riqueza da nobreza era considerada inadequada.
E. o cânone realista empenhava-se em capturar a
natureza atormentada dos indivíduos em ambientes
degradados.
Alternativa C
Resolução: Eça de Queirós foi um dos maiores representantes
da literatura realista portuguesa. Seguindo a tendência dessa
escola literária, suas obras, em especial Os maias, retratam
a realidade da época com linguagem que busca ser objetiva,
simples, verossímil. Nota-se, no fragmento em análise,
que a descrição do espaço – o casarão conhecido como
Ramalhete – é fundamental ao contexto da narrativa porque
aproxima o local da realidade, permitindo aos leitores criarem
uma imagem mental do edifício baseada em elementos
concretos. A alternativa que apresenta corretamente esse
entendimento é a C. A alternativa A também está incorreta
porque a composição dos cenários na narrativa colabora
para o entendimento do contexto em que se passa a história
e do perfil das personagens envolvidas, não podendo ser,
então, considerada superior. A alternativa B está incorreta
porque o Realismo, em seu aspecto literário, foi de encontro
aos ideais da sociedade burguesa retratada no Romantismo,
criticando seus valores e expondo a vida do indivíduo comum,
trabalhador, sofredor. A alternativa D está incorreta porque o
Realismo buscou retratar a realidade das pessoas comuns, e
não da nobreza. Logo, a disseminação dessas imagens está
aliada aos valores estéticos literários da época, nada tendo
de inadequada. Finalmente, a alternativa E está incorreta
porque não foi objetivo primário dos realistas registrar
personagens atormentados ou ambientes degradados,
mas sim a realidade como ela era. Caso a realidade
fosse degradante, e os indivíduos inseridos nela fossem
atormentados, então assim seria a descrição.
QUESTÃO 41 5Y3B
Numa noite de escuro, Antônio Silvino atacou o Pilar.
Não houve resistência nenhuma. A guarda da cadeia correra
aos primeiros tiros, e os poucos soldados do destacamento
ganharam o mato às primeiras notícias do assalto.
Os cangaceiros soltaram os presos, cortaram os fios do
telégrafo da estrada de ferro e foram à casa do prefeito
Napoleão para arrasá-lo. O comendador não estava no Pilar.
Mas d. Inês, a sua mulher, recebeu-os com uma coragem de
espantar. O capitão Antônio Silvino pediu as chaves do cofre
e ela, com o maior sangue-frio, foi-lhe dizendo que tudo que
era de chaves de responsabilidade estava com o marido.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
O cangaceiro ameaçou de botar fogo no estabelecimento
e d. Inês não se mostrara atemorizada. Era uma mulher
pequena, de cabelos brancos, de olhos vivos. Fizesse ele
o que bem quisesse. E ficou na sala de visitas, tranquila,
muda, enquanto os homens mexiam nos quartos, furavam
os colchões, atrás do dinheiro do velho Napoleão.
REGO, J. L. Fogo morto. São Paulo: José Olympio, 1968.
No trecho de Fogo morto, a abordagem estrutural das
personagens permite reconhecer o(a)
A. clichê do anti-herói em Antônio Silvino, que rouba dos
ricos no intuito de favorecer os oprimidos.
B. estereótipo do governante ausente na figura de
Napoleão, que revela a crítica ao governo vigente.
C. disparidade entre a impressão física de d. Inês e seu
comportamento, que transparece imperturbabilidade.
D. figura heroica nos soldados do destacamento,
que correm ao socorro das vítimas do ataque dos
cangaceiros.
E. complexidade das ações dos cangaceiros, que revela
novas camadas da sua motivação no desenrolar
da história.
Alternativa C
Resolução: A leitura de uma obra depende da aceitação das
personagens por parte dos leitores, de modo a construir a
impressão de uma verdade existencial legítima. Para tanto,
o autor pode se valer de personagens planas ou esféricas.
As personagens planas possuem personalidade previsível
por se tratarem de estereótipos, qual a figura dos cangaceiros
como bandidos impiedosos e da polícia do Sertão como
instituição meramente figurativa. As personagens esféricas,
por outro lado, possuem uma personalidade complexa que se
revela aos poucos por meio das suas ações, como observado
em d. Inês, que, apesar de pequena e aparentemente frágil,
é impassível perante a violência do ataque à sua casa.
Por isso, a alternativa correta é a C. As alternativas A e E
estão incorretas, pois Antônio Silvino é um cangaceiro,
termo que carrega consigo a marca do bandido violento
e impiedoso. A alternativa B está incorreta, pois o prefeito
Napoleão é meramente citado no trecho e a narrativa só faz
menção à sua riqueza. A alternativa D está incorreta, pois
os soldados representam no trecho a lei omissa diante da
instituição criminosa dos cangaceiros.
QUESTÃO 42 Y2A6
TEXTO I
Autismo: os avanços científicos por trás de um grande
enigma
Em 9 de setembro de 1930, nasceu Donald Triplett,
no Mississipi, Estados Unidos. Ele foi a primeira pessoa
que recebeu o diagnóstico oficial de autismo. O garoto
tinha 4 anos quando, em uma carta de 33 páginas, o pai,
Beamon, relatava o comportamento peculiar, desconectado
dos familiares, com indícios de uma inteligência fora
do padrão e alta capacidade de memorização de seu
filho ao psiquiatra Leo Kanner, chefe do departamento
de psiquiatria infantil do Hospital Johns Hopkins,
LCT – PROVA I – PÁGINA 25
um dos mais respeitados especialistas daquele tempo. “Ele
nunca demonstra alegria quando vê o pai ou a mãe. Parece
fechado em sua concha e vive dentro de si”, escreveu. Algum
tempo depois, Kanner apontava para um distúrbio até então
desconhecido, caracterizando uma síndrome específica.
As crianças observadas, segundo ele, tinham “lampejos
de brilhantismo”, “uso distintivo de linguagem” e “desejo
básico de solidão e mesmice”. Era o transtorno do espectro
autista, como é chamado atualmente pelos cientistas.
CUMINALE, N. Veja. 2540. ed. São Paulo: Abril, ano 50, n. 30, jul.
2017. p. 85, jul. 2017. [Fragmento]
TEXTO II
Autismo
Embora a reportagem sobre autismo seja da maior
relevância, dada a sua frequência elevada na população,
ela carece de informações indispensáveis. Nos últimos anos
houve um grande avanço no diagnóstico dessa afecção,
alcançado pela biologia molecular. É de fundamental
importância mencionar nessa área o trabalho desenvolvido
pelo Genoma, ligado ao Instituto de Biociências da
Universidade de São Paulo.
Thomaz Rafael Gollop Professor livre-docente de genética humana
Universidade de São PauloSão Paulo, SP
GALLOP, T. R. Veja. 2041. ed. São Paulo: Abril, ano 50, n. 31, 2017. p.
26, ago. 2017.
Com relação ao texto I, uma reportagem, o autor do texto II,
uma carta de um leitor,
A. elogia o espaço dado ao tema e pondera sobre os
dados fornecidos.
B. resume o posicionamento da jornalista para os leitores
leigos no assunto.
C. usa de sua autoridade no tema para desprezar a
abordagem da jornalista.
D. acrescenta informações que estão acessíveis na
mesma edição do periódico.
E. critica profissionais da comunicação pela falta de
informações sobre Biociência.
Alternativa A
Resolução: O texto II, uma carta do leitor, elogia ao texto I,
mas afirma que há dados que ficaram de fora e que poderiam
ser considerados, como o avanço do diagnóstico de
autismo na área de biologia molecular. Está correta, assim,
a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois o texto II
não apresenta um resumo do texto I, mas sim considerações
acerca do tema. A alternativa C está incorreta, pois o autor
do texto II, ainda que seja uma autoridade no assunto, não
despreza as informações fornecidas pela jornalista; ele, na
verdade, complementa-as. A alternativa D está incorreta,
pois a carta de leitor é publicada em edições seguintes
à edição em que consta o texto sobre o qual discorre,
como identificado nas referências dos textos; além disso,
as informações do autor do texto I não estão na mesma
edição da reportagem sobre autismo, fato que motivou sua
escrita. A alternativa E está incorreta, pois o texto II não
critica todos os jornalistas; mas apenas complementa as
informações da reportagem, não sem elogiá-la.
LCT – PROVA I – PÁGINA 26 ENEM – VOL. 7 – 2018
QUESTÃO 43 7WRT
Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário
público, certo de que a Língua Portuguesa é emprestada
ao Brasil; certo também de que por esse fato, o falar e
o escrever em geral, sobretudo no campo das letras,
se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente
censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo além,
que dentro do nosso país os autores e os escritores, com
especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante
à correção gramatical, vendo-se diariamente surgir azedas
polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso
idioma – usando do direito que lhe confere a Constituição,
vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani
como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 29 jun. 2018.
No romance de Lima Barreto, publicado em 1911, o
protagonista Major Quaresma luta para que o regime
republicano, recém--implantado no Brasil, modifique
aspectos da estrutura sociopolítica do país. No fragmento, a
personagem defende a adoção do tupi-guarani como língua
oficial brasileira, uma postura que revela
A. interesse de alguns escritores do início do XX em
valorizar as tradições das culturas locais do país.
B. propósito dos pré-modernistas de defender uma
estética primitivista que rejeite influências europeias.
C. traço romântico de uma obra que enxerga o brasileiro
nativo como um indivíduo puro, ingênuo e casto.
D. debate exacerbado e utópico sobre a identidade dos
brasileiros num contexto influenciado pelo indianismo.
E. projeto de defesa da diversidade racial que
alicerçou a produção artística dos intelectuais do
fim do século XIX.
Alternativa A
Resolução: A postura de Policarpo Quaresma, ao sugerir
a modificação do idioma oficial do país para o tupi-guarani,
revela, sarcasticamente, a intenção dos autores de então de
promover a cultura, a arte, e a história do Brasil, valores que
se tornariam mais presentes ainda na produção modernista.
Está correta, portanto, a alternativa A. A alternativa B está
incorreta, pois a sugestão do protagonista não está relacionada
a um desejo de rejeitar a influência europeia, mas antes de
valorizar a cultura e a linguagem nacional. A alternativa C está
incorreta, pois a obra de Lima Barreto pertence ao período
pré-modernista, e não ao Romantismo, não caracterizando
o nativo de forma idealizada. A alternativa D está incorreta,
pois o indianismo, foi uma característica do Romantismo,
e não do Pré-Modernismo. A alternativa E está incorreta,
pois a sugestão de Major Quaresma não está atrelada a um
projeto de defesa da diversidade racial, mas antes a uma
busca por valorização dos aspectos culturais tipicamente
brasileiros, que ele identifica nos habitantes nativos do
território nacional, os índios.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
QUESTÃO 44 ZØXO objeto em que os homens geralmente eram retratados,
enquanto as mulheres se mantinham em pé à sua volta. A
alternativa D também está incorreta, pois a ideia da artista
não é metaforizar a invisibilidade da mulher, mas sim colocá-
la em evidência, em uma postura centralizada.

QUESTÃO 45 R43J

Estamos em pleno mar,

Embarcações de ferro e aço,
Onde pessoas disputam
Palmo a palmo por um espaço.

Nesse imenso rio negro

De piche e asfalto,
Cristo observa tudo calado,
De braços abertos lá do alto.

Onde a lei do silêncio

KAHLO, F. Autorretrato com o cabelo cortado. Óleo sobre lona, Impede que ecoe o grito do morro,
40 × 28 cm. 1940.
Dos poetas em barracos sem forro,
Frida Kahlo questionou os papéis de gênero, a dominação Que clamam por socorro.
masculina e a sexualidade heteronormativa, por isso sua arte
Homens de pele escura,
é vista como prelúdio do feminismo. Em Autorretrato com o
Sem sobrenome importante,
cabelo cortado, cujo texto no topo diz “Olha, se te amei foi
Filhos de reis e rainhas
por seu cabelo, agora que você não tem mais cabelo, não
De uma terra tão distante.
te amo mais”, essa característica da artista manifesta-se
A. na tesoura, que simboliza a agressão aos homens O mar separa o Brasil da África,
como forma de resistência. Um rio separa as periferias
Das mansões de magnatas.
B. na postura esguia, que personifica a dominação
financeira exercida pelos homens. Uniformes diferenciam
C. na cadeira, que alude ao espaço doméstico Funcionários e patrões.
tradicionalmente destinado às mulheres. A cor denuncia
As vítimas antigas de antigas explorações.
D. nos contornos mal definidos, que metaforizam a
invisibilidade das mulheres na sociedade. Trazidos nos porões
E. no cabelo e na roupa, que representam afronta ao Dos navios negreiros,
patriarcalismo e sacrifício da feminilidade. Tratados como animais,
Alternativa E Vendidos a fazendeiros.

Resolução: Frida Kahlo foi uma importante artista que Vivendo em cativeiros,
discutia o papel dos gêneros, e sua obra Autorretrato com o Negociados como mercadoria,
cabelo cortado revela esse aspecto, já que a artista é retratada Enriquecendo a classe nobre,
com roupas tipicamente masculinas (terno e gravata) e com Hoje chamada burguesia.
o cabelo curto, à moda usada majoritariamente por homens.
Deixaram pra trás lembranças,
Com esses elementos, há uma afronta ao patriarcado e
Dialetos e crenças.
aos papéis sociais atribuídos aos gêneros, além de uma
Caçados, mortos ou açoitados
quebra explícita na feminilidade tipicamente caracterizada
Quem tentou a resistência.
pelo uso de cabelos longos e vestidos. Está correta, assim,
a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois a tesoura, Marcados como gado,
na obra, não representa uma agressão aos homens, mas Sem direito à educação,
sim a ferramenta responsável pela mudança da artista Emudeceram seus tambores,
retratada, levando ao entendimento de que ela mesma Amaldiçoaram sua cultura e religião.
cortou seu cabelo. A alternativa B está incorreta, pois a Alguns morreram de fome,
postura da artista não pode ser entendida como dominação De sede, de frio.
financeira, mas sim como representação de um costume Corpo magro cheio de marcas,
adotado por homens ao serem retratados, o que corrobora O estômago vazio.
a ideia de afronta ao patriarcalismo. Isso também se RIMOGRAFIA, S. O navio negreiro. São Paulo: Panda Books, 2011.
dá em relação à cadeira, mencionada na alternativa C, [Fragmento]

BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 27

Convidado a criar uma releitura da poesia condoreira de Castro Alves, o rapper paulistano Valter Araújo de Souza, conhecido
como Slim Rimografia, concebeu uma nova versão de “O navio negreiro”. Mantendo o teor político do texto, em sua releitura,
o artista contemporâneo
A. aponta a imensa desigualdade social como causa da violência nas comunidades periféricas habitadas majoritariamente
por um público não eurocêntrico.
B. reflete sobre a disseminação de antigas e já abolidas práticas de poder que foram responsáveis por determinar a miséria
da população negra no Brasil.
C. reafirma o sofrimento, a segregação e a exploração impostos à população negra no Brasil desde os tempos do tráfico
negreiro até a atualidade.
D. romantiza uma relação harmônica entre os brasileiros negros e brancos advinda de uma trajetória que valoriza a cultura
dos povos africanos.
E. denuncia a aculturação religiosa e linguística promovida pelos portugueses ao subverteram os valores morais de seus
prisioneiros na África.
Alternativa C
Resolução: A releitura do rapper Slim Rimografia, a exemplo do que acontecia no poema de Castro Alves, reafirma o sofrimento
da população negra desde a época da escravidão, sendo ainda hoje tratada de forma discriminatória. Está correta, assim, a
alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois os versos do rapper não apontam para uma desigualdade social causadora
de violência em comunidades periféricas. A alternativa B está incorreta, pois os versos deixam claro que as práticas de
poder responsáveis pela discriminação dos negros não foram abolidas, mas, ao contrário, permanecem até os dias de hoje.
A alternativa D está incorreta, pois a versão do rapper não romantiza a relação entre negros e brancos, mas expõe abertamente
o preconceito sofrido por aqueles nas mãos destes e as consequências advindas dessa relação. A alternativa E está incorreta,
pois o artista não denuncia apenas uma aculturação promovida pelos portugueses contra os negros africanos, mas reflete
sobre toda a estrutura escravagista e preconceituosa que baniu os costumes do povo africano e levou à situação de imensa
desigualdade social e cultural vista atualmente.

LCT – PROVA I – PÁGINA 28 ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO

 AVDK
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
• O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de
linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
• desrespeitar os direitos humanos.
• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
A violação do direito à moradia adequada pode afetar o gozo de uma ampla gama de outros direitos humanos.
O acesso à moradia adequada pode ser uma pré-condição para a realização de vários outros direitos humanos, incluindo
o direito a trabalho, saúde, segurança social, voto, privacidade ou educação. A possibilidade de ganhar a vida pode ser
seriamente prejudicada quando uma pessoa for transferida, depois de uma remoção forçada, a um lugar isolado, onde
não haja oportunidades de emprego.
BRASIL. Direito à moradia adequada. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org>. Acesso em: 25 maio 2018 (Adaptação).

TEXTO II
O direito à moradia representa muito mais que ter um lugar para morar, traz uma perspectiva de recomeço, tornando-se
uma conquista de direitos para esses moradores de ocupações urbanas. [...] Muitos desses moradores residem de favor em
casas de familiares ou de terceiros e, partindo desse pressuposto, isso seria um dos motivos para que essas pessoas se
envolvessem nesse tipo de situação constrangedora e até mesmo conflituosa, demonstrando que ter acesso a uma “casa”
confere ao sujeito a conquista de direitos e um resultado dos movimentos sociais.
SEVERINO, E. L.; BROCHADO, J. M.; TORRES, S. F. F. Ocupação urbana e a luta por moradia: a organização social das ocupações.
Disponível em: <http://www.ppged.ufv.br>. Acesso em: 24 maio 2018.

TEXTO III
Deficit habitacional* total, segundo unidades da federação, 2015

Deficit habitacional
(Nº de domicílios)
Até 100 mil
De 100 a 200 mil
De 200 a 500 mil
Mais de 500 mil

*Quantidade de cidadãos sem

moradia adequada em uma determinada região

Disponível em: <http://www.fjp.mg.gov.br>. Acesso em: 25 maio 2018 (Adaptação).

TEXTO IV
Um fator que se destaca a cada nova atualização do estudo sobre o deficit habitacional é o grande montante dos domicílios
vagos. A aparente contradição entre um deficit de moradias ao lado de um enorme número de imóveis vagos é sempre uma
fonte de questionamento. [...] De acordo com a PNAD 2015, o Brasil possui 7,906 milhões de imóveis vagos, 80,3% dos quais
localizados em áreas urbanas e 19,7% em áreas rurais. Desse total, 6,893 milhões estão em condições de serem ocupados,
1,012 milhão estão em construção ou reforma.
Disponível em: <http://www.fjp.mg.gov.br>. Acesso em: 25 maio 2018.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre
o tema “A promoção do direito à moradia no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite
os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.

BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 29

A proposta de redação orienta-se por uma temática geral:
A PROMOÇÃO DO DIREITO À MORADIA NO BRASIL
Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os
alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto,
caso os alunos decidam assim, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como título.
Itens de correção de acordo com a grade Enem:
I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os
aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbo-nominal, acentuação
gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso sejam mal utilizados, devem ser
penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se o texto for
claro, mas apresentar algumas falhas gramaticais, que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas
de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas.
• Número máximo de erros linguísticos para a obtenção de nota total nessa competência: dois erros (acima disso, penalizar
na correção). Este item é avaliado em consonância com o item IV.
II. Na compreensão do tema, os alunos devem discutir e problematizar a questão do direito à moradia no Brasil. Analisando
os textos motivadores, leem-se no texto I e no texto II discussões da Secretaria de Direitos Humanos e de um artigo
acadêmico sobre o problema. Os textos afirmam que a negação do direito à moradia traz duras consequências para os
afligidos, o que se reflete na negação de outros direitos básicos, como à educação, ao emprego, à seguridade social
e até mesmo à cidadania. O texto III traz dados sobre o deficit habitacional por estados, em que se observa a falta ou
inadequação de moradias no Brasil em relação à demanda populacional. Já o texto IV apresenta a informação de o
deficit habitacional brasileiro estar acompanhado de um significativo número de imóveis habitáveis desocupados. Com
relação ao cumprimento do objetivo, os alunos devem perceber a necessidade de criar um enfoque problematizador
do tema (desafios e perspectivas), já que é solicitada a criação de uma proposta de intervenção. Desse modo,
os estudantes podem propor uma tese relacionada, por exemplo, ao aspecto do direito constitucional à habitação e à
sua imprescindibilidade para a cidadania plena, considerada a necessidade de se possuir um lar para usufruir de uma
série de direitos básicos. Ainda é possível argumentar que a habitação é relevante para a nação, à medida que insere
formalmente no mercado mais indivíduos, o que impulsiona a economia e estimula o desenvolvimento do país.
• Sinalizar, na correção, existência ou ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese no texto dos alunos,
este item deve ser penalizado com maior rigor (nota mínima ou zero). Penalizar também a presença de trechos mais
longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva (como os de cunho narrativo). Este item é avaliado em
consonância com o item III.
III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar
ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e autoria,
procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta,
os estudantes podem apontar alguns dos problemas decorrentes da negação do direito à moradia, como os problemas
humanitários: a precarização do acesso à saúde, boa alimentação, segurança, etc. A partir disso, deve-se defender
a necessidade de se buscar meios que garantam a moradia, como a proposição de políticas públicas e a articulação
da sociedade civil – estruturada em ONGs ou não – em prol da solução desse problema. Sob o viés da atividade
econômica, é possível ressaltar a relevância da inserção formal no mercado de trabalho desse contingente da população.
Em sequência, mostrar como esse processo impactaria positivamente a sociedade brasileira, como na diminuição da
violência, no aumento da arrecadação da previdência e seguridade social. Concomitantemente a isso – ou não – é
possível argumentar puramente sob o viés dos direitos humanos. A moradia é um direito básico que deve ser garantido
a todo ser humano, o que já deveria ser o bastante para motivar sociedades e governos em prol do pleno acesso à
habitação.
• A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser
avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas.
IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de
sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de
determinadas ferramentas da norma-padrão (pontuação, uso correto de conectores, etc.). As relações coesivas devem
ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos.
• Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos
problemas.

LCT – PROVA I – PÁGINA 30 ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO

V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as
situações-problema apresentadas ao longo do texto. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas
apresentadas. Em relação ao tema em questão, devem ser apontadas medidas que tragam soluções plausíveis e
razoáveis para garantir o acesso pleno à moradia. Algumas delas são a conscientização da população sobre esse
problema, o que poderia iniciar um movimento que aumentasse a visibilidade sobre a situação de milhões de cidadãos
brasileiros e pressionasse o poder público, visando a soluções de curto, médio e longo prazos. Ainda, é possível sugerir
a criação de grupos de caridade que reinsiram na sociedade as pessoas cujo direito à habitação não está garantido.
Isso poderia se dar viabilizando cursos de profissionalização, o que auxiliaria os indivíduos a reingressar no mercado
de trabalho. Outras medidas nesse sentido poderiam ser propostas, como a criação de espaços comunitários de saúde,
em que estivessem instalados chuveiros, banheiros, máquinas de lavar e secar roupas, com oferta gratuita de produtos
de higiene pessoal e afins. Na mesma linha de raciocínio, a ampliação da rede de restaurantes populares causaria
impacto positivo, uma vez que minimizaria o sofrimento dessa parcela da população, possibilitando-a viver com mais
dignidade. Pode-se valer tanto de propostas que envolvam a iniciativa popular, o poder público, o empresariado, como
os três grupos.
• A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas
ao longo do texto. Do contrário, deve haver penalização.

BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 31

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 46 a 90
QUESTÃO 46 1XK6
Nosso destino era o Ponto Siccar. Eu o havia visitado
mais cedo naquele dia, mas a pé. Ao ficar de pé sobre os
penhascos, a uma hora de distância de carro a leste de
Edimburgo (Escócia), eu tive a impressão incontestável de
estar em uma fronteira. Muito abaixo, lascas pontiagudas
de rochas cinzentas mergulhavam no mar cheio de espuma.
Nos penhascos em volta, porém, as pedras tinham um tom
mais avermelhado.
[...]
“Hutton percebeu que a formação e o movimento dessas
rochas para criar o litoral que vemos no Ponto Siccar não
poderia ter ocorrido em cataclismas repentinos no intervalo
de anos ou décadas”, disse Iain Stewart, geólogo da
Universidade de Plymouth. “Ele entendeu esse conceito da
profundidade do tempo: são necessárias dezenas de milhões
de anos para ter grandes mudanças no planeta como efeito.
E isso é perfeitamente ilustrado pela desconformidade entre
as camadas de pedra oceânicas e terrestres”.
Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-43645431>.
Acesso em: 23 abr. 2018.
No século XVIII, as ideias do geólogo escocês James
Hutton (considerado o fundador da Geologia Moderna),
citadas no texto anterior, deram origem ao que na atualidade
conhece-se como
A. estruturas geológicas.
B. agentes endógenos.
C. tectônica de placas.
D. camadas internas.
E. tempo geológico.
Alternativa E
Resolução: Hutton compreendeu a maior parte do ciclo das
rochas e que a formação de rochas leva bastante tempo,
isto é, milhões de anos, o que atualmente é chamado de
tempo geológico. Esse aspecto é explorado no texto do
item, o que torna correta a alternativa E. A alternativa A
está incorreta porque o texto se refere ao tempo geológico,
necessário à formação das estruturas geológicas, que são
a base rochosa das formas de relevo. A alternativa B está
incorreta, pois os agentes endógenos têm a ver com a ação
dos mecanismos internos da Terra. A alternativa C está
incorreta porque as ideias básicas da Teoria da Tectônica
de Placas foram reunidas em meados do século XX.
A alternativa D está incorreta, pois as camadas internas do
planeta são seus componentes como a astenosfera, o manto
e o núcleo controlados pelo seu calor interior.
CH – PROVA I – PÁGINA 32 ENEM – VOL. 7 – 2018
QUESTÃO 47 T1Q1
A nossa luta, portanto, era conceitual: nosso problema
era fazer com que o “ainda” do juízo de senso comum “esse
pessoal ainda é índio” (ou “não é mais”) não significasse um
estado transitório ou uma etapa a ser vencida. A ideia é a de
que os índios “ainda” não tinham sido vencidos, nem jamais o
seriam. Eles jamais acabar(i)am de ser índios, “ainda que”...
Ou justamente por quê. Em suma, a ideia era que “índio” não
podia ser visto como uma etapa na marcha ascensional até
o invejável estado de “branco” ou “civilizado”.
VIVEIROS DE CASTRO, E. No Brasil todo mundo é índio,
exceto quem não é. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org>.
Acesso em: 15 jun. 2018.
A questão indígena é algo recorrente na história brasileira.
A posição, defendida no texto, evidencia um processo de
A. alienação territorial dos índios.
B. enaltecimento da cultura civilizada.
C. integração social dos povos indígenas.
D. disputa pelo reconhecimento indígena.
E. extinção dos verdadeiros índios no Brasil.
Alternativa D
Resolução: O texto-base insere uma temática bastante
interessante. Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo
do Museu Nacional (UFRJ), discute o problema do
reconhecimento indígena. Para ele, a luta dos antropólogos,
nessa questão, é conceitual. Ou seja, o problema é demonstrar
que ser índio não é uma etapa rumo ao estado de “branco” ou
“civilizado”. Em outras palavras, “a ideia é a de que os índios
ʻaindaʼ não tinham sido vencidos, nem jamais o seriam. Eles
jamais acabar(i)am de ser índios”. Ao defender tal posição
e tentar combater a ideia de senso comum sobre o que é
ser índio, o processo evidenciado pelo texto é o de disputa
pelo reconhecimento indígena, fato que torna a alternativa D
correta. Vamos analisar as demais alternativas:
A) INCORRETA – O texto-base não discute questões ligadas
à alienação territorial dos povos indígenas.
B) INCORRETA – Além de o texto-base não enaltecer a
cultura entendida como “civilizada”, essa posição de
diferenciar culturas como “civilizadas” ou “não civilizadas”
é um erro conceitual que não é próprio da área das
ciências humanas. Isto é, não se deve hierarquizar as
diversas formas culturais.
C) INCORRETA – O texto-base não debate algo que envolva
a integração dos povos indígenas.
E) INCORRETA – O texto-base caminha em uma posição
contrária a essa alternativa. Ou seja, dizer que há índios
verdadeiros e outros não verdadeiros é justamente a
configuração que é entendida pelo texto-base como um
equívoco conceitual.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
QUESTÃO 48 2V7P
Segundo os elaboradores do PAEG, o principal fator
causal da crise de crescimento econômico dada no início dos
anos 1960 era a inflação. Por sua vez, esta seria causada
pelos “excessos salariais” e pela “irresponsabilidade fiscal”.
Tratava-se, portanto, de uma visão do problema inflacionário
a partir da demanda: em última análise, os preços subiriam
e a moeda se desvalorizaria porque o governo e os
trabalhadores assalariados gastariam demais e de maneira
irresponsável, impedindo a formação de poupança a ser
transformada em investimento.
BATARRA, Fernando Watanabe. O PAEG e o “milagre
econômico” brasileiro. Disponível em: <www.tcc.sc.usp.br/tce/
disponiveis/81/811004/tce.../FernandoWatanabeBatarra.pdf>.
Acesso em: 10 jun. 2018.
Diante do cenário socioeconômico descrito no texto,
o governo militar implementou uma série de medidas que
repercutiram na sociedade brasileira, gerando a
A. contenção do crédito e o arrocho salarial.
B. recessão econômica e o corte de gastos públicos.
C. redução da dívida externa e o controle da inflação.
D. concentração de renda e o fim das garantias trabalhistas.
E. execução de investimentos públicos e o crescimento
do PIB.
Alternativa A
Resolução:
A) C ORRETA – O contexto apresentado no texto é o da
implementação do PAEG, diante da grave recessão
econômica vivenciada no Brasil. Desse modo, é
importante identificar as características e reflexos dessa
ação governamental. Entre os resultados desse plano
econômico do governo militar tem-se a contenção do
crédito (realidade típica de contextos de crise) e o
congelamento dos salários (arrocho salarial).
B) I NCORRETA – A recessão econômica passou a ser
controlada com as medidas do governo militar, portanto,
não se pode afirmar que tal governo provocou essa
situação.
C) I NCORRETA – Ao longo do Regime Militar temos um
significativo aumento da dívida externa. Além disso,
o contexto do PAEG foi marcado pela grande entrada de
capital estrangeiro, sobretudo, estadunidense.
D) I NCORRETA – Apesar de a CLT sofrer algumas
alterações, não se pode afirmar que houve uma
exclusão das garantias trabalhistas. Por exemplo, nesse
contexto, ao passo que o governo decretou o fim da lei
da estabilidade, foi criado o FGTS.
E) I NCORRETA – O texto evidencia a necessidade de se
conter os gastos públicos. A execução de investimentos
públicos ocorre no contexto do chamado milagre
econômico.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
QUESTÃO 49 VZDJ
Culturas geneticamente modificadas (GM) foram
oficialmente autorizadas no Brasil em 2003. [...] Contrariando
as expectativas iniciais de diminuição do uso de agrotóxicos
após a introdução de culturas GM, observou-se que o uso
total de agrotóxicos no Brasil aumentou 1,6 vezes entre os
anos de 2000 e 2012. [...] Sugere-se que a introdução de
culturas GM levou ao aumento no uso de agrotóxicos, com a
possibilidade de aumento da exposição humana e ambiental e,
consequentemente, aos impactos negativos associados a
essas substâncias. [...]
Diversos estudos apontam a associação direta entre
o consumo global de agrotóxicos e o uso de culturas
geneticamente modificadas resistentes a herbicidas.
ALMEIDA, V. E. S. et al. Uso de sementes geneticamente modificadas
e agrotóxicos no Brasil: cultivando perigos. Ciência e saúde coletiva,
Rio de Janeiro, v. 22, n. 10, p. 3333-3339, out. 2017.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-81232017021003333&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>.
Acesso em: 22 jun. 2018.
A associação entre os organismos geneticamente modificados e
os agrotóxicos, identificada no texto anterior, está relacionada à
A. demanda de fertilizantes para os organismos
geneticamente modificados.
B. fragilidade das espécies com alteração genética diante
dos agroquímicos.
C. capacidade de os organismos geneticamente modificados
produzirem sementes estéreis.
D. autorização do cultivo de transgênicos na mesma
época da liberação do uso dos agrodefensivos.
E. resistência dos transgênicos aos herbicidas, levando a
mudanças na população de plantas invasoras.
Alternativa E
Resolução: Estudos indicam que o cultivo de culturas
geneticamente modificadas para serem imunes aos
herbicidas levou ao aumento no uso de agrotóxicos. Isso
porque as ervas daninhas que são combatidas por esses
defensivos agrícolas se tornam resistentes ou tolerantes
a eles. O uso constante de herbicida seleciona as plantas
menos sensíveis ou com alguma proteção contra o
agroquímico. A menor eficácia do herbicida e seu preço
reduzido leva o agricultor a usar quantidades crescentes de
agrotóxico na lavoura de plantas geneticamente modificadas
para atacar as plantas invasoras resistentes. A alternativa A
está incorreta, pois o texto-base menciona a relação dos
organismos geneticamente modificados com o aumento do
uso dos agrotóxicos e não com os fertilizantes. A alternativa B
está incorreta porque as espécies tiveram alteração genética
para se tornarem resistentes aos herbicidas aplicados contra
as plantas invasoras e não mais frágeis, conforme o texto.
A alternativa C está incorreta, pois embora existam
organismos manipulados geneticamente para produzirem
sementes incapazes de gerar novas plantas, o problema
do qual o texto trata é outro. A alternativa D está incorreta,
pois o texto cita a data da autorização oficial dos organismos
geneticamente modificados no Brasil e nada diz sobre a
época da liberação do uso dos agrodefensivos.
CH – PROVA I – PÁGINA 33
QUESTÃO 50 N3KE
TEXTO I
Lixão
Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-rDhX7a25qOw/
T53bnyeU2OI/AAAAAAAABZ8/IyJ7g3fl3m0/s1600/001.gif>.
Acesso em: 12 mar. 2018.
TEXTO II
Art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação
ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos:
I – Lançamento em praias, no mar ou em quaisquer
corpos hídricos;
II – Lançamento in natura a céu aberto, excetuados os
resíduos de mineração;
III – Queima a céu aberto ou em recipientes, instalações
e equipamentos não licenciados para essa finalidade;
IV – Outras formas vedadas pelo poder público.
BRASIL. Lei nº 12 305, de 2 de ago. de 2010.
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n. 9.605,
de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
Diário Oficial da União. Seção 1. 3 ago. 2010. p. 3.
O texto I representa um tipo de destinação final do lixo,
mencionado no texto II, e seus impactos negativos.
A proibição se justifica porque a referida forma de disposição
final de resíduos sólidos
A. mantém o equilíbrio da cadeia alimentar.
B. reduz a proliferação de vetores de doenças.
C. minimiza a emissão de gases do efeito estufa.
D. libera gás metano, responsável pela chuva ácida.
E. contribui para a contaminação dos recursos hídricos.
Alternativa E
Resolução: Os lixões são proibidos pela Lei 12 305,
de 2010, como está explicitado no artigo 47, inciso II
reproduzido no texto II do item. Na imagem do texto I,
reconhece-se essa forma de disposição final do lixo e
também alguns de seus impactos ambientais negativos,
como a contaminação da água subterrânea pelo chorume,
a emissão de metano e a circulação de animais e insetos.
A alternativa A está incorreta porque a proliferação de certos
animais e insetos é uma evidência do desequilíbrio da
cadeia alimentar no local do lixão que é afetada pela grande
disponibilidade de matéria orgânica em decomposição e
a poluição resultante disso. A alternativa B está incorreta,
CH – PROVA I – PÁGINA 34 ENEM – VOL. 7 – 2018
pois a decomposição da matéria orgânica aumenta a
propagação de doenças e o mau cheiro. A alternativa C
está incorreta porque lixões emitem metano e dióxido
de carbono – gases do efeito estufa. A alternativa D está
incorreta, pois o gás metano contribui para o efeito estufa e
seu agravamento. Além disso, a chuva ácida é constituída
por óxidos ácidos e água.
QUESTÃO 51 WX11
A superposição do regime representativo, em base
ampla, a essa inadequada estrutura econômica e social,
havendo incorporado à cidadania ativa um volumoso
contingente de eleitores incapacitados para o consciente
desempenho de sua missão política, vinculou os detentores
do poder público, em larga medida, aos condutores daquele
rebanho eleitoral. Eis aí a debilidade particular do poder
constituído, que o levou a compor-se com o remanescente
poder privado dos donos de terras no peculiar compromisso
do “coronelismo”.
LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime
representativo no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 233.
De acordo com o texto, as relações políticas estabelecidas
durante a Primeira República no Brasil baseavam-se no(a)
A. independência das esferas administrativas.
B. impessoalidade da administração pública.
C. falseamento da representação política.
D. desenvolvimento pleno da cidadania.
E. prescindibilidade do eleitorado rural.
Alternativa C
Resolução: O coronelismo, fenômeno político dominante
na Primeira República, caracterizou-se por um acentuado
controle político exercido por lideranças rurais que
arregimentavam, por meio da influência local, um corpo de
eleitores que seguiam o rumo eleitoral definido por esses
chefes políticos. Esse sistema era favorecido pelo fato de, até
então, o voto ser aberto no Brasil. Isso permitia a imposição
da vontade dos coronéis mediante o conhecido “voto de
cabresto”. Essa ação dos coronéis falseava a representação
política, visto que os candidatos eleitos não eram escolhidos
de fato pelo eleitorado rural, o que torna válida a alternativa C.
A alternativa A está incorreta, pois, durante a Primeira
República, as relações políticas estavam baseadas em
acordos de cooperação entre o governo federal e os governos
estaduais, amparados localmente pela ação dos “coronéis”.
Contrariamente ao apontado na alternativa B, as relações
políticas no Brasil, durante a Primeira República, estavam
baseadas na existência de um sistema público pessoal,
marcado por favores e mandonismos. O fato de o eleitorado
rural, sob controle dos “coronéis”, não exercer propriamente
sua vontade nas eleições inviabilizava o desenvolvimento
pleno da cidadania, o que invalida a alternativa D. Por fim,
em função do sistema representativo, com sufrágio amplo,
o governo não podia prescindir do eleitorado rural, o que
torna incorreta a alternativa E.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
QUESTÃO 52 P17W
TEXTO I
Disponível em: <http://culturaafrodescendente13.blogspot.
com/2013/11/o-congado.html>. Acesso em: 13 jun. 2018.
TEXTO II
Disponível em: <http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/
noticia/2016/05/campos-altos-se-prepara-para-10-festa-de-nossa-
senhora-do-rosario.html>. Acesso em: 13 jun. 2018.
As imagens anteriores retratam uma manifestação cultural
e religiosa, praticada pelos escravos no Brasil Colônia e
Império, e ainda celebrada em algumas regiões do Brasil.
A origem dessa manifestação está associada à
A. intenção da Igreja de atender às demandas dos
escravos.
B. dessacralização dos ritos religiosos católicos pelos
cativos.
C. sobreposição dos valores europeus à cultura dos
escravos.
D. elaboração de formas variadas de resistência pelos
cativos.
E. concessão de liberdade religiosa aos africanos
escravizados.
Alternativa D
Resolução: O regime escravista instaurado na América
Portuguesa infligiu aos negros africanos escravizados toda
sorte de abuso e opressão. Diante desse cenário de intenso
sofrimento, a população negra cativa promoveu variadas
formas de resistência. Além das fugas e das ações violentas,
os negros cativos valeram-se das manifestações culturais e
religiosas de influência africana como forma de resistência.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
Como a cultura africana trazida pelos negros escravizados
se chocava com as constantes proibições da Igreja Católica,
os cativos recriaram, no Brasil, muitas de suas práticas
religiosas, como o Congado, demonstrado nas imagens,
apropriando-se de elementos do catolicismo (sincretismo),
o que torna correta, portanto, a alternativa D. A alternativa A
está incorreta, pois o Congado, bem como as demais
formas de sincretismo religioso, não surge como uma ação
ou concessão da Igreja Católica, mas sim da agência dos
próprios escravizados ao elaborarem suas manifestações
religiosas no Brasil. A alternativa B também está incorreta,
pois a adoção de elementos do catolicismo pelos negros
africanos não representou a dessacralização dos ritos da
religião católica. Contrariamente ao indicado na alternativa C,
a inserção de elementos religiosos europeus, marcadamente
do catolicismo, nas práticas culturais dos escravos africanos,
não implicou a sobreposição da cultura europeia à cultura
africana. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois,
como citado anteriormente, havia uma intensa proibição por
parte da Igreja e do próprio Estado português às práticas
religiosas não católicas, como as de origem africana.
QUESTÃO 53 BJUZ
$
$
Mudam as características ...muda o valor do
da localização... terreno.
Disponível em: <http://urbanidades.arq.br/>. Acesso em: 13 abr. 2018.
A prática, representada no esquema anterior, que tem efeitos
negativos nas cidades é denominada
A. imposto urbano.
B. ocupação irregular.
C. mobilidade urbana.
D. condomínio fechado.
E. especulação imobiliária.
Alternativa E
Resolução: A especulação imobiliária é definida como uma
maneira de os proprietários de terra lucrarem por meio da
renda transferida dos outros setores produtivos da economia,
principalmente dos investimentos públicos em infraestrutura
e serviços urbanos. Isso quer dizer que a especulação
imobiliária se caracteriza pela distribuição coletiva dos
custos de melhoria das localizações, simultaneamente a uma
apropriação privada dos lucros oriundos dessas melhorias.
A alternativa A está incorreta porque o imposto sobre a
propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo
no tempo é um instrumento previsto no Estatuto da Cidade
para coibir a especulação imobiliária. A alternativa B
está incorreta, pois a ocupação irregular é a ocupação do
solo urbano realizada sem licenciamento urbanístico, isto é,
CH – PROVA I – PÁGINA 35
fora dos parâmetros estabelecidos pelas legislações
referentes ao uso e à ocupação do solo. A alternativa C
está incorreta, pois a mobilidade urbana diz respeito às
condições de circulação de pessoas e cargas na cidade. A
alternativa D está incorreta porque o condomínio fechado é
caracterizado por terrenos de uso privativo, estruturas de
lazer, áreas verdes, praças, vias e a existência de controle
do acesso. Somente moradores, pessoas autorizadas e
responsáveis pela administração podem entrar e a imagem
não representa tal estrutura.
QUESTÃO 54 3N1T
Nem por isso Montesquieu considera que a igualdade
seja ausência de hierarquias. Uma república tem a igualdade
como princípio na medida em que cada um possui as
mesmas vantagens para realizar seus interesses, ou ainda,
sua liberdade individual. A despeito da classe social, todos
podem ter as mesmas esperanças. A busca da felicidade
particular leva, do ponto de vista político, à felicidade
geral. O fato de haver hierarquias não é tão grave, pois há
colaboração entre os “desiguais”.
KAWAUCHE, Thomaz. Nem tão livres nem tão iguais. In: RHBN, ano
9, n. 104, p. 33, maio 2014.
O texto anterior, ao ressaltar elementos do pensamento
iluminista de Montesquieu, demonstra que a
A. igualdade é assegurada pelas possibilidades de
realização individual de cada sujeito.
B. felicidade é associada à esperança dos indivíduos de
romper com a hierarquização.
C. igualdade é promovida pela eliminação de todas as
formas de classificação hierárquica.
D. felicidade é uma conquista coletiva que transfere
vantagens posteriores aos indivíduos.
E. igualdade é uma decorrência direta da implantação do
sistema de governo republicano.
Alternativa A
Resolução: A alternativa A está correta, pois apresenta
a essência da relatividade do conceito de igualdade em
Montesquieu, que não prega para tanto a mera abolição
das hierarquias, mas a igualdade nas oportunidades de
realizações individuais. A alternativa B está incorreta,
pois, de acordo com o texto, ainda que as hierarquizações
não sejam completamente abolidas, a felicidade pode ser
alcançada se a cada indivíduo for oferecida condições
iguais de realização. A alternativa C está incorreta, pois a
conclusão do autor sobre a perspectiva de Montesquieu
acerca da igualdade não está baseada na existência das
hierarquias, mas no impedimento que elas podem oferecer
às realizações dos indivíduos. A alternativa D está incorreta,
pois, segundo o texto, a felicidade primeiro se consolida como
conquista individual e, por decorrência, projeta-se no coletivo.
Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, embora refira-se
ao modelo republicano, não há subsídio suficiente no texto
para considerar que Montesquieu associe a igualdade à
implantação dessa forma de governo.
CH – PROVA I – PÁGINA 36
QUESTÃO 55 M8OQ
Os muçulmanos que vivem na Argentina e no Chile são
os que menos horas do dia terão que jejuar pelo Ramadã
neste ano, enquanto os de Noruega, Suécia e Finlândia, por
outro lado, cumprirão o ritual por 20 horas.
Disponível em: <https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/
brasil/2016/06/09/localizacao-geografica-altera-duracao-do-jejum-do-ramada-
ao-redor-do-mundo.htm>. Acesso em: 25 maio 2018.
O Ramadã é o mês sagrado do Islã em que os muçulmanos
jejuam diariamente entre o nascer e o pôr do Sol.
Considerando-se que as datas do Ramadã são móveis e
em 2016 – quando a notícia anterior foi publicada – o mês
sagrado foi entre junho e julho, os muçulmanos dos países
do Hemisfério Norte, citados no texto, tiveram mais horas
de jejum porque
A. o Hemisfério Sul passa pelo equinócio de inverno
nessa mesma época do ano.
B. as regiões próximas dos círculos polares têm os dias
mais longos do ano no verão.
C. os polos norte e sul passam o inverno no escuro devido
à inclinação da Terra.
D. os países do Hemisfério Norte têm o solstício de verão
mais extenso no fim do ano.
E. as regiões intertropicais têm a maior variação de
incidência solar no decorrer do ano.
Alternativa B
Resolução: As regiões próximas aos círculos polares
experimentam no inverno os dias mais escuros, e no verão
os dias mais iluminados. Isso se explica pelo formato esférico
da Terra, pela inclinação do seu eixo de rotação e pelo
movimento de translação ao redor do Sol, o que propicia
a maior incidência dos raios solares nos extremos Norte e
Sul terrestres no verão, e a menor incidência no inverno.
Os muçulmanos de países próximos ao Círculo Polar Ártico,
como Noruega, Suécia e Finlândia, em 2016, jejuaram mais
horas (entre o nascer e o pôr do Sol) porque em junho e julho
é verão no Hemisfério Norte, o que significa maior insolação
e dias mais longos. A alternativa A está incorreta porque
o solstício de inverno no Hemisfério Sul ocorre em junho,
quando há o solstício de verão no Norte. A alternativa C
está incorreta, pois o período do Ramadã em 2016 ocorreu
no verão. A alternativa D está incorreta, pois o solstício de
verão no Hemisfério Norte ocorre no dia 21 de junho, isto
é, no meio do ano. A alternativa E está incorreta porque as
regiões intertropicais têm a menor variação de incidência
solar no decorrer do ano.
QUESTÃO 56 9RCS
TEXTO I
Contrariamente às teses que advogam a perda de
relevância do trabalho no mundo contemporâneo, estamos
desafiados a compreender sua nova morfologia, cujo
elemento mais visível é o seu desenho multifacetado,
resultado das fortes mutações que afetaram o capitalismo
nas últimas décadas.
ANTUNES, R. Desenhando a nova morfologia do trabalho no Brasil.
Estudos Avançados, São Paulo, v. 28, n. 81, 2014.
ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
TEXTO II
Argumento que o trabalho, na pluralidade de formas
que tem assumido, continua a ser um dos mais importantes
determinantes das condições de vida das pessoas. [...]
Os novos postos criados tendem a ser flexíveis no tempo,
no espaço e na duração, dando origem a uma pluralidade
de contratos de trabalho: em tempo parcial, temporários ou
por conta própria.
SORJ, B. Sociologia e trabalho: mutações, encontros e desencontros.
Revista brasileira de ciências sociais, São Paulo, v. 15, n. 43, 2000.
O trabalho continua a ser central na vida da sociedade
contemporânea. Os textos demonstram que, em sua
pluralidade, o trabalho tem assumido um(a)
A. modelo precário, incitado pela baixa qualificação do
trabalhador.
B. orientação mutável, baseada nas condições de vida
das pessoas.
C. padrão estável, estimulado pelos novos tipos de
contratos.
D. caráter flexível, determinado pelas mudanças do capital.
E. feição plural, guiada pela invariabilidade do capitalismo.
Alternativa D
Resolução: Ambos os textos-base trazem uma perspectiva
que diz respeito ao fato de que o trabalho não perdeu sua
relevância no mundo contemporâneo. O texto I demonstra
que o desafio é justamente compreender a nova morfologia
que reveste as relações de trabalho atualmente. Para
Antunes, o elemento mais visível desse novo desenho do
trabalho é seu caráter multifacetado, resultado das fortes
mutações que afetaram o sistema capitalista nos últimos
tempos. Já o texto II, similarmente ao texto I, argumenta
que o trabalho continua a ocupar um lugar central na
vida dos indivíduos. Paralelamente, insere que os novos
postos de trabalho tendem a ser flexíveis, dando origem
a uma pluralidade de contratos de trabalho. Com essas
informações, vamos analisar as alternativas:
A) I NCORRETA – Com base nos textos, o trabalho tem
assumido um modelo precário em suas relações, contudo
não se pode afirmar que isso é incitado pela baixa
qualificação do trabalhador no mercado.
B) I NCORRETA – De acordo com os textos, o trabalho tem
assumido uma orientação mutável ao longo do tempo,
contudo a razão dessa mutabilidade, demonstrada
pelos textos, não é a condição de vida das pessoas na
sociedade.
C) INCORRETA – O que os textos indicam é o trabalho
assumindo um caráter flexível, mutável, ao contrário de
um padrão estável.
D) C
 ORRETA – Baseado nos textos, o trabalho tem
assumido um caráter flexível, um desenho multifacetado,
resultado das transformações ocorridas, nos últimos
tempos, no sistema capitalista.
E) I NCORRETA – Realmente, de acordo com os textos,
o trabalho tem assumido uma feição plural, mas não
é determinada pela invariabilidade do capitalismo.
Pelo contrário, o caráter flexível e plural das relações de
trabalho são frutos de mutações no sistema capitalista.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
QUESTÃO 57 1VIN
À medida que os compradores desapareciam,
os preços também caíam. Neste momento, a ortodoxia ainda
influenciava a ação econômica dos principais países. Por ela,
o mercado se ajustaria, ou seja, era preciso que os preços e
salários caíssem. Com preços muito baixos, os compradores
reapareceriam e, consequentemente, haveria estímulo para
o aumento da produção, os desempregados voltariam ao
trabalho e, assim, a economia se restabeleceria. A realidade,
porém, demonstrou-se mais grave e a receita ortodoxa
insuficiente para dar saída à crise que se avolumava.
Disponível em: <www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros.../file>.
Acesso em: 10 jun. 2018.
O texto destaca o cenário econômico dos Estados Unidos
no final da década de 1920. O princípio econômico que
prevalecia nesse contexto e outro modelo que passou
a ser adotado no país, posteriormente, estão indicados,
respectivamente, em:
A. Intervencionismo – autorregulação.
B. Pensamento liberal – keynesianismo.
C. Lei de mercado – liberalismo econômico.
D. Livre concorrência – economia planificada.
E. Monopólio econômico – mercado comum.
Alternativa B
Resolução:
A) INCORRETA – O texto destaca a ideologia do liberalismo
econômico, não sendo então interventor. A ideologia
que se opunha ao liberalismo era o keynesianismo, que
defendia uma atuação incisiva do Estado nos assuntos
econômicos.
B) C ORRETA – Conforme o texto demonstra, no momento
em que se deflagrou a Crise de 1929, a mentalidade
liberal prevalecia. Acreditava-se que a economia se
autorregularia, sem a necessidade da intervenção estatal.
Ao contrário desse pensamento, a alternativa encontrada
na década de 1930 para superar os efeitos negativos
da crise foi a ação interventora enérgica do Estado
por meio do New Deal. Baseada na teoria keynesiana,
o programa de Roosevelt consistia numa maior atuação
do Estado sobre a economia, principalmente na geração
de empregos. Desse modo, foram criadas as frentes de
trabalho que consistiam em grandes obras, principalmente
de infraestrutura, que geravam emprego e renda para
grande parte da população.
C) I NCORRETA – Conforme o texto demonstra, o princípio
liberal baseava a economia na oferta e procura,
entretanto não foi esse o caminho encontrado para a
superação da crise. O liberalismo econômico deu lugar
ao keynesianismo.
D) I NCORRETA – O liberalismo de fato preconizava o
princípio da livre concorrência, porém, não se pode
falar de um modelo de economia planificada nos EUA
na década de 1930, sendo esse modelo implementado
na URSS.
CH – PROVA I – PÁGINA 37
E) I NCORRETA – Apesar de existirem no cenário da crise,
o texto não trata diretamente dos monopólios. Os grandes
conglomerados monopolistas também sentiram os efeitos
da crise. Não podemos falar na década de 1930 na
existência do mercado comum, sendo essa uma realidade
presente a partir da década de 1980.
QUESTÃO 58 GAH3
[A escravidão] poderia desaparecer, talvez, depois
de uma revolução, como aconteceu na França, sendo
essa revolução obra exclusiva da população livre; mas tal
possibilidade não entra nos cálculos de nenhum abolicionista.
Não é, igualmente, provável que semelhante reforma seja
feita por um decreto majestático da Coroa, como o foi na
Rússia, nem por um ato de inteira iniciativa do governo
central, como foi, nos Estados Unidos, a proclamação de
Lincoln.
A emancipação há de ser feita, entre nós, por uma lei
que tenha os requisitos, externos e internos, de todas as
outras. [...]
NABUCO, Joaquim. O abolicionismo. Brasília: Senado Federal,
Conselho Editorial, 2003.
De acordo com o trecho retirado do livro O abolicionismo,
de Joaquim Nabuco, escrito cinco anos antes da sanção da
Lei Áurea, a abolição da escravidão no Brasil se daria por
meio da
A. mobilização da sociedade civil.
B. concessão do governo imperial.
C. mediação de grandes potências.
D. resistência violenta dos escravos.
E. atuação do parlamento brasileiro.
Alternativa E
Resolução: No texto da questão, Joaquim Nabuco afirma que
a emancipação dos escravos no Brasil se daria pela criação
de uma lei que tivesse os requisitos, externos e internos, de
todas as outras [legislações anteriores acerca do trabalho
escravo no Brasil], indicando, portanto, que a abolição da
escravidão se daria por meio da atuação do parlamento
brasileiro, o que torna correta a alternativa E. A alternativa A
está incorreta, pois, segundo Nabuco, os abolicionistas não
consideravam a possibilidade da escravidão ser abolida pelo
engajamento da sociedade civil. A alternativa B também
está incorreta, pois, de acordo com o texto, a abolição não
seria “feita por um decreto majestático da Coroa”. No texto,
Nabuco não faz menção à mediação de grandes potências no
processo de eliminação do trabalho escravo no Brasil, o que
invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa D também está
incorreta, pois, além de o texto não indicar a possibilidade
de se alcançar a abolição da escravidão por meio de ações
violentas dos escravos, Nabuco se opunha à incitação da
violência no processo e acreditava que uma eventual saída
revolucionária deveria ser “obra exclusiva da população
livre”, a exemplo do caso francês.
CH – PROVA I – PÁGINA 38 ENEM – VOL. 7 – 2018
QUESTÃO 59 6EU8
Os direitos humanos das mulheres deverão constituir
parte integrante das atividades das Nações Unidas no
domínio dos direitos humanos, incluindo a promoção de todos
os instrumentos [...] relativos às mulheres. A Conferência
Mundial sobre Direitos Humanos insta os governos,
as instituições e as organizações intergovernamentais e
não governamentais a intensificarem os seus esforços com
vistas à proteção e à promoção dos direitos humanos das
mulheres e das meninas.
DECLARAÇÃO E PROGRAMA DE AÇÃO DE VIENA. Conferência
Mundial sobre Direitos Humanos. Disponível em: <www.oas.org>.
Acesso em: 14 mar. 2016. [Fragmento adaptado]
A responsabilidade conferida pela ONU (Organização
das Nações Unidas) aos órgãos governamentais e a toda
sociedade na promoção dos direitos das mulheres tem como
pressuposto combater as
A. fragilidades inatas, uma das principais características
do gênero feminino.
B. dificuldades que as mulheres encontram para exercer
bem profissões predominantemente masculinas.
C. diferenças comportamentais entre homens e mulheres,
sendo estas mais emotivas.
D. deficiências cognitivas que as mulheres possuem por
não conseguirem conciliar o estudo e a maternidade.
E. desigualdades de oportunidades, fruto da
predominância do gênero masculino nos mais distintos
âmbitos sociais.
Alternativa E
Resolução: O texto-base debate a questão dos direitos
humanos das mulheres. Assim, é ressaltado que os direitos
humanos das mulheres devem ser parte constituinte das
atividades das Nações Unidas. Além disso, a Conferência
Mundial sobre Direitos Humanos aconselha os governos,
instituições, organizações intergovernamentais e não
governamentais a intensificarem os esforços que promovam
e protejam os direitos humanos das mulheres. Com
essas informações, vamos analisar separadamente cada
alternativa:
A) I NCORRETA – Não há informações no texto-base que
apontem para uma conclusão que afirme que as mulheres
possuem uma fragilidade inata. Além disso, argumentar
que as mulheres são frágeis naturalmente não faz parte
do vocabulário da Sociologia.
B) I NCORRETA – No texto-base não há indícios que
corroborem a redação dessa alternativa. Ou seja, não
há elementos que possam apontar uma dificuldade das
mulheres em exercerem profissões majoritariamente
ocupadas por homens.
C) I NCORRETA – A questão não nos fornece uma
perspectiva que certifique, empiricamente, que as
mulheres são mais emotivas do que os homens. Ademais,
a promoção dos direitos humanos das mulheres não
possui uma relação com a questão da emotividade, de
acordo com o texto-base.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
D) INCORRETA – A redação dessa alternativa não está contemplada pelo texto-base. Concomitantemente, as mulheres não
possuem uma deficiência cognitiva por conta das situações apontadas pela alternativa.
E) C ORRETA – De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) as mulheres ganham em média 23% a menos
do que os homens. Ao mesmo tempo, os dados da Overseas Development Institute (ODI) demonstram que, para cada três
homens em postos de trabalho assalariados, há duas mulheres na mesma situação. Ou ainda, para cada quatro homens
donos de negócios, há apenas uma mulher na mesma posição. Não menos importante, a Comissão Estatística das Nações
Unidas apontou que, em 70 países, as mulheres ocupam menos de 15% das cadeiras das câmaras do Legislativo. Portanto,
por intermédio desses dados é possível perceber que a alternativa E é a correta.

QUESTÃO 60 TWIA

Destino das exportações do Brasil – 2000-2016

(US$ milhões)
60 000

50 000

40 000

30 000

20 000

10 000

0
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2012

2013

2014

2015

2016
2011
Legenda: China Estados Unidos
União Europeia Mercosul
América Latina e Caribe, exceto Mercosul

Disponível em: <http://panoramainternacional.fee.tche.br/wp-content/uploads/2017/07/20170720grafico-1.pngl>. Acesso em: 16 jan. 2018 (Adaptação).

Considerando-se a balança comercial brasileira com os países e os blocos entre 2000 e 2016, infere-se do gráfico que o(a)(s)
A. Mercosul foi o parceiro comercial com os menores valores negociados até 2009.
B. União Europeia se destacou como o principal destino das exportações do Brasil até 2014.
C. Estados Unidos foram os menos expressivos dos destinos das exportações brasileiras em 2016.
D. América Latina e o Caribe, exceto Mercosul, reduziram sua corrente comercial com o Brasil no período.
E. China era o segundo destino das exportações brasileiras até 2009, perdendo o posto para os Estados Unidos.
Alternativa B
Resolução: Observando as curvas do gráfico, deduz-se que até 2014 a União Europeia foi o principal destino das exportações
brasileiras e depois disso ficou atrás da China. As alternativas A e E estão incorretas porque entre 2000 e 2008 a China foi o
parceiro comercial com os menores valores negociados. A alternativa C está incorreta porque em 2016 a América Latina e o
Caribe, exceto Mercosul, é que foram os menos expressivos dos destinos das exportações brasileiras. A alternativa D está
incorreta, pois acompanhando no gráfico a curva correspondente à América Latina e ao Caribe, exceto Mercosul, nota-se
que em 2016 os valores exportados (em dólares) foram mais altos do que em 2000.

QUESTÃO 61 8BIQ

TEXTO I
A globalização é um processo em que estão em contínua interação e dependência a economia, as finanças,
o mercado, a política, as relações pessoais, os sistemas de informação e comunicação, a ciência e a tecnologia,
a cultura, a educação, a mentalidade vagamente chamada de pós-modernidade. Mudaram-se as antigas noções de tempo e
espaço, multiplicaram-se os meios e os impactos da informação global e instantânea, modificaram-se as características do
trabalho e do lazer, alteraram-se as relações entre pessoas, transformaram-se os conceitos de território, aumentaram-se os
deslocamentos de pessoas e o contato com diferentes culturas.
CONTRADIÇÕES da globalização: fantásticas conquistas, retumbantes fracassos. Disponível em: <http://revistarotarybrasil.com.br/>.
Acesso em: 16 jan. 2018.

BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 39

TEXTO II
Nunca antes na história moderna tantos muros foram
construídos nas fronteiras, segundo estudos de Élisabeth
Vallet, professora do departamento de Geografia da
Universidade de Québec em Montréal, no Canadá, onde
também é diretora do Centro de Estudos sobre Geopolítica.
Eram 15 em 1991, são 70 agora.
MELLO, P. C. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/>. Acesso em:
16 jan. 2018.
Os dois textos demonstram o seguinte aspecto do mencionado
processo que pode ser considerado contraditório:
A. Segregação religiosa, fundamentando a tese de um
planeta fragmentado.
B. Desintegração espacial e social, ferindo o princípio
básico da globalização.
C. Inexistência de fluxos migratórios, consolidando a falta
de uma rede demográfica.
D. Ausência de integração entre as pessoas, ocorrendo
apenas nas relações comerciais.
E. Precariedade do mundo pós-moderno, sustentado pela
xenofobia e pelo preconceito racial.
Alternativa B
Resolução: Os aspectos contraditórios da globalização
identificados nos textos são o aumento da circulação de
pessoas coexistindo com o maior número de muros construídos
no espaço geográfico que fica desintegrado. A alternativa A
está incorreta porque o levantamento de muros nas fronteiras
tem diversos motivos, não só religiosos. A alternativa C está
incorreta, pois são vários os fluxos migratórios existentes.
A alternativa D está incorreta porque a integração entre as
pessoas distantes geograficamente é uma das possibilidades
do fenômeno da globalização. A alternativa E está incorreta
porque a precariedade, a xenofobia e o preconceito racial não
são contraditórios entre si.
QUESTÃO 62 ØFOL
BELMONTE, 1945. Disponível em: <http://chargistaclaudio.zip.net/
arch2012-04-22_2012-04-28.html>. Acesso em: 08 jun. 2018.
CH – PROVA I – PÁGINA 40 ENEM – VOL. 7 – 2018
A imagem satiriza o governo de Getúlio Vargas durante o
Estado Novo (1937-1945) ao
A. revelar que as estratégias do DIP eram incapazes de
promover o governo.
B. denunciar a realidade brasileira mascarada por
estratégias governamentais.
C. demonstrar a despreocupação da população com os
reais problemas sociais.
D. propagar pelos meios de comunicação oficiais a
situação financeira do Brasil.
E. expressar a pressão popular diante das dificuldades
socioeconômicas do país.
Alternativa B
Resolução:
A) I NCORRETA – A charge apresenta uma crítica às
estratégias adotadas pelo governo Vargas, mas não
se pode afirmar que o DIP era incapaz de promover o
governo, uma vez que ele cumpriu bem o seu papel
proposto, coordenando uma intensa propaganda
favorável a Vargas.
B) C ORRETA – A charge denuncia os problemas sociais
brasileiros que eram mascarados pelas estratégias
adotadas pelo governo, como a própria atuação do DIP.
C) INCORRETA – A charge não tem como foco a população
brasileira, mas as estratégias do governo de mascarar os
problemas sociais.
D) INCORRETA – Os meios de comunicação oficiais jamais
iriam divulgar críticas ao governo, ao contrário, eles
divulgavam dados positivos referente ao Estado Novo.
A charge não está relacionada, portanto, aos meios
oficiais.
E) I NCORRETA – A charge não apresenta uma pressão da
população brasileira, mas as estratégias do governo de
mascarar os problemas sociais.
QUESTÃO 63 A958
A mídia, por exemplo, expõe assunto pintando o quadro
numa moldura maior do que é de fato. Cria-se um monstro
gigante que amedronta os indivíduos. Estes, por sua vez,
se escondem e se protegem com muros e aparatos
tecnológicos para se manterem intocados pelo grande bicho
da violência. Questiona-se o fato de que, num período onde a
violência nos Estados Unidos decresceu em 20%, a exposição
de reportagens com esse conteúdo aumentou 600%.
SILVA, G.; BRAGA, M. Veja: os mitos da violência na mídia.
Disponível em: <http://www.cult.ufba.br/enecult2008/14114.pdf>.
Acesso em: 14 jun. 2018.
A mídia ocupa um papel central nas sociedades globalizadas.
O texto demonstra a capacidade midiática de
A. restringir o uso de tecnologias contra a violência e
publicar matérias realísticas.
B. utilizar informações falsas nas matérias e cooperar
com o aumento de crimes.
C. estimular condutas individuais e influenciar na
percepção de eventos sociais.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
D. estabelecer parâmetros sobre a violência e ajudar na
segurança pública.
E. amedrontar os indivíduos e questionar dados falsos
sobre a violência.
Alternativa C
Resolução: O texto-base discute um tipo de exposição que
a mídia concede aos assuntos relacionados à temática da
violência. Primeiro, ele aponta que a mídia, normalmente, por
intermédio da sua abordagem, cria um “monstro gigante” que
amedronta as pessoas. Logo, estimulados por esse discurso,
as pessoas investem em aparatos tecnológicos capazes
de garantir uma possível segurança contra a violência. Por
fim, o texto-base demonstra que a mídia pode influenciar a
percepção sobre eventos sociais, uma vez que “num período
onde a violência nos Estados Unidos decresceu em 20%,
a exposição de reportagens com esse conteúdo aumentou
600%” (SILVA, G; BRAGA, M. 2008). Vamos analisar as
alternativas como base nessas informações:
A) INCORRETA – O texto-base não demonstra a atuação da
mídia como uma maneira de restringir o uso de tecnologias
de segurança. Ao mesmo tempo, por pintar um quadro, às
vezes, maior do que o real, não se pode dizer que a mídia
somente publica matérias totalmente fiéis à realidade.
B) I NCORRETA – O texto-base não diz que a mídia publica
informações falsas e coopera com o aumento de crimes.
Ele argumenta que, por vezes, a mídia é excessiva na
abordagem e incentiva uma sensação de insegurança
nos indivíduos.
C) C
 ORRETA – A redação da alternativa reflete o que é
abordado pelo texto-base. Ou seja, a mídia estimula
as condutas individuais, no caso, o uso de tecnologias
motivado pela sensação de insegurança criada pelas
matérias, e influencia na percepção de eventos sociais,
sendo que, no momento em que os crimes diminuíram em
20%, nos EUA, o aumento de matérias sobre a violência
cresceu 600%.
D) I NCORRETA – O texto-base não diz que a mídia
estabelece parâmetros sobre a violência e ajuda na
construção de uma segurança pública.
E) I NCORRETA – A percepção de medo, por parte dos
indivíduos, é até, de certa maneira, influenciada pela
atuação da mídia. Contudo, o texto-base não mostra a
atuação da mídia sendo balizada por um questionamento
de dados falsos sobre a violência.
QUESTÃO 64 2DB3
Quantas vezes ocorreu-me sonhar, durante a noite, que
estava neste lugar, que estava vestido, que estava junto ao
fogo, embora estivesse inteiramente nu dentro do meu leito?
Parece-me agora que não é com olhos adormecidos que
contemplo este papel; que esta cabeça que eu mexo não está
dormente; que é com desígnio e propósito deliberado que
estendo esta mão e que a sinto: o que ocorre no sono não
parece ser tão claro nem tão distinto quanto tudo isso. Mas
pensando cuidadosamente nisso, lembro-me de ter sido muitas
vezes enganado, quando dormia, por semelhantes ilusões.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
E, detendo-me neste pensamento, vejo tão manifestamente
que não há quaisquer indícios concludentes, nem marcas
assaz certas por onde se possa distinguir nitidamente a
vigília do sono, que me sinto inteiramente pasmado; e meu
pasmo é tal que é quase capaz de me persuadir de que
estou dormindo.
DESCARTES, René. Meditações metafísicas. 2. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Na modernidade, pensadores como René Descartes se
dedicaram a investigar a origem do conhecimento humano.
No trecho, é apresentado e discutido o problema do(a)
A. caráter empírico das verdades científicas.
B. impossibilidade do conhecimento humano.
C. sonambulismo e suas implicações para a Filosofia.
D. dificuldade em se encontrar uma base para o saber.
E. possibilidade de se encontrar nos sonhos o
conhecimento.
Alternativa D
Resolução: O racionalismo cartesiano é fortemente marcado
pelo ceticismo metodológico, em que o filósofo pôs tudo o que
julgava saber em dúvida a fim de encontrar um alicerce sólido
para o saber. No texto, lemos Descartes levantar o seguinte
problema: Como podemos saber ao certo que não estamos
dormindo nesse exato momento? Isso é posto em discussão
com o objetivo de se mostrar a dificuldade em se encontrar
uma base para o saber, sendo correta a alternativa D.
Analisaremos as demais alternativas:
A) Essa alternativa está incorreta porque o texto não está
abordando o caráter empírico das verdades científicas.
B) Essa alternativa está incorreta porque Descartes não está
afirmando a impossibilidade do conhecimento humano,
mas apenas discutindo acerca dos problemas que essa
investigação traz.
C) Essa alternativa está incorreta porque é uma interpretação
equivocada do texto.
E) Idem a anterior.
QUESTÃO 65 UHHY
Apesar de aceitar a sacralidade monárquica, a Igreja
velava para que tal poder não se tornasse excessivo, daí
a farta literatura conhecida por “espelho dos príncipes”.
Literatura de exortação aos monarcas, de quem se exigiam
qualidades cristãs e a quem se estabeleciam limites de
atuação [...]. De um lado, como Rex Dei Gratia, “rei por
graça de Deus”, mantinha uma relação unilateral, com
amplos poderes (mais teóricos que práticos, na verdade)
sobre seus súditos. De outro, como suserano (isto é, “senhor
dos senhores”), mantinha uma relação bilateral com seus
vassalos, a quem devia determinadas obrigações como
contrapartida dos direitos que possuía em relação a eles.
FRANCO JR., Hilário. A Idade Média – Nascimento do Ocidente.
São Paulo: Brasiliense, 2001. p. 77.
A análise sobre as relações sociopolíticas no contexto da
Alta Idade Média expressa a
CH – PROVA I – PÁGINA 41
A. relação antagônica entre monarcas e Igreja na sociedade feudal.
B. atuação simbólica dos monarcas diante da fragmentação política.
C. limitação dos poderes reais como forma de combater o absolutismo.
D. apropriação do papel monárquico pelos membros da Igreja Católica.
E. preocupação da Igreja com os poderes dos reis advindos da sagração.
Alternativa E
Resolução:
A) INCORRETA – Apesar de existirem conflitos entre reis e Igreja, devido à excessiva interferência papal no âmbito monárquico,
o texto não aborda essa questão. O texto aborda a preocupação da Igreja em controlar os poderes reais, não apresentando
qualquer tipo de reação dos reis em relação a essa interferência.
B) I NCORRETA – Não se pode considerar simbólica a atuação real nas sociedades feudais. O texto evidencia que, apesar
das limitações, o rei exercia papéis efetivos nesse contexto, como na própria relação de vassalagem.
C) I NCORRETA – Não se pode afirmar em absolutismo em tal contexto, pois além de anacrônico, não é essa questão
abordada no texto.
D) I NCORRETA – A Igreja não exerceu propriamente o papel monárquico. No contexto feudal existiam as delimitações de
cada papel, mesmo que a Igreja, muitas vezes, interferisse na esfera política. Além disso, o texto não expressa esse tipo
de apropriação.
E) C ORRETA – A sagração era uma prática comum no contexto medieval, que conferia grandes poderes aos reis, uma vez
que a partir do momento da sagração “desobedecer ao rei é desobedecer ao próprio Deus”. De acordo com o próprio Hilário
Franco, “na Inglaterra de meados do século XIII até princípios do XVIII, os reis curavam certas doenças pelo contato de
suas mãos”. Desse modo, conforme o texto apresenta, apesar de aceitar a sacralidade, a Igreja preocupava-se com os
poderes reais, buscando, assim, limitá-los.

QUESTÃO 66 4AYL

Como o Reino Unido votou

REUTERS. Comissão Eleitoral do Reino Unido. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/apesar-de-vitoria-resultado-do-referendo-mostra-reino-

unido-dividido-19574470>. Acesso em: 20 mar. 2018.

CH – PROVA I – PÁGINA 42 ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO

 O infográfico traz os dados do plebiscito ocorrido no
Reino Unido, em 23 de junho de 2016. O resultado, de
certa forma, surpreendeu o mundo e mostrou um país
profundamente dividido.
Tal decisão trará inúmeras consequências positivas ou
negativas, tanto para a União Europeia quanto para o Reino
Unido, que poderá ser mais afetado, pois
A. adotará medidas protecionistas contra países europeus,
assegurando maior participação no comércio mundial.
B. perderá acesso ao mercado comum sem impostos nem
tarifas comerciais, que é a base da economia europeia.
C. constituirá um novo bloco com as nações britânicas
do Reino Unido: Escócia, Gales, Irlanda do Norte e
Inglaterra.
D. garantirá acesso ao mercado global, já que não terá
que se submeter às regras do bloco e fechará novos
acordos.
E. promoverá forte desvalorização do euro e do dólar,
tornando a libra a moeda de maior circulação no
mercado financeiro.
Alternativa B
Resolução: Uma das implicações da saída do Reino Unido
da União Europeia, aprovada no referendo de 2016, é que o
país deixará de compor o mercado único europeu isento de
tarifas alfandegárias e com livre circulação de pessoas, bens,
serviços e capitais. A alternativa A está incorreta porque o
protecionismo diminui a participação dos países no mercado
externo. A alternativa C está incorreta, pois a Escócia sinaliza
a ambição de se tornar independente do Reino Unido. Além
disso, a Irlanda do Norte, compõe o Reino Unido, mas forma,
juntamente com a Irlanda, uma ilha distinta da Grã-Bretanha.
A alternativa D está incorreta, pois a saída de um bloco
econômico pode dificultar o comércio internacional do Reino
Unido. A alternativa E está incorreta porque o euro e o
dólar não se desvalorizarão necessariamente e nem a libra
circulará mais no mercado financeiro pelo fato de o Reino
Unido deixar o bloco econômico europeu.
QUESTÃO 67 94BV
O Brasil [...] tem agora a sua chance de mudar.
Ou melhor, de começar a mudar. E as razões mais simples
[...] são de que terá no governo um grande líder intelectual e,
na oposição, um grande líder operário. E os dois muito
provavelmente estarão chefiando, cada qual pelo seu lado,
e cada qual à sua maneira, dois partidos novos – o PT e o
PSDB – de cujo debate se espera que tenha capacidade de
estabelecer os temas do Congresso. Não se pretende que
venham a ser, nem isoladamente, nem somados, a maioria
do Congresso, mas que tenham a capacidade de definir isso
que se chama em política de “ordem do dia”. Ou a agenda,
se quiserem.
Se a agenda apontar para o lado certo, nós estaremos,
como país, caminhando no sentido da consolidação da
democracia política e de uma sociedade menos desigual.
Estaremos caminhando no sentido de uma economia mais
desenvolvida e de uma sociedade menos injusta.
WEFFORT, Francisco C. A segunda revolução democrática. Folha de
São Paulo, 16 nov. 1994 (Adaptação).
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
Nesse texto, publicado logo após a eleição de Fernando
Henrique Cardoso para presidente do Brasil, em 1994,
o historiador condiciona a expectativa de avanço da
democracia no Brasil à
A. adoção de uma política de conciliação e aliança entre
os partidos.
B. participação da sociedade civil em debates
extraparlamentares.
C. proeminência do Legislativo como fórum de debate e
consenso.
D. ampliação da base de apoio do governo no Congresso
Nacional.
E. formação de novos partidos com programas políticos
alternativos.
Alternativa C
Resolução: De acordo com o texto-base, a possibilidade de
mudança do Brasil estava atrelada à presença, no governo,
de um grande líder intelectual, Fernando Henrique Cardoso,
e, na oposição, um grande líder operário, Luiz Inácio Lula
da Silva, de cujo debate se esperava que se estabeleceriam
os temas do Congresso. Assim, segundo o texto, o avanço
da democracia brasileira vinculava-se à proeminência
do Legislativo como local de debate, alimentado pelas
posições defendidas pelos dois novos partidos, o PSDB,
que ocupava a presidência, e o PT, que se consolidava
como principal partido de oposição ao governo, o que
torna válida, portanto, a alternativa C. Contrariamente ao
apontado na alternativa A, o texto apresenta os debates, e
não necessariamente as alianças, entre os partidos como
caminho para a consolidação da democracia política no
Brasil. Ainda que não negue a participação da sociedade
civil, o texto condiciona as mudanças na sociedade brasileira
ao debate parlamentar, o que torna inválida a alternativa B.
Como indicado anteriormente, o texto vincula a possibilidade
de transformações políticas, sociais e econômicas no Brasil
ao embate político entre um governo presidido por um grande
intelectual e uma oposição liderada por um grande líder
operário, e não à ampliação da base de apoio do governo,
o que contraria a alternativa D. Por fim, a alternativa E
também incorre em erro, pois o texto não afirma que os
novos partidos, como PSDB e PT, possuem programas
políticos alternativos.
QUESTÃO 68 IXSI
No inverno, ele avança em dois ramos principais.
Um deles avança pelo interior do continente, aproveitando-se
da calha do Rio da Prata. Dependendo das condições,
intensidade e dos bloqueios oferecidos pelos outros sistemas
atmosféricos, ele poderá chegar ao Sul da Amazônia.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1984-22012015000100113&lng=en&nrm=iso>. Acesso
em: 09 maio 2018.
O outro ramo principal do sistema atmosférico a que o texto
se refere avança pelo(a)
CH – PROVA I – PÁGINA 43
A. Sudeste e se incorpora à mEa.
B. litoral brasileiro e se associa com a mTa.
C. Amazônia Oriental e se aproxima da mTc.
D. Centro-Oeste e se junta aos ventos alísios.
E. sul do Rio Grande do Sul e encontra a mEc.
Alternativa B
Resolução: No inverno, a massa Polar atlântica (mPa)
avança pelo continente e impõe suas características: baixas
temperaturas e estabilidade atmosférica. Porém, nessa
época do ano a mPa ao se expandir pelo litoral brasileiro e
se associar à massa Tropical atlântica (mTa) quente e úmida
provoca chuvas frontais na costa nordestina. A alternativa A
está incorreta porque a massa Equatorial atlântica (mEa)
atua na região Norte e parte do Nordeste. A alternativa C está
incorreta, pois a massa Tropical continental (mTc) atinge o
Centro-Oeste, o Sudeste e parcialmente o Nordeste, o Norte
e o Sul. Na Amazônia ocidental a mPa no inverno provoca o
fenômeno chamado friagem. A alternativa D está incorreta,
pois os ventos alísios ocorrem próximos ao Equador.
A alternativa E está incorreta porque a massa Equatorial
continental (mEc) origina-se no oeste da Amazônia onde
tem sua principal atuação. No verão é capaz de afetar até o
noroeste da região Sul.
QUESTÃO 69 A1YD
O Mediterrâneo é um lago de civilização; não é segredo
para ninguém que ao norte de suas costas está o velho
universo e ao sul deste um universo ignorado; pode-se dizer
de um lado a civilização, do outro a barbárie. O momento
é de dizer a estas ilustres nações que aqui estão: uni-vos!
Vamos ao Sul! Ele está na nossa frente, esse bloco de areia
e cinzas, este monstro inerte e passivo que, depois de seis
mil anos, é obstáculo à marcha universal.
Deus oferece a África à Europa. Peguem-na, não
pelos canhões, mas pela charrua; não pela espada, mas
pelo comércio; não pela batalha, mas pela fraternidade.
Espalhem aquilo que lhes sobra nessa África, e da mesma
forma, resolvam as questões sociais, transformem proletários
em proprietários. Vamos, façam! Façam estradas, portos,
cidades, cultivem, colonizem, multipliquem-se.
HUGO, Victor. Discurso sobre a África, 1879.
O discurso de Victor Hugo evidencia que a política
imperialista europeia no continente africano, no século XIX,
esteve pautada no(a)
A. aplicação da violência na conquista de
fornecedoras de matéria-prima para a Europa.
B. desenvolvimento das estruturas econômicas e sociais
das comunidades nativas africanas.
C. busca por novos territórios para o escoamento do
excedente populacional das potências europeias.
D. projeto de difusão das crenças religiosas cristãs
europeias entre as populações africanas.
E. demanda dos países europeus por produtos que
possuíam caráter complementar à sua economia.
CH – PROVA I – PÁGINA 44
Alternativa C
Resolução: Na segunda metade do século XIX, as
principais potências europeias adotaram uma política
imperialista, também chamada de neocolonialismo, para
suprirem suas necessidades comerciais e expandirem
suas zonas de influência sobre o restante do mundo.
O discurso de Victor Hugo evidencia alguns aspectos
que marcaram a política imperialista europeia do período.
Ao conclamar “espalhem aquilo que lhes sobra nessa
África, e da mesma forma, resolvam as questões sociais,
transformem proletários em proprietários”, o texto evidencia
um dos objetivos imperialistas das potências europeias,
que era o de escoar seus excedentes populacionais para
o continente africano, o que torna correta a alternativa C.
A alternativa A está incorreta, pois, embora seja sabido que
o processo imperialista na África tenha se valido do uso
intenso da violência contra as populações nativas, Victor
Hugo não defende o uso da violência na conquista de áreas
fornecedoras de matéria-prima, mas, pelo contrário, afirma
que a África deve ser tomada pela fraternidade. A alternativa B
também está incorreta, pois, embora o imperialismo
europeu do século XIX tenha sido marcado pelo argumento
de missão civilizatória dos povos africanos, não havia o
interesse europeu em desenvolver a economia nacional
desses países, que entraram no “jogo capitalista” em uma
posição submissa, não sendo beneficiários dos investimentos
e capitais estrangeiros ali aplicados. Contrariamente ao
indicado na alternativa D, Victor Hugo, em seu discurso,
não associa a política imperialista europeia a um projeto
evangelizador. Por fim, a alternativa E também está incorreta,
pois os países europeus buscavam matéria-prima e mercado
consumidor para os produtos industrializados, e não produtos
que complementassem suas economias, o que foi uma
característica do colonialismo do período moderno.
QUESTÃO 70 XKMF
Índia e Paquistão trocaram tiros e lançamentos de
morteiros ao longo da disputada fronteira nesta quinta-feira
[16/07/2015], matando cinco civis e ferindo mais de uma dúzia,
informou o governo paquistanês, dias após os líderes dos
rivais nucleares aceitarem realizar conversas de alto nível.
[...]
Soldados ao longo da fronteira fortemente militarizada
trocaram tiros regularmente por décadas, mas confrontos
se tornaram menos frequentes após um cessar-fogo [...]
em 2003.
áreas Disponível em: <http://br.reuters.com/article/worldNews/
idBRKCN0PQ0Y920150716>.
Acesso em: 20 jul. 2015. [Fragmento]
A rivalidade e os conflitos entre Índia e Paquistão envolvem
os seguintes aspectos de ordem religiosa e territorial:
A. Cristianismo – islamismo – região de Darfur.
B. Hinduísmo – cristianismo – região do Cáucaso.
C. Islamismo – budismo – região do Tibete.
D. Islamismo – hinduísmo – região da Caxemira.
E. Islamismo – hinduísmo – região de Gaza.
ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Alternativa D
Resolução: Com o fim do domínio britânico, o subcontinente
indiano se separou em 1947 em Paquistão, de maioria
muçulmana, e Índia, de maioria hindu. A Caxemira está
dividida entre os dois países e o controle sobre ela foi a causa
de duas das três guerras entre os dois países. A maioria
do povo caxemirense é muçulmana e quer a anexação ao
Paquistão – o que a Índia nega. A rivalidade entre os dois
países levou a uma corrida armamentista que culminou com
a participação de ambos no clube nuclear. A alternativa A
está incorreta porque o conflito de Darfur ocorre no Sudão,
no continente africano, entre a população de origem árabe
e a de origem centro-africana. A alternativa B está incorreta,
pois o Cáucaso, onde se destaca o conflito na Chechênia,
localiza-se na fronteira entre a Europa e a Ásia. A alternativa C
está incorreta porque o Tibete é disputado pela China.
A alternativa E está incorreta, pois a Faixa de Gaza está na
zona de conflitos entre Israel e Palestina.
QUESTÃO 71 POSA
TEXTO I
Diariamente, ouvimos piadinhas, canções, poemas,
ou vemo-nos diante de contos, novelas, comerciais, anúncios,
ou mesmo livros didáticos (ditos científicos!), de toda uma
produção cultural que dissemina imagens e representações
degradantes, ou que, de uma forma ou de outra, nos diminuem
enquanto mulheres.
SARDENBERG, C. A violência simbólica de gênero e a lei
“antibaixaria” na Bahia. Disponível em: <http://www.observe.ufba.br/
noticias/exibir/344>. Acesso em: 11 jun. 2018.
TEXTO II
A força da ordem masculina se evidencia no fato de que
ela dispensa justificação: a visão androcêntrica impõe-se
como neutra e não tem necessidade de se enunciar em
discursos que visem a legitimá-la. A ordem social funciona
como uma imensa máquina simbólica que tende a ratificar a
dominação masculina sobre a qual se alicerça [...].
BOURDIEU, P. A dominação masculina.
São Paulo: Bertand Brasil, 2012.
As representações sociais sobre mulheres e homens,
debatidas pelos textos, estão associadas, respectivamente, à
A. valorização de aspectos biológicos femininos e à
aceitação dos costumes masculinos.
B. realização da produção cultural feminina e à sujeição
dos discursos masculinos.
C. submissão de aspectos sociais femininos e à imposição
da ordem masculina.
D. transformação da conduta feminina e à ação discursiva
dos homens.
E. modificação do feminismo e à articulação de valores
masculinos.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
Alternativa C
Resolução: Primeiramente, é importante observar do que
os textos-base tratam. O texto I, da antropóloga Cecília
Sardenberg, demonstra a existência, na sociedade,
de toda uma produção cultural que espalha imagens e
representações degradantes sobre as mulheres. O texto II,
do sociólogo francês Pierre Bourdieu, debate o fato de que
a ordem masculina se impõe como neutra e não precisa de
uma legitimação por intermédio dos discursos. Na visão do
autor, a própria ordem social funciona como uma máquina
simbólica que ratifica a dominação masculina na sociedade.
Percebe-se, dessa forma, que ambos os textos possuem
concepções críticas sobre a temática que envolve as
representações sociais atribuídas aos homens e às mulheres
na sociedade. Assim, vamos analisar as alternativas:
A) INCORRETA – Não há, no texto I, uma valorização de
aspectos biológicos femininos. Há uma constatação
de que as mulheres são diminuídas por uma série de
produtos culturais. A segunda parte da alternativa até
faz sentido, uma vez que, para Bourdieu, pela visão
androcêntrica estar imposta e não necessitar de uma
legitimação, os costumes masculinos são aceitos de uma
maneira mais ampla. Contudo, a primeira parte invalida
essa alternativa.
B) INCORRETA – O texto I não debate a realização de uma
produção cultural feminina, mas mostra uma produção
cultural que ataca as mulheres enquanto sujeitos. Já
o texto II não diz que há uma sujeição de discursos
masculinos.
C) C
 ORRETA – No texto I, Sardenberg está exemplificando a
existência de uma submissão de aspectos sociais ligados
às mulheres, já que a antropóloga mostra que, por meio
de uma série de situações, há toda uma produção cultural
que dissemina imagens e representações degradantes
sobre as mulheres. Paralelamente, no texto II, Bourdieu
está assinalando que, na vida social, a ordem masculina
é imposta e não necessita de uma justificação prévia.
Nas palavras do autor: “a visão androcêntrica impõe-se
como neutra e não tem necessidade de se enunciar em
discursos que visem a legitimá-la”.
D) INCORRETA – Não há, nos textos, algo que exemplifique
uma mudança na conduta feminina e, ao mesmo tempo,
não há algo que ligue a questão da ação discursiva dos
homens na vida social com as representações atribuídas
a eles.
E) INCORRETA – O texto I não debate questões oriundas
da forma do movimento feminista e, concomitantemente,
o texto II não coloca a articulação dos valores masculinos
como a representação social que é atribuída aos homens.
CH – PROVA I – PÁGINA 45
QUESTÃO 72 YH9X
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
Disponível em: <http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/
con1988_atual/art_225_.asp>. Acesso em: 25 abr. 2018.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
no artigo 225, assegura um direito e determina ao poder
público e à coletividade um dever fundamentado no
conceito de
A. proteção integral.
B. regulação climática.
C. licenciamento ambiental.
D. diversidade de ecossistemas.
E. desenvolvimento sustentável.
Alternativa E
Resolução: A definição mais aceita para desenvolvimento
sustentável surgiu na ONU em meio a propostas para
conciliar o desenvolvimento econômico e a conservação
do meio ambiente. É o desenvolvimento capaz de suprir
as necessidades da atual geração, sem comprometer
a capacidade de atender as necessidades das futuras
gerações. A proposta é que os recursos naturais não sejam
esgotados. O fundamento no desenvolvimento sustentável
do artigo 225 da Constituição brasileira está explícito em
“impondo-se ao poder público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”. A alternativa A está incorreta porque a proteção
integral da natureza, sua intocabilidade, independentemente
de sua utilidade e valor econômico, são preceitos do
preservacionismo. O conservacionismo admite o uso
sustentável da natureza integrando o ser humano. Nas
leis brasileiras a conservação significa a proteção dos
recursos naturais, com a utilização racional, garantindo
sua sustentabilidade e existência para as futuras gerações.
As alternativas B e C estão incorretas, pois a regulação
climática e o licenciamento ambiental podem ser instrumentos
do desenvolvimento sustentável, mas não são a base do
artigo constitucional citado. A alternativa D está incorreta,
pois a diversidade de ecossistemas é considerada para se
classificar a biodiversidade de uma área.
QUESTÃO 73 4AM7
A Marvel está construindo o cenário de Guerra Infinita
há quase dez anos. [...] Durante uma entrevista, os irmãos
Russo falaram muito sobre o Thanos (vilão da história que
quer destruir metade do universo).
Muitos anos antes de Guerra Infinita, o planeta natal
dele, Titã, estava passando por mudanças severas, estavam
sem recursos por conta da superpopulação. Thanos
recomendou que metade da população fosse exterminada
aleatoriamente. Sua sugestão não foi aceita (é claro!),
CH – PROVA I – PÁGINA 46 ENEM – VOL. 7 – 2018
e o exilaram do planeta, que acabou se destruindo. Então, ele
toma para si a responsabilidade de ir de planeta em planeta
eliminando metade da população de cada um, com o objetivo
de restaurar o equilíbrio do universo. Quando Thanos soube
das Joias do Infinito, percebeu que, se apossando delas,
poderia controlar o universo inteiro.
Disponível em: <http://www.bandodequadrados.com/bdqnews/
diretores-de-guerra-infinita-revelam-motivacao-de-thanos>.
Acesso em: 30 abr. 2018 (Adaptação).
O texto anterior apresenta a proposta do vilão Thanos no
filme Vingadores: Guerra Infinita diante do que aconteceu
em Titã, no universo da Marvel no cinema. O problema
ocorrido no mundo de Thanos e apresentado no texto
está associado aos argumentos da teoria demográfica que
relaciona população e
A. preservação ambiental, a Teoria Alarmista.
B. recursos naturais, a Teoria Ecomalthusiana.
C. distribuição de renda, a Teoria Neoalthusiana.
D. métodos contraceptivos, a Teoria Malthusiana.
E. desenvolvimento econômico, a Teoria Reformista.
Alternativa B
Resolução: No filme Vingadores: Guerra Infinita, do universo
da Marvel Studios, o vilão Thanos decide exterminar metade
da população para supostamente garantir que a outra metade
tenha recursos para existir. Ele acredita que a população
se expandiu fora de controle e que ele deveria trazer o
equilíbrio. A superpopulação esgotaria os recursos naturais
disponíveis. Enfatizar o quanto o crescimento demográfico
pressiona o meio natural é a principal característica da
Teoria Ecomalthusiana. De acordo com os ecomalthusianos,
graves problemas ambientais são provocados pelo grande
crescimento populacional que intensifica o uso dos recursos
naturais para garantir o abastecimento da população.
Portanto, por trás do problema em torno de Thanos está a
Teoria Ecomalthusiana de maneira exagerada. A alternativa A
está incorreta, pois o argumento de cunho ambiental ou
ecológico é ecomalthusiano. A alternativa C está incorreta
porque a preocupação com a distribuição da renda é da
Teoria Reformista ou marxista. A alternativa D está incorreta
porque os métodos contraceptivos são recomendados pelos
neomalthusianos, chamados também de alarmistas, para o
controle do crescimento demográfico. A alternativa E está
incorreta, pois a relação entre o controle populacional e
o desenvolvimento econômico é estabelecida pela Teoria
Neomalthusiana.
QUESTÃO 74 D43U
Do grego “idiótes”, que significa “pessoa leiga,
sem habilidade profissional”, por oposição àqueles que
desenvolviam algum trabalho especializado. Na acepção
original, “idiota” designava literalmente o cidadão privado,
alguém que se dedicava apenas aos assuntos particulares,
em oposição ao cidadão que ocupava algum cargo público
ou participava dos assuntos de ordem pública.
Disponível em: <http://www.significados.com.br/idiota/>.
Acesso em: 30 dez. 2014.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Qual manchete a seguir melhor se encaixaria no conceito de
“idiótes”, segundo sua definição original grega?
AA “Após Lobão ameaçar deixar o país em caso de vitória
de Dilma, internautas organizam festa de despedida”
(PORTAL R7. 26 out. 2014.).
BB “Joaquim Barbosa está, oficialmente, aposentado do
STF” (VEJA. 31 jul. 2014.).
CC “Manifestação pedindo impeachment de Dilma reúne
30 pessoas na Zona Oeste de SP” (O GLOBO. 27 out. 2014.).
DD “Ministério Público e doleiro Youssef assinam acordo de
delação premiada” (PORTAL G1. 24 set. 2014.).
EE “Nível de abstenção nas eleições é o mais alto desde
1998” (PORTAL G1. 06 out. 2014.).
Alternativa E
Resolução: O texto destaca que o termo grego idiótes era
associado ao indivíduo que se dedicava apenas a assuntos
particulares, que não se envolvia nos assuntos públicos da
Atenas Antiga. A manchete apresentada na alternativa E
revela um aumento no índice de abstenção nas eleições
de 2014, isto é, um maior número de pessoas deixaram
de participar do pleito eleitoral, da vida pública brasileira,
o que vai ao encontro do conceito de “idiota” apresentado
pelo texto. As demais alternativas apresentam manchetes
cujo teor não está relacionado ao conceito grego de “idiota”.
QUESTÃO 75 589P
% de indústrias, por região do Brasil, entre 1996 e 2008*
80
70
60,8%
60
50
48,1%
40
30
29,5%
23,2%
20
12,7%
10 9,2%
2,3% 2,9%
0 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
* Total de indústrias em 1996: 123 373
Total de indústrias em 2008: 448 003
O gráfico representa a evolução da distribuição do total
de indústrias em cada região brasileira entre 1996 e 2008.
Com base na leitura e na interpretação do gráfico, que
fenômeno industrial pode se inferir?
A. A concentração espacial.
B. A desconcentração industrial.
C. A desindustrialização brasileira.
D. A formação de clusters.
E. O desenvolvimento tecnológico.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Alternativa B
Resolução: No gráfico observa-se a redução relativa do
percentual de indústrias no Sudeste entre 1996 e 2008,
mesmo com o aumento do total de indústrias no Brasil.
Nesse mesmo período, esse percentual aumentou nas
outras regiões brasileiras caracterizando a desconcentração
industrial. A produção industrial brasileira entre o início do
século XX até os anos 1970 se concentrou no Centro-Sul,
nomeadamente no estado de São Paulo. Por volta de 1970
passou a acontecer uma desconcentração industrial com o
declínio relativo do número de indústrias em São Paulo e
o maior crescimento em outros estados. Não se tratou de
uma redução da atividade industrial em São Paulo, mas de
um ritmo mais acelerado de crescimento em outras regiões.
Essa desconcentração industrial foi caracterizada: pela
ação do Estado que buscava diminuir os desequilíbrios
regionais, pelas dificuldades de transporte de mercadorias
referentes ao intenso trânsito das grandes cidades, pela
possibilidade de redução dos custos de mão de obra
fora da região concentrada onde os sindicatos não eram
estruturados, e pelo preço menor dos terrenos fora das áreas
industriais. A alternativa A está incorreta porque o fenômeno
inferido é o de desconcentração espacial das indústrias.
A alternativa C está incorreta, pois a desindustrialização
é a queda da participação da indústria no Produto Interno
Bruto (PIB). Embora o Brasil passe por esse processo, ele
não é representado pelos dados do gráfico. A alternativa D
está incorreta porque clusters são aglomerações de empresas
com atividades similares ou complementares. A alternativa E
está incorreta, pois a desconcentração industrial não significa
necessariamente o desenvolvimento tecnológico.
QUESTÃO 76 F1QC
1996
2008 TEXTO I
Nossas tarefas na URSS: esmagar o exército, dissolver o
Estado. Luta entre duas concepções do mundo. Condenação
radical do bolchevismo, do tipo de crime social que ele
representa. O comunismo, terrível perigo para o futuro.
Abstrair qualquer ideia de camaradagem entre soldados. Os
comunistas são todos uns criminosos e devem ser tratados
como tais. Os combates serão muito diferentes do que têm
sido no Ocidente. No leste, a dureza será um penhor de
6,7%
4,5%
magnanimidade para o futuro. Os chefes devem ser bastante
fortes para dominar seus escrúpulos.
Diário do general Franz Halder, chefe do Estado-Maior Alemão, 1941.
TEXTO II
IBGE. Camaradas! Estamos celebrando o 24º ano da Revolução
de Outubro em circunstâncias dramáticas. O inimigo está às
portas de Moscou e Leningrado. Não obstante, apesar de
alguns reveses momentâneos, os nossos Exército e Marinha
repelem heroicamente os ataques inimigos em todas as
frentes... Camaradas, soldados, oficiais e militantes políticos,
guerrilheiros e guerrilheiras. Os povos da Europa contam
convosco para os libertar de seus grilhões. Mostrai-vos dignos
desta grande missão! Caminharemos para vitória atrás do
estandarte de Lênin!
Discurso de Stálin na Praça Vermelha de Moscou, dezembro de 1941.
ENEM – VOL. 7 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 47
Embora enfatizem o combate e a resistência na guerra
a qualquer preço, os discursos dos dois líderes políticos
divergem, ao focarem, respectivamente:
A. Aversão ao socialismo – Ideal revolucionário.
B. Contestação do sistema social – Tradições culturais.
C. Exaltação ao nazismo – Prerrogativas sociais.
D. Imposição de deveres sociais – Soberania popular.
E. Razões de Estado – Regras morais.
Alternativa A
Resolução: A partir de 1941, necessitando de petróleo e
de aço, já que a guerra se prolongava além do esperado,
Hitler rompeu o Pacto Nazi-Soviético e atacou a União
Soviética em 22 de junho de 1941, adotando, como
indicado no diário do chefe do Estado-Maior Alemão,
general Franz Halder, um discurso marcado pela aversão
à ideologia socialista. A União Soviética, ameaçada pelas
investidas alemãs, adotou, por sua vez, um discurso que
exaltava os ideais que guiaram a Revolução Russa de
1917, o que torna correta a alternativa A. A alternativa B
está incorreta, pois não há no texto do general Franz Halder
a defesa da contenção do sistema social. A alternativa C
também está incorreta, pois, embora houvesse um desejo
de sobrepor a ideologia alemã à ideologia comunista,
o texto I não está centrado na exaltação do nazismo.
Por fim, contrariamente ao indicado nas alternativas D
e E, o discurso de Stalin não está pautado na ideia de
soberania popular ou na preocupação com regras morais.
QUESTÃO 77 76W7
Laudo técnico preliminar, concluído em 26 de novembro
de 2015, aponta que “o nível de impacto foi tão profundo e
perverso ao longo de diversos estratos ecológicos que é
impossível estimar um prazo de retorno da fauna ao local”.
O desastre causou a destruição de 1 469 hectares, incluindo
Áreas de Preservação Permanente (APPs).
Dezenove pessoas morreram na tragédia. Foram
identificados, ao longo do trecho atingido, diversos
danos socioambientais: isolamento de áreas habitadas;
desalojamento de comunidades pela destruição de moradias
e estruturas urbanas; fragmentação de habitats; destruição
de áreas de preservação permanente e vegetação nativa;
mortandade de animais domésticos, silvestres e de produção;
restrições à pesca; dizimação de fauna aquática silvestre em
período de defeso; dificuldade de geração de energia elétrica
pelas usinas atingidas; alteração na qualidade e quantidade
de água; e sensação de perigo e desamparo da população
em diversos níveis.
Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/>. Acesso em: 19 jun. 2018.
O rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) foi
um dos acidentes mais graves da mineração brasileira. A onda
de rejeitos que destruiu o povoado de Bento Rodrigues
A. ocasionou a migração pendular dos atingidos.
B. rompeu outras barragens de rejeitos à montante.
C. desviou o curso do Rio Doce da nascente até a foz.
D. provocou consequências socioambientais irreparáveis.
E. desequilibrou a economia local devido às indenizações.
CH – PROVA I – PÁGINA 48 ENEM – VOL. 7 – 2018
Alternativa D
Resolução: A catástrofe decorrente do rompimento
da barragem da Samarco em Mariana (MG) é um dos
exemplos mais marcantes das graves consequências
socioambientais provocadas pela mineração. Os rejeitos
que encobriram o distrito de Bento Rodrigues atingiram
o Rio Doce, atravessando diversos municípios em Minas
Gerais e no Espírito Santo até chegar a sua foz, no Oceano
Atlântico. Além dos impactos diretos ao curso-d`água, foram
atingidas comunidades ribeirinhas e etnias indígenas que
dependiam do rio para sua sobrevivência. Estão incorretas as
alternativas: A, porque não houve migração pendular, pois,
os atingidos não teriam como voltar para Bento Rodrigues,
uma vez que o distrito foi destruído pela lama. O que houve
foi o deslocamento forçado da população para localidades
mais próximas; B, porque não houve rompimento de outras
barragens e se houvesse, provavelmente seria à jusante e
não à montante; C, pois o Rio Doce foi negativamente muito
impactado, mas seu curso não foi desviado; E, porque as
indenizações em si não desequilibram a economia e ainda
há famílias que aguardam na Justiça uma reparação por
suas perdas.
QUESTÃO 78 ZA22
Há vários anos, o transporte de cargas, no Brasil, vem
apresentando sintomas que apontam para graves problemas.
Uma dependência exagerada do modal rodoviário,
dificuldades de desenvolvimento dos outros modais,
crescente número de acidentes e mortes, envelhecimento
da frota, e participação cada vez maior de autônomos, são
alguns destes sintomas.
Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/21692516/879262643/
name/Transporte+de+Carga+no+Brasil.doc>. Acesso em: 05 mar. 2015.
Os problemas do transporte de cargas no Brasil reduzem
nossa competitividade e participação no mercado
internacional. Uma alternativa para minimizar essa conjuntura,
considerando-se a extensão do país, seria o(a)
A. aumento do crédito para a renovação da frota rodoviária.
B. estatização dos portos e rodovias.
C. intensificação do comércio com os países vizinhos.
D. investimento no modal ferroviário.
E. limitação das horas trabalhadas pelos motoristas.
Alternativa D
Resolução: No Brasil, a distribuição espacial dos transportes
demonstra uma predominância do modal rodoviário
concentrado na região Centro-Sul. A malha rodoviária tem
vascularização e densidade muito superiores aos outros
modais e só não é predominante na Amazônia em razão
da grande rede hidrográfica natural. Ferrovias e hidrovias
têm distribuição reduzida e potencial pouco explorado,
considerando a extensão do país. A preponderância do
transporte rodoviário associada à falta de investimentos
privados e públicos, ao péssimo estado de conservação
das rodovias e à insegurança das estradas resultam no
encarecimento das mercadorias e na baixa competitividade
das exportações brasileiras. A alternativa A está incorreta
porque aumentar o crédito não implica necessariamente
em renovação da frota ou em melhoria da rede rodoviária.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
A alternativa B está incorreta, pois a estatização de portos
e rodovias não garante a eficiência deles. A alternativa C
está incorreta porque intensificar o comércio com os países
vizinhos acentuaria ainda mais a necessidade de melhorias no
sistema viário para aumentar a competitividade dos produtos
brasileiros. A alternativa E está incorreta, pois apesar de a
jornada de trabalho dos caminhoneiros já ser controlada por lei,
o Brasil tem um dos maiores números absolutos de mortes
por acidente de trânsito.
QUESTÃO 79 93JP
Poucas pessoas imaginam que uma típica cidade
do interior de Minas Gerais, com 40 mil habitantes, é um
verdadeiro polo tecnológico brasileiro. Santa Rita do Sapucaí
não possui somente belas paisagens e plantações de café,
mas também cerca de 150 micros e pequenas empresas de TI
(Tecnologia da Informação) e um faturamento anual na ordem
de R$ 1,5 bilhão. Grande parte das pessoas no município
atua nas áreas de eletrônica, telecomunicações e informática,
e a renda per capita atual da cidade é uma das mais altas do
interior do país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Disponível em: <http://www.pmsrs.mg.gov.br>. Acesso em: 17 abr.
2017 (Adaptação).
Considerando o texto, um fator locacional que atrai indústrias
para o mencionado município produtor de tecnologia é o(a)
A. mão de obra qualificada.
B. disponibilidade de terrenos.
C. força de trabalho numerosa.
D. mercado consumidor limitado.
E. atividade cafeeira predominante.
Alternativa A
Resolução: Os principais fatores locacionais da indústria
atualmente são: disponibilidade de água, fontes de energia,
incentivos fiscais, infraestrutura de transporte, mão de obra
qualificada, matérias-primas, mercado consumidor, rede
de telecomunicações e remuneração. De acordo com o
texto-base, grande parte dos habitantes de Santa Rita do
Sapucaí atua nas áreas de eletrônica, telecomunicações e
informática, áreas que demandam mão de obra qualificada –
propiciada pela integração entre academia, indústria e
governo. A alternativas B e C estão incorretas por nem terem
sido citadas no texto. A alternativa D está incorreta, pois
mercado consumidor restrito não é um fator atrativo para
indústrias. A alternativa E está incorreta porque no município
a atividade cafeeira não é um atrativo para o polo tecnológico.
QUESTÃO 80 17QK
Os propósitos das Nações Unidas são:
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para
esse fim: tomar, coletivamente, medidas efetivas para evitar
ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra
qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e
de conformidade com os princípios da justiça e do direito
internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias
ou situações que possam levar a uma perturbação da paz;
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações,
baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direitos
e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas
apropriadas ao fortalecimento da paz universal.
CARTA das Nações Unidas (1945). Disponível em: <https://
nacoesunidas.org/docs/carta_da_onu.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2018.
A Carta das Nações Unidas, elaborada no contexto do Pós-
-Guerra Mundial, teve um importante papel no processo
inicial de descolonização africana, entre 1945 e 1962,
na medida em que
A. possibilitou o alinhamento dos movimentos
emancipatórios às ideologias políticas hegemônicas da
Guerra Fria.
B. forneceu às colônias os elementos necessários à
negociação diplomática com as metrópoles.
C. favoreceu a emancipação política das colônias por
meio da iniciativa das próprias metrópoles.
D. contribuiu para legitimar as ações adotadas pela luta
armada contra as forças metropolitanas.
E. permitiu o engajamento colonial na luta por libertação a
partir da pacificação dos conflitos étnicos.
Alternativa B
Resolução: O fim da Segunda Guerra Mundial foi marcado
por uma série de declarações e acordos dos países
vencedores, como a Carta da ONU, que reafirmavam, como
no trecho mostrado na questão, as ideias democráticas e de
autodeterminação dos povos. Embora essas declarações
não tenham sido feitas pensando em beneficiar os povos
coloniais, os movimentos que promoveram as primeiras
independências africanas valeram-se do teor dessas
declarações para pressionarem, via diplomacia, as
metrópoles a negociarem o fim do domínio colonial, o que
torna correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta,
pois não há no texto elementos que permitam associar a
Carta das Nações Unidas à viabilização do alinhamento
dos movimentos de libertação africanos às ideologias
hegemônicas da Guerra Fria. Além disso, embora algumas
facções ligadas aos movimentos de libertação tenham
recebido, sobretudo na fase armada do processo de
libertação das colônias africanas, o apoio estadunidense e
soviético, o período inicial do processo de independências
foi marcado pelo não alinhamento das ex-colônias africanas
à Guerra Fria, o que é explicitado na Conferência de
Bandung, em 1955. A alternativa C também está incorreta,
pois, embora a primeira leva de independências africanas
tenha se dado de forma pacífica, por meio das negociações
diplomáticas, não é correto afirmar que a emancipação das
colônias africanas tenha partido das próprias metrópoles,
que, apesar de defenderem a autodeterminação dos povos,
tentaram manter seu domínio colonial. Contrariamente ao
indicado na alternativa D, a Carta das Nações propunha o
desenvolvimento de relações amistosas entre as nações.
Além disso, a luta armada caracterizou um período posterior
ao processo de emancipação africana. Por fim, a alternativa E
também está incorreta, pois, embora defendesse a paz e a
igualdade, a Carta das Nações não foi capaz de pacificar
os conflitos interétnicos na África, sendo que alguns deles
ainda persistem nos nossos dias.
CH – PROVA I – PÁGINA 49
QUESTÃO 81 GMPØ
[...] Grande cautela com os índios vizinhos, mas com
esta advertência que os não escandalizeis, antes procurareis
atraí-los com indústria, tendo entendido que a sua amizade
vos pode servir de grande benefício, e, pelo contrário, a sua
inimizade de notável prejuízo; e que poderão os castelhanos
com a mão destes bárbaros fazer-nos dano, e impedir-vos o
uso da campanha, sem a qual não poderá subsistir a Colônia
[de Sacramento].
In: GARCIA, Elisa F. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/vh/
v24n40/17.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2018.
A correspondência de dom João, rei de Portugal, a Manoel
Gomes Barbosa, governador da Colônia de Sacramento,
datada de 17 de outubro de 1715, revela a
A. disputa entre portugueses e hispânicos pela dominação
do trabalho indígena.
B. dependência dos lusitanos do auxílio dos índios na
manutenção das fronteiras.
C. robustez das alianças estabelecidas pelos portugueses
com os indígenas do Sul.
D. dificuldade imposta pela presença indígena à expansão
territorial lusa no Brasil.
E. resignação dos povos indígenas diante das investidas
dos colonizadores ibéricos.
Alternativa B
Resolução: O texto, ao abordar a expansão portuguesa
em direção à região Sul da América, destaca a relação
estabelecida entre os indígenas da região (minuanos) e
os colonizadores portugueses e espanhóis. De acordo
com o texto, a amizade com os povos indígenas da região
poderia “servir de grande benefício” para os portugueses, e
“sua inimizade de notável prejuízo”, visto que os espanhóis
poderiam se valer do auxílio dos minuanos para impedir
os portugueses de usarem a região da campanha gaúcha
(pampas), sem a qual os portugueses não poderiam
manter a Colônia de Sacramento, território intensamente
disputado com os espanhóis. Portanto, de acordo com o
texto, para a manutenção das fronteiras do território da
América portuguesa, sobretudo do domínio da Colônia de
Sacramento, os lusos dependiam do auxílio dos indígenas,
o que torna correta a alternativa B. A alternativa A está
incorreta, pois, no texto, não há referência à exploração da
mão de obra indígena, mas a uma disputa entre portugueses
e espanhóis pela construção de alianças com os índios.
A alternativa C também está incorreta, pois o texto indica
que a aliança estabelecida entre portugueses e indígenas
não era absoluta, sendo constantemente ameaçada pelas
investidas dos espanhóis. Contrariamente ao indicado na
alternativa D, os indígenas não representavam um obstáculo
à expansão portuguesa na região, mas auxiliavam nesse
processo. Por fim, a alternativa E também está incorreta,
pois, de acordo com o texto, havia uma preocupação dos
portugueses em agradarem os indígenas, revelando que a
aliança dependia dos interesses dos índios, o que contraria
a ideia de resignação dos povos indígenas.
CH – PROVA I – PÁGINA 50 ENEM – VOL. 7 – 2018
QUESTÃO 82 8QVV
O imperativo categórico é, portanto, só um único, que é
este: Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao
mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução de
Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1995. p. 59.
Kant defende que as ações humanas são corretas quando
A. atendem aos interesses da maioria dos homens.
B. buscam o bem comum e a justiça social.
C. obedecem a princípios morais universais e racionais.
D. respeitam as diferenças culturais entre os homens.
E. toleram as diversas interpretações sobre o certo e errado.
Alternativa C
Resolução: A filosofia kantiana é um marco no pensamento
ocidental, porque ela soluciona a dicotomia entre racionalistas
e empiristas e porque apresenta uma concepção ética
inédita. Para Kant, a moral estava relacionada com a
faculdade prática da razão, em que o sujeito transcendental,
a partir da sua racionalidade, chegava à lei universal, lei
esta que seria a mesma para todos os sujeitos que fizessem
uso correto da razão. Assim, a alternativa correta é a C.
É importante ressaltar que, para Kant, há apenas uma
maneira de ser racional, sendo irracionais as outras maneiras
de agir e pensar. Do mesmo modo, há apenas uma verdade,
sendo o resto falso.
Analisaremos as demais alternativas:
A) Essa alternativa está incorreta porque não é o número
de adeptos que faz algo ser moralmente bom, mas o uso
da racionalidade.
B) Essa alternativa está incorreta porque a ação não é
moral por suas consequências, mas pelos princípios que
a norteiam.
D) Essa alternativa está incorreta porque as diferenças
culturais não são apreciadas por Kant. Lembre-se que
ele é um pensador que escreveu na transição do século
XVIII para o XIX, época em que o multiculturalismo e as
concepções afins não tinham prestígio.
E) E ssa alternativa está incorreta porque, para Kant,
o relativismo é falso.
QUESTÃO 83 IKCI
Portanto, relativamente à alma, reflete assim: quando
ela se fixa num objeto iluminado pela verdade e pelo Ser,
compreende-o, conhece-o e parece ser inteligente; porém,
quando se fixa num objeto ao qual se misturam as trevas,
o que nasce e morre, só sabe ter opiniões, vê mal, alternando
o seu parecer de alto a baixo, e parece já não ter inteligência.
PLATÃO. A República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira.
9. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1949.
A reflexão de Platão sobre o papel da alma na obtenção do
conhecimento se fundamenta em elementos
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
A. religiosos, como as religiões falsas e verdadeiras.
B. metafísicos, como as formas eternas e imutáveis.
C. teológicos, como a dialética entre o bem e o mal.
D. matemáticos, como a imprecisão da geometria.
E. dialéticos, como a relevância das opiniões.
Alternativa B
Resolução: A filosofia platônica é herdeira do pensamento
do pré-socrático Parmênides. Isso significa dizer que,
assim como Parmênides buscava um Ser imutável, uno
e perfeito, Platão buscou o conhecimento das ideias – ou
formas – imutáveis e perfeitas, igualmente. Na epistemologia
platônica, a alma tem o papel de livrar o ser humano das
ilusões dos sentidos e mostrá-lo a verdade do Ser. Assim,
o papel da alma se baseia em elementos metafísicos, como
as formas eternas e imutáveis, sendo correta a alternativa B.
Analisaremos as demais alternativas:
A) Essa alternativa está incorreta porque Platão não está
falando de religiões falsas e verdadeiras no texto, mas
do conhecimento.
C) Essa alternativa está incorreta porque essa dialética não
diz respeito à filosofia platônica.
D) Essa alternativa está incorreta porque além do texto não
trazer essa abordagem, Platão e os antigos não lidavam
com uma geometria imprecisa.
E) Essa alternativa está incorreta porque as opiniões não
são importantes para a epistemologia platônica.
QUESTÃO 84 AOJD
O Presidente da República dos Estados Unidos do
Brasil:
Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu
sanciono a seguinte resolução:
Art. 1º – O estrangeiro que, por qualquer motivo,
comprometer a segurança nacional ou a tranquilidade
pública, pode ser expulso de parte ou de todo o território
nacional.
BRASIL. Lei 1.641, de 7 de janeiro de 1907.
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br>. Acesso em: 18 jun. 2018.
As ações tomadas pelo governo brasileiro, durante a Primeira
República, em relação aos estrangeiros, revelam, entre
outros aspectos, uma preocupação com o(a)
A. divulgação de ideias de cunho fascista.
B. aumento nas ocorrências de violência.
C. garantia de emprego aos brasileiros.
D. avanço das ideologias de esquerda.
E. controle das fronteiras nacionais.
Alternativa D
Resolução: Uma das consequências do desenvolvimento
industrial foi a formação do movimento operário no Brasil.
A luta por melhores condições de trabalho e por uma
reestruturação do modo de produção foi conduzida, em
grande parte, por imigrantes europeus que chegavam ao país,
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
influenciados pelas ideologias de esquerda que desafiavam
a ordem capitalista, como o anarquismo e o socialismo. O
Estado brasileiro, inclinando-se a favor do empresariado,
formulou um conjunto de leis que objetivava reprimir esses
movimentos e frear o avanço das ideias de esquerda que
contestavam a ordem capitalista vigente, como a Lei Adolfo
Gordo, que permitia ao governo expulsar do Brasil os
estrangeiros considerados subversivos, o que torna correta,
portanto, a alternativa D. A alternativa A está incorreta,
pois os estrangeiros europeus que chegavam ao Brasil, de
modo geral, eram influenciados por ideologias de esquerda
e não pelo fascismo, que só passou a ter suas ideias mais
amplamente divulgadas no Brasil a partir da década de
1930. A alternativa B também está incorreta, pois as medidas
previstas na Lei Adolfo Gordo não estavam associadas
ao aumento nas ocorrências de violência no Brasil, mas
ao avanço de ideologias que se chocavam com a ordem
capitalista vigente no país e que estimulavam a organização
de estratégias de luta operária, como os sindicatos e as
greves, nos quais havia grande participação de estrangeiros.
Contrariamente ao indicado na alternativa C, o próprio
governo brasileiro estimulou a presença de estrangeiros na
industrialização brasileira, muitas vezes visto como operário
mais especializado que o trabalhador brasileiro, portanto,
mais adaptável ao setor. Por fim, a alternativa E também
está incorreta, pois as medidas previstas na Lei Adolfo
Gordo, como a possibilidade de expulsão de estrangeiros
considerados subversivos, não estão relacionadas a uma
preocupação com o controle das fronteiras nacionais.
QUESTÃO 85 P3IT
Hotspots de biodiversidade são reconhecidos como
áreas prioritárias para a conservação por terem grande
riqueza natural, elevada biodiversidade e serem ameaçados
de extinção ou sofrerem processo intenso de degradação.
No ano de 2005, foram identificados 34 hotspots mundiais,
e dois deles estão no Brasil: a Mata Atlântica e o Cerrado.
Nessas duas regiões, as principais formas de degradação
nos últimos anos são, respectivamente, o(a)
A. plantio de grãos e a pecuária.
B. expansão urbana e a sojicultura.
C. rizicultura e a criação de Brasília.
D. fronteira agrícola e a cafeicultura.
E. mineração e a extração do pau-brasil.
Alternativa B
Resolução: A Mata Atlântica e o Cerrado são os ecossistemas
brasileiros mais alterados pela ocupação humana. A Mata
Atlântica, umas das florestas tropicais mais ameaçadas do
mundo, sofreu muitos impactos ambientais derivados das
atividades econômicas da história do Brasil e hoje encontra-se
reduzida e fragmentada. A área de domínio original da Mata
Atlântica coincide com a localização da maior parte das
cidades e das regiões metropolitanas do país na atualidade,
além dos principais polos industriais. No século XVI,
ENEM – VOL. 7 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 51
o pau-brasil foi excessivamente extraído, depois a atividade
canavieira se expandiu. No século XVIII, a mineração do ouro
promoveu desmatamentos e a implantação da agropecuária,
já avançando para o interior do território. No século XIX,
a floresta foi suprimida pela produção cafeeira. A partir da
metade do século XX, árvores passaram a ser derrubadas
para a indústria de celulose e papel. As grandes ameaças à
biodiversidade do Cerrado são a monocultura intensiva de
grãos, notadamente a soja, e a pecuária extensiva de baixa
tecnologia – atividades que ocorrem de modo predatório.
QUESTÃO 86 ZXZG
Enquanto à filosofia moral se colocar a tarefa de
contribuir para o aclaramento das intuições quotidianas
adquiridas no curso da socialização, ela terá que partir, pelo
menos virtualmente, da atitude dos participantes da prática
comunicativa quotidiana.
HABERMAS, Jürgen. Consciência Moral e Agir Comunicativo.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989. p. 67.
No texto, Habermas entende que a ética, enquanto
conhecimento sobre o ser humano, deve
A. negar os direitos humanos.
B. considerar a linguagem ordinária.
C. fundamentar os costumes a priori.
D. disciplinar as sociedades contemporâneas.
E. maximizar os prazeres minimizando os danos.
Alternativa B
Resolução: Habermas é um pensador contemporâneo
que releu a filosofia moral kantiana, substituindo a razão
prática pela razão discursiva. Para esse pensador, o campo
da moralidade deveria ser ocupado por todos os atores
que compõem a sociedade, o que garantiria que através
do debate público se chegasse aos consensos morais.
No texto, lemos que a ética deve partir da atitude dos
participantes da prática comunicativa cotidiana, ou seja,
a ética deve considerar a linguagem ordinária, sendo correta
a alternativa B.
Analisaremos as demais alternativas:
A) Essa alternativa está incorreta porque a ética não deve
negar os direitos humanos, mas sempre se embasar
neles e reafirmá-los.
C) Essa alternativa está incorreta porque a concepção de
Habermas exige um consenso, que só é dado pela ação
dos indivíduos, ou seja, a posteriori.
D) Essa alternativa está incorreta porque não é o objetivo
de Habermas disciplinar as sociedades, mas garantir a
democracia.
E) Essa alternativa está incorreta e dialoga melhor com a
filosofia utilitarista.
QUESTÃO 87 4QCQ
A sociedade que se formou da reunião de várias aldeias
constitui a Cidade, que tem a faculdade de se bastar a si
mesma, sendo organizada não apenas para conservar
a existência, mas também para buscar o bem-estar.
CH – PROVA I – PÁGINA 52 ENEM – VOL. 7 – 2018
Esta sociedade, portanto, também está nos desígnios da
natureza, como todas as outras que são seus elementos. Ora,
a natureza de cada coisa é precisamente seu fim. Assim,
quando um ser é perfeito, de qualquer espécie que ele seja –
homem, cavalo, família –, dizemos que ele está na natureza.
Além disso, a coisa que, pela mesma razão, ultrapassa as
outras e se aproxima mais do objetivo proposto deve ser
considerada a melhor. Bastar-se a si mesma é uma meta a
que tende toda a produção da natureza e é também o mais
perfeito estado. É, portanto, evidente que toda Cidade está
na natureza e que o homem é naturalmente feito para a
sociedade política.
ARISTÓTELES. A Política. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
O pensamento político de Aristóteles apresentado no texto
tem como característica relacionar as noções de
A. participação democrática e parlamento.
B. finalidade da pólis e natureza humana.
C. união de aldeias e conflitos sociais.
D. estado de natureza e estado civil.
E. soberano e contrato social.
Alternativa B
Resolução: Aristóteles é um pensador aristocrata no sentido
etimológico do termo; isso é dizer: esse filósofo era defensor
da tese segundo a qual alguns indivíduos eram naturalmente
superiores a outros, tinham uma natureza mais nobre que
outros. No entendimento de Aristóteles, o ser humano havia
sido feito para a cidade, era da sua natureza habitar na
pólis, de modo que aquele que não vivesse numa cidade era
superior ou inferior aos seres humanos. Assim, as noções
de finalidade da pólis e natureza humana são intimamente
relacionadas no pensamento aristotélico, sendo correta a
alternativa B.
Analisaremos as demais alternativas:
A) Essa alternativa está incorreta porque Aristóteles não era
democrata, nem se pode falar em parlamento fazendo
referência à Antiguidade.
C) Essa alternativa está incorreta porque a noção de conflitos
sociais não está diretamente relacionada ao contexto,
tampouco presente no texto.
D) Essa alternativa está incorreta porque esses conceitos
dizem respeito à filosofia contratualista, que é da
Modernidade.
E) Idem a anterior.
QUESTÃO 88 J5B6
Entre a mineração e o avanço dos rebanhos ocorre, no
que diz respeito ao povoamento, uma primeira diferença
que devemos logo notar. A mineração impele o homem
num arranco brusco, do litoral para o coração do continente;
não há contiguidade na expansão: os núcleos mineradores
vão surgir muito longe dos pontos de partida das correntes
migratórias, e no espaço intermediário permanecerá o
deserto que só raras vias de comunicação atravessam.
PRADO JÚNIOR, C. Formação do Brasil contemporâneo.
São Paulo: Brasiliense, 1977. p. 55.
BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO
Um aspecto da região das minas, decorrente da caracterização feita no texto, foi o(a)
A. lenta formação de uma sociedade urbana e pouco estratificada.
B. fraca presença do poder público metropolitano.
C. escassez dos produtos de subsistência e de consumo.
D. predomínio do trabalho livre na atividade extrativa.
E. acentuada miscigenação entre brancos e índios.
Alternativa C
Resolução: De acordo com o texto de Caio Prado Júnior, a descoberta das minas de ouro na América Portuguesa, no final do
século XVII, provocou uma intensa e rápida migração do litoral para o interior da colônia, criando grandes “vazios demográficos”
entre esses dois espaços. Assim, a ausência de contiguidade entre a região mineradora e as áreas já ocupadas da colônia,
comprometia o abastecimento da população das minas, provocando uma escassez de produtos de subsistência e de consumo,
o que torna correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois a sociedade mineradora no Brasil Colônia foi marcada
pelo caráter urbano. A alternativa B também está incorreta, pois a natureza da economia mineradora e o grande fluxo migratório
para a região das minas exigiu da Coroa portuguesa um intenso controle sobre o processo extrativista. Contrariamente ao
indicado na alternativa D, a relação de trabalho nas minas se baseava na exploração da mão de obra escrava. Por fim,
a alternativa E está incorreta, pois a atividade mineradora, baseada na mão de obra escrava negra, favoreceu a miscigenação
entre brancos e negros na região das minas.

QUESTÃO 89 TYTT

Ficou célebre uma frase atribuída ao político pernambucano Holanda Cavalcanti: “– Nada se assemelha mais a um
saquarema do que um Luzia no poder.” Saquarema, nos primeiros anos do Segundo Reinado, era o apelido dos conservadores
[...]. Luzia era o apelido dos liberais. [...] A ideia de indiferenciação dos partidos parecia também confirmar-se pelo fato de ser
frequente a passagem de políticos de um campo para o outro.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1995. p. 180. [Fragmento]

O texto revela que os dois partidos rivais que disputavam o domínio do poder no Brasil ao longo do Segundo Reinado apresentavam
semelhanças, uma vez que esses grupos defendiam a
A. manutenção da escravidão e os ideais monarquistas.
B. implementação da República e os princípios federalistas.
C. substituição do trabalho escravo e o unitarismo.
D. preservação do Poder Moderador e a autonomia provincial.
E. extinção do Senado Vitalício e as eleições diretas.
Alternativa A
Resolução: Embora disputassem o controle do poder político no Brasil ao longo do Segundo Reinado, os partidos Liberal
e Conservador apresentavam semelhanças em seus projetos políticos. Formados pelos membros das elites brasileiras,
os partidos Liberal e Conservador defendiam a manutenção da escravidão e a estrutura vigente, isso incluía os ideais
do regime monárquico, o que torna correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois não havia entre os partidos
o desejo de se instaurar no Brasil um governo republicano e federalista. A alternativa C também está incorreta, pois,
como indicado anteriormente, compostos de membros das elites brasileiras, os partidos imperiais do Segundo Reinado
não defendiam a substituição do trabalho escravo. A defesa de maior autonomia às províncias e, consequentemente,
de maior descentralização político-administrativa, era uma pauta apenas do Partido Liberal, e não dos conservadores,
o que invalida a alternativa D. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois liberais e conservadores não defendiam a
extinção do senado vitalício e as eleições diretas.

QUESTÃO 90 L2ZO

O estilo fazia diferença na hora de Kubistchek abordar problemas e conquistar a máxima simpatia de cada grupo social,
mas não explica tudo. A outra parte do segredo de Juscelino está provavelmente no fato de que ele conseguiu transformar o
Plano de Metas no projeto de um Brasil possível. [...] A confiança que Juscelino depositou nesse projeto de Brasil foi contagiosa,
e não é muito difícil entender por quê. O projeto de JK sustentava-se na crença de que a construção de uma nova sociedade
dependia da vontade do Estado e do desejo coletivo de um povo que, enfim, teria encontrado seu lugar e destino.
SCHWARCZ, Lilian M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 417.

As medidas políticas adotadas pela administração do presidente Juscelino Kubistchek estão vinculadas a um contexto
característico

BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO ENEM – VOL. 7 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 53

A. da fase liberal-democrática da política brasileira, orientada pelo antinacionalismo.
B. do período político, marcado pela presença de figuras carismáticas na presidência.
C. da fase da República em que o Estado deixava de ser promotor do desenvolvimento.
D. de governos que priorizavam obras que geraram muitos gastos e baixo crescimento.
E. de períodos de crescimento econômico e redução das desigualdades sociais no Brasil.
Alternativa B
Resolução: A administração do presidente Juscelino Kubistchek (JK) se insere em um período da história política
brasileira conhecido como Liberal-Democrático. Sob a Constituição de 1946, de tendência liberal, a experiência
democrática, ainda que não tenha sido completa, pode se expandir junto com a garantia de liberdades até então
limitadas. Os governos desse período, de um modo geral e sobretudo a partir do governo de Vargas (1951-1954),
foram marcados pelo populismo, que se caracterizava pela manipulação das massas por uma liderança carismática,
o que torna correta a alternativa B. O governo de Juscelino Kubistchek adotou um modelo de desenvolvimento, chamado
de nacional-desenvolvimentista, em que o Estado investiu capital na indústria de base e, simultaneamente, criou condições
para o avanço do capital internacional na indústria de bens de consumo, não sendo possível, portanto, como apontado na
alternativa A, classificar o período em que se insere a administração de Juscelino como antinacionalista. A alternativa C
incorre em erro ao associar o governo de JK a um período em que o Estado se abstém de promover o desenvolvimento, visto
que a gestão de Juscelino esteve pautada justamente em um pretensioso projeto de crescimento econômico. As medidas
adotadas por JK, contrariamente ao indicado na alternativa D, garantiram o crescimento econômico brasileiro, ainda que ao
custo do endividamento e da dependência externa. Por fim, apesar de todo o crescimento observado no período, as medidas
governamentais não foram capazes de reduzir as desigualdades sociais no país, o que invalida a alternativa E.

CH – PROVA I – PÁGINA 54 ENEM – VOL. 7 – 2018 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO