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rotons Verdes 1999 Dados Internacionais de Catalogacao na Publicagao (cre) (Camara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Meschonnic, Henri, 1932-2009. Poética do traduzir / Henri Meschonnic; [tradugao Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich]. - Sao Paulo : Perspectiva, 2010. - (Colecao estudos; 257) Titulo original: Poétique du traduire Bibliografia ISBN 978-85-273-0875-5 1. Tradugao e interpretacao 1. Titulo, u. Série, 09-0960 cpp-418.02 Indices para catdlogo sistematico: 1. Traducio; Linguistica 418.02 COMECANDO PELOS PRINCIPIOS Reuni alguns elementos para uma poética da tradugao, e uma experiéncia. A feoria é apenas 0 acompanhamento reflexivo. Ambos interminaveis. A experiéncia vem primeiro. Fla parte das traducdes biblicas, ainda fragmentarias, cuja colecao prin- cipal é Os Cinco Rolos', com Jonas e o Significante Errante®. De- pois, um primeiro esclarecimento: a segunda parte de Para a Poética 11, “Poética da Tradugao”, e a segao “Traduzir, Situar” em Para a Poética v*. Em vinte anos, os trabalhos sobre tradugao tém sido nu- merosos. No entanto, nada mudou realmente no que diz res- peito ao lugar da poética, ou de sua utopia no pensamento da 1. Les Cing Rouleaux: Le Chant des chants, Ruth, Comme ou les Lamentations, Paroles du Sage, Esther, traduzidos do hebraico, Paris: Gallimard, 1970; 3. ed., 1995, 2 Jona et le signifiant errant, Paris: Gallimard, 1981; 2. ed., 1996. 3 Epistémologie de lécriture; Poétique de la traduction, Pour la poétique 11, Paris: Gallimard, 1973; 2. ed., 1986; com, em particular, trinta e seis “Pro- positions pour une poétique de la traduction’, p. 305-318, sobre as quais eu reflito, 4 Poésie sans réponse, Pour la Poétique v, Paris: Gallimard, 1978. aa ma. Digo poema para toda a literatura, nao somente 0 Poe tido restrito habitualmente para a “poesta” ; 1 USE ncia ee mn Por oposigio ag ‘onthecimento dy lings co ignorado, da tradugdo como reve: ladora do pensamento da linguagem e da literatura, dese, cio pel positonamentoancar qu Ihe reser a radi Dai este livro, para situar 0 ponto de vista do que chamo _a pottica, sobre o ato de traduzir, eos seus produtos, a trade Gio, as traducbes. Trata-se de fazer aparecera necessidade de um pensamento a poética, de um pensamento da linguagem para os tradutores como para todos aqueles que leem tradugGes, Fazer aparecen pormeio da abservasao do tradur,o que éentendlido por po. tica.A nio confundir mais com a estilistica. Como Tilo se pode mais confuadir a lingua com o discurso, Como se ha de reco- nhecer 0 continuo na linguagem, dlisfargado pelo descontinto A teoria da linguagem, neste sentido, talvez, nio tenha melhor terreno que o traduzir. Nada mais concreto, mais m= dliatamente revelador dos_procedimentos da linguagem, nas suas atividades, em seus efeitos de pensamento. Ou da ausén= «ia de pensamento. Deste ponto de vista, este livro sobre o que € €0 que sig- nifica radusir, em geral, e especialmente tradusie a literatura (nas literatura é apenas aguilo que mostra melhor o quea linguagem comum constréi, em lugar do pensamento prétai- “Porler que os ope um ao outro). Kste livro s6 pode set pel ‘ado como parte de um trabalho de conjunto, que vai de Part | i Poctica & Critica do Ritmo, a Politica do Ritmo, Politica do | Selio€& Da Lingua Francesa’, Seria um erro grosscito sObt® 5 itp de ded Ded oe le arpa dana ati esi 2% Politique ds rythm, politique ds sujet, LAgraSse: me ar Femi hte 198 PO ee J poste ler um lvro sobre a wadueia tel eono coats pparadamente de outros, e sem os conhecer. Victor Hugo red cine fo peaet clas mae om or pease a rengh VER Ra ee ‘so anata prec Gaet te eee ‘Nos exemplos, et me enearreguei de multplicar os dominios lingusticos, no para colecioné-los, mas para mostrar a diver sidade dos problemas ~ sua especficidade cultural. Inevitavl- mente, hi lacunas. O dominio espanol. Entre outras. Ou 0 srabe. Nao acabaria de as deplorar. F que a teflexao€ intermi- navel. Um tal livro, infindavel. Uma atualizagio, dominio por dominio, para 0 russo, por exempl, indefinidamente a fazer. Mas isto seria j6 um out livro, Aqui, trata-se de estabelecer 2s relagoes entre a teoria do traduzir ea teoria da linguagem, Dio poetica do tradusir, mais do que “postica da tradu- 80% para marcar que se trata da atividade, por meio de seus Produtos. Como a linguagem, a Teraturaya poesia si ativida- desantes de gerar produtos. Olhar o produto primero, segun- doo provérbio, olhar 0 dedo, quando osabio mostra ua. Antes, quase, poética do retraduzi. E sobre os grandes textos antigos que se acumulain as tradugoes. Fal que se pode confrontar um invariante,e suas Variagbes. us por que, seus «como, 0 «ico terreno de experimentagio da linguagem: onde podem indefinidamente recomegar experiéncias. Ai, traduric 6 uma poética experimental Avaliar af onde 0 Signo Quebra Nao enuncio aqui verdades, Somente uma estratégia para uma posta Por estratdgia, entendo um modo de agao de um pensa- ‘mento organizado para realizar um projeto. O projetos fazer a |e age naiawocedade =a ‘Traducir é0 ponte n ee iia eagle ede cen dca pa ee dito de una Kingua 2 outra, como todo o-Fét0 acompas ST oamineeaicl nacht SPeinae sada come dz Hamel dal ‘Yer com um homem em vias de falar" ~ implicando, como ql puma daiee ued even ses cone Sidaaio abr ilinta avr ope ou Meg cap cng un side do sjeto que de seo ‘enuneiagao, pode tornar-se uma subjetivacdo do continuo no cain dedi mice posi £ entio uma escrita, a organizagao de uma tal subjetiva- ‘gi0 no discurso que ela transforma os valores da lingua em’ rls eds Nose pode mais conta ps ‘nos termios costumeiros do signo. Nao se traduz mais a lingua. Ou, entéo, desconhece-se o discurso e a escritura. § 0 discure SO.ca escritura, que é preciso traduzir. A Banalidade mesmo. Eporisso que literatura ea traducao sao as duasativida- des mais vulneraveis, mais estratégicas, para compreender © fraco das nogées de linguagem, Porque * eetimbolt Witten shstorisch mur omer mat dm witch ees Mechs a hn, ore, Stutgart Kl Cot, 1960198 tek JOE DStadene ip. 9), Eon nedaction leur sur ah, ein til as Sel 194,246 "Nos no temosreamele vie um bomen iamenteengsido no to ding Mas i Con pO ec acy on de cn. cxpresa “wos de Me er ek. Ago adatorjantow uma difcldade de 8 lrasca the Hp ee al inci date i. Arado trn-seum ex cv oterpostas entre o texto 0 eto da trad Se are eo aque se faz da linguager. Este compreendernio é senda a teo- fia da linguagem. Sob pena de nao fazer como os linguistas aque sao surdos literatura, 4 ideia do Traducir Muda 4 tradugio, desde sempre, tem um lugar maior como meio de contato entre culturas. A comunicagdo ai consiste em fa zer passar um enunciado de uma lingua para outra. a nocio ainda mais difundida, Ela pode bastara certos objetivos. Nio ‘mais a tinica. Por motives que se prendem a transformacto cm cutso das relagdes intercuturais. Transformacao ligada is diversas descolonizagoes e& planetarizagao destasligacbes, transformagao das concepgbes da linguagem, de que a historia da traducao néo ¢ separavel. Traduzir ndo tem somente uma funcio prética, Mas uma imporiicia toric. ‘A intensificagao das relagdes internacionais nfo se limita | necessidades comerciaise poiticas, tem ainda um outro efeit © reconhecimento de que a identidade nao € mais a universa liracio e nto advém sendo da alteridade, por uma plualizagio na logica das ligagoes interculturais. Isto nfo sem crises’ F 0 pensamento da linguagem € transformade. Ela € transposta da lingua (com as categorias ~Iéxico, morfologia, sintaxe) ao discurso, ao suieito ativo, dialogante, inscrito pro- sodicamente, ritmicamente na linguagem, com a sua fisica~ lidade, Estes dois modos de transformacio, na politica e no “Pensamento, agem sobre a tradugao, Sua atividade éa oralida- de. A literatura ¢ sua realizagao maxima, Por isso a postica tem um papel critic, contraas resistén- «as que tendem a manter saber tradicional: cuidar para que «sla comunicagio nao passe pelo todo da linguagem: vigiar Para que a lingua nao faga esquecer o discurso, Nesta anica condicio, traduzir € contemporaneo daquilo que movimenta 7 exe des aes comoagude qu rar adi da em slemdo por Martin Bute e Fran Rosenzweig, que consi oye de “ranlatabiy of Cutures: iguraions ofthe Space Between, eta por San for Budick e Wolfgang ser Stanford: Sanford Univesity Pres 1998 a linguagem e a sociedade, seu proprio reconheci va: ada fz compan gg Cinco Pontos de Vista, Mais Um Traduzir pdeem jogo a representagio da lingu: ada literatura, Traduzir nao se limita a sere comunicagio e de informacao d cultura a outra, tradicion, gem na integra a ser 0 instrumento de le uma lingua a outea, almente considerado como j al em literatura, E o melhor sobre as estratégias de linguagem, pelo ex: sucessivas, para um mesmo texto, © ponto de vista mais antigo sobre de vista empirico, deuna inferior Posto de abservacag ame das retraducées criagao origi a tradugao € 0 ponte isto 6, o de uma experiéncia dos tradutores, cujo patrono, emblematicamente, €Sio Jerénimo, tradutor da Biblia. De Cicero a Valery Larbaud, é um ponto de vista orga nizado em fungio do efeito a produzit, no quadro da lingua, A tradugio é concebida como q passagem de uma lingua a uma outra lingua. Esté ligada também a nogio de estilo individual) Estilo ~ escolha na lingua, Neste respeito, desenvolveu-se um ponto de vista nfo ‘mais empirico, mas empirista: odo na experiencia e partcus larmente uma rejeigao da teoria, sobretudo da teoria da lite» ratura. E 0 ponto de vista dos profissionais da tradugdo, em termos de gramatica contrastiva, a “estilistica comparadd’ Bete Ponto de vista fundamenta atualmente o ensino da tra ¥\ As tentativas de tradugao automitica desde o fim da Se- gunda Guerra Mundial, no quadro da Guerra Fria estio di- retamente ligadas a0 desenvolvimento de uma linguistics da traducio, cujo ecletismo aplicado seguiu o desenvolvimento «is diversas doutrinas amalgamando-as, da gramitica genera- tiva A pragmtica contemporlinea. O behaviorismo americano cio estimlo/resposta deixou sua marca na teoria ena pritica da traducio, no biblista americano Nida’. Esta linguistica da ‘radugao continua a ser um conceituaismo da Kingua,nos ter sos dualistas do signo: forma e sentido A lingistica da tra dugio nfo procura absolutamente uma teoria em conjunto da linguagem e da literatura, © ultimo ponto de vista de método, atualmente, € 0 da poética, 0 de um reconhecimento da inseparabilidade entre historia e funcionamento, entre linguagem e literatura. E dai © trabalho para reconhecer a historicidade do traduair ¢ das traducbes, {8 Cujstrabathosanlisiem Para a Potca me Pas Poin ¥ a mene de ri hrs Jo tad Asma Ra muna emo ud st os Ingugm « parr eh psn tinea aac ou eas posed Se ian daceniiato ds poor c eet Jayraa frase como unidade. O classicismo adaptador prodigig. apritica das" inféis’ © romantismo, no seu aspecto filo- lgico de uma procura das especificidades, levou a uma nova procura de exatidao, No século xx, a tradugio se transforma, Passa-se poucoa ‘pouco da lingua 20 discurso, ao texto como unidade. Comegacse 1 descobri a oralidade da literatura, nao somente no teatro, O que os grandes tradutores sabiam intuitivamente, desde sem pre. Descobre-se que uma tradugio de um texto literério deve fazer o que faz um texto literio, pe sua prosédia, seu ritmo, sua significincia, como uma das formas da individuago, como ‘uma forma:sujeto. O que deslaca radicalmente os preceitos de transparéncia e fideidade da teoria tradicional, fazendo-0 ‘parecer como os ibis moralizantes de um desconhecimento «ujacaducidade das tradugdes nao é mais do que o pagamento justo. A equivaléncia procurada ndo se coloca mais de lingua a lingua, tentando fazer esquecer as diferengas linguisticas, cul turns, histricas. Ela ¢ colocada de texto a texto, ao contritio, \wabalhand para mostrar aalteridade linguistica, cultural, his- \oric, coma uma especficidade e uma historicidade. Eo vinculo explicto entre a poética ¢ a modernidade, ‘Traduzir a tem sua maior importincia Naturalmente, todos as pontos de vista coexistem. O mais emer €0 ponto de vista empirista, No mundo li- 0,0 ponto de vista fenomenolégico-hermenéutico é sem {hiss masdiundide, Das efeitos de poder, Uma geopoe Caan etPoFineo tem sido sempre o lugar por excelén Stitt. iaiertota © dogmatismo ¢ polimorfo Mass pritiasdemitivia onte no parecer itirias, que 96 tém a lingua por hori “oncorrer para fazer do traduzir sentido maior da alteridade ¢ da pluralidade que a modernidade im. adugio, Cabe postica estar em vigiia, poea 0 Barqueiro 4 tradugao sendo geralmente mais representada como uma ‘omunicagio entre as culturas,informagio, otnico melo de scevdr a0 que éenunciado em outras lingua, essa consatagho flementar mascara um fato também muito elementar o fato {Je que aimensa maioria doshomens 6 tem acesso a tudo que foi dito c escrito pela traducio, salvo para aquilo que é pens dona lingua, grande ou pequena, na qual nasceu,ealgumas ‘utras linguas que se pode conheer, \ representagio reinante é& do informacionismo: ea re- uv a traducdo «um puro meio de informagio. De repent, toda a literatura éreduzida &informagio: uma informagio bre o contetido dos livros. (0 tradutor é representado como um barqueiro, Nao se ves ime parece, que se retira com isto toda sua especificidade da coisa literiria, & uma desiteratizagio. Mais, «tradusio é na, melhor das hipéteses, cor localzada: “paizinho” ~, para o r0- ea jarqucno & urna metéfora agradavel O que imports nio fazer passar. Mas em que estado chega o que se transporiou para outro lado. Na outra lingua. Caronte também é um bar- aueiro, Mas ele faz atravessar 0s mortos. Aqueles que perde- ram a memoria £ isto 0 que acontece a muitos tradutores, Ciéncia ou Arte um vetho jogo social, dese pergunar sea tradugio € uma cia ou uma arte. A poética tem que frustrar este jogo”. ee + arnt ee sau om ed enema ‘cheng ped ati perience) Ciéncia, tradugao esta stuada na filologiae pordla,aseq. tegorias do sabere da lingua. Vista como uma arte,ela €coloeg, dana critica do gosto. Seus problemas tornam-se mistériog. Para a poética, a tradueao nao € nem uma ciéneia nem tama arte, mas uma atividade que coloca em curso um pensa. mento da literatura, um pensamento da linguagem, Toda uma teoriainsciente, como dizia Flaubert, do sujeito e da socieda- de, insciente ou inconsciente. Segundo quem tradw, Isto esté além da oposicao entre uma cigncia e uma arte Pelo menos fazer da ciéncia particular, que esta na obra, um sentido da linguagem, e da ciéncia do sujeito uma arte do pen samento, Como 05 grandes “pensadores” sio artistas do pensamento, Entio sim, traduzir é uma arte. O Ato de Linguagem Uma tradugao é um ato de linguagem. A meteorologia do, pensamento obriga a enunciar este truismo, Em nenhum caso, ‘mesimo quando ¢ excelente, uma traduga0 no pode passer, ‘azet-se pasar pelo original, Ela tem sua propria historicida- de, De uma maneira anédina, diz-se que se lé, por exemplo, 4 Biblia, em francés. Nao, vocé nao lé a Biblia, voce 16 uma traducio. Este truismo. Que se faz de tudo para esquecer. E 0s especialistas ~ filésofos - de Spinoza, na imensa maioria dos casos, citam-no em traducao, Nao hé a lingua de Spinoza. Peto fato de que ele escrevia em latim. Nenhum problema de tradugdo, Nem de postica do pensamento, Imediatamente, a lingua adimica: do pensumento ao pensampento, sem lingu As Prprias coisas. Se estes fldsofos fossem ldgicos, todos eles ‘se calariam. A tradugo apaga entao duplamente: apaga uma Pottica do pensamento, apaga seu proprio apagamento. Atraducao ¢ entdo um: \ésia coletiva. Uma di A ‘wa, Ua dsitonizagio, adi dena 8 pags manifesta a permanéncia do mito Aaslingugy = P88 € sempre a diferenga e a diversidade A critica das traduga limpsesto, as tradugdes — a poética - um trabalho de pa- ~~ ao quer, 0-que,0.como, hi também o quando do radu: as etancias de data ¢ sta Variagio, entre o tempo do orginal |” Sao traducao. O ligero traduz, e mesmo, o caso €raro otra. ‘jz antes da publicagio do original, Como para 0 Heidegger je Habermas em 1988, Exigéneia da moda, Ha‘ traduzido shais ou menos tarde, Cinguenta anos, como parao rr (Lin. vat TertiiImperit) de Viktor Klemperer. Ou mais. Eo jamais radio. vee vas também o afastamento de um tm sentido absoluto, nisto que se chama tradizido. O que se pode apreender da estética analitica, que distingue um em- prego neutro ¢ um emprego avalitivo das nogdes Elan val frais longe do que isto. Ela deixa a critica itriria, ue cuida them disto, nio a critica do valor, mas o pensamento do valor (Ou seja, por aquilo que a definicio se fa dstnta, Necessidade dle um adjetivo: um belo poema, uma bela traduglo, uma tra ducao malfeta ‘Mas se o valor é parte integrante da definigio,se a defi- nigo 6 se realiza na plenitude do valor, enti isto & ma tradi- io, isto é um poemsa, nio tém mals necessidade deadjetivo. Possoafirmar, de um poema, ese nido€ um poema, Nao Eum sca- +o que eta forma de pensamente familias no etn can vindo pela estetica analitica: pois esta € fortemente marcad Por Marcel De 1p, e esta origem da modernidade na radi-y) calieagio da questia: isto é arte, isto do é arte a ‘Vé-se bem, a partir disso, que certas obras de ums lingua conheceram uma tradugio, ¢ outras, no sentido forte, no te- riam sido jamais traduzidas. A Biblia fot traduaida, ones ‘em alemao. A Biblia nunca foi traduzida em frances. Eo de safio do tradusit, “transmissio ‘A'mé tradugdo, escreveu Walter Benjamin, & 2 ie inexata de um contedido nao essencial”™ A propria’ tein, 1® Wea {1925 La The ds tac em eee ‘radu de Maurice de Gandilac Pais Dene 1971-P XH pesamentoaional. Com cereal pode se perfam ve pertinente, em certos casos. Mas o valor 56 é a pensa ee conteddo. No signo, o descontinuo, aa uma nogio de ilologia. Nao de poctica. Na medida em que é aquestio de um saber, a exatiddo ¢ a polider do sentido, ‘Mas scu limite &justamente 0 sentido. © que desborda 9 sentido, ea nogao de sentido, ultrapassa o que a noo degen. tido tem de elementar, Mas também a artogéncia invisivel da representacio que nao sabe e nio quer saber o que hé de cone tinuo no pensamento. Ai, ela & 0 impensado. A mi tradugao é destrutiva. De muitas outras coisas além do sentido, ‘Trata-se aqui de tentar acabar com isto, ao menos no plano 4os principios, com algumas ideias preconcel bidas, preconcebidas, que dizem respeito a tradugao. Particu- lrmente aquela que opie a teoria & prética, os tedricas e 0s priticos. E que vem dos praticos. Por isso que este livro se or- ‘ganiza em duas partes intituladas de propésito, "A Pritica, éa Teoria’, depois “A Teoria, éa Pritica’ Nas duas, exemplos. Nao para confundir tudo. Mas para distinguir a consciéneia dos desafios, que é a teoria; ¢ a especificidade do concreto, que é@ Pritica, As duas, certamente, indissociavei Na verdade, toda a historia da tradugao no mundo oci dental nio conhece esta divisao até a linguistica contempora- hea, que pode fazer acreditar numa autonomia do teérico, E Preciso dizer que, de uma maneira tao difusa quanto impen- sada, @ propria condigao de muitos tradutores faz tudo para Separar o lazer de refletir, ea tarefa do tradutor. Além disto, @ nares escolar entre 0 concreto ¢ o abstrato, Incaps2 one atiera ‘entre a mé abstragio ¢ o sentido histori co dos desafios. Donde isto que eu chamei um 6 1 doc Slidade, desde (Bae Malle cha | Settet inet 2, um pe S, preconce- que é questio de literatura, a diferens@ umava de “a universal reportagem € GUE Imente.confrontado com um pensament© samento da linguagem. ~~ ii etal noDUGio pasta que este pensamento falhe © nao & mais atraducs oe 5 adugio aquilo que sve. as ta 7 A traducio, entio, mostra ¢ jj els nao sabe que mostra, Ela €obscena. Nio seacrediarie a juantidade de obsceno que nos cea, A fingua de Past do Traducir a4 uma lingua de pau do tradutor, edo especiaista profsional da tradugao. Hla € de pau porque é uma verdadeira autoridade, sem alternativa. E merece bem ser chamada de uma lingua, por- Gque ela s6 conbecealingua. As unidades dalingua ase rel- saves das nofoes aparentemente anédisas edeboni-enso, de lingua de partida ou lingua fonte, aqueles que sonham em reproduzi-Ia em tradugio sendo aqueles que procuram fontes,€ de lingua de chegada, ou lingua alvo,a lingua em que se traduz, aqueles que visam a ilusdo do natural sendo os alejadors ‘Acompanhamento tradicional: os termos de equivaléncia de fidelidade, de transparéncia ot apagamento e modéstia do tradutor, A tradugao como interpretagao. Esta claro que ela 1 saberia fazer outra coisa além deinerpretarotextoa tra duzir: é preciso compreender bem antes de traduzir. ‘Acompanhamento tradici 1 concebiila ‘como um dado imediato da linguagem, entre o sentido. o es- tilo, entre 0 sentido e a forma, Estas nocdes so proprias da tradugdo, Elas nao tem as0- lider nem a seguranga das nogoes da filologia. Apoiando-se inteiramente nos conhecimentos correntes em gramatica. my ta io as nogdes que se ensina. Sem vee sem die ue os constituem a programagio mesma da md tradugao, nat mente caduca. Paradoxalmente, uma boa tradugio no dese ser pense como uma interpreta, Porque winkrpetasao a et sentido ee Do destin Radicamente diferente ‘exo, queelabora aguilo que di ee imterpreiacio, somente levada. A ie somente dizer. Deve, comoo eto. se-portadoreleaGh ‘Acompanament adiconal aia 00 envelhecem, para dizer que elas si0 Tuins a das, Dierente dos originals, ue mantém através dos em pos, segundo a fora que possul um texto liter, fazendg am texto literro, e que continue a ser lide OO Nas € 0 contratio que € verdade. As bela tradugdes ene selhecem, como as obras, no sentido em que elas continuam a serativas, a serlidas, Mesmo depois que o estado da lingua fm que elas foram escritas tenha envelhecido: as Mil e Upmg Noites de Galland. Continuar a ser lido, mas naquela lingua, se isto nao esté no original, Dizem que Homero continua a ser lido, mas em tradugio, nio se Ié Homero. Se o leem em tradusao, néo se Ue mais que at wiugio.E preciso evitar fazer chacota diante daguilo que s6 um truismo. Atensio, vocé comegou a fazer podtica sem o saber A podtica€ 0 fogo de alegria que se faz com a pau. O trabalho da teoria é de estar em vigiia para 21 de pau, ai compreendida a poética ngua de io se fax Trata-se de reagir contra essa conceplo tio falaciosa quanto difundida, que opde os descobridores de fontes e 0s alvejado- ‘es: primeos ficam vesgos rumo & lingua de partida, tra- tando de decalcar; os alvejadores olham para diante, realistas, «em diresio lingua de chegada, pensando s6 em preservar 0 ¢ssencial, 0 sentido, Os descobridores de fontes, avidos pela forma, Inessencis Vise logo que esta reparticéo ¢ outra divisio do sigro, Segundo sua nosio clissica,alianga de um significante, fon ages. a ms. ¢ de um significado, o sentido. O que mum eo bom senso oferecem coma inca ait tazoavel determina oa a uma estase conceitual, e um desastre lite- iio. Mas também u eonne sta Aesastre conceitual. Os textos filoséfi- Hindu esi ti 9 comando do signa indur a uma.es sentido sornhe t= U™ Pseudorrealismo ordena traduzi BEC donuts ttomaverdade nunca est s6 Ee di- * Pato at ern ages” Qe apaga, Fle acomoda ©m geral, & nogao de forma como Oe residuo daguilo que se acreita sero sentido, conforme a pa lave, geralmente, como unidade. Qenmo ~ ‘A resposta da poética & que a unidade da linguagem nao « pslavra,¢ do pode, pos, sero sentido, seu sentido. O alve- jor st engana de avo, Porque ele s6 conheceo sign. Mas a unilade € discurso,O sistema do discurso Para a poética, a unidade € da ordem do continuo ~ pelo siumo,a pros6dia ~ endo mais da ordem do descontinuo, onde scistingia mesmo entre lingua de paridae lingua de chega- cha volta a reunira aposigio entre significantee significado. O slveiador esquece que um pensamento elabora alguma coisa na linguagem, e€ aquilo que ela faz que fica por trad “jue, « oposigio ent fontee alvo mio tenha mais nenhuma pertinéncia, $6 0 resultado conta. ‘A pottica é um nominalismo das obras, dos discursos, nio das palavras. O menor poema, o menor conto infantil frustra uma armadilha grosseira que jé serviu demais, e em que esto. cembaragados os tradutores, Quaisquer que sejam as linguas,s6 hi uma font, e€ de fato um texto; s6 hd um alvo,construir na out lingua aquilo aque ele consti, Isto ¢ realismo, O que o alvejador considera realismo, é seu semiaticismo, Signo perverso, ‘Se queremos compreender alguma coisa a respeito da re- lacao entre 0 descontinuo do signo (as noges correntes sobre a linguagem, que vém 4 ton) € 0 continu do fazer, do agir nna e pela linguagem, é preciso aprender, ou talvez reaprender, uum modo de escutar aguilo para o qual o signo nos tornou surdlos,Surdos, porque ele opera uma redacio da linguagem Asunidades da lingua, Surdos ao discurso, como atividade dos sujeitos. O que faz esta atividade, nao é uma antropologia da totalidade, mas uma semantica do infinito, ar Diferente do signo, ela nio separa, na linguagem, o corpo 0 sentido, Segundo uma oralidade, uma corporeidade, uma sociabilidade da linguagem e de um discurso como sistema do discurso. Sistema, no sentido de Saussure, de um conjunto de di- ferenciais internos, radicalmente histéricos, a diferenga da estrutura estruturalista e semiética, que trata como pares de exclusiio miitua os pares de implicagio reciproca, em Saussure, (208 dois, 6 con. a) sintagmatica e junto, a historia, estado € mui Nao paradigmatic. ‘Neste sentido, a poctica ee, alist. O estruturlismo linguistico ¢ sobretudo literati ter aussure, Nunca a se osuficiente: hoje ainda, a0 ver como se escreyg s0ciativa, € saussuriana, mas senso a respeito de sido um longo co vai repetir is ahist6ria do pensamento da linguagem neste século, Sistema, valor, funcionamento, © radicalmente arbitr§. rio, raicalmente histérico, sio diretamente penséveis na sug relagio da lingua 20 discurso. A critica das “subdivisies tradie cionais’ por Saussure ~ léxico, morfologia, sintaxe ~ podesse lercomo a condigao necessaria de um pens 0, ¢ de uma poética do continuo. Porque no ritmo, no sentido em que o digo, niio se ouve som, mas 0 assunto. Nao uma forma distinta do sentido, Traduzir segundo o poema no discurso, é traduzir o recitat mento do discur. ‘yo, a narragao da significincia, a semantica pros6dica¢ itmi- 2, no aestipida palavra a palavra que os alvejadores veem como a procura do poético. E verdade que hé descobrido- res de font, sectirios do decalque, Mas também eles Jgnorantes da postica quanto 0s alvejadores, Porque o modo de significar, muito mais que o sentido das palavras,esténo ritmo, como a linguagem esta no corpo, Joquea excrita inverte, colocando o corpo na linguagem. Poc isto, traduair passa por uma escuta do continuo, Sub- jstivagio pela subjetivagao, 10 t€0 paps para fazer uma fogueira de alegria com a lingua ipo, Ht sobre isto que & traduzir,dispor os dois prin= a aiores da poética: a invencao de uma historicidade Mastiaear b hisonigga’® ¥en de um sujitoexpecifico por esta orga tuber aul ssencil através daquela dos textos (ricidade, um pensamento e de uma pratica da his- A histori onli Pistorcidade definida nao como uma situaga0 “S Sétinistracio das tensdes entre o presente ee passado passivo ¢ a invencio de maneiras novas do ver, do +, do sentir, do compreender de tal maneira que esta 1 continue ser invengdo muito depois do tempo do seu achado, porque ela é uma invengso continuada do sujeito, O historicismo, ele préprio, 96 sabe reduzir o sentido as condi- «oes de produgio do sentido, A historicidade de uma traducio, como de uma obra dita original, éfuncio, a0 contrario das razées falaciosas do genio 4as linguas, que sio toda uma tradigao, da inscrigio ai de um sujeto. Sujito no sentido em que Baudelaire dizia em A Arte Filosdfica, para “a arte pura segundo a concep¢aio moderna’, «ue era “criar uma magia sugestiva contendo ao mesmo tem 1po.0 objeto € 0 sujeito”™ Sujeito definide ndo como enunciador no sentido da lin- gua, gramaticalmente (0 que torna técnica a questio, a areia, movediga no jogo s6 dos pronomes pessoais), mas 0 coloca para designar a subjetivagao maxima de um discurso, Isto que 1 chamo 0 sujeito do poema, Sujcito especifico. Por isto, este discurso nao pertence mais as categorias do descontinuo, que io as do signo, as da lingua, Esta subjetivacio, quando ocorre, pertencea uma pratica e auum pensamento do continuo. Con- tinuo ritmico, prosédico, semantico. Continuo da linguagem ao seu sueito, Continuo de lingua & literatura, de discurso & cultura, de linguagem a histéria, A fidelidade, t20 respeitavel em aparéneia, e requerida como ‘© menor dos respeitos devidosao texto e ao leitor, a fidelidade que deve acompanhar a modéstia, 0 apagamento do tradu- ‘or, para atingir a transparéncia em relagao ao original, tudo © gue deveria ser a propria transparéncia é na realidade, um cisfarce amavel colocas ore um ignoranci obscuridade, Fidelidade de quem? Fidelidade a qué? Pretensa- menié ao texto a traduzir. Mas logo quando se olha de que cla € feita, vé-se que ela é primeiro uma fidelidade ao signo. Eis idcias preconcebidas, O apagamento do tradutor s6 tem uma 11 Art pilorphigu, de 1859, publicado em 1868 em [rt romantiqu, Pais (Cub du meleue ive, 1955.12 7.193. visada: dara impressio de que a traducao nao é uma tradugio, ar todas as par. ticularidades que pertencem a um outro modo de signify oferecer a ilusio do natural, Fi m por apag; pagar as distancias, de tempo, de lingua, de cultura Nio se pode negar, no entanto, que traduzir é um linguagem. © paradoxo do ap: Dido s : ato de pento, que passa desaperce. gundo a grade do signo, & 0 que véa podtica, Prem, cla nio vé mais que ele A fidelidade tem as melhores intengBes do mundo, Mas la mesma € a primeira vitima involuntiria de sua aplicagd de sua boa consciéncia. Nada do que ela empreene poser realizé-la Pensa em manter um texto, e s6 abarca um enun, ado Lastimavel e falsamente ingénua, a moralizagio ai man- tém lugar da ética anunciada. Ela ¢ o alibi varidvel da teratolo gia em tradugao, mas também do decalque. Apesar de toda a seriedade do saber a que pretend, cla ndo sabe o que faz, Para a poética, ndo é certamente preciso opor-lhe a inf delidade, Menos ainda dos traducionismos. Mas a escuta do continuo, que nao ¢ do saber, mas do sujeito, com sua parte de incerteza, ‘Quanto mais tradutor se inscreve como sujeito na tradu= #0, mais, paradoxalmente, teaduzit pode continuar o texto ‘Quer dizer, em um outro tempo ¢ uma outra lingua, dele fazer tum texto. Poética pela podtica Sto Jeronimo miostra-o'éxemplarmente. Foi 0 contrario da Wansparéncia e do transporte. Seu latim era uma relacio. Com o hebraico. a os anh aadmirasio diante do espetéculo € dupla, asim daca ae etttados sto a programagio mesma da mé ta- trandes guns ortente Levamos tio pouco em conta as do ques onn g Ue mostram empiricamente o contrério. O sig coma S849 espanto, ve comparamos o lugar que "Ya, ea auséncia de lugar da pot Existem, Austr formas iolgica imptcg vn eratologia em traducao (a metéfora ica > SOmParueio com um corpo sio e integro | —_—s 0 texto a traduzit corresponde a este corpo): as supressdes / misses no texto, em que hi falta de uma palavra ou de 1m grupo de palavras: os acréscimos, porque a traducao se cré sbrigada a explicitar; os deslocamentos de grupos (a unidade ndo no grupo, nao na palavra) ~ por motives nunca mis .crios0s, OU ainda nao elucidados, o que estava no comeco se rncontra no meio ou no fim da frase, o meio no comego, o fim no meio, pretensamente para respeitar os habitos de uma outra ingua ~ sem nenhum constrangimento linguistic, e sem ne- nhuma ideia de uma semantica de posiglos enfim, banalmen- tc, observa-se ao mesmo tempo uma ndo-concordéncia € uma iniconcordancfa:nao-coneordancia, quando uma mesma uni Jade de sentido € traduzida por muitas, desfigurando.o ritmo .cmantico,¢ anticoncordancia ou contraconcordéincia, quando inversamente muitas sio transformadas numa tinica. Natural- mente, nao-concordancia e anticoncordéncia podem se reu- nig. E as quatro formas de teratologia, como era de se esperar, acham-se também geralmente juntas, Em nome do natural Assim se passa muitas veres com a tradugao comum, no sentido em que reina a ignorancia da poétca, isto é, da pré: pria nogio de sistema, A traduclo esta habituada a estes pe- quenos delitos que provocam as grandes distancias entre 0 estado deploravel de uma tradugio confrontada a forca~ a sistematicidade ~ de um texto, em seu estado original, de que no se tem mais idea A concordincia € uma nogio de ma reputagio. Pretende-se que ela seja puramente lexical, idéntica ao fetichismo da pa- lavra pela palavra, O que o corte linguistico das linguas torna ‘muitas veres impraticivel: significantes diferentes para um sig: nificado, Mas ¢ nisto que ¢ preciso passar-da filologia.poética, do sentido a0 modo de significar, do descontinuo do signo a0 continuo do ritmo e da prosédia como semintica nao lexical, ‘A maior parte das ndo-concordancias (muitas palavras | Para uma mesma palavra) ¢ das anticoncordancias (uma mes- za palavra para muitas diferentes) nfo sio de modo algum devidas a constrangimentos lingufsticos, mas a ideias intei- Famente preconcebidas sobre a repetigio, 0 génio da lingua ool et francesa, exte panto stravancado de asnon, A concahil cording ro é uma questio de palavras, mas uma questdo de ritmgam © problema ¢ simples: poeta pela postica, owa degen «vo de uma postica em retoric on © 0 discurso ‘ compreendi ‘como da lingua. did Revalorizar a tradugio implica que ela seja un Sen 0 que, é uma impostura Na tradugio,« equivaléncta é uma nogio perfita, Ela € tho froua quanto a fd dade, Podendo se situar em niveis dis versos, Ela supde obscuramente um sindnimo que o discurs9’ recusa, Mas ela é maledvel. Pode passar da ling do descontinuo ao continuo, Ela se transforma estilistica comparada, na lingua, Pode tao b ritmo € prosédia, no diseurso. a0 discurso, m receitas de: m se aplicar a0. Ritmar a Oralidade A oralidade, enquanto marca caracteristica de uma escrita, ‘ealizada na sua plenitude somente dda poética do tradi pi “i tr. Ela supde, ¢ verifica concretamente, cals er qu a aaldade no € mais 0 que signo binéri. conan com fla opoxto d escita, Onde tudo o quer escrito era ora, como tudo aquilo que nao é Verso € Prosa, rarso mestre de filosofi de Monster Jourdain, mois 0 sito nio & mais o que era, se €a organizagio do Tamneato da plas, no sentido que Saussure atibuin& pa hier attasto que a espcifcidade, a subjetividade, trade de wm dscurso,e sua sistematicidade entdoa Indo coma, rimade do ritmo ne modo de significar No fa mente Enea Paliteratura que a realiza,emblematica- a raeeme te pris quel erat. a aramente que num texto literdio o qu Fare tradazit 64 oalidade Poa aa oda traducig, gas logoa chat Mostra do tera minima ideia isto mesma. Forma traducional do sui | Ao contririo da opinio corrent, que passa por um universal hnao-histdrico, querendo que a poesia (confundida como ver. {o) seja mals dfill de traduzir que a “prosa” ~ma representa «iio de um verdadeiro problema, 0 do continuo ocultado pelo tiescontinuo =, Goethe colocava uma questo para o futuro, tin problema cuja formulagio esbogavaa necessidade de pen sar o impensido; pensar aquilo que pode ser um pensamento rico quando ele escreva: "Eu venero o ritmo como a rima, pela qual somente a poesia torna-se poesia; mas © que poss tuma eficicia realmente profunda e essencial, o que verdadet ramente forma ¢ cultiva, 60 que reta do poeta quando ele é traduzido em prosa" ‘© que continuava ainda confuso com © contetido, com « sentido ~ 0 essencial ~ no quadro do signo, merece, no en- tanto ser pensado distintamente. Com a diferenga do verso ~ ras nao sem afinidades com ele - e coma diferenga da poesia, ‘existe alguma coisa de especifico. Fu chamo pensamento poé- tico, O pensamento poético a maneira particular pela qual um sujeito transforma, inventando-se, 0s modos de significar, de sentir, de pensar, de comprcates dete deneLedesre nna linguagemy, F unt modo deagao sobre alinguagem. O pen- Samento poético &aquilo que transforma a poesia. Como © pensamento matemitico transforma as matematicas. B isto que fica para traduzir.E isto que constréi a moder- nidade de um pensamento, mesmo ja pensado de hé muito. Pois ee continua a agir. A ser ativo no presente [Atraduco éferida imediatamente pelo impensadio da relagao interna (no sentido do que Humboldt chamava interagao, We- ‘hselwirkung) entre lingua, cultura literatura. Todo o conjun- ‘to de ideias confusas que se chama divertidamente, na propria ‘medida da falta de génio,o genio das linguas. 12 Pose et Ver ie prt, lire XL, Paris Ant, 1981,p 317 £ todo o conjunto das representagdes imponderéveis nag Linguas anigas ou jovens, no que é possivel numa lingua @ impossivel na outra: as repet sideradas impossiveis em francés. Todo este conjunto, me 5es, possiveis em italiano, cons linguistco e metaliterério, que resulta do gosto do traduton de suas pusilanimidades ou de suas ousadias. O fran 5 $e co- razoavel, lingua de toda maneirajulgada apoética e sem ritmo, por toda uma tradigao, Justamente a do genio. Joca nesta questio como a lingua ¢ ‘Com as tradugdes da Biblia, o problema poético é um balane o de ocultagoes, e uma traducdo nova a fazer, a do ritmo, a de um original segundo em francés, dada a inexisténcia poé- tica de uma Biblia em francés. Trabalho ligado ao de uma de sestabilizagao do signo em dire¢ao ao ritmo. Trabalho por,em sobre a poesia francesa de hoje. Com as tradugdes da Biblia, dada a ritmica toda poderosa do texto original, sem verso nem prosa, toca-se na prépria er tica do ritmo em sua acepsao tradicional. O desafio ultrapassa a tradugio: & a teoria da linguagem. Donde a exacerbagio da importincia que toma a tradugao. (Uma situacio «nica para uma antropologia histérica da Jinguagem, ao mesmo tempo ciéncia nova da linguagem, € nova pratica do corpo na linguagem, A hist6ria do traduzir no mundo ocidental é, como yai-se ver, a ilustracao hist6rica e ideolégica da tradugio como apa= | gamemt, Trabalhos recentes confirmam o panorama tradicional: Colet- te Laplace, em Teoria da Linguagem e Teoria da Tradugiio"% © Europa e Tradusdo, organizado por Michel Ballard". 19 Thi lanpage thoi eration tris tere thre dels duction, kx concepts det Kade epi) Cosa Tubingen), Skeet (Pr) Pari: Die em M4 Farope et traduction, Aeras: Artois Presses Université/ Otawa: Presses 4 Université COttawa, 1998, t i iTRODUGAO xxx A paisagem, felizmente, nao é um bloco, Uma outra ati- tude aparece em: Tradugdo e Cultura, de Jean-Louis Cordon~ nies" ¢ Didatica das Linguas, editado por Germaine Farges e Alain Braun'® Dificil saber seas aberturas manifestam uma evolucao de costumes na traduo, Nisto se empenha este A EUROPA DAS TRADUGOES E ANTES A EUROPA DO APAGAMENTO DAS TRADUGOES A Hist6ria da Europa como Historia e Nao-Hist6ria do Traduzir Pensar a teoria do traduzir é inseparivel de pensar sua histé- ria, suas histéras. Eu me limito aqui necessariamente & Euro- pa. Tem-se no entanto também grande necessidade de saber como se traduz, em outras tradig6es, Balzac, em chinés, por exemplo, Hoje mais que nunca, a traducio & 0 élemento de troca de conhecimento entre as culturas, e no interior de cada cul- tura. Nao se saberia fazer a historia da literatura sem a historia dda tradugdo. Ora, esta historia é marcada na Europa por uma série de apagamentos. 5, A Buropa nasceu da traduco e na tradusio. ‘A Europa se fundou apenas sobre traduges. E ela si fal constituida pelo apas ai O que vale para seus textos fundadores, aqueles de seus dois pilares, o grego para sua ciéncia ¢ filosofia, o hebraico par | 2 Biblia, Antiga Alianga como Nova Abianca/ A ocultagdo da ocultagéo sendo aquela do hebraismo, em toda a histiria teo- logico-politica ocidental. Que é a historia do antijudaismo {ilolégico cristéo. Desde a Septuaginta, os especialistas mostraram que 18. ‘Traduction eels Pats: Hatir/Didle, 1995. 16 Didactge des lagu traductolgi communication, Pai Bruxelles Boeck Universit, 1998 até-0 século iv, em todo caso, 0 conjunto dos exe: nto dos exegetas cristiog nag ™as como o texty figisigy considerava a Septuaginta como uma tradugao, inspirado nele mesmo: a maior parte -dos simples existiu. um original hebraico! : Mais tarde, “nao se hesitou a Pretender que a ux, tradu: ica auténtica, desnaturado pelos judeuste Diferente da Europa medieval latina, e da Europa das i in- sguas vernaculas em luta contra o latim, a partir do século xv, em que a traducio da Biblia determinou uma sacralizagao dy lingua, em alemio, em polonés, em russo ~ enquanto apaga- mento do original -, as culturas da India, da China edo Japig estdo em continuidade de lingua com seus textos fundadores, A excegao dos textos do budismo que viajaram em tradus ‘s40, do sanscrito ao chinés antigo e ao japonés. Mas Confécio criou um texto fundador em chinés para os chineses. E 0 Koji- Ki*, 0 Nihongi sao fundadores em japonés para o Japao. Quan- to a cultura drabe, seu texto sagrado vai em toda parte do Isl, até & Indonésia, Nao em traducio. $6.2 Europa ¢ um continente de traduslo, no sentido de que ‘os grandes textos fundadores sdo tradugées e sé existem em tra- ducaio enquanto as grandes tradugdes sao primeiro as dos tex= tos sagrados. O Novo Testamento ~ a Nova Alianga - em grego, 4 é uma tradugao. Cujo substrato, por muito tempo reputado. como sendo 0 aramaico, le préprio apagava 0 hebraico queem seus prdprios jogos de palavras mostram 0 que foi feito, Diferente do Corao, que se impée por todos os lados no Isla, em sua lingua, a Biblia, no mundo cristao, s6 foi conhecida rida naquela época pré-massorética, fosse a tn tendo sido 0 texto massorético'® 17 Francine Kafmann, Un Exemple approche thélogaue da radi Jes jugements sur la Septante, 771 (Traduction Terminologie Rédaction)s Montel Universite Concordia Trois Rives Universi ds Qube 2.2m, 190,933. 18 Texto estabelecido por meio da tradicio gramatical judaica ov Mass@r@ (ransmisso) os ramos io denominadosmssores 10 F Kaufmann, Un Exemple dapproche thlogigue dea radon oe ps j * 0 Koji & uma amdlgama das sintxesjaponen e chines, reprsenad 6 ‘eogramas chinses (kan). CE. A. Cranston, Asuka and Nae Literacy, Literature and Ms em 2M. Brow ta The Gar ‘History of fapan, Cambridge: Camlridge University Press 1993-% Japan), 459 (N da), inerRonugso. xu « praticada como texto religioso fora do judaismo através das tradugdes que foram os originals segundos: a Septuaginta, a gata (declarado tinico texto auténtico no Concilio de Teen- to, em 1546), a traducao de Lutero ea King james Version, a versio inglesa “autorizada” de 1611, as duas em pais protestan: te, Bste efeito, tio massive que passou desapercebido, se agrava pelo fato de que em pais catdlico, na Fran¢a, particularmente, ndo existe nem existiv original segundo, nem grande tradu- <0 da Biblia, cujo texto éassim duplamente apagado. Uma das » m se eles pouco traduziram: Edmond Fleg, em tra. a Biblia; os que se identificaram tanto com a obra “que fizeram dela sua obra, como Baudelaire, com ———— ll xt POETICA Do TRADUZIR ‘Edgar Allan Poe; os que foram grandes porque tiveram tam, ‘bem uma concepgio de conjunto do traduzir - Sao Jeronimo, ‘Lutero; os que deixam sobretudo uma tal sintese: Etienne Dolet, Walter Benjamin, Valery Larbaud. ‘Una grande tradugio é uma contradigdo que se mantem, ‘no sentido contrario da concepgao corrente que tende a re ‘solvé-la numa ou em outra direcio, entre os dois termos da dua lidade do signo: em direcao & lingua de partida ou lingua de chegada; rumo 4 forma ou ao sentido; a exatidao ou a uma beleza de adaptagao, sempre no apagamento do tradutor. A fidelidade-e a modéstia que moralizam_sua.empreita da justificam-na em aparéncia, Sem sabe-lo, elas impedem a coat subjetivacio da linguagem que @ aventura exige. E ém elas a confundem com uma subjetividade psicoldgi- a. A sociedade, entao, pelo actimulo de ideias prontas sobre a linguagem ea literatura, 0 possve eo impossvel, proibe a ‘ito historico por este ato igo tradicional se expe claramente em Sob ‘a Invocagao de Sao Jerdnimo de Valery Larbaud, Ele defen de aia ideia de um tradutor modesto ¢ fel, apagado, que, no ‘entanto, deve participar da beleza do tinico: “Nao se trata de ‘uma empresa obscura e sem grandeza como a de fazer pasar ppara uma lingua e para uma literatura uma obra importan- te de uma outra literatura”. Acontece que existe, para além do sentido das palavras, “um sentido menos aparente, e que 1 em nés a impressio estética pretendida pelo poeta. E ‘ais, éeste sentido que ele trata de trazer, ¢€ nisto sobretudo 7 a tarefa do tradutor’ Traduzir ndo 0 que dizem as : 0 que elas constroem. Como se vera. Sim, mas | realizar pela desaparicao do tradutor em que “este sentido litendrio das obras de sreendé-lo; ¢ nao basta apreendé- EE tagao da linguagem como lingua, palavra, sentido, a repres® si foe condlcso da grande traducio é clara. Seus dois componentes ai si0 inseparivels: ume subjetivacio general toda da linguagem que {az dist invencio de um sujito, a firengio de uma historicidade, e €0 que dura ~ Amyot, Bau Haire; una intuigdo da linguagem como um continuo det tho, de prosédia, uma semantica serial '0 ritmo, organizacao do movimento da palavra na escritu: raéentioa unidade de equivaléncia numa poética da traducio ‘A Biblia, com sua ritmica irredutivel a uma oposicio entre ver soe rosa, desempenha um papel piloto para a traducio como paraateoria da linguagem. Donde seu lugar neste livro, © rit tno, @ organizasao do continuo, transfere para o descontinuo do signo a oposigao tradicional entre o literalismo ¢ o sentido pelo sentido, situacao que a concepgao corrente de linguagem far da traducio, e tal que seus partidérios s6 podem ver a poé tica como uma procura da forma, voltada em diregdo & lingua de partida,e segundo o signo, Buscadores de fonte. Este contras senso pertence ao cOmico do pensamento, Os deuses riem em Homero, Sem ir tio alto, ha também um rir da teoria Gs problemas do traduzir sio os da teoria geral da lingua- fem, de tal maneira que podemos vé-los a partir de uma cri tica do signo, ela propria possivel ¢ necesséria somente como lim pensamento do conjunto da linguagem e da literatura. Os Problemas do traduzir poem a nu os efeitos do signo. £ nisto Aue a traducio é a6 mesmo tempo uma poética experimental Sum lugar de observacao tinico para a teoria da linguagem. O Papel tedrico da tradugio é o de forgar a reconhecer a oralida 8 ahistoricidade, a modernidade. Seu vinculo. i Abist6ria do traduzir mostra que nao ha de um lado a teo- 4 outro of tradutores, Como o pretendem alguns empi- a luzem por ai ideias feitas. De Cicero a Nida, pas- dhe geet Si Ferbnimo e Lutero, Dolete Benjamin, todos o> Sig um Pensamento do traduzir sio tradutores. Seu = foi sempre de experiéncia, e muitas vezes polémi “Tess defend, ‘como Sio Jerdnimo e Latero. EM sa iden et ® wma doutrina que inclu o sto le traduzir sie a Preconcebida, como ilustracio de relacoes entre oe lingua c cultura, em Georges Mounin, ou como ume, colar do comprender er Heidegger, Michel Sees gl Steiner Entretanto, mesmo tais doutrnas reas e cio a uma teoria de conjunto, Seja expericia sea doutrina, a reflexao sobre rela ser oa part do conjunto Este conjumo et da linguagem. Nisto nao caberia haver ai uma "og aurdnom, sob pena de logo arrastarconsiga unit espontinea’ da linguagem. Mistéri, quando se recusa a fazer disso um prob {[aducio Iteriria nio pode realmente se fazer sem agg | nem sua historia. sea infideidade nao fosse assunto exclusivo de flolong de saber la seria julgada rapidamente, A fdelidade nag contenta com uma confrontasao termo a termo, Ely questéo do conjunto, a da coeréncia interna do texto, de oralidade, de sua poética como sistema de discurso, Toda fe. licidade isolada contribui para o disparate, que é a ruina dy conjunto, Este conjunto, por sua ve, pressupde uma conjuntural, cuja auséncia se nota cedo ou tarde. Assim as

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