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Caso JOSE Identificagao do cliente José (nome ficticio) tinha 4 anos quando iniciou atendimento, permanecendo dois anos em terapia. Morava com a mae, Ana Maria (nome ficticio), numa casa de dois cémodos, em uma favela. Ana Maria trabalhava o dia inteiro. Na ép0ca em que iniciou 0 atendimento, José tinha pouco contato com o pai, sendo esse um assunto proibido pela mae. O pai havia casado pela segunda vez. Queixas apresentadas José foi encaminhado pela escola onde estudava para atendimento psicolégico, permanecendo em terapia por dois anos. A principal queixa trabalhada era a de que a crianga apresentava “crises de nervosismo” * em diversos ambientes, como em sua casa, na casa de outras pessoas, na escola. O nico lugar onde as “crises” aconteceram por um tempo, mas logo cessaram e nao voltaram a aparecer, foi na ONG, onde fazia atividades complementares a escola. Essas “crises de nervosismo” consistiam em torcer as mos, chutar objetos e pessoas, jogar objetos para cima, agredir verbalmente e murmurar coisas dificeis de compreender. Quando se acalmava, chorava muito e preferia ficar sozinho. Em casa, costumava ir para o quarto e chorar. Algumas vezes, a mae lhe fazia companhia e conseguia acalma-lo, conversando com ele. Histéria de vida relevante José, desde os anos anteriores ao de ingresso na escola, fora criado pela mae sem um estabelecimento claro de limites e/ou regras. Ana Maria comprava-lhe brinquedos e guloseimas, mesmo que o dinheiro usado para isso tivesse sido + Dados pessoais ¢ detalhes de alguns episddios foram modificados para impedir a identificacao dos envolvidos. 2 Serd adotada esta denominaco aos comportamentos de José, que sero descritos a seguir, a fim de facilitar a mengo a eles no decorrer deste capitulo. m iw CASO JOSE TERAPIA ANALITICO-COMPORTAMENTAL 2 planejado para ser utilizado em outros gastos. Além disso, cedia as vontades do filho e 0 repreendia por qualquer mengdo que a crianga fizesse ao pai, além de emitir falas desfavoraveis ¢ insultos referentes a ele (0 pai). Quando José ingressou na escola, encontrou dificuldades de se adaptar a esse ambiente. Nao obedecia as solicitagdes da professora e nao tolerava que fosse repreendido por ela, emitindo comportamentos agressivos direcionados a ela e aos colegas. Tais comportamentos consistiam em xingar, jogar coisas € bater ou chutar pessoas que tentassem reté-lo fisicamente. Dai em diante comegou a exibir as “crises de nervosismo” A mae era frequentemente chamada a comparecer a escola ou recebia ligagées em seu trabalho. Para ndo receber mais reclamagées da escola, passou a tentar suprimir os comportamentos-alvo dessas reclamacées, brigando e batendo em José. Logo, as “crises” passaram a ocorrer em casa e em qualquer ambiente/ situacdo com regras, limites e/ou repreensées. No seu dia a dia, o menino frequentava a escola pela manha e a ONG a tarde. O trajeto entre a escola e a ONG era feito de perua escolar. Quando saa da ONG, no final da tarde, José ia para a casa de uma amiga de sua mae, onde ficava até a noite. Quando chegavam a casa, a mae ia arrumar a casa e José ficava assistindo ATV. Quando ela finalmente ia fazer companhia ao filho, este ja estava dormindo. Nos fins de semana, Ana Maria dormia muito tempo e pouco interagia com 0 filho. O pai morava perto da casa deles, mas nao o visitava. A crianga ia algumas vezes & casa do pai, cujas visitas eram pouco frequentes. Dificuldades apresentadas / identificagdo dos comportamentos clinicamente relevantes Os comportamentos queixa que trouxeram José para atendimento psicoldgico eram observados em sessdo e compunham duas classes de comportamentos- problema que consistiam em: Comportamentos autoritarios - Mandar no terapeuta, dizendo como ele tinha que agir durante as brincadeiras. Na maioria das vezes, fazia isso em tom de voz bravo ou aos gritos. + Reclamar de alguma coisa que o terapeuta fez durante a sesso. Comportamentos opositores + Infringir regras das brincadeiras, principalmente quando estava perdendo em jogos competitivos. + Queixar, reprovar, gritar, acusar e discutir com o terapeuta ante uma demanda, falas que deveriam ter func&o empatica ou quando ele lhe desagradava em algo. + Ignorar solicitagées. + Recusar-se a falar de temas que Ihe produziam sentimentos negativos, por exemplo, a escola. Além disso, apds um semestre de atendimento, José apresentou a “crise de nervosismo” que a mae relatava ocorrer em casa e na escola: parou de brincar, sentando de bragos cruzados em um canto; nao respondia aos apelos do terapeuta para saber o que estava acontecendo e sua expressdo facial mostrava que estava bravo; esfregava as maos e resmungava algumas coisas impossiveis de entender. Em contrapartida, José ja apresentava alguns comportamentos de melhora em sessdo, embora em baixa frequéncia: + solicitava e oferecia ajuda; + conversava animadamente; + aceitava sugestoes. Outros comportamentos de melhora que necessitavam ser instalados e que foram identificados durante o decorrer do processo terapéutico foram estes: + Discriminar, experimentar e expressar seus sentimentos + Resolver conflitos de modo eficaz. + Desenvolver habilidades sociais e empatia. Analise Funcional O contexto anterior ao ingresso de José na escola pode ser analisado da

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