Download as pdf
Download as pdf
You are on page 1of 38
PROJETO E CONSTRUCAO DE TUNEIS URBANOS CONCEITOS BASICOS E ALGUMAS RECOMENDACOES CORRENTES EM SOLOS, EXTENSIVEIS, COM PRECAUCOES, AOS SAPROLITOS Rua das Madressivas, 43 Brookiin Sao Paulo 04704-070 ‘SP Brasii tel: (011) 533 5939 fax (011) 533 9601 e-mail: vmello7@ibm.net VICTOR F. B. DE MELLO & AssociADos s/c LTDA 1. INTRODUGAO . © assunto de timeis urbanos merece ser subdividido em dois enfoques fandamentais, o da teorizagdo, ¢ o das técnicas construtivas. Sabidamente os dois séo absolutamente inseparaveis, mormente neste tipo de obra em que todos os comportamentos tensfo-deformag4o-tempo dependem visceralmente das técnicas construtivas, incluidos os equipamentos, logisticas, reforgos, ‘tratamentos. Porém, o que determina a engenharia respectiva ¢ 0 grave ¢ justificado temor de afundamentos da superficie, e de danos aos iméveis sobrejacentes, ambos decorrentes das deformagées que resultam da escavago no interior do macigo de suporte. No caso dos tineis urbanos as conseqiiéncias sécio-juridico- econémicas de danos 4s estruturas sobrejacentes podem ser muito sérias. Ademais, nestes tiineis as razSes insuperdveis de tragados geométricos otimizados levam aos tineis pouco profundos, muito mais influentes no macigo sobrejacente. As Sociedades ricas do 1° mundo tem sistematicamente levado a solugdes construtivas esmeradas e caras, colimando deformagdes essencialmente zeradas: empregam equipamentos de investimentos carissimos que s6 podem se aproximar de justificagéo técnico-ecénomica se houver continuidade de uso em timeis idénticos sucessivos; ou empregam tratamentos de pré-reforgos do terreno também muito caros, porém em principio ajustveis de ponto a ponto, embora na pritica sempre empregados sob receitas empiricas nunca justificadas. fato curioso que no se encontra qualquer relato técnico que tenha publicado quer: (1) as bases de calculo, mesmo aproximativas, pelas quais teriam sido comparados os comportamentos previsiveis sem e com o pré-reforgo preconizado; (2) eventuais altemativas para solugo do mesmo propésito; (3) a comparasaio admitida dos custos e beneficios das ditas condigBes sem e com 0 pré-reforso. Uma anélise precipitada do porque de tal realidade, perante assunto de tal gravidade, levaria a hipdtese da prevaléncia do temor do fantasma do risco inquantificado, e do marketing. Nao deixarao de estar contribuindo. Porém, VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/¢ LTDA aprofundando-nos na andlise histérica dos fatores causativos e motivadores, concluimos que: 1. a razio principal foi a de que nfo se encontra apoio em teoria adequada, associada a parimetros € comportamentos geomecdnicos efetivamente intervenientes, tais como deduzimos das investigagdes geologico- geotecnicas de rotina; 2. a teorizagao inicial tentada, langada sob patrocinio de nome mui prestigioso, foi mal orientada ¢ estéril; 3. enquanto 0 campo académico hesitava em encarar a desejada ¢ necesséria revisfo, as necessidades profissionais adquiriram um ritmo desenfreado, que foi quase obrigado a dispensar os apoios teérico-praticos. Resulta, infelizmente, a predominincia de dois extremos da distribuigao estatistica tipica: as situagdes extremas. Por um lado, em grandes trechos, bem sucedidos (¢ desapercebidamente muito mais caros do que merecido); por outro lado, em certas condigées, as surpresas dos graves acidentes, muitissimo mais caros, porém lamentaveis, pela freqiéncia com que ocorrem como absoluta surpresa (sempre justificada a posteriori). Concomitantemente se instalon a pratica, racionalmente muito justificdvel, da grande industria do “ acompanhamento das deformagdes da obra em curso”, afim de poder: (1) alertar ¢ orientar quanto a limites dos comportamentos a admitir como aceitaveis; (2) orientar quanto a pré-reforgos e procedimentos para os avangos a serem enfrentados. Na realidade o que se observa como resultado é que pela falta da espinha-dorsal teorizdvel, em tomo da qual coletar e diferenciar os comportamentos, a pritica da “observagdo de convergéncias” se transformou numa indistria, de énus adicional nao desprezivel, que pouco pode contribuir, por nfo alcangar os graus desejados de diferenciagao estimativa do aceitéveVinaceitavel, ademais de raramente poder orientar implementagdes em tempo habil Em resumo, por andlise meticulosa da bibliografia que retrata o histérico da questo, concluimos que: (1) ocorreu uma minimizagao de formulagao da teoria/projeto, de investimento insignificante e relagao beneficio/custo incalculével; VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA. 2) resultou conseqiente incapacitagao de insergo proveitosa do enorme volume de documentagao de observagbes de obra: (3) em contraposigéo a profisso se defronta com trés custos e gastos 3.1) trechos desnecessariamente bem mais caros do que possivelmente admissivel; 3.2) insofismavel encarecimento com "acompanhamentos técnicos de obra" em rotinas de relago beneficio/custo inescapavelmente quase nula; (3.3) periédicos, ¢ no raros, custos enormes de graves rupturas. 2, RESUMO E CONCLUSOES. 21. A mui divulgada tigela de recalque segundo curva tipo-Gaussiana realmente configura melhor as observagdes de obra, particularmente em casos em que os revestimentos foram mais tardios e/ou insuficientes. 2.2. Esta proposigao nasceu ¢ resultou absolutamente estéril, por néo estar associada a nenhum comportamento ou pardmetro geomecdnico, assim frustrando qualquer possibilidade de racionalizagao ¢ previsdo. E ilégica, ¢ merece ser liminarmente abandonada. Pelo sucesso (ilusério) em retroandlises puramente empiricas, durante 30 anos tolheu os esforgos a favor de solugdes logicas. 2.3. As buscas de teorizagSes (publicadas) de tentativas quer analiticas quer ‘numéricas por elementos finitos, abriram portas a resolugao do problema, mas resultam insuficientes ¢ desorientadoras, por terem se cingido a hipdteses de comportamentos constitutivos ( matematiziveis) aplicaveis consentaneamente ‘a todo o macigo, sem incluso de mais de uma componente distinta, cada uma fortemente influente. 24. A via promissora resulta do reconhecimento da enorme diferenga que sofrem os materiais em seus comportamentos tensdo-deformagao-tempo em fungo dos diferenciados fatores de seguranga (FS perante ruptura) de diferentes zonas do macigo no entorno do tinel. Assim, a anélise tem que se compor de quatro etapas: VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA. 2.4.1. Andlises de zonas instabilizaveis, tanto frontal, como subsequentemente as laterais e sobre a abobada, ¢ (mais raro) mesmo nas bases e fundo. Por fortes motivos de geomecdnica-geotéonica, tais analises atualmente tem que ser feitas por vias de equilibrio limite, e nao pela teoria da plasticidade (e ramificagées). 24.2. De acordo com os FS calculados, ¢ o tempo de instabilizagao previsivel até a efetivagdo da contengao, adotar judiciosamente nas zonas instabilizéveis as grandes redugdes do médulo de elasticidade nominal, conforme se deduzem como inevitiveis (e podem-se estimar) a partir de farta documentacao de provas de carga. 24.3. Mediante as andlises por elementos finitos, ¢ pardmetros seletivos aplicados as zonas diferenciadas de instabilizagées, resultam analises bastante realisticas, permitindo prever ¢ projetar. E, so diretamente relacionadas a comportamentos ¢ pardimetros geomecdnicos logicamente entendiveis. 244, Para as aplicagées de conveniéncia e rapidez exigidas na pritica profissional de obra, falta agora realizar um nimero suficiente de analises deste tipo, para estabelecer dbacos das influéncias dos parémetros intervenientes comparativos, sem e com os reforcos correntes disponiveis, a aplicar segundo realmente necessdrios. 3. ESCOPO E PREOCUPAGAO DA PRESENTE MINUTA RELATIVA A AUDITORACAO DAS INDICACOES DE PROJETO. 43.1, Ja assinalamos nas conclusbes supra a realidade da desorientac&o a que © campo profissional foi, com merecido respeito ¢ boa fé, levado durante 2 ‘iltima trintena de anos. Portanto, quaisquer comentarios em nada se referem quer a empresas ¢ colegas profissionais, quer a falta de reconhecimento do sucesso e merecido prestigio das atuagdes das construtoras frente a obras desafiantes e esmeradas. 3.2. Como primeira Constatagio séria (que pego me seja documentadamente retificada 0 quanto possa) espanta-me ter concluido que: (a) essencialmente nenhum projeto € liminarmente acompanhado de memorial de cfilculo, com interveniéncia de parametros geomecinicos do terreno, ¢ os parimetros especificos e previstos para o revestimento primario, VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA. (b) a fortiori, nenhum caso oferece antecipadamente as indicagdes de como alterardo os elementos principais a0 longo do trajeto, para atender a variagGes previstas em fungdo da seco longitudinal do terreno; (©) ainda mais enfaticamente, nenhum caso oferece a-prioristicamente a minima indicagao de quais as ramificagdes possiveis e previsiveis de interpretagdes de comportamentos menos desejaveis, ¢, moto continuo, quais implementagdes a aplicar rapidamente (com sua justificativa semi- quantificada) para sustar a involugao do comportamento. ‘Ademais da grave lacuna perante a obra especifica, tal politica de atuagao afasta qualquer hipétese da coleta sistematica de orientagbes teorizAveis, afinadas com a pratica, desejadas ¢ indispensdveis para o avango sistematico da experiéncia 3.3, Ressalva. Embora historicamente as primeiras orientagdes tenham sido dadas com relago a rochas fraturadas (ex. Fig. 1, Terzaghi 1946) o presente complemento continua a deixar de lado aqueles casos. Constituem realmente capitulo a parte. Entre as muitas razbes, basta assinalar trés: (a) sfio demasiado extremas as variagdes, entre rochas muito resistentes com elevadas tensdes intemnas a ponto de estalarem, ¢ as rochas brandas suscetiveis de inchamentos, (b) so muito variadas as disposigdes (azimutes e mergulhos) fortemente intervenientes dos planos de fraqueza; (©) significativo mimero de graves rupturas mostra que estio por enquanto mal equacionados na Mecfnica das Rochas os problemas conjugados de presses neutras de superficie (“cleft-water pressures”) nos planos, ¢ as resisténcias ao cisalhamento (inclusive diferenciados, de planos continuos, ou de pontos isolados de contactos muito resistentes quebradicos). 3.4. Proposigdes basicas. 3.4.1. Nunca nos livraremos dos COEFICIENTES DE AJUSTE entre previsio e realidade. Procuramos conhecé-los estatisticamente, ¢ reduzir suas faixas de dispersdo VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SIC LTDA ) Estratificago inclinada 4) Rocha fraturada Fig. 1 — Formas de comportamento da rocha a ser escavada, segundo a estratificagao (TERZAGHI, 1946). VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SIC LTDA . 3.4.2. Nao interessam os casos (a) casuais, unitarios, de ajuste “excelente” (b) de ajuste inescapavelmente excelente por ser levado & proximidade de zero (0) individuais de retro-andlise ajustada a aproximagao desejada. 3.5. Deformacdes liminarmente condicionantes. Instabilizacdes parciais, € ulteriores rupturas, influentes jé com reducdes de FS. Nos tineis em solos, ¢ em casos urbanos, si muito graves os recalques provocados & superficie, ¢ no macigo terroso até a superficie, para evitar rupturas de galerias, casos diversos de fissuramentos indesejaveis em edificios importantes, freqitentemente mais vulnerdveis a deslocamentos diferenciais por velhice, e efeitos anteriores acumulados e desconhecidos. ‘A técnica econdmica ¢ flexivel de RSST (rapid shotcrete supported tunneling) intemacionalmente difundida como NATM, abriu as portas a grandes vaos, formas diversas, e tineis menos profundos, todas elas convidativas a deformagdes bem maiores. Depende, inclusive, fortemente, dos tempos de reacio (a) do revestimento primério de concreto projetado (com seus reforgos), (b) ¢ do proprio terreno, solicitado e deformado em funga0 do alivio de pressdes gerado pela escavagaio. Em perspectiva mais ampla interessam-nos as deformacies (tanto recalques ‘como deslocamentos horizontais) de quaisquer tiineis, ¢ tanto & profundidade, ao redor do elemento causador (por razées de compreensio tedrica, e por conseqiiéncias praticas, em casos de fundagdes profundas), como em outros niveis, ¢ a superficie; e, bem assim, em todo © qualquer tinel, seja em percursos rurais de tineis rodo e ferroviarios, como nas cidades. 3.6. Deformacdes e instabilizacdes parciais dominadas por andlises cdlculos por PRESSOES EFETIVAS. $6 cabem as andlises por PRESSOES EFETIVAS, com os seguintes pormenores. Em questdes de DEFORMACOES exigem-se as composigdes de vetores das pressdes efetivas: pressdes efetivas de peso e de esforgos aplicados “lentos, drenados”, ¢ pressdes efetivas de percolagdes. Perante andlises de INSTABILIZACOES ( Equilibrio Limite, e, inclusive VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SIC LTDA. estdgios intermedifrios de plastificagdes e deformagées cisalhantes respectivas) compete computar por incrementos de tenses, e, no caso de carregamentos incrementais répidos, a prudéncia pode ditar 0 emprego de envoltéria de resisténcia Mohr-Coulomb adensada-répida, em lugar da efetiva, drenada. 3.7. Resguardo liminar relative @ TEORIA DE PLASTICIDADE, essencialmente sedutora por sofisticacdes ilusérias de publicacdes persistentes modernas de académicos. Cabe rechagar liminarmente o emprego da TEORIA DE PLASTICIDADE para andlises de rupturas: é inaplicavel mesmo nos solos “ideais”, inclusive, em particular para os casos genéricos e dominantes de redes de percolagao € de sobrepressdes neutras (sedes da maioria dos problemas). ‘A fortiori, rechagar as aparentes sofisticagdes complementares, de comportamentos elasto-plisticos, visco-elasto-plistico, ete... Frente a tais propésitos que surjam, desafiar liminarmente a que se determine quais os ensaios convencionais e/ou especiais que fornecem os parametros embutidos nas andlises. Geralmente inexistentes 4, HISTORICO. S. Litwiniszyn (1964) (Fig. 2) imaginou as probabilidades de discos de didmetro constante, arrumados em condigio de arranjo mais denso, de descerem, no caso da remog&o de um disco central do fundo. Cogitava de problema super-idealizado de blocos de rocha (NB. sem parametros dos contatos ou interfaces). Concluiu, inevitavelmente, que a subsidéncia se assemelha a uma curva de Gauss, probabilistica, para o problema estocastico imaginado. (B. Schmidt,1969) w Tatas 99 (Sit ") onde: s(x,z) = recalque a distancia x do eixo e profundidade Z VICTOR F. B. DE MELLO & ASsociApos S/C LTDA ‘CURVA DE RETIRANDO 1 DISCO. oa) o Litwiniszyn’s, 1964 B = fator diretamente proporcional a diémetro dos discos. Fig. 2- A tigela de Gauss, logica para a idealizagdo geométrica de Litwiniszyn. Note-se que resulta obrigatoriamente que o volume da tigela de recalques é constante a todas profundidades. (p.31). B. Schmidt embora reconhecendo que “em muitas situagdes solugdes elésticas para o problema poderiam ser mais apropriadas em termos tedricos, mas em vista da complexidade das solugdes clisticas, a solugo estocéstica mais simples é preferivel” uv ‘Schmidt passou a trabalhar na Universidade de Illinois onde Peck colocou & disposigao 0 vasto dossier de dados de obras ; resultou uma fértil conjugagao de uma pseudo-teoria bem adaptada a retro-andlise, com um grande dossier de dados para retro-andlises: e esta fecundag&o recebeu inconscientemente 0 imenso respaldo do nome prestigioso de Peck no seu State-of-the-Art Report, ‘México 1969. * Veremos que sio virias as ressalvas a tal solugéo primordial, ¢& tes. (1) E mais simples para ajustar em retrospecto de casos passados, mas toma impossivel prever, por no estar associado a parimetro nenhum, quer de solo, quer de tratamentos efeitos construtivos etc. (@) causas nao sio s6 de alivios elésticos, muito dependendo de reais “perdas de Volume” ; (3) as stenuactes de eftitos através do solo ni podem dar volume constante de tigelas (4) 0 “ponto de inflexio” da curva passou a sugerir importancia, impossivel de justificar, (6) no ha como antever, nem as variagbes ao longo da longitudinal 10 VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SIC LTDA. Peck apropriadamente ressalva “the settlement trough... can usually be represented within reasonable limits by the error function or normal probability curve. Although the use of this curve has no theoretical justification, it provides at least a temporary expedient for estimating the settlements to be expected at varying distances laterally from the center line of a tunnel” . Ora, desapercebidamente com tal promogao da curva injustificdvel passou-se a esquecer, em segundo plano, o que realmente seria, foi, ¢ € primordial : (1) estimar 0 recalque maximo (do qual a curva de recalques laterais nao passa de um efeito consequente) , e isto de uma forma relaciondvel com os pardmetros geomecinicos realmente intervenientes; (2) permitir avaliar 20 Jongo do trajeto longitudinal, as conseqiéncias de variagdes de condigdes do subsolo e dos carregamentos sobrepostos de edificios etc... (3) permitir avaliar geomecanicamente os beneficios (com suas relagdes beneficio/custo, de custos sempre altos) das miltiplas técnicas de tratamento, drenagens ¢ reforgos etc que vieram sendo desenvolvidas ¢ proliferam ; (4) dar sentido 4 enorme intensidade que passou a proliferar de instrumentagdes € monitoramentos, quer das convergéncias e deslocamentos dos revestimentos primarios, quer do terreno circundante. Um sem nimero de trabalhos, de autores prestigiosos (Attewell et al-1982, Cording et al-1975, Fang et al-1994, Saenz et al-1971, Fujita - 1982.) passou a se dirigir no sentido de comprovar que as deformagées realmente seguiam a “curva de Gauss” . E praticamente passaram a ser esquecidas as necessidades de comesar por estimar 0 ponto do recalque maximo em fung&o de solos, métodos construtivos, tempo de auto-suporte etc. Peck tabelou dados de 17 casos, dos quais postulou trés grupos de “terrenos” (sem interveniéncia de métodos construtivos, logistica, tempo de auto-suporte etc) a ver (cf. fig. 11): “areias abaixo do lengol freatico” “argilas moles a rijas” “rochas, argilas duras, areias acima do lengol d’agua” ; ¢ para estas trés categorias forneceu presumidos limites das “geometrias” das curvas de Gauss que Ihes seriam aplicaveis. As indicagdes fornecidas para os diferentes grupos resultam (como s6 poderia ser previsto) tio amplas dispersas, que geraram duas tendéncias opostas: (1) desalento; ()varios esforgos para ajustar de qualquer forma, sem raciocinios geomecAnicos. VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA 5, SOLUCOES ANALITICAS DO PROPRIO CASO, E DE CASOS ANALOGOS, JA EXISTENTES. Observa-se que a tigela empirica de Gauss (dados antigos) afunda bem mais sobre o tiiel. 1 Carga concntade a superficie Bousinsg (1885) 7, Carga concentra om profundidade Mindin (1936) TPIS SSN NI 3. Minin (1940) “Cento de presto” — Carlo, N. 1969) oso ‘stereo Fig, 3a - Solugdes analiticas, elasticas, ja anteriores. VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA. Fig. 3b; - Analogias (comportamento elistico, elasto-plistico) com a curva de Gauss, estéril SU Fig, 3b - Exemplo, distribuig&o geométrica idealizada tipica da curva de recalques na superficie e sua transferéncia em profundidade, Av-0. Fig, 3b - Recalque na superficie, transversal: hipéteses, inferéncias. Fig. 3 - Resenha historica comparativa de solugdes andlogas. VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA 6. SOLUCAO LOGICA E REALISTICA. 6.1. Por interesses priticos, para decisdes razoavelmente balizadas a serem tomadas na obra ao longo do percurso do tiinel, s4o indispensdveis solugdes que sejam desenvolvi(das)(veis) com Abacos indicando as _alteracbes previsiveis de efeitos em funcao de alteragies de fatores provocadores. 62, Para tal fim, via de regra € necessério compor uma sequéncia logica de anilises (a) de instabilizagao potencial, por equilibrio limite (b) de deformagses, fungao do médulo pseudo-elistico nominal, e do tempo, ambos estes fortemente ditados pelo FS (fator de seguranga) e pelo tempo. S6 cabe “amolecer” os volumes instabilizaveis. Interveniéncias construtivas tem que ser apreciadas em fungao das logisticas, tempos de efetivagaio. 7, RESUMO DOS ESTUDOS E APRECIACOES QUE LEVARAM AS PRESENTES PROPOSICOES. 7.1. Casos especificos e especiais de obras retroanalisados por elementos (finitos. Relatos sisteméticos de sucesso, porém suspeitos e iludentes, por retro-ajustados. Enquanto por um lado prevaleceu a esterilizante conceituagao probabilistica- Gaussiana, por outro lado sempre prevaleceu indiscutivel o fato de que o comportamento geomécanico elstico ou elasto-plistico etc. foi sistematicamente empregado , em diferentes graus de sofisticagdes, para retroanélises de casos especificos e especiais. Sem entrar em detalhes podemos listar as seguintes publicagdes: 1) de Beer,EE. (1963) “The scale effect in the transposition of the results of deep-sounding tests on the ultimate bearing capacity of piles and caisson foundations” Géotechnique 13, 1, pg.39. (Bélgica) 2)Wanninger,R.(1979) “New Austrian tunneling method and finite elements”. Numerical Methods in geomechanics, Vol.2 , pg. 587 . (Alemanha) VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SIC LTDA. 3)Rowe,R.K., et al. (1983) . Canadian Geotechnical Joumal, 1, pg.11. (Canada) 4)NG, RMC,, et al. (1986). Canadian Geotechnical Journal, 1, pg.30. (Canada) 5)Hou,X. and Xia,M. (1995). Underground Construction in Soft Ground, pe.8s, (China) 6)Abdel, Baki, et al. (1996). North American Tunneling’96,1, pg. 11.(Egito) ‘T)Notake,N. and Taji,T. (1998). Tunnels and Metropolises, 2, pg. 969. (Japan) 8)Malato,P. et al; Marques,F. et al ( 1998). Tunnels and Metropolises, 2, pg. 1169 (Portugal) 9)Targas,DNN. et al(1998) . Tunnels and Metropolises, 2, pg. 993 (Brasil) Cabe ressaltar de novo que os grandes érfios continuam a ser, pela incapacidade de predizer, em fungao de parémetros geomécanicos, qual a magnitude dos recalques méximos ao longo de uma LONGITUDINAL DE TUNEL, (a) a Empreiteira, obrigada a investir em determinado equipamento e processo etc... com riscos de dificil avaliagao, (©) 0 piblico lindeiro, com os riscos de danos etc. 7.2, Solugdes generaliztveis por elementos finitos. ‘Com o progressivo avango das andlises numéricas, outros caminhos passaram a ser utilizados. O trabalho de Sagaseta (1973) é um exemplo digno de nota desta nova linha de anélise através de solugdes genéricas modeladas em elementos finitos, obviamente muito idealizadas no inicio, mas jé indicativas de ‘um futuro promissor. No entanto no ha como conceber analises de elementos finitos como ferramenta basica da andlise de acompanhamento da obra. Ainda persiste este VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA vacuo entre as solugdes baseadas nas hipéteses estéreis das curvas probabilisticas e as andlises ultra-detalhadas, porém puntuais, de elementos finitos. Muito ainda precisa ser feito para fomnecer a pritica profissional algumas ferramentas (Abacos, formulas, etc) indispensdveis para avaliagdes comparativas e tomadas de decisio ripidas, preferivelmente baseadas em parémetros geomecanicos € construtivos, que possibilitam diferenciar cada parmetro realmente interveniente e analisar seus efeitos comparativos. Alguns problemas priticos ainda precisam ser melhor compreendidos de forma a possibilitar algum grau de previsibilidade ¢ de atuagdo efetiva: a) recalques longitudinais além da face de escavagao (fig.4): no podem ser desprezados no que se refere tanto aos efeitos na superficie quanto no interior do macigo, onde provocam alteracdes significativas das condigdes in-situ dos principais parametros geomecdnicos intervenientes. Rezéndiz, 1981 | ee SE | _ Perfil de recalques devidos a0 alivio | instanténeo de tensdes na face do ttinel Fig. 4 -Exemplo de determinagao do perfil de recalques longitudinais. b) instabilizagio de frente de escavagao (figs.5): este assunto esta intimamente relacionado com as deformagdes na frente de escavagao (item anterior). Dependendo do ritmo de instabilizagdo (afetado por tempo de auto-suporte, reforgos, tratamentos etc) 0 grau de deterioragao dos parametros geomecanicos in-situ do macigo pode variar significativamente. VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SIC LTDA. Reséndiz (1981) linha B Diregdo de ‘tensdo principal Diagrama de Assumido Pressdes Neutras, lhomogéneo Revestimento| X 7 Fig. 5b - Exemplo de uma andlise vidvel de Equilibrio Limite. Fig. 5 - Instabilizagdes da frente ¢ andlises propostas. VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA. ©) efeitos tridimensionais na frente de escavagao (fig.6): este problema afeta no 86 a instabilizagao da face (itens anteriores), mas também a instabilizago lateral (2-D) das paredes escavadas. = parimeto in-situ Ey = parknetro deteriorado peo feito da excevacdo = ? Fig. 6 - Combinagao de instabilizagSes frontal e laterais com a deteriorago parcial da resisténcia. 7.3. Solugdes analiticas intermedidrias. No universo intermediario existente entre as solugSes empiricas © as sofisticadas (e puntuais) andlises numéricas, um avango importante foi a consideragao do efeito de “perda de terreno” ao redor da escavagdo em solugdes analiticas, como por exemplo em Résendiz, 1981 e Rowe, 1983. Mais recentemente Lee, 1992 ¢ Loganathan e Poulos, 1998 ampliaram 0 emprego 18 VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA deste conceito indicando como quantificar o volume de perda de terreno (gap parameter) incluindo consideragdes priticas sobre a qualidade de execugao de escavagio (fig. 7). Inicialmente desenvolvida para tineis escavados com shield, onde o vazio criado entre 0 revestimento ¢ 0 solo (gap) é uma conseqiiéncia do processo construtivo, em termos de modelo analitico pode ser transportado sem muita dificuldade para escavagdes por NATM. Esta linha de evolugdo poder trazer maiores beneficios préticos se estiver associada & progressiva mudanga do FS por instabilizagdo tanto da frente quanto das laterais em andlises de equilibrio limite. a) Rezéndiz & Romo, 1981; Rowe et al, 1983 e Vermuijt, 1996. ZZS defondes a = CD we b) Lee et al, 1992; Loganathan & Poulos, 1998. sig incl dos ponte qe formato A epasur dca” Fig. 7 - Condigaio instabilizada de "perda de volume da auréola", um passo na diregao certa. VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SIC LTDA. & EXPLICACAO E JUSTIFICATIVA DA PROPOSTA BASICA DO ITEM. 8.1. Instabilizagdo parcial da frente. Afora 0s casos extremos da formagiio de “catedrais” e “crateras” (de afundamento estendendo até a superficie) inexordvel ocorrerem as condiges de instabilizacbes parciais da frente resultando no afundamento longitudinal tipico exemplificado pela Fig. 4. Tal instabilizagao potencial e seu Fator de Seguranga FS tem que ser liminarmente analisada Na Fig. 5a configuramos (propositadamente) 0 extremo (visivelmente ironisivel) do recurso a teoria de Plasticidade, que acima declaramos rechagivel. Na parte inferior Fig. 5b exemplifieamos esquematicamente 0 ‘emprego da andlise por Equilibrio Limite, que recomendamos.” Cumpre assinalar que ambas as vias de calculo necessitam os COEFICIENTES DE AJUSTES da andlise corrente 2-D (bidimensional) para a realistica necesséria 3-D. Entrarao aqui as vantagens da parcializagao da frente de escavacio.” Jé existem programas de estabilidade 3-D, permitindo elaborar os desejados Abacos de coeficientes de ajuste 3D = {(2D); alids, estes necessérios também para, ¢ andlogos aos de, fundagdes profundas. 8.2 Conseqiiéncias de instabilizacdes parciais, e sucessivas. Na Fig. 8 anexa apresentamos uma indicagdo importante, por enquanto extraida de provas de carga de sapatas sobre arcia uniforme de compacidade média. Oportunamente sero ampliados estes dados estatisticos para sapatas, ¢, mais pertinente ao caso em foco, esto sendo analisados de forma andloga 2 Noue-se que na época fora empregada a anilise da estitica do corpo sido rigido por Forgas totais. «Presses Neutras de Superfice, Ressaltamos aqui (© jé hé tempos, em publicagdes diversas) que este procedimento esta errado, tem que ser substiuido pelo corretofrizado em 2,3 acima, tanto por causa das deformagdes de corpo s6lido NAO - RIGIDO, como pelo fato da ndo-linearidade da cequago Mohr-Coulomb de resisténcia alterar (um tanto) a estitica e 0 FS "Na maioria das condigdes constitue decisio favoravel, por reduzr a “janela”e iniiar vantagens de drenagem etc. Geralmente resulta desfavoravel & logistica e custos. O que precisa ser ressaltado ¢ ‘que existem casos em que pode até resultar tecnicamente desfavorivel,dependendo de (1) quanto absorve (e quanto remanesceré) da resistincia in situ em fingio do FS e da curva tensio- deformago-tempo (2) concentracio de gradientes de percolacio de saida pontual. 20 VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SIC LTDA os resultados de arrancamento de placas de ancoragem (que dio curvas tensio-deslocamento inteiramente semethantes). “Ts Dado de proves] ° docare |] 0 Sn 14 18 yy 22680 Fig. 8 - Relagdo entre médulos nominais de recompressio e de compressio virgem, Para o caso de tineis (alivio de tensio no interior do macigo) € valido por ‘extenso trecho de Ac o médulo nominal de descompress&o. Nas provas de carga tal médulo € quase idéntico na descompresséo-recompressao, Ora a Fig 8 mostra que a relagao de médulos, o “amolecimento”, € muito grande, da ordem de 8-10 com FS 2 2, e aumentando para 20-30 vezes quando FS < 1,4. Na Fig. 9 apresentamos esquematicamente as curvas de alivios de tenso com ‘os deslocamentos p respectivos, associados a fatores FS e a presumidos ‘TEMPOS. Entra o tempo de auto-suporte. Tudo evidente, mas a despeito de extensa ¢ intensa pesquisa bibliografica, inexistem os ensaios que permitam iniciar quantificagées razodveis, por enquanto. o det. eapeciten 3) Fig, 9 - Condigdes ao redor do tinel, instabilizagao por alivio de pressdo, reologia do tempo de auto-suporte requer investigagdes. 2 VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTOA 8.3 Instabilizacées potenciais ulteriores, sequenciais, laterais, e da abébada. A tigela tipica, transversal, de recalques* to insistentemente apresentada e conferida, visivelmente corresponde no s6 a0 intuitivo alivio de tensdes em semi-macigo pseudo-cldstico, mas também a umas instabilizagdes potenciais que complementam a primeira, frontal. Denominamos de instabilizagdes potenciais laterais, esquerda e direita, ¢ a da abobada. A Fig. 6 apresenta esquematicamente tais zonas cujas instabilizagdes potenciais também serio analisadas por equilibrio limite. Propositadamente configuramos uma sapata carregada no topo do maci¢o instabilizavel esquerdo, para mostrar a facilidade ‘com que condigdes distintas podem ser comparadas nas analises por equilibrio limite. que mais importa é compor esta Fig. 6 com as indicagdes esqueméticas da Fig 9. Na faixa correspondente & abébada o FS composto final geralmente teré que ser menor, correspondente a uma tens4o cisalhante ja solicitada ¢ absorvida de s, , ¢ sequencialmente solicitada até 0 nivel de Bs mais proximo da ruptura. O “amolecimento” do volume acima da abobada é assim aumentado, acentuando os recalques do fundo da tigela a mais do que seria previsto por intuigdes iniciais. Cabe assinalar, de novo, que bem junto a frente, antes que esta avance uns (2 a 3)D, as instabilizagdes parciais em aprego passam por uma condigo 3D, que ulteriormente passa a ser realisticamente 2D (¢ beneficiada pela contribuigao resistente do revestimento primério). A condigdo 3D e o tempo de auto-suporte conjugadamente fornecem alguma contribuigao favoravel, que tende a ser maior quanto menor a segdo € volume do avango parcializado. Nao esquecer, todavia, que a condicfo 2D final conta com resisténcia remanescente decrescida, e médulo de deformabilidade ainda mais amolecido. 84 Compatibilizacao de andlises por elementos finitos, e os dados de subsidencias observadas, segundo a grande maioria das publicacdes. As Figs, 3b e 10 anexas evidenciam claramente que a tigela mais corrente, tipo Gaussiana, “afunda” um tanto mais na faixa central, sobre o eixo do tiinel, do que resulta das andlises eldsticas, elasto-plasticas, e outras, seja analiticas com suas idealizag6es, seja realizadas por elementos finitos. Rodamos varios casos, intuitivamente sugeridos, empregando 0 programa FLAC, © comportamentos “ jnexoravelmente acompanhada de deslocamentos horizontais, comparaco do arco ¢ corda respectiva VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SiC LTDA elasto-plésticos, camadas diferenciadas, etc.: no logramos compatibilizagdes razoaveis, Fig. 10 - Andlises (FLAC, ete.) com plastificagdes aplicadas: a) em todo 0 macigo; b) auréola, falham em explicar perfil aprofundado; c) em zonas instabilizadas coincidem com Gaussiana. Um trabalho publicado por Lee, KM. et al., 1992 (“Subsidence owing to tunneling I Estimating the gap parameter “Canadian Geot.Jr., 29, pp.929-940) supriu a desejada insinuagao, acoplada ao reconhecimento da Fig. 8, relativa & grande redugao do médulo nominal em fungao do FS. Lee et al. aplicaram a redugdo do E ao “gap” ao redor de timel-couraga (shield): podemos considerar © caso andlogo a adulteragao da qualidade rochosa na auréola em tomo da escavagiio. O ponto fundamental é aplicar a alteragdio do médulo na faixa de instabilizagao parcial, e de conformidade com o FS estimado Na Fig, 10 esté esquematizada a faixa diretamente sobre a abébada, na qual, na malha de elementos finitos, aplicamos a redugo média do médulo nominal para a metade. Mesmo com redug&o (media) to modesta, a intuigo surtiu 0 efeito na direg4o desejada: nao vimos necessidade de prosseguir em busca de melhores ajustes pois: (1) 0 principio é légico e geomecanicamente bem quantificavel 2B VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA (2) os dados que inicialmente levaram 4 curva Gaussiana sabidamente correspondiam a técnicas construtivas menos aprimoradas do que as atuais, com provaveis FS menos amplos do que seriam procurados ¢ alcangados na atualidade. 9. TOPICOS COLATERAIS CONSCIENTEMENTE APRECIADOS. Reconhecemos que ndo cabe no presente, perante Vossas necessidades ¢ propésitos, resumir a vasta bibliografia de renomados autores que tivemos 0 privilégio de analisar meticulosamente. O que cabe, e é importante mencionar, & que a sintese sequencial supra decorreu no sé da compreensio dos propésitos ¢ limitagdes de caso a caso, mas também da ponderada percepgdio do que merece ser incorporado perante as realidades atuais, e © que convida a0 descarte liminar. Umas necessidades indiscutiveis muito freqlentemente inexistentes nas proposigdes incluiriam: 1. Inclusdo do lengol fredtico, redes de percolag4o, controles de pressdes, fluxos, e conseqdéncias. 2. Taneis de grande didmetro, a pouca profundidade comparativa. 3. Timeis de formas diversas, sem necessidade de idealizagdes para formas circulares, elipticas, retangulares: 0 tanto quanto possivel alguma busca por otimizagao da sepdo seja para fins transientes construtivos, seja para os de Jongo prazo de obra operacional. 4, Revestimentos primarios de cura rapida, provendo reag&o iterativa com 0 terreno desde cedo. 5. Tais revestimentos “flexiveis” estruturalmente. 6. Muitos trabalhos antigos, ¢ ndo-urbanos, se limitaram a conferir 0 comportamento (principalmente deformagdes, raramente tensdes e pressdes) do revestimento pronto. Na conceituagao moderna tem pouco interesse, porquanto © revestimento primario j tem que ser suficiente para minimizar efeitos traduzidos no (€ pelo) terreno e iméveis lindeiros, 0 revestimento secundério tende a ser um incremento de obra a realizar com folga. VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOcIADOS S/¢ LTDA interesse (pregresso) na estrutura definitiva explica as referéncias as deformacées como porcentagens do didmetro (ex. 0,25% em média, < 1%). Tal conceituagao dista de qualquer associagao aos agentes causadores (massa geomecanica e agua) ¢ assim freqientemente desnorteia. 7. A profissio se ressente ainda fortemente da falta de documentagao, razoavelmente postulada e comprovada, para gerar abacos de coeficientes de ajuste dos deslocamentos medidos no revestimento ( com pequeno atraso) e/ou no terreno aureolar, para os que se traduzem até a superficie. A grande culpa recai sobre a persisténcia em observar efeitos exteriorizados (complexos) sem procurar estimar e documentar os parametros de comportamentos causadores, geomecanicos. ‘A solugao flagrante est sendo a de buscar deslocamentos tendendo para zero, independentemente dos 6nus perceptiveis ¢ recénditos: freqientemente desnecessaria, ¢ sempre muito onerosa. 10, LIMITES DE ALERTA PARA: (a) INSTRUMENTACAO, (b) DEFORMACOES DA_ SUPERFICIE, (c) DEFORMACOES DIFERENCIAIS TOLERAVEIS PARA ESTRUTURAS. No que tange aos limites toleraveis de deformagées totais e diferenciais dos edificios (e outras obras, adutoras, etc...) cumpre ressaltar que por varios motivos os limites publicados, e reiteradamente citados, relativos a edificios, ‘io inexoravelmente imprudentes, otimistas. Por falta de observagées especificas presentemente nao se conhecem os niveis toleraveis a empregar: seria e seri pequeno o investimento que proveria elevada relagdo beneficio/custo neste particular. Limites de alerta para instrumentagao. Com relago a timeis urbanos, onde o projeto est condicionado pelos limites toleréveis de recalques totais e diferenciais, um problema crucial € a previsibilidade do grau de deterioragio dos principais _pardmetros geomecdinicos (FS, tempo etc) e sua conseqiiéncia em recalques, convergéncias tao intensamente monitorados. Quais so os limites de alerta para tais deformagies? E, com respeito a edificios, existe alguma comprovagio ¢ atualizagao dos limites tolerdveis publicados por Skempton & McDonald, 1956 ¢ Bjerrum, 1963 e até hoje religiosamente citados e adotados como referéncia? VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA Varios questionamentos tem sido publicados, inclusive de Mello, VFB. (1969), ressaltando alguns aspectos ainda sem quantificagdo adequada: a) quais os coeficientes de ajustes entre os recalques (¢, seus efeitos) observados nas estruturas e aqueles calculados previamente na fase de projeto? Decisdes de projeto para evitar fissuramentos s6 podem ser feitas com base em recalques calculados a priori... b) cada andar de um edificio sé comega seu histérico de acimulo de deformagées diferenciais a partir do momento que é construido e, portanto, analisar os efeitos a partir de monitoramentos nos pilares do nivel térreo tenderia a reduzir as tolerdncias reais a novos incrementos de recalques diferenciais. ©) desconhecimento sobre os carregamentos que efetivamente atingem as fundagdes, especialmente as conseqientes redistribuigdes provocadas pelos inexoraveis recalques diferenciais que ocorrem em toda e qualquer estrutura. 4) finalmente, os limites admissiveis de incrementos de recalques devido as escavagbes so totalmente desconhecidos, tanto porque no se conhecem as reais condigdes iniciais de cada estrutura (historico pregresso), mas principalmente porque os incrementos so essencialmente rapidos. 11, DOCUMENTAGAO COMPLEMENTAR NECESSARIA, EM CURSO DE COLETA E INTERPRETACAO. ‘A meta colimada tem que ser francamente pratica. Por menor que seja o grau de precisio ¢ fiabilidade que se alcance, s6 pode resultar muito melhor do que © vacuo e a confuso que resume a situagao atual (ver Fig.11 extraida do Relatério do Estado-da-Arte de Peck, México 1969). Assim, prevalece o propésito de produzir gréficos e abacos que facultem a répida leitura de condigdes comparativas. E necessério que possam, 0 tanto quanto possivel, empregar solugdes de tipo analitico e/ou numérico jé disponiveis, e nelas superpor os coeficientes de ajuste que caiba associar as condigdes especificas do caso em pauta. Tal propésito almejado implica num conjunto de trabalhos em paralelo e série, que a seguir resumimos: 26 recaique, & VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA 4 Ke J. areias abaixo o nivel Z py ‘agua ‘elagdo WR 6 fungo de 2/2R e das condigdes do solo, Volume de recalque = 2 Sines, s 7 UR oF i/R Fig. 11 - Relagdio entre largura da superficie de recalque representada por i/R Profundidade adimensionalisada do tinel, z/2R, para varios tineis em diferentes materiais. 1. Em andlises 2D de equilibrio limite, definir aproximadamente as zonas instabilizaveis, frontal, laterais, e da abdboda (esta por inferéncia direta da faixa remanescente). Todas tem que ser orientadas judiciosamente, de conformidade com a experiéncia e as intuigdes tedricas correntes: resultarao em abacos andlogos aos “Stability Charts” (de Taylor, ¢ outros, Hoek and Bray, etc..) para instabilizagdes de taludes. Os fatores instabilizantes naturais so as dimens0es, os parametros de resisténcia, ¢ as redes de percolagao. 2. Realizar um estudo sucinto de coeficientes de ajuste 3D para 2D mediante varredura bibliografica de casos publicados, e algumas andlises especificas mediante programa computacional especifico 3D, por elementos finitos. Este coeficiente poderd chegar a ser bem grande com redugdo progressiva das dimensdes (em planta), segundo indica a logica das andlises de instabilizagao de “afundamento”, sendo este o fator basico que justifica as parcializagdes da segdo de escavagdo da frente. 27 VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA 3. Reunir o tanto quanto possivel de informagées para estimar comportamentos tensdio-deformag4o-tempo que condicionam: (a) tempo de auto-suporte; (b) progressivo e acentuado “amolecimento” do médulo nominal de elasticidade nas zonas de parcial e potencial instabilizagao (variago de E = f(FS)) A despeito de ser este essencialmente o mais importante fator que determina a viabilizag4o da escavago até a efetivagao da contengdo, cabe reconhecer com espanto que no existe a minima indicagdo, quer experimental quer conceitual, diretamente para 0 assunto. Como primeiro passo sé cabem varreduras de dados: (1) de publicagées de ensaios de cisalhamento (e de extensdo triaxial) conduzidos sob varias velocidades constantes de deformagao, respeitando nao afetar diferenciadamente as pressdes neutras geradas pela propria tensio desviatéria; (2) anilise interpretativa de provas de carga (de carregamentos, principalmente de placas e de estacas curtas) analisando judiciosamente a ‘separagdo (um tanto arbitraria) de deslocamentos “imediatos”, dos respectivos deslocamentos “retardados” . Os resultados buscam indicagdes associadas ao FS (referido 4 condigao final de ruptura) e as diferentes proporgdes de deslocamentos retardados/imediatos com o tempo. ‘A mesma anailise tem que ser procedida também para provas de arrancamento de placas ¢ ancoragens pouco profundas. Os resultados tem que ser analisados diferenciando os solos segundo classificagdes, e principalmente segundo dados ou estimativas da coesio e resisténcia & tragho. Mediante cartas circulares estamos em vias de coletar o méximo de resultados de provas de carga que existam nos arquivos de amigos internacionais, ¢ dos colegas-amigos da praga. 4, Realizar duas séries comparativas de andlises 2D de elementos finitos, uma na regiao frontal, e outra, para a regido lateral, ambas com 0 fito especifico de comparar as redistribuigdes de tensdes quando condicionadas por dois critérios distintos de ruptura: (a) segundo o classico (e até agora persistente) critérios de ruptura por cisalhamento; (b) admitindo rupturas também por trag&o (qualquer dos dois que ocorra primeiro). 28 VICTOR F. B. DE MELLO & ASsociADos sic LTDA Dependendo do solo sto muito diferenciadas as proporgdes da resisténcia a trago comparada com a de cisalhamento (coeso nominal) sob tensto normal proxima de zero. 5, Ulteriormente, a prazo mais longo, realizar algumas andlises comparativas 2D para tratamentos especificos mais corentes (a) chumbadores e/ou ancoragens (b) enfilagens (c) abobadas de cilindros JG justapostos. A intengdio seri sempre a de procurar transformar os resultados em coeficientes de ajuste apresentados em Abacos, para que sirvam: (1) para ripida orientago do acompanhamento técnico de obra, nas decisées imediatas entre opgdes; (2) como pano de fundo para a progressiva plotagem de dados de obra e de obras, que orientem os ajustes de melhor aproximagao a que a Profissao incansavelmente nos convoca. 12. Ressalvas resumidas relativas as reagdes estruturais do revestimento primario. Por razdes varias, toda a exposig&o supra obviou a qualquer mengdio do fator primordial de contengio imediata, que é 0 revestimento primario de concreto projetado (com suas miltiplas facetas de variabilidade especializada). Séo muitos, e importantes, os fatores qualificaveis como precipuamente do Ambito estrutural, ¢ que exigirfo considerago a parte. Cumpre aqui ressaltar dois problemas de grande relevancia que via de regra nao tem sido adequadamente reconhecidos e incorporados. Dependem muito mais do solo (terreno), do que da “estrutura”, embora sejam correntemente considerados como atendidos pela chamada “interagao solo- estrutura”. E que tais interagdes raramente levam em conta: (1) as diferengas (nos solos) entre ago (ativa) e reagao (passiva), conjuntamente com a acentuada ndo-linearidade dos comportamentos (principalmente das reagdes) em fungdo de dimensdes e niveis de tensdes transmitidas; (2) 0 acumulo progressivo de condisées transitoriais instabilizantes tensio-deformagio- tempo, com seus conseqientes sucessivos “amolecimentos”, a contrapor contra os beneficios diretos, expostos ¢ intuidos, das parcializagées seguidas de quebras e reconstituigdes. Com relagiio as agdes-reagdes, as agdes so razoavelmente bem definiveis. Exemplos ébvios so: 0 peso de terra, com pressio vertical geradora; também, atuag&o de uma ancoragem. As reagdes sto obviamente intuidas: 0 principal 29 VICTOR F. B. DE MELLO & ASsociApos s/c LTDA exemplo diz. respeito a0 uso do arco invertido da base, para prover o fecho estabilizador do total da “casca”. Salta 4 vista que se tal arco tem véo muito grande, curvatura rasa, ¢ espessura delgada, toda a parte central deixa de ter qualquer possibilidade de funcionar com a desejada reagdo. Ademais, 0 que costuma passar despercebido ¢ justamente o efeito da seqiiéncia de operagdes, com seus alivios, FSs, e “amolecimentos”. Jé nas primeiras escavagdes, mesmo parcializadas, ocorrem alguns alivios e redistribuigdes. ‘Assim, em etapa ulterior, em que uma parte dos side-drifts SDs continua carregada, ¢ o restante é quebrado para completar o trecho central, passa a ser ilusrio o desenvolvimento das reages centrais. E assim por diante. Os coeficientes de reagées de base variam muito dependendo de perturbagdes e FSs anteriores, e das dimensdes presumidas carregadas. E sempre melhor aplicar tratamentos de agdes, do que contar com os apoios de reagbes, Tal realidade ainda nfo tem sido adequadamente incorporada nos programas computacionais. 13, CONCLUSAO. Conquanto nos julguemos justificados em regozijo por termos encontrado a orientagdo légica a seguir, resultam claros os passos préximos futuros, ¢ 0 fato de que ha muito que fazer, com ferramentas correntes, prenunciando elevada perspectiva beneficio/custo. 14. LISTAGEM DE BIBLIOGRAFIA RESUMIDA APROXIMADA. 1898 Kirsch. 1913 (a) Bierbaumer (b) Inglish 1922 Hewett e Johannesson, 1926 Schmied 1933 Protodyakonov. 1936 Bala 1938 Fenner. 1939 (a) Mindlin (b) Eszto 1940 (a) Kammerell (b) Zurabov e Bougayeva 1943 Terzaghi.. 1946 Terzaghi . 1949 Kastner 1950 Davydov. 1952 Terzaghi ¢ Richart 1953 Muskhelishvili. 1954 Ritter (anterior) apresentada/aprimorada por Horvath 1957 Kerisel. 1961 (a) Rozsa (b) Savin (¢) Sherman 1963 Bollo, Hacar, Muzas. 1964 (a) Horm (b) Ang e Harper 30 VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA. 1966 (a) Szechy (b) Mintschev (c) Laura (d) Wang e Singh (e) Goodman (f) Anderson ¢ Dodd (g) Taylor (h) Reyes e Deere (i de Beer e Buttiens 1967 (a) Ang ¢ Chang (b) Obert e Duvall (c) Zienkiewicz 1968 (a) Deere, Peck et al (6) Wissmann (c) Khristov (d) Goodman, Taylor, Brekke (e) Hayashi ¢ Hibino 1969 (a) Smoltezyk e Holzmann (b) Agarwal e Boshkov (c) Zienkiewicz (4) Guellec (¢) Dahl e Voight (f) Wang © Voight (g) Davydov, Ogranovich, Repnikov 1970 (a) Gill, Coates, Geldart (b) Sakurai (c) Barla (4) Uriel e Sagaseta (e) Zienkiewicz, Best, Dullage, Stagg 1971 (a) Muzas (b) Kisiel 1972 (a) Lorente de No (b) Muzas (c) Barla (12) (4) Caitizo, Castillo, Sagaseta 31 VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/c LTDA ANEXO 1 ‘Anexamos ao presente algumas folhas de desenhos extraidos da Tese de PhD do Sagaseta, 1973, nas quais se vé daramente as miltiplas tentativas de postular superficies © volumes criticos hipoteticemente instabilizaveis, com seus pesos aplicados sobre revestimentos, etc. Em sua maioria tais “capelas” ndo s6 nada tem a ver com as observagses mais correntes de rupturas, mas tambem nada mencionam sobre Agua (principal fator danoso) nem sobre comportamentos geomecanicos (resisténcia, deformabilidade, permeabilidade). Dispensamos comentar. CONCLUSOES RESUMIDAS : 1. A curva Gaussiana (@) nao 86 6 estéril quanto a fomecer indicagéo razodvel, Jastreada em geomecdnica, Para faciitar avaliagdes de como alter(am)(aro) 2s condi¢0es, © necessidades de tratamentos, de sero para seco, na longitudinal do tinel; (b) mas também s6 ocorre por asociagao (recdndita) a condigdes de instabilzacdes (FS baixos, métodos construlivos pregressos insuficientemente aprimorados) que devem ser consclentemente minimizadas/evitadas. 2. Avia geomecdnica fomece meios logicos para os calculos e avaliagdes, desde que 8e separem, e a seguir conjuguem, dois passos : (a) previsao de zonas instabilizéveis @ seus FS, usando Equilibrio Limi (b) estimativas de recalques com judiciosos “amolecimentos” de acordo com os (FS, TEMPO) nas zonas instabilizéveis. 3. A despeito de ainda nao existirem ensaios especificos para determinagées de tempo de auto-suporte, os conhecimentos geotécnicos colaterais bem facullam as avaliagdes judiciosas necessarias, por quem dé direito. 4. Grande proporgdo dos monitoramentos em voga (a) ndo s6 pouco servem para o caso especifico e suas desejadas orientagées ; (b) em nada serviram até o presente,para a finalidade fundamental de destilar ‘experiéncia para nortear projetos/construgdo/tratamentos de casos fuluros. (@) 86 proverdo alguma base estatistica (conquanto muito dispersa, embora menos do ‘que a de Peck-Schmidt, Mexico 1969, e mais racional) se forem reanalisados com um minimo de separagdo judiciosa dos presumidos comportamentos (1) nos agentes causadores (geomecdnicos @ hidrodinamico), ¢ (2) dos agentes de reagdo estrutural dos revestimentos. Rua das Madressilvas, 43 Broo} ‘Sao Paulo 04704070 ——SP_—_Brasil tel : (011) 533 5939 fax: (011) 533 9601 C.G.C : 46.159.075/0001-10 VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS S/C LTDA Teoria de pressies de terra de TERZAGHI. VICTOR F. B. DE MELLO & ASSOCIADOS SiC LTDA ” oo 0 sD Sw BO ») Teoria de BALLA. T

You might also like