Estado Globalização e Politicas Educacionais

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Estado, Globalizagao e Politicas Educacionais ooo Raymond A. Morrow e Carlos Alberto Torres OQUEE GLOBALIZAGAO? Quaisquer que sejam seus outros méri tos, preocupacao com a teoria pés-moderna tem produzido dois efeitos incapacitantes, Por um lado, em seu desafio as formas tradicio- nais de ciéncias sociais, ela desviou a atencao tas tentativas de compreender as forcas es- truturais que continuam a motivar as mudan- «as sociais, Por outro lado, concentrando-se na suposta autonomia, espontaneidade € ca~ riter duvidoso da cultura pés-moderna, ela freqiientemente encobre o papel estratégico € continuo do Estado no contexto da politica cultural, A problematica da globalizagao pro- porciona um arcabouco potencial convenien- te para abordar as fraquezas das chamadas abordagens “pos-modernas”, especialmente no contexto de estudos sobre a educacao e as politicas educacionais." Nossa posicdo aqui é um tanto paradoxal, to sentido de que reconhecemos simultanea- mente que a globalizacdo tem uma longa his ‘éria e, ainda assim, também estamos preocl ados com as caracteristicas novas dos avancos teens, Pelo menos trés posicdes basicas fo- ie adotadas com relagao as origens da globa- 40. Certas pessoas afirmam que suas orl- megceontram se juntamente com as da civil: afte humana de um modo geral e, assim, mae de um processo que ja ocorre ha biemie, Cinco séculos. Nessa formulacao, @ Pro- namtica da globalizacéo origine-se ne surgi- to de religides universalistas que estabe- leceram a dicotomia universal-particular que culmina na questao contemporanea da globali- zacao.? Uma segunda e mais influente aborda- gem a teoria de sistemas mundiais ~ conecta a globalizacio com as origens do capitalismo, culminando no surgimento de uma economia global no século XVI? Porém, uma terceita perspectiva - que explodiu na década de 1990 como a forma mais tipica de “teoria da globa- lizagao” — considera que esta é um fenémeno recente, datando, no maximo, da metade do século XX, ou talvez das duas tiltimas décadas, Previsées desse tipo de andlise podem ser en- contradas nas teorias da sociedade pés-indus- trial que surgiu na década de 1960, mas a mu- danca decisiva veio com a literatura das déca- das de 1970 e 1980, na chamada transfor- macio “pés-fordista” dos processos de produ- fo como proceso global, assim como em nar- rativas similares de uma sociedade da informa- fo, da globalizacao cultural ou da cultura pés- moderna.* Nossa discussao sobre a relacdo entre a educagio e a globalizacao considera funda- mentais os processos globalizantes liberados pelo capitalismo como sistema mundial. Essas explicagoes adotam como seu foco de andlise © papel dos sistemas educacionais na forma- go e reproducao dos Estados capitalistas,* as- sim como os temas colonialismo e imperia- lismo no contexto do universalismo contradi- t6rio do “Iluminismo” europeu.* Porém, nosso foco aqui est4 na fase mais recente da forma- ao de um sistema mundial, no qual a nocdo ae de globalizagao assumiu novas e diferentes co- notacdes com diferentes implicagdes para o “Primeiro”, “Segundo”, “Terceiro” e “Quarto” mundos. Como veremos, uma das implicages mais fundamentais da globalizagio contempo- ranea esta centrada em torno da relacao alte- rada entre a educacdo e o Estado. Enquanto a retorica do neoconservadorismo e do neolibe- ralismo sugerem um papel menor para o Esta- do e a desestatizagao de facto das sociedades civis, 0 papel do Estado permaneceu funda- mental para a articulacao de interesses sociais © a representacio de grupos e classes que se beneficiam ou sofrem com os processos de mo- dernizagio e formacdo de politicas ptblicas. Entretanto, também esté claro que a globaliza- cao altera dramaticamente muitas das manei- ras como os Estados mediam o poder nos ni- veis subestatais e transnacionais. A globalizacao foi definida como “a in- tensificagdo de relacées sociais mundiais que ligam comunidades distantes, de modo que os acontecimentos locais so moldados por even- tos que ocorrem a muitas milhas de distancia e vice-versa”.’ David Held sugere, entre outras coisas, que a globalizacao é 0 produto do sur- gimento de uma economia global, da expan- so de elos transnacionais entre unidades eco- némicas, criando outras formas de tomada de decisdo coletiva, desenvolvimento de institui- 6es intergovernamentais e quase supranacio- nais, intensificagao das comunicagées trans- nacionais e criago de outras ordens regionais e militares, O processo de globalizagao é visto como algo que obscurece os limites nacionais, altera solidariedades dentro dos Estados e en- tre eles, e afeta profundamente a constituicao de identidades nacionais e de grupos de inte- resse. Seria util, com propésitos introdutérios, distinguir os processos de globalizagao nos contextos da vida econémica, politica e cul- tural.* Porém, com relacao a educagao, a inte- ragao entre os contextos econémicos € politi- cos da globalizacao é 0 que tem motivado a Maioria das discussées sobre a necessidade de uma reforma educacional. Embora a impor- tante questao da globalizacao cultural se so- breponha a problematica do multiculturalis- mo na educacio, limitacdes de espago impe- 2 OEMSTO FORRES & COLABORADORES, freee dem que essas questées posss s 088M ser abo, rdadas s neste ensaio.” A TESE DA NETWORK SOCIETY Trés literaturas diferentes, m, tas, iluminaram diversos aspectos de globalizagao em sua fase mais alguns diriam, revolucionéria. A literatura q Sociedade pés-industrial enfatizava a evolugss da economia rumo & produgao de servigos eg primazia do conhecimento na producig,« Teorias intimamente relacionadas sobre a so- ciedade da informaco mudaram o seu foes para o papel da comunicacao e da informa. tizagdo como parte do complexo de conheci- mentos por tras da transformacao pés-indus- trial."" Essas teorias compartilham uma an lise do desenvolvimento do capitalismo com base em trés importantes patamares tecnolé- gicos, ou “revolugdes”: a revolucao inicial no século XVIII, baseada na maquina a vapor; a transformagao do final do século XIX, baseada em avancos em industrias elétricas e quimicas; ea terceira revolucao, baseada em tecnologias de controle e comunicacées, culminando na revolucdo do computador.” O terceiro corpo de literatura, que diz respeito ao pés-fordis- mo, reinterpreta as evidéncias analisadas por teorias da sociedade pés-industrial ¢ da infor- mao, mas muda o foco de andlise, das “for- gas” de produgao (ou seja, tecnologias) para as “relagées” de produgao. Em vez da linha de montagem centralmente organizada da org@- nizago industrial fordista, a produgio po fordista é organizada em torno de estratégias de produgdo flexivel, que permitem realizar campanhas curtas de mercadorias mais dife- renciadas."? Por meio de uma perspectiva pés-for dista, a nova economia global é muito Ce te da antiga economia nacional. O que ha Tt mais novo nao é a expansio do volume 40 ° mércio ou a divisao internacional do arte Segundo criticos de teorias simplistas rativas balizagdo, as atuais tendéncias quant™t do movimento global de mercadorias & vi. soas podem ser verificadas desde 0 S600, além disso, as empresas multinacion 25 sobrepos. do process Tecente ~ ¢ evoluitam necessariamente para empresas “transnacionais” que enfraguegam o sistema anterior de economias nacionais como: bases itica © poder econémico." As mudangas mais significativas ocorreram na organizagao da produgio ¢ em sua relacao com 0 conhecimento e a informagao. As econo- mias nacionais baseavam-se anteriormente na produgaio em massa padronizada, com poucos administradores controlando 0 proceso de pro: dugao de cima para baixo, e um grande numero de trabalhadores seguindo ordens. Essa econo- mia de producto em massa seria estavel enquan- to conseguisse reduzir os custos de produgao (incluindo © prego da mao-de-obra) e reinstru- mentalizar-se com suficiente rapidez. para per= manecer competitiva no nivel internacional. De- vido aos avangos em comunicagaes e tecnolo- gias de transporte e ao crescimento de indiistrias de servigos, a produgao tornou-se tragmentada ao redor do mundo. A nova economia global é mais fluida e flexivel, com multiplas linhas de poder e mecanismos de tomada de decisio and- logos a uma teia de aranha, em vez da organi- zagdo piramidal estatica do poder que caracte- naava o sistema capitalista tradicional..> Uma das mais ambiciosas visées da glo- balizagao, do ponto de vista tedrico, e mais detalhadas, do empirico, que sintetiza temas baseados na teoria da sociedade da informa- sao € em teorias pés-fordistas da producao, foi Publicada recentemente por Manuel Castells nos trés volumes de sua obra The Information Age: Economy Society and Culture. Conforme ele conclui: Uma nova economia surgiu nas duas tiltimas décadas em escala mundial. Eu a chamo de informacional e global para identificar suas nitidas caracteristicas fundamentais e para enfatizar 0 seu entrelagamento. Ela ¢ infor- mactonat porque a produtividade e a competi tvidade de unidades ou agentes nessa econo- Mia (sejam eles firmas, sejam regides, sejam nacoes) dependem fundamentalmente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar intor- magoes baseadas no conhecimento de forma ehiciente. Ela é global porque as atividades basicas de produgao, consumo e circulagao, assim como seus componentes... sao organ- Zados em escala global... Ela é informacional € global porque, dentro das novas condigoes: Guowauzacao € eoucagio /29 historicas, a produtividade & Petigdo ocorre atraves de um Interagao, © rerada ea com: a rede global de Para Castells, essa economia informacio- nal é diferente da economia mundial que sur- giu no seculo XVI Uma economia global ¢ algo diferente: ela é uma economia que possui a capacidade de Operar como uma unidade em tempo real e em escala planetania. Enguanto 0 modo capi- talista de produgio caracteriza-se por sua expansio incansavel, sempre tentando supe- ar os limites de tempo e espaco, é somente no final do século 20 que o mundo consegue se tornar realmente global, com base na nova infra-estrutura proporcionada pelas tecnolo- gias da informatica e das comunicagées."” Uma caracteristica central desse capita- lismo altamente globalizado que tanto afetou 08 mercados de trabalho é a localizacao dos fatores de produgéo que nao se encontram mais dentro de uma proximidade geogratica. Alem disso, as taxas de lucros marginais cres- cem por causa do continuado aumento na produtividade per capita (cujas taxas de cres- cimento continuam a aumentar em alguns paises de capitalismo avangado) e da reducao de custos (por meio de demissées, intensitica- s40 da produgao, substituigao de trabalhado- Tes mais caros por outros mais baratos e subs- tituigao de mao-de-obra por capital). Com a crescente segmentacao de mercados de traba- Iho, na qual os principais mereados oferecem mais renda, estabilidade e privilégios, ha uma crescente substituigao do salario fixo por pa- gamentos de servicos realizados. Isso cria uma clara distingao entre os ordenados nomi- nais ¢ reais dos operarios e o salario social via empréstimos indiretos e agdes do Estado. Ao Mesmo tempo, esse conjunto de transforma- GOes implica 0 declinio da classe trabalhadora € uma reducao do poder da mao-de-obra or- ganizada para negociar politicas econémicas © a constituigio do pacto social Essas mudangas na composigao global da mao-de-obra ¢ do capital ocorrem em um mo- mento em que ha uma abundancia de mio-de. obra e em que os contlitos entre o trabalho eo capital estéo dimunuindo. O aumento no nu. aris Ausearo Tovets & ouas C, BuPBLLES, CARLOS 30 / Nucor’ 6 tha dentes também es- mero de ae natmnento na competi INCT™ Tass ae convicgao, por parte da classe sindicatos, de que nao € possi ‘as companhias na busca por mais ¢ melhores servicos ou salarios sociats iso € impossivel porque ha abundancia de mao-de-obra e porque as margens de lucro re~ Guzidas das companhias no ambiente transna- cional e competitivo resultaram em perdas de emprego € na migracao acelerada de capital de mercados regionais em paises capitalistas avangados para areas onde a mao-de-obra € altamente qualificada e mal remunerada. Uma das consequéncias mais draméticas foi a es- tagnacao ou o declinio de salarios reais para a maioria da forca de trabalho nos Estados Uni- dos, durante as duas ultimas décadas, assim como grandes aumentos em riqueza e renda para os 20% da populagao que ja eram mais ricos.’* A ameaga de acordos regionais de livre- comércio como 0 NAFTA ou os novos acordos propostos pela Organizacao Mundial do Co- métcio marca os limites das politicas prote- cionistas. Exemplos conhecidos sao: engenhei- 108 treinados e especialistas em informatica da india entrando na folha de pagamento de em- presas norte-americanas por uma fracao do custo de empregar funcionarios de colarinho branco norte-americanos; produgo em massa de baixo custo feita por operdrios chineses, as vezes sujeitos ao trabalho escravo; e jovens garotas da Indonésia, trabalhando na produ- $40 de ténis da Nike com um salério de dez centavos de délar por hora. Para lidar com essas taxas de lucro redu- Zidas, 0 capitalismo transnacional busca maior Produtividade per capita ou a reducdo dos a Teais de producdo, assim como a trans- feréncia de atividades de producao para zonas ‘ancas, onde existe mao-de-obra barata e al. une qualificada, pouca organizagao dos adores, acesso facil, eficiente ¢ barato nacional operaria e dos vel pressionar imy Perativo situar as novas Tealidades Nacion; a8 © tegionais dentro do contexto des COLABORADORES ee mudancas econémicas, polit turais globais dos ulumos 25 tuagdo regional € afetada por a gas, entre elas: a ascensao dos pa: industrializados da Asia e do C: seu impacto sobre os modelos de de. mento econdmico até o fiasco fin, verao de 1997); a promessa de cons. cados econdmicos regionais no cor balizacdo e regionalizacao politica (po plo, a Comunidade Econémica Europes NAFTA e 0 MERCOSUL, assim como o Fur, Monetério Internacional e o Banco Mux intensificagao da concorréncia entre as ons pais poténcias industriais da Alem pao e dos Estados Unidos; aa do Leste; e o ressurgimento di € religiosos regionais. E, finalm categoria de globalizacao ¢ dangas estao ligadas a cultura global cessos complexos de imposicao neocal bridizacdo e resisténcia.* de es: Trabalho, estrutura ocupacional e educagdo. Enquanto o sistema pubuco de educacéo, na velha ordem ca: mais orientado para a producao de uma de trabalho confiavel e disciplinada - embora houvesse resisténcia a reproducdo sistémica ea outras respostas politicas radicais, mesmo nes- ses cendrios escolares ~, a nova economia global requer trabalhadores com a capacidade de aprender rapidamente e tabalhar em equipe de formas confidveis e criativas.*' Os trabalhadores mais produtivos em uma economia global sé0 aqueles que Robert Reich chama de “analist simbélicos”, que formarao os segmentos m: Produtivos e dindmicos da forca de trabalho. Juntamente com a segmentagao de merca- dos de trabalho, a globalizacao implica a subs tituigéo dos trabalhadores fixos por trabalha- dores avulsos (com uma redu¢30 substancial no custo da mao-de-obra, devido a menos conta buicdes do empregador para satide, educaga0 ® Previdéncia social), um aumento na particip® G40 feminina nos mercados de trabalho, um? queda sistematica nos saldrios reais ¢ um Ce cente abismo que separa os trabalhadores a lariados dos setores dominantes da socieda ee daqueles que recebem salarios de subsisténd# is Um fendmeno internacional semelh ser identiticado no crescente abismo social ¢ cca rnémico entre os paises em desenvolvimento ¢ ay nagdes capitalistas avangadas. As implicacdes do modelo econémico in- formacional global para as estruturas ocupa- cionais e as demandas educacionais sao sign ficativamente diferentes daquelas propostas por modelos da “sociedade pés-industrial”. Es. tes, baseados principalmente em extrapola. goes lineares de dados da primeira metade do século XX, enfatizam a mudanga do local de produtividade pelos setores ocupacionais, de- fendendo uma mudanca da atividade priméria para a secundaria, e depois para a tercidria (por exemplo, servigos). Porém, como afirma Castells, com base em uma detalhada anilise comparativa, “A distingao apropriada nao é entre uma economia industrial e uma pés-in- dustrial, mas entre duas formas de produgio industrial, agricola e de servigos baseadas no conhecimento... Portanto, proponho mudar a énfase analitica de pds-industrialismo... para informacionalismo”.*? Baseado na andlise com- parativa de tendéncias nas duas tltimas d cadas e de projecdes futuras, Castells descreve as mudancas ocupacionais complexas que re- sultam como segue: * 0 declinio estvel de empregos tradi- cionais em fabricas; * a ascensdo de servigos de manufatura € servigos sociais, com énfase em servicos comerciais na primeira categoria ¢ servi- gos de satide na segunda categoria; * a crescente diversificagio de servicos industriais como fonte de empregos; * ardpida ascensao de empregos adminis- trativos, técnicos e de profissionais libe- rais; * a formacao de um proletariado de “co- larinho branco”, formado por trabalha- dores burocraticos e vendedores; * a relativa estabilidade de uma porcao substancial dos empregos no comércio varejista; + o. aumento simultaneo dos niveis supe- Tiores e inferiores da estrutura ocupa- cional,; e * arelativa elevagdo da estrutura ocupa- cional ao longo do tempo, com uma ‘ante pode OBALIZAGAO € EOLEAGAO I 31 Parte crescente das ocupagées que re- querem habilidades superiores e edu- ¢agd0 avangada _proporcionalmente mais alta do que o aumento nas cate- gorias inferiores.2* a oo adverte Castells, essa estru- rag PeuRacional “elevada" nao possus uma re lecesséria com “elevar" a sociedade co- mo um todo ou aumentar a renda ou a igual- dade. A partir dessa perspectiva, nao existe um modelo tinico de uma sociedade informa- cional; varios paises do G-7 ja buscaram estra- tégias um pouco diferentes, O sucesso rela- tivo da Alemanha e do Japao nas décadas de 1970 e 1980, por exemplo, baseou-se, em par- te, no processamento de informacoes embuti- do na produgao material ou na manipulacao de mercadorias, “em vez de ser separado em uma acelerada divisio técnica da mao-de- obra” O resultado sao dois padroes distintos de economia informacional: 0 “modelo da eco- nomia de servicos”, representado pelos Esta- dos Unidos e o Canada, e 0 “modelo da pro- ducdo industrial”, encontrado no Japao e na Alemanha. Uma implicagao crucial dessa linha de andlise para a educacao é que o advento da economia informacional nao acarreta - apesar de muita propaganda popular do contrario - qualquer mudanga radical ou dramatica de padroes de emprego além de tendéncias que ja tém estado evidentes nas duas ultimas déca- das. Embora essas mudancas nao impecam outras tentativas de relacionar a formacao pa- ra 0 trabalho com projecdes sobre a globaliza- G40, a eficdcia geral e a significancia dessas estratégias sdo passiveis de serem anuladas ou limitadas. Se essa linha de argumentacio for valida, entéo o impacto mais significativo de uma economia global e informacional sobre a educacao sera sentido em outro lugar. Poderfamos argumentar que as implica- des mais decisivas da globalizacao e do pés- fordismo para a educacao estdo em trés areas: (1) de maneira mais fundamental, o papel di- ferente do Estado na economia global ¢ infor- macional (ou seja, pés-fordista), em resposta ‘aos fracassos do modelo de desenvolvimen- to keynesiano, de bem-estar social anterior; unvats, CM ra desenvolver poli earem roestrucurar SIS s gsecundirios, segundo ara proporcionat fesPOe sao novo modelo <(3) um apelo semelhan- rodugao industria educagao primaria € zacucacao do professor, SC ne correspondam as habia wrencias (e assim, qualificagoes Y exigidas de maneira ostens! vom um mundo globalizado a questo do Estado se- mente na proxima secao. Depois disso, examinaremos diversos contextos eae ve magio que sugerem 05 impactos SO} re a rios. educacionais: educagao internacional, edueagao global a distancia, a mudanga para 6 “capitalismo académico” na educacao supe- rior € apelos por mudancas na educagao de professores e em curriculos, que sao adap- tados aos supostos imperativos do novo traba- Inador “flexivel”” berais PA temas ¢ ompres inhas em? rexivei guin dese comp educacionals: ddos trabalhadores em Consideraremos parada AEDUCAGAO E O ESTADO NO CONTEXTO DA GLOBALIZAGAO 0 sistema tradicional. Com relacdo 4 educagio, o sistema publico de educacdo, na antiga ordem capitalista, estava orientado para a construcio de “cidadaos” para o Estado, as- sim como para a produgiio de uma forca de trabalho disciplinada e confidvel, do tipo agora ‘aracterizado como processos de _producio “fordistas’2” No contexto da globalizacio in. fsificada, © préprio nacionalismo, ligado a que tradicional da cidadania, tem sido fusstionado. Como conseqiiéncia, um novo Soa goes de professores funcionam prineipg ¢omo um obstaculo a adaptacio dos sion educacionais a esses Novos imperatiyos Mas 0s argumentos mais dramétigy favor do impacto da globalizacao sobre a cacao foram desenvolvidos em nome gy“ vindicages “pos-modernas” a respeito q, olescéncia do Estado. Na provocatva te mulagio de um critico “pés-moderng”, Mas © sistema educacional nacional tem a, futuro? O pés-modernismo sugere que ae de fato, toda a légica da teoria pés-modems. da globalizacao é que o sistema educaciong nacional em si ja esta morto, tornou-se irre. vante, anacrénico e impossivel de uma 56 ve, Os governos nao tém mais o poder de deter minar seus sistemas nacionais e, cada yey mais, cedem 0 controle para organizagies regionais ¢ internacionais por um lado... e pa. ra consumidores por outro... Com a crescente diversidade social e fragmentacao cultural, eles se tornam cada vez mais privatizados ¢ individualistas, despidos de suas associacées publicas e coletivas. A medida que o Estado nacional se torna uma forca marginal na nove ordem mundial, a educacao também se torna um bem de consumo individualizado, que ¢ oferecido em um mercado global e acessado através de conexdes via satélite e cabo. A educagao nacional deixa de existir” Mesmo que formulagées tao extremas se- jam rejeitadas, fica claro que as tarefas da edu- cacao na formacao da cidadania nacional de- verdo necessariamente mudar em dire¢a0 @ um maior reconhecimento da diversidade e in- terdependéncia globais, Porém, 0 erro subja- cente a esse tipo de argumento sobre a irrele- vancia dos sistemas de educacdo nacionais Parte de uma explicagao simplista das impli cages da globalizacdo para a autonomia de Estados nacionais. O Estado: ineficaz ou interdepe™ dente? A celebragao e a condenagao do sup 0 declinio do Estado de bem-estar social P” dem ser encontradas em muitas formas ideol6- seas e analiticas. Porém, a maioria dessas a" — nao aborda a questio mais precisa d¢ ©” coe etftaquecimento dos poderes estatas et seqiiéncias potencialmente graves, devide l6gica da. globalizagao, arg analistas confundem perda qe <8" Muitos perda de poder; como em opo: oberania com transformacloras de poder Seung one suindo Castelty Enquanto o capitals ideologis nacionaitn eel PST, mundo, © Estado, histoneamee tt POF todo 0 Idade Moderna, parece estar nant ha ar Perdendo a sua forca, embora, © isso & esseneia} néo a , no a sua influéncia... De fato, Soberania do Estado em rodosme nc salo a se originar na incapacidade dy tara. eae? no de navegar nas iguas turbulence ne nhecidas entre o poder das redes globe, desafio de identidades singulare: pacld, de instrumental do Estado é enfraquecida, de forma decisiva, pela globalizagao de ativida, des econdmicas fundamentais, pela globain zacao da midia e da comunicacao cletsonien ¢ pela globalizagio do crime.» s. A capacidae O neoliberalismo versus 0 desafio da globaliza¢ao. 0 desafio neoliberal para 0 Estado de bem-estar social proporcionou as mais influentes bases ideolégicas para dar as boas-vindas a esse enfraquecimento dos po- deres estatais centrais. Porém, a ascenséo do neoliberalismo parte de algo além de seu apelo ideoldgico; o seu sucesso esteve intima- mente relacionado com as press6es da globali- zacao que surgiram na década de 1970. A crise fiscal do Estado, produzida pelas estratégias keynesianas classicas do Estado de bem-estar, nao produziu uma crise de legitimagao do tipo que levasse ao ressurgimento do socialismo democratico, conforme muitas pessoas de es- querda esperavam.*! Em vez disso, © thatche- rismo e 0 reaganismo tornaram-se os pontos de referéncia ideolégicos para um vasto pro- cesso de reestruturagdo que reduziu as de mandas feitas aos Estados de bem-estar socla € proporcionaram um ambiente regulador mais flexivel, dentro do qual 0s process0s €¢o- némicos globalizantes puderam proceder co! menos obstaculos. ‘tie Paradoxalmente, contudo, essas Pe orientadas para um Estado mene See orientado para o comércio também foram &™ Volvidas, em certos contextos (por rma Gra-Bretanha e Australia), com 0 uso do ee de poder estatal para forcar a reorganize z Grownuraga 7 OH DUEAG AGEN de sistema Uma et ucacionais, pop exemplo, 1 0am Chae chttevista com um dos gut cam Cheegtte los autores, en moms 12 discernimento, afirmou lades sempre f oan foram institui- bien atias, pois dependem de leas de recursos Privados e, de fi omer » de fato, 0 processo geral Impoc limites severos idades em sociedades : anceiros autonomia das univers Capitalistas avancad las AS universidades sao instituigbes parastar Flas nao geram os seus recirsos. Na uma verdadeira sociedade de Ponto em que esta as, temos mercado, Até o are uma sociedade de ® ~ uma sociedade de mercado cone duzida ¢ limitada ~ as universidades nao es: {Go no mercado, Entao, elas nao se sustentam com as matriculas, elas se sustentam com financiamentos de outras fontes. Parte desse financiamento € ptiblica. Pode-se chama-lo Por diferentes nomes: pode-se chamé-lo de bolsas de estudo, ou de verbas para pesquisas, mas uma das fontes ¢ piiblica, por meio do governo. Outra fonte & por meio de pessoas ricas que fazem doagdes. Uma terceira fonte é © patrocinio empresarial da pesquisa, ¢ assim Por diante. Basicamente, essas so as fontes de financiamento. As universidades, todavia, tém 0 sério problema de que, de fato, os indi- viduos, em seus departamentos, tém micro- cosmos do problema para manter a indepen- déncia ¢ a integridade intelectuais diante de uma existéncia parasitiria. E esse nao é um caminho facil de seguir... universidades sérias = e esta é uma afirmagio séria - devem en- frentar 0 conflito entre as fontes de sua exis- téncia ¢ financiamentos que ajudarao, de for- ma avassaladora, a manter os sistemas de poder € autoridade existentes. Nao ha como ser de outra forma.”* Chomsky parece concordar com a supo- ita de Castells de que 0 Estado po- quecido por intimeros process0s, @ jo um deles, mas que a sua influéncia nao é enfraquecia Ds fa af gfe tradiciontpandonada sob 25 ouias Pre a ais, Chomsky concordaria que, no neoliberais. ricas industriais se resumiam ae a fi ‘¢ simples na funcao das forcas de forma clarsringao das forgas armadas € ia a tecnologia de massa, elas nao se subsidia sigdo implici de ser enfra globalizagio send © aro Tornes & uments, CARLOS ALBERTO jarrvcnous © EY = aplicagao militar tnoldgica e cien- ia geracio de luerOs CTS para a Prt nama politica industrial”. isto se char nsky, a atual condicao eC e do passado, Se para implicacoes para uma das mais Tecentes ferramentas comer” m yécriar uma olharmos pesquisas © # opulares © CF ais, a Internet: mmplos mais recentes net, que atualmente € Con ide oportunidade comercial, tudo isso partiu de s de defesa. Eles Na verdade, um dos exe! isso € a Inter siderada a gran triunfo da livre empresa, € uma agéncia de pesquisa: uireram a maior parte das idéias de softwares tMfpmeceram os recursos iniciais.. Durante 30 anos, 0 financiamento € a iniciativa inte- jectval vieram predominantemente do set0r ‘etal: do Pentagono, da Fundacéo Nacional da Ciéncia, Finalmente, alguns anos atras, fquela foi passada para as empresas, € agora las a esto usando como uma ferramenta pa~ yas seus lucros enormes, o que tern ocorrido ‘com quase todas as tecnologias titeis.™ GLOBALIZAGAO E DIALETICA LOCAL: IMPLICAGOES PARA AS POLITICAS EDUCACIONAIS Introducéo: 0 local, o global e a mercantilizaedo. As mudangas educacio- i ligadas a globalizacao do capitalismo nao on ser resumidas rapidamente em teses seis poia eduagio estd envolvida em mu- ‘onforme Kellner ide » homogenei; de colonizaca identiday geneizacg, izacio tidades hibrida acto gh let ie cOLABORADORES No contexto da educagao, contudo, € possivel identificar um efeito estrutural crucial P penetrante que define a forma de globaliz ¢ao neoliberal que est ocorrendo: a mercan- filivagdo. Historicamente, 0 Estado manteve uma consideravel autonomia ao construir sis- temas puiblicos de educagao em massa ¢ fisca- Izar empreendimentos privados orientados para o lucro de forma ampla. Embora as teo- pas de reproducio cultural enfatizassem as maneiras como esse uso da autonomia estatal Contribui de forma indireta para a perpetua. gao dos sistemas de classe existentes, clas frantinham o pressuposto de que o Estado de- yeria exercer essa responsabilidade diretiva, ainda que de uma forma mais igualitéria, ‘Além disso, a globalizacdo, em principio, admite a possibilidade de que um planejamen- to tao radicalizado possa assumir formas in- ternacionais, abordando desigualdades trans- nacionais. O que as primeiras teorias de reprodugio cultural nao previram, contudo, foi a possibi- lidade de que houvesse uma privatizacao e uma mercantilizacao em massa de atividades educacionais que fossem racionalizadas em termos da inevitavel “légica” e dos imperati vos da globalizagao, vista como um proceso deterministico. Nesse sentido, 0 advento da globalizacao proporciona uma base racional para reorganizar o “principio da correspot déncia”, que conecta, segundo os marxistas estruturalistas, a economia ¢ os sistemas edt cacionais. Porém, esse elo entre “competitiv dade” e privatizagdo representa uma expres sao da ideologia neoliberal mais do que a" quer um dos imperativos inerentes ¢ invari veis que surgem da globalizacao. £ pot que um dos pressupostos basicos deste car tulo € diferenciar a globalizac4o neolibet Como ideologia, da globalizagio da economia da politica e, as vezes, da cultura, com? pr cesso histérico e cultural. ass come! 28% original da eduucagio € Ti ae publico baseou-se eM WM er dae ental das forgas e fraquezas 4° dn los como um meio de organizat 2 og Civis. Acima de tudo, ciedades ™ 0 Mente dividid: em sociee uma oo pancia idas em classes, existe." ed! Profunda entre as “necessid® cacionais ¢ a capacidade Fequisitos da sociedadte py uais no podem ser cumpridon pr mercados a curto Prazo, individu; apresentem uma fut importincia de se fazer uma era ce etteacional no contento ds poet mento estatal." ela nao deve vey confundida com argumentos para abandonar a Tesponsabj- lidade piblica as Forgas do merenco Finalmente, deve-se recontecer que Som a8 conclicoes certas de mercado; eee pode ser usado de forma seletiva para aban n plura- lizar aqueles sistemas edueacionen piiblicos pontiac cificados. Esta. possibitniens é paricularmente atrativa em sociedades sé mraulsBes democriticas fracas © nseive que sao ineapazes de in ? de pag, ara o plz asim como nejamento, os OF decisoes de alistas, © que vas20 ampla. Apesar da mente reforcam desigualdades educacionais, éncorajando os setores afluentes da sociedada Finds tm Sistema educacional privado, ero. dindo assim os compromissos das clites domi- nantes com o sistema piiblico, De maneira ampla, 0 surgimento da pro- blematica da globalizagdo na educacio contri, buiu para uma reconfiguracao de posigées Po- liticas com relagao a politica educacional.:" as Posigoes politicas da esquerda estao cada vez mais defensivas, por exemplo, defendendo os valores humanos mais humanistas e os méto- dos pessoais de instrugdo da educacao tradi- cional.” Nesse contexto defensivo, muitas das criticas anteriores da esquerda sobre os efeitos das escolas na reprodugao de desigualdades de classe, raca e género sao inevitavelmente deixadas de lado. Além disso, a agenda de Teforma educacional em resposta globaliza- §a0 tem sido amplamente dominada pela di- Teita neoliberal e por profetas otimistas, que falam da forga da integragdo de novas tecno- logias da informatica para transformar a transmissdo da educagao. j Neste ponto, seria educativo eae Quadro mais amplo das relagées entre a glo! Pa lwacao, a educacdo e o Estado, ei alguns contextos de transformacao aH £08. Varios desses contextos de rea : Na educacdo podem ser identificados: c MA tose 9g pra 6O$ Om educagte ing Blo. a edga Aa Ua gg in Blobal a distaneiay © impact ge 8 ay Conan UAL mpnsta t? Ae poles ae Cionais en pl ta py ™ pases. em dee - deca tt HAGA de ym YOM Nt macensio de universidnaee Tesposta as pressies vas de retorms cundario ¢ da globah: 2 lob imperativos a produ Ue 50 exigidos pers competitividade internaciony : © intercultural. Certos 4g elas mais recentes da plobare 20 Originam-se de problema teas interculturais mais fam Novos significados. Por Outro lado, a cres- noms Percepsao de interdependéncia den vida pont, § hosdo humanista de “educagio cosmo- Polita” como parte de uma estratégia de des- fazer as diferencas culturais ea falte Je comu- nicagao. Por outro lado, essa ova situagao COU 08 Meios tecnoldgicos e a demanda de. Fvada principalmente de sociedades ¢ regioes marginalizadas e periféricas — por acesso ao Conhecimento “global” dominado pelos een. {f05 cosmopolitas, por exemplo, no contexte da educagao global a distancia, antigas que assumi. Educagao internacional. Em uma de suas formas mais construtivas, porém margi- nalizada, essa “conversa global” deu um novo impeto a velha nocao de educagio “interna- Cional” como a base do curriculo de ciéncias humanas. Em vez de ser diretamente moti- vada pelos imperativos econdmicos da com- Petigao global, essa tradicao pedagégica origi- a-se em uma concepgao humanista da diver- sidade cultural, um tema que é reforgado por nogées contemporaneas de mulveuluraksme, assim como por estudos pés-otonais ies sel de ear un enndiwent nereuara, deoas novas formas de educa internacional Gevem confrontar os aspectos negativos da cinbaltzagde especialmente porque eles afe- aoyasinsucuigdes educacionas, Poem, e535 vim dagens ercastendem a ser marginalza- a »nsao in- iru uma dime! Angariat eas as universidades Se nacional, ; 2 : udantes de paises emergentes abrem a est iar ver émbora a tendéncia crescente de angars ‘ds bas para a academia na Asia tenha diminuido tom a erie dos iltimos dois anos. Os sit dicatos de professores tém-se envolvido mais ativamente em intercdmbios internacionais: entre seus membros, com a criago de organi- zagdes mais hemisféricas de sindicatos de pro- fessores. Relacdes do tipo escola-irma explo- diram nas tiltimas trés décadas, com uma par- ticipagéo cada vez maior. As organizacoes internacionais de educagéo aumentaram sua fercipaio e apo em suas éreas de compe- éncia nas i é tncia nas itimas décads (por exemplo, 0 incil of Comparative Education e os Programas Fulbright). Os padrées educacio. nais tém sido estabeleci 7 lecidos por determinadas 1 sito uma forc impor m estimular a ap rom : CD "3 Ooi cs ee quzir informs r produzt Hdclo comparative, transnagyyn, windo ¢ al mya! De fato, est SUFRIN 10 outro tipy, 4 particularmente em pr de bal 9 social, na rede crescente de com un ee omociagoes Higacla & educacan gi, tentativa de expandir as dos estudantes. gducacao global a distancia, 0, contexto em que a globalizacio tem tio ip compet significative & 0 CAMPO, Crescent 4, educacao “global” a distancia. Embora mo, tivada, em parte, POF avancos tecnol6gicns cy, mo a Internet, a educagao global” a distancia sm respondido com sucesso a Cortes na edy cacao publica € atingido aqueles que necessi. faim de acesso @ FeCUFSOS CXLETNOS aos pi em que vive. Entre 0s argumentos a f desse tipo de educagao global, estao: as va gens de uma clientela de estudantes mais di versa; maior acesso (um tema que define aor. gem ea atual expansao global da Open Uni versity no Reino Unido); disponibilizacao de niveis mais altos de conhecimento para av- diéncias maiores; e resposta a um curric educacional que é inerentemente global (por exemplo, ambientalismo, estudos do paci! mo e até mesmo negécios).*® Porém, tam existem alguns importantes argumentos qué questionam esses avancos: as limitagGes cos nitivas da transmissao eletronica e de sistemas computadorizados de busca de informacoes baseados na fragmentacao do conheciment a perda do lado critico e reflexivo da educas®? em um contexto orientado pela venda de p* Cotes de treinamento; a contribuigao da edu {aeee Blobal para o sucateamento ¢e papel da ee educacionais ne ia Processo aad ea mea IC See amplo de invasdo cult dopa fe das dreas desenvolv idas oe 563 avan S “subdesenvolvidas”.” Enq’ ae volvia GOs em sociedades industrials © as sao importantes e afetam a8 Pr. SS eh i ane atcacionais de maneira radical * os em Causadas pela globalizacao & Fy lesenvolvimento sio ainda mais *° doras, Paises em desenvolvimento: ajuste estrutural e politica educacional. © im. pacto mais visivel da globalizacio sobre a edu cagiio nas sociedades em desenvolvimento parte da imposigao de politicas de ajuste estrutural rstas estao diretamente ligadas & globalizacao, no sentido de que todas as estratégias de desen volvimento esto atualmente ligadas aos impe. rativos de criar estabilidade para o capital es, trangeiro. Em outras palavras, devido aos obsta. culos imensurdveis de levantar suficiente capital intermamente, nao hé outra escolha senao adap- tar-se a politicas que sistematicamente reduzem acapacidade dos governos de construir politicas educacionais que aumentem a igualdade educa. cional ou busquem desenvolver algum grau de autonomia nacional no contexto da pesquisa ¢ do desenvolvimento. Neste contexto, organiza gées bilaterais e multilaterais (de maneira mais importante na educagao, o papel do Banco Mun. dial e da UNESCO) tém uma forte Presenga na formulacio de politicas educacionais, ainda mais dentro de contextos de austeridade finan- ceira e reformas estruturais das economias. Intimeras andlises criticas da presenca in- ternacional na politica educacional enfatizam que a presenca de doadores externos pode levar a um processo de planejamento de politicas publicas por meio do marketing, em vez de escolhas e planejamento ptiblicos racionais (ou seja, selecionando os tipos de projetos que sao mais provaveis de serem financiados por doa- dores externos e tornd-los os componentes centrais de determinada politica puiblica%*). Esses tipos de estudos criticos examinam a maneira como a presenca de érgios externos, como o Banco Mundial ou a UNESCO, condicionam e, em alguns casos, determinam a maneira como areforma educacional é conduzida; prioridades so atribuidas; pesquisas sobre reformas educacionais séo projetadas, implementadas e utilizadas; e iniciativas de politicas sao sele- Cionadas, avaliadas ou propostas. Certas opcbes de politicas priblicas recebem legitimidade e 4poio financeiro tao amplos que se tornam pra- Ucamente hegeménicas.** oe Por exemplo, intimeros debates e iniciati- “as de financiamento educacional, como vales °U escolas charter and magnet, desenvolvidas 0S Estados Unidos e na Inglaterra,*° estao Politicas eq mais ac lucacionais 9 68 Bor “tesponsbidaaeee nenhum local tenha estado mais sujeito a es. internacionaliza, alizagao e globa- do que a universidade, °° © 8lba Globalizacao e universi capitalismo.académica, erie © altamente desenvolvidas, 0 impacto mas Severo da globalizacao sobre a politica educa, Sonal ocorreu naqueles contextos em que o desafio real ou imaginado da globalizacao feve implicagoes para a reestruturacao funda, mental das instituiges pés-secunddria Conforme afirmam Slaughter e Leslie em Ara- demic Capitalism, as mudangas contempori. Neas na academia — baseadas em seu estudo da Gra-Bretanha, dos Estados Unidos, da Aus. trélia e do Canada - so comparaveis em signi- ficdncia aquelas realizadas durante os ultimos 25 anos do século XIX. Assim como a Revo- lugao Industrial daquele periodo criou a rique- Za que possibilitou o sistema universitério mo- demo, a globalizagao da economia politica do final do século XX esta desestabilizando os padrées de trabalho universitério profissional desen- volvidos durante 0s iiltimos cem anos. A glo- balizagéo esté criando outras.estruturas, incentivos e recompensas para certos aspec- tos das carreiras académicas e esté, simulta- Reamente, instituindo limites e desestimulos para outros aspectos das mesmas.** Como concluem Slaughter e Leslie: ‘Apesar das diferencas tio reais em suas cul- turas politicas, os quatro paises desenvolve- ram politicas semelhantes naquelas questdes em que a educacao superior se encontrava com a globalizacao da economia politica pos- industrial. Politicas de educacao terciaria em todos os paises aproximaram-se de ciéncias e tecnologias que enfatizassem o capitalismo académico, as custas da pesquisa bdsica ou fundamental, em direcdo a politicas curricu- Jares que concentravam recursos na ciéncia € a we essa pela teoria da globalizaca vo do abandono dO 0 e compel! 9” (ou se}, pelo im- ‘modelo keynesian? igo internacional), amplamente encom ee im outras Socie- trado em ne dades avangadas. Mesmo o.caso I a gat as unversidades tem resistido Xe MT ortraeficaz a essa mudanca estTUcural, Py ae ge um maior interesse em financiamen'™ sar edugao de custos por estudante ~ diver” ge em importantes aspectos. Essa diferenc & atribuida a descentralizagao extrema da edu- cacao, embora se argumente que niveis ele- vados de divida publica podem exigir tais mudangas no futuro.** © problema aqui envolve distinguir, de maneira mais clara, a crise fiscal do Estado de bem-estar social (que forga uma redugo de custos que nao corresponde a inclinacées ideol6gicas) e as supostas presses da globali- zagdo que envolvem uma reorganizaco dos ae de producdo e a subordinacao da educagi a ela, Nio se deve pressupor que es- tespostas especificas & globalizacdo sigam algum tipo de Idgica inexoravel baseada ei imperatives econdmicos, em vez de uma c m vergéncia bee ‘on- eae eee ~ mais notdvel nos pai- esa ~ ma nol nles2~ pa recetasedcacio. ma Tesposta especifica peratt esse padrao nat Por, de forma efic Blobalizacio (por cyst eBias alte : ae ae Moor exemplo, elton a competicao @ Cooperacao do ienta- 'M Pro- foxars © até Contrad, cagoes pant thas picenpla, no casa do CANLEMIA, o fenting Fobal da IMEREAGAO 1" feet com iy ais potiicas das Proposition INT © cy fans, ern eH yornam mars difial alee manter uma sociedad divers Cuma ag mien ds giobanizagan) My Cantenty d perene por jgualdade © FEPLesentanan, fy Peyra semelhante, & prosceae da tics, nergue em alguns estades Jos Esta dos, assim como # forma Como sao tatad empregados estrangZetar na Europa © ny 4, pao, reflete uma witude popular defe pinnte da globalizacan, que wie a dy entre o local e 0 global na vida cotidiang maioria das pessoas Globalizando a educacao funda. mental e secundaria: 0 t namento do professor. Finber 0 primp: de treinar as pessoas para a economia zlobe Wzada seja central a agenda das reformas ne hberais na educagao pos abalho e o tre. cundéria, esta quer tao é complicada, devido a ampla di nica reorgar cao da pesquisa ¢ do desenvolvimen to no contexto da autonomia considerivel ce sas instituigées pos-sccundarias. Além disso, 0 elevado grau de capacidade e criatividade gido dos estudantes nesse nivel facilita desafat as nocées simplistas de treinamento tecnico au so orientadas para os mercados de tabalte emergentes. Nos niveis fundamental e ™ contudo, € consideravelmente mais acl duzir uma agenda que possa envolver 8 nigao do papel e a preparacao dos profes" bem como um curriculo complementar, one do para a formagao do novo tipo de trabalho que € necessario na economia global. Em P? i isso requer que se faga uma distuncao nid e tre rotas académicas e vocacionais, reverten? assim, movimentos anteriores conta serea! i and tracking™, desenwolvidos em nome 42 Saracen 3 Algumas das refs mbasticas desse tipo tora rede ae * Strea ¢ faming and tracking: pratias escola £TUpam os alunos de acordo com seunivel © escolar Turmas "A", “B", “C”. das na Gra-Bretanha € especialmente na Aus. ralia.* De muitas maneiras, a imagem do novo rabalhador sugerida pela teoria pés-fordista parece atraente. Os imperativos da producao fle. xivel exigem trabalhadores capazes de niveis elevados de autonomia e participacao no grupo, ¢ isto esta ligado ao treinamento de capacidades amplas. Porém, como Soucek demonstrou de forma persuasiva, as aparéncias de uma parti- cipacao mais democratica séo contraditas por trés aspectos problematicos do modelo indus. trial pés-fordista: (1) na pratica, a introducdo de novos conceitos de produgao envolve apenas uma pequena minoria de trabalhadores; (2) por- tanto, as continuidades com o fordismo, neste contexto, permanecem centrais A légica da pro- dugao; e (3) mesmo aqueles que possam estar envolvidos na produc pés-fordista confron- tam-se com uma nova economia de tempo con trole que questiona muitos dos supostos benefi. cios da autonomia e da participacao, pelo menos para o trabalhador individual: A flexibilidade pés-fordista, assim, é uma faca de dois gumes - por um lado, ela promete a0 trabalhador autonomia, participagio demo- cratica e treinamento; por outro lado, ela ten- de a cumprir essas promessas em pacotes, cu- jo contetido nao corresponde a seus rétulos. A autonomia do trabalhador entao se torna uma disposigao de trabalhar mais, a participacao democratica significa pensar em novas ma- neiras de intensificar o esforco de trabalho, e © treinamento passa a significar aprender menos sobre mais coisas. Reformar sistemas educacionais de for- Ma drastica, com base nesses pressupostos Problematicos sobre o local de trabalho pés- fordista, pode estar no interesse imediato de Muitos tipos de empregador, mas nao esté cla- '0Seird servir de maneira eficaz aos interesses mais amplos da sociedade, muito menos dos trabalhadores em geral. O efeito total ¢ voltar 3 educacéo para capacidades baseadas em fomPeténcias, as custas das formas mais ‘amentais de competéncias criticas exigi- ws, Pa'a_um aprendizado auténomo e uma ‘idadania ativa, © outro lado da politica educacional “eolberal pés-fordista exige a transformacao oes G do profissi lonalis; Professores. Mais 9,0 88 Fesp onsabj ° iid 7 i (Sraeteristicas que 8 Aten yo 0 7 ae vista Superficial, ¢ dosnt a © estudante n° ® Fspor raaliam-se as formag «COM cli Sionalismo do : FeSS0reS ¢ pe ‘ » POF trds da retéricg ost ambiguidade considersiry €0 cliente (os estudantes a Estudos que questionam se o desempreyo excessivo € causado pela falta de correspon déncia entre as escolas e os empregos contra: dizem a visao que responsabiliza os professores pela empregabilidade dos estudantes. Além dis. So, 0 sucesso a longo prazo no mercado de tra- balho, medido de acordo com a renda ¢ a sa- tisfacdo, esta intimamente relacionado com intimeras competéncias e qualidades pessoais que nao podem ser conceitualizadas dentro do arcabougo desse modelo pés-fordista do traba- lhador e do professor.5* Embora a globalizacio tenha implicagées claras para a reforma edu- cacional, 0 argumento em favor de uma estra- tégia neoliberal de subordinar as instituigdes educacionais a logica de um novo processo in- dustrial é falho em questées decisivas. CONTRAMOVIMENTOS: CONTESTANDO A NOVA ORDEM GLOBAL e Revisao do argumento até or ‘oblemé- é esentamos a pr te. Até aqui, apr a tica da globalizagao prinipamente nos or os estruturais da intertelagso on fe mica, a mudanca do P hae danga eco epito nacional ¢ 0 impacto Estados em Ambito n: emer’ a ges esucaior, esas maior partes Na mo 0 FSU asistido 4 wea a sn " le i urais, ado 1 temcecipade Oe dances onsva OU ago de AISUMS O forma on de aE mr (0? Mapes Oe eeepc Phra education ie esses AVANT or serio aa! 7 eserave 68 pele ie ho papel dos Esiads. a dem mandi ream relagao @ We glo pecemos CHICO” or feitas em OME Os ae a ym. O tempo & pesquis palzagio, omen Te possivel avaliat 0 a0 mats conclusive Pr yais sdo as direcchs ontecido & oes tem aconteci ga. Acima de tudo, tod jururas de mu temos nos preocul mas das afirmagde adaptacao “necessatia pado em questionar algu- pe neoliberais a respeito da de politicas educa- aca para sustentar a competitividade in- femnacional, Essas alegagdes refletem afirma ces contestaveis a respeito da natureza da {lobalizacao e os supostos beneficios a serem Gerivados da importacao do modelo de pro- dusio flexivel para 0 campo da educa¢ao. Entretanto, os profetas da globalizagao devem ser questionados de outra forma: tam- bém é importante considerar a maneira como essas mudancas criaram outras formas de desigualdade, pobreza e exclusao social, pro- cessos de formagao de identidade cada vez mais desorganizados, ¢ impulsionaram movi- ‘mentos sociais pré-ativos e reativos. cong’ Vitimas da globalizagio: a as- Sensto do Quarto Mundo. Um dos para- Sra tésicos da opressio e da impoténcia & Posigdes das vtimas da mudanca social ‘tica na; © da dominagao politica nao tem uma relacio Problema 0 de Xo posits? & historia, o mangle Conia ; , traathad 1 © Status objetivg ag noe captain SRt20 do. mode occ28 Classes Ciencia uni ta a formaca, de producao tv sacral io de uma cone uz le int - ci i er ema cena teres cole *S da politica ncey S40. Um do; "89 Contratio disse, 9 Modernis. * a celebra, dade de pontos de vista para i go, especialmente ng gy olitica de identidade. Porém, ap, espectiva global CriCCA, & diver as vitimas da globaliza¢ao apresey roblemas, COM Telacao as base uma identidade compartine a opres' ip sidade ot portantes P' is paré porencials Pr encia coletiva re dae uma is recente, 0s signi No periodo mais 8Nificadgs . termos Primeiro, Segundo e Terceiro My, See Maram radicalmente © sugeriram 4 do migade da nocao de um “Quarto Mundy a ‘undo estatizante do coletivismo burocrs, ob desmoronow, em parte porque nao conse guiu dominar os desafios do mundo da injo;, magao global. O termo ‘Terceiro Mundg’ tornou-s€ problematico, pols refere-se a con. textos tao diversos de desenvolvimento, que possui pouco valor descritivo. Enquanto a no gio de Primeiro Mundo retém alguma play Sibilidade como 0 locus do capitalismo da informagao, sua identidade € ameacada pela “Quarto Mundo”, 0 lado obscuro dos mesmos processos globalizantes que criou: Devido globalizacdo, surgiu um novo mur do, 0 Quarto Mundo, formado por intimeras buracos negros de exclusio social espalhadas pelo planeta, © Quarto Mundo compreende grandes areas do globo, como a Africa subsaa- riana, e areas rurais empobrecidas da Amé rica Latina e da Asia. Porém, ele tambem st apresenta literalmente em cada pais, ¢ em cada cidade, nessa nova geogratia da exit Sao social. Ele € formado por guetos subi banos norte-americanos, enclaves espanhiis oe desempregados em massa, banliets iA aneeses que acolhem individuos do nove a @, 08 yoseba japoneses e as favelas ti Megalopoles asidticas. Ele é postulado Po" milhdes de pessoas sem-teto, encarceradss Hea criminalizadas, marginalized slum talfabetas. Eas sao a maior en pa aa areas, a minoria em outras, ¢ uma weymaee one €M poucos contextos - pias a ‘ntretanto, em toda a parte © n numero, U dade, A medida que Pitalismo da inform: Politica do Estado « ment . AuMentam sud visid a triagem seletiva do AGao € a desorganiaN™ af stado de bemestar soe - histérica, gag Nt? SOCtal, No atual cont . ascensao do Quarto Mund? inseparsivel «da ascensdo do capitalise global da informagao, A questao de uma pedagogia critica para esse Quarto Mundo ainda esta por ser des (ohvida, apesar das formulacoes pioneiras da Pudagogia do oprimido, de Paulo Freire.%” A concepgao de transformagao social subjacente J analise de Freire ainda foi estruturada den- tro dos pressupostos do Estado ¢ da possibili- dade de superar a dependéncia por uma estra- tegia socialista de desenvolvimento nacional Ainda assim, como eventos recentes no Brasil salientaram, os grupos dominantes se aliaram qe modo realista (e cinico) aos imperativos impostos pela ordem econémica global, dei- xando que 0 proprio Quarto Mundo do Brasil suprisse as vitimas para mais “ajustes estrutu- rais”. Opondo-se a globalizacao: a dis- juncao entre o local e o global. Embora seja possivel entender o “Quarto Mundo” como um constructo analitico, ele nao cor- responde a uma forma provavel de cons- cigncia coletiva entre as suas vitimas. No contexto da globalizacdo, o afastamento do locus do poder e de tomada de decisao do Estado erode a capacidade dos grupos margi- nalizados de entenderem os processos estru- turais que determinam o seu destino. Esses grupos marginalizados sao os menos capazes de lutar por si mesmos contra os fluxos € as pressdes globais por ajuste estrutural. Nesse sentido, as novas categorias de oprimidos nao estao em posigdo de levar vantagem so- bre as formas de identidade reflexiva que tém sido alardeadas como um traco defini dor da alta modernidade (ou pés-moderni: dade). Assim, as possibilidades potencial- mente libertadoras do “planejamento de vida teflexivo” (uma expresso utilizada_ por Giddens) permanecem uma opgao para pou- Cos. Conforme sugere Castells: Isso se dé porque a network society baseia-se a disjungao sistemética entre 0 local e 0 slobal para a maioria dos individuos e grupos Sociais... Portanto, 0 planejamento de vida reflexivo se torna impossivel, exceto para a elite que habita 0 espaco atemporal dos fluxos Growauizagao C1DUCAGAD A das redes slobais e seus locas anclares- Sob dade entre a logi de r ate rede global e a légica de 7 pe ° ficas. A busca por significado ocorre entav na reconstrugio de identidades defensivas em torno de principios comuns. A maior parte da Ao social é organizada na oposigao entre fluxos nao identificados ¢ identidades iso! das... Enquanto na modernidade (inicial ou tardia) a identidade do projeto era constitui- da a partir da sociedade civil (como no caso do socialismo baseado no movimento operd- rio), na network society, a identidade do pro- jeto, no caso de ela se desenvolver, nasce da resistencia comum. Esse € 0 significado real da nova primazia da politica de identidade na network society." Apesar da retdrica do inevitavel progres- so evolutivo, associada a muitos dos profetas da globalizacao econémica, ela nao passou in- contestada, enfraquecendo aquilo que Castells chama de “as forcas da identidade”: Juntamente com a evolucdo tecnolégica, a transformacio do capitalismo e 0 fracasso do estatismo, experimentamos, nos tltimos 25 anos do século, o surgimento disseminado de expressées poderosas de identidade coletiva que desafiam a globalizagéo e 0 cosmopo- litanismo, em nome da singularidade cultural € do controle do povo sobre suas vidas e seu ambiente.* A diversidade desses movimentos e sua relagdo marginal com os sistemas educacio- nais existentes ~ especialmente aqueles que atravessam reformas em nome da globaliza- Gio — sao indicativos do crescente abismo en- tre as instituigdes “oficiais” e as realidades co- tidianas daqueles que nao se encaixam na I6- gica econémica da nova ordem global.** CONCLUSAO Em resumo, afirmamos que as historias dos sistemas educacionais estatais e piiblicos sao elementos fundamentais para explicar a for- magio de politicas publicas em educacdo no 5 Aue ars Necnous Be Com certeza, a ascen- contexto da globaliza io oe re ormaga0 de uma economia 8! nee sae ae cccu 0 Estado © eforgou strate neoliberais de politicas economicas & —— sigao enfraquecida do Estado, por a toriu ‘caminho para uma mercanuilizagao Gee da educagao, bem como para apelos por a . *reforma’” da educagao em resposta 408 SUuPOS: tos imperativos da “globalizagao", Certas res postas, como os apclos renovados por educas: internacional, possuem um potencial critico, Outras, como a educagao global a distancia, per manecem ambiguas em suas implicagdes. De- vido as limitagées de espago neste capitulo, nao fomos capazes de abordar em detalhe as impli- cagées da globalizagao para o multiculturalismo crescente das sociedades industriais avancadas ¢, além disso, as suas implicacées para a educa- a0 multicultural na promogao da cidadania e da democracia, um desafio que foi abordado em ‘outros textos. Enquanto existem oportunidades claras para aumentar 0 acesso educacional e para formar uma cultura global, essas possibili- dades nao devem ser celebradas de forma nao- critica e devem ser sujeitadas a uma avaliagao mais diferenciada e equilibrada, assim como um debate e, talvez, a regulamentacao inter- nacional. Nos paises em desenvolvimento, on- de regimes democraticos fracos e empobreci- dos ainda nao foram capazes de estender os beneficios basicos a educagao publica em mas- sa de forma igualitdria, as politicas de ajuste estrutural tém sido impostas como parte da globalizagéo das opgdes de desenvolvimento. De forma clara, abordar novamente as desi- Bualdades em educacdo entre o Norte e o Sul Tequer novos tipos de estratégias ativas que Possam ser justificadas segundo uma visio bastante diferente da globalizacao. Além dis. mo eas empresarial € vendida co- wnat a 8 compete de tanibéin global da informacdo, em vez Ser vista como uma estratégia de Motivacao ideoldgica EB ara re : : Para reduzir a autono. garg Townes Be COWMBORA sts nee esceeeeoee 20 € a necessaria autono, as sa ret6rica da globalizagao & uns melhanr® Mar estratégias de reforma da edu. da Perec aamental e secundaria, cujas agen, ga baseiam-se mais em ideotogias do que em Snalises empiricamente jUSUFICAVCIS dos beng. icios de um modelo de “producao flexiye) Ficios surgi as tarefas culturais ¢ humanistas ais amplas da educaGao. Paradoxalmente, esquerda politica adotou uma posicao mais “conservadora” ao defender esses objetivos tradicionais da educacao, mas submetey g agenda de experimentagao educacional e re, forma a apelos neoliberais por “escolha” ¢ “flexibilidade”. Além disso, a retérica da globalizacig usada para promover a agenda neoliberal ig. nora o lado negativo da globalizacao, oy racionaliza-o como sendo um mal necessério, Porém, a ascensao de um Quarto Mundo inti. mamente conectado a expansao da globaliza- ao permanece, como uma lembranga das no- vas formas de desigualdade e exclusao social que foram criadas pela economia global da informagao. Embora esses mesmos processos tenham liberado novas formas de resisténcia, a disjungdo entre eventos locais e fluxos glo. bais dificulta a articulacao de estratégias de movimentos sociais que sejam mais do que de- fensivas. Entretanto, 0 futuro ainda nao esti escrito e ninguém pode reivindicar uma com- Preensao definitiva das atuais relacdes entre slobalizacao, Estado, educagao e mudanga so- Cial. Por essas razdes, prevemos que essa pro- blematica permanecera como uma das ocupa- SOes mais centrais dos especialistas em edu- cacao por muitos anos, NOTAS 1. Com certeza, e -xistem abordagens teéricas classifica das como “pés. . -modernas" que néo negligenciam # QuestBes estruturais e que, assim, so amplamente complementares a problematica da globalizaqio (Ue exploramos neste capitulo (por exemplo, David Hat Ney. The Condition of Postmodernity (Oxford, Eng. B& “ Blackwell, 1989]; e Fredrie Jameson, Panere Tom of The Cultural Logic of Late Capital (Durham, N.C.: Duke University Press, 1991]) 10. u 12, 13, 4, 15, Roland Robertson, “Social Theory, Cultural Relatwity et ahe Problem of Globality”, in Culture, Globaltsa at and the World System: Contemporary Conditions fr ne Representation of Mentty, ed. Anthony D. 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