Download as pdf
Download as pdf
You are on page 1of 20
6 Manuten¢ao de um ambiente seguro A actividade de manatengio de um ambiente seguro ‘A natureza da manutengto de um ambiente seguro [Bspas da vide: efeitos na manutengio de um ambiente seguro Grau de depeadénci/ independéncia na manotengo de um ambiente eguro Factores que ifluenciam € mantém o ambiente seguro Individesidade na manutengo de ura ambiente seguro Aimanutengio de um ambiente seguro: problemas do doeate enfermagem correlacionada ‘Maudanga de ambiente ¢ rota ‘Ambiente desconhecide Ambiente ridose Risco de acidente Kisco de incéndio Risco de infees#0 Riscos assoiados com medicagses Madanga do grav do dependéncia/independéncia Problemas fisicos Problemas nesta Problems devidos « diminogo ou pena sensorial Enfermagem individualizada Referéncias Leura adicional A actividade de manuten¢do de um ambiente seguro ‘Todas as pessoas estiio empenhadas em muitas activi- dades com objectivos especificos de manter um ambiente seguro, seja em casa ou no trabalho, durante o lazer ou em viagem. Para manter a saiide tanto pessoal como publica, tem que canalizar-se muita energia para manter um ambiente externo to seguro quanto possfvel, nio ‘apenas para presente mas para as geragGes futuras her- darem. A NATUREZA DA MANUTENCAO DE UM AMBIENTE SEGURO Observa-se,\a0 longo da histéria, que o homem tem estado preocupado em controlar 0 ambiente extemo ou adaptar-se as suas alteragGes. Até um grau espantoso, 0 homem combateu os perigos inerentes ao ambiente fisico © concebeu métodos de proteger a sua famflia, o lugar onde habita, as suas culturas e mesmo o gado. A maioria dos seres humanos nao vive mais na ameaga constante do Perigo, embora existam algumas forgas naturais extrema- mente poderosas tais como tremores de terra, inundagées € secas perante as quais 0 homem 6 impotente para con- ttolar, Este facto ilustra-se pelos acontecimentos da hist6- ria recente, tal como incEndios devastadores das florestas nos Estados Unidos em 1988, as eventuais inundagdes anuais no subcontinente indiano pelas chuvas de mongi0, © a seca continua em partes do continente africano que Sa 82 MODELODE ENFERMAGEM custaram a vida e sobrevivéncia de intimeras pessoas. Nao deve ser esquecido que, nesta to chamada época de paz, existem guerras acontecendo em muitas partes do ‘mundo, o que significa que algumas pessoas estio a viver ‘num ambiente inseguro © em perigo constante. Mesmo sob circunsténcias normais, no entanto, as pessoas em todo mundo estio ainda expostas a uma variedade de riscos ambientais que péem em causa a sua seguranga, saide, felicidade e, na verdade, a sobrevivén- cia, De forma aumentada também, nesta época de avango tecnol6gico ¢ cientifico, existem ainda novos riscos com 8 quais & preciso lutar — tais como os riscos associa- dos & radiagdo, resfdvos quimicos, o uso ilfcito de drogas © as modemas armas de guerra —, e estes, em contraste com as forgas naturais, foram criadas pelo proprio homem, Existem muitas dimensdes para a actividade de vida de manter um ambiente seguro ¢ obviamente nem todas podem ser discutidas neste capitulo. Muitos tipos diferen- tes de actividades contribuem para manter um ambiente fisico seguro e, porque a maioria slo essencialmente pre- ventivas por natureza, 0 restante desta secgdo considera 8 seguintes t6picos: + a prevengio de acidentes; + a prevengio de ineéndio; + a prevengao de infecga + a prevencio da poluigio. Prevencio de acidentes Os acidentes podem acontecer em qualquer lugar a qualquer momento. Frequentemente, embora nem sempre, eles sdo evitéveis. Prevenir acidentes no lar, no trabalho, no lazer € em viagem pode e deve ser a preocupagio de cada um, tanto por seguranga pessoal como pela dos outros. O sofrimento humano que resulta de um acidente pode ser grave e pode resultar de alguma forma em defi- ciéncia permanente ou desfiguracio da vitima, néo esque~ vendo 0 stress © a culpa que nasce na pessoa que pode ter alguma responsabilidade pela ocomréncia de tal acidente. Nos tiltimos anos, o problema de acidentes e a preven. fo destes tem sido a causa primeira de uma grande esea- Jada do problema que agora & reconhecida, Na Europa, os acidentes sio a terceira mais importante causa de morte e, no entanto, a fatalidades representam apenas @ ponta do icebergue. Acidentes na infancia sto de preocupagto particular Eles so actualmente a causa mais comum de morte ne Inglaterra ¢ Pais de Gales, responséveis por cerca de um tergo de todas as mortes infantis. Lesoes acidentais sio também uma grande causa de morbilidade na inféncia e a azo para um aumento substancial de internamentos hos- pitalares entre eriangas dos grupos de 1-14 anos de idade (Constantinides, 1987), Este continua, apresentando a taxa de deficiéncia permanente de 18,6-20 por cada 100 000 criangas por ano em consequéncia de acidentes (acidentes rodoviérios, acidentes durante lazer e queima- duras graves ¢ ligeiras), ¢ 0 tipo de incapacidade inctui lesio cerebral, deformagto; perda de mobilidade, cicatr- zes, € perda sensorial principalmente devido a lesio ocular. Ao discutir sobre as consequéncias dos acidentes {que envolvem queimaduras, Forshaw (1987) defende que 4 lesfio psicol6gica e o tratamento necesséiio so tio trau- miticas como a propria lesio. Lesbes devido a acidentes ndo sto acontecimentos aleatérios. Eles mostram uma varia¢ao clara entre as regides, idade, sexo e classe social; os rapazes apresen- tam, mais consistentemente, maior niimero de lesOes por acidente do que as raparigas e existe um diferencial acen- tuado de classe social entre os acidentes fatais em crian- as. Num estudo em Londres levado a cabo por Constan- tinides e Walker (1986) para observar todos os tipos de acidentes em eriangas de idade inferior a 5 anos, mostrou- se que existe uma correlacdo estatistica entre os aciden- tes mais graves de criangas e o desemprego, superpopu- lagdo, falta de educagio pelos pais além da escola secundétia. As lesbes devidas a acidentes, segundo eles, mesmo quando so de pouca importancia, so aconteci- ‘mentos de grande stress para as criangas, pais e educado- res, e & ainda necessério uma grande habilidade e tacto durante 0 perfodo de recuperagio porque os pais frequen- temente continuam a sentirse culpados, ansiosos e na defess. Tnternacionalmente, a escala do problema é séme- thante. A Organizagio Mundial de Saiide (1986) registou que, em pafses industrializados, as lesdes acidentais encontram-se em quinto lugar entre as principais causas, da morte de criangas ¢ jovens. E agora geralmente com- reendido que a menos que algo se faga para reduzir os acidentes, quaisquer outras medidas tomadas para o bem € a satide de uma nagao estio a ser minadas. Os profis- sionais de cuidados de satide tém um papel vital a desem- penhar na prevengio de acidentes, embora o problema Precise de ser tratado por um esforgo multidisciplinar, organizado a niveis nacionais e internacionais. Educagio de satide € um aspecto importante na preven¢do mas € Pouco provavel que seja eficaz na auséncia de maiores medidas de seguranga e legislagio adequada. O esforgo MANUTENCAO DE UM AMBIENTE SEGURO 83 individual também é vital. A prevengao de acidentes no pode ser vista apenas em tenmos de eliminagao de riscos. © potencial para acidentes vai sempre existir, por isso, cada individuo deve tomar-se capaz de manter seguranga face aos riscos inerentes ao ambiente. Algumas das for- mas pelas quais isto pode ser conseguido so descritas na discussdo que se segue sobre a prevencio de acidentes no lar, no trabalho, no lazer ¢ durante as viagens. Prevengdo de acidentes no lar ‘A maior parte das pessoas provavelmente vai pensar no seu lar como um lugar seguro mas, na realidade, a média dos lares é potencialmente um ambiente extrema- mente. petigoso. Mesmo em paises onde os padres de alojamento methoraram imensuravelmente € a promogio de seguranga na casa tem sido uma preocupagio cons- tante, o problema dos acidentes tem alguma magnipude. relat6rio anual da Royal Society for the Prevention of Accidents (1986) no Reino Unido cita que existém certa de 5700 mortes e 3 milhdes de pessoas feridas, por ano, em acidentes domésticos a um custo anual para‘o National Health Service de cerea de 350 milhbes de libras. Como jé foi mencionado, as criangas menores encontram-se em risco particular, pois dependem dos adultos para as proteger de perigos potenciais no seu ambiente familiar. Quais so entio os factores, no ambiente de casa, que podem causar acidentes? Alguns grupos diferentes de risco sto deseritos abaixo, assim como as medidas de prevencdo relacionadas com os mesmos. Existem riscos de incéndio. Incndios abertos (exem- plo: lareiras) so cada vez menos comuns nas casas de hoje, mas, quando existem, & preciso proteger os morado- res, por exemplo: uma crianga que ainda nao ande ¢ até 0s 2 anos. Uma grande barra de seguranca, firmemente fixa & parede vai evitar que a ctianga entre em contacto com o fogo, ¢ a roupa de dormir deve ser resistente a0 calor. Infelizmente, muita da mobflia modema é um risco de incndio, e pontas de cigarro acesas em cadeiras, sofiis ou camas podem causar acidentes graves néo apenas devido as chamas mas devido 4 asfixia causada pelos fumos nocivos das substincias utilizadas na fabricagao dos estofados modemnos. Nos siltimos anos, tem sido tio evidente a morte de vitimas devido a fumos nocivos, que foi emitida legis- lagio sobre mobiliério, no Reino Unido, em 1988 — os regulamentos sobre mobilirio e artigos de decora- so (ineéndio) (seguranga) — (nstrumento Estatutério n& 1324). Os regulamentos tém varias fases, Desde Novembro de 1988, entre outras coisas, os fabricantes tm que utilizar espuma que passe o teste de inflamagio € a mobilia revestida a espuma tem que ter etiquetas per- manentes; a partir de Margo de 1989, toda a mobilia tem que passar o teste do cigarro; a partir de Margo de 1990, toda a mobflia tem que ter coberturas também resistentes; © a partir de Margo de 1993, todas as pegas de mobilidrio em segunda mio tém que obedecer aos regulamentos de 1988, Nao apenas se envolvem os fabricantes; os distri- buidores tém que garantir que as etiquetas adequadas so exibidas, ¢ registos da mobilia fomecida devem ser man- tides durante 5 anos e estarem & disposigdo para inspec- co pelo Trading Standards Office. Existem riscos eléctricos. Mesmo numa instalagio eléctrica nova ¢ segura num lar, existe sempre o risco de lesdo © electrocugao. Electrodomésticos com defeito devem ser reparados por um electricista, e mesmo técni- cas simples, tais como instalar uma nova tomada ou trocar uma lmpada, podem ser arriscadas se for cometido um erro. Em qualquer casa onde exista uma crianga pequena, protecgées das tomadas devem ser encaixadas para evitar que um dedo ou um lépis seja enfiado na tomada, Existem riscos quémicos. O envenenamento é um dos primeiros na lista de casos acidentais, especialmente em criangas, pelo que, todas as substincias toxicas devem ser mantidas com etiquetas e cuidadosamente armazenadas num local seguro, preferencialmente num armério espect- fico na cozinha, casa de banho, garagem ou armazém de Jardim, Seja qual for o lugar onde estiverem guardadas, devem estar fora do alcance das criangas , quando for adequado, fechados & chave. A utilizagio aumentada de recipientes & prova de criancas para medicamentos é util 1mas ainda necesséria vigiléncia. Nao € prudente manter medicamentos num saco que pode ser perdido ou pode ser ‘explorado por uma crianga, com resultados desastrosos. Além dos medicamentos existem muitos outros quimicos potencialmente perigosos, s6lidos ou liquidos, que podem estar numa casa normal: por exemplo, produtos de lim- peza e decora¢o ou para matar insectos e roedores. Um detergente tGxico particularmente encontrado na cozinha € 0 pO para a méquina de lavar loiga, Nao se devem ‘esquecer outras substincias normalmente utilizadas, tal como lixivia, tinta para 0 cabelo, verniz. de unhas e per fames que podem muito bem ser deixados expostos na casa de banho ou no quarto. Existem riscos térmicos. Se a gua da tomeira estiver ‘muito quente pode facilmente escaldar uma pele sensfvel € uma precaugio 6 fazer correr agua fria para o banho antes de abrir a tomeira quente. Liquidos quentes, seja 84 MODELO DE ENFERMAGEM numa cafeteira eléctrica ou sobre o fogio, chévenas sobre a mesa ou na mo devem sempre ser tratados com cui- dado, especialmente quando existem criangas pequenas pois mesmo um volume aparentemente pequeno de iquido pode causar queimadura séria Comida e bebida quente nfo devem ser colocadas numa mesa, com uma toalha muito grande; num segundo, ‘um acidente de queimadura pode ocomrer se uma crianga puxar as extremidades da toalha. Outro risco potencial- ‘mente letal tem sido identificado quando se utilizam «ara- has» para os bebés andarem (Gray, 1987); € fécil para a ‘erianga alcangar e puxar 0 fio da cafeteira eléctrica ou do ferro que talvez parega seguramente posto & parte. Apesar do prazer evidente das : utilizadores de drogas intrave- ‘nosas, receptores de transfusdes sangufneas, por exemplo, ‘hemofilicos, © quem estiver em contacto com o sangue de individuos infectados. O programa especial sobre a SIDA da Organizaglo Mundial de Sade prevé que em 1991, possam aparccer cerca de 1 milho de novos casos na Populacio infectada pelo HIV, o virus da imunodeficién- cia humana que causa a SIDA. Um esforgo mundial para combater a sua propagagao tem sido montado pelo pes- soal de cuidados de saide, grupos internacionais, gover- nos e elaboradores de politicas a0 mais alto nfvel e em Janeiro de 1988, os ministros da Sade e/ou colegas de 148 paises (representando 95% da populago mundial) estiveram presentes no Encontro Mundial de Ministros da ‘Sade sobre Programas para a Prevengio da SIDA, em Londres, organizado em conjunto com a OMS e 0 Minis- \ério da Satide do Reino Unido. Kay (1988), a0 escrever sobre a estratégia da OMS, descreve o desenvolvimento recente: programas de pre- ‘enea0 em curso e politicas recomendadas, enfatiza no 86 a infecedo de HIV, e a SIDA, mas também a «epidemia ‘mundial de reacgio social, econ6mics, politica e cultural como resposta & SIDA e & infeccéo a HIV». Kay dé um exemplo das implicagées econémicas ao citar a estatistica de que 20-35% dos doentes em servigos médicos de alguns hospitais africanos tém SIDA ou doengas relacio- nadas com a SIDA, portanto o impacte nos jé diminufdos recursos de satide € Sbvio. Em termos socioecondmicos, a SIDA afecta 0 grupo etério dos 20-49 anos de idade, 0 segmento mais vital da populago quando se considera 0 desenvolvimento social e econémico. Qualquer debate social sobre SIDA exige uma dimensao politica com os Preconceitos inerentes a raga, religigo, classe social e na- Cionalidade; de facto, tomou-se uma ameaga directa a viagem livre entre pafses e & abertura de trocas intema- cionais © comunicagao. Kay menciona ideias postuladas Por vérios grupos, tais como: promogio de «cartées sexuais» certificando a auséncia de contaminagio da infeccao de HIV; selos ou tatuagens que identifiquem as pessoas contaminadas; ou algum tipo de quarentena na qual a5 pessoas infectadas com HIV possam viver em sociedade, embora no possam casa, trabalhar ou viajar; ‘mas tudo isto foi rejeitado por ser imposstvel de praticar, inaceitével ou no ético, Nao surpreende que o pessoal de cuidados de saide Procure orientago sobre uma sindrome onde existe pouca certeza 0 Conselho Internacional de Enfermagem emita ‘uma Declaragio Conjunta com a OMS em Abril de 1987, relativa aos direitos © responsabilidades das enfermeiras em todo © mundo ao tratarem de pessoas infectadas pelo virus da SIDA (CIN/OMS, 1987). Isto foi seguido por direetrizes conjuntas do tratamento de enfermagem de pessoas infectadas com HIV (CIN/OMS 1988), ¢ a OMS declarou em 1 de Dezembro de 1988, 0 dia mundial da SIDA para elevar a consciéncia sobre a doenga e para oferecer informagio, em oposi¢Zo a0 mito e boatoa acerca da sua propagagio e meios de contenci0. O Pro- arama de Desenvolvimento das Nagdes Unidas, a Asso- ‘ciagio Médica Americana ¢ 0 Conselho de Buropa slo ‘outros exemplos de organizagdes intemacionais que ofe- ecem linhas de orientagio para 0 controlo da propaga- slo da SIDA e oferecem estratégias para a colaboragéo ho tratamento de pessoas infectadas. Uma maior dis- cussio sobre a SIDA e como isto afecta 0 individuo est inclufda no capitulo 15, a0 tratar das actividades de vida de expresso sexualidade. Evitar a poluigao ‘Uma dimensao da manutengdo de um ambiente seguro € 4 prevengao da poluigto. Evitar a poluigdo da dgua para beber através de excrementos humanos no tratados, por exemplo, foi reconhecido h4 muito tempo como uma Preocupacio bisica de sade. Hoje em dia, na maioria dos paises mais industrializados, parte-se do principio de que foram tomadas medidas para garantit 4gua potdvel, mas em muitos patses em desenvolvimento, a gua poluida ¢ uma causa principal de doenga diarreica, fre- uentemente com uma taxa de mortalidade elevada. Infe- — a MOOR RAENERNACEN lizmente, a industrializagdo ¢ a urbanizagio trouxeram ‘um conjunto diferente de problemas, por exemplo, em relagio com a polui¢ao do ar. Admite-se que a poluigao aérea tem sido controlada em muitas reas populacionais, como um resultado de medidas de controlo de famo © legislagao associada com Leis de Ar Puro, No entanto, ‘nos EUA, a queda quimica da indéstria e da agricultura ‘tem incitado os peritos ambientais a avisarem sobre os poluentes do ar que ndo se véem e que no sto abrangi- dos pela Lei do Ar Puro e danificam no apenas a sade humana — ligada a doengas, desde a Ieucemia aos pro- blemas cardiacos — mas estio implicadas na formagao de «chuva fcida» que tem devastado amplas extens6es de florestas (Begley, 1988). Maior quantidade de chuva Gcida também é um problema na Europa. [Nao apenas o ar que respiramos mas os cursos de égua naturais do mundo esto em perigo, quando se deitam aos rios © mares, os resfduos industriais que so uma das fontes mais importantes de poluigio de égua; um artigo recente na Newsweek (Hewitt e cols., 1988) defende que conseguimos entupir o5 mares do mundo com 20 bilhdes de toneladas de lixo. As Aguas costeires sofreram mais, embora tenham um papel mais importante na cadeia de vida, pois ¢ onde a maior parte das espécies marinhas ppassa, pelo menos, parte das suas vidas; por exemplo, no mar do Norte, muito peixe foi encontrado com infecgdes de pele, esqueletos deformados ¢ tumores. Para além disto, as aves aquéticas sdo frequentemente vitimas de derrames de petréleo. Os banhistas também se arriscam a set contaminados por hepatite viral, reacgées da pele © aftas orais. No entanto, continua o artigo, durante a tiltima década, um programa da Organizagio das Nagdes Unidas tem coordenado o trabalho dos ambientalistas para parar a escalada de poluigio, embora a vontade politica dos ‘governos individuais seja também essencial se se quiser preservar 0 frégil ecossistema. ‘Um poluente que causou uma preocupagio considerd~ vel nos iiltimos anos foi o chumbo. O chumbo existe abundantemente na natureza, no solo e na gua, Na forma composta tornou-se habitual ser usado como um pigmento de tinta, em plésticos como um estabilizador e em petré- Teo como um agente antichoque. © chumbo hé muito que € utilizado pelo homem e as suas propriedades téxicas foram reconhecidas. Intoxicagdes por chumbo foram, virias vezes, a causa de diminuicio intelectual, Conhe- cem-se amplamente 05 efeitos nocivos da inalago nas safdas das fabricas de chumbo; em criangas que 0 inge- rem ao lamberem bringuedos com tinta de chumbo; e em familias cuja agua de beber é fornecida através de canos de chumbo, Algumes autoridades locais removeram os ccanos de chumbo do sistema de fomecimento de gua; ¢ outros ofereceram concesstes financeiras para permitir que 0s proprietérios fagam a mesma coisa. No entanto, mais recentemente, a preocupagio desviou-se para um problema mais insidioso que afecta toda a populagio — poluigo das éreas & beica da estrada por gasolina com chumbo. As particulas emitidas pelos tubos de escape no so apenas directamente inaladas mas podem ser ingeri- das porque 0 chumbo deposita-se nas mios ¢ legumes, culturas e frutos que crescem & beira da estrada. Em ‘muitos pafses, tem havido uma redueSo, por fases, no teor de chumbo na gasolina; e no Reino Unido, por exemplo, a gasolina sem chumbo & vendida a preco inferior, em estagdes de servigo especiais (0 motor exige um pequeno ajuste para ser utilizado), e existem indicagées de um movimento para a utilizagao obrigatoria de gasolina sem chumbo para todos os vefculos. Outra preocupagdo que também foi levantada recente- ‘mente no Reino Unido 6 a quantidade excessiva de alu- iio presente em alguns leites em pé para bebés, ¢ isto 6 exarcebado em algumas éreas do pals onde se usa égua da tomeira na reconstituiglo do leite que também mostra uum teor relativamente elevado de aluminio. Teor exces- sivo de aluminio conduz. a lesfo cerebral e 6ssea e diz-se contribuir para 0 desencadear da doenga de Alzheimer, uma forma de deméncia, numa idade mais avangada (Hodgkinson, 1988). Existe pesquisa em evolugio para procurar mais evidéncia, Um tipo de problema completamente diferente, na vida modema, & a «poluigio sonora», e a expressiio esté a ser cada vez. mais utiizada para deserever o problema de rufdo excessivo. Nem toda a gente considera o barulho da mesma forma. Os temperamentos latinios ¢ anglo- -saxGes variam sobre que consttui um nivel aceitével de ruido; e os jovens no parecem ser to intolerantes em relagio @ este como os mais velhos. No entanto, um ambiente no qual as pessoas no podem dormir adequa- damente devido ao excesso de barulho nto pode ser con- siderado um ambiente seguro. As pessoas que vivem perto de fébricas barulhentas, perto de pistas de voos no aeroporto, e na proximidade de auto-estradas movimenta- as, sofrem todas de barulho excessivo durante a noite € durante 0 dia. Durante o dia, outros habitantes da cidade podem ser perturbados pelo barulho do transite, especial- mente camides pessados que passam perto das suas casas. AAs pessoas que trabalham na indistria pesada so subme- tidas ao ruido de méquinas, © medides para minimizar os efeitos incluem a utilizagio de aparelhios que abafam 0 som € 0 uso de protecao para os ouvidos. Além de afec- tar 05 ouvidos, pensa-se que o barulho causa tensio © MANUTENCAO DE UM AMBIENTE SEGURO 97 fadiga, podendo ambos contribuir para acidentes e doen- gas mentais. Uma das consequéncias mais graves da exposigdo 2 rufdo excessivo é a surdez parcial que pode cevoluir para uma perda substancial da audigao e constituir uma deficiéncia social grave. Prevenir a polui¢do é uma dimensao a manutengao de um ambiente seguro que 6, em grande parte, uma respon- sabilidade piblica e néo pessoal. No entanto, existem muitas formas pelas quais 0s indivfduos se podem prote- ger a si mesmos € aos outros de efeitos potencialmente perigosos de poluentes. Obviamente, 0 primeiro e mais avangado objectivo em todas as actividades discutidas — evitar acidentes, fogo, infecgdo e poluicio — & a sobrevivéncia humana. No ‘entanto, em circunstincias onde a vida em si mesma nfo est ameagada, 0 objectivo principal € a prevengo, ou pelo menos a minimizagao da leséo ¢ da doenga. Um acidente pode ter como consequéncia alguma forma de deficiéncia ou desfiguragdo ©, mesmo se os seus efeitos so apenas temporirios, 0 softimento humano envolvido pode ser intenso. Os efeitos do fogo podem ser devasta- dores: a dor do tecido queimado, o estigma de cicatrizes vistveis e a perda de possessies ¢ bens pessoais. A infec~ ‘go também pode envolver mal-estar ¢ auséncia de traba- Tho embora menos insidiosa nos seus efeitos, pode ter ‘como resultado a doenga € mesmo a diminuigao intelec- ‘ual permanente. ara juntar tudo, parece ldgica a prevengio em vez da cura, mas, evidentemente, a prevengdo, sendo uma consi- derago politico-econémica, exige conhecimentos e auto- discipina, ¢ para estes serem aplicados, os individuos tém que desenvolver uma compreensio sobre a natureza e 0 objectivo da manutengao de um ambiente seguro, ETAPAS DA VIDA: : EFEITOS SOBRE A MANUTENCAO. DE UM AMBIENTE SEGURO ‘A incluso das etapas de vida como um componente do ‘modelo serve para lembrar que a vida é um processo longo, desde 0 nascimento até 2 morte. A seguranga é uma neces- sidade bésica de sobrevivéncia, desenvolvimento, saide auto-realizagio a cada estidio das etapas de vida, Durante a existéncia pré-natal, um ambiente seguro é oferecido pelo titero da mie, mas, a partir do momento do nascimento, 0 bebé fica abruptamente exposto a todos os riscos do ambiente externo e depende totalmente dos adultos para a provisto de um ambiente seguro no qual cresca bem e sobreviva. Para bebés pequenos, o engasga~ mento e a asfixia so causas principais de morte; e pro- tecgio de acidentes, infecclo e calor ou frio excessivos & de importincia vital. Quando se tomam mais activos e curiosos, os bebés gatinham c, até aos 2 anos, tornam-se cada vez mais vulneréveis a acidentes em casa e como jé foi descrito, quedas, queimaduras leves e graves, envene- namento acidental so as causas principais de agressio ¢ morte neste estédio da vida Em contraste, criangas em idade escolar estio em air risco para perigos no meio extemno, particularmente em estradas © no pétio da escola. Uma ver. na escola, as eriangas nio podem estar sob vigilfincia constante de adultos, mas aprenderem sobre seguranga e responsabili- dade pessoal para manter um ambiente seguro é uma dimensio importante da sua educagio. Durante a adolescéncia, os acidentes de bicicleta lesdes de desporto tomam-se mais comuns e, embora mais conscientes do perigo, a rebeldia ou excesso de confianga podem resultar em falta de consideragio da seguranga pessoal e seguranga de outros. Para os jovens, os riscos do ambiente de trabalho tor- nnam-se uma érea aumentada de responsabilidade na acti- vidade de vida de manutengao de um ambiente seguro, € © grau ¢ tipo de perigo variam de acordo com a natureza do trabalho. Os. adultos, especialmente quando se tor- znam pais, parecem desenvolver um sentido aumentado da responsabilidade no que se relaciona com seguranga e podem tomar-se politicamente envolvidos em assuntos de seguranga pessoal, local ou nacional, por exemplo, traves- sias seguras de pedes fora das escolas € locais proximos de residuos nucleares. ~ 0 processo de envelhecimento, que eavolve uma dete- ‘rioragdo gradual da capacidade fisica e intelectual ¢ perda da acuidade dos sentidos, vai resultar inevitavelmente em ‘menor capacidade para desempenhar muitas actividades cenvolvidas na actividade de vida de manutengio de um ambiente seguro. Pessoas idosas tomam-se mais suscep ‘eis a quedas devido a doengas articulares e tonturas; s40 vvulnerdveis a acidentes, enquanto pedes talvez. devido a menor acuidade da visfo e audi¢fo; e correm maior risco de perigos de incéndio. Manter um ambiente seguro durante 0 estidio final da duragio da vida pode envolver

You might also like