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CapiTuLO TT No Paraiso das Maravilhas ~ a perspectiva homoerética “Que cidade horrorosa, que no dé erimes!”, [Alherto Deodato] bradava a cada manha. “Nao dé nada de sensacional! E temos de encher um jornal!* (CLE- MENTE, 1982, p. 260) Corria 0 ano de 1927 c os jornalistas Alberto Deodato e José Clemente trabalhavam no Correio Mineiro. Este era um jornal noticioso e sensaciona- lista da capital mineira, conforme depoimento do préprio Clemente (1982, p. 259). Na auséncia continuada de crimes comoventes e de impacto, os reporteres inventavam matéria sensacional. Em certa manha daquele ano, frustrado com a falla de assunto para preparar sua reportagem, Deodato saiu-se com a fala acima, em epigrafe, c que Clemente reproduziu em sua crénica “Cidade sem crimes”. A supor pela avaliago que o repérter José Emilio Maciel fez 22 anos depois, talvez Deodato tivesse raziio naquele momento, considerando a logi- ca invertida de que se utilizou para qualificar Belo Horizonte e encontrar prazer de viver na cidade: o espaco urbano s6 é digno desse nome se for palco para crimes emocionantes. Na matéria “Cinco crimes misteriosus ua histéria policial de Belo Iorizonte”, publicada na Folha de Minas de 30 de janeiro de 1949, Maciel apresentou um conceito de crime perfcito ¢ listouw para oleitor aqueles que atravessaram décadas sem terem sido deslindados. Leitor amigo, sabeis o que é um crime perfeita? F, aquele a respeito do iy nada se consegue apurar de definitivo. Vasculhando os arquivos policiais encontramos nada menos de cinco crimes que ainda se encontram envoltos em mistério. Um deles, 0 mais tenebroso, o mais horripilante, verificou-se quando Belo Horizonte contava 215 dias de existéncia. Os demais-siio ainda de nossos dias. Se os primeiros 37 Digitalizado com CamScanner sistiu dle esclareeé-los, 0 mesmo nfo acontece em relagao agg atigagdes continuam ¢ esperam ainda as nossas autoridades térios que as cercam, Mas tudo leva acrer que eles perma. podemos entio dizer que em Belo Horizonte foram, a policia ja des outros. As inves! desvendar os mist neceriio na penumbra ¢ ; vados cinco crimes perfeitos (p- 2). perpetr a. entdo, relacionou-os: um crime d passou 4 do Calafate; um segundo, de 1939, conhecidy como 0 joms memoria como crime sop page ‘ aarp da Ponte do Perrclay outro, em janciro de 1945 — o crime Aguiar ou da avenida Gettilio Vargas: 0 quarto crime sem solugao ~ em dezembro de 1046, 0 Crime do Parque: ¢ 0 quinto, em julho de 1948, 0 crime da Pampulha, No tépico respectivo ao Crime do Parque, apés descrever suma- riamente sew historico, Maciel deixou a questiio: “Serd solvido 0 mistério ou «0 Crime do Parque entraré para o rol dos crimes insoliveis?” Este livro nao : propdc a responder essa pergunta, que atravessou o tempo despertando varias intrigas e questdes. Mas os desdobramentos desse crime, de natureza tGo rocambolesca, nao deixam ditvida de que se trata de uma histéria exci- tante e curiosa. Se, por diversos motivos, que poderemos conhecé-los 20 longo deste volume, o crime gerou grande expectativa quanto A sua solugao, nem por isso ele poderia ser julgado perfeito. Sua perfeigao talvez. possa ser vista a partir da forma como seus fios foram sendo engendrados para revelar amentalidade, os valores, o lugar social e os preconceitos dos sujeitos enval- vidos ¢ de una sociedade na qual esses sujeitos desempenhavam um papel. Neste capitulo, minha intenyo é apresentar como certo grupo de ho- mossexuais sc organizou em Belo Horizonte, na década de 1940. Essas informages esto bascadas exclusivamente em duas fontes: os processos Judiciais as reportagens dos vefculos de comunicagao. O primeiro conjunto € constituida por ués processos: 0 primciro, formado por cinco volumes, sumando pouco mais de mil paginas, reine a documentagaio sobre o Crime ee poms ° Segundo € 0 lerceiro sfo processos correlacionados ao Crime antes fa pra ine lependentes, pois ligados a assaltos verificados no Parque mares oP eee dito2a) segundo conjunto de fontes congrega - © 1969, Assim, apa » a partir dessas bases, tentarei analis 0 uma porta de entrada » tentarei analisar o Crime do Parque com homossexuais na Belo Hes conhecer a forma de saciabilidade de-homens_ panto Hoi e daquele periodo, bem como para tagat mualidade masculine ge nw 4 manera como foi representada a homosse- "na capital mineira nas décadas de 1940-1960. 38 Digitalizado com CamScanner 1, A DESCOBERTA DO CORPO E AS PRIMEIRAS PROVIDENCIAS De acordo com o Servico de Meteorologia do Estado de Minas Gerais, no dia 4 de dezembro de 1946 a temperatura maxima em Belo Horizonte foi de 28.2° ¢ a minima de 16,8°. No dia seguinte, a méxima foi de 30,5° eaminima de 17,2°. Ainda segundo v mesmu servigo, isso permite dizer que os dois dias tiveram temperatura agradavel a quente, com uma noite clara, sem ocorréncia de chuvas ou com chuva muito leve pela madrugada. Pavia sol na manhé em que 0 corpo foi descoberto. Tao logo o cadaver foi encontrado, a Policia Central foi acionada por meio de sua Chefia, localizada no 3° andar da Secretaria do Interior, na Praca da Liberdade. Aquela época, dependendo da natureza do crime, a investigagao ficava sob responsabilidade de uma das trés delegacias especializadas: a de Seguranga Pessoal, a de Vigilancia Geral e a de Roubos ¢ Falsificagdes. Tendo ocorrido supostamente de madrugada, a delegacia acionada foi a que estava encerrando o plantéio na man de 5 de dezem- bro. Desse modo, o delegado Aristides Pinho, responsavel pela Delegacia Eepecializada de Seguranca Pessoal, expedin a seguinte portaria, que deu inicio a fase policial: Esta Especializada acaba de ser cientificada de que, no Parque Munici- pal, hoje pela manha, foi encontrado um cadaver de pessoa desconhecida, assassinado ao que parece, a faca ou por estrangulamento. A. [Autuadal esta, seja notificado o Servigo de Policia Técnica, para pro- ceder as diligéncias iniciais, pericia no local, fotografias e mais o que necessé- rio for. Notifique-se igualmente a Subinspetoria para proceder a todas as dili- géncias cabiveis ao caso, intimando-se testemunhas ou pessoas que sobre o fato poscam prestar esclarccimentos para deporem ¢ bem assim, a desco- berta do indiciado ou indiciados no crime. Expeca-se guia para necropsia. Cumpra-se, Belo Horizonte, 5 de dezembro de 1946. 0 Delegado de Seguranca Pessoal (ass.) Aristides de Pinho! 1 atte Processuais do Crime do Parque estio depositados no Arquivo do Judiciério 10 Fstado de Minas Gerais. Os vinvo volumes do processo encontram-se arquivados ai 39 Digitalizado com CamScanner Em obediéncia a portaria, trés ne - iniciais ao jomadas, Seguin, “ mente: o Servico de Policia Técnica enviou dois peritos a0 log, doa oie rea, fotografi-la e recolher indicios que conduy issem a Pana ator Jost Augusto Ferrcira (oi incumbidlo dle inter ere ae +: foi emitida uma guia requisitando ao Diretor do cias cabo neia Policial e Medicina Legal o exame de necro, tamento “oli " ‘ slas para Os Seguintes quesitos: cadaver, § alguing iliggn, Depar. Pia ng a) Se houve a morte; b) Qual foi o instrumento ou meio que a ocasionou; «) Se foi provocada por veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura uu outre meio insidioso ou cruel, de que possa resultar perigo comum; d) Se foi ocasionada por lesiio corporal que, por sua natureza e sede, fosse a causa eficiente da morte (CP, I, 68). As 10:20h da manha, dois peritos da Policia Técnica, Nelson Bettamio Paraiso e Joao Vieira Machado, efetuaram 0 exame do local e, dias mais tarde, produziram o laudo 6.497, contendo quatro paginas. O primeiro pon- to destacado no docuinento foi “que havia, nas imediagdes, grande movi- mento de curiosidade, apresentando-se o local bastante repisado por popu- lares” (CP, IT, 78). Mais tarde a imprensa acusaré a Policia de impericia, por nao ter isolado a area, como, por exemplo, se manifestou a Folha de Minas em reportagem intitulada “Um anu depois do crime” E ai que comegam os erros da investigacao. O policial encontrou o homem, caido numa pequena inclinagao do terreno, com 14 (sic) faca- pelo corpo. Estava diante de um crime misterioso e barbaro. Inexperiente em casos de tamanha env brou de pedir o auxilio de um colega m, de respon: bem vestido, das cravadas ergadura, investigador nao se lem- © is antigo e habituado em diligéncias sabilidade. Chamou o perito do LPT, tirou umas fotografias do © volume II rece] beu o regi , 557; os volu- eceberam o rey ‘Ul O registro 89,650,980. 9, mayo 557; os vol a ‘Gistro 89,638,382-5, mago 25, A titulo de referenciar un aoe entrada dos autos, adotei o seguinte procedimento: 4 autos do Crime do Parque; o primeiro namero, em algarisme ca ¢ ae © segundo wimero, em algarismo ardbico, para indicar (CP,1, 57), "No Gt consignado, Assim, a referéucia para esta porasia & 40 Digitalizado com CamScanner local ¢ fez remover 0 corpo para o necrotério do Servigo Médico Legal. Nfo impediu que curiosos se aproximassem do local, removessem as folhas, desmanchando assim as impresses ¢ indicios que por certo v criminoso teria deixado escapar (ano XIV, n. 4.4.10, p. 10). 0 episédio do laudo da Policia ‘Técnica 6 revelador de certo deseuido da Delegacia Especializada de Seguranga Pessoal na condugio das investi- gages. Em dezembro de 1946 o documento foi preparado ¢ encaminhado aquela Delegacia que, por motivo nao esclarecido, n&o 0 anexou ao inquéri- to policial, deixando-o extraviar-se descuidadamente. Em setembro de 1948 ha mencdo a uma via da avaliagio dos peritos que se fazia juntar aos autos, mas que, também por razao nao conhecida, nao constou do processo naque- Je momento. Apenas em maio de 1953 foi solicitada outra via ao Servigo de Policia Técnica, reunida em definitivo aos autos. Ou seja, todas as investiga- des decorridas entre dezembro de 1946 e maio de 1953 ocorreram sem essa referéncia pericial. Ainda desde esse primeiro momento uma marca particular a esse caso se apresentou, como se pode observar do texto da Folha de Minas: a espetacularizagiio — diversos transeuntes se aproximaram para ver 0 corpo encontrado no local e saciar sua curiosidade. Desse modo, ajudaram a descaracterizar 0 suposto local do crime, sobretudo alterando a disposigéio das folhas no chao ¢ impedindo uina interpretagao mais acurada do cenario ao redor do corpo. Os peritos descreveram assim v local onde o corpo foi encontrado: “‘o cadaver jazia numa ligeira depressao do terreno, coberta de vegetacao e folha, numa clareira de pequeno bosque de eucaliptos situado nas proximidades de um regato [Acaba Mundo], junto as obras do Teatro Municipal”, evidenciando a localizagao da 4rea onde ocorreu o crime, a sudoeste do Parque. De acordo com Paraiso e Machado, “a vitima estava hem trajada, usando terno de casimira clara (tecido liso, de boa qualidade), camisa branca, gravata clara, cinto e suspens6rio de couro, meias brancas e sapatos claros” (CP, II, 79). Porém, as proprias fotos que seguem em anexo ac laudo deixam cm divida a descrig&o do tom do tecido do terno e dos sapatos. Os peritos notaram que o pulso esquerdo tinha um aspecto particu- lar, levando & suposigao de que dali havia sid retirado “um relégio-pulscira ou outro objeto que Ihe envolvesse o pulso”. Por fim, apés outras observa- Ses, Paraiso ¢ Machado registraram que, devido ao “extravio da indumentéria do morto, ndo lhes foi possivel realizar, na mesma, os imprescindiveis exa- mes posteriores de laboratorio, preceituados pela técnica de investigagéo criminal”, O desaparecimento das roupas da vitima, impedindo a obtengio de outras informagoes a respeito do assassinato, foi um problema que perse- 41 Digitalizado com CamScanner Rag arte do vestudrio foi enconty; gain a policia até 1953, quando p ae er visto em outro capitulo. : / a s abe enfatizar aqui o processo de espetacularing car, C ‘Antes de avangar, at wrensa descnvolven, desde suas primciras reportagens, na Cabertie Trame-ce como exemplo 0 Didrio da Tarde. Aqucla epoca ao vespertna, o que The eu « oportunidad de veculy re o crime em sia ae de5 . derzmbny de 1946 7 - neira pagita, o Uitulo destaca em toda a largura da pgp.’ pita NO ee route: *BARBARAMENTE, ASSASSINGTO duas re esquerdo, a fotografia da vitima, nas dimensées 15,5¢m t Aa a eegunte legendas “Este 0 nor, gala nore” SML. Poderd 0 leitor reconhecé-lo, prestan¢ a ieat vel servico & policig que se empenha em descobrir-lhe a identidade?” Na foto, a imagem do rostg e do torax da vitima, dilacerado pelas facadas ¢ coma incistio contral, pica dico-legal, suturada. No texto da matéria, algumas informagdes yal como cendrio repetido de crimes ¢ a que aimp) desse crime. jomal tinhatcircula rimeira matéria so) de exame mé la. que confirmam 0 Parque Municip contradi¢ao na deserigao da indumentaria do morto: Horrivel e misterioso crime foi praticadu na capital, na noite passada, Mais uma vez, foi paleo da cena, até agora cnvolta no mais denso mistéro, o Parque Municipal. ] Foi local da misteriosa cena o trecho do Parque, no prosseguimento da mua Pernambuco, a direita dessa via, préximo a uns eucaliptos. [.] E, ao que tudo indica, [a vitima] parece ser elemento de boa sociedade. Aparenta ter 35 anos de idade. Estava bem trajado com terno de casimira cinza, camisa clara, gravata escura e sapatos marrons (ano XVI. n, 5.706, p. 1, grifo men). _ Nao cabe aqui davida sobre o desempenho e competéncia dos peritos ¢ legistas que tabalharam no caso, mas a discrepAncia na deserigao das Sei aa ee posterior desaparecimento levam a ponderar provas criminais ne cane ean aoa de importantes indicias € O inesigndorAntGnio Quintno da Fonseea, lo Ce iene da Policia, estava de alsabe Sera 10 la onseca, do Corpo de Investigaca0 Ferreira para \ransportar 0 om quela manha e foi designado pelo subinspetor fez uma primeira wietiga A Para o Necrotério, A céu aberto, Fonsect Iaudo da Policia Teenig aw eee ce contraditando alguns aspectos do auedores do corpo, uma vez que a te Por exemplo, vestigios de luta nos othas secas no local estavam revolvidas, 42 Digitalizado com CamScanner segundo declaracdes dadas, quase dois anos aps 0 ¢ 5 rime, ao delegado Luiz Soares de Souza Rocha Ki 2 O morto estava vestido com terno de ; ‘ ‘cor cinza carregado”, sapato marron, canis branca ¢ camiseta, Nesse ponto Fonea ca esti mais préximo daquilo que as fotos revelam sobre o vest: ‘da vitima. Na revista do corpo, o investigador encontrou nos bolsos tum jogo de r (em uma delas estava gravade “1. G: caneta Parke Delgado”), unt por niquel com Cr$1,30, dois bilhetes de bonde, um tubo de vasclina branca esteilizada jé usado, un moho de chaves e um pente, Todos esses ohjetos foram apreendidos ¢ entregues na Delegacia Especializada de Seguranga Pessoal. Ainda nas imediagdes do local préximo ao corpo, o investigador Fonseca encontrou um botio de cor einza azulado, de paleté de homem, que nao pertencia ao temo da vitima. O policial também verificou, ao vascu- thar a area em um didmetro maior, que nao havia vestigio de passagem de automével ou outro veiculo pelo local, bem como nfo havia sinal de sangue no cho ou nos troncos das Arvores proximas. Ao fazer a remogio do corpo para o rabecdo, encontrou-se um par de éculos com as lentes quebradas sob o corpo (ef. CP, I, 41-42). ‘A auséncia da carteira nos holsos da vitima despertou a suspeita de latrocinio, o que gerou a abertura de um inquénto na Delegacia Especializa- da de Rouhns e Falsificagies, sob 0 comando do delegado Gilberto da Silva Porto. Par sua vez, coube a Delegacia Especializada de Vigilancia Geral, tendo a frente. o delegado Orlando Moretzsohn, abrir outro inquérito por ter conhecimento de assaltos que ocorreram no Parque Municipal ao longo da- quele ano, 0 que tornava possivel estabelecer vinculos com o crime que ora se apresentava. Desde 0 inicio, ent&o, trés inquéritos seguiram em paralelo, sendo reunidos apenas em setembro de 1948, como veremos mais tarde. Em 1946, o Necrotério do Instituto Médico Legal funcionava av lado do Pronto-Socorro e do 2° Distrito Policial, em um prédio da rua Rio de Janeiro, esquina com rua Tamoios, onde hoje est 0 edificio de uma compa- nhia de telefonia fixa. Nessa época, as condigdes de wabalho ¢ a area fisica do IML eram precdrias para o volume de servico recebido. O corpo da vitima foi periciado pelos legistas Nicias Continentino e Alvaro do Amaral Bhering. Na Medicina Legal, ha uma distingao entre auto e laudo: 0 auto bo documento ditado ao escrivao o laudo & 0 documento redigido de proprio punho. Assim, 0 Auto de Necropsia, de guia n. 2.519, emitido em apenas uma pagina, ao meio-dia do dia 5 de dezembru de 1946, identificava a vitima ¢ descrevia seu estado, pormenorizadamente, nos seguintes termos: 43 Digitalizado com CamScanner 3 Luiz Goncalves Delgado, de cor branca, com 36 anos de idade, do soyy masculino, solteiro, com profissio de industrial, natural de Campinas, dente nesta capital a rua do Ouro, 1341 (sie). 10 minucioso exame necroseépico do paciente de idemidade supra, ro velou o seguinte, de interesse a pericin, sob o ponto de vista médico-tepal ferida incisa, medlindo dem de estenso por Tem no maior afastamente dog pordos, estendendo-se da glabela ao superctlio diteito; ferida contusa, me ampanhando todo o superctlio excuerdes gig Wo nivel das regides hidideas ¢ laterais do peseg. coc medindo. as maiores, 2cm de extensio por 0,5em no maior afastamen. to dos bordos ¢ interessando apenas os planos musculares superficiaisy ng regio peitoral esquerda, a cm para cima ¢ para a direita do mamilo os. querdo, uma ferida perfuro-incisa, medindo 3 por 2em e penetrante do trax. Em torno desta, observaram os peritos 9 outras feridas perfuro-incisas ¢ interessando apenas os planos superficiais. Quatro (4) feridas perfuro- incisas ao nivel da face palmar da mao esquerda, sendo a principal localiza. da ao nivel do dedo indicador esquerdo ¢ interessando os planos superfici- ais e profundos. Cinco (5) feridas perfuru-incisas, av uivel dus dedos da face palmar da mao direita interessando aos planos superficiais, No tergo superi- or da perna ditcita em sua face antero-interna uma ferida incisa, medindo 4cm de extensio por 2cm no maior afastamento dos bordos. Abertas as cavidades tordcica c abdominal obscrvaram os peritos: trés feridas perfuro-incisas ao nivel do lobo superior do pulmo esquerdo, sendo que a mais profunda delas veio quase que a transfixar o referido lobo. Idéntica perfuracdo na porcdo superior do lobo inferior do referido pulmao. Em conseqiiéncia das lesdes pulmonares acima mencionadas, hemotérax esquerdo. O minucioso exame macroscépico dos demais érgios e paredes das cavidades torécica e abdominal revelou sua integridade anatémica. No exame da cabeca tém a registrar também integridade anatémica, tanto no arcabougo ésseo craniano, quanto do seu conteiido. CAUSA DA MORTE: - ferimentos perfuro-incisos do térax, com lesées do pulméo esquerdo e hemorragia interna consecutiva. QUESITOS; 1° ~ Sim; 2° — Perfurocortante; 3° ~ Prejudicado 4° — Sim, Fes. dindo 4 por 2 centimetro (8) feridas, perfuro-inci a Fans, ; OBSERVAGAO: Deixam os peritos de mencionar a descrig&o detalhada das ae a Paruanty » cadaver encontrava-se despido, recoberto apenas pot Palet6 de casimira cinza e por uma camisa de tricoline (CP, I, 69). 44 Digitalizado com CamScanner Algumas informagies sobre © estado como 0 corpo foi encantrado, registradas no auto de necropsia, sto importantes. A primeira diz espeito a integridade da caixa craniana, havendo no rosto apenas dois ferimentos: wim provocado por arma contundente (porrete, bastio ou algum objeto utlinado para hater sobre alguma superficie ¢ que provoque ferida contusa) outro i atureza incza, semelhando a um pequeno corte. Pade-se supor, entdo, como sera imaginado mais tarde, que a vtima foi enfraquecida com um folpeacima do allo esquerdo, o que provocou sangramento imediato'e spundante sobre seu ollo,dificutando-Ihe a vio, ¢ ceccorrendo lhe sobre o fosto, Outra informacao diz respeito ao niimero total de feridas perfuro- jncisas - 28 -, a maioria concentrada no pescogo (apenas ai sio oito feridas) eno torax. Isso leva a crer que o(s) agressor(es) nZio estava(m) movido(s) apenas pela intengéo de roubar, 0 que sugere uma possivel motivacdo Jo se refere as roupas: entre o transporte do passional. A terceira informagi ompo co inicio do exame ce necropsia, as roupas da vita foram retiradas, dividas quanto a sua integridade ¢ quanto A origem das pegas rindo o corpo. Ao longo do processo o desa- parecimento repentino ¢ inexplicavel das pegas do vyestudrio da vitima e de fou par de sapatos serd um problema para aceitar integralmente a validade dds necropsia, tal qual sucedeu com o laudo da Policia ‘Tecnica. A quana jnformacao, buscada entre profissionais da Medicina Legal (que leram ‘auto acima, viram as fotos da Policia Téenica e tiveram a interpretagao limi- tada dada a distancia do caso e a impossibilidade de analisar 0 corpo), éade que é possivel supor que a morte tenha sido causada por sufocagiio indireta da vitima, Ieto 6, a ferida perfuro-incisa de tés centimetros no pulmio es- querdo, acompanhada de outras nove de menor profundidade, provocou rompimento de vasos sangtlinees, perda de sangue, aetimulo de sangue no pulmin e restrigao da ventilagao, 0 que Jevou ao impedimento da passagem do ar e.a uma possivel agonia por até 60 minutos. A quinta informagao est4 relacionada aos ferimentos das palmas das maos, o que revela a tentativa de reagao ¢ de autuprotegao da vitima e a quase decepacao de seu dedo indica dor esquerdo. A iltima informag&o, entre as principais, diz respeito & res- posta dada aos quesitos solicitados pelo delegado Aristides de Pinko: na Medicina Legal, o instrumento pela qual € provocada a morte na vitima nao diz. respeito a0 objeto que levou ao dbito, mas 4 maneira pelo qual 0 objeto causou lesio. Desse modo, 0 instrumenty {ui perfurocortante, podendo ter sido utilizado uma faca ou punhal (que por sinal, nunca foi encontrado). A hora da morte é um ponto nao definido pelos peritos, € que também Ses, nesses primeiros anos, para De qualquer for- o que origina encontradas pelos peritos, recol causaré inseguranga durante as investiga confirmar Alibis ou motivar a colicitagie de depoimentos. 45, Digitalizado com CamScanner

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