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Fechamento de Atividades No DF
Fechamento de Atividades No DF
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DECISÃO
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4. o fechamento do zoológico, parques ecológicos, recreativos, urbanos,
vivenciais e afins.
a) advocacia;
b) contabilidade;
c) engenharia;
d) arquitetura;
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máximo 30% (trinta por cento) da força original de trabalho;
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em seus órgãos situados no Distrito Federal, apresentando, no prazo
máximo de 05 (cinco) dias, uma regulamentação/determinação que atenda
o objetivo de reduzir o número de pessoas em trabalho presencial - não
essenciais – ou uma alteração de jornada, de modo a contribuir, assim para
diminuição de pessoas em circulação e, eventualmente, utilizando transporte
público durante o período de calamidade pública da COVID-19 no DF; 2. a
ANTT: comprove, no prazo máximo de 05 (cinco) dias, as medidas atuais
de fiscalização adotadas em relação ao período de agravamento da
pandemia de COVID-19 no Distrito Federal, que auxiliem na manutenção do
distanciamento social no âmbito do serviço de transporte rodoviário
interestadual de passageiros/metrô no âmbito do Distrito Federal (id.
483173494).
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Alega, em apertada síntese, que ainda que a taxa de transmissão esteja
supostamente em 0,99 e, embora se reconheça que as autoridades do Poder
Executivo tomaram algumas medidas possíveis para promover a saúde e vida
da população, tais medidas não refletiram positivamente no colapso do
serviço de saúde público e privado no Distrito Federal, que segue com UTI’s
lotadas e com aumento de pacientes graves em filas de espera.
Sustenta que a fila de espera por UTIs no DF quando proposta a ação estava
em 181 (cento e oitenta e uma) pessoas e hoje, às 14h, se encontra em 411
(quatrocentos e onze pessoas), em franco crescimento nos últimos dias.
Taxar tão situação de normalidade ou de melhoria ofende à razão (id.
484446348).
Ademais, sustenta que deve ser informado pelo Distrito Federal quanto a
expansão de novos leitos de UTI, não somente no que concerne ao aspecto
material/estrutural (número de leitos em expansão propriamente ditos), mas
também sobre o aspecto subjetivo/humano (aumento da quantidade de
profissionais da saúde necessários para receber adequadamente nova
demanda) (id. 484446348).
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da taxa de transmissão da doença abaixo de 1,00 (atualmente em 0,99 -
Figura 6 do Boletim COVID n. 388). Junta também informações sobre a
continuidade de providências adotadas pelo Poder Executivo na ampliação
dos leitos (id. 490465927).
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É o relatório. DECIDO.
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DO SUS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. VEDAÇÃO DE
INTERFERÊNCIA DO JUDICIÁRIO. POLÍTICAS PÚBLICAS. SENTENÇA
MANTIDA. 1. "A ação civil pública é o meio adequado para que o Ministério
Público Federal promova a proteção de direitos individuais indisponíveis,
como, no caso, em que se busca resguardar o direito à saúde e à vida de
pessoa enferma e carente de recursos financeiros para o custeio de
tratamento médico (CF, art. 127, caput)" (AC 0000896-66.2010.4.01.3803 /
MG, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE, QUINTA
TURMA, e-DJF1 p.1466 de 11/05/2012). 2. A legitimidade ativa do órgão
ministerial para defesa dos direitos individuais indisponíveis decorre de
expressa disposição constitucional, a teor do art. 127 da Carta Magna, na
qual se inclui a tutela de pessoa individualmente considerada. A
indisponibilidade do direito à vida é suficiente para fundamentar a legitimidade
ativa do Ministério Público Federal. 3. Nos termos do art. 196 da Constituição
da República, incumbe ao Estado, em todas as suas esferas, prestar
assistência à saúde da população, configurando essa obrigação, consoante
entendimento pacificado do Supremo Tribunal Federal, responsabilidade
solidária entre os entes da Federação. Portanto, é possível o ajuizamento da
ação contra um, alguns ou todos os entes estatais. 4. Quanto à alegação da
impossibilidade de interferência do Poder Judiciário na formulação de
Políticas Públicas, o Supremo Tribunal Federal entende que reconhecer
a legitimidade do Poder Judiciário para determinar a concretização de
políticas públicas constitucionalmente previstas, quando houver
omissão da administração pública, não configura violação do princípio
da separação dos poderes, haja vista não se tratar de ingerência
ilegítima de um poder na esfera de outro 5. Consoante se extrai da
Constituição Federal de 1988, à Saúde foi dispensado o status de direito
social fundamental (art. 6º), atrelado ao direito à vida e à dignidade da
pessoa humana, consubstanciando-se em "direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação" (art. 196). 6. É responsabilidade do Poder Público,
independentemente de qual seja o ente público em questão, garantir a
saúde ao cidadão. No caso em análise, a obrigação de fazer consistiu em
determinar aos Réus, que fornecessem, imediatamente, ao paciente Fellipe
Eduardo Ribeiro Reis as vacinas Meningococco B e Meningite ACWY, por ser
o autor, portador de paralisia cerebral e epilepsia, e precisa fazer uso das
vacinas solicitadas e que elas são caras e não fornecidas pelo SUS. 7. Não
pode a divisão administrativa de atribuições estabelecida pela legislação
decorrente da Lei n. 8.080/1990 restringir essa responsabilidade, servindo
ela, apenas, como parâmetro da repartição do ônus financeiro final dessa
atuação, o qual, no entanto, deve ser resolvido pelos entes federativos
administrativamente ou em ação judicial própria e não pode ser óbice à
pretensão da população ao reconhecimento de seus direitos
constitucionalmente garantidos como exigíveis deles de forma solidária. 8.
Encontra-se presente, no caso, a excepcionalidade apta a justificar a atuação
do Judiciário pelos seguintes motivos: a) a parte autora demonstrou que não
tem condições financeiras de arcar com o custo do tratamento pleiteado; b)
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não existe outro medicamento fornecido pelo SUS para a doença que a
acomete; c) o tratamento não é de cunho experimental, como disposto na
decisão proferida na STA 244/STF e d) o Poder Público não demonstrou a
impossibilidade de arcar com os custos do tratamento, aí incluída prova do
direcionamento dos meios disponíveis para a satisfação de outras
necessidades essenciais. 9. Recurso de apelação conhecido e não
provido. (AC 0009855-16.2016.4.01.3803, Desembargador Federal Kassio
Nunes Marques, TRF1 - SEXTA TURMA, e-DJF1 01/09/2017) grifei
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Judiciário, se e quando os órgãos estatais competentes, por
descumprirem os encargos político-jurídicos que sobre eles incidem,
vierem a comprometer, com tal comportamento, a eficácia e a
integridade de direitos individuais e/ou coletivos impregnados de
estatura constitucional, ainda que derivados de cláusulas revestidas de
conteúdo programático. Cabe assinalar, presente esse contexto consoante
já proclamou esta Suprema Corte que o caráter programático das regras
inscritas no texto da Carta Política não pode converter-se em promessa
constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas
expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira
ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto
irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
Fundamental do Estado (RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO).
Não deixo de conferir, no entanto, assentadas tais premissas, significativo
relevo ao tema pertinente à reserva do possível (STEPHEN HOLMES/CASS
R. SUNSTEIN, The Cost of Rights, 1999, Norton, New York), notadamente
em sede de efetivação e implementação (sempre onerosas) dos direitos de
segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais), cujo
adimplemento, pelo Poder Público, impõe e exige, deste, prestações estatais
positivas concretizadoras de tais prerrogativas individuais e/ou coletivas. É
que a realização dos direitos econômicos, sociais e culturais além de
caracterizar-se pela gradualidade de seu processo de concretização
depende, em grande medida, de um inescapável vínculo financeiro
subordinado às possibilidades orçamentárias do Estado, de tal modo que,
comprovada, objetivamente, a incapacidade econômico-financeira da pessoa
estatal, desta não se poderá razoavelmente exigir, considerada a limitação
material referida, a imediata efetivação do comando fundado no texto da
Carta Política. Não se mostrará lícito, no entanto, ao Poder Público, em tal
hipótese mediante indevida manipulação de sua atividade financeira e/ou
político-administrativa criar obstáculo artificial que revele o ilegítimo, arbitrário
e censurável propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar o
estabelecimento e a preservação, em favor da pessoa e dos cidadãos, de
condições materiais mínimas de existência. Cumpre advertir, desse modo,
que a cláusula da reserva do possível ressalvada a ocorrência de justo motivo
objetivamente aferível não pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade
de exonerar-se do cumprimento de suas obrigações constitucionais,
notadamente quando, dessa conduta governamental negativa, puder resultar
nulificação ou, até mesmo, aniquilação de direitos constitucionais
impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade. Daí a correta
ponderação de ANA PAULA DE BARCELLOS (A Eficácia Jurídica dos
Princípios Constitucionais, p. 245-246, 2002, Renovar): Em resumo: a
limitação de recursos existe e é uma contingência que não se pode ignorar. O
intérprete deverá levá-la em conta ao afirmar que algum bem pode ser
exigido judicialmente, assim como o magistrado, ao determinar seu
fornecimento pelo Estado. Por outro lado, não se pode esquecer que a
finalidade do Estado ao obter recursos, para, em seguida, gastá-los sob a
forma de obras, prestação de serviços, ou qualquer outra política pública, é
exatamente realizar os objetivos fundamentais da Constituição. A meta
central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode
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ser resumida, como já exposto, na promoção do bem-estar do homem, cujo
ponto de partida está em assegurar as condições de sua própria dignidade,
que inclui, além da proteção dos direitos individuais, condições materiais
mínimas de existência. Ao apurar os elementos fundamentais dessa
dignidade (o mínimo existencial), estar-se-ão estabelecendo exatamente os
alvos prioritários dos gastos públicos. Apenas depois de atingi-los é que se
poderá discutir, relativamente aos recursos remanescentes, em que outros
projetos se deverá investir. O mínimo existencial, como se vê, associado ao
estabelecimento de prioridades orçamentárias, é capaz de conviver
produtivamente com a reserva do possível. Vê-se, pois, que os
condicionamentos impostos, pela cláusula da reserva do possível, ao
processo de concretização dos direitos de segunda geração - de implantação
sempre onerosa -, traduzem-se em um binômio que compreende, de um lado,
(1) a razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder
Público e, de outro, (2) a existência de disponibilidade financeira do Estado
para tornar efetivas as prestações positivas dele reclamadas. Desnecessário
acentuar-se, considerado o encargo governamental de tornar efetiva a
aplicação dos direitos econômicos, sociais e culturais, que os elementos
componentes do mencionado binômio (razoabilidade da pretensão +
disponibilidade financeira do Estado) devem configurar-se de modo afirmativo
e em situação de cumulativa ocorrência, pois, ausente qualquer desses
elementos, descaracterizar-se-á a possibilidade estatal de realização prática
de tais direitos. Não obstante a formulação e a execução de políticas públicas
dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por delegação popular,
receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que não se
revela absoluta, nesse domínio, a liberdade de conformação do legislador,
nem a de atuação do Poder Executivo. É que, se tais Poderes do Estado
agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de
neutralizar, comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos e
culturais, afetando, como decorrência causal de uma injustificável inércia
estatal ou de um abusivo comportamento governamental, aquele núcleo
intangível consubstanciador de um conjunto irredutível de condições mínimas
necessárias a uma existência digna e essenciais à própria sobrevivência do
indivíduo, aí, então, justificar-se-á, como precedentemente já enfatizado - e
até mesmo por razões fundadas em um imperativo ético-jurídico -, a
possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em ordem a viabilizar, a
todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido injustamente recusada
pelo Estado. Extremamente pertinentes, a tal propósito, as observações de
ANDREAS JOACHIM KRELL (Direitos Sociais e Controle Judicial no Brasil e
na Alemanha, p. 22-23, 2002, Fabris): A constituição confere ao legislador
uma margem substancial de autonomia na definição da forma e medida em
que o direito social deve ser assegurado, o chamado `livre espaço de
conformação (...). Num sistema político pluralista, as normas constitucionais
sobre direitos sociais devem ser abertas para receber diversas
concretizações consoante as alternativas periodicamente escolhidas pelo
eleitorado. A apreciação dos fatores econômicos para uma tomada de
decisão quanto às possibilidades e aos meios de efetivação desses direitos
cabe, principalmente, aos governos e parlamentos. Em princípio, o Poder
Judiciário não deve intervir em esfera reservada a outro Poder para
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substituí-lo em juízos de conveniência e oportunidade, querendo
controlar as opções legislativas de organização e prestação, a não ser,
excepcionalmente, quando haja uma violação evidente e arbitrária, pelo
legislador, da incumbência constitucional. No entanto, parece-nos cada
vez mais necessária a revisão do vetusto dogma da Separação dos Poderes
em relação ao controle dos gastos públicos e da prestação dos serviços
básicos no Estado Social, visto que os Poderes Legislativo e Executivo no
Brasil se mostraram incapazes de garantir um cumprimento racional dos
respectivos preceitos constitucionais. (ADPF 45 MC, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, DJ 04/05/2004). IV - Em sendo assim, caracterizada, na espécie, a
impossibilidade de a parte autora, portadora de diabetes mellitus, hipertensão
arterial, cardiopatia dilatada, atualmente cursando com descontrole dos
membros inferiores, com dificuldades de deambular e outras enfermidades;
arcar com os custos do tratamento de saúde, afigura-se juridicamente
possível o fornecimento pelo Poder Público da internação requerida conforme
indicação médica, possibilitando-lhe o exercício do seu direito à vida, à saúde
e à assistência médica, como garantia fundamental assegurada em nossa
Carta Magna, a sobrepor-se a qualquer outro interesse de cunho político e/ou
material. Precedentes. V - Processo julgado na linha da prioridade legal
estabelecida no artigo 1.048, I, do novo CPC. VI Remessa necessária e
apelação do Município de Salvador desprovidas. Sentença confirmada. (REO
0013342-82.2015.4.01.3300, Desembargador Federal Souza Prudente, TRF1
- Quinta Turma, PJe 13/12/2020) grifei
Feitas tais ponderações iniciais, registro que não resta qualquer dúvida que a
sociedade como um todo se debate e se divide entre opiniões sobre a
necessidade de manter ou não atividades fechadas, considerando
abordagens de interesse pessoal, profissional, econômico e político.
Como afirma o ilustre Min. Roberto Barroso, que muito engrandece a Corte
Constitucional, na obra A Judicialização da Vida, (...) atores políticos, muitas
vezes, preferem que o Judiciário seja a instância decisória de certas questões
polemicas, em relação às quais exista desacordo moral razoável na
sociedade. Com isso, evitam o próprio desgaste na deliberação de temas
dicisivos...(p.134).
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parte do Governo do Distrito Federal na adoção de medidas necessárias ao
enfrentamento da pandemia decorrente do novo coronavírus, os números
atuais, infelizmente, revelam o contrário.
[...]
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atualização datada de 30.03.21, no site http://info.saude.df.gov.br/covid-
resumo-executivo/ igualmente revelam os crescentes números que estamos
vivenciando, confira-se:
(...)
(...)
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nos conduzem à constatação do quase que completo esgotamento da
capacidade dos hospitais públicos e privados.
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mostrou que, dos macroeconomistas entrevistados em setembro de 2020,
74% acreditam que os Estados Unidos estariam melhor economicamente se
medidas mais fortes tivessem sido tomadas no início da pandemia, e o
principal motivo dado à essa resposta foi que um controle do vírus teria
permitido uma volta mais suave e abrangente da atividade econômica.
Sustentam, assim, que medidas que protegem a saúde da população não vão
contra o desenvolvimento econômico e sua recuperação.
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dado organizado sobre a relação entre óbitos, a lista de espera de UTI’s e a
ocupação de leitos em percentuais de quase 100% (se é que não poderíamos
dizer que somando os dois a taxa seriam superior à ocupação integral – 13
vagas e 288 pessoas esperando, em um total de 407 leitos disponíveis – às
17:06 do dia 30.03.2021), certo é que estes três fatores atualmente indicam
que, apesar da taxa de transmissão, segundo boletins epidemiológicos oficias
(http://www.saude.df.gov.br/boletinsinformativos-divep-cieves/) encontrar-se
abaixo de 1,00 desde o dia 19 de março, o sistema de saúde no DF não
está cumprindo a garantia constitucional de saúde e coloca em risco a
vida de todos que habitam no Distrito Federal.
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O risco de grave dano irreparável a justificar a concessão da tutela resta
evidente, uma vez que, em meio a uma crise sanitária sem qualquer
precedente, o Distrito Federal está “à beira” do colapso no sistema de saúde,
não havendo qualquer dado a justificar e fundamentar a flexibilização de
atividades, ainda mais às vésperas do Feriado de Semana Santa.
Mantenho, por ora, a decisão agravada no que diz respeito a União Federal,
até porque visualizo, em princípio, o seu cumprimento com a edição da
Instrução normativa SGP/SEDGG/ME nº 37, de 25 de março de 2021.
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rol de competências reservado ao Poder Executivo, na definição de políticas públicas
para o enfrentamento da pandemia da Covid-19, violando, assim, o princípio da
separação dos Poderes.
***
“(...)
De todo modo, ainda que maiores ilações possam vir a ser feitas após a
apresentação das contestações e réplica, passo à análise dos principais
pontos, uma vez que interferem na apreciação do mérito nesta ação.
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No tocante ao pedido de distribuição por dependência a ação civil
pública de nº 1025277-20.2020.4.01.3400, protocolada em 28.04.2020,
oportuno registrar, em primeiro lugar, que a presente ação veio distribuída
por livre distribuição e não por dependência à citada ACP.
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estruturarem adequadamente seus serviços de vigilância em saúde e
segurança no trabalho, inclusive com fornecimento de EPI (equipamento de
proteção individual) adequado e em quantidade suficiente para a realização
de todas as inspeções necessárias durante a pandemia de Covid-19; 2.3.4.
OBRIGUE à União, com fundamento nos incisos I, V, VI e VII do artigo 2º da
Lei n. 9.782\99 e Decreto Legislativo nº 395/09: 2.3.4.1. normatize e defina os
parâmetros técnicos científicos mínimos, com a apresentação concomitante
dos respectivos estudos, para orientar as unidades federativas no
cumprimento das recomendações temporárias definidas pela Organização
Mundial da Saúde no território nacional, relacionadas às medidas de redução
do distanciamento social, para enfrentamento à Covid-19; 2.3.4.2. estabeleça
mecanismos adequados para o acompanhamento, coordenação e prestação
de cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, para o fim de assegurar o cumprimento das recomendações
temporárias definidas pela Organização Mundial da Saúde no território
nacional, relacionadas às medidas de redução do isolamentodistanciamento
social para enfrentamento à Covid-19.
Desta forma, acatar tal conexão significaria admitir que toda e qualquer ação
em que se pretendesse assegurar o distanciamento e o isolamento social
como estratégia de redução da velocidade de contágio da doença, com o
objetivo de se mitigar os impactos sobre o sistema de saúde do Distrito
Federal e assegurar o efetivo tratamento da população, seriam deste Juízo. E
isto tanto não é verdade, pois, ainda que tenham como causa de pedir remota
a pandemia, inúmeras outras ações judiciais tramitam tanto nesta Seção
Judiciária quanto no âmbito do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos
Territórios – TJDFT e não foram e nem deviam ser direcionadas a este Juízo,
à luz das regras de competência. Entender de forma diversa seria tornar este
Juízo universal para demandas referentes a medidas administrativas diversas
relativas à COVID-19, em total afronta ao princípio do juízo natural. Rejeito,
portanto, o pedido de distribuição por dependência da presente ação de
nº 1025277-20.2020.4.01.3400, devendo a tramitação correr em separado.
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1038959- 42.2020.4.01.3400, em trâmite na 6ª Vara Federal desta Seção
Judiciária, uma vez que também se refere a uma situação fática anterior e
diversa, além do que os pedidos são diferentes, embora todos se refiram a
medidas referentes a transporte interestadual. Explico.
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A referida decisão também foi expressa ao afirmar que, não obstante os
pedidos formulados em face do Distrito Federal, a Justiça Federal
é competente para apreciar a demanda, inclusive em relação ao citado
ente federal.
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restou agravada, a desautorizar, por conseguinte, o relaxamento das medidas ali
adotadas, eis que não alcançado, ainda, o objetivo ali delineado.
Com efeito, ao editar a referida norma, o Distrito Federal fez consignar que as
medidas ali estabelecidas tiveram por suporte, dentre outras motivações, “a necessidade
de praticar atos administrativos dotados de eficácia imediata e adequação para diminuir a
circulação de pessoas no perímetro urbano, bem como a necessidade de proteger a
saúde pública contra perigo grave e iminente representado pelo agravamento da
pandemia”, bem assim, “a necessidade premente de garantir o atendimento adequado e
universal dos serviços de saúde à população do Distrito Federal infectada com o Novo
Coronavírus (COVID-19), bem como o risco iminente de superlotação das UTIs e
unidades hospitalares na fase aguda da pandemia disciplinada pelo Decreto n.º 41.849,
de 27 de fevereiro de 2021”.
“(...)
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relatoria do eminente MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO, o Tribunal
decidiu, de forma clara que as “decisões administrativas relacionadas à
proteção à vida, à saúde e ao meio ambiente devem observar standards,
normas e critérios científicos e técnicos, tal como estabelecidos por
organizações e entidades internacional e nacionalmente reconhecidas” (ADI
6421 MC, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
21/05/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-270 DIVULG 11-11-2020
PUBLIC 12-11-2020).
Ainda que assim não fosse, a simples observância da média móvel de mortes
e de casos de contaminação no Estado de São Paulo no período
compreendido após a promulgação do Decreto estadual impugnado não
deixa dúvidas sobre o gravíssimo cenário que subjaz às restrições impostas
na norma.
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restrição à realização de cultos coletivos, por mais duras que sejam, são não
apenas adequadas, mas necessárias ao objetivo maior de realização da
proteção da vida e do sistema de saúde pública (...)”.
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, Folha, G1, O Globo, Extra e Uol – a média dos últimos sete dias está em
2.775. Em contrapartida, a média dos Estados Unidos, que concentra a maior
parte de vítimas da covid-19, ficou em 1.223 no mesmo período. Grande
parte dos especialistas defende lockdown para conter o avanço do contágio,
mas a restrição mais severa só foi adotada por algumas cidades, como
Araraquara, que viu redução significativa de doentes e mortes.
Segundo Alves, a média móvel ainda deve chegar a 4,5 mil ou 5 mil mortes.
O professor aponta que a disparidade no avanço da pandemia entre o Brasil
e outros países se dá por uma série de fatores que vão desde estratégias de
vacinação até medidas efetivas de restrição, como o lockdown.”Países com
processo de vacinação mais acelerado que o nosso conseguiram controlar
casos No início do ano, a Grã-Bretanha decretou lockdown e logo depois
atingiu o seu maior pico. Em pouco mais de um mês reduziram os casos de
60 para 5 mil por dia”, afirma Alves. “Esse cenário mostra que o Brasil, em
toda a história da pandemia, não adotou nenhum protocolo dos países que
controlaram a epidemia efetivamente. Essa situação tem culpado, e não é o
vírus.”
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combate à pandemia seria baseada na “eliminação” ou “supressão” do vírus,
ao contrário do que aconteceu aqui, onde houve apenas reação de
“mitigação”. “Desde o início, temos alternado entre políticas de mitigação e,
quando isso começa a dar certo, as atividades voltam de forma muito rápida e
antes de os casos terem caído drasticamente”, avalia. “Estamos lidando
agora com o resultado desse relaxamento mais imediato, que aconteceu por
volta de setembro e outubro, quando tudo parecia mais ‘tranquilo’.” A
pesquisadora da Fiocruz Adelyne Mendes Pereira também acredita que a
única saída é um lockdown efetivo e duradouro. Países como Espanha,
Inglaterra, França, Itália e Alemanha, destacam, adotaram essas restrições
por uma média de 50 dias, para só depois verem cair as taxas de transmissão
e a retomada gradativa de atividades comerciais. Alguns deles, como França
e Itália, tiveram de endurecer novamente as restrições nas últimas semanas:
“Esperamos chegar a níveis alarmantes de ocupação dos hospitais e das
mortes para tomarmos mais medidas restritivas. Por parte do governo federal,
ainda temos política de não incentivo às medidas restritivas”, avalia Adelyne,
frisando que os alertas e análises epidemiológicos já apontavam para a
necessidade de restrições desde o final do ano passado.
(https://jornaldebrasilia.com.br/noticias/brasil-supera-4-mil-mortos-por-covid-
19-em-24h-pela-1a-vez/)
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medidas similares.
Neste atual contexto da pandemia viral, com devastador efeitos letais, todas
as autoridades públicas devem conduzir os passos de nossa coletividade, aderindo às
posturas cientificamente recomendadas como o uso de máscaras, distanciamento físico e
social, bem assim as medidas de higiene pessoal, evitando-se os cenários de
aglomerações de pessoas, visando inibir a expansão do coronavírus. Posturas contrárias
e negacionistas à defesa da vida, sem agilização nas vacinas cientificamente disponíveis,
levará toda a sociedade das presentes e futuras gerações ao genocídio global, sem
esperança de construirmos juntos um meio ambiente planetário, essencial à sadia
qualidade de vida, como assim determina a nossa Constituição da República Federativa
do Brasil (CF., art.225, caput).
Publique-se. Intime-se.
Relator
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