A Psicanálise Vincular Novos Arranjos Novos Olhares

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A Psicandlise Vincular: novos arranjos, novos olhares ‘Artigo | Nabalho apresentado no V Enconto Latino Americano da Comisse de Vinculo, Faria © Casal (8 FERAL, Porto Alae 07 © 08 de juno de 2013. Susana Muszkat Menino Efetivo da Sociedade Branleira de Picanlise de Sio Paulo. Analista de Fama e Casal Mestre em pela Universidade de Sio Paulo, Resume: A sociedade ocicental contemporinea,talvez ce maneira mais explicita de que em iinarse, quando necesss ilidade e as dificuldades do das, para entren= ra discute ae pos de con uusande exemplos da 4 picanalists de desves Palavras-chave: Espago ¥ vincala culax, Novos arranjos familiaves. Prec {o, Teoria psicanalitica Como definimos familia? Cada um de nés, ao tentar fazé-lo, se depararé com a de encontrar uma definig&o que englobe tudo que cabe em ‘familia’ Fala-se muito nas novas familias, familias da pés-modernidade, novos, anranjos, mas, de maneira geral, cada urn de nés, ao pensarmos no conceito de familia, tendemos a pensé-lo a partir de nossas préprias referéni familiares, como bem nos lembra Isidoro Berenstein (2007) em varios momentos. ‘Tendemos, ainda que de maneira inconsciente, a tomar nossas experiéncias como norma ea ou novo como desviante ou disfuncional Eeevidente que, como analistas, gos toa0s fendmenos mos de poder contar com wm olhar al som os quais nos deparamos, e nfo com um olhar preconceituaso, restrito a teorias que nos sejam familiares e com as quais transitamos de manei- ra mais confortavel. Uso aqui o termo preconceituoso,no sentido usado por Puget © outros,‘ no qual um acervo teérico ja estabelecido e aceito obstaculizador da possibilidade de reforrnularmos ideias ao depararmo-nos com ‘um fato novo e desconhecido para o qual ainda nao dispomos de teoria. Nas palavras de Viviane Mondzrak (2008} : Janine Puget ceordeno 9 com pasicipe Gom vii congas enre 2007-20 ceo doe da A smo do qual _|| za! a A Psicanalise Vincular: novos arranjos, novos olhares Nao somes meros observadares do mundo & nos -meamas influéneias do espaca transubjetive 5 volta @ estamos suijeitos As tural, familia ..) Assim, tan to em noaso trabalho com pacientes como no contato com colegas eem nossas instituig6es, estamos constantemente pauitades por nosses tos, Ane- cassidade de nos sentirmas pertencenies a algum contexto nos leva a divisées como lacanianos, klsinianos, ete, 2, finalmente, nos adverte: precisamos de tar bloquear o processo de trans- cet” (p24) conceitos que nos organizem eprecisamos formar nesses pré-conceitos em "prec Ainda que as teorias, os conceitos e os valores sejarn instrumentos impor tantes na organizagao do pensamento e de nosso sentimento de identidade, 0 apego inquestionavel nos aprisiona em lugares rgidos onde o novo, o inédito ¢ a passagem do tempo sao recusados, sendo, nao raro, interpretados como indese- Javel, errado, patolégico, desviante. Acentrada do novo implica, necessariamente, um trabalho de elaboragio do Iuto a fim de que se possa abrir espago para aquilo que deverd suceder ao antigo ¢ j4 estabelecido, Abrir mao ou reformular o conhecido exige, ainda, tolerancia a cas- tragao e ao abandono narcisico, por nos vermos deslocados de nosso status quo intemo, de nossos parametros acerca de nossas concepsSes/convicgdes sobre 0 mundo, Isso € valido, seja no que diz respeito aos movimentos de transformacao do mundo ~ as novas tecnologias, os novos meios de comunicago, as novas con- figuragdes vinculares na familia -, seja em relagao a nossos valores e constra- goes teéricas, ou, ainda, nas passagens decorrentes do movimento natural da vida: casamentos, nascimentos, envelhecimento, casamentos de fillos ou saida destes de casa, mortes, doencas. Cada nova situagao implica a necessidade de elaboragio do luto de uma configuracao anterior. Paulo ccarelli (2010) sugere que as tiltimas décadas no mundo ocidental ~ marcadas por um sem-niimero de mudangas de costumes, valores, comporta- mentos ¢ identidades — resultaram em “rearganizagdes coletivas” (p.165). Essas organizagdes levaram, segundo o autor, a uma “crise de referéncias simbéli- (p. 167}, cas Nao raro, lemos ou ouvimos opinides formuladas acerca das mudangas ou da proliferacao de novos valores na contemporaneidade, do tetnor quanto & perda ou confusao das funcées paterna e/ou materna, num tom que, embora com pre- tensdes de neutvalidade, revelam, ainda assim, seu teor critico ou nostélgico, lamentando a perda dos “bons ¢ velhos tempos", no qual as relagdes eram defi- nidas de modo mais tradicional (e conhecido), sugerindo que as mudangas teri- am consequéncias perigosas ou deletérias para a subjetividade, Ceccarelli faz, a meu ver, importante ressalva, que cito abaixo a TT | || EC + Susana Muszkat ‘Ao mesmo tempo, ofato de que estas “crises” nfo tenham levade a uma rupta: va, 2 uma desestruturagio da cWvilizagio, permite supor, ¢ aste & um ponto central que postulamos, que nie existe um modo, um caminho que defina de forma tinica e cefinitiva, e muito menos normativa, 8 ordem simbélica nas relagSes entre os sujetos. Ou seja, no hé um modo Unico de subjedvacio (p.167) ‘As mudancas ¢ a necessidade de elaboré-las vao desde acontecimentos mais concretos, como os acima citados, até os mais abstratos, como ideias, valores, ideologias, visées de mundo. Familias mucleares tradicionais, monoparentais, homoparentais, reagrupadas de unides anteriores, etc, Atendemos nos consulté- rios a disposigées diversas: casal heterossexual, casal homnossexual, irmnaos, ca~ sal com filhos de diferentes casamentos. A sociedade ocidental contemporanea, talvez de maneira mais explicita do que em outros tempos, evidencia uma pluralidade de valores e modos de vida, convi- vendo num mesmo espago temporal, nem sempre de maneira pacifica, urna vez que sempre que um modo novo ou diferente se instala, ele ameaga os modelos existentes, © novo é, via de regra, ameacador, ainda que possa ser atraente, Mas sabemos, por exemplo, que 0 bebé, se no for ‘retivado’ de seu lugar de conforto narcisico, jamais ird, de ‘livre e espontnea vontade’, enfrentar-se com a interdi- so ou tolerar a vivencia de castragio, necessérias & saida do narcisismo infantil 4 elaboragao edipica, fundamentais & entrada na cultura eno mundo das rela- gies Assistimos aos avangos tecnolégicos na medicina que prolongam a vida saudé- vel, permitindo, por exemplo, que pessoas saidas de longos relacionamentos se recasem, propondo unides que nao necessariamente incluern o projeto de ter filhos. Acompanhamos, ainda, os resultados dos variados métodos de reprodu- Gao assistida, desvinculando, como no conhecido romance “Admirével Mundo Novo", de Aldous Huxley, sexualidade de reproducao ou reprodugao de casamen- to, ou ainda casamento de sexualidade (ndo so poucos os casais que tém filhos em casamentos nos quais nao ha relacdes sexuais) ou heterossexualidade como fator indispensavel & geracdo de filhos Vimos também acompanhando as transformagbes emancipatérias da mulher, iniciadas com sua entrada no mercado de trabalho (consequéncia da Segunda Guerra, quando foram convocadas, dada a falta de homens, para trabalhar nas {abricas), com sua maior ou igual participagao na renda familiar, os mnovimentos feministas a partir dos anos sessenta e a liberagio sexual com 0 advento da pilula (primeira desvinculagio de sexualidade e reproduc) _|| za! a A Psicanalise Vincular: novos arranjos, novos olhares Soguiram-se os movimentos de gays e lésbicas, que, a partir do surgimento da AIDS e do consequente aprofundamento nos estudos das relagdes de género, propéetn a desconstrugia dos valores tradicionais da cultura, passando a desvincular sexo biolégico de opso ou conduta sexual, ¢ questionando os atri- butos impostos pela cultura do que & masculino (atrelado ao sexo biolégico) & feminine (MUSZKAT, 2006} ‘Ainda em artigo anterior (MUSZKAT; MUSZKAT, 2003), ressaltarnos que mudan- as efetivas das praticas na vida familiar tradicional (referindo-nos a um estudo feito com familias de baixa renda do municipio de SP) nao correspondei, no nivel do imaginario ~ idealizado - determinando apegos a modelos tradicionais, impeditivos de novos arranjos familiares, Entre os géneros, como jé vimos, 0s cédigos sustentam tum paradoxo entve 0 predominio das ideias tradicionais sobre a divisio sexual da tuabalho, a hogemonia masculina ea prética cotidiana das mulhites mantendo « fami, ‘Ainda assim, o lugar simbélico de “chefe de familin" cabe a0 homem, mesmo ue ele sea um desempregado crdnico |. No caso de essa autoridade masc Lins fica ireemediavelmente abslada, a desmoralizacio atinge a familia como Lum tado,justificando, com frequéncia, as recorrentes rupturas conjugais(P. 116} Embora esse tenha sido um estudo feito com uma amostragem populacional especifica, podemos observar mecanismos muito semelhantes em outras clas- ses sociais quando da ruptura de padres tradicionais ou quando a realidade se impde de maneira a confrontar modelos idealizados. A teoria vincular da psicandlise de familia e casal, foco privilegiado da nossa abordagem, lrabalha com a nogio de desconstrugio, da desmontagem ou do deslocamento do sujeito como centro, voltando o olhar ao sujeito do vinculo Falamos, entio, a partir de um novo paradigma, tendo como foco © campo relacional, no qual as relagies entre os sujeitos so mmutuamente determinantes (GPIVACOW, 2005), Nao se trata de “uma relacao de objeto intemalizada e sim de um sistema aberto que inclui pelo menos dois aparatos psiquicos abertos" (p. 22) Em outras palavras, volta-se a relagao entre os sujeitos do vinculo e & atencao naquilo que somente se dé na presenca do outro, numa relagio vincular ¢ que se modifica owaltera em distintas vinculagées. Isso, evidenterente, nao exchii aquilo que é do nivel intrapsiquico de cada sujeito, da sua relacdo com seus abjetos intemos e da sua “leitura” do mundo a partir destes referencias intemos, Contu- do, numa andlise vincular, observaremos principalmente os Estados Vinculares que so determinados pelos vinculos vividos com pessoas externas. Citando Sonia a TT | || EC + Susana Muszkat Kleiman (2010),"A ideia nao é pensar SOBRE os vinculos, mas sim A PARTIR dos vineulos’. © trabalho vincular visa desconstruir 0 UNO e criar espaco para © DOIS ou mais, objetos (MOGUTLANSKY, 2011), arnpliando ou mesmo criando urn espago psiqui- co que inclua outras possibilidades de interpretagao do sujeito em suas relagées. Autores como Berenstein, Puget, Moguilansky irdo falar sobre a Capacidade Vin- cular ~ definida como a capacidade de cada individuo de par etn jogo a propria identidade, na medida em que é capaz de aceitar as significagdes provenientes do outro e do vinculo ~ como condigao para a existéncia da Relagao Vincular, que se dard nua Espago Vincular No caso que citarei a seguir, a morte do pai ocasionow uma desorganizacto do iicleo familiar, sendo que a dificuldade de elaborar essa perda deveu-se princi palmente ao impedimento em abrir mao de wm modelo idealizado de farnilia nuclear tradicional, além da recusa em aceitar a passagem do ternpo ¢ a inevit vel mudanga que essa passagem impunha as relagées entre os membros da fa- inflia, Dessa maneira, ernbora fossem todos adultos numa situagdo de vida distinta daquela que existira quando o pai era vivo, "recusavam-se” a sair de um, modelo ultrapassado para a vida deles. Assim, comprometiam nao s6 a possibi- lidade de reverem suas posigdes vinculares na familia nuclear (mac, filha adulta ¢ filho adulte), como com a familia extensa materna, o que resultava em uma espécie de congelamento do tempo e de suas vidas e projetos pessoais, Também era bastante presente o elemento de repeticéo de conflitos nao elaborados da mie com sua familia de origem, o que se repetia na relagio de intensa ambivaléncia corn a filha, ora aliando-se a ela, ora sentindo-a como perseguido- ra, ora desqualificando-a como mulher adulta e competente que era Quando me procuraram, a queixa principal era de que tinharn muitas brigas, segundo eles, principalmente em decorréncia da deterioracao financeira que se instalara a partir da doenga e morte do pai. Os filltos viarn na mae uma pessoa fechada aos seus movimentos de colaboragio para ajudé-la na administracao de seu negécio, onde vinha perdendo dinheiro havia algum tempo. Esta, por sua vez, ressentia-se ¢ fechava-se & conversa, entendendo as intervengées dos filhos como desqualificadoras e humilhantes, fazendo-a, ainda, reviver o lugar que sen- tia que tivera em sua fainilia de origem. (© que mais me chamava a atencdo eram os varios niveis de congelamento ou estercotipia nas relagaes: a filha mais velha lamentava a vida atual familiar t80 distinta daquela que tinham quando eram criancas ou adolescents, idealizan- do um modelo infantil de pais e filhos todos juntos, embora fosse uma profissio- _|| za! a A Psicanalise Vincular: novos arranjos, novos olhares nal competente, fazendo planos de casamento, A mae parecia nio se dar conta de que seus filhos eram adultos e os tatava de maneira infantilizada, como se fosse a tnica adulta na familia, ¢ ressentia-se das manifestagées ou contribui- oes adultas que a filha fazia, sentindo-as como uma disputa de seu lugar de mae. Cuidava, ainda, do filho adulto ¢ ja formado na faculdade como se fosse uma crianga pequena, e este respondia agindo de forma pouco responsavel e compa tivel com sua idade e necessidade de contribuir de forma adulta na familia. La- mentava a pera do pai, sentindo-se em desvantagem em relagao aos amigos, impedido de dar-se conta e pér ern agao seus préprios recursos de adulto, Como esultado, brigavam muito, tentando encontrar um ‘culpado’. Partilhavam, isso sitn, da ideia de que todos deveriam pensar da mesma maneira (embora isso sé aparecesse nas discussées) para que dessem fim aos conflitos. Desse modo, nao havia espaco para a existéncia de ids diferentes sujeitos com tds distintas sub- jetividades, instalando-se, corn frequéncia, nas sessdes, discussées nas quais dois deles se aliavam numa mesma ideia, tentando convencer o terceiro de que aque- la era A ideia correta ‘Ac longo do trabalho, fomos verificando a dificuldade ou resisténcia de adotar as novas configuracdes que se impunharn, nao apenas decorrentes da morte do pai mas também do avanco natural do tempo e da condigio adulta dos filhos. Faziamn projetos que pareciamn impossiveis de serem levados a sério, uma vez, que mais se assemelhavam a projetos infantis todo-poderosos, repetindo ¢ man- tendo, dessa forma idealizada, a condigao de infantilizacao. Vale notar a queixa da mae de ser tratada de maneira pouco adulta por sua familia de origem, condi- gio esta da qual se ressentia. Pode-se dizer que todos haviam ficado érfaos com, a morte do pai/marido e procuravam reconduzir as vidas, tendo coro parametro apéis fixos ¢ idealizados. Usavam como referencial padrdes familiares tradicio- nais que chamavarn a minha atengao por me parecerem fora do tempo; prescri- ges sobre o lugar e a fungao de homens, mulheres, maes e pais que mais pare- ciam estar a servigo da manutengao dos sintomas paralizadores do que das twa digdes valorizadas © trabalho de elaboracao do luto nao apenas da morte do pai ¢ marido, mas de posicdes © modelos instalados de intercdmbio entre cles ¢ entre a familia mater nna foi o que possibilitou um movimento de descongelamento, passando a ser possivel vislumbrar outros arranjos ¢ identificar os padres ¢ as repeticaes exis- tentes entre eles. Cypel (2002) corrobora essa experiéncia ao afirmar que as ansi- edades de castracio, separacdo e a dificuldade de elaborar a perda e 0 luto so grandemente responsaveis pela dificuldade de se alcangar rudangas, Tais ru- a TT | || EC + Susana Muszkat dangas ou abandono de posicae podem ser vividos como fantasias catastréficas {p. 10), Paullatinamente, e com idas ¢ vindas, estabeleceu-se maior flexibilizagao das posigaes e de um espaco psiquico que admitisse o outro como urn diferente res- peitével, corn ideias e particularidades préprias. Essas novas aquisigdes puderam ser observadas a partir de mudangas na manei- ra como passaram a tratarem-se uns aos outros e principalmente pelo modo como passaratn a cuidar de seus projetos pessoais, semn que isso fosse vivido ppelos outros como ameaca de abandono ou traigao & familia, Nesse processo, é essencial, como atesta Cypel (2002), “a interpretagao das ansi- edades primitivas ¢ dos mecanismos de cisio, onipoténcia, idealizagéo e nega- gio que as acompanham, que servern para evitar o contato com a realidade do- lorosa, mas que também impedem o crescimento e a integragao” (p14) © final do nosso trabalho deu-se com 0 acordo de todos - uma vez que aquela farnilia passavia a configurar-se de mancira nova — quando a filha anunciou que iria finalmente moray com seu namorado, dando vox e vida a seu projeto adult. 0 filho, por sua vez, mudou sua atitude etn relagao ao trabalho, apropriando-se de suas competéncias e investindo seus esforcas na obtenco de melhores resul- tados profissionais, e a mae passou a enfrentar de maneira menos refratéria suas dificuldades e fragilidades pessoais, com repercussées que tiveram alcance nao s6 na familia nuclear, mas também nas antes muito conflituadas relagdes com sua familia de origern Houve ainda, como resultado do trabalho vincular, ua sensibilizagao e um re- conhecimento de processos préprios do mundo mental, psfquico, levando-os a buscarem, 0 filho ¢ a mie, suas préprias andlises, agora como um desejo de d senvolverein algo préprio, como adultos separadas, com questées pessoais. Nesse exemplo clinico, procuro ressaltar a maneira como entendo e utilizo a nogao de preconeeite, um modo de funcionamento psiquico congelads, impeditivo de novos arranjos nas relacées vinculares. 0 temor de se deparar com 0 novo, 0 cardter ameagador que este carrega, a impossibilidade de se elaborarem lutos, abrindo mao do ja conhecido, impede 0 pensar ¢ o olhar sob outros vertices. Assistimos, nao raro, a manifestagées de violéncia quando o novo se apresenta, cuja fungio é a de eliminar o elemento ameacador de maneira primitiva ~ainda que, por vezes, justificado de maneira pseudorracional. Nessa familia, a queixa _|| za! a A Psicanalise Vincular: novos arranjos, novos olhares principal que os trouxe & andlise era justamente a violéncia entre les e a impos- sibilidade de conversarem, Em outros contextos, sejam eles institucionais, sociais, religiosos, cbservamos como © uso da violéncia é expresso mesma do preconceito em sua fungéo de manutengio de valores hegeménicos numa determinada cultura, Entendo que 0 uso da violéncia evidencia o que conceituei anteriormente como desamparo identitério (MUSZKAT, 2011) Defini este conceito como uma forma de funcionamento mental e social, construida a partir de ideais culturais (familiares, institucionais, etc) nos quais, 0s sujeitos ou grupos institucionalizados ficam mergulhados, em fungao de uma precariedade narcisica da rede de significados de que dispdem como definidares identitarios. 0 conceito de desamparo identitario se contrapée, portanto, a nogao de uma rede identificatéria diversificada, na qual a base de sustentabilidade do individuo ou grupo se amplia, dando-Ihe mais recursos pessoais garantidores de um maior equilibrio narcisico (p.1/8) Em nossa pratica profissional ou em nossas distintas fimgdes como cidadaos, a disposicao de questionarmos e revisarmos permanentemente os valores ¢ sabe res pelos quais nos guiamos é 0 desafio arduo para mantermo-nos vivos etn nossa funcio pensante Attachment-based Psychotherapy: new arrangements, new perspectives ‘Abstract Westem society today perhaps more explicitly than in other periods, abounds with anamay of values and ways of if tnat snare the same space in time. Basedion the contributions fof attachment theory, applied to family and couples’ therapies and using examples of family psychotherapy, the author discusses the possiblities and difficulties faced by the psychoanalyst in his/her attempt to get rid, whenever necessary, of known preconceptions, looking at new arrangements chat require new perspectives, Keywords: Attachment theory New family arrangements, Preconception, Psychic link El Psicoanilisis Vincular: nuevos arreglos, nuevas miradas Resumen: La sociedad occidental contempordnies, quizés de forrna mas explieita que en owes LGempos, muestra una pluralidad de valores y formas de vivir conviviendo en un mismo espacio ‘temporal, En base a Ia teoria psicoanalitica vincular de familia y pareja y apoyandose en plas de la clinica de familia, la autora discute las posibilidades y dificultades da! psicoanalista en desvincularse, cuando es necesario, de Ins concepciones conocias para en- frentay nuevas formas de organizacién familiar que requieven una nueva visién a TT | _|| =a a a TT | Susana Muszkat Palabras clave: Espacio vinculay, Nueva erganizacién familiar, Prejuic vincula Referéncias AFRENSTEIN, |, Del Ser al Hacer-curso sobre vincularidad. 2uenos Aites: Paid, P Configuraciones edipicas contemporineas'reflexiones sobre las mas de paternidad. Inv ROTEMBERG, E: WAINER, 2 A. Homoparentalidades. nucvas familias. Buonos Aires: Lugar Editorial, 2010 CYPEL, 1, Algumas reflexes sobre os fundamentos do trabalho psicanalitice com familia e casa! Revista IDE, SEPS2,n. 36, .2-18. 20 KLEINMAN, 5. Comunicagéoe oral, Traballto apresentado ne 4.* Congresso Interac onal de Paicanslise de Caal « Fata, Buenos Aires, Argentina, 2010 MOGUILANSKY, R NUSSBAUM, LS. Psicanslise Vineular tc Palo» Zagoconi, 2011 MONDZRAK, V. Preconceite: XWin. 4, p 19-36, 2008, fe nio- ra2%o, Revista de Psicandlise da SPPA, v [MUSZKAT, M; MUSZAT, 5. ermanénela na diversidade: um estude sobte a Cconjugalidade nas clagses de baixa venda, In» GOMES. 2 & (org). Vincules Amoresos Contempordneos, 5io Palo: Calis, 2008, [MUSZKAT, & Violéncia e Masculinidade: uma contribuicio peieanalitie festucos das relagdes de género. Dissertagio de mes Univers 0 Palo, 2006 MUSZKAT, S. Violéncia e Masculinidade. Sio Clinica Psicanalisic) SP.VACOW, M, Clinica Psicoanalitica con Parejas: entie Ta teary 1a Intervencién ‘Buenos Aires: Lugar Editorial, 2005. Copyright © Pscanase Revista da SaPdePA ‘Susana Muszkat Ava Jered, 255158 (05435010 S40 Paulo ~ SP Brat ‘emai: smuszenterracomr

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