A Categoria Questao Social em Debate-Alejandra Pastorini

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A CATEGORIA “QUESTAO SOCIAL’ EM DEBATE ‘iin, ae Sais ACATEGORIA “QUESTAO SOCIAL” EM DEBATE 0 Registro: 008334 , Alejandra Pastorini ‘SUESTOF ACATEGORIA "QUESTAO SOCIAL" EM DEBATE SEGA Sea , Agradecimentos Foram muitos 08 amigos, mestres © alunos que cam patilharan: 6 processe de produgio deste fire. mas que fo repistar agui mew agradeenuento especial co profes- sor Alo(sio Tetxelrs, pels jentagdes, discusses. Weil rave estinulo, que Foi desaviadusr © amigo neste nz fell pprovesse, Aor professores Ja Espola Ge Service Social Joss Paulo Netto, Jose Maria Gomez, Maia Helena Ravi Ramos © Carlos Nelson Co! ‘marcaram sigaificativamente minha formeeao, A Manléa Tamameco, com imho que conteibuirwn & ita adiniragao e earine, pelo apoio, amizade e eoncribuigdes pernianemes, Ans prokessores, aimigos © alunos dt Escola de Serviga Social, que Foran muito Importantes neste prucerse pelo conv lo, solidariodade © eompreensio, com destaque 20s inte gtantes do Nocleo de Pesqpnsae Extensdio LOCUSSASSS que participaram deste pereurse. Un i, esti dlocisiente es pecial pars Victor, pela paciéueia, cumplicidade ¢ eari- nh incondigional. A Rosavie Viles, Ximena Baraibar, Geraydo Sarschu e Silvia Lens que conseguirsen superar ios no Rio, espe- 80 @ Luis Aco u diskinent espacial. As amigos UNL ctalniene Ga tu Taber quero 1 Batista pela leitora atenta © cuidadosa deste Lento e potas wliosas eontribuigaes ariel Lema, Carlos Mon stray moh ugrariecimentoa Aledo, SG 2 Sumario Apeesentagal Mu Capitulo 1 — As smudanges ba soctedade conersporanea e a “questa social 6 Capital? — A pera ce provessoalidade nas ‘niises ca “nova questo social” ncn AS Resanvation: a dissoiugae do contrat setarial ¢ fe nna qiestae SEAT oc 9 Castels @ genealogia da “guestao soctat ea Helter © Fehdr: « onpossiilidade de sobicionae a “questdo social” 70 Gaptiuto 3 — As manifesaghes ia “questo social” fiw América Latina % Capitulo 4 — Betimitinds a“questio seat” fo nove € 0 que permanece 9% Biblingrafia reese ha ‘ot seja, e984 Crfaxe colocada na “novidade” nao penite ‘compreender as continuidades 9 as rupturas. assim como tampouco possibilita capturar aqueles clementos que se Fepetem © que permanecem ao longo da historia © aque: tes outros. que midam acompanhande 0 ritnie das tras formagses sacievicius Partimos da premissa que quando se quer p ‘quest9o social” na atualidade ago sjuda opéela a una suposta "untiga questo social” ea pair dat falarda exis. cia de uma “nova questao soetal”, Embora concorde mos que existem novos elementos, novs expressoes ime. sfiatas ds “questo social, que poderiam nos Levar a pent= sar qe ela Enove, entendemos «i so Ou unia nova fornia de se manifesta « “questio 50: cial”, mas que ela continua a manter os tragos essenciais © constitutivos dla suit origem, Assim podemos dizer que existem diferentes verses du “‘questao social” nos diferentes estigins capitalists, portanto, diferen resposias dads a ela por parte da sociedale no decorrer da bistéria, mas mantende-se os elementos de busca da estabilidade © manuengio da or idem estbelecida, du preocupagao com a repeodueio dos ‘antugonismes © contradigécs eapitalisias, © da legitima- ‘fo social, como denominagor comum entre essas cite Fentes yersoes, ‘Tendo prevente esses clementos que persistem no teans- curso da histéria day suciedides capitatiscas ¢ que se en. cconteam presentes nus diferentes verses da “questio so- al”, queremos destacar o que ha de rinwer na versity com temporgnea da “questo social” e quatis os elementos que Si ” Apresentacao O texto que ota apresentamos! tem como interesse medular oestudo erftico sobre os usos da categoria “ques {jo social”, Essa problemsticu sera peas i nz ds tans formagdes politicas, econdimiease seeiais que vem ocor ‘eno nos tltinios (Haga anos nas soetedtales Capitalists hho seu eskigie monopolista Sao esus mudangas, sem lugar a diivida de destocada importanel cehcantramos perante uma “hoya saciedade”, com "Doves problemas", prarticipagio politica, clementos estes que supostamente ‘ostariam evidenciando a prese \ gue Levan alguns autores pensar que aos ‘novos atares socials” © “nowas" Formas de social” Cettranclo nossa ateneaes na “questo koeial™, anaisa- ‘antigo. faz perder de vistua processuatidade dos fatos, mo esss) exaftagan do “nove”. em opesisto aa ‘soussao encemtra-serghettada ra Tobe oficial pole poressor de Moin Te ‘on Servien Social du UFR), cata 0 ppermanecem © que cruzam os diferentes estdgios capi listas eas diferentes verssies da “questo social”, Des: vvondar os espagos de Interconexiio no transcurso do rem Jecontinuidade ¢ a nwudanga ne nareo das determinantes historieus, ser o.que wos periii= po, como formu de atendes irs pensar “questo social” nu sua totalidade e come par te do movimento ea propria sociedad eayitaisia. Se a tealidade & una totalidae em movimento, ela pode set entendida na medida em que se capture esse ovimento, © que implica capmrar 0 progress historieo, mas nao pensado Tineaemente (como Cortes: passucla/pre= sentesuturo), stem come uma sucessiio de fotos, © sim sama relagao dialétien, de continuidkades € ryptaras. et Lue passado © presente Como seremos ne decorrer deste texto. a insisi@neti por parte de alguns autores nessa distingio entte “antiga au 1 novidade a originalidade deixundo de lado agucles lragos que perdaram no decorier dit hist6ria, © sem com seguir explicar » poryud da sua pennanénel tao social” e “nova questao social” incita a descobrir Essa discussie sobee a “questo social” & ay mudangas nas stats expresstes ¢ importante para entender o real sip. hiticado e intexcionalidale das as manifestagdes da “questao social” neidile, principais respostas da eomempor- 1 impostante Tembear que. seguindo as divetrizes dos organismes multieversis, fo implementade no Brasil {comp na maior parte dos paises de Ameriew Latina) um eonjunte de poiticas de ajuste macroestrutaraiy que vie- ram aconnpaniadas da reestruturagan produtiva em nivel Inwundlil © da rewiticutagso da hegemonia burguesa em lrno «lo prajets neoliberal. Essas madngas treutxeram conseqQeneias totalmente nefastas para a maiorta da po palagio brasileira, especialmente para os setores iraba Ibaulores. que mis una vex pagarenn os eastos da crise Nes divimos anas perecte.se un aumento as tasas de desemprego (prineipalmence ne ramoda inckistia| e eres clmento da precerivdade das concigies de-emprego, ques tes Uiretamente vinculals 8 regiessiio dos dineites se itis, bem como austneia de ploteedo ¢ enfeaguecimesta da expressdo sinlical dos trabalhautes, 8 reiuge cre: cente de emprego industrial ¢, am decortensia, & auner co da desprotegao de amplos sotores, ecomipanhualas «lo aumento da pelbreza, levam alguns autores a afitmar que a “questi social” 4 partir de-emtan passe a eer outta, tor nando.se diferente daquela qu emensii no séeul XIX sta “nova questéo social” serin wna eonseuféncia da re. volusde tecnoWSgien que cleicuria para tris um modelo industsial para adentrar muna Sociedade “pés-ineusirial fou “pos-traballo! Nossa argumentagdo seeé orientada pela iia de Que io se trataria de una“ Ya, mas tampanes iotiea A “guasiae seeial” no sécule ‘Ap social” esseneialmente no. XIX A “questio social” comemporiined nas societades eapitalistas mantén. a caracier(sica de ser uma expresso concrela das contradigées e smntagonisinos presentes tas relaghes ene elasses, © erie estas e « Estado. As rel 26 capital como tampouco 6 € 8 forina de organizagio do capital ¢ trabalho, ao entanio, na sho invari do trabalho: por isso, concordamos eom a idéia de que “ SOuS Capitulo 4 As mudangas na sociedade contemporanea e a "questao social” (Os detensores da “nova questo social” partem do pres supesto de que ss mudangus ocorridas no mundo capita lista contsmpordaes matcam uma ruptint com o periodo cepitalists indusivial & corn 2 “questi social” que emer~ ait) na primeira meiade do séoule XIX, com osuiginena lo pauperis, na Eurepa Ocilental Assim, no proceso: inicabuclo de busca da novidacle, jchttam ent cena «s “novos sujeitos”, “novi usidrios” que teriam “novas necessidades”. Essas novidades serin pro- slot dus transfonnagées da Sociedade eapitalista vivicas, ‘mundisluente, a partir de mondos dos anos 71, que tra- zem consigo a necessidade de redeGinir 0s modos de re ulagdo econdsmisos e sociais. Segundo Rosanvalton (1995), pereseimente do desem- prego ev aparecimenta ge ova formas de pahrea (hot pobreza, exclusdo social ete.) estariam indieande 0 surg mento da “nova questao saeial” © 0 esgotaumente Uo mo= elo de protegio social bascaado ma tiscv coletive devido | ado adaptagio des velhus métodos de sestio social & ‘artes quit sata 18 existem novidades nas manifestagdes imediatas da “ques: Tao social”, @ que ébem diférente de ulirmar que a ™ques iw soelal” € putea, ji que isso pressuporia afirinar que a “itestio sacial” anterior foi eesolvids efou superada. Es sas sewicades na forma que assume a “yuestao social Ccupitaista nos diferentes pases e nos distinins monet 105 historieos van depender tambéin das particularidades hstarieas em ada formagio econdmica e social (cantor gis das chases soctals, nfvel de socializagi0 ds pot 50, eamtetertstions dé Estado © dus estratéiay de 01g 10 clo eapital ayeGonA “us ” hnosat realidade, Assim hoje estariamos em presengaa de lina crise de orlem filosstiea que questionaria a base de sustemtagae do Estado-providencia: 0 principio de soli= Sriedade ¢ a préprin concepgiio de Por sust vex Castel (1998) entenderd que a erise dos nos 70, que se manifesta pelo agravamento do problema do emprego (aumento do descmprege e da precariedate, 0 pelas nova « proceso este thtime #9 reins te hho). ternese tornado un process iereversivel ¢ cacla vee Imus acelerado, Sem desconhecee a importancia que 0 Jeserpi > em pata @ sociediid de que & precarizagio toma-se.um dos principas discon nna contemporaneidade, una vex que aliqaenia, sem Hina es, a vulnerabilidade social conttibuindo, wo mesmo tem ago, Assim, pb. com a amptiagta ca process te des coloca-se 9 desestubilizacdo dos estdveis come 6 princi- problema da soeiedade eapitatists Ambos os antores entearlen-que ox invalldass pel > mundo, segundo Castel) & os novos pobrey e exclufdos (segundo Rosanwvallon) nde re ovin de exploragéo, eonjuncura (indieks pa metem mais & “antign” cates Essee autores, como veremes no segunilo capitulo, fentendem que ais tansformagces estarian inieande a presenga tle ume ruptura cony a antiga “guestae coeial que emergiu no séeulo XIX: dentra dessa Isgiew de pon= 9, caneluer que ¢ Fstatlo deve vespondey de for= sna inovadora, sendo para iso Usupassadas” formas de regulagao social que tiveran seu indximo esplendor nos “Trinta Anos Glorioggs", com os " auuavonarasronn melas de welfare erate ne pases der cenira eaptatice Deu Found, upresentarn se varias ulternativas ik sombra ty Estas eupitalisca, cor, povexemplo: 9 Estaloestratee asta! 0 Escada © Estado-provicén Assim eomegam 4 difandirse as eoneepedes ¢ exph eagies “Weenoliicistac” sobre as nmndangas contempor neti da sociedad, que geruln contra os paises eurapens. S concepsces partem do pressuposto que “as transform. fies da wahalho experimentacias nesses paises [Europa Estados Unidos 2 Japio] podem ser extensivas. na sua Forma ‘eivilizada’, & Eurape, 20 mundo todo, sean gerar ente tem como retorencia nando Vea Cantor, essas 1. Teno uid por Case) oats designee Bsado prescupate Incindoem tuscinamonta poten de sor seca ep evenas gatas popalaybes nays pobies eon ses ayaa ela conju dr ease —ef Castel (19981 ‘aca anlar Jorden um Eads sepostameste io 58 ttn 9 tad Esta, a rociodide efi eo ssado —of KUksbors (199R, Povcira C108 © 198 Seam lls pall Raysenbaa i uugpomado, pote Eads deve cunt 4 Conn de Baad pro Ak sersigos baseoda om aj drama, solide © adividi Jase da pistons, em que a humanidade enfeenea 0 “Hint los empregns” — ttule de um dos sous liveos que seré ilscutid aes —. conseqiiGneia inevitivel da revolugio cenoligiea que deixe pura trés'0- modelo industrial para sslentrar num eeomonnia sabal ni erat da inforimatizagio. Penswwa terceina revolugdo industrial — gue, segunda uncla Guerra Mundial, mas que sé agora. nos anos 90, fem wit impacto significative — cle, surge depois da jentrande sin teagan na rel ages ree Jorgas da mercado que, a seu ‘2 nos empurvait pars unt manda pragicamente sem ta batbadores — n denominada “em pos-mereads A questi canal que se eeloea ¢ faer com essa enorme massa de “desempregados tecno. cos" quando, por um laslo, os tes setores tradicionais agricultura, manufatura e servigos — esto automati zanddo-se € {4 no conseguem absorver os milhes de pes sous sem tiabalho: © por outa, quando o Estado, cae ver mais minimizado, diminul bruxeamiente seus gastos socials, Perante problema do fim dos empregos. a nes posta moralizadora de RIN vai nuns dupla reed. Primeiro, a tatefa deve Fiear a cargo da “tereeiro se ‘or (ou sefa, cad uma das instiew “aes que nia so agen cine governdmeniais, stem empresas privadas: igre} {or relcinnaa tecnologia « puree come a yrosseine misiifengdo da wove venirali- dade do trabalho vivo (it VV. A. A, 1998: 18), ‘Tomando como ponto de parida 6 pretenso desapare- ccimento da elas de irabale-¢ apoiados nas opasictes bindrias empreyo/desemprego e tempo de trubalhonens- po livre alguns autores afirmara que estamos vivendo uma niova era que serd elztnada des “pos-merealo™, “ptt balho”, "pOs-industriad”, “pés-eapitalisia” ete. Seeundo Antunes (1995 ¢ 1997), quando se fala de ‘rise da sociedacle do trabalho. & nevessivio qualificar de lew lugae-a wm vatiado leeje de inter: fs one que dimeisio se tie xe & wien crise dy sociedade da trabalho abstraie, entendida como a redagio do trabalho vive € # ampliagio do trabalho mexto*teome em Kure) ‘rice do tenbalho conevera, enquarxo elemento Acatisona “questa soca s lacionadas que, por via da negoctaga pacffica, determi inurdo quais si0 os camichas a ser seguidos poles refor- mas € ajustes. Por outio kalo, vemos claramente eco, para Rifkin, as eelugdes le caballo mo represeniasiam 9 ‘conilite social central: dessi forma, 08 estogos dos adios” devem se oviensar para teconsteuir us comunichan dos locals que seruiriam coma base pare a emenséneia de uma “sociedade civil” que se levamnaria come slternariva enire v tnereado ¢ 0 Fade, Aqui devemos fazer referéncis dqueles autores que afirmam que hoje vive-se una “erise do trabalho”: ent dendo assim que a capasidaie heuristics da categoria tr batho; para analiser a sociedkule contemporined, estaria ‘Como jé Falannos anteriormenie a segtnda meade dos anos 70 marea un pento ae infeed no munde capitals que nesse momento ¢ desemprngo se apresenta como uma das principals preocupagaes da muioris de todos 0: paises. Bvigentomente, ¢ rrablemétien, néo complet: nhemte naval mas com dimenshes nooriamemle diferen Jes, passa a ser de interosse priorititio para os cientistas Nesse perfoda, Surgent alguns textos wndentes a ex plicar o desemprego e a nova conjuntins social sob a i ea do Tint do wabalho; Psi Gorz 0985), com sew tiers Adens ao profesartado, pubeado em 1980, sn kos pst sadotes gue deu 6 porstaps inicial pata desenvolver toca linia Corrente de pensamento que entende qae o proble- nu do desemproge nie me questo. conjuntial neni pripria da dinaniea capitalist, nas, pelo contnitio, ela AcE 0 eestfuluranie do interedmbio social entre os homens ea atureza (eomo seria 0 caso de Goes, Offe, Habermas, entre ourros) Entendemos que am dos exras cometidas por esse se ‘undo grup de autores estaria no Tato de nfo penser 0 trabalho incorporanda a sua dupls ¢ indissolivel dimen. Sa 4 seja,ttabalho nbsteato (que eria valores de treea} = trabalho concrete (eriador de valores de uso) como das sdimensées dialeticamerite unidas.? Antunes emtende, nes- Se sentido. que “uma coisa € concehey ‘com 2 elininagao do eapitalismo. tunbem @ tint dy trabalho absirato, do trabalho estaushado; oxura, muito distin, € eonceber elimimigio do unive ctabylicacle humane, do tre bralho conereto, que erin coisas soe dlos"" 1997" 98), No dos veut 24. quando dieute « setae dot Ito, Lao Maar masts cone odd wise movimenis dalica wee ‘as imeasaes do teal tvs qs “0 abe ear de val res de uso, que em 8 ¢ cendgno ee eustncla da homens, er nsserldis nual”) an seajresents stn et i especie be socal Ese etentrmos est se esernig siietiien tala Imbalho social evel en fn svi paula de nténcia: taka shstate« equvalene, A eat ‘es de qidin ements a exch “mzamene’ ciao aptehel, Ao omtrrie ste apaténcla gue abalho oe si ems sora hist {9 Gaeeala mis condigdes capa & 0 see rel rep Meds enineia — oabalo svi — quando ea gnlmads nh

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