SPACASSASSI, Geraldo. Baralho Petit Lenormand - Baralho Cigano PDF

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BARALHO PETIT LENORMAND PESQUISA SOBRE A ORIGEM, A ESTRUTURA E O SIMBOLISMO DO AUTENTICO BARALHO CIGANO MANDALA Geraldo Spacassassi, 55 anos. nasceu em Silo Paulo.SP em uma familia de descendéncia italiana. Administrador de Empresas. graduado pela Faculdade de Economia $ em Plancjamento Orcamentos. Exerceu e€stas fungées na Du Pont do Brasil S/A durante 31 anos — em 1992 aposentouse. Em 1971, ao ser admitido como discipulo do Chela-Yoga, despertou para esta fascinante fires do Conhecimento Humana — 0 Fsoterismo. Durante seis anos, sob aorientacaéo segura € competet do Gurs, Prof, Molinero, teve a grande chance de estudar © ser exposto as mais diversas linhas, Baralho Petit Lenormand Pesquisa sobre a origem, a estrutura € © simbolismo do auténtico Baralho Cigano Geraldo Spacassassi Esta pesquisa é dedicada, cam muita carinho, respeito e consideragdo ao amado Mestre Prof, José Ramon Molinero (Yogakrisnanda) 2 Mirian Gil, que me guiou, com seu conhecido e dedicaggo, ac fascinante universo deste Ordculo e as queridas Amigas, Neuza Costa Leite de Almeida Olga Maria Fontana Sandra Maria Fischetti Barigdo que atuaram como verdadeiros Anjos Colaboradores ¢ Incentivadores, acompanhande de perto todas as etapas deste trabalho. Quero expressar meus agradecimentos mais sinceros € meu apreco a todos os que me ajudaram na elaboragdo desta pesquisa: * as meus queridos Professores ¢ Alunos (uma tnica omissio seria lamentavel) por todo conhecimento, estimulo e earinho recebide ao longo desses anos. + as Amigas e Amigos — jéias com que a vida me agraciou — que partilharam, direta ou indiretamente, deste estudo ofere- cendo sugestées, apoio ¢ muito estimulo: Beatriz de Freitas Moreira Maria Christina Cristéforo Catharina Ceistéfore Maria Teresa Cabrero lguacel Daissy A. Pietrocola P Oliveira Natividad Cabrero Iguacel Eleio Zuecari Noemy Mortari E.$.Santos Eliane Rocha Azevedo Regina Célia Manhanelli Gisela Massa Ferceira Regina Faria Josineide América da Silva Roberto Tonanni de Campos Mello Laerte Moya Gimenez Rosangela Cerutt! Boeta Laura A, Rodrigues Silva Silvia Leme Brandio Linam J. Estephano- Tereza Christina Rocque da Motta * aos Srs. Mark Feer e Max Riegg, diretores da AGM AGMiller, Suiga. * aminha mae, Antonieta Pietrocola Spacassassi, a minha irma, lgnez Spacassassi ¢ aos meus sobrinhos, Jorge e Jadir Nunes. Ao Altissima, Abencoado Seja, que através de Seus Anjos — Haniel ¢ lmamiah — tem guiado meus passos na busca do Conhecimentol Geraldo Spacassassi é, sabe todas as coisas, um estudioso e um investigador. Teve sempre uma seriedade de trabalho que, sem dévida, esté reflexada neste livro. Ele bebeu em todas as fontes de conhecimento. Estudou comiga e suponho que no desperdigou a ocasido de estudar e ler com outros mestres e outros livros. Existe uma verdade do conhecimento, e é que num momento opor- tuno que conhecemos como "TAT'WA" , a expressio oral se faz necesséria de passé-la a0 papel, porque a escrita € a materializacao do pensamento. Acho interessante e oportune escrever um livro documentado como este, jd que o baralho cigano teve um uso e abuso demasiado empirico, nfo vou julgar o livro porque isto, a meu parecer, devem fazer os leitores, mas estou seguro que a veriedade ¢ dedicagéo que colocou neste livro, Ihe v3o proporci- onar dois noves caminhos: um é saber que filho dnico da proble- ma. Entéo a este liveo-lilho, estou seguro de que viréo outros para realizar a familia de um escritor, que sempre deve ser prolifera, O segundo caminho que ¢ 0 do éxito, este eu no sé 0 prognostico, como me orgulho de télo como amigo. Agora seremos dois escritores que, com a caneta em riste, tenta- mos vencer uma batalha espiritual que € ainda mais cruenta que @ luta fisica. Meu mais sincero abraco cdésmico a este novo autor. Molinero “Em relagdo a todos os atos de iniciativa e de criagio existe uma verdade fundamental, cujo desconhecimento mata inimeros ideais e planos espléndidos: a de que no momento em que nos comprometemos, a Providéncia move-se também. Todas espécies de coisas ocorrem € acontecem para nos ajudar, que de outro modo nio teriam ocorrido, Toda corrente de acontecimentos brota da decisdo, fazende surgir a nosso favor, toda sorte de incidentes, encontros e assisténcia material que nenhum ser humano senharia que viesse em sua diregao, O que quer que vocé possa fazer ou sonha que possa, laga-o] Coragem contém genialidade, poder ¢ magia. Comece-o agora Géethe * Introdugao As principals intengdes deste trabalho de pesquisa sfo resgatar ¢ divulgar o Baralho Petit Leno-mand, oréculo poderoso, criado por Marie-Anne Adélaide Lenormand, na Franga, por volta do ano de 1800. Este baralho francés foi a origem de um outro ordculo popularmente conhecido como Baralho Cigano, tio em evidéncia na época atual. Esta pesquisa, fruto de um trebalho drduo e paciente, que se deve principalmente a0 escasso material disponivel sobre © assunto, ests longe de ser completa. Tenho, porém, absoluta convicgdo de que poderd constituir-se num ponto de partida eestimulo.a todos aqueles que estudam ou trabalham com este fascinante ordculo. Proposital- mente, este trabalho enfoca apenas suas origens @ os aspectos adivinhatérios e simbdlicos das laminas, sem qualquer mengdo a sua utilizagSo prética; métodos de leitura ou tiragem, bem como o aspecto ritualfstico da preparegéo das cartas. Estas préticas, segun- doa Tradigio, devem ser transmitidas oralmente, ndo tanto por uma questdo de segredo, mas pelos aspectos praticos e dinémicos envolvidos, que 86 serdo bem assimilados ao se manusear as cartas, Tedo nove aprendizado, nde importanda que area seja — Mate- matica, Medicina, Computagio, Esportes — envolve facetas, de- talhes ¢ procedimentos que transcendem os aspectos tedricos que podem ser encontrados em ivros ¢ manuais ¢ que somente um instrutor capacitado poder transmitir de forma eficiente ¢ eficaz. Tudo comegou em 1971, quando tive a sorte de frequentar um grupo de estudos esotéricos. Nele, guiado pelas mios seguras e amorosas do Guru, Prof. Molinera, tomei conhecimento das mais variadas técnicas e linhas filoséficas desta inesgotével drea do co- nhecimento humano. Apés um longo perfodo de estudo e apren- dizado, chegou finalmente o momento onde tive de optar, passan- do a me dedicar t3o-somente ao estudo e pesquisa da Astrologia edo Tard. A partir de 1986 passei a ministrar cursos ¢ seminérios nessas dreas na Orion - Clinica e Centro de Estudos de Psicologia Analitica No final de 1994, participando de um grupo de estudo astrolé- gico, vim a tomar conhecimento do Baralho Petit Lenormand. Tio logo vio Baralho fui atrafdo por ele e, a partir de entdo, a Sincronicidade comegou a atuar, Posteriormente, no infcio de 1995, participei de um treinamento intensivo sobre esse oriculo. Meses antes da possibilidade de participar deste curso, visitando uma livraria especializada, deparei-me com um exemplar do Bara- Iho e 0 adquid. No momento da compra, conferindo o Baralho, notei a auséncia dz manual e eatéo solicitei um livro explicativo sobre ele. A resposta foi "no existe". Ao iniciar o curso, desco- brindo que havia sido “premiado” pela falta de seu pequeno ma- nual, uma colega prontamente ofereceu-me uma cépia. No sdbado desta mesma semana, participando de um seminério, visitei “por acaso’ o stana! promocional da referida livraria que participava do everto, Aproveitei a oportunidade para relatar & funcionéria de plantéo ¢ ocortide, que lamentau a falta do manual e, ao mesmo tempo, informou-me que existia um artigo numa revista descreven- do as cartas do Baralho, assim como prontificou-se, gentilmente, a enviar-me uma copia pelo correio. Terminado 0 curso ¢ de posse das cépias do manual e do artigo da revista, que foram estudados minuciosamente, dei inicio ao meu trabalho de pesquisa, meditande longamente sobre cada carta, Tomei consciéncia, principalmente com relagdo aos textos, de que todo o enfoque era dado 4 parte inferior da lamina — a Imagem — e nenhuma referéncia era feita a sua parte superior — a Carta de Baralho e seu respective Naipe, A atengdo exclusiva a Imagem da carta é um enfoque essencialmente “cigano” e dentro de mim, um forte questionamento persistia: se Mile. Lenormand, uma pessoa altamente versada no Esoterismo, incluiv a Carta de Baralho e¢ a Imagem, ambos necessitavam ser analisados. Passei varias dias relendo os textos, examinando carta por carta, e nada acontecia. Finalmente, resolvi esquecer a ordem numérica das cartas, agrupando-as e ordenando-as segundo os Naipes. A seguir decidi compard-las as cartas do Taré Mitolégico, meu instrumento de trabalho digtio, ¢ tudo comegou a ficar mais claro! Descobri 10 que o Baralho Petit Lenormand era composto apenas pelas laminas As, 6, 7, 8, 9, 10, Valete, Rainha ¢ Rei, nio sendo incluidas as cartas: 2, 3, 4, 5 @ Pajem. De repente, minha atengio foi atraida para as cartas "28 - As de Copas / Cavalheiro” e "29 - As de Espadas / Dama”. Descobri nelas, expressos de forma clara, os conceitos de Anima e Animus delinidos, muito mais tarde, por Dr. Carl Gustav Jung — aproximadamente 70 anos apés a morte de Mile. Lenormand. A simbologia utilizada era clarfssima: Cavwalheiro: exterior masculina, postura forte, racional (Imagem) versus interior feminino, frigil, emocional (Naipe); Dama: exterior feminino, postura delicada, emocional (Imagem) versus interior masculino, forte e racional (Naipe). Estawa descoberta a chave: cada carta, através de seu Naipe e sua Imagem, apresenta aspectos complementares de uma mesma realidade. Restava ainda uma preocupagao: por que Mile, Lenormand havia eliminado as cartas 2, 3, 4 ¢ 5 em seu baralho? (Para a carta do Pajem, jf conhecia a resposta: no baralho comum, utilizado em jogos, essa figura € seu significado foram, de alguma forma, incor- poradas a carta de Valete), A resposta no tardou a chegar quan- do entrei em uma livraria e ful atrafdo por uma banca de saldos. Apanhei um livro que tratava das Artes Adivinhatérias em geral, examinei os capitulos relacionados a Astrologia e Tard, ndo encon- trando nada interessante. Continuei folheado até que abri “ao aca- so no capitulo que tratava da Numerologia e, imediatamente, focalizei minha atengdo num pardgrafo que descrevia os niimeros de laSede 64 10 —Ié estava a resposta que eu buscaval A paitir deste ponto meu trabalho comegou a fluir e a ganhar corpo, Na elaboragdo desta pesquisa, visando transmitir informa- g6es seguras ¢ precisas, consultei indmeras obras de autores famo- sos, devidamente creditadas na bibliografia inclufda no final deste trabalho. Em abril de 1996 0 texto bdsico foi conclufdo, inician- do-se o processo de revisio final. $6 entdo resolvi escrever para os detentores dos direitos avtorais do Baralhe Petit Lenormand, AGM AGMiller na Sufga, expondo meu projet. Para a minha 11 alegria ¢ espanto, em quinze dias, recebi a resposta: a licenga para utilizar a5 cartas neste trabalho de pesquisa, a titulo de ilustragdo, € gracicsamente © live "The Oracle of Mile. Lenormand”, de Erna Droesbeke von Enge, Editora Urania Verlags AG, Este livro foi extremamente itil no processo de revisio final, principalmente Quanta aos aspectos histéricos apresentados. Menciono esse fato, por tratar-se de-um magnifico exemplo de atengao, seriedade, efi- cidncia e eficdcia que todos nés deverfamos aprender € praticar. Este relato pessoal visou niio somente dar uma idéia de como este trabalho foi desenvolvido, mas, principalmente, chamar a atencao para a a¢8o maravilhosa da Sinctonicidade em nossas vidas. Segua- do Dr. Cal Gustav Jung, um dos fundadores da psicologia mo- derna, a Sincronicidade é 0 fendmeno no qual um evento no mun- do exterior coincide, significativamente, com um estado mental psicoldgico, E um principio de conexio acausal, uma conexfo es- sencialmente misteriosa entre a psique pessoal ¢ o mundo material, baseada no fate de que, no fundo, estas sio apenas diferentes formas de energia, tendo sido este fendmeno também estudado pelo fisico, Wolfgang Pauli. Isto prove que o “acaso” nado existe! Segundo estudo recente, a Sincronicidade nada mais Edo quea manifestagdo das Forgas Angélicas atuando positivamente em nos- so beneficio, auxilianda nosso crescimento, Essa abordagem, feita pela autora americana Terry Lynn Taylor, parece-me bastante apro- priada: "Os anjos ndo apenas arranjam coincidéncias éteis como podem usar esse poder para envior-nos mensagens. Um des mo- dos pelos quais se comunicam conosco ¢ através de sincronismos Um sincecnismo € uma coincidéncia na qual vocé reconhece aquele estranho algo mats. Os sincronismos sao dificeis de descrever; pre- cisam ser experimentades e explorados pessoalmente", Actedito sinceramente que esta autora encontrou o caminho certo, precisamos apenas estar sintonizados e atentos a essas maravilhosas forgas sutis, Minhas experiéncias cotidianas tem confirmado este fato! Sempre que estamos sinceramente dedicados e dispostas a traba- [har num projeto ou a realizar um sonho, as poderosas energias do Césmico entram em acho e tudo passa a conspirar a nosso favor! ig * Histérico © Baralho Petit Lenormand, composto por 36 cartas, foi criado por Marie-Anne Adélaide Lenommand, Mile. Lenormand, come é mais conhecida, nasceu na cidade francesa de Alengon, em 27 de maio de 1772, Sua vida e obra estéo envoltas numa aura de mistério e lendas, mas podemos afirmar, com toda a seguranga, tratar-se de uma pessoa altamente evoluida, versada em Astrolo- gia, Mitologia, Cabala, Tard, Numerologia, Alquimia e no estudo das Flores, como instrumento de mensagem oracular. Nos seus 71 anos de vida, ficou famosa pelas previsGes que fez as figuras ilus- tres da época como Jean Paul Marat, Antoine Saint-Just, Maxi n Rebespierre, Napoleio Bonaparte ¢ sua esposa, Joséphine de Beauharnais. Mile. Lenormand era ao mesmo tempo temida e respeitada — uma verdadeira "bruxa” sempre acompanhada de seu fiel gato pre- to. Era uma mulher de porte altivo ¢ elegante, dotada de grande forga de vontade e autoridade. Sua comunicagao era clara, a andli- se das quest6es [eitas com imparcialidade ¢ precisio. Era dotada de forte intuigio aliada a uma mente calma, ponderada ¢ pratica, com habilidade manual acentuada e sensibilidade artistica — ela mesma idealizou e desenhou seus baralhos. Gostava de envolver- se em atividades intelectuais, passando longos periodos nos mu- seus ¢ biblictecas, pesquisando e estudando. E provével que te- nha tido participagdo ativa em grupos esotéricos, que nesta época eram obrigados a se manterem ocultos, jd que forte represso era exercida por parte das autoridades da época. Nao podemos es- quecer que, desde 1666, Jean-Baptiste Colbert, ministro francés, ao fundar a Academia de Ciéacias proibiu a pratica eo estudo da Astrologia e, conseqentemente, de todos os outros ramos do co- nhecimento esotérico, tachando-os de crendices ¢ supersticoes. Sua infancia em Alengon foi muito bea — seu pai era um abastado comerciante de tecidos — e tao logo atingiu a idade escolar, foi enviada para ser educada por freiras em um converte. Durante sua pemmanéncia neste local, Marie-Anne experenciou os primeiros 13 lampejos de seus poderes psiquices, anunciando a iminente teans- Feréncia e substituiggo da madre superiors, Sendo uma simples ctianga, divulgou os detalhes de sua visdo muito antes da possibi- lidade do evento materializar-se, quando os fatos comprovaram © acerto de sua previsdo, é fécil imaginar o espanto € a admiragio que tomou conta de toda a irmandade. Com a morte de seu pai os negécios foram drasticamente atingidos, resultando séias dificul- dads financeiras. A familia Lenormand, depauperada, mudou-se para Paris, Trabalhadora incansavel e estudante dedicada, logo con- seguiu certa estabilidade e, nos anos futuros, gfagas a sua compe- t€nicia nas artes adivinhatdrias, granjeou expressiva notoriedadle ¢ respeito junto a alta sociedade francesa da épaca. Mile,Lenormand viveu num perlodo conturbado, marcado pela queda da monarquia absoluta e a ascensio da classe média ao poder. A difundida crenga de que a Revolugdo Francesa irrompeu Porque a maioria do povo passava fome por falta de pao e de que a rainka, ante esse fato, teria dito a célebre frase: “Se nfo tém po que comam brioche", estd longe de ser uma verdade histérica — a Franca, as vésperas da Revolugdo, era ainda uma nagdo rica e forte, A ascensio da classe média, detentora do poder econdmica ¢ faminta de poder politico, foi a condigdo bisica para o deflagrar da Revolugio, Os pobres e miseriveis que artes existiam cortinu- aram na mesma situagdo, ou até pior, apds a instauracio do novo regime. O regime de terror que se estabeleceu, ¢ teve seu auge soba ditadura de Maximilien Robespierre, causoy mais de 20 mil vitimas — uma matanga estarrecedora que $6 nas Ultimas seis sema- nas de sua ditadura fez rolar 1285 cabecas no cadalalso de Paris. Mile. Lenormand, inteligente, ativa e idealista, dedicada aos estu- dos e a ajudar ao préximo, sonhava com um mundo melhor e, a seu modo, como intelectual, acompanhava € analisava os movimentes socials da época. Quando eclodiu-a Revolugio, seus Ilderes utili- zaram-se de todos os meios para conseguir o poder, ¢ como nor malmente acontece nessas sitvagées, néo tiveram escrdpulos em aceitar a participagdo e ajuda das mulheres e, provavelmente, de utras minorias em suas fileiras, Assim, durante o processo revolu- 14 cionério, as mulheres participaram ativamente da luta liderando as passeatas que acabaram levando o rei a abandonar o seu castelo em Versailles. Mas, como sempre acontece, depois de terem sido “usadas” por estes lideres, logo foram esquecidas ¢ colocadas de lado. Na Assembléia Nacional Francesa, em 1789, foi promulga- daa Declaragio dos Direitos des Homens que, como o préprio nome indica, contemplava somente os direitos dos homens. Surge, como conseqléncia, o primeiro movimento para a liberagdo femini- na, liderado por uma mulher notdvel, Marie Olympe Gourges, escritora francesa nascida em 1748. Em Paris formaram-se varios grupos que passaram a lutar por igualdade de direitos politicos em relag3o aos homens, mudancas na legislagdo conjugal e melhores condig6es de vida. Em 1791, Marie Olympe publicou a Declara- gio dos Direitos da Mulher. Os resultados foram a sua condena- gio 4 morte em 1793, por ordens de Robespierre, e a proibicic de toda e qualquer atividade publica para as mulheres. Isto nos dé uma idéia de como o grande ideal "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" foi muito rapidamente esquecido e substitufdo pela gandncia, injustiga e violencia. Neste mesmo ano de 1793, é tido como certo que Mile. Lenormand teria recebido, em sua casa na Rue de Tournon, em Faubourg Saint-Germain, a visita de ilustres consulentes — Marat, Saint-Just ¢ Robespierre. Mile. Lenormand, diplomaticamente, conclamou-os a tomarem consciéncia da gravidade da situagdo rei- nante, ¢ nao hesitou em alerté-los de que seriam vitimas de morte violenta e de que somente um deles (Marat) teria um honroso funeral; os outros dois seriam alvo do escdrnio e da zombaria do povo enfurecido. Nunca saberemos se eles acreditaram ou nfo na profecia, mas a Histéria confirmou, com todos os detalhes, o acer- to das palavras de Mlle. Lenormand. Gragas a sua fama ¢ sabedoria, Mile.Lenormand circulava livre- mente nas altas rodas da sociedade parisiense da época. Esta mu- lher, com seu charme ¢ mistério, cativava a todos; seu nome estava sempre inclufdo na lista de convidacos importantes tanto das gran- des festas como das reunides mais intimas ¢ seletas da sociedade. 15 Em uma dessas festas conheceu Joséphine de Beauharnais, esposa de Napoledo Bonaparte, que nesta época era apenas um oficial de attilharia. Pouco tempo depois tornaram-se amigas, ¢ Joséphine tomou-a por conselheira. Mile. Lenormand prognosticou que Napoledo ascenceria ao trono da Franga e dominaria grande parte da Europa; previu também sua queda, associada § sua ambigio e orgulho desmedido. Napolede, incédulo, deu uma gargalhada ao ouvir tal previsio, mas, novamente, Mlle. Lenormand estava certal Por algum motivo desconhecido, © material escrito e os baralhos criaclos por Mille. Lenormand desapareceram temporariamente apés sua morte, em 25 de junho de 1843. Acreditase que gtupes ciganos, por volta de 1893 — 50 anos apés a transigéo de Mile. Lenormand, recuperaram os manuscritos 2, com eles, dois baralhos: 1. Grand Jeu de Mile. Lenormand: composto par 54 cartas de simbalismo complexe onde sfo utilizados principios Astrolégi- cos, Mitolégicos, Herméticos e Florais. 2. Petit Lenormand: composte por 36 cartas (objeto deste estu- do), baralho que desde entao passou a ser utitizado intensa- mente por este misterioso powo ndmade, ternando-se muito popular, Na época atual, c Grand Jeu de Mlle. Lenormand é publicade pela Grimaud Cartomancie, France Cartes. O Petit Lenormand € publicado ¢ impresso na Suica, pela AGM AGMiller e distribu- ido nos LISA, pela U.S.Games Systems Inc 16 * Evolugio: do Petit Lenormand ao Barralho Cigano O povo cigano, legitimamente conhecido como "Senhores da Car- tomancia"” ¢ outras praticas adivinhatérias, logo percebeu a praticidade deste Baralho ilustrado com imagens do cotidiano que permitiam uma répida compreensao de seu significado. Passaram a usd-lo de forma tao intensa, difundindo-o por onde quer que passas- sem, que, com o tempo, © prdéprio nome do baralho foi associado a eles, e, conseqtientemente, o original Petit Lenormand foi praticamen- te esquecido, Assim, um novo ordculo surgiu: o Baralho Cigano. Nos dias de hoje podemos afirmar, sem sombra de davida, que o Baralho Cigano é praticamente algo novo e totalmente diferente do original francés, como procurarei demonstrar. Cada uma das laminas do Baralho Petit Lenormand apresenta, em sua parte supe- flor, a reprodugdo de uma carta de baralho comum e ma sua parte inferior, uma imagem. Comparativamente, o Baralho Cigano, em suas indmeras versdes, eliminou totalmente a reprodugio da carta de baralho, passando a utilizar apenas a imagem. Estas imagens, por sua vez, ao longo do tempo, foram adaptadas ¢ substituidas por outras, mais ligadas acultura e tradigdo deste povo maravilho- so e sedutor, Como exemplos, o Caveleiro foi substituido pelo Mensageiro, o Cao pelo Cavalo, o Trevo pelos Espinhos, as Co- rujas pelos Passaros, a Dama pela Cigana e o Cavalheiro pelo Cigano. Neste trabalho, procurarei voltar as raizes e, de alguma forma, resgatar os maravilhosos conhecimentes contides nestas car- tas, segundo a concepeao original de sua criadora, Mile. Lenormand. Devemos ficar atentos na hora da compra do Baralho Petit Lenormand, pois duas versdes sfo comercializadas: 1. Laminas que reproduzem a Carta de Baralho e a Imagem, a mais completa, e que seré objeto de nosso estudo. Comercialmen- te, identificada pelo codigo JM.C. No.12273/151 2. Léminas que apresentam apenas a Imagem e um texto poético, em francés ou inglés, em substituiggo 4 Carta de Baralho. fd * Os Sete Principios Herméticos ‘Quando tentamos dar os primeiros passos no Esoterismo, seja através do estudo da Astrologia, da Cabala, da Numerologia, do Tard ¢ de tantos outros caminhos, em geral enfrentamos grande diliculda- de. Ficamos confuses ¢ perdides com a avalanche de termos ¢ conceitos que temos de dominar, dos paradexos que temos de enfrentar. Se nao tivermos muita perseveranga € um desejo autén- tico de crescer e de mudar, desistimos. Isto resulta, principalmen- te, da falta de um embasamento tedrico/filosdfico das principios que fundamentam a tradigéo esotérica. O conhecimento destes principios universais podem facilitar, € muito, o nosso avango por estes caminhos. Com base no exposto, transcreverei esses principios, magnificamente compilados no pequeno livro “The Kybalion", publicado em 1912, creditado a autores desconhecidos que assinaram apenas "Trés |ni- ciados”. Sio eles: 1. Principio do Mentalismo O Todo é Mente; o Universo é Mental. 2. Principio da Correspondéncia Assim como em cima, assim é embaixo; assim como embaixo, assim é em cima 3. Principio da Vibragao Nada permanece estdtico, todas as coisas se mavem e vibram. 4, Principio da Polaridade Tudo é dual; tudo possui pdlos; todas as coisas sdo constit das por pares opostos; os opastos sao idéntices em natureza mas diferentes em grau; 05 extremos se encontram; todas as verdades sio apenas meias verdades; todos os paradexos po- dem ser harmonizados. 19 5. Principio do Ritmo Tudo flui, para dentro e para fora; tudo tem sua ocasido; todas a5 colsas sobem e descem; a medida da oscilagio para a es- querda é a medida da escilagge para a direita; o ritmo se equi- libra. 6. Principio da Causalidade Toda Causa produz um Efeite; todo Efeito tem sua Causa, todas as coisas acontecem de acordo com uma ordenagdo; 0 acaso é apenas um nome para uma lei nfo reconhecida; existe muitos niveis de causalidade mas nenhum escapa da Lei Universal. 7, Principio do Género © género esti em tudo, tudo tem os seus principios Masculino e Feminino, o género se manifesta em todos as planos. © Baralho Petit Lenormand, por estar perfeitamente enquadra- do ¢ alinhado a esses principios — como poderemos observar, a seguir, na andlise de seus aspectos estraturais — constitui-se num valiese instrumento para o auto-conhecimento e desenvol- vimento pessoal. 20 * Estrutura do Baralho Petit Lenormand Visando facilitar 0 estudo e 0 entendimento deste ordcule, apre- sentarei suas cartas inicialmente classificadas segundo o Neipe e, em seguida, classificadas segundo a Numeragdo. | - Classificagao das cartas segundo os naipes Esta abordagem visa: 1. facilitar a compieensio do significado das mensagens contidas nas cartes, pois estaremos focalizando as diversas motivagdes que atuam e influenciam o ser humano no seu cotidiano de forma sistematica; 9. analisar em profundidade os conceitos basicos da Astrologia, Cabala, Tard, Numerologia ¢ Arquétipos utilizados por Mlle. Lenormand na criagdo deste Baralho, aparentemente simples & primeira vista, mas que encerra em si conhecimentos profundos ¢ aspectos simbélicos inesgotdveis, Esta é a armadilha prepara- da para aqueles que se aproximam deste oréculo de maneira superficial, usando-o apenas no seu cardter popular — adivi- nhar o futuro — quando, na verdade, ele € poderoso instru- mento de auto-conhecimento e crescimento pessoal para aque- les que saibam meditar, analisar ¢ estudé-lo em profundidade. As 36 cartas do Baralho Petit Lenormand devem ser analisadas obedecendo-se a ordem dos Naipes encontrada nos Arcanos Menores do Taré que por sua vez, obedecem aos principios esta- belecidos pela Cabala, como se segue: Cartas Numeradas Cartas da Corte Paus * As 678910 Valete Reinha Rei Copas ¥ As 6789 10 Valete Rainha Rei Espada =f As6 789 10 Valete Rainha Rei Ours * As 6789 10 Valete Rainha Rei 21 * Os Naipes Os Naipes esto associados ¢ expressam a teoria dos Elementos. Os Elementos referem-se as forcas ou energias witais que formam toda a Criacdo percebida em comum pelos seres humanos. Eles revelam a capacicade de participar de certas esferas da existéncia € de sintonizarem-se com dreas especificas de experiéncia de vida. Esses elementos — & bom que fique claro — nada tém que ver com os elementos da Quimica e, na realidade, transcendem-nos completamente. O conceito “Elementos” aparece em diversas culturas da Antigui- dade, Nesta pesquisa utilizaremos os princ{pios estabelecidos pela tradigdo astrolégica e pelas doutrinas dos fildsofos gregos, Segun- do esta linha de pensamento filoséfico, a natureza possui ao todo. quatro elementos bésicos, também chamados "rafzes”: Fogo, Ter- ta, Are Agua, Todas as transformagdes da natureza resultam da Interagio desses quatro elementos, que depois, novamente, sepa- ram-se um do outro. Assim, tem-se uma ordem quaterndrla que se traduz por natureza, temperamentos, etapas e manifestagdes da wida humana. Elementos Fogo Terra Ar Agua Caracteristicas Aquecer Manter Estriar Fluit Estagbes: Primavera Vero Cutono Invern Ser Humane: Voluntatioso Realista Racional Sentimental Temperamentos Colético Melancdlice Sanguineo —‘Fleumatico Ftapas da Vida Infancia dJuventude — Maturidade —Velice Operacdes Alquimicas Calcinatio — Coagulatia -— Sublimatio. Solutio Funedes da Psique Intuigda Sensagée Pensamento Sentiments Expresso Amorosa Ideslizada Sensual Intelectual — Romntica Estilo de Trabalho Dinimice —--Pratico Tebrico Enacional Orientagée Expiritual —Teolagia Citncias Filosatie Metalisica Naipes do Taré Paus Ours Espadas Copas 23 No Tard, essencialmente ligaclo a tradigdo cabalistica, encontrames os quatro Naipes ou Elementos clasificados numa ordem diversa 4 antericrmente apresentada, a astralégica, No enfoque cabalfstica, os elementos apresentam-se na seqiiéncia: Fogo, Agua, Are Ter- ta, ordem esta que explicita o Plano Divino da Criagéo. A Cabala descreve 0 universo coma sendo dividide em quatro mundos: 1, Atziluth — Fogo Fundamental: o Mundo da Emanagao, 0 mundo do Espirito Puro que ativa todos os outros mundos e que dele derivam, Representa a inteligéncia, © divino, o inconsciente saletivo, © arquétipo. Neste mundo nada mais hé sendo o re- Hlexe dos dez atributos divinos e os Dez Names de Deus, cada qual relacionado a um atributo. @. Briah — Agua Fundamental: o Mundo da Criagdo, o nivel de intelecto pura, Representa o amor, o inconsciente individual, © divino no humano. Neste mundo, habitado por seres angelicais, encontramos a idéia original da Criagdo, o potencial, a semente de tudo o que existe. 3. Yetzirah — Ar Fundamental: 0 Mundo da Formagiio, onde sio encontrados os sutis ¢ efémeros padrdes subjacentes a matéria. Representa a luta, o consciente, os atos da realizagdo humana. Este mundo, habitado pelas hostes angelicais, é 0 mundo pla- netério, onde a idéia adquire forma, composta de matéria as- tral, e onde a sepatagdo ja se distingue em elementos relativa- mente independentes. E neste plano que ocorre a separagio dos aspectos masculino ¢ feminine, o que explica 0 relato duplo da ctiagdo de ser humano em Génesis 1,27 e Genesis 9,7. 4. Assiah — Terra Fundamental: 0 Mundo da Agdo, que contém tanto o mundo Hsico das sensagSes como as energias invisiveis da matéria, Representa o corpo, a matéria onde os atos se concretizam. Este é 0 mundo fisico @ sensorial, a Criagdo no seu maior grau de materialidade, 05 reinos mineral, vegetal ¢ animal. Este €.0 local onde o ser humano habita desde a Queda, quan- do perdeu o direita a0 Aabitat original para o qual foi criado (Mundo de Yetzirah), onde recebeu um corpo denso sobre 24 seu corpo astral original, 2 onde deverd trabalhar pela fecupera- gio de seu estagio evolutivo anterior, ¢, além disso, pela evo- lugdo e testauragdo de toda a Criagio ao seu estado original, Unidade e ao retorno a Fonte. Os Arcanos Menores do Tard descrevem ¢ sintetizam, simbolica- mente, esse processo da Criagio Divina. Cada Naipe est relacic- nado a um dos mundos: Paus 4 Atziluth, Copas a Binah, Espacas 3 Yetzirah ¢ Ouros a Assiah. 25 * Polaridade e Género Anteriormente, quando analisamos os Sete Prineipios Herméticos que fundamentam todo o conhecimente esotérica, tomamos co- nhecimento de que “tudo é dual; tudo possui pélos; todas as coisas sio constituldas por pares opostos” e que “o género estd em tude; tudo tem seus principios Masculino e Feminino, o género se manifesta em todos os planos”, Os Elementos expressam esses principios em suas manifestagdes 1, Fogo e Ar: evidenciam o principio Ativo, Masculino, Positive, Yang. 9, Terra e Agua: evidenciam o principio Passivo, Feminine, Negative, Yin. Em todo processo criativo faz-se necessério 0 concurso destas duas forgas, uma das quais teré de estar em ago, exaurindo-se para chegar a um estado de equillbrio, enquanto a outra permanecerd inerte, em potencial, 3 espera de estimulo. Esta dlima, a forga feminina, pode ser comparada a uma carga de dinamite, em cujas partfculas esté concentrada a energia em forma latente, enquanto que a primeira, a forga masculina, pode ser comparada a uma chis- pa elétrica ou a um golpe que detona, libzrando a energia laterte. Estas forgas, logicamente, estéo presentes ¢ atuantes nos seres humanos, Todo ser humano deve ser considerado sob dois aspec- tos: como uma individualidade ou totalidade ¢ como uma persona- lidade ou forma externa. Em sua individualidade, o ser humano é bilateral, positive e negative, tem uma fase dindmica e outra esté- tica, e , portanto, “masculino ¢ feminino” ou “feminine e maseu- lino” de acordo com a relagdo existente entre “forga” ¢ “arma” em sua estrutura. A personalidade, porém, € unilateral e tem um sexo definido: temos um corpo fisico ou forma, no qual a configuragio dos Stgdos geradores determina a parte que desempenharemos na polaridade da vida. Procuraremos, a seguir, dar uma idéia das motivagSes e energias relacionadas a cada Naipe. Os quatro Naipes — Paus, Copas, QT Espadas e Quros — descrevem alegoricamente as experiéncias nas quatro dimensées da vida, Através deles podemos vislumbrar as experiéncias da vida cotidiana, com as quais nos deparamos atra- vés de situagées as mais diversas: negécios, relacionamentos, opor- tunidades, desafios, imprevistos, bem como os estados de espirito que vivenciamos. Conseqiientemente, essas qualidades ou motiva- gdes podem se manifestar de forma positiva ou negativa, Todos nés, a cada momento, estamos buseande algo — alguns lutam por poder, outros por espiritualidade, uns por riqueza ou seguranga, ‘outros procuram experiéncias emocionais ou prazer ao nivel sensu- al. Harmonizar, conciliar todos estes apelos ¢ motivagdes nao é tarela facil. Cabe a nés, uma vez deles conscientes, usar de nosso Livre Arbitrio para canelizé-los adequadamente, estabelecendo, assim, um equilfbrio dos niveis espiritual, emocional, intelectual ¢ ffsico que integram © nosso ser Paus: est associado ao elemento Fogo e 8 polaridade Masculina/ Positiva, representando a inteligéncia, © divino, o inconsciente coletivo. Representa a Intuigdo, a agdo, o entusiasmo, a energia, 0 movimento, o desejo de aventura, a criatividade, os projetos, © otimismo, a paixdo, a vitalidade, a lideranga, © impulso sexual, a coragem, a Indepencléncia e a auto-confianga. A vibrag3o negativa de Paus gera a apatia, o pessimismo, a estagnacio, a imprudéncia, © egoismo, os bloqueios ¢ as perdas. Copas: esté associado ao elemento Agua ¢ 4 polaridace Feminina/ Negativa, representando o amor, o inconsciente individual, o divi no no humano. Representa o amor, a emogdo, a amizade, os sen- timentos, a fantasia, a receptividade, a profundidade, a paz, a idade, a protegic, 2 nutrigio, a sensibilidade, as artes, as religiées, © instinte, a abnegagao ea meméria. A vibragdo de Copas, téo sutil e maravilhosa, pode ser usada negativamente ge- rando a acomodagao, 4 preguiga, os sentimentos vingativos, a inse- guranga, @ inconsisténcia ¢ a dependéncia. inti Espadas: estd associado ao elemento Are a polaridade Masculi- na/Positiva, representando os atos da realizagdo humana, a luta, o 28 consciente. Representa o processo intelectual ¢ mental, a razio, a légica, © conflito, o movimento, o pensamente, a comunicagdo, a flexibilidade, 0 relacionamento, a inquietagao, a bravura, a luta, a critica, a abstragéo, a teoria e a andlise. A vibragéo negativa de Espadas gera a dor, os sofrimentos, a violéncia, a morte, a destrui- cio, a indisciplina e 0 medo. Quros: esté associado ao elemento Terra ¢ a polaridade Feminina/ Negativa, representande © corpo, a matéria onde os atos se con- cretizam, Representa a riqueza, a realizagio material, a estabilida- de, 0 corpo fisica, a seguranga, o senso pritico, a lertilidade, o controle, 2 ordem, o trabalho, a economia, a estebilidade, a per- severanga, a concretizacdio, a propriedade e as tradigdes. A vibra- gdo negativa de Ouros gera a luxtiria, a avareza, 0 oportunismo, & cobiga, a incapacidade lisica, a comupgdo ¢ a rigidez. 29 * Cartas da Corte Se os Naipes estio associados aos Elementos, como vimos anteri- ormente, a8 Cartas da Corte, através das figuras do Rei, da Rainha edo Valete, expressam ¢ manifestam os Moclos de Agio da As- trologia, que sdo trés: Cardinal, Fixo ¢ Mutavel. Os Modos de Aco expressam os Principios Herméticos da Vi- bracdo ¢ do Ritmo. A dindmica universal tem duas manifestagées basicas: Impulso (Movimento Linear) ¢ Estabilidade (Movimento Rotatério). Estas duas manifestagdes criam uma terceira, que se caractetiza por um movimento pendular ¢ representa a forca de equilibrio entre ambas: a Mutabilidade (Movimento Vibratério). Através da andlise de cada uma das Figuras da Corte que constam do Baralho, podemos salientar os tragos marcantes, tanto positivos coma negatives, destas dindmicas: Rei: expressando o modo Cardinal (Impulso), € autoritério, forte e cheio de energia para organizar. Reflete a forma criativa e empre- endedora de se relacionar com a vida; a vontade forte de atingir metas @ realizar suas ambigdes. Correlaciona-se com o principio da agio e simboliza 0 inicio de movimento de energia numa direcio definida, Sua tendéncia natural positiva é expressa através da ca- pacidade de empreender, da eficdcia e positividade, da agressividade e criatividade, da consciéncia de si mesmo, da von- tade de realizar ¢ da independéncia. Indica atividade, energia, coragem, iniciativa e audécia, © abuso ou exagero desses traces gera a busca exacerbada de si mesmo, o deseja de dominagae total de todas as situagdes, a impaciéncia para com os outros, a cruelda- de extrema, a tendéncia a0 oportunismo, a irreflexdo, o despotis- mo, a dispersio ¢ 0 orgulho. Rainha: expressando o modo Fixo (Estabilidade}, & consistente, persistente, leal e confidvel e, em geral, muito paciente. E a ima- gem da estabilidade, da receptividade, da protegdo ¢ nutrigdo. Representa a energia concentrada acumulada internamente em dire- gd a um centro ow irradiando-se externamente a partir de um centro. Sva tendéncia natural positiva é expressa pela coeréncia, lealdade e seguranga, paciéncia e persisténcia, grande reserva de forga e intencionalidade, Indica a realizagdo, a concentragdo, a 31 constancia ¢ a reflexde. O abuso ou exagero desses tragos gera a teimosia, a Intransigéncia, o fanatismo, a frieca, o egolsmo e a tendéncia ao enfade 8 inanigdo. Presa dos habitos rotinas, tende 4 posse de tude e a resisténcia a qualquer mudanca, mesmo que haja a possibilidade de ela ser benética, Valete: expressando o modo Mutdvel (Flexibilidade), é adaptavel e volétil, sempre disposto a muday as condigées do ambiente que o cerca. Estd sempre buscando novas metas ou desafios. Cortelaciona-se com flexibilidade e mudanga constante ¢ pode ser concebide como um padrdo espiralado de energia. Sua tendéncia natural positiva ¢ expressa pela facilidade de adaptacio, capacida- de de tirar 0 méximo do minimo, complacéncia diante das palavras € das pessoas, apreensao facil de novos métodos ¢ capacidade de ver todas as safdas. Indica sensibilidade, maleabilidade e percep- 80. O abuso ou exagero desses tragos gera a tendéncia a perder a autonomia e o objetivo, levando & Inconsténcia, ao uso indiscriminado das palaveas e descuido na escolha de amigos, a falta de perseveranca e percepcao de detalhes, negligenciando a visio global das questées. A combinagio dos fatores anteriormente descritos — 05 quatro “Elementos" @ os trés "Mados de Acgio” — permitird a definicdo dos doze "Signos Astrolégicos”. Conseqiientemente, na medida em que associamos cada Figura da Corte com um Naipe estamos, em realicade, enfocando um Signe Astrolégice, como demonstra- do no quadro que se segue: Cardinal Fixo Mutérel Rei Rainha Valete Fogo/ Mase /Paus Aries Leae Sagitério Agua/Fem,/Copas Cincer Escorplio Peinzs Mase./Espadas Libra Aguétio Gimeos Tetta/Fem./Quras Capricénie Toure Virgen Minha intengdo a0 enforcar este aspecto ¢ motivar o leitor ao estudo e 8 analise dos Signas Astrolégicos. Existem centenas de liveos que tratam desse assunto, alguns deles mencionades na bibli- ografia no final desta pesquisa. Este conhecimento poderd ajuda-lo muito na ampliagda € enriquecimento dos aspectos adivinhatérios destas Cartas, 32 * Cartas Numeradas Ao adotarmos 0 critério de agrupar as laminas do Baralho Petit Lenormand por Naipes, um fate, de imediato, chama a nossa aten- sao: Mille, Lenormand nao incluiu as cartas de némero 2, 3, 4 e 5, optando apenas pela incluso das cartas de nimero 1 (As), 6, 7, 8, 9 e 10, A justificativa para este pracedimento nos é dada pela Numerologia. O ndmero 1 (As) simboliza o Absolute, a Divindade, a Unidade, o Todo. Eo masculine € 0 positive, o Pai Criador do Universo, o Sed’ Nao Ser, o Grande Cosmo. Como tal, jamais pode ser exeluido. Os niimeros 2, 3, 4 ¢ 5 descrevem ¢ estdo relacionados ao Pro- cesso da Criagdo — a Unidade se diferencia (Bindrio), organiza (Ternario), realiza (Quaterndtio) ¢ se exprime pela Vida (Quindtio). Este processe constitui, de certo moda, um caminha de involugio, de descida para matéria, que o Absoluto realiza por Puro Amor. Come tal, uma prerrogativa exclusiva da Divindade. J4 05 ndmeros 6, 7, 8, 9 e 10 descrevem e estdo relacionados a Queda do Ser Humano. Por oposigdo, a segunda metade da série mostra o caminho do Retorno. Eo caminho que sequem as individu alidaces criadas na matéria para retornar & Unidade, ao Absoluto Com base nestes principios, podemos werificar que a exclusdo feita é plenamente justificével e acertada. Mlle. Lenormand, ao criar este Baralho, excluiu essas cartas por pertencerem ao Processo de Criagdo Divina. Prolunda conhecedora da sabedoria antiga, estava interessada em criar um ordculo eminentemente pratico e essencial- mente voltado aos aspectos materiais, ao cotidiano do ser humano depois da Queda e que pudesse de alguma forma avxilid-lo em seu processo de crescimento € de retorno 4 Unidade. © Namero € 0 arquétipe mais puro que Introduz § compreensio do Cosmo, que € 0 Mundo Ordenado, Nao é posstvel precisar a origem dos Numeros, mas a Antiguidade teve cultores da Mate- mética que estudaram esta questo a fundo e estabeleceram gran- 33 des principios. Um dos mais famosos matematicos do passado foi Pitégoras, fildésolo grego do século VI a.C., que racionalizou os nimeros num sistema funcional. Pitégoras também ensinava que os nimeros tinham o seu lado mistico, o que ligou-o 4 magia ¢ as filosofias esotéricas. Este fildsofo deu origem ao movimento deno- minado Pitagorismo, que considera como essencial o papel dos niimeros na Natureza. Em gpoca mais recente, Dr. Carl Gustav Jung considerou que os ntimeros ndo haviam sido inventados, mas sim descobertos, jd que sio produtos espontineos do inconscien- te, o qual utiliza-os como fator de ordenagio. O Tao Te King nes ensina: “Tao gera o 1, 0 1 gerao 2, 0 2 gera o 3, 0 3 gera os Dez Mil Seres”. Assim, cada nimero tende a engendrar um ndme- ro superior: o 1 engendra o 2, o @ engendra o 3 e assim por diante, porque cada um deles é impelido a ultrapassar seus limites e@, concomitantemente, tem a necessidade de um oposto ou de um parceito. Logo, segundo esta linka de pensamento, atribuem-se aos ndmeros os impulsos dos seres vives. A titulo de complementagdo faremos, a seguir, uma breve descrigha dos seus significados: 1. Unidade. Representa a Divindade ou o Absolute. O Um é também o Principio. Apesar de ndo manifestado, é dele que emena toda a manifestagdo ¢ é a ele que ela retorna, esgotada sua exist@ncia ef€mera; é 0 principio ativo e criador. Ele é o simbolo do ser humano em pé — unico ser vivo que usufrui dessa faculdade, a ponte de certos antropélogos fazerem da verticalidade um sinal distintivo do homem ainda mais radical do que a razdo, O Um encontra-se igualmente nas imagens da pectra erguida, do falo ereto, do bastio vertical — representa o homem ative, associado § obra da criagdo. 2. Duelidade. Representa a resultante do Gesto Divino para to- mar consciéncia de $) Préprio. O Absolut, para tomar cons- ciércia de Si Mesmo, deve Se diferenciar — pela confronta- ga0 entre Si, as partes se distinguem. A mSnada se transforma em consciéncia, Surge assim a dualidade que est& na base de toda operagio de reflexio, de reflex. Simbolo de oposicao 34 e de conflito, esse niimero indica o equilibrio realizado ou as ameagas latentes. E a cia de todas as ambivaléncias e dos desdobramentos; € a primeira e a mais radical das divis6es (o criado e a criatura, o branco e o preto, o macho ea fémea, a matéria eo espirito ), acuela da qual decorrem todas as ou- tras. © Dois exprime um antagonismo que de latente se torna manifesto, rivalidade e reciprocidade, que tanto podem ser de édio quanto de amor; uma oposigg0, que pode ser contrd- fia e incompativel mas também complementar e fecunda, Criagdo, Equilibrio, Plenisude. © Trés é o desdobramento do Um que torna a este cognoscivel. Ele simboliza o Ser Primor- dial. © Trés é, universalmente, um ntimero fundamental; expri- mea orem intelectual e espiritual em Deus, no Cosmo eno ser humano. Eo nimero perfeite, a expressio da totalidade, da conclusdo e nada pode sera ele acrescentado. Indica simultanea- mente a identidade Gnica de um ser ¢ a sua multiplicidade inter- na; a Sua permanéncia relativa ¢ a mobilidade de seus compo- nentes; a autonomia imanente ¢ a sua dependéncia. © ternério traduz tanto a dialética ao exercicia ldgico do pensamento quanto o movimento na Fisica ¢ a vida na Biologia. Agio, Realizagio, Poder. OQ Quatro estabiliza e torna visivel a totalidade individual, demarca limites e est fundamental mente ligado 4 Tera. As significagdes simbélicas do Quatro ligam-se 4s do quadrado e da cruz; é utilizado para significar o slide, o tangfvel, o sensivel. Sua relagio com a cruz faz dele um simbolo incomparavel de plenitude, de universalidade. O cruzamento de um meridiano ¢ de um paralelo divide o plane- ta Terra em quatro setores. Em todos os continentes, chefes e reis, a0 longe da Histéria, foram chamados de senhores dos quatro mares, dos quatro sdis, 0 que pode significar, ao mes- mo tempo, a extensdo da superlicie de seu poder ¢ a totalida- de desse poder sobre os atas de seus stidites. Existem quatro pontos cardeais, quatro ventos, quatro fases da lua, quatro estagSes, quatro humores, quatro letras no nome de Deus CYHVH) e no do primei-o ser criado (ADAM). 35 36 © Ser Césmico, Quinta-Esséncia. © Cinco representa o porto de jungdo entre dois mundos: horizontal /vertical ou terrestre/ divino. Por estar situado na posigdo central dos nove primei- ros nimetos & considerado © simbolo da unio; o némero nupcial, segundo os Pitagéricos; o numero da harmonia, do centro ¢ do equilibrio. O pentagrama é 0 emblema do amor ctiador ¢ da beleza viva, do equilibrio da satide do corpo que, projegdo da Alma no plano matevial, reflete como ela o Grande Ritmo. Ele é 0 simbolo do Ser Césmico: o ser huma- no, de bracos e pernas abertos, parece dispasto em forma de estrela de cinco pontas. Espelha e reflete a Vontade Divina que ndo pode desejar senfo a ordem e a perfeicio. © Ser Humano Expulse do Parafso. O Seis representa o prin- cipio de forgas contrarias em equilibrio, Marca a oposigdo da eriatura face ao Criador num equilibrio indefinido, ¢ nesse sentido, pode tornar-se o simbolo da queda,-O Cinco Avndrégino dard o Seis, ou seja, o homem terndrio e a mulher terndria. O Seis torna-se assim 0 simbolo da separacdo e da sexualidade (sik, sex, sexo). E por isso que o Espirito/ Yang procura seu complemente Corpo/Yin. Séo os movimentos pri- mordiais do homem a procura do "corpo" feminino ou da mulher em busca do “espirito” masculine, criando toda a difi- culdace do encentro que, embora complementar, é com fre- qiléncia vivide como oposigéo. Toda ambivaléncia do Seis resulta do fato de que ele retine dois complexes de atividades terndrias e, como tal, pode inclinar-se para o bem, mas tam- bém para o mal; em diregio a unigo com o Absoluto, mas também em diego a revolta. Eo ndmero dos dons recfpro- cos e dos antagonismos, o ndmero do destino. Ser Humano Terrestre, a Busca do Saber e Perleiggo. O Sete vai recriar, localizar 0 que se havia perdide no movimento de separacac, de dilatagdo. No Plano Divino — 0 Reino Celestial ea Terra —, tudo estd dividide em segdes de sete ov em Sete Raios. A esfera de atividade desses Raios, seus Direto- res @ seus Arcanjos sdo: Rsio Cor Atribotos Ditetor/Diretora Arcanjos Anil Vontade, Fé, Poder Mestre El Morya Miguel Ouro Sabedoria, lluminagao- Mestre Conficio Jofiel Rosa Amat, Beleza, Adoragéo — Mestra Rowena Samuel Branco Paureza, Ascenso Mestre Serapis Bay Gabriel Verde Verdade, Lei Mestre Hilarion Rafael Rubi Paz, Colaboragio Mestea Nada Unie! Violeta. Misericdrdia, Liberdade Mestre Saint Germain Ezequiel A ele € atribuida a perfeigdo do Espitita Santo que verte na alma sete dons: Sabedoria, Inteligéncia, Ciéncia, Conselho, Forga, Com- paixio e Amor a Deus. O Sete designa a totalidede das ordens planetdrias e angélicas, das moradas celestes, da ordem moral e das energias espirituais. E © simbolo da vide eterna e da perleigdo dinimica, Ele indica o sentido de uma mudanga depois de um ciclo conclude ¢ de uma renowagdo positiva; € a totalidade do universo em movimento. 8. Ser Humano Transformado, Morte. O Oito representa o prin cipio da transformagdo, da liberagdo kérmica, da salvagdo, da Santidade. Ele € 0 ntimero da morte, da dissolugao, ponto final da evalugdo terrestre que levaa transformagao, chave de passagem do terrestre ao celeste. E o emblema do equilibrio central, da Justiga. Quanto ao Oitavo Dia, que sucede aos seis da criagio e ao shabat, ele € o simbolo da ressurreigdo, da transfiguragdo, antincio da era futura eterna; comporka ndo s6 a ressurreigdo do Cristo, mas também a do ser humane e, como tal, € 0 nimero do Novo Testamento. Ser Humano Realizado, Porta Divina. O Nove exprime a idéia de concentragdo, de acumulagao, de forca e de plena realiza- gio. Ele pode ser concebido como ponto de chegada ou de partida de uma nova série que se iniciard como Dez. E a Porta Divina, a escada de nove degraus que representa as nove etapas em direcdo ao Divine. O Nove tem um valor ritual: é a medida das gestagdes, das buscas proveltosas ¢ simboliza o 37 coroamento dos esforcos, o término de uma criagdo. Os An- jos, segunce Dionisio, o Areapagita, sio hierarquizados em nove cores ou trés triades: a perteigio na perfeigda, a ordem na ordem, a unidade na unidade. Sendo o dltimo da série dos algarismos, o Nove anuncia ao mesmo tempo um, fim e@ um fecomega; uma transposigdo para um nove plano. Ultimo dos ntimeros do universo manifesto, ele abre a fase das transmutagces — exprime o fim de um cicla, o término de uma jornada, o fecho do circulo. 10, Ser Humana Uno, o Retorno 4 Unidade. O Dez representa a Criagdo acabada e perfeita; traz consigo 0 sentido da conelu- sdo, do retorno ao Pai apds 9 ciclo de desenvalvimento. Sim- bolicamente ¢ representado pela postura das maos nas preces: juntas, a Unidade; entrelacacas, o ctuzamento dos dois mun- dos — Material ¢ Espiritual. Para os Pitagéricos ele tem um sentido de totalidade, de conclusio, termo ¢ remate; o senti- do de volta a unidade, depois do desenvalvimento do ciclo dos nove primeiros niimeros. A dezena era, para esta escola filoséfica, o mais sagrado dos némeros, o simbolo da criagio universal. Se tudo deriva dela, tudo a ela retorna, conseqiien- temente, ela é também a imagem da totalidade em movimen- to. Totalizador, acima de tudo, o niimera dez aparece no Decdlogo, gue simboliza 0 conjunto de dez mandamentos que se résumem em um, Il - Classificagdo das cartas segundo a sua numeragdo Tudo indica que Mlle. Lenormand, para ordenar as |Sminas de 1 a 36, preocupou-se com 9 simbolismo global de cada lamina — Carta de Baralho ¢ Imagem — e, estabeleceu esse arranjo, levan« do em conta os principios bésicos da Numerologia e, muito prova- velmente, o simbalismo dos Arcanos Maiores do Tard, em especi- al os nove prime'ros. Um dos postulaces basicos da Numerolagia nos afirma que todos os ntimeros se reduzem a um nico algarismo, compreendide entre ondmero 1 2 ondmero 9, Exemplificando, as cartas 10, 19 & 38 28, segundo esse principio, sio apenas uma ampliagio do ndémero 1. Provavelmente Mile. Lenormand, utilizando-se deste principio, ordenou seu Baralho, como se segue: Tar Baralho Petit Lenormand Mago O1- Cavaleire 10+ Foice 19- Torte 28. Cavalheiro Sacerdotisa 09+ Trevo 11. Chicotes 90. Jardim 29- Dama Imperatriz 03- Navio 19- Conjas = 21- Montanha 30- Lftios Imperador O4- Casa 13- Crianga 92. Caminhos 3 1- Sal Hierofante 05+ Awore 14+ Reposa 93 Ratas 32- Lua Amantes 6- Nuvens —15- Urso 94. Coragio —-33- Chave Catto 7 Serpente 16+ Estrelas — 25- Anel 34- Peines dustiga O8- Cainio 17+ Cegonhas 26+ Livro 35- Ancora Eremita 09- Buqué 18- Cio 97- Cate 36- Cruz Avnalisando cada uma das linkas acima obteremos, tomande como referéncia o Taré, nowe Grandes Caminhos, cada um deles englo- bande quatro cartas e suas respectivas motivacdes: Liha 1 — Caminho oa Influéncia e da Forca — Yang Carta Of: indica que a ago correta e ousada, a aber- tura para o novo, o espirito de lideranga (Cavaleiro), possibilita a realizagdo de um sonho, a concretizagdo de um ptojete ou uma uniga afetiva (9 de Copas). Carta 70: enfatiza que em todo processo de transfor- magia e mudanga, somos forgacos a realizar cortes € ajustes para restabelecer o equilibrio necessdrio (Foi- ce}, e, ao mesmo tempo, enfrentar o trabalho duro, ro- tineiro, sem esmorecer ou perder a alegria de viver (Va- lete de Ouros); Carta 19. indica a necessidade de desenvolvermos a capacidade de reflexo e anilise para melhor equacionar os problemas da vida (Torre), para s6 entdo partir para a luta, enfrentando os desafios de peito aberto (6 de Espadas), 39 Carts 28: designa o Homem, aquele que conseguiu harmonizar ¢ equilibrar seu género bio!égico, masculi- no (Cavalheiro), com os aspectos emocionais ¢ femi- ninos no intime de sew ser (As de Copas). Linka 2 — Caminho de Paciéneia, dix Prontidfo e do Conhecimento frtuitive — Yin Carta 02. enfatiza a importancia de mantermos a con- fianga e de buscarmos a sabedoria interior para enfren- tar es situagdes adversas da vida (Trevo), ¢, a0 mes- mo tempo, exercitarmos nossa capacidade de dar e de estamos abertos para receber ajuda, protegao, genero- sidade, bondade ¢ compassividade (6 de Ouros). Carta 11+ indica a forga espiritual e intuigSo para res- tabelecer a harmonia, principalmente no lar, quando surgem as discérdias (Chicotes), buscando novas al- temativas, quebrando rotinas com jovialidade e oti- mismo (Valete de Pus), Carta £0; salienta a capacidade de cuidar, embelezar e defender o seu dominio, nutrindo e protegendo os que ihe so préximos (Jardim), até mesmo diante das situagGes mais adversas e opressivas, quando o medo domina e tudo leva a crer que nao existe uma saida (8 de Espadas), Carta 29: Designa a Mulher, aquela que conseguiu harmonizar ¢ equilibrar seu género biolégico, feminino (Dama), com os aspectos racionais ¢ masculinos no intima de seu ser (As de Espadas). Links 3 — Caminho dls Razdo, os Criatividade e do Crescimento Carts 03: convida a expandir, a explorar noves hori- zontes, a dar um novo rumo a trajetdria de nossa exis- téncie CNavio), principalmente quando nos sentimos desmotivados, derrotadas, frustrados e sem esperan- gas (10 de Espadas). 40 Carta 12: ressalta a capacidade de enfrentar a dor, com sabedoria e inteligéncia, sem nos deixarmos do- minar pelas emog6es; aconselha a compartilhar nossas dificuldades com alguém (Corujas), pois sé assim po- deremos encarar a dificil tarefa de tomar uma decisdo diante de um impasse (7 de Ouros). Carta 217; enfatiza a necessidade de, apés criteriosa avaliagao da situagdo, enfrentarmos os desafios ou ini- migos com equilfbrio, firmeza e perseveranga (Monta- nha); para tanto, devemos aguardar o momento pro- picio, quando as condigdes mostrarem-se favordveis & nos sentirmos seguros e confiantes quanto ao resulta- do esperado (8 de Paus). Carta 20; a busca da paz, da tranaililidade, da har- monia ou de uma nova perspectiva para a nossa vida (Litios), 86 poderé ser alcangada quando agirmos coma vercladeiras lideres, racionalmente planejande e esta- belecendo estratégias adequadas aos desafios que a todo momento surgem em nosso caminho (Rei de Es- padas). linha 4 — Caminho do Poder, Disciplina e Riqueza Carta O4; a seguranga material, a familia € a protecdo afetiva sdo necessdrias para que possamos atuar no mundo (Casa), mas o fundamental é desenvolvermos nossa auto-confianga @ auto-estima; se ndo amamos a nés mesmos, no poderemos amar, servir e proteger os que nos sio préximos (Rei de Copas). Carta 13: enfatiza a necessidade de nos livrarmos de todo tipo de PrevengSes € preconceitos, de encarar- mos a vida com alegria e otimismo, sempre abertes para o novo (Crianga), Isso implica mantermos a men- te aberta ¢ flexivel, desenvolvermos a nossa capacida- de de comunicagao, através de estudo e da pesquisa (Valete de Espadas). 41 Carta 29: denota as escolhas e decisées responsé- veis, a forga de vontade e a persisténcia (Caminhos), que sdo extremamente necessdrias para enfrentarmos a forga instintiva que nos anima e nos incita 4 busca do prazer sem limites; esta mesma forga, bem canalizada, gera a abundancia ¢ a prosperidade (Rainha de Ouro). Carla 37: ressalta a vitalidade, a forga, a auto-confi- anga, a garra, 0 otimismo, a consciéncia e a clareza de propésites (Sol) como condicées bisicas e necessdrias para concretizarmos a realizagdo material, a riqueza ¢ a prosperidade que tanto sonhamos (As de Ouros). Linka 5 — Caminhe do Equilibria, da Vitalidade e do 42 Reconhecimento Carta OF: revela-nos que a busca do crescimento e da prosperidade dependem do correto balanceamento dos aspectos materiais @ espirituais de nossa existéncia e de guiarmo-nas por elevados principios éticos e morais, ali- ados & avaliagdo criteriosa e racional das possibilidades dos recursos disponiveis (Arvore), ao invés de perma- necermos iludicos, fantasiando, envolvides apenas pelas aparéncias ¢ glamour das coisas (7 de Copas). Carta t4: ressalta a importancia da flexibilidade, da esperteza e da sagacidade como qualidades essenciais & nossa sobrevivéncia ¢ como o exercicio dessas qua- lidades pode ajudar a evitar sérios prejuizos e perdas (Raposa) principalmente quando os embates da vida id exauriram todas as nossas forgas € energias ¢ ainda somos forgados a enfrentar mais desafios (9 de Paus). Carts 23: chama a nossa atengdo para o desgaste ex- cessivo de energias que afeta nossa satide e proveca muites danos ¢ perdas (Ratos), resultantes da compe- tigdo acitrada de toda sorte a que estamos expostos, e que sé um caréter integro, forte e corajoso € capaz de lhe fazer frente (7 de Paus). Linke 6 — Carta 22; ressalta 08 aspectos emocionais ¢ ciclicos da vida; chama-nos a relletir sobre a nossa necessida- de de reconhecimento e aprovagio publica, inclta a conhecer ¢ respeitar as nossas reais necessidades inte- riores (Lua). Este processo, que implica mergulhar- mos no mais fundo do nosso ser, na maloria das vezes resulta em duras provas: sacriffcios, rendncias ¢ perdas voluntérias (8 de Copas). Caminho da Deciséo, do Amor e do Sucesso Carta O6: revela-nos que as incertezas, davidas ¢ con- fusdes de sentimentos diante dos desafios da vida (Nuvens), serio solucionados na medida em que dei- xarmos nosso guetreiro interior agir, encarando as ques- tdes de frente ¢ usando toda a nossa forga de vontade (Rei de Paus). Carta 15: evidencia que a inveja, o citime, o despei- to e toda sorte de energia negativa gerada pela busca desequilibrada do poder (Urso} enconteard um cam- po propicio para se instalar e expandir toda vez que nos deixarmos abater pelo desdnimo, excesso de pre- ocupacdes ou de responsabilidades (10 de Paus). Carta 24: ensina-nos que a paixdo, a entrega, as ati- tudes loucas ¢€ impensadas, a busca de carinho e pro- tegic, seja por uma pessoa ou causa (Coragio), sdo apenas uma faceta, geralmente efémera, do Amor Mat- or, altrufsta ¢ infinito, que governa o Universo (Valete cle Copas). Carta 33: revela-nos que o éxito, o crescimento eo sucesso dependem, dnica e exclusivamente, de nosso empenho dedicagdo em enfrentar ¢ equacionar efict- entemente os problemas que surgem em nosso cami- nho (Chave); muitas vezes, pare atingirmos nossa meta, somos forgades a parar, retraceder, submetermo-nos a.um novo aprendizado (8 de Ouros). 43 Lioha 7 — Caminho da Auto-C ontanca, de Parceria e ala 44 Prosperidade Carta OF: ensina-nos que a falsidade, a inveja e as desarmonias que negativamente projetamos ou delas somos alvos (Serpente) resultam da nossa falta de auto- confianga € auto-estima, da inseguranga ante os desa- fios da vida e da perda ou caréncia de referenciais Sticos ¢ morais elevados (Rainha de Paus). Carta 16: evidencia que 0 éxito e a boa sorte depen- dem basicamente da canalizagio adequada de nosso Potencial criative e do quanto confiamos em nosso britho pessoal (Estrelas); se estamos enfrentando uma crise, € sinal que devemos parar € meditar seriamente a fim de identiticar o gue gerou esse sentimento de culpa que nos bloqueia e, imediatamente, adotar me- didas corretivas (6 de Copas), Carta 25: denota que a capacidade de nos associar- mos, de buscarmos, criteriosamente, a cooperacio ¢ © apoio de outras pessoas (Anel) € quase sempre indispensével quando somos convecados a desenval. ver grandes projetos, a assumir um grande desafio ou a embarcar numa aventura que poderd mudar radical- mente o rumo de nossa existéncia CAs de Paus). Carta 34: enfatiza que 4 riqueza, a abundancia e a prosperidade dependem muito de estarmos atentos e preparados para agarrar as oportunidades que surgem repentinamente em nossa vida (Peixes) e, para tante, Precisamos estar alertas ¢ preparades, Possuir metas que traduzam adequadamente a nossa ambigéo ¢ ne- cessidades de status e poder (Rei de Ouros). linha 8 — Camioho da Trensformagda, do Conhecimento e da Seguranga Carta O8: enuncia que as grandes transformagdes, ° fim de um estégio ou ciclo, as perdas de todo tipo (Caixdo) constituem-se, via de regra, num teste para avaliar nossa capacidade de auto-suficiéncia, forgan- do-nos a descobrir novas formas de canalizagdo de nosso potencial criative que, no final, geraro muito prazer ¢ contentamento (9 de Ouros). Carta 17: revela-nos que as mudangas, as viagens, as situagSes imprevistas da vida, a quebra de rotinas (Ce- gonhas) obriga-nos a mergulhar fundo em nosso ser, na busca das causas ou motivagGes reais de nossa exis- téncia, forgendo-nos a encarar nossos medos, limita- goes e desejos ocultos (Rainha de Copas). Carta 26: enfatiza que os estudos, 0 esforgo intelec- tual, a dedicago ao trabalho ampliam nossos horizon- tes ¢ possibilitam o nosso crescimento (Livro) ¢ cons tituem-se na tinica forma segura para alcangarmos a paz, a harmonia, a segurangs e a prosperidade (10 de Ouros). Carta 35: ensina-nos que a seguranga, a estabilidade material ¢ emocional resultam da fé ¢ de possuirmos um adequado sistema de crengas que nos possa orien- tar @ servir de apoio (Ancora) diante das situagdes pressionantes da vida que geram toda sorte de me- dos, ansiedades, neuroses, culpas, sofrimentos, crises e depressdes (9 de Espadas). Linke 9 — Camioho ds Sabedoria, da Fidelidad'e e dls Vitéeia Carta 09: enfatiza que as relagdes harmaniosas, a ge- nerosidade e¢ a cooperagio fraternal entre as pessoas geram indimeras oportunidades para todos os envolvi- dos (Buqué); quando essas oportunidades, sido racio- nalmente percebidas e canalizada:, muito contribuem 45 para o aperleicoamento tecnolégico e o avango da sociedade (Rainha de Espadas), Carta 18: salienta que a fidelidade, a compreensdo, a dedicagao ¢ a amizade verdacleira, aliadas & capacida- de de estarmos sempre alertas e vigilantes contra as investidas de fatores externos desestruturantes (C50), constituem-se na base das relagdes Ou associagdes har- moniosas e duradouras pautadas por um grande ideal (10 de Copas). 5 Carta 27> enfatiza que os acontecimentos inespera- dos, revelacdes, convites, 0 conscientizar-se de novos aspectos ou fatos de uma dada questdo ou situagéo (Carta) obriga-nos muitas vezes a agir com discrigdo, tato, diplomacia e até em absoluto sigilo, a fim de evitarmos problemas maiores ou perdas irrepardveis (7 de Espadas), Carta 36: ensina-nos que as provacées, os sofrimen- tos e tristeras que surgem em nosso caminho, muitas vezes constituem-se em testes para avaliar nossa forga espiritual, incitando-nos a recordar que existe uma Forca Maior sempre pronta a amparar (Cruz); quando estamos abertos ¢ sintonizados a essa energia espiritu- al, a vitéria esté garantida e nosso esforgo sincero serd recompensado e teconhecido por tados (6 de Paus). As Imagens poderosas deste Baralho, além de ressaltar a sensibili- dade ¢ os dotes artisticos de Mile Lenormand, expressam fortes conteddos arquetipicos, Arquétipo € definido coma o elemento primordial ¢ estrutural da psique humana. A nogdo de arquétipo, postulando a existéncia de uma base Psfquica comum a todos os seres humanos, permite compreender por que em lugares e épocas distantes aparecem temas idéeticos nos mites, dogmas ou rituais religiosos, nas artes, na filosofia ¢ nas producées do inconsciente de uma forma geral. Devemos ter sempre em mente que o A\rqué- tipo, em si mesmo, escapa a representacdo, ndo tem conteddo 46 determinado — €, unicamente, uma virtuslidede, um ee slo possibilidades herdadas para tepiiecentit imagens _ ares; S80 matrizes arcaicas onde configuragdes andlogas ow sone antes to- mam forma, © contetdo arquetipico exprime-se, primeiramente sobretudo, na forma de metaéfora. Uma imagem primordial sé tem contedda determinado a partir do momento em que sont cons- ciente e é, portanto, preenchida pelo material da experiéncia cons- ciente. As laminas do Baralho Petit Lenormand, com suas imagens nea ¢ romanticas, comprovam os postulados acima, produzindo, ha je regra, um forte impacto. Nos seminérios que tenho pee 10, esse fata & facilmente comprovado: uma carta é apresentada a0 qiupo para andlise e, posteriormente, cada participante GS o que sentiu ou percebeu — o resultado é notdvel, a gama le infor- mages obtidas € muito rica e, invariavelmente, novas co! cong! wurgem sempre. Quando entramos em sintonia com estas ss ficamos fascinados ¢ envolvidos; elas nos convidam a mergulhar fundo no intimo de nosso ser, ¢, quando emergimos, revigorades, uma nova luz surge em nosso caminho: Neste ponte do trabalho, dou por conclufda a peice os aspectos estruturais do Baralho Petit Lenormand esperan a tamente, ter conseguido salientar os princfplos teoiltes @ ese fe cos que lhe servem de base, tio magistralmente compilados o duzidos simbolicamente em cada lamina por Mile. Lenormand. 47 * Signiticados Adivinhatorio @ Simbdlico das Cartas Iniciarei, agora, uma descrigéo dos signiticados adivinhatérios tra- dicionais e simbélicos dos elementos que compéem cada uma das cartas do Baralho Petit Lenormand, obedecendo sua classificagdo por Naipes, Cada lamina apresenta dois elementos basicos — uma Carta de Baralho e uma Imagem — que se complementam e des- crevem uma motivagio ou situagdo de nosso cotidiano, Estas moti- vages ou situagdes do cotidiano podem ter tanto cardter positive como negative, mas a propria carta, através de seus dois elementos bisicos, indicaré a possivel saida ou solucdo para a problematica em questic. Come cada lamina evidencia ¢ ressalta uma temdtica, procurei descrevé-las e amplid-las, sem contudo esgotd-las, na forma de comentarios e consideragées gerals. Cada uma dessas tematicas foi pesquisada ¢ reflete opinides ¢ colocagées de diversos autores conceituados, cujas obras estdo indicadas na bibliografia final. A incluséo desses comentérios visa instigar o leitor a meditar, avaliar &, 0 que € mais importante, encontrar ressondncia na propria vivencia pessoal, Os temas que serdo enfocados sio tao amplos e diversos — come o amor, a seguranga, a inveja, a espiritualidade, a traigdo, O sexo, o poder, a familia e tantos outros — que, certamente, poderdo gerar polémicas e controvérsias. Se isso acontecer, sentir- me-ei gratificade pois nio é minha intengdo granjear a concordan- cia geval ¢ muito menos impor dogmas ou principios. Como seres humanos e eternos estudantes na busca do crescimento espiritual devemes manter a mente aberta, receptiva © critica a todas as corentes e linhas de pensamento — se concordamos ou nao & uma questio de foro pessoal — sé nao podendo abrir mao do io de nosso Livre Arbitrio. exe © conhecimento destas duas forgas energéticas em agdo, come elas ao mesmo tempo se opdem e se completam, € 0 que possibi- litaré uma leitura rica, esclarecedora e woltada ao auto-conhecimen- 49 to. Nunca é demais ressaltar que as cartas, por si, ndo resolverio nosso problema — teremos de agir, usar nossa vontade com base na luz que elas possam nos passar. Quando consultamos um orécu- lo com seriedace ele nos fornecerd, através da Sincronicidade, aquelas informagées que necessitamos no momento. As cartas re- Hetem o que a nossa mente jé sabe —o nosso subconsciente jd conhece o que ha de vir; cabe apenas ao nosso Live Arbitrio direcionar esse potencial. Nota Importante: A reprodugio das laminas do Baralho Petit Lenormand, a titulo de ilustragio, no estudo de cada Naipe, s6 foi possivel gracgas 4 per- missio especial concedida ao autor desta pesquisa, em 29 de abril de 1996, pela AGM AGMiiler, CH-8212 Neuhausen, Switzerland. Copyright AGM AGMiller. Qualquer outro tipo de reprodugao € proibido. 50 * Naipe de Paus Carta 25 As de Paus: representa a emergéncia de uma forga criadora, ativa, energética, vigorosa. Manifesta-se como uma forte sensagdo de que algo novo deve acontecer; incita a embarcar na aventura pela busca de um sonho. Desperta a nossa capacidade de vislumbrar um futuro diferente ¢ nove, muito mais amplo que a realidade em que vivemos. A criatividade e a originalidade sao seus tragos prepon- derantes. E a empolgagdo, a inovagio, 0 criative, o viril, a agressividade, © egocentrismo, a poténcia ea fentilidade sexual, Anel: fala-nos da possibilidade de nossa unido ou associaggo com © outro, em todos os niveis: afetivo, profissional, familiar ou espi- ritual; da cooperagio e apoio de pessoas ou de idéias que se unem para atingir objetives que no poderiam ser alcangados de maneita isolada, Pode indicar noivados, casamentos, associagao comercial ou até a organizacdo de equipes de trabalho ou estudos. Simbolicamente bastaria citar o anel nupcial, o anel pastoral, bem come 0 anel do Pescador, que serve de sinete pontificio e que é 51 partide por ocasido da morte do Papa, para perceber-se que o anel serve essencialmente para indicar um elo, um vinculo. A ambiveléncia desse simbola provém do fato de que o anel “une e isola”, fazendo lembrar por isso a relagda dialética de “senhor- escravo”. A imagem do falcoeiro a aprisionar com uma argola o falcdo que, a partir desse instante, cagard sé para ele, pode ser aproximada da imagem do Abade a enfiar o anel nupcial no dedo da nowiga, que assim se torna a esposa mistica de Deus, a serva do Senhor. A diferenca é que a submissio da religiosa, contrariamente ado animal, é livremente consentida. E isso o que confere ao anel seu valor sacramental; ele é a expressdo de um voto. Temes nossos ideals, sonhos que nes impulsionam e arrebatam; mas, para realizé-los, necessitamos da ajuda do outro, precisamos compartilhd-lo ou adapta-lo ao interesse comum. Isolados no mun- do nao somos nada; necessitamos do apoio ¢ da forca do grupo do qual fazemos parte. Atualmente o trabalho em equipe ¢ uma necessidade, senda muito mais eficiente que o esforga de indivi dues isolades. A ciéncia, a tecnologia, os meios de comunicagéo avangam de tal forma que tornam impossivel a absorgdo de todos esses novos conhecimentos ¢ técnicas por um individue isolado, A especializacic ¢ 0 resultado deste processo € necessitamos optar clara e conscientemente por uma drea de atuagdo ¢, a sequir, dedi- carenos de corpo e alma a ela para nos mantermos atuallzados ¢ atuar eficientemerte. Isto é, de certa forma, limitante: a focalizagio excessiva num aspecto ow atividade faz com que muitas vezes per camos a nogdo de conjunte, gerando frustragdo ou muita ansieda- de. Um simples problema doméstice ou uma questio de sale, por exempls, para ser resolvida, fica na dependéncia da opinigo e aggo de trés ou mais profissionais. O ser humana, senhor da tec- nologia, passa a final a ser um escravo dela, Isso ndo € exagerc; basta atentarmos para a nossa dependéncia com relagdo as ultimas maravilhas da técnica — carro, computador, fax. celular, xerox, bances automdticos etc. Quando funcionam, realmente facilitam nossa vida; quando os problemas técnicos surgem, transformam nossa existéncia num inferno. Em hipdtese nenhuma quero dizer que devamos ser contra esses avangos ou nos privarmos deles; Be: acredite simplesmente que necessitamos estar consciertes ¢ alertas para estas questGes. Devemos gerenciar estes aspectos de forma a mantermos um equilibrio emecional e, ao mesmo tempo, visando complementar este processo de harmonizaga, dedicar, parte de nosso tempo as atividades culturais, astisticas, manuais ou intelec- tuais, onde o nosso potencial criative individual possa ser canaliza- do ¢ expresso. O mundo moderne massifica, forgando-nos a abdi- car de nossos valores ¢ necessidacles pessoais, implicando abrir mao de nossa liberdade ¢ in decorrentes deste fato. £ fundamental que, antes de assumirmos um compromisso com a sociedade, estejamos bem conscientes dos direi- tos e obsigagSes envolvidos, e se estamos realmente dispostos a abrir mao de certos valores pessoais em favor do interesse comum. idualidade, e a sofrer as frustragdes 53 Carta 36 6 de Paus: fala-nos da experiéncia do sucesso, do reconhecimento ptblico e da aclamagao pela vitéria; do deslumbramento do indivi- duo que batslhou para atingir um ideal ou para colocar uma idéia diante de outras pessoas. E um momento marcado pelo otimismo e confianga, mas existe © perigo de que seu excesso traga a arrogan- cia. A criatividade artistica e a auto-expressdo estado positivamente favorecidas ¢ a inspiragdo flui abundantemente. A consagragio pdblica implica dilemas: representa © dpice do processo criative e novos desafios futures, pois a inveja € a competicao acitrada sur- gem no momento do triunfo. Eo estrelato, a consagragdo, a popu- laridade, a clientela e a fama. A vida sexual € bem controlada, marcada pela maestria ¢ pelo bom desempenho, amidide reconheci- do e elagiado. Cruz: prenuncia os sofrimentos, as provas € as tristezas que surgem em nosso caminho. Mas, ac mesmo tempo, indica que quanto mais complicada for a situag3o que nos cerca, maior serd a vitdria se contarmos com a protecdo espiritual. As dificuldades podem ser vencidas desde que centinuemos lutando, com otimismo e cabega erguida, pois este nao ¢ 0 momento de esmorecer, Sua forga posi- 54 tiva nos estimula e impulsiona a continuarmes batalhando por nos- sas metas ¢ ideais. A cruz ¢ 0 mais totalizante dos simbolos. Apon- tando para os pontos cardeais a cruz é, fundamentalmente, a base de todas os simbolos de orientagao nos diversos niveis de existén- cia do ser humane. A orientagaa total do ser humano exige um triple acordo: a orientagéo do sujeito-animal com relagao a ele mesmo; a orientago espacial, com relagio aos pontos cardeais terrestres; e, finalmente, a orientagso temporal com relagiio aos pontos cardeais celestes. A cruz tem uma fungSo de sintese e medida. Nela se juntam o céu ¢ a terra; nela se confundem o espaco e€ o tempo. Ela é 0 cordac umbilical, jamais cortado, do Cosmo ligado ao Centro Original. © simbolismo da cruz, evaluin- do ese transformande com o passar do tempo, também representa © Paraiso do Eleites. Uma edigéo de 1491 da Divina Comédia de Dante Alighieri mostea uma cruz no meio de um céu estrelado, cercada de bem-aventurados em adoragio — a cruz &, entio, o simbolo da gléria eterna, da gldria conquistada pelo sacrificio ¢ culminando em uma felicidade extética. Acredito serem o sucesso e o reconhecimento ptblico os ma fortes anseios do ser humano, Eles representam 0 coroamento de muito eslorgo e dedicagio em prol da realizagia de um sonho ou meta. Os sonhos variam de pessoa para pessoa: atingir um alto posto, ser campedo numa modalidade esportiva, um artista, um esctitor, um cientista, um destaque na escola de samba etc. Em todos esses exemplos um grande desafio esté sempre presente. Para enfrertar esse desalio faz-se necessirio o estabelecimento de uma meta clara, um planejamento adequado de cada fase, a obten- Gao dos recursos materiais, © apoia ¢ assessoramento de pessoas capacitadas e, por Gltima, muito trabalho e dedicacdo pessoal. Todo desafio ou ideal pode ser alcangade desde que nos dispo- nhamos a lutar, ao mesmo tempo em que nos mantenhamos sintoni- zados e harmonizados ao Césmico — se houver merecimento a vitéria é certa, o feito serd perpetuado. Nao podemes nos esque- cer que, em todo desafic, os componentes sutis € espirituais sio de extrema importancia. Se nossos objetivos estiverem apenas cal- cados em valores materials, em comportamento € esfargo mercend- 55 rios, a vitéria poderd até acontecer, mas serd efémera e logo caire- mos no descrédita e esquecimento publica. Na area esportiva e artistica os exemplos sio inimeros: se o individue nao tiver um ideal maior, se ndo aproveitar essa chance dos céus para crescer come pessoa, deixando-se dominar pela orgulho, vaidade e¢ cobi- ga, a queda vird répida. Assim, devemos estar muite atentos para ndo sucumbir sob o peso de nossas realizagdes, deixanda-nos en- vaidecer pelo aplauso, nem sempre sincera, daqueles que nos cer- cam. Em geral o meta alcangada | ndo é vencer, mas sim manter a posigdo ou 56 Carta 23 7 de Paus: é o momento de enfrentar a competigéo, a inveja ¢ os desafios decorrentes do sucesso, © que constitui-se num verdadei- to teste de auto-confianca, Somos desaliados a aperfeigoar nossas conauistas ¢ a valorizar a propria ambigdo. Representa o colocar-se em guarda, a coragem na adversidade, o cardter forte ¢ integro, a agressividade coma arma para esconder inseguranca. O exercicio da perseveranga, a fé € a certeza nas proprias convicgdes so de capital importéncia nesta fase. A vida sexual é marcada pela con- corréncia, o querer provar-se, pelo abuse e descarga de adrenalina. Ratos: indica desgaste de energia tanto no aspecto Fsico, afetande a satide, come no campo material ¢ financeirs, onde perdas ou roubo podem acontecer. Trata-se de um aviso para estarmos mais alertas ¢ cuidarmos melhor de nossa sade e bens, Nos amores ou negdécios dewemos estar atertos para alastar-nos de pessoas opor- tunistas. Pode ainda indicar a dificuldede de expressar o amor e 05 sentimentos, principalmente no Ambito familiar. Esta carta estd rela- cionada ao chamado vampirismo espiritual; aquela sensagdo de desgaste, de energia roubada que gera desdnimo, provocada por pessoas préximas que, egcisticamente, apenas nos usam. O periga 57 € que esta energia ndo se manifesta diretamente como enfermida- de, mas vai solapando lentamente nossas defesas psiquicas, cau- sando danos, ds vezes, irrepardveis. Devemos estar muito atentos quando estes sintomas aparecem e entdo iniciarmos um processo de revigoramento, nos afastando imediatamente dessas pessoas que nos prejudicam. Simbolicamente o rato, este roedor esfomeado, prolifice € noturno é uma criatura temivel ¢ até infernal, propagador da peste. Freud assinala que esse animal, tido como impuro, que escava as entranhas da terra, tem uma conotacio félica e anal, que o Jiga a nogdo de riquezas, de dinheiro. Por esta razdo é freqiientemente considerado como imagem da avareza, da cupidez, da atividade noturna e clandestina. © rato, insacifvel furdo, & também considerade como 0 simbolo do ladrao Toda vez que somos bem-sucedidos, quando, depois de muita luta, conseguimos 0 sucesso ov a realizagdo de uma meta sonhada, devemos nos preparar para uma nova batalha — a competicaa acirrada. Nao podemos repousar a sombra dos louros da vitéria pois alguém poderd surgir ¢ roubd-los de nds. O problema da inveja ¢ da competiggc € um fato real que temos de accitar, A competicio é a companheira inevitével do sucesso, sendo muitas vezes respansavel pela desisténcia de um projeto. Este dasafic & na realidade um teste que nos permite aquilatar nossa capacidade de perseverat, de utilizar nossa forga de vontade, nossa auto-con- fianga. E @ momento de argiiir-se sobre o quanto estamos dispes- tos a lutar por algo que acabamos de conquistar. No mundo dos negécios a competigdo € uma constante e a cada minuto somos forgados a encard-la. Basta ser langado um novo produto que, imediatamente, como num passe de magica, dezenas de similares aparecem no mercado. Nesta luta dois componentes importantes precisam serem considerados: a competicgo em termes concretes, de empresa para empresa ou de individu para individuo; e uma outra, a sutil, invisivel, representada pela inveja e energias negati- vas de que estamos senda alva. A primeira, como é mais palpavel,. poderd, depois de cuidadosamente analisada, ser atacada ou minimizada. Algumas vezes pode ser até atil, desafiando-nos a pensar, a inovar, a crescer, a despertar da acomodagdo. A segua- 58 da, por sua propria natureza sutil, é extremamente diffcil de ser detectada, ¢ © Unico recurso que temos para combaté-la consiste em nao entrar em sintonia com ela, em mantermo-nos atentos, aler- tas e contar com a protegdo espiritual. Ambas geram estresse € perda de energia, debilitando-nos € comprometendo seriamente nossa satide. Este é 0 alto preco que geralmente pagamos pelo sucesso, 5? Carta 24 8 de Paus: indica um periode de agio depols de esperas e lutas, Uma viagem ou a reta final de um projeto, plano ou ideal depois de nos termos livrado da tenséo ¢ ansiedade, Eo momento em que nos sentimos seguros e confiantes quanto ao resultado espera- do. Usames tedo nasso potencial — estamos alertas, cheios de energiae sabemos nos comunicar. Eo momerto certo para agirmos em fungdo de uma meta jd estabelecida. Prenuncia myitas vezes um tempo de mudangas ou de viagens que conduzirdo a resultados favordveis. O despertar da busca incansdvel do conhecimento ¢ aprendizado nas dreas da psicologia, da religido ¢ do misticismo Indica a inquietagdo, a presenga de esplrita, o estar alerta, a velo cidade de movimento, as coisas feitas rapidamente, A expresso sexual pode ser répida, precoce ou variada Montanha: fala-nos das grandes dificuldades e desafios, dos inir gos em potencial, sempre prontos a desafier ¢ que precisam ser combatidos com equilforio, firmeza, perseveranca e justica. Toda dificuldade que surge em nossa existéncia obriga-nos a tomar cons ciéncia de nossos limites e, a partir dessa avaliagdo, tomar as medi- das cabfveis, Como simbolo da elevacao, fala-nos do bom senso e 60 da justica que devem reinar abselutos, independentemente de qual- quer interesse pessoal. Pode indicar ainda a necessidade de estar- mos atentos aos documentos, procuragSes ou processos importan- tes. Seu tope gelade alerta para o perigo da cristalizacio ou falta de flex lade. A mortanha é, a um s6 tempo, simbolo de transcendéncia ¢ de manifestagdo — ¢ 0 encontro do céu com a terra, morada clos deuses e objetivo da ascensio humana, Vista do alto surge como a ponta de uma vertical, ¢ @ centro do mundo; vista de baixe, do horizonte, surge como uma linha vertical — o cixo da mundo — mas também como escada, a inclinagda a se escalar. Ela é 0 lugar dos deuses e sua ascensio é figurada como 0 meio de entrar em relagio com a Divindade ou de retorno ao Prinefpio. Um desafio com cesta dose de estresse, é algo muito saudvel em nossas vidas, pois energias sd liberadas, O conflito estimula a mente, e, se tivermos coragem de enfrenti-loe supera-la, podere- mos desfrutar de um perlode de paz ¢ tranquilidade. Nossos pla- nos seguirdo em frente, em velocidade acelerada, ¢ nos sentiremos seguras @ confiantes quante ao resultado. A energia 96 @ liberada depois da tersdo ter sido superaca, muito embora se ganhe real- mente a confianga quando se superam os obstdculos. A experién- cia da liberagéo de novos potencisis pode ser vista nas diversas priticas esportistas, onde o atleta no ultimo minuto supera eis abstéculos e vence. OQ mesmo ocorre com pintores, escritores € musicos — vencide 0 bloqueio, a obra avanca ese completa. O contentamento desse momento nao surge do nada; dewe ser con- quistado pela aceitagdo do desafic, da competicdo e das duvidas, das quais safmos com forca total. E esta forca que nos impele para o alto na escalada da montanha. A busca de equilfbrio ¢ estabili- dade, que tanto almejamos, sé serd atingide quando soubermes aplicar nosso esforgo e empenhe de forma consciente, utilizende todo nosso potencial. Devemos aproveitar as condig6es propicias, &, para tanto, estar alertas, realizando nossa escalada passo a pas- £0, com teanqiiilidade ¢ seguranga, sem atropelar ou obstruir o caminho daqueles que encortramos em nossa trajetéria. Pelo con- flo, ma escalada devemos nos auxiliar uns a0 outros — a pratica 61 de um alpinismo solitario e egoista, em geral, resultaré em aciden- te, Se, por outro lado, j4 nos cansideramas no topo, cristalizados e acomodados, é de suma impovtancia que procuremos olhar ao nosso redor e descobrir novos desafios para canalizar nessa ener- gia; caso contrario, ela serd congelada, 62 Carta 14 9 de Paus: fala-nos que, no ponto extremo de cansago € exaustdc, surgem novos desafios que deveria ser enfrentados. Para tanto devemas usar toda a energia que nos resta e pelejar, sem tréguas, pelo nosso objetivo. A imaginagio ¢ 0 desejo de vencer proporci- onardo nova esperanga, forga e idéias para vencer os obstdculos Estamos diante da necessidade de defender nosse poste, de resis- tit, de sobreviver, de avaliar a tragédia ou o desastre, E o momen- to de utilizarmos os recursos ocultos para promover as mudanges necessérias, pata avancar mais € vencer a oposigdo. A expressdo da sexualidade é marcada pela adversidade, estafa ou grande des- gaste que necessita ser avaliado. Raposa: fala-nos da sagacidade, da esperteza, da rapidez e Hexibi- lidade de nossas agdes, muitas vezes fundamentais § nossa sobrevi véncia. E hora de estarmos atentos € espertos, sendo poderemos solrer graves prejulzos. Provavelmente estaremos sendo vitimas de pessoas inescrupulosas e oportunistas que poderdo acarretar-nes séri0 prejuizos morais ou financeiros. Falsas propostas ¢ galanteios ardilosos poderdo resultar no envolvimento em situagées complica- das para nés. E um momento para agir com muita cautela, Simbo- 63 licamerte, a raposa encarna as contradigSes inerentes 4 natureza hun independente, audaciosa e, ao mesmo tempo, medrosa. Esta asso- ciada as divindades da fertilidade gracas a seu vigor e 8 forca de seu apetite, A lascivia da raposa a aproxima das cozlhos — ma- ches dom-juans ou fémeas provocadoras. Tem a fama de possuir grande forga vital pelo fate de viver em buracos e de estar, portan- to, préxima das forgas geracoras da Terra. Também é atribuida 3 raposa grande longevidade. ara — ativa € inventiva, mas ao mesmo tempo destruidora; A wida, muitas vezes, nos coloca diante de situagdes-limite onde nossa capacidade de sobrevivéncia é testada — catdstrofes, aci- dentes ou os mais diversos tipos de desafios esportives, profissio- nais e sentimentais. Quantas vezes j& ndo fomos vitimas de falsos amigos, de pessoas oportunistas que, tramando ardilosamente a nossa queda, abusaram de nossa confiangs, armando-nos um gol- pe. Isso acontece, invariavelmente, quando estamos prestes a con- cretizar algo. E nesse momento que surge este tipo de obstaculo imprevisto, fezendo-nos sentir que nfo teremos forge para conti ar @ que toda rossa luta foi em vdo. Nessas ocasiées, miraculosamente, a nossa reserva de forcas se manifesta. Ela retrata 9 espantose poder da imaginago, pois exatamente quando senti- mos que nic podemos mais lutar, que no podemos enfrentar mais nenhuma dificuldade, de alguma forma, do ndcleo do esgotamen- to, surgem novas idéias ¢ obtém-se a energia para superar mais este desafio antes de atingir o objetivo. Esta forca poderasa ¢ perturbadora € 0 espitito criador do ser humano, Embora este espirite criador ndo possa ser controlado ou moldade a nossa vor- tade, ele esté ld para nos auxiliar e nos fazer emergir do fundo do poge, na medida de nossos merecimentos & intengdes Entao, a imaginagdo nos dé uma injegdo de forga, de esperanca e cle nowas idéias ¢, se estivermas dispostos a tentar mais uma vez, agindo de forma sagez, flexivel ¢ répida, teremmos a energia a nossa disposigie para eliminar todo. e qualaver obstaculo, alcangande nosso objeti- vo final us od Carta 15 10 de Paus: retrata um estado de opressio onde estamos sobre- carregades por um excesso de responsabilidades assumidas. Nossa ctiatividade perdeu-se entre as preocupacdes e 0 entusiasma; a energia e a dispo. gao para assumir noves desafios desapareceram. Indica um estado de depressdo contagiante onde nos sentimos pressionados, perseguidos e sobrecarregados. E o momento de nos livarmos de cargas inéteis para podermos teiniciar um nove ciclo. E a desilusio que muitas vezes acontece apés termos realiza- do um sone ou projeto muita acalentado. E 0 peso, a carga, a diftculdade de delegar, o mal-uso do poder e do controle. A expresso sexual ¢ marcada pela culpa e opresso; o sexo é por Jagan. Unso: é a energia negativa, masculina, associada a busca do poder; gera inveja, ciume, despeito e, geralmente, é por nds manifestada na drea profissional. Pode indicar ainda que estames sendo vitimas de cargas negativas de pessoas préximas que lalsamente se com- Portam como amigos, quande em verdade estdo apenas se apra- veitando da situago para cbter alguma vantagem pessoal. Aguar- dam o momento propicio para atacar com toda a sua lorga. Em seu 65 aspecto positivo € corsiderado, devide a sua aparéncia amigdvel e submissa, o simbolo da protegio ¢ seguranga, evocande pessoas maternais que cruzam © nosso caminho sempre prontas para ajudar € proteger. Simbolicamente o urso associada & Lua por desapa- recer no inverno e reaparecer na primavera @, como todas as ques- t6es ligadas ao mistério lunar, tem uma relagdo com 9 instinto. As meninas atenlenses dangavam com ursos nes ritos a Artemis, a deu- §d-ursa, enquanto homens-ursos escoltavam a deusa da lua Celta, que também era representada por um urso. Dada sua grande forza, Jung considerou-o come simbolo do aspecto perigoso do incons- ciente. Ele é poderoso, viclenta e incontrolado. Como uma forga primitiva, € o emblema da crueldade, da selvajaria, da brutalidade. Mas 0 urso, em certa medida, pode ser domesticado — danga e é habil com a bola. Pode-se atraf-lo com mel, pelo qual é apaixona- do. Mas que contraste com a leweza da abelha, cuja substancia ele ama e com a da bailarina, cujos passos ele imita, em sua lentidio nativa. © urso simboliza, em suma, as forgas elementares susceti- veis de evolugdo progressiva, mas capazes também de terrlv. regressées, Alegoricamente, quem nda se deixa cativer por um ursinho de pelticia! — talvez o brinquedo mais popular em todo mundo — e, por ser amado tanto pelos meninos coma pelas me- ninas, transcende a barreira sexual a que os brinquedos normalmen- te estdo circunscritos. Estamos diante de um estado de opressdo que multas vezes se manifesta apés uma meta ser atingida ou um sonho concretizado Em geral temos muita dificuldade de entender por que razdo esta meta, fruto de tantas lutas ¢ calcada em altos ideais, gera essa depressio, desapontamento e descorsolo. Isto é um fato comum na vida de muitas pessoas que se langam num projeta comercial, num negécio, numa atividade attistica ou num relacionamente amo- roso. A medida que o tempo passa e 0 negécio cu relacio se expandem e consolidam, © entusiasmo, a paixdo, parecem desapa- recer, Isto é explicdvel: a paixdo e a forca volétil do entusiasmo nao suportam ser contidas em formas pesadas, estruturadas e roti- neiras; para sobreviver, necessitam de nowos horizontes ¢ desatios. Esta dlesilusio é ainda mais triste ¢ dura quando desencadeada por 66 wma pessoa préxima. Infelizmente € muito comum convivermos du- tante longo tempo com um “amigo-urso", sem nos dar-nos conta do fato. Ele em geral se insinua, estd sempre por perto, desfruta de nossa irtimidade e, por essa razio, ests sempre pronto a dar conselhos e apontar alternativas que sé nos causardo problemas. Isto € muita comum no ambiente competitive de trabalho. Em geral aguardam © momento onde estamos abatidos e sobrecarregados de responsabilidades para dar o bote e se aproveitar da situacdo em beneficio proprio. A decepgio ¢ 0 sentimente de nos sentir- mos traidos por alguém que tanto prezévamos € muito grande ¢ dificil de ser assimilada. 67 Carta1 1 Valete de Paus: esté relacionado, astrologicamerte, ao signo de Sagitdrio ¢ 4 dimensdo mutavel, volétil e efervescente do elemento Fogo. Indica que é chegado 0 momerto de desenvolver as quali- dades exuberantes, avertureiras e desbravar novos horizentes. A mudanga surge como uma necessidade; sentima-nos subitamente muito limitados, precisando quebrar a rotina e ampliar nassos co- nhecimentos. E a marca daquele individuo que detém a forca ea rapidez, ainda que em certos momentos aparente uma certa indeci- sao. Isto se deve a sua capacidade para apreciar 03 dois lados de uma questéo. Possui uma alma nobre e generasa para com todos que o cercam e delicia-se com os aspectos rominticos da historia e tradicio, correndo atrés daquilo que almeja, talvez até demais. Indi- ca a aventura, 3 viagem, a lei, os dogmas, as buscas, os lampejos criativos, a inquietagao, a mudanga, © otimismo, a ousadia, a valentia, 2 dinamismo, o exagero, a imprewidénela e¢ a megalomania. A sexu- alidade se manifesta de forma impetuosa, potente e atracnte. Chicotes: prenunciam disputas ¢ desarmonia no relacionamenta fa- miliar, brigas com amigos ou sdcios, Esse conflito que, fragmenta a paz doméstica, envenena a atmosfera em nosso citculo de amiza- 68 tles, abala os relacionamentos afetives, resulta de um desequilforio espiritual, da perda de sintonia com o nosso lado mistico, nossas forgas ocultas. Todos nés possufmos uma forca superior, intuitiva, Que precisa ser canalizada positivamente. Quando negligenciamos este aspecto, desestruturame-nos. Assim, os chicates, represen- tando a protegdo ¢ a ajuda do plano espiritual — o nosso anjo de guarda ou mestre interno —, conclama a restabelecermos esta liga- gio ¢, conseqientemente, libertarmo-nos destes problemas. O chicete é 6 simbolo do poder judiciério e de seu direito de manter a ordem e infligir castigos. E também a insignia de certas divinda- des gregas — de Hécate, impondo respeite aos monstros infer- naisy das Erfnias, que fustigavam os criminosos; assim como simbo- lo dos dignitarios do poder e dos sacerdotes. O chicete estd associado ao raio e, por esta razdo, freqiientemente era utilizado em ritos de autolustigagado nas sociedades inicidticas, encarregadas de luter cortra as secas. Tal como o raio, o chicate é um simbalo de energia criadora. Nos Vedas, seu papel adquire amplidao cés- mica trarsformando 0 leite em manteiga — alimento primordial dos vivos O desenvolvimento humano, come tudo no Universo, nao é line- or, mas espiral, obedecendo aos ciclos naturais, Tanto os aspectos meteriais como os espirituais devem ser considerados ¢ trabalha- clos; um nao sobrevive sem o outro. Manter o ritmo, a harmonia e 9 eq freqientemente atraidos e envolvidos pelos extremas. Muitas ve- res nos deixamos dominar pela apatia, desnimo quanto ds obriga- g6es que a vida material nos impdem e, alguns, ndo raro, para delas se livrar, buscam refigio em uma pseudo espiritualidade, o resultado é a estagnagdo e a esterilidade. Qutras vezes, domina- dos pelo exagero, egofsmo e megalomania, mergulhamos na busca desenfreada do sucesso material, o que gera, também, grande con- lusde. Conseqiientemente, tanto em um caso como no outro, estes comportamentos, fruto de nossa desarmonia interna, geram conlli- tos de toda ordem, ndo s6 para nés, mas, principalmente, para aquelas pessoas que nas cercam. brio desse processo nao ¢ tarela Facil, pois somos 69 Nesta jornada, cabe ands estabelecer metas ¢ ideals compativeis com nossas capacidades e recursos, nos esforgando e trabalhando para atingi-los, incorporando toda a experiéncia absorvida, para utillzd-la, novamente, na préxima etapa — o processo € continuo. Manter a merte aberta, atenta a tude o que acontece a0 nosso redor, ter um sonho, uma meta, alinhades a Lei Maior, é a condi- ¢80 bésica e necessaria ao nosso desenvolvimento. A vida é Magia e todo ser humano, conseqiientemente, é um mago, As lorgas do Universo, das quais somos partes integrantes, se encarregam de mostrar caminhos e oportunidades, bastando para isso estarmos receptivos € agirmos prontamente, pautados por altos principios. Isto € Magia — a conhecimento das leis extrafisicas que irteragem no mundo matertal. Significa a lorga, a energia criadora da qual imbuimos nossos desejos a fim de que eles se concretizem. E o poder da mente que empurra nossa vontade e que dé vida possi- bilitando a concretizagdo de nosses projetos. A magia, branca ou negra, nfo existe por si — ela, na sua verdadeira ess@ncia, ¢ inco- lor. Sua "colaragic" resulta da utilizagdo de nossa forga mental, do propdsite ¢ grau de consciéncia de quem dela se serve. O resultae do final € mera conseqiiéncia do rumo que damos a essas forgas — sera positive se nossos prapésitos forem elevades; malélicos se eles forem mesquinhos. Um aviso aos incautos: no processe magi- co, sempre ficamos com o original em nosse poder ¢ enviamos uma copia apenas a nosso alvo. Logo, mais cedo ou mais tarde, recebe- remos 0 devide troco através de famoso “efeite bumerangue"”— colheremos aquilo que plantarmos. Assim, com a ajuda da prote- ga0 divina, direcionande nossa forga de vontade de forma harmo- niosa € positiva, wisando nao apenas aos nossos interesses mas as de todas as pessoas envolvidas, poderemas at vos @ metas. 1 nossos objeti- 70 Carta OF Rainha de Paus: esta relacionada, astrologicamente, ao signo de Lede ¢ & dimensdo estavel, lea! e vivificada do elemento Fogo. E segura de si, magnética e entusiasticamente extrovertida ce a auto-expressio, a alegria, a criagdo € a procriagdo, pauta sua exis- tncia por rigidos principios éticos e morais, é talentosa ¢ de uma forga de vontade inquebrantdvel. E capaz de amar e ser fiel, ao mesmo tempo em que é extremamente independente a ponto de nfo precisar de ninguém para ampard-la, E adaptavel, carinhosa, protetora € generosa com os amigos — esté sempre disposta a resolver os problemas dos ovtros. Indica a fidelidade, © amar, os elevados principios éticos € morais, a confianga no propria brilho, a lealdade, a autoridade, a dignidade, a sinceridade, o carisma, a independéncia, a nobreza, a alegria ¢ o otimismo. Sexvalidade passional, visando fundamentalmente a seguranca Serpente: é uma energia negativa, feminina, que gera PenTTEGA® de inveja, falsidade ¢ traigéo. Geralmente vem manifesta através de brigas, discdrdias ¢ desarmonias — € nosso lado escuro que temos de assumir e encarar ac invés de projeté-lo nos outros. Pode também cepresentar um alerta para olhar a nossa volta, e estarmos TM atentos 85 pessoas falsas e traicociras que procuram nos prejudicar. Esta carta ¢ sempre um sinal de periga, O simbolismo que cerca a Serpente é riquissine e extenso, sendo encontrado nas mais diver sas culturas. © Ser Humano e a Serpente so opostos, comple- mentares ¢ rivais. Enquanto 0 ser humana esté situade no final de um grande esforco genético, a serpente, essa criatura Iria, sem patas, pélos ou plumas, esté no inicio desse esforgo. Hé algo de serpente no ser humano e, singularmente, na parte em que seu entendimento tem o mener controle. A serpente simboliza a psi- que inferior — o obscure, 0 aro, o incompreersivel ¢ o misterio- “50, E um simbolo expressive da materialidade, da sexualidade, da agressividade ¢ da vide, bem como da forsa da manifestagdo do teino das trevas que a serpente universalmente representa, Existe uma atitude comum e simplista com telago a esta carta, de atribuir-se a inveja 4s outras pessoas ao invés de examinarmos, em Primeiro lugar, se no somos nds mesmos os dominados por ela, Com essa colocagdo, nico estou negando a existéncia de pessoas invejosas a nossa volta, mas acredito que antes cle acusd-las deve- mos parar e meditar, profunda ¢ sinceramente, sobre a questo Todos nés, em maior ou menor grau, estamos sujeitos a ela — faz parte de nossa condic#o humana. Quando a inveja se manifesta, se tivermos clareza de mente, se a conftontarmos friamente utilizando nosso potencial criative de forma nobre e ética, se lutarmos para conquistar aquilo que ela representa, a inveja, enfocada, manifes- tard seu lado benéfico — representara um estinulo precios, capa- citando-nos a aceitar desafios e obter Progresso e crescimento Entretanto, a inveja se manifesta, infelizmente, com maior freqilén- cia come um sentimerto menor gerade pelo ciime, complexe de inferioridade e baixa auto-estima, A Pessoa invejosa é insegura, ndo tem amor-prépric; perdeu os referenciais éticos @ morais, sen« do incapaz de reconhecer seu potencial criative e aplicé-lo cons. trutivamente; desperdiga seu tempo, comparanda e controlardo a existéncia do outro. E muito interessante ressaltar que a inveja é recebida gratuitamente e gerada tanto pelos nossos éxitos, bonda- de, beleza e riqueza quanto pelos nossos fracassos, rebeldia, feid- ra ¢ pobreza. A inveja estabelece relagdo com os desejos, com 72 aquilo que voc8 nio tem e identifica que os outros possuem e, com isso, vocé se mede pelo outro. Para lidar elicientemente com ela, devemes saber que a inveja se processa em trés etapas, como nes ensina o rabino Nilton Bonder: 1 entramos em sintonia com ela quando percebemos que estamos sendo alvo da inveja de alguém. Se nao nos ligarmos a ela, estaremos livres; se nos atarmas a ela, teremos que lazer algo, pois ela € semelhante a uma praga do campo — nasce e se expande se a terra é [értil; 2. yma vez sintonizados, devemos conquistar a inveja, identifican- do-nos com ela ¢ colocando-nos na situagéo do outro. Em assim fazendo, € muito provéwel que cheguemas também a sen- tir o mesma, 3. o mais importante € atenuar a inveja, relevando-a, compreen- dendo-a, para que nos desliguemos dessa energia negativa, A busca de uma protegao espiritual neste caso é uma necessidade. Devemos nos harmonizay, orar, pedir protegdo ¢ luz para todos os envolvides, segundo a crenca particular de cada um. 73 Carta 06 Rei de Paus: esta relacionado, astrologicamente, a0 signo de Aries @ 8 dimensdo dindmica, ativa do elemento Fogo. Personitica 0 as- pecto impulsivo, excitante ¢ impetuoso do lider, aquele capaz de gerar novas idéias, vendé-las aos outros e promover mudancas, Eo espirito de lideranga, a crenga de que possui uma proposta nova ov melhor que vale a pena ser divulgada e trabalhada. E corajoso, direto e objetivo em suas ag6es, © que o torna um adversdrio imbativel em conflitos diretos, embora ndo tenha a flexibilidade necessdria para encarar mudancas nas circunsténcias. Suas solugdes para os problemas podem ser surpreendentes, criativas ¢ revoluci- endrias, Indica © guerreiro, o lutador, a impetuosidade, a impulsividade, a forga de vontade, a paternidade, o espirito em- preendedoy, o idealista que enfrerta riscos com determinagio. Sexualmente potente e experiente, pauta-se por padrées sexuais elevados. Quando negativamente, pelos abuses sexuais. Nuvens: marca um perfodo de dividas, incertezas, instabilidade, con- fusdo de sentimentos, falta de clareza na andlise de problemas, mente tumultuada, tendéncia a tirar conclusées precipitadas, falta de visio das situagées que o cercam, principalmente na drea profissional. Sim- 74 bolicamente as nuvens revestem-se de diverses aspectos, dos quais os mais importantes dizem respeito 4 sua natureza confusa e mal definida @a0 seu papel de produtora de chuwa, fonte de ferilidade e vida. No esoterisme isldmico, a nuvem ¢ 0 estado primordial, incognoscivel de Deus, antes da manifestagic. Na prépria manifestage e na vida cor- tente, a nebulosidade é simbolo do indeterminado, de uma fase de evolugéo, quando as formas antigas que estéo desaparecende ainda nao foram substituidas por formas novas, precisas A diwida, a confusio de sentimentos que se apossam de nds dian- te dos desafios que a vida coloca em nosso caminho, geram medo, apatia ¢ bloqueiam nossa capacidade de raciocinar e agit. A forma de encararmos estes desafios € o que faz toda a diferencga. Se quisermos crescer, progredir € ewoluir na vida, devemos mudar o nosso enfoque — a diferenca entre o vencedor e o perdedor, € que 9 primeiro vé os desafios como oportunidades, procurando tiraro maximo de vantagens da situagao; 0 segunde encata O5 mesmos desafios como problemas, ficando parelisade, evitando a tode custo enfrentd-los. © vencedor, analisando esta carta, afir- ma: o sol estd saindo, o tempo vai melhorar. O perdedor, lamen- ta: o tempo néo esta bom, vai chover, provavelmente teremos uma tempestade. Nesses momentos somos forcadas a despertar o guer- reire adermecido que existe em todas nés. Isto significa encarar os desafios com nobreza e entusiasio, canalizando toda a nossa forga interior, A divide s6 existe para aquelas pessoas acomodadas, que perderam o espirito de luta por falta de um ideal ou meta na vida. Logo, é vital termos um objetive, um sonho, algo que nos desafa a lutar e trabalhar, A imagem do lider é marcada pelo ardor e entusiasmo, possui nGo apenas uma visdo antecipada como tam- bem a firmeza para manifestar seu ponte de vista, usando de mag- netismo para convencer os outros da validade de suas propostas. Estrategista e moldador dos fatos, o verdadeire lider € fascinante, ardoroso e, sem a menor sombra de divida, extremamente egocentrado, Seu egocentrismo pode ser passivel de criticas, mas como ele nasce de sua nobreza, forca interior e de sua capacidade de ver longe, ¢ lider da pouca atengdo a elas — estd convicte de que a humanidade sempre pode melhorar 75 * Naipe de Copas Carta 28 As de Copas: indica a explosdo dos sentimentos, do amar e da beleza. E a forga da natureza que irradia encanta e harmonia, que propicia abundancia, fartura e fertilidade, mas que também pode ser traigoeira € vingativa, Preenche os coragdes humanos com o frenesi das paixdes e dos sentimentos impulsionando-os ao relaci- onamento, Essa forga é feminina, sensivel, terna, submissa ¢ dea- dora mas também pode ser agressiva, infiel, falsa e instdvel, A manifestagdo sexual é apaixonada, afetuosa, amorosa e decicada. Psicologicamente, € a Aria, delinida por Jung como a represen- tagdo psiquica da minoria de genes femininos presertes no corpo do homem (60% genes masculinas + 40% genes femininos). A Atina @, simultaneamente, um complexo pessoal ¢ uma imagem arquetipica da mulher na psique masculina. A Anime condensa todas as experiéncias que o homem vivenciou nos seus encontras com a mulher no curso dos milénios. Numa abordagem mais espe- cifica, as caracteristicas da Arima de um homem lhe sio "molda- TT das" através de um “regulamento” dade, basicamente, pela mae. Esta feminilidade inconsciente no homem, indiferenciada, inferior, pode manifestar-se no cotidiano, de forma positiva ou negativa, Sob o aspecto pesitive, cabe 4 Anima, em seu papel mais impor- tante, colocar a mente légica de um homem em sintonia com as energias sutis do mundo das emagdes e dos sentimentos, com os valores interiores mais legitimos, Em geral, como a mente légica de um homem ¢ incapaz de perceber fatos que estdo escondidos em Seu inconsciente, compete & Anima ajudé-lo a desenterrd-los. A Aina € ainda responsavel pelo fate de um homem ser capaz de encontrar @ parceira ideal; 6 a presenga da Alnima que faz com que ele se apaixone de repente quando vé uma mulher pela primeira vez € sabe imediatamente que aquela é “ela”, A Anima encerra os atributos fascinantes do eterna leminino ¢ proporciona ao hamem a Capacidade de se relacionar com © mundo exterior; é a expressic consciente de seus sentimentos. Em seus aspectos negativos, a Anima se manifesta através de despropositadas mudangas de hu- mor @ caprichos, sentimentos indefinidos, melancolia, irritagdo, ci- Gmes, depressio, inseguranga e incerteza, Cavalheiro: representa o Principio masculino, ativa, positive, Yang, tacional, Psicologicamente esté associado a0 principio Logos que caracteriza-se pelo diferenciar ordenar; fepresenta a vontade, o agir, o verbo eo sentido; é um principio eminentemente Solar. Para entendermos coma o principio Logos atua ¢ se manifesta, principalmente nos relacionamentos externos — homem e mulher —, considero oportuno analisarmes os resultados obtidos em pes. quisas realizadas nas Estados Unidos, divulgacos pela psicoterapeuta junguiana Sukie Miller. Segundo essas Pesquisas, o homem toma as palaveas coma informagio; © seu maior medo é ode ser sufoca- do; 0 reconhecimento social é, para ele, muito importante; o ho- mem tende mais a intimidagio e § agressio, sendo sexualmente Clumento, ndo tem grande resistencia ao estresse, tende a falar principalmente sobre coisas e funciona linearmente. Estas coloca- ges, embora, polémicas, podem de mancira pratica explicitar camo este principio atua 78 Neste Baralho, o Cavalheiro representaré o consulente do sexo masculino. Se o consulente for uma mulher, esta carta representa un homem influente em sua vida — pai, marido, amarte ou chefe. ic de “"Homem” esta, em geral, fundamentada em pa- drdes ete de comportamento social desenvolvidos desde a \dace da Pedra até os dias de hoje. Sao eles o fisico forte, a agressividade, a ousadia, a racionalidade e a rigidez. Cabia ao Hioexers prover o sustento e proporcionar condigées minimas de seguranga para a familia eo grupe, Desta forma, a0 longo de tempo, foram construfdos “valores masculinos”: ser forte, inteli- gente, acumular poderes ¢ bens materiais, Essas virtudes s3o 0 que desperta a admiragdo das mulheres e do grupo como um todo e a falta delas é vista como sinal de incompeténcia. Esta € a base do Patriarcado. Atualmente, os principios Masculino e Feminine con- tinuam a ser mal compreendidos em nossa sociedade. Nos primérdios da Humanidade, como atestam as religiées ou filosofias antigas, predominou o Matriarcado, A mulher dominava e reinava absoluta porque dava a luz. © processo gestacao/nascimento era muito respeitado por ser facilmente visivel e espantoso — nao se podia “ver” que cabla ao homem a fertilizegdo do évulo que originava © visivel. Provavelmente quande esta tomada de consciéncia ocor- reu, ou seja, de que o homem era o responsdvel pela fertilizagio — seu status no grupo foi elevado, Mas ndo foi este o Unico lator responsdvel para o crescimento de seu poder. As condighes do meio ambiente, a necessidade crescerte de dominar a natureza hostil e promover a seguranga do grupo, e nesta tarela ee homens se destacavam como lutadores e cagadores, muito contrbuiram para que assumissem o comando do grupo e,; conseqiertemente, o Patriarcade fosse instaurado. Desde entdo, uma guerra filoséfica também desenvolveu-se a res peito de que era melhor — o principio Masculino ou 0 principio Feminino — tendo isso ocorrido porque deixamos de compreender a base clo simbolismo que fundamenta estes principios, Os simbo- los foram aplicados, confusamente ac homem e a mulher bioldgi- cos, esquecendo-se que esses principios transcendem as formas € 79 esto permanentemente entrelagades um ao outro. Como os prin- cipios Masculine e Feminino podem ser simbolizados na forma hu- mana, é facil interpretar erroneamente 9 conceito filosético ¢ dotar © homem fisico com © poder do “Principio Masculine” ea mulher Ksica com o poder do “Principio Feminino”. Esta ma inkerpretagdo separa os simbolos usados para definir a Forca da Vida ¢ nés aca- bamos com duas metades que se lutam entre si, © ser humane, complete e inteiro, € aquele que engloba e¢ harmoniza as duas polaridades, Para que possamos melhor entender esta questo, € opertuno analisarmos de forma sucinta os principios da psicologia de Jung. Sua idéia central € seu conceito de individuagdo, isto é, 0 proces- so pelo qual a pessoa vai-se tornando progressivamente, durante toda a vida, 0 ser pleno e unificado, tal como almejado pelo Cri- ador, Como conseqiéncias, uma expansio gradual da consciéncia do set ¢ a capacidade sempre crescente de a personalidade cons- ciente refletir o Self integral, o Eu Maior. © ego pode ser enten- dido como sendo o centro da conscigncia, o “eu menor” dentro de nés, aquela parte com a qua! nos identificamos conscientemen- te. O Self, ou Eu Maior, ¢ 0 nome dado a personalidade total, ao ser na sua potencialidade, ao ser que esta dentro de nés, procu- rando, desde o infcio, ser reconhecide & manifestade através do ego ou “eu menor” ao longo da vida. O processo de individuaggo envolve o ser humano em problemas psicoldgicos ¢ espirituais de grande complexidade, Lim dos maiores problemas gue encontra é a questéo de aceitar o seu lado Sombra, aquele lado escuro, indesejado ¢ perigoso da personalidade que esté dentro de cada um de nés, e que entra em conflite com as atitudes @ ideais cons- cientes. A rejeigao da Sombra resulta numa divisdo interior @ no estabelecimento de um estado ce hostilidede entre consclente € inconsciente, afastande-nos da possibilidade de nos tornarmos ple- nos, A aceitagio ¢ integragio da Sombra é um processo muito diffcil e dolotose, mas que ten como conseqiiéncia o estabeleci- mento da unidade e do equilibrio psiceldgico, que de outra forma nao seriam atingidos. 80 Anda mais dificil é a incorporagdo que o homem deve fazer de seu elemento inconsciente feminino, a Amine. Uma das maiores contri- buicdes de Jung foi a demonstragdo de que o ser humana combina ei si 08 principios Masculino ¢ Femining. Segundo Jung, 0 princi- pio Masculine representa a Perfeigdo e 0 principio Feminino repre- venta a Totalidade. Para crescermos como seres humanos, para al- cangarmos 0 Self, precisamos reconhecer a combinagdo desses prin- cipios dentro de nés mesmos € nos outros. O homem geralmente se idestifica com seu lado masculine e usa sua feminilidade no interior. A incorporagio do elemento feminine na consciéncia do homem é uma questéo psicolégica de grande sutileza e dificulda- de, mas necesséria, pois caso ele nic o consiga, nio pode sequer ter esperancas de compreender todo o mistério de seu proprio Self Devemos ter sempre em mente que a psicologia da in mostra que a meta deste process que leva ac Ser Total nda é a perfeigdo, mas sim a integridade. Um individuo, na sua inteireza, nem sempre € inatacdvel, sem culpa e puro, mas € aquele em quem, no se sabe como, todos os aspectos foram integrados num ser duagdo pleno. 81

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