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Haroldo de Resende (Organizador) Paes Michel Foucault: 0 governo da infancia wos auténtica So Paulo Au Pa 2or3, 940 - Sto Paulo-SP Sumario Apresentagao Harold de Resende Governando criangas e jovens: escola, drogas e violencia Acécio Augusto Por uma ontologia politica da (d)eficiéncia no governo da infancia Alexandre Flora de Carvalho Por que governar a inféncia? ‘Aredo Veiga-Neto Governamentalidades, saberes e politicas pablicas na rea de Direitos Humanos da crianga e do adolescente Diego Soares da Sitveira Foucault em Transformagao e notas sobre o Intelectual modulador Edson Passetti “A aplicagdo do ECA tem se desviado da sua proposta original”: Estado de Direito e formagéo discursiva no campo da crianga @ do adolescente Estela Scheinvar ‘AUNESCO @ 0 governo da infancia por meio do capital © processo de normalizacao da casa e da escola em questo José 6. Gondra ncia sob o olhar da Pedagogia: = os da escolarizagao na Modernidade' ee comegar: 0 espago ocupado pela infanci peace Fazendo uma descrigio bastante suméria de As palaumas eas ists, jode-se dizer que se trata da obra basilar da arqueologia de Michel icault, na qual traga um percurso histérico que recobre o periodo vai do fim do Renascimento, passando pela Idade Classica até desembocar na Modernidade, abordando em cada um desses momentos ist6ricos a emergéncia de saberes, de modo a descrever, nos séculos XIX e XX, o aparecimento das Cigncias Humanas. O primeiro capi- tulo de As palavras e as coisas & ilustrado com 0 quadro Las meninas, ‘de Velisquez, trazendo uma descri¢ao empirica dessa obra de arte, permitindo o estabelecimento, no capitulo IX, de determinadas com- paragSes com a Modernidade. Realizando uma interpretagio, a partir de alguns Angulos, da obra de Velisquez no interior da obra de Foucault, Muchail (2002) propde lum deslocamento da percepgio imediatamente empirica para regides fem que os nomes se ligam 4s coisas, o que possiblita outra descrigio. ‘Um dos ingulos escolhidos pela autora € aquele em que se situam as ersonagens e os centres do quadro, de modo que seu argumento é 0 de ue dois pontos centrais comandam a posi¢io do quadro, quais sejam, © espelho e o olhar da princesa que se apresenta no primeiro plano da cena. No entanto, segundo essa interpretagio, esses dois pontos parecem Se direcionar para a convergéncia de um jinico ponto: - Haroldo de Resende —' 2 'Mas ees dois pontos parecem estar ambos direcionados pa A ee ee rcrcde dian hgat Ponto convergent: trata-s do expaso claro 3 feente do quad ee en eanaabae dlematear o limite impreciso entre o seu interior € 0 Seu IMbguo, nde seslteram, como que i pester sem He, Tor eo soberano, é o espectador cujo oh ead agi dessa auséncia essencial {quadro num objeto, pura representaca (Foucavt, 1995s, p. 324). a, & na ambiguidade dessa posisio ocupada pelo homem eto que se instauram as Gineias umanasyegyerendo ri puigio de cientificidade ao homiem real ; ‘Ora, acontece também que, por outro lado ¢ a0 mesmo tempo, tins ver que a acionalidade do sabge.ciemtifico & erigida como E ocxpethoofhado pelo pinto eas personagens. Espo o ¢ vazio a0 mesmo tempo, 20 mesino tempo sujeito obj olhar ausente © presente, & ele o centro principal do quad Um centro soberano, ¢ daplamente soberano: porque com a composigio de todo 0 quadto e porque supostamente oeup pois bem por soberanos (o ei a rainhs) (Mucwai, 2004, p. 53) mo sueito © 0 ‘Tal percepgio aponta que, da perspectiva interior a0 quadro o vazio é 0 lugar do modelo (soberano), mas da perspectiva exter quadro, como que numa projecio, esse lugar é 0 espaco ocupado, Leeroy stodo.sabersgmedida do verda~ espectador que vé a cena; mas é, ao mesmo tempo, visto. Esse liga See encias bua cattegam em sea propio bojo 0860 também do visitante que espia a cena, sendo o espectador de dentro d {nalienivel da reducio do homem ao que ele pode “cientifica- “cientifico” sobre o homem além do que é 0 espaco do proprio pintor real que se olha como mod ‘mente conhecer”. O conheciment de si mesmo para representar-se. O vazio que se pde e se interp3e op toma-se no 560 tinico saber qualificado e competente,aquele no quadro, como um todo, © mesmo que o expelho acaba por queieme poder de pee is a vende. f,ocerto sentar na ordem da cena, ou seja, 0 rei ausente da cena se faz p £0 erro, 9 Norn Pe ts que etcala pelo reflexo no espelho, da mesma forma que o quadro, por aquilo Venvel dee fner sempre preaere en ree ee seria o reflexo, tra a prsenga do model, do espectador edo pint ssa Beh ead. 2008 5 5) dimensio da realidade. sea Nesse espago, o lugar do sujeito se di no plano da representagac desse espago que os saberes irio emergir na Idade Classica. A ocupag desse wae ae homem nie, eats existente, real, cmp 0 saber-poder da Pedagogia ‘que possibilitar’ o aparecimento das Ciéncias Humanas na Modernid (© interesse aqui explorar um pouco a relacio entre a Pedagogity, O Ingar do rei, afinal, seri ocupado pelo homem que antes do fim entendida como cigncia,daeducagio, situada no campo das Ciencias século XVIII nao existia. Humanas e ayinfancia-como,objeto,

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