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EM TORNO DO III? SALAO DE MAIO Salao de Maio jé constitue em So Paulo um acontecimento anualmente esperado. Nos anos pas- sados tivemos a colaboracio decidida dos grupos do Rio de Janeiro e de Minas Gerais e a repercussio na- ional do Salio foi bem maior, mas j4 a presente ex- Posigao perdeu algo desse caracter, em virtude do menor numero de expositores nossos da grande afluencia de pintores e escultores estrangeiros, KE’ Pena que assim aconteca, mas, por outro lado, a situa: gio reflete uma expansdo internacional interessante de nossos movimentos artisticos, 0 que é pelo me- nos envaidecedor. Tanto mais quanto, em paralelo com os trabalhos vindos do estrangeiro, a nossa pro- dugio se apresenta bem mais viva ¢ bem mais hit mana, Uma tal afirmacio exige esclarecimentos, pois Pode parecer, 4 primeira vista, algo pretenciosa, 1’ = 132 SERGIO 1LLIET que os expositores estrangeiros, 4 excegio de De Fiore, Mohaly e Pennacehi, radicados em Sto Paulo, pertencem todos ds escolas surcalista ¢ abstracionista, embora nfo figurem entre os lideres dessas correntes. (Ora, nada mais inacessivel & mediocridade do que as teorlas avangadas que celebrizaram um De Chirico, un Salvador Dali, um Joao Miré. [Em materia de surealismo no péde haver meios termos, escalas de valor. A obra presta ou mio, atinge a expresso essencial ou nfo, Quando falha ovalvo, a pintura surealista dissolve-se no mais infan- til dos artificios. De um pintor impressionista, p5- de-se dizer que é melhor ou pior do que seus com- panheiros. 7 permitida a comparagio porque cle permanece dentro de determinado pairdo, sujelta-se 4 uma aferigao de ordem plastica, cujos pesos de pon- deragio so palpaveis. De um cubista ow expressio- nista o mesmo se dité. Continua-se dentro ca plastica e a linguagem critica péde valer-se de seus termos habituais sem inconvenientes. Qualquer obra cesses jem factura, composicio, colorido, valores, planos, vo- fumes, desenho. Ja quando nos referimos a uma téla abstracionista, raramente tais palavras exprimem algo aproveitavel 4 orientagio do publico, eorrespondem ‘ao sentido que se thes d4 normalmente na terminolo- gia pictorica, Com o surealismo eaimos na psicolo gia grafica, ou melhor, no campo mais restrito ainda da psicanslise ilustrada. Com 0 abstracionismo PINTORES & PINTURAS 133 dsscambamos para a metafisica integral. Acontece, Slgumas raras vezes, que esses filosfos e psicologos S#0 tambem pintores ¢ entiio suas obras vao eolocars S@ naturalmente dentro do plano plastico. Mas isso. Apesar da psicologia ¢ no por causa dela. I? o caso, dle Chirico, de Dali ou de Miré. Em tortio desses homens curiosissimos, porém, evoluem inustietos artis ts de pequeno valor, que abrigam sua incapacidade plastica no esoterismo, quando nio, simp Imistifcagio. Bons ou ruins, sinceros om nfo, suas ‘ranifestagdes artistas escapam ao dominio da arte, afirmagéo esta que nio implica em julgamento de va, Jor inteletual No Saliio de Maio deste ano a contribuicio e5- frangeira prima pelo cerebralismo © muita pouco ha deinteressar os verdadleiros amadores ce pintura. Ens compensacio a amostra brasileira é de béa qualidade, em que pese a heterogeneidade do. grupo que reune Personalidades as mais diversas, tanto em valor como fm tendencias. Lasar Segall, Tarsila, Flavio de Care valho, Pauilo Rossi Osir, Clovis Graciano, Di anti, Livio Abramo, Anita Matfati, Citty Ferreira, Gomide, Reboto Gonzalez, Nobiling, Brecheret, Fic Sucira, Andrade Fitho, sio, com efeite, pintores @ e5- ultores que nada tém de comum, ano ser a inqui fasio diante da pesquisa do mais perfeito modo de ex: Pressdo, a nio ser sua fidelidade ao humano através de todas as estilizagdes © deformagdes, 134 SERGIO MILLIBT ‘No se veja nessa minha insistencia em comba- ter o cerebratismo artistico nenhuma atitude negativa Nao quero negar a0 pintor © direito de ser inteli- gente, de tentar a consolidagio de suas jdeias » corpo doutrinario logico. Nao. Quero apenas ¥¢ belar-me contra a tencencia de certos pintores para se prender estretamente 4 doutina em prefuizo da obr: de arte, a expensas da capacidade eriadora. Que o artista ponha a escrita a servigo da arte, nada mais justo: fizeram-no com grande talento e para beneficic Coletivo inumeros pintores, desde Leonardo da Vinci ‘até André Lhote. Mas que o artista coloque a arte a servigo da esctita é 0 que no se justifiea em abso- Into, porque entio a arte deixa de ser arte para pas sar a ilusteagio de tese e como tal falhar & sua natu ral definigio desinteressada. Foi Gide quem disse, « proposito do romance socalizante, € a frase continic de grande atualidade: “Vous voulez éerire pest prouver et ce faisant vous ne prouves rien eb vous fvilisses ocuvre d'art”. Mudem-se algumas pala ras’ e a observagao aplicar-se-a a pintura contempy ranea das escolas surealista e abstracionista. Fl tambem. pintam para provar e, assim fazendo, nio pprovam coisa nenhima e ainda por cima aviltam s Com tudo isso eu no posso negar 0 valor inve tivo © algumas veres expressive desses artistas + trangeiros, que expdem no Salo de Maio, Fax PINTORES © PINTURAS 135 necessario, cntretanto, mudar 0 rotulo da exposiglo, pomue ja no se trata de pintuf, Dido que me atenho a questées de nonada e que 0 que menos im porta €o rotulo, Engano. © confusionismo masce jus tamente da insuficiencin das definigdes, caracterist ca bem definida do espirito romantico de um moder- nistio embasbacado diante da ciengia, do arranha-céu, da televisio, de todas as possibilidades materiais do século. O rotulo é imprescindivel porque ele nos in- dus & apreciagio do objeto rorulada de determinado angulo, -E tambem ao julgamento do artista. Por outro lado no nos é permitido variar 20 infinito © de acérdo com as circunstancias © contetido das pala- vas, porquanto isso provocaria um desequilibrio até certo ponto funcional em nossa vida. Para todos os efeitos “cadeira” sera sempre tm objeto destinado & agio de sentar e nfo ser nunca admissivel que com essa palavra se designe un “prato”, por exemplo, out sm “animal”, O mesmo se ci com a palavra pintura,, por isso se tim individuo apresenta um rabisco sim- plesmente revelador de seu estada de alma diante da autligio do “ i fo, nem pesquisa de colorido, como um diagrama, ex tenho 0 direito de negar-the um valor pictorico ou de julga-lo absurdo. Mas se 0 mesmo individuo, em vez de intitular o seu trabalho pintura 0 cha- sole mio", sem plastica, nem comp mar de “experiencia de grafia psicologica”, eu i do o poderei julgar do mesmo angulo e é muito pro- 136 SERGIO MILLIET vavel que, ento, 0 absurdo pictorica: passe a intere sar-me como coneretizacio de uma teoria cientifica ‘A verdatleira pintura prescinde de legend! Diante de una natuvera morta eu dispenso perfeits mente a especificacio do objeto pintado. Nao me Jmporta que sejam uvas, tachos, compoteiras, meldes con simples eubos sem sentido expresso. Jé 0 mesmo info ocorre com 0 abstracionismo ou com 0 surealis- mio, que esto sempre a solictar do apreciador wna complicada operagio mental. E necessario que == cestabelega a relagio entre a téla ¢ a intengio do autor fe um quadro abstracionista, sem legenda, nio sigr fica coisa alguma. Mas deixemos um pouco de fado essa digressto fe voltemos 4 nossa representagéo nacional. Est como ja afirmei, se caracteriza pela honestidade p etorica e se nem tudo 0 que expée é feliz, ha, ind bitavelmente, dentro da produgio exposta mais de tum trabalho de primeira ordem, merecedor de nos respeito © de nossa simpatia. Vejamos alguns, as corde em que s@ acfiam colocados: ‘Anita Malfatti no tem sido muito feliz ultim mente e no Salo de Maio continda bem abaixo le suas possibilidades. Faltacthe a antiga seguranga m= composi¢io e.certa largueza de inspiragéo. O colo- ido € pobre e penoso. Mas seus desenhos expressio- nnistas fo, sem duvida, fortes, de belo movimento © de muito caracter. Convencem mais do que a =) PINTORES B PINTURAS 137 pintura e revelam tudo que & permitido esperar ainda de quem figura entre os precursores da arte moderna to Brasil, Tarsila do Amaral renova-se sempre cont grande faclidade. Apresenta-se agora numa fase em {que nfo se preoccupa com certos detalhes tecnicos de valores ou passagenis, nem claros e escuros, mas sim om a composicfo © a expresso ingenna’ das goisas: pprasileiris. Desse objetivo tinha que decorrer fatal- ‘mente 0 jogo das cires puras, que Ihe tem sido injus- tamente censtirado, bem como, em virtude desse mes- mo. jogo. votuntariamente simplista, 0 aspecto deco ativo que tambem Ihe foi recriminado, Os rosas € os azuis “bai” sfo, entretanto extremamente sen- siveis e a ligcira deformagio de suas personagens re vyelacse expressiva a contento, Numa outra técnica, mas dentro da mesma ingenuidade gostosa, caipira bem nossa, ingenuidacie de quadrimha popular, de pé ‘quebrado, mas de alia poesia, coloca-se sua paisagem verde, de fazenda, inhabil, com muita sabedoria.. An- rade Filho segue rumos diversos. © desejo de che- gar a uma materia plastica solida leva-o a pesguisas Ge colorido muito severas. Andrade Filho trabatha cen profundidade, com persistencia, de animo ho- resto, E? menos controlado nto deseuhio € um parico facil na composigio, embora no retrato de Rossine Guarnieri tenba atingido a obra prima. Muito mogo ainda, abre-se 4 sua frente um magnifico futuro. Fla- yio de Carvalho, dinamico e irrequieto, € um grande 138 SERGIO MILLIET poéta do desenho, Parece mesmo incrivel que de tio pobre materia tire «ma expressio tio profinda € colorida, a um tempo tio livre ¢ to nobre. Seus dleos ‘me agradam menos, embora no Shes negue o valor plastica, Parecem-me, entretanto, mais superficiais, tum tanto improvisados, esquemiticos mesmo. Ei compensagio as aquarelas nfo encontram rivals, na produgio de Séo Paulo pelo menos. Com inteira i> berdade, Flavio chega a sutilezas notaveis, a reali: zagbes de passagens ¢ valores raramente verificavels tea pintura a agua. Com Paulo Ressi Osit voltamos uma pintura mais calma, comedida, inteligente, re- pousante, Em meio a uma visivel timider, a uma sensibilidade que se domina por demais ¢ se mantem ppresa_na prevewpagio do acabado, do perfeite, do. parecido, o artista malabariza com os valores © aleanga sempre na materia vibrante, da melhor qua lidade, ‘Tem muita escola, muita seguranca, indis ccutivel honestidade, gosto apurado, mas pouca inven: gio. A sua poesia é de meios tons ¢ de delicad aque frisam nao raro © preciosismo, Contudo Ross se coloca entre 08 grandes pintores de nossa terra ji pela serenidade de sua obra, ¢ pela desenvolture com que domina os problemas plasticos, j4 pela at toridade de sua fatura, _Rebolo Gonzalez com trés paisagens tranquilas, muito matizadas, em que 2 | pilidade das passagens supera a composigio ¢ @ ins piragio se subordina de bom grado 4 vontade tenaz PINTORES E PINTURAS 139 do colorido verdadeiro, apresenta-se em béa férma. Carece de brilho ¢ de confianga em si proprio, mas caminha assim mesmo findamente para a frente. Di Cavalcanti, nao chega a comover-nos, porém nao péde set julgado pelas obras antigas que presenta. Mo- numentais € espertas, revelam decisiva infltencia de Picasso e, embora se prendam a assuntos brasilei- 08, muito pouco comportam de nosso ambiente Com Antonio Gomide, ao contrario, estamos em ple! favela. Escrevi allures que suas pretas feias, carre- gando o-and6r, eram virgens, apesar de macumbas candomblés. Sao puras, em verdade, € de um mis- ticismo suado, pegajoso, rescendendo a budum, que nos leva a consideragdes sociais profundas, Mas as- sim como nos mostra a presenca de Deus entre os miseraveis, Gomide sabe pr em relevo a saudavel presenca da vida animal e simples nos folguedos dos moleques do morro e clas mulatinhas do “‘carroussel”, Nenhum preconceito doutrinario, em sua obra, ne- numa imposigio de ordem tecnica dominante, Como diria Severini, Gomide pinta coma esereve, isto & com naturatidade, revelando de uma maneira plastica todo o seu temperamento, FE assim como se Ie 0 ea acter de um individuo pela caligrafia, péde-se lér 0 de Gomide pela sua pintura, Nio tem artificios nem sabengas, rehabilitanido-se, com suas ultimas mostras, do decorativismo que o dominow algum tempo, prin- cipalmente no “ Gitty-Ferreira convence ‘a fresco) 10 SERGIO LLIET plesamente, em que pese a inluencia visivel de Se gall, Entvetanto, essa influencia € to pouco distr gala, que ex me pergrinto se nfo se trata, na reali date, de wna coineidencia de temperamentos, de usta sensibiliade analoga, seduzda pelos mesmos: assu- tos, interessada nos mesmos problemas, Como quer «que seja, ninguem he haste negar uma sincera ad. niwugio diante do “asto-rewato”, como tio pouco se The ha de-negar © poder de comogio de suas vutras télas, codas elas muito huvaanas, essencdmente he mamas, cheins de termura e de softimento. Clovis Gra ccino figura entre 8 moges cle mais belas promessas. A cada nova exposicgio apresenta-se mais solida aro, sean nada perder de sua inspisacio. Ga nba em tecnica, aprimora a fom, penetra mais mamente os segredos da composicia e da valor do colorido e continga hem livre e bem vivo ‘Tambem seu desenho melhora dia a dia. Mas 0 que mais me interessa no seu temperamento & esse modo de trabalhar a simplicidade de mancira a civor dela os maiores recursos. A esse respeito, as flores que exptem so casscteristcas. De edres muito pe bres, voluntariamente pobres, Grow sma eseala er matica infinita, extremamente rica, profunda, sensual BE chegamos agora emt Segall. Nio expor éleos este ano 0 grande pintor brasileiro, mas uma série de aguas fortes expressionistas, de grande valor social € humano. “Imigrantes” © “Mange” so ilustes PINTORES B PINTORA i goes para dois temas muito debatidos, mas sempre novos nas mifos sensiveis do artista: o desenraiza- mento a fome de amor. Haveria muito que diva- gar em torno dessas aguas fortes; sublinhemos ape- nas o sett valor poetico, assim mesmo de um modo geral, pois, para uma analise mais demorada, fora preciso passar em revista cerca de trinta motivos di- ferentes, Esse valor poctico resulta da expressivi- dade de svias deformagoes ¢ do inesperado da compo- sigfio mais-que do proprio clesenbo, Segall, com isso, sempre se coloca “entre cu e terra” e, como ja frisel hha tempo, em artigo sobre sua obra, longe da terra © bastante para ter do mundo apenas a visio essen= cial e a0 mesmo tempo suficientemente perto de ma- hneira a nfo se perder no abstracionismo. Nao co- tnhego, entre os nossos artistas modernos, pintor me- nos metafisico nem mais profundamente humano. Ao lado de Segall, Fulvio Pennacchi se apaga um pouco fem set: néo-misticismo clawvdcliano. Mas suas quali~ dades de composicéo resistem hem critica. Sabe evitar a decoracio, embora faga sempre por um triz, gragas a uma pobreza de colorido que ateniia 0 bri- Tho dos equilibrios e o retem a0 solo, Ha ainda Moha Jy, muito influenciada este ano por Segall, porém ‘com tuma tecnica da aquarcla indiscutivel e digna de maior Tibertagio. E sobram, para o fim, os escultores, muito bem representados com De Fiore, Brecheret, Nobiling, 2140 SERGIO MULLET plenamente, em que pese a influencia visivel de Se gall. Entretanto, essa influencia é tio pouco disfar~ gaila, que eu me pergunto se no se trata, na teali- dade, de uma coincidencia de temperamentos, de uma sensibilidade analoga, seduzida pelos mesos assin- tos, interessada nos mesmos problemas. Como quer que seja, ninguem Ihe ha de negar wna sincera ad- miragio diante do “auto-retrato”, como tio poco se Ihe ha de negar o poder de comogio de sas outras ‘élas, todas elas muito humanas, essencialmente hit ‘manas, cheias de ternura e de sofrimento, Clovis Gra- ciano figura entre os mogos de mais helas promessas, A cada nova exposi¢ao apresenta-se mais solid ¢ mais seguro, sem nada perder de sua inspiragéo. Ga- nha em tecnica, aprimora a forma, penetra mais inti- ‘mamente os segredos da composigio e da valorizacio do colorido e continiia hem Kivre ¢ bem vivo. Tambem seu desenho melhora dia a dia. Mas o que mais me interessa no sett temperamento € esse ‘modo de trabalhar a simplicidade de maneira a tirar dela os majores recursos, A esse respeito, as flores ‘que expéem sio caracteristicas, De céres muito po bres, voluntariamente pobres, tirou uma eseala ero- ‘matica infinita, extremamente rica, profunda, senstal. E chegamos agora em Segall, Nao expoz éleos este ano o grande pintor brasileiro, mas uma série de aguas fortes expressionistas, de grande valor social © humano. “Imigrantes” ¢ “Mangue” sio ilustra- PINTORES & PIvTUnAS ut ges para dois temas muito debatidos, mas sempre novos nas méos sensiveis do artista: 0 desenraiza- mento © a fonte de amor. Haveria muito que divas gar em torno as fortes; sublinhemos ape- nas 0 seu valor pe m mesmo de um modo goral, pois, para uma analise mais demorada, fora preciso passar em revista cerca de trinta motivos di- Esse valor poetien resulta da expressivie magées e do inesperado da. compo- siglo mais que do proprio desenho, Segall, com isso, sempre se coloca “entre céu e terra” e, como ji frisel hia tempo, em artigo sobre sua obra, longe da ter © bastante para ter do mundo apenas a visio essen- cial © a0 mesmo tempo siicientemente perto de ma- neira a nio se perder no abstracionismo. N&o co- mhego, entre 0s nossos artistas modernos, pintor me= ros metafisieo nem mais profindamente humiano, Ao Tado de Segall, Fulvio Pennacchi se apaga um pouco em seu néosmisticismo clauvleliano, Mas stias quali- dades de composicio resistem bem a critica. Sabe evitar a decoragio, embora o faga scmpre por um trie, gragas @ uma pobreza de colorido que atenta o bri- tho dos cquilibrios e o rctem ao solo. Ha ainda Moha- Iy, muito influenciada este ano por Segall, porém com uma tecnica da aquarela indiscutivel ¢ digna de maior liberta E sobsam, para o fim, os escultores, muito bem representados com De Fiore, Brecheret, Nokiling, Fi- “342 SERGIO MILLIET gucira e Muitoz. Do primeiro era-nos permitido s- perar melhor, que a outra qualidade de expresséo nos acostumou. Surge, agora, um tanto impressionista, sem grande conviccéo, embora no se possa discutir ‘0 aspecto monumental do “homem brasileiro”. Bre- cheret em plena {érma, expGe apenas uma cabeca de grande nobreza, Nobiling consegue tirar da terra. cota uma delicadeza de pastel, e Figueira, fiel ao pa recido em todos os trabalhos expostos, escapa ao aca- ‘demismo pela construgio honesta, pelo trabalho con- ciencioso dos volumes e dos planos. Mufioz é, sem duvida, 0 mais fraco, preso a uma estilizagio fria, ‘em movimento nem profundidade.

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