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Aiden etal Swart all “Tigi "Tid wig ‘Maaderadty wed ie fui vty Poe Toms Talend i Gaueiva Lars Laue Capa Harti Martine Sune Mall tradi Toe Tin eS (vores treo Red Dew 00 ttp. 29m Istivsrom ue-8 Teuulugio des‘ eatin sf alia Stuart Haw A IDENTIDADE CULTURAL NA POS~MODERNIDADE Tradu¢éo: Tomaz Tadeu da Silva Guacira Lopes Louro 11° edicao 1), Norte/Su! ALBIA editors / ids direitos ettorais dpa (Gakigo Penal, art, Ite $$:1.ei 6.895 de 1712/1980) Catan apmeensderinenizanien (Lei 9.610798, Lei dos Diveitos 4 arts. 111-124 126), Direitos esters 3 DP&A EDITORA Russ Jeaquim Silva, 98,2 andar Lapa 20241-110~ Ito de Janeito ~ BJ — IKASLL lin, (21)2282,1768 Endenego cltrénicn: dpa Gidpa.combr ‘Sto: wget una Improsce no Bese 2006 SUMARIO 1. AeNTIDADE Em QuEsTAG, O7 Trés concepgoes de identidade. O caréter da mudanca no modemidade tardia ‘O que eslé em jogo na questdo das identidades? 2. NASCIMENTO E MORTE DO SUIEITO MODERNO, 23 Descentrando 0 sujeito. 3. AS CULTURAS NACIONAIS COMO COMUNIDADES IMAGINADAS, 47 Norrando a nagéo: uma comunidade imaginade, Desconsiruindo a “cultura nacional”: identidade @ diferanca. 4, Giopauzagio, 67 Compresséo espaco-fempo e identidade. Em diregdo a0 pos-moderno global? 5. O GLOBAL, 0 LOCAL E © RETORNO DA ETNIA, 77 The Rest in the West. A dialética das identidades. 6. FUNDAMENTALISMO, DIASPORA E HIBRIDISMO 91 REFERENCIAS pIBLIOGRAFICAS, 99 1 A IDENTIDADE EM QUESTAO questio da identidade esti sendo extensamente discutida na teoria social. Emesséncia, 0 argumento é o seguinte: as yelhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram © mundo social, esto em declinio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando 6 individu modemo, até aqui visto como um sujeito unificado. A assim chamada “crise de jidentidade” & vista como parte de um processo mais amplo de mudanea, que esta deslocando as esiruturas © processos centrais das sociedades modernas ¢ abalando os quadros de referencia _que davam aosindividuos uma ancoragem estivel ‘no mundo social. 0 prupésito deste livro explorer algumas das questies sobre a identidade cultural na modemidade tardia e avaliar se existe wma “crise de identidade”, em que consiste essa crise © em que direeZo ela esté indo. O livre se volta para quesibes como: Que pretendemos dizer com “crise deidemidace”? Que acontecimentos recentes nas __ sociedacles modernas precipitaram essa crise? Que formas ela toma? Quais sao suas conseqiténcias potenciais? A primeira parte do livro (caps. 1-2) 7 ‘Atopumonoe cucuant na rér-woneenioane ‘ida com mudangas nos conceitos de identidade © de sajeito. A segunda parte (caps. 3-6) descnvolve esse argumento com relacilo a identidades culturais— aqueles aspectos de noasas icentidacles que strgem de nosso “pertencimento” a eulturas Eimicas, raciais, lingiisticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais. Este livro é escrito a partir de uma posi basicamente simpdtica & thease de ee ‘identidades modernas esto sendo “descentradas™ io deslradas ou fragmentades. Seu propésito € 0 de explorar esta afirmacao, ver implica, quoliietla e diseuur quals podem sen Sas provaveis conseytiducias. Ao desenvolver 0 argumento, intreduzo certas complexidades « cxamino alguns aspectos contraditérios que a nogiia de “descentragio”, em sua forma mais simplificada, desconsidera, Lino eitseaientemente, a8 formulaydes deste iro so provisérias © abertas & coniestago. A opiniao dentro da comunidade sociolégica esta ainda profundamente dividida quanto 1 essos assuntos. As tendéncias sio demasiadamente recentese ambigues. O préprio conceito como qual estamos Tidando, “entidade”,& demasiadamente complexo, muito pouco desenvolvico e muito pouco compreendido na ciéncia social cavtempectnes ed ser definitivamente posto a prova. Como acome com muitos outros fendmenos socials, & im, possivel ofrecer afirmagées conclusivas ou ase Wage hn Arcewnonoe on Questo _seguros sobre as aleyagiies # proposigdes tebricas que sido sendo apresentadas. Deve-se ter isso ‘em mente ao se ler o restante do livro. Para aquelevas tebricosias que acreditam que as identidades modernas esto entrando em colapso, o argumento se desenvolve da seguinte forma. Um tipo diferente de mudaaca estrutural “esti transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso esté fragmentando as ppaisagens culturais cle classe, genera, sexualidade, etnia, raga ¢ nacionalidade, que, no pasado, nos tinham fornecide sélidas localizacdes como individuos soviais. Estas transformagbes estio também mudando nossus identidades. pessoais, abalando aidéia que temos de nés préprios como sujeltos integrados. Esta perda de um “sentido de si” ostivel é chamada, algumas vozes, de deslocamento ou descentracao do sujeito, Esse duplo deslocamento — descentragao dosindividuos tanto de sew lugar no mundo social ¢ cultural quanto de si mesmos ~ constitui uma “crise de identidade” para o individuo. Como observa 0 ertico cultural Kobena Mercer, “a identidade somente se torna uma questo quando esta em crise, quando algo que se supie como fixo, cocrente ¢ estivel € deslocado pela experiéncia da diivida ¢ da incerteza” (Mercer, 1990, p. 43). Bisses processos de mudanea, tomados em conjunto, representam um pro transformegao tao fundamental ¢ alsran rotons cuUURAL na rOr-noDsentnine somos compslides a perguntar se no 6 a prépri ars a pripria amodemidade que estisendo iransformada. Extelers {erescenia una nova dimensto a ese aumento & firmagao de que naquilo que & deserito, algumas ‘Yezes, como nosso mundo péx.moderno, nés aomos também “ps” rolatvamente a qualquer concepeo essoncialista ou fina deidentidade — algo que, desde © Tuinismo, se supe definir © proprio nicleo ou ia de nosso ser ¢ Fundam entar: ii d c farulamentar nossa exish como sujetos humans. A fim de employ care alitmacdo, devo examinar primeiramente as ier do ideniidade ¢ o carder da mudaniga na modernidade tardia, Trés concepeées de identidade _ Para os propésitos desta exposizzo, distinguivei és concepgdes muito diferentes de ‘lontidade, a saber, aseoncepbes do identidale 4) sujeito do Tani ©) sujeito pis-mederno, © sujeito do Muminismo estava baseado numa concepgia da pessoa humana como um individuo totalmente centrado, unificada, dotado das eapacidades de razao, de conscignciae de aga, cujo “centro” consistia num niieleo interior, que emergiu pela primeira vez quando o sujeito nasein 10 A roenoa06 on OUEST com ele se desenvalvia, ainda que permanecendo ‘essencialmente o mesino ~ continuo ou “idntico” ele — 20 longo da existéncia do individuo. O centro ‘essencial do cu cra a identidade: de uma pessoa. Direi mais sobre isto em seguida, mas pode-se ver _que essa cra uma concepedio muito “individualista” “do sujcito c de sua identidade (na vordade, a lentidacle dele: ja que o sujeito do Tluminismo era ‘usualmente descrito como masculino). A nogiio de sujeito sociolégico refletia a erescente complexidade do mundo moderno ¢ a -consciéncia dle que este niicleo interior do sujeito nfo eraautinomo eaulo-suficiento, mas era formado nna relagtio com “outras pessoas importantes para “ele”, que meciiavam parao sujeito os valores, sentidos “e smbolos — a cultura ~ dos mundos que eleicla habitava. GLL Mead, C.11, Cooley eos interacionistas simbélicos so as figuras-chave na sociologia que elaboraram esta concepgiio “interativa” da ‘identidade ¢ do eu. De acordo com essa visdo, que se lornow a concepcSo socioléaicacissica da questo, a identidade ¢ formada na “interac30” entre o eu € a sociedade. O sujeito ainda tm um micleo ow esséncia interior que ¢ 0 “ou real”, mas este & formado e modificado num dialogo continuo com os ‘mundos culturais “exteriores” e as identidades que “esses mundos oferevem. A identidade, nessa concepetlo sociologica, _ preenche o espago entre o “interior” ¢ o “exterior”— “entre o mundo pessoal ¢ 0 mundo piblico. 0 feto u ‘Aloeinen0e cUvuEAL Na rox-oceamoase de que projetamos a “nés Proprios” nessas identidades culturais, a0 mesmo tempo que intemalizamos seus si ficacos @ valores, tornando- 05 “parte de nés”, contribui para alinhar nesses sentimentas subjetives com os lugares chjetvostyte coupainios no mundo social e cultural. A identidude, entio, costura (ou, para usar mma mnetafora médica, “sutura”) o sujeito & estratura. Kstabiliza tanto os Sujeitos quanto os mundos cullurais que eles habitam, tornando ambes reciprocamonte mais unificados e prediztveis, Atgumenta-se, entreianto, que sdo exatamente ossas cols que agora esto “tnuclanclo”. Osujeito, Previamente vivido como tendo uma identidade unificada © estavel, est se tomando fragmentado; vomposte néo de uma dnica, mus de varias i les, ulpumas veves contraditérias ou nio- resolvidas. Comespondentemente, as identiddes, ue compunham as paisagens sociais “Id fora” © que asseguravam nossu conformidude subjetiva com as “necessidades” objetivas da culture, esto entrando em eolapso, como resultado de mudancas estiuturais ¢ institueionais. O peépiio Processo de identificacao, através di qual nos Prujelamos em nossas identidades cullurais, tornou-se mais provisrio, varidvel ¢ problematico. Esso proresso preduzo sujeitn pés-moerno, conceptualizada como néo tencio uma idemticlade fixa, essoncial ou permanente. A identidade 12 Arwemonse ox auerio -se uma “celebragio mével”: formada Frsformada calinunmente cn lag i ors quais somos represeiitadlos ou interpelados 1 " jstemas cultursis que: nos receiam (Hall, 1987). finida historicamente, ¢ nto print i ¢ identidades diferentes em dliferer edor de um “cu” coerente. Dentro de nbs hit identidades conteuditsrias, empurranlo cm diferentes iregBes, de tal muwlo que nossas edentifieages esto _sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que temos uma ental ufeada desde orice hlGa morte é apenss porque construfmos uma tee “estéria sobre nds mesmos ou uma conforiadora “parrativa do eu” (veja Hall, 1990), A ideniidade -plenumente unificuda, completa, sogura ecourente & ‘uma fantasia. Ao invés disso, & medida em que os "sistemas de significagio ¢ representaco cultural se. n; somos confrontados por uma -multiplicidade desconcertante € vambiante de jdentidades possiveis, com cada uma das quais Bones nos identificar ~ av menos jporariamente, Deveese ter em mente que as trés goncepsdes de sujeito-acima sie, em alguma inedida, simplificagdes. No desenvolvimento do Argumento, elis se tornardo mais complexas qualificadas. Nao obstante, elas se prestam como de apoio para desenvolver 0 argumento Feral eater 13 Arwtrrionot eurusa. na res-mootsanaot O cardter da muda modernidade tardig Um outro as : specto desta questa ‘densidad esti rluionado ao cater da macs 2amedernidade tard; em particular, proceso le mudanga conhecido como “plobalizugdu” eee, acto subre a identidade cultural, a . mudanga na i nt medernidade tardia tem um cariter mune * disse sobre a madernidade: soterreae mine Soon pee ach code neck caer 90 stl sedesnanclaio ar. (Maro Fal, As soviedades moder as la definicdo, sociedades do mudancy caer “éplla © permanente, Hsta &x principal distiny gntre as soviedades “tradicionais” ¢ xe modernas”, Anthony Giddens argumenta quer ‘as seciedades tracicionsis, opaysada & yencradlo os simbolos sao ralorizads porque cantém ¢ Gerpetuam a experiéncia de perayses. A wadigie a nelo de lidar com o tempo @ » expoyo, ido qualquer atividade on experitners particular na continuidace do passailo, presente nte, ” A tomoaue ww avest#o por sna ver, so estrataratdos reeorrentes (Giddens, 1990, fe ature 08 a A modernidade, em contrasts, nio & lefinida apenascomo a experiéncia de convivéncia a mudanga ripida, abrangente © continua, ‘mas é uma forma altamente reflexiva de vida, na qual: a8 prices sociais so canstantemente examrinadas reformadas & tue das informagaes reeehidas sobre aguclas préprias praticas. clterando, assim, constitutivamente, seu cardter(ibid., pp. 37-8) Giddens cita, em particular, 0 ritmo e 0 aleance da mudanga ~ A medida om que éreas iferentes do globo so postas em interconexzo “uumas com 28 outras, ondas de transformagzo social fingem virtualmento toda a superficie da terra” — € anatureza das instituigdes modernas (Giddens, 1990, p. 6). Fssas diltimas ou sao radicalmente novus, em comparacio com as sociedudes tradicionais (por exemplo, o estaco-nacao ow a ‘mercantilizagao de produtos ¢ o trabalho assalariado), ou (@m uma enganosa continuidade ‘com as formas anteriores (por exemplo, a cidade), mas sio organizadas em torno de principios bastante: diferentes. Mais importantes sfio as transformagdes do tempo e do espago e o que ele chama de “desulojamento do sistema social” - a “extraciio” das relagéies sociais dos contexto: locals de interacio ¢ sua reestraturagaa a0 longo de 15 A tobsnonoe cuuentna r5-Mostsnanane escalas indefinidas de espago-tempo” (ib 21). Veremos todos esses temas mi ee Entretanto, o pomto i Entei, one sl gae gostaria de enfatizar inédita, de todos os fipos tradicionais de ‘ew social, Tanto om extensi nee 0 2 maioria das mud: aracteristicas don periods ameriorea, No face fetes cl seram paras Cae reonexdo social que cubrem 0 globerg fermos de intensidade, elas lteraramyalyumus ns eatactenstces mais intinas: pessoaisde mee coisa etidiana (Giddens, 2900, ps 21). rovesso semim de rupluras © frigmemaggoe Internas no sea puéprio erin” (1969, p19) Ernest Laclau (1990) usa 0 concoito de jieslocamento”. Uma esiriura deslocada € inela eujo centro € deslocado, nko send substitu por outo, mas por “uma plurals de-centros de poder", As sociedad modernay menta lau, ndo (8 nenhum principio lets ak ap Snleo 6 nav se desemolvem de acorto. com obramento de uma anica “causa” ou “lei”, 16 ee Atoemoaae eu cusstio iciedade no 6, como os socidlogos pensaram -vezes, tn todo unificado e hem delimitado, it totalidade, produzindo-se através de yudangas evolucionarias a partir de si mesma, 10 o desenvolvimento de uma flor a partir de bulbo, Ela esté constantemente sendo lescentrada” ou deslocada por forgas fora de si esa. ‘As sociedades da modernidade tardia, gumenta cle, se caracterizadas pela Adiforenga”; elas so atravessadas por diferentes, ¢ antagonismos sociais que produzem uma ‘yariedade de diferentes “posigdes de sujeito” “isto 6, idontidades — para os individuos, Se tais -sociedades nao se desintegram totalmente nao é porque elas sio unificadas, mas porque seus diferentes clementos ¢ identidades porlem, sob certas cirounsténcias, ser conjumtamente articulados. Mas essa articulaco & sempre parcial: a estrutura da identidade pormanece aberta. Sem isso, argumenta Laclau, no haveria nenhuma historia. Esta é uma concepedo de identidade muito diferente c muito mais perturbadora provieéria doque as duas anteriores. Entretanto, argument Laclau, isso n&o deveria nos desencorsjar: 0 deslocamento tom caracteristicas positivas. Ble desarticula as identidades estiveis do passado, mas também ubre a possibilidade de novas 7 ‘Atornrionos curses. na 188-mopmunane a agen # erlagio de nova identidades, Predluetio de noves sujeites co que ele chana ile cmpesigéa da estrstura em iorno de pontos hnodais purticulares dle articulagao”, feaeere culares dearticalacdo” (Laclau, 1990, Giddens, Harvey lens, Harvey e Lavclau oferecen leit um tanto diferentes ds naturess da meelog mundo pés-moderno, aa descontinuicade, ado mas suas énfases na ha hagmentagéo, na ruplura ¢ Tinka comun, mpacto da mudan iporfinen conhecida Iga contemy como “globalizagan”. © que esté em 1 jogo na questo las identidades? ‘hieons abatra g ftU! 0 argumentos parceom bastante fame ae dar alguma idéia de como eles aplicam a uma sitiagto conersta ete gan ne ‘em jogo” nessas eontesia tiittee 4 identidedo e mudanga, rere entice: He que ilustra as fragnentagio ou Em a va! 190 ene Dresiente american, eso por restaurar uma ior conservadora na Suprema Corte americnns encaminhou a indicagiio de Clarence Thomar um juiz negro de visies politicas eames . 18 Atonrmonocem questi julgamento de Bush, 08 eleitores brancos (que preconesilos em relacdo a um juiz clnente apoiaram Thomas porque de 8 eleitores negros (que as liberais em questoes de raga) 1as porque ele era negro. Em 0 presidente estava “jogando 0 jogo das lenticlades”. Durante’as “audiéneias” em torno da indicagio, no Sendo, o juiz'Thomas foi acusado de assédio sexual por uma mulher negra, Anita “Hill, uma ex-colega de Thomas. As aud cauearam um esodndalo piblico & polarizara sociedade americana. Alguns negtos zpoiaram Thomas, bascados na questio da raga; outros se opuseran a ele, tomando como base a questo sexual. As mulheres negras estavam divi dependendo de qual identidade prevalecia: sua identidade como negra ou sun identidade como mulher. Os homens negros também estavam dividides, dependendo de qual {ator prevaleeia: seu scaismo ou sett liberalismo. Os homens braneos estavam divididos, dependendo, nao apenas de sua politica, mas da forma come eles se identificavam com respeito ao racieme © a0 sexismo, Ax mulheres conservadoras brancas apoiayaen Thomas, nio apenas com base em sua inclinagie politica, mas também por causa de sun opesicdo ao feminismo. As feministas brancas, W Avmtnrogoe cULUeAL Na 13-nopemioaDe que freqiientemente tinham posicdes mais Prosressistas na questo da niga, se opunhom Thomas tendo como hase a questa seal Eos Yer que o juiz Thomas era un meinbio da’ elite desc c Anita Hil, Gpocado legals ieilente, una fanciondra subaltema,estavain ernjogm essen ‘mgumentos, umbém questies de chasesocinl, AA questo da culpa ou da inocéncia do juin Homas nifo estd em discussio aquis o que cota em discussdo é 0 “Jono de identidades’ conseqiléncias politicas. Considere soguinies elementos: * Asidentidades cram contraditérias, Elasse cnvzayem ou se “deslocavam” mutuamente, + As contradigées aluavam tanto fora, na Sociedade, atravessando grupos politices estabelecidos, quanto “dentro” di cabega de cada individ * Nenluma identidade singular — por exemple, de classe social — podia alinhee lodas as diferentes identidades com ina jidentidadle mestea” Gnica, abrangente, pa qual se pudesse, cle forma segura, basear uma politica. As pessous ne eniificam mais scus interesses sociais exclusivamente ¢m termos de elasses ¢ classe nao pode servir como um dispesitive discursivo ou uma categoria mobilizadore através da qual todes os variados intcvexses todas as variedos e suas MOS os 20 ‘Aioeenoancem questi identidades das pessoas possam ser conciliadas ¢ representadas, : De formacreseente pases paitcns . 7 mundo modeme siio fraturadas dessa forma por identificagdes Seale te antes ~ advindas, especialmente, epee da “identidade mestra” da classe c da emergéncia de set idades, pertencentes 2 nova base ca definida pelos novos movimentos jis: 0 feminismo, as lutas negras, os mentos de libertaglo nacional, os ntos antinucleares ¢ ecoldgicos ferver, 1990). ie |uea identdade muda de aoarde com a forma como o sujeito é interpelad : ow representado, a identificagzo nao automatica, mas pode ee ganhits ou perdida. Ela tormowse politizada. Ess iocease €, as vezes, descrito como constituindo uma mudanga de snail iss de identidade (de classe) para uma pé de diferenca Posso agora esquematizar, de forma breve, estante do ivr, Em primeiro Tugar, vow como o canes deena mudou do core Tigado a0 sujeito do Pier pore ts one ‘iglégicn ¢, depois, para o do sujei ae Em rape © livro exploraré aquele 2 22 A voriosot cutusas a rOe-mooemnane aspecto da identidade cultural m a moderna que & ona através do pertencimento a mah GES facional e coma os processos de mudanga ~ uma mudanga que efotua um deslocamento compreen-didos no conceito de *; , am eee cw conecite de ‘globalizagao NASCIMENTO E MORTE DO SUJEITO MODERNO este capitulo farei um eshogo da descrigio, J \ J iciteporalauns tedricos comtemporaneos, das prineipais mudangas na forma pela i conceptnalizados no pensamento moderno. Meu objetivo & tacar 0s estdgios através dos quais uma versio particular do “eujeito humano” — com certas vapacidades hhumanas fixas e um sentimento estivel de sua propria identidade e lugar na ordem das coisas ~ emergiu peli pri vex na idade moderna; como cle se tornou “centrado”, nos discursos € ‘praticas que moldaram as sociedades modemas; como adquiriu uma definigto mais sociolbgiea ou interativa; e como ele esti sendo “clescentrado” na modernidade tardia. 0 foco principal deste capitulo 6 conceitual, centrande-se em cancepeaes mutanies do sujcito humane, visto como uma figura discursiva, euja forma unificada ¢ identidade racional eram pressupostes tanto pelos discursos do pensamento modemo quanto pelos processos que moldaram a modernidade, sondo: Ihes essenciais. 23 Arpueoane cua Naris-nooesunaot Teniar mapear a historia da nogda desujeito moderno & um exercicio extremaments dilfell. A idéia de que as identidades cram plenamonte unificadas e enerentes © que agora se tornaram totalmente deslocadas & uma forma altamente simplista de contar a estéria do sujeito moderne, Bua adoto aqui como um dispositiva que tems propOsio exclusive de uma exposigdio conveniente, Mesmo aqueles que subscrevem inteiramente 4 nocio de um descentramento da identidade nao 4 sustentariam nessa forma simolificada, Deverse ter essa qualificagio em mente ao ler este eapitul, Entetento, esta formuluedo simples tem Hantagem de me possbilitar (no breve espaco deste Tivro) eshogar um quacko eprosimado de come, de acordo com os proponenies da visho de deseentramento, a conceptualizagio do sujeito moderno mudou em srés pontos estratégicos, durante 2 modernidade. Exsas mudangas sublinham a afirmagio basica de que as conceptualizaedes do sujeito mudam e, portanto, tem uma histéria. Uma vez que o sujeito moderne gmergiu num momento particular (sou _pascimento") ¢ tem uma histna, segue-se que ele também pode mudar e, de fato, sob coves rounstincias, podemos mesmo contemplar sus “morte”, igors um lugar-comum dizer que a época moderna fez surgir uma forma nova e decisiva de individualism, uw» centro da qual erigit-se uma 24 [Nascaientos Nom bo Uren MODERN ova concepgie do sujcite individual ¢ sua identi ignil s tempos pré- iddentidade. Isto ndo significa quenos 3 modernos as pessoas nfo eram individues mas que a individualidade era tanto “vivida™ quanto “conceptualizada” de forma diferente, As transformacdes associades 4 modernidade eo ian doen applon eden ic 2 acreditava que ‘radigoes nas estruturas. Antes se aered essas cram divinamente estabelecidas: nao estavam sujeitas, portanto, a mudangas fundamentais. O status, a clasiicagio ¢ aposigio de uma pessoa na “grande cadeia do ser” — a ordem secular ¢ divina das coisas ~ predominavam sobre qualquer sentimento de que a pessoa fosse um individuo soberano. Q nascimento do “individuo soberano”, entre o Humanismo Renascentista do séeulo XVI e o Tuminismo do século XVI, representou uma ruptura importante com pessado. Alguns argumentam que ele foi 0 motor que eolovou tedo 0 sistema social da *modernidade” em movimento. Raymond Williams observa que a histiria moderna do sujeito individual reine dois significados distitos: por um lado, o eujeto & “indivisivel” ~ uma entidade que & unificada no seu proprio interior e nao pode ser dividida além Sa cas Nal ete de ois istintiva, tinica” (veja Williams, © é “singular, distntiva, inion” (veja Wi $976: pp. 138-5: verbete “individual”). Muitos movimentos importantes no pensamenlo © na 25 COS contro vo estutes Socata ‘Atoevronorcurueat ns 93¢-uopemeoAoe cultura ocidentais coniribuiram para a emergéneia dessa nova concepgio: a Reforma eo Protestantismo, que libertaram a consei@ncin individual das insituigdes religiosas cla Tgncja v a expuseram diretamente aos olhos de Deus. o Humanismo Renascentista, que colocou o Homem (ic) no centro do universo: as revolucoes cientiicas, que couferiram ao Homem a facaldade os capacidades para inquirir, investigar e decifrar os mistérios da Natureza; 0 Huminismo, centrado na imagem do omem racional, cientifico, Tibertado do dogma e da intolerdincia, ¢ diante do qual se estendlia a totalidade la hiséxia humana, ara ser compreendida ¢ dominada. Grande parte da historia da filosofia ecidental consiste de reflexdes ou refinamentos dessa concepeio «la sujeito, seus poceres e sss capacidades. Uma figura importante, que deu a essa concepedo sua formulacao priméria, foi @ filésofo francés Rend Descartes (1596-1650). Algumas vezes visto como o ‘pai da Filosofia moderna", Descartes foi um matematico o ientista, o fundador da geometria analitica e da ica, ¢ (oi profundamente influenciado pela “nova sienela” do séaulo XVI. le foi atingido pela profanda divide que se seguin ao deslocamonte de Dens do centro do universo, Ho Sato de que ¢ sujeito moderno “nascen” no meio da divida ¢ do ceticismo metaticico nos faz lembrar que ele ‘nunea fo\estabelecido e unificado como essa Sarma 26 erové-lo parece sugerir (veja Forester, Best Deane: scron cs casas com Deus so torné-lo o Primeiro Movimentador de toda criug dai em diante, ele explicou o resto do mundo material inteiramente em termos mecanicus © ‘matematicos. Deseartes postulou duas substancias dinsnts ~ a subeténca capil (aii) 0 « substinsia pensane (ment). Ele refealizon, asim, aquele grande dualisno entre a “mente a “matéria” que tem alligido « Filosofa desde ontéo. As coisas devem ser explicadas, ele scrediara, por uma reducao aos seus elementos esserician’ d quantidade maim de elementos e, em iltima anlise, aos seus clementos irredutiveis. No ceniro da “mente” ele eolocou o sujeito individual, constituido por sua capacidade para raciocinar € pensar. “Cogito, ergo sum” era a palavra de ordem de Descartes: “Penso, logo existo” (énfase minha). Desde entdo, esta concepsao do sujeito racional, pensante ¢ consciente, situado no centro do conhecimento, tem sido conhecida como o “sujeito cartesiano Outra contribuigao erttica foi feita por John Locke, o qual, em seur Ensaio sobre a compreensav humana, definia 0 individuo em termos da “mesmidade (sameness) de um ser racional” — isto 6, uma identidade que permanecia a mesma e que era continua com seu sujeito: “a ientidade dla pessoa aleanga a cxata extensio em que sua 27

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