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CAPITULO 2 O SOPRO ANTIRRACISTA DO ESPIRITO Pensar na Teologia Negra, sua presenga e ago nas Américas e no continente africano nos desafia a reconhecer as caracteristicas que aidentificam e diferenciam, Engana-se quem imagina que a Teo- logia Negra tem como sentido principal disputar a “epiderme de Jesus, ou provar se as historias biblicas se dio em solo africano. Talvez estas sejam as menores das suas questées. Dat ser necessdrio rechagar a ideia de que a Teologia Negra seria apenas uma “teologia contextual”, Ela nao € isso, ou nao é apenas isso. Entao, como pode- Thos definir a Teologia Negra para além dos esterestipos lancados sobre ela? Proponho que uma definicao possivel seja exatamente 0 que afirma o subtitulo deste livro:_a Teologia Negra é um antirracista do Espirito. Dizer que ela é um “sopro antirracista” corrobora, em sintese, a afirmacao de autores e autoras que elaboraram, ¢ vivenciaram, a Te- ologia Negra. Ela reafirma, por exemplo, a definicio dada por James Cone: A Teologia Negra é uma teologia do povo negro e para ele, um exame de suas estérias, contos e ditos. E uma investigacao da mente feita nas matérias-primas de nossa peregrinacao contando a estéria de como 6s vencemos”, Para a teolog’ aquilo que si ser negra, ela precisa refletir sobre ica ser negro: —__. %6 Cone E, James. O Deus dos oprimidos. Sao Paulo: Paulinas, 1985, 1. Por que uma Teologia Negra? A Teologia Negra é exercicio hermenéutico e exegético comprome- tido e assumidamente parcial, pois tem histériae lugar, e estas so as estorias, trajetorias e vivéncias do povo negro, Fazer Teologia Negra é “falar necessariamente a partir do povo negro, ou, ainda, é falar das se di indica Ezequi i a fro-americanos’, conforme nos A Teologia Negra é uma teologia politica®’, Ela se coloca como resposta a “convocagio’ ao Kerygma que nos desafia ao envolvi- _ mento humano por libertacio®. Como a teologia politica trouxe uma contribuicao essencial para a compreensio de que a teologia pode muito bem nao dar conta apenas do que é espiritual ou até (filosoficamente) do que é existencial, mas também do que é so- ciopoliticamente condicionado, a Teologia Negra incluiu o corpo negro, € 0 pensamento negro, nesta abordagem, e, por isso, ela é “tamb&m politica, Chamé-la de sopro antirracista do Espirito também significa di- com Peter Nash, que fazer Teologia Negra é “encarar 0 mundo biblico com um olhar focado no sentido da Africa, seu berco, em vez 2er, —_—_ alin da 4 fra 2 mas ola 28 4, 82? Antonio Aparecido da Silva (org,), Sdo Paulo: Paulinas, 1998, p.75. como 155° conceito de “teologia politica” quando citado neste livro estard referenciado em > © J. Deotis Roberts aborda o termo no seu livro A Black Political Theology. ROBERTS, J. Deotis, 2005, p 190, A Black Political Theology. Kentucky: Westminster John Knox Press, 30 : ian Peter. Negritude na Biblia e na igreja, em Biblia e negritude: pistas para uma leitura ‘endente, Edmilson Schinelo (org,), So Leopoldo-RS:EST/Cebi, 2005, p. 31. da Europa, seu filho adotivo™, Envanon & awards Kolo | a HANDRADE, Ezequiel Luiz de. Existe um pensar teolégico negro? In: Existe um pensar teo- BS —— como um porque também es ino a Teologia Negra come © " Dees Te a cna haan, dogs ons i coloniagio, pela eseraviddo © pelo racism soras da Teologia Negra vio, hor mente aftadas pel ‘No por aco todos os autres © a eran emma ou menor aus como fALOTeS eStrUtara, do sea tempo” “Asumi et lugar de entrentamento profetico direto a0 rac smo também ajuda a drrubar um dos argumentos bisicos,e equ. de” de uma Teologia ‘yocados uilzados para refutar a “neces Negra Segundo este argumento, ela seria desnecesséria porque a perpctva rail sera irrelevante para a teologia e para a Igtja Falr de uma “teologia negra’ segundo esta perspectiva, seria nada mais que uma “ideologizacio" da Teologia, considerando que im- portantes nome da Patestica, também chamados de Pais da lgej, ‘asceam no continent affcano, como Cipriano de Cartago, Te tama ou opréprio Santo Agostino (além dos conhecidos papes ‘também nascidos ne Africa, como Melquiades e Vitor 1), e que les ‘fo toraram, por iso a questi da raga um fatora ser levado em ‘onsideragdo, Seria quicd uma “ideologia herética’, ou uma espécle deprecosismo sectiri? ‘i ae ie ser que uma Teologia Negra néo fosse necess! rmulagéo teolégica de Tertuliano porque seu univers {elie estava em cont, discutindo a parusta ea legitimise ‘mewn arr pepe eb Re Nh Allan Borsa wo et do Bee rena ny Can ac De ‘cated cx corp, nar, 00, ma saliddo pelo companhelro que PACE fi Malad yn goo, Odernc que ainda a report a wins SPE Ee ha iene eg a cana, alee cnsastemente sobre o papel HF" « aso? a - jc ou nio da “sucesso apostlica Talvez uma Teologa Negra igo fsse necessria na formulacio teolgca de Santo Agostino porque ele estava preocupado demas combatendo os argumentos Teogicos de donatistas” que se recusavam a perdoare aceitar 0 vpceedécio de lapsos,tidos como apéstatas, aqueles que se recusa- vom ase manter fiéis ao cristianismo durante perseguigdo, Nem Tertuliano, Agostinho ou Cipriano viram a Europa se spenaro centro do univers, hierarquizando a humanidade ene 7aaiv superiors, inferiores e nfo humanas, usando a Biblia para analiza a transformagao de um corpo humano em um produto Tinindrioa ser explorado, extraido, 5 de Ninguém sabe o ira etveste visto o que fol feito com 0s povos negtos da Africa desde que o colonialismo, SS queo ner que noes evident o sna par expect se Nio sabemos 0 que alteraria a formulagio teoldgica de Ci- Priano de Cartago 20 testemunhar 0 que os alemies Iuteranosf- zeram na Namibia; 0s holandesescalvinistasfizram na Africa do Sul ou, junto aos franceses, no Caribe; os anglicanos, ou batistas € Presbiterianos fizeram no sul dos Estados Unidos ¢ na Jamaica; ou Portugueses e espanhdis catdlicos fizeram no Brasil e na Colombia. ‘Mas nés podemos ver como Achille Mbembe, filésofo e afti- ‘Sano, que viveu e testemunhou no corpo as ameacas que 0 ser ero sof — ‘RDe cont £2. mee bem rec damit 0 glib ee Seger S ua Se ea eng Regalo do imperter romano Dies A roa at rin issn tror ner sen une Een ole vo pesmi "oc ona ” penmcenssacin umole UNO nog, eo cos ess a ‘oop oen mob, puss tei dedamincig® Ene os sels quae edezenove 2 geopoltca do planes, sano espacial globl madam de forma profundamentedréstiy {prea desiacar que séculodezenove, em partcula,testemuny Ce a saagnis dss boas dca pre Hinéia Sociologia e Antropologia contribuem para difundir ung ietura do mundo a partir da Europa e para a descriglo € defnigo tido como “cvlizado Permitam-me trazer Mbembe mais uma ven, ‘ares apr pets conics eens cesso que reconfigura o mundo e nossa propria nogio dele, elen- cando quatro formas de mobilizagio e transito intercontinental que coca ablgni dot pte A ime ¢o etrminio de povos inteiros, nomeadamente mas Amba A segunda & a depotago, em condligbes desumans, ‘aregamentor de miles de negros para 0 Novo Mundo, onde ut EER conn dado a extvatra conti de ante GuRPstsacumalao pent de apt, parti dal tras att formasio dus disporas negas. A terceira forma é2 en a2 8c de um emf de teat 8° Fetes na HPS £8 submis et do extranet e585 ‘atigumente cram governados segundo modlida® ‘ait diversas e a ‘Aauarta tem aver com a formagio de estados 94 pag, ie rid "eso epson Antigona, 2014p 102 ronesor —— ye tase a gia de “utotonizaio dos clon, como so xem ox agrcdners na Kia do Su ts (mesmo quando o pensamento Hustrado cident sv tando patra ingeréncia da Igreja), colonialism, racismo, imperialism e Gaptaliamo no vveriam sem ume alma, e sus alma €ocistanismo cidental e sua Teologia. A modernidade traz consigo o erstanismo -FaaTeiimarteologicaente tanto a cloninagio quanto ea ‘Bo, Seja absurdo ou pseudocoerente todo tipo de argumento surge “Fa Tisifear 0 imaginario sobre o continenteaicano come um Iigar que Deus amaldigoou, terra estranha, lugar de feitigos, primi —~ tivo Por outro lado, o mundo seré salvo pelo mundo branco, seu ‘Fersamento, sua cigncia, suas armas, sua civilidade, sua religizo ‘A Teologia Negra sabe que nao pode arrogar para si um lugar de teologia universal/universalizante. Como veremos mais adiante, com criticas constants, inclu- © 0 prestigio de James Cone nio 2 Teoogia Negra também co sive creas internas. O respe impediram que sua forma de conceber a Teologia Negra também fosse alvo de criticas. Teblogas negras ndo hesitaram em criticar 0 ‘machismo persistente dentro da propria Teoogia Negra, que inv ‘blz condigio da mulher negra como © mals valnervel dos ‘orpos ha sociedade e silenciava sua produgao. Teélogos da Teologia ‘NEgeaffcana crticaram a excesivahegeronia da Teoogia Negra tsadunidense, eo tempo que esta demorou ase aproximar das tas Semelhantes de irmis e irmios, por exemplo, na Africa do Sul, Eht_ mesmo quem resista em reconhecer a Teologia Negra ¢ a Teologia — Huon ps "oven mon o vet | i fragldade que erica eauocttcas py ana Tedoga Nera em 2 Su PUTEPIGAC epg, aaa telgia aera & logos Phra ©embate 0 tao cominua porque as formas denen Masao contetio da a vocug : Iibertagio. Sua atu oe daca brag lena € aco igs de do povo neg en op staiando a fngo dos sus, em ca gir, ap vor de qu a Tenaga Neges € uma InvensSo que visa “aii. resi a ig ot 2 compreesio sobre Det, 08 se mo, “centri” a Cristo no qual Palo airma no haver “grego oy jy dru esravo oui, pois todos io um" (Gilatas 3:28), nio pode cermaisequivcado ou desoneso A Teolopla Negra vem na veda reafirmaro que é ito pelo apéstolo Paulo, e denunciar que o que ee afimounio est ‘Nio€difc prceber que a maioria esmagadora de nosso e. minds telcos e nosasfaculdades de teologia continuam ig. norando tedlogos negros, teblogas negras, a teologia africana nas referencias, nas, de nossos seminde ciplinas e nas bibliografas oicais. Grande parte € faculdades estio comprometidos com uma teolgieeurotntrica ou forjada no cristianismo conservador, fur- amentalstae de passado escravocrata dos Estados Unidos. A Te ‘logia Negra tem a consciéncia do seu lugar profético, consiéncia ogre esc 40 rt ng Sense cour i on largpe Sa th ae epic «a a Foard I ATGTIA aa dos homens ae pedpria quanto a dos recursos dos quals eles dependem co Se substiuirmos “aceso, controle € uso" por mania capri «frie, arenes sida mals Sento 35 We ga ‘nos destaar agul, ¢ entender ainda melhor o lugar dos “poder, [nufsivels” nesta relagao]O povs 7 = apenas a sua palsagem e natureza, mas a forca, a enetgia, oat SS a SREEBIO 0 at 4 Vial, ou, em palavras mais indica sua dimensto ve ligiosacespivitual que move e inspira sua vi Py TB indissocldvel da manifestagao do povo negroJNo territirio se ia = Se aaa rT en Ho epee 0 teritri,e tudo que o constitu, ateavessa a capacidade de TUG do povo negro ea construgio de sua histria, O tertirio, pottanto, se apresenta como pedra de toque pur © povo negro porque a colonizagdo ¢ escravizaglo pelos europe alterou prof itr imate) afticanos A didspora torna-se no apenas um movimento que deo, 2 corposgeogafcamente, mas também espiritial e eigisamerie Lambremos por exemple, do romance de Edouard Glan. OGa to século, onde a dura narrativa que retrata meméria e resistencia € ‘ase que ritmicamente marcada pelos “lugares pelos “espaos’ £0 ‘mar, timulo de corpos negros, mas também refigio dos corpos ‘$05 cuja morte nao é destino forcado, mas escolha de uma libertag3° {gue prefere a morte no mar vida escrava no chio antilhano, Nes" SANTOS ion aera tit setter SEIS a rt rit nn ora somata actin uae buts pe Ibeago que tetas ipsa em ote etc esd po Aint cone oe resirtual-imaginativa com oligaroitrora perdi, coPecssoa Teologia Negra se mostra também comprometid em » fave, a petiferia, 0 campo, 0s quilombos, os assentamen- eft Tas TENG, € TET TET UT FT i er TO importante para a teoogie csi, Sempre fo eyoso eexerce papel importante saber onde defato reins descr- tao elmer drt nas sh eidades onde provivels batalhas foram travadas, Mas para & ‘poop Negra, também fol importante racializr estes terstrios ‘im Visto que 0 racismo e o pensamento antinegro, afatricano, ccpou um luger crucial nas construgGes teol6gicas do ocidente, feose necessirio teivindicar que 0 povo negro estava na Biblia, so como “objeto passivo de conversio’ masfcomo protagonists rloantes de grande parte das histsrias que conhezeTion. ‘Neste sentido, faz sim diferenca destacar a negritude de Tamar, ‘Asenet Rate, como matriarcasbiblcas negras que foram. Efazsen- ldo etorna-senecessirio destacar que, conforme nos lembram Ela ve Vigiann e Jodo Jairo de Carvalho, “familias negrasinteirase clas 2540 aliaram para formar o que chamamosde'o Irae] BTCA ‘io € dificil imaginar, enti, por que a Teologia Negra no ¥ \gnorara senza eas favelas, etampouco o quilombo eos assent "entos. A violéncia que marca muites das periferias (se nfo todas) "0 Brasil so sim objeto de reflex e dentincia da Teologia Negra. Schretdo porque grande parte destesterrtérios sio ocupados por ‘tes diversas, de denominagBes diversas, e, endo assim, faz-sene- ‘sitio pens — sa ALI, te i oa mara rs ir Olona de TEDEIRA Ene Vigil ii ‘al cpa mata dnd bi, Si Leopelo#8 CEL, 207.16 como as vidas nestes territios se wulnerabiizam, "ota “ “ hi SY Afrocentricidade ‘Como nfo poder deixar de ser, a0 deslocar a centralidadg cpu nasa argmentabestelogicas Teologia Negra Uibereas mesma de uma pereepsf0e forma decom «Dens betadr,o Deus da vida, artic dos“olhos enn taropusesua gratia O continent aficno Guna an ‘Siz im ebem primeizo de toda narrativa da Teologia Neg ga ® caseas frends seenconram. Agu, o concede afin dae’, conformesstematizado pelo americano Mole Kee ant texéum pono desimiardade ainda que nto declradamene ny reconhecid, tendo em vista que ela nio perde do seu hora ancestral a vida do povo negro pré-diéspora. ‘Nao é uma substituigio da Europa pela Aftiea n gece ¢ detentor do conbecimento eda revelagko (mais uma vez ni és disput pla epiderme de Jesus eda geografia das histris BB, éimplosio do ugar central ocupado pela Europa, deta manga ge vivenca e equidade em er ‘io haja mai pectvas com o mesmo valor, Ter a Africa como referencia 2 geografiabilia para o centro da discusso sobre a Reveilom histéia,conforme a propostateoligica de Wolthart Pane io é por casualidade o lugar que o continenteafiano ocus bistria do plano de Deus. Os ataques que este continent sf Istria em especial a partic da modernidade, tem levine des social, politica, cultural e religiosa em como a teologia & constr pensada para ee 0 seu povo, ‘Ter, e manter, a Africa e sua histéria como refer para o debate papel que teve, sobretudo a partir da er ose em todas as viléncias e violagées que atravessaram 05 PO" ecomend A ka réncia 61 42a comreender mle melhor o conceit de afocentiiie, ‘read wna chonlagem epstemolige noador orgs ps list ronson? ¢ hyscr a inwestidas fla pela colonizaio, que resulta na ipérios seculares e milenares, no desaparecimento 80 aoe i igo : ses algunas historias que se conectam deetament com eo no “embranguimentc" de teritéio, persona bem com I SS netralizando qualquer asmlato com et Bi To esa cultura construct do imaginiio de um lger oe ssingens. primitives, fetceros epobre®€ "vis re oniagio edo ocdent, que ergue n imagine cleo oo Tica desprovida debi ropa se presenta 0 eno um povo que tem “valores nara soba sua ca ie undo nara soba sua ca que 7 jcano teria pouco mais que “instinto | ‘Davanco da modernidade, o progresso da era contemporinea, gous continente african as sobrase migalhas dexadas por skou- rosdeexploragdo imposta tanto bélica quanto religiosamente, numa * iavstida amparada profundamente e de modo radical por um dloia que decidiu negar a0 afticano a humanidade dignidade ou ‘ea, deciiu negorlhe a imagem e semelhanga de Deus. Dos povos Zeros “sem alma’, pouco restou de impérios e poderosas civiliza- ‘sbes ou dindmicas e auténomas tribos e cls. Restou as cidades em- pobecidas (Os efeitos devastadores da colonizagio expropriam o continen- Leafricno de tudo, A modernidade deixa a Africa pratcamente sem "ins, sem impérios e, explorada em tudo que poss, poves dis ‘ foran-se“cidadaos” que lutam pela sobrevivencia. Sim, aft ‘ans alvo da sede comercial ecapitalista da modernidade, ¢lguém he luta pela liberdade e a sobrevivéncia. Vale para nés, a descriglo “Frantz Fanon sobre esta cidade que rsta: Acidade do cotonizado, ou pelo menos a cidade indigena,aakeiane- a ~Ei:A medina, a reserva € um lugar mal alamado, povwade de home t { 4 > maafanads. Al 85m qUSGUe lags de, sea ema ean ES oS gus contrat outs. A cidade d colonnado¢ uma cas os fone dela ee esa ried eh Go colonizado é uma cidade agachada, uma cidade de a Nio hd novidade para nds na imagem deserts com fry mento pelo importante pensador franco-antilhano, Entio vo 4 Teologia Negra ecompreendamos por que a Africa ésua ig cia, Uma teologia comprometida com a libertagioftomegs pes, bertagio d drio pela disputa hermendutica, de seu prio teritrio e povo, Tera Africa como epicentro, tocar as vera arocenricidade, €reconhecer que nio ha abstracdo espirituine 1na Teologia Negra, Ela sabe onde a histéria do povo negro com, tanto quanto onde a histra do povo hebreu comega,e sua teens * cenquanto povo de Deus, pelo desertoe pela histéia. A dispoade cutrora ede agora, une duas narrativas complementares dei Tibertagio, autonomia e reconhecimento do lugar de petenc & conde se pare e de onde se foi arrancado, Ancestralidade e tradicéo araaTesopa Nea sSeradasEsriturs so sim foe i CConforme ns esin James Cone, embora reconheqsmos# HH ‘entre Esctiturae tradigio, em especial para a Igreja dos prime culos, nio nos parece razodvel imaginar 0 completo sign cad ‘FANON. Fama Os condensate Jue de Fre Bd. UPI. 208 85°96 somone? rxascomo aque desert or agus gees agua tradi i sus Cristo ossunto da Telgia Nee, osexargu tit ori de princi ene seals, eee mula €mporante porque log europea gu sucom epee reverencia especial 0 lugar da tradicio. A tradicio, cpécie de instituigio capaz de preservare se manter ‘exeladora do conhecimento é, via de regra, um patrim6- * cena 4 ca font siimatrial de civil i a tradigio do nosso pensamento politico teve se inicio de to e Aristteles"™. Mas nés sabemos lizagbes e culturas. Para a fildsofa alema Hannah it cross Me ‘hea mas sim toda a nossa histria da teologia. Santo Agostinho © Semin rt i eo 1 rose ae! oe aon i cident ings acini atone meme San F ‘eligi ewopeia nega 0 lugar da ancestralidade, _ > Ca vex que os fariseusconfontava ess Fevindcando Noi, nio estivamos falando apenas de tradicio estamos Shia de ancestralidade. A tradigio quase sempre € evocada pelo Samet Eno pada co try, Sto al: ep 211 9. senate io como aul gueerstlnizo”opesames plate ai o lot coma sgule gor "rtanz" pecs wis Mmomst saber e ‘pov negro reverence « Re xo de Dees 20 pO 0 PEO on gen Assim eo Senor dos Exéritos. 0 Deus de aly 4 wea ea, _ ts ine a mht ua ge ‘tice tpn ara dia: antes, ouviram o mandamento de seu pai; a mim i eee ee ae a epee eon Soe Sap erpprens eer cree: eee de fad eas moradores de erusalém: Povent, Parece que esta passagem é evidente o sufcient. “Bebe 72 uma tradigio para os recabitas, mas, ao evocar esta wal Deus destaca mais que a obedigncia i tradigio, a obediénss i= seservagdo dz ordem de seu pai Jonadabe. Por esta razio, oo" ‘exto, na versio da Biblia usada por este livro, traza palavea To ‘: grada para chamar a atengio para o fato de que onde oY 6s poderiamas ter “ancestral” sss ances negrs em dispora conhecra Sve1s¢i0,0 desterro enquanto suas terras eram sumariaet ‘adidas e controladas. Um. ‘desmantelamento de familias °° sale stare ase eencontra, seus corpos foram presi ” cont comérclo de trifico human, com atengio especial nithies, de mulheres negras violentad o ena as quia Fee feitigaria ou testemunhas da morte don fihow ¢ ros. Como bem expressou Marcel Mena Liper, “a me ae TS08 grupos étnicos trazidos para a ‘io 0 fundamento real capaz de nortear 0 nentos ¢ posicionamentos.a mundo dos di spncana de tia das ab, PENS see da resposta # Um conjuno de noes, Veron, por Fomplo,a forga que fem o apelo & meméria no livro do Deute serpin Patece que. 3 tevin do Desiloga. a exortsio feta por ‘yHWH aponta pata uma forma de gratidao ao elacionamento qBe Eramielecen com o povo caminhante no deseta, bere @ servidio no Egito. U gratidio que deveria ser materializada na nnaneira como 0 Outro Porque no fim, € dso que $86 ara nos colocardiante do outro, Por lt eno: Amaahi, {quando o eu filho te perguntar: “Que sio estes testermunhos eesta ‘ove normas que lahweh nosso Deus nos ordenou ds a teu fas ramos escravos do Farad no Et, mas abweh 0s et sido gto com mao forte: (Deuterondmio 6.2021) Agora, © povo mostra sua fidelidade ao seu Deus, na medida « qshonra nto perde de vista, exe pont de eferéncia, Ve or ‘templo, que aps o sétimo ano de servigo, se um escrave quisesse Fete o hebrew deveria deixi-lo partir, mas nio sem nada, aio de ‘or aE es Ea pe TO GE “clove construe a sua vida, de manera aukbnoms eco dig cyt Mena Homedics Bs Nagra Femina, dae em BEGLDES Soca th Homentce As Nar apes aan + INAMBON syne arth Me ayy V 2 Ha re regatou” (Deuterondinio 18.218). Aqui entra em ey suchar, que significa “lembrae. yg mplesmente lembrar, mas um rt Sig épumesnnlsmentle " = conta disso, ua fidelidade, um comprom ie Ge YHWH, cleo introduz com a forga de ememorsroporoaing, cio do xodo (quench também, evidentemente, desde opi, injstiga que sofreram no Egito, até 0 percurso no desert), Da nancira,oditeito do estrangeiro edo Sie de, ser assegurado. Mais que isso, ele no deveria ser tocado, pers, do maculado. Estangeitos, drfi0s vivas, categorias de gis jue YHWH fazia questo de manter em evidéncia ealvo permane, tedo cuidado eda preocupacio do povo hebreu. Nio perverteris 0 ditto do estrangeiro e do él nem om como penhor a roupa da Wu: Records quest eseravo mated pt, e que labweh teu Deus de I te esgatou.E por iso peat cordenoagir deste modo. (Deuterondmio 2417-18) Assim entende também Paul Ricoeur. “Somos devedors & parte do que somos aos que nos precederam’ diz ele. E comp “O dever de meméria nfo se limita a guardar o astro material “ever de meméria” esti, entdo, 0 compromisso ¢ a fideldnde r= «om 0 que olegado da meméria evoca, © proprio Ricoeut ‘ata atengio para fato de que a expressio “Deus de OSE sna bcs Pil Ameria a ina 0 equcinenta Ce jos excritos velertestamentirios, € capa de testem Bibhiea™ Perpassa a historia, se impregna ‘experiental,sensivel na Terra por rdrico da revela io Coma marae olano Filo Estendar fala da forga dos antepas- er elgisidade tradicional bantu, Os antepassados, se pare & jorem a ordem, feproduzem a legitimacio desta, vi sp ale, prod ge ncia continua da ancestralidade que nao se encontra Fm ipo ps as vo no pe Bitide Es aaememata dos assados € a everencia sna Pe aidade, presente na Biblia, presente de maneira mult forte reacia ancestralidade porque hi um vinculo histérico entre a dor dds nossos ancestrais ea dor de Jesus Cristo, assunto da Teologia ‘Negra Jesus Cristo & nossa tradicio ancestral, nfo sendo propried®- ede uma tradigio teoldgica especifica, porque se tornou acessvel pea revelagio e 0 registro nas Escrituras. Quando Deus se apresen- ‘a dzendo ser “o Deus de teus pais’ ele esti sim dizendo que é “0 aus dos teus ancestrais” Quando empreendew um incrivel plano

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