A Dupla Chama Amor e Erotismo. Otavio PAZ. Original. Completo

You might also like

Download as pdf
Download as pdf
You are on page 1of 96
OCTAVIO PAZ ADUPLACHAMA AMOR EROTISMO Tradugio ‘wladyr Dupont etait teas mini ne oun at cit aon Axio anode iro orale evita Lid ei aioe ee Liminar Quando se comega a escrever um ive? Quanta tempo demorars pas excrevé J? Perganiseaparetemnente fice, sas na verdade drduas. Se me ateaho a fats exteriors, co” ‘ecei estas piginas nos primetres das de maigo deste ano © ‘ernie’ em fins ce abil dois meses. A verdad & que come- ‘eins mint adolescénca. Meus primevos poemas foram de amore desde entio esse tema aparece constntemente em ‘mln poesia. Fai também um svidolelor ce tngéias © co médias, somances « poems de amor— dos contos das Mile uma notes a Romet o juliet e A cara de Parma Bests Teiaras eimentsram sinhasrefex®es eiuminasin rina lexperifncias,Em 1960 escrev mes centena de pginas eobre ‘Sade, nas qualsprocreitrgar a frontaas envea sexual: de animal, o erotsmo humano ¢ 9 damialo mals yest do amor. No fique interamente sutiseito, mse aquee ensaio serio pars quee percebesse«imensidia dotetna, Em 1995 viva fad; as doles eram azuis e elias como as do poems que canta os amores de Kishna e Racha, Enaimove- Ime. Entlo decid escrever um pequene livo sobie o sanar ‘ue, pando éa conexto inti ene ce ts campos —o 5 sexo, oeyotisna eo amor — foste uma explora do sent ‘mento amoroso, a algunas anotigbes. lve de para: doce {agves cicunstancn me foram 2 adr © projeto, Deel 2 India e uns dex anos depots, nos Bstados Unidos, escevi tum ensio sobre Fourier no qual vole 2 algunas daquelas [kas esbogadas em minhes anowagbes, Outras preacups- (be etatbalhos, novamente, 4 interpuseram. Meu projet Ticava cada ver mais longe. Bu nto podla asquect-i, mas ‘ampouco tna Smo parm exeutt. ‘Pasetram of nos, Continuel eserevendo poesnas ie, com freq, erm de sor. Neles sparecas, como finses Imisienls recorrentes — também como obsessbes ims jens que era « erstlizago de minhas reflexdes. No sert Sie para um ekor que tenha lide meus poems encontar Donte! © coneepondéncias eaze eles e est piginss. Pars ‘nim, a poetin e@ penszimentos8oumt sistem Gnico. A fonte Uleambos a vida excreva sobre o que vivie vivo, Viver am ‘im & pensar e, As veves, atravessar essa froneira na qual sentir penase ee fern 50 & poesia. Nesse meio tnip0, ‘papel em que havi aseunnado minhas ancragées na fn folamareiandoe slgumas piginos se peederm nas mudan- pase vgen. Abancone! ils de escrevero v0, Em dlezembro pass, 20 veunr alguns textos para uma colegio de enstos Cees» costmbre,lembrei daquele ‘ro tanias vezes pensado © munca eset Male que peng, ‘Sent ergonha: nfo er un exquecimento em ura aig. Passe lgumas nites em car, rofdo pelo vemorso. Sent Inecessiae de vole amin iia ¢ realila. Mas eu me det: nfo er um pouco sdeulo, a0 final de mina vid, fescrever tm lio sobre onto? Ou es um adeus un teta- ‘mente? Belang eae, pensando que Queveéo, em met lugs teria aproveiad a ocasto para escrevr um sonetosi- tien, Procite pensar em otras coi; fol int: ain do + ‘io no me delve, Pasel vires semanas chlo de dvds, ‘ De vepente, uns manha,lancelme a eerever com una es écie oe alegre desespero, A medida que avancava, suas vas Vsbes, Pensa em um ensalo de unas cem pginas © ‘texto ee slongava mais © mais com snperioseespontanct Sade, até qve, com mesma natrlidade eo mesmo imp fio, dixou de flit. Eereguel os alhos:eserevers um lwo. Minha promessa estava compe Esteli termina slate etna com um poems quees- rev poeos anos “caia de creenca™A expressto desig ‘naa cata que levamos conosco pa sermos aciedead2s por Dessoas desconhecidas neste caso, a malaria de meus eo es. Tats pose ser interpreada como uma cata que "> tém uma decaracio de nosss crenpas, Plo menos & esse 0 ‘eid que lhe dou. Repetr um tla fio ee prestaacon- Tsbes. Por ito prefe outro de que, além dso, eu gosto: tupla chama. Segundo 0 Dicionario de autordades, 3 c3- ‘na € “a pore mis stl do Fogo se eevs ere Bgues ia dal", O fogo orginal e primordia sexualvade,levanc. a ‘Shama vermelha do erosnoe 2, por sua va, sisin9 OU toa chara, az] e wma a do amor rots e amor: 2 du pla cham da vies crawo Paz Mexico, 4 emia de 1993 ADUPLACHAMA AMOR EROTISMO Os reinos de Dé ‘Aeaidae sensivel epee fl pa mim uma fone de sur pres, nundém de evicensas, Num anigo remero, de 140, Aad poesia como testemuho dos setdos'.Tesesnunho ‘verde suns imagens sto palpves, vise e adv, Ever dade, a poss € fen ce pass enigadas que emir ele os, vss emuanaes: 0 que ela sos erin so reales (uusbes? Rinbaud dase: "Baton coquel bonne aero Fost de ure cr Na conhngto dese dns palvas est © sxgredo ca poesia ede seus teemurinos aquilo que nos mos- {or opoemn nfo vemos com nessos olnas da mats, e i ‘com odo expinto. A poesia nos faz een o impapivel ees fara maé do sléncio cobindo uma paisagem devasada pela Insti, © testesnunho pottice noe revela auto mando demo lest, o mundo ovr que € ee mundo. Osseaies, ser pe. ‘der seus posers, convetens seam serves ca imoginngio® nos fazam ouvir 0 isauctoe vero impesceptivel No € Iso, Afnal, © que acontece no sono © no enconto eto? Tanto hos sonhos eemo no sto sexual sbroganee fntsmss, Noso patos tem oxpo, rst e nome, mis i ealidade,preciae mente no momento mis intense do abrag, dispense ex Juma casera de sensngdes que, por sua ver, dsipamse. HE lua pergunta que se fazem tedas as apalxonados e que con- densi em so mista erica: “Quem & voes™ Pergeta em resposm.. Os sends so € ato 80 deste munda, Por elo eles, a poesia exe uma ponte eave o vere o aren Paresh Ponte snaginag2o gana cxpo ees corps ee conve emt inagens. ‘A relagto ence ecto e poeta tal quese pode dizer, sen fe2630, que o primeir & wna postin carporal# =- funds uma erica verbal. Ambos sto fetos de uma oposgto omplementar A linguagem — som que emite sentido, u3¢0 mil que denom ilas corpoveas ~€ capa de dar nome ao mais fgnee evanescent: senso, por sa Yer, © er tisino nfo & mera senualidede animal ~ € cena, repre seamagto, © erotismo € sexualeade vanshiguradsr mesos. | imaginagio & 0 agente que move ato ebtica © © postica Ea pordncia que transtigra 0 sexo em ceiménia e toe lnguagens ern rane € metfor, A imagem pose # sbrago sleveclidades oposas ea rina € pula de sans «poesia eo tian a lingusgem e 0 mundo porque ela propria, em seu modo de operagio, i # ects da mesma forms 0 ero mo € uma metifort de sexualidae animal. O que diz essa tmetéfor? Como tors as metfoms, designa algo que ext ale da realdade que Ihe di origem, algo nove e distinc dos {ems que a compsem. Se Géngor ds pipe nevada ie venin ou descobre uma reside que, embora Fes de am bos, nto é sangue nem nave, O mesino acntece corn © a0. Uismio. Diz, ou melhor, éslgums cosa clferente ca mera s=- susie Emborn as maneins de elacionarse se mult, 0 0 -senut significa sempre a mesma cols: reprodugto, O ert: mo € sexo em agio mas, sja por deswile ou por neg, suspenden finalise da fang seal, Na sexual ope er serve pa 2 proeszG20; nos ituatsertiens oprazer um 2 fim em si mesmo ou tem fnalidades diferentes da reprod- lo. A estriado & 50 uma nos frequente do exot, ‘as também, em cetas czriménlas, uma de suas condigbes, ‘Aigumss veats os textos gnéstcose niricos fla do sen redo peo ofciance ou denamado no altar, Na semulidace & ioléncia ea agressio sta componentes necessariamente I gdos 8 copulagio e, assim, #reprodueso; no eroismo, a8 tendéncias agresivs se emancicem, queso ize deixam de svi prociagio se toenam firs autbnomos, Em resume, & tmetifora sexual, por meio de sues infinkasvasiagbes, signe a sempre reprodupto & inetfora eric, inclferene & per etuagdo devia, ntarorpea reproduc, ‘Atelagio da poesia com a linguagem &cemelhante & do rosa com a cexualidade, Tambien no poem — cristal aslo vecbal —a linguagem se desvia de seu fim natural comunieagio. A dsposici linea & uma carecertea bia ds linguagem as palavras se enlagam mas Be ovtes de For ‘ma que fala pode ver comparads aun velo de fgua cocen- do, No poemaa lineriade se tore, atopela Seu prprios asso, sexpercea: lana seta dena de ero arquetigo em favor do cteuloe da espra. #4 um momento em que alae sgeagem deixa de deslizare, por assim der, levanta-se © Move-se sobre vezi, bt utro om que ost deuce rane ocmaree em um sido wansparente — cobo, ete, belie — plantado no cent ds gina, Os sgnfesdos congeiane seu dspersam-se; de uma forma os de outs, megan. As palavas nfo dizem as mesmascoisss que na pros 0 poem into ssp a dizer, simaser. A poesia iterompe tcomn- leagio como o erotsmo, a reprodugto. Diane dos posmas heretics nos perguniamoe pesple- os 0 que querem dzed Se lemos um poem sais saps, nosa perpexidade dasaparece, no nosso aeomra nese sesma linguagem linea — agua, at — ext essos os Fe os de socilogia eos jomai? Depo, pessadoo aor, 3 ao 0 encansamento,descobrimes que © poem nos propée ‘outra asse de cominicacio,regda por leis cferentes das o intereimbio de novcase informagées, A lnguagem do poem &a do diea-diae, 20 mesmo tempo, dz eoiasdsin- tas das que todos demos, Bea a rio do recelo com que as igrejas sempre viram a posse misica, Sto Joao da Croz ‘no quecia dizer nada que fulse dos ensinamentos de Igre- ji; apesir dsc, sm querer, seus poemas dalam outs col ‘30, Os exemploe poderiam se multiplies A pelevleedede die poasia @inorene a seu exerci e @constante ers oda ae {pocis © em todas os poeta Ha sempre urna rachara en {ue 0 ze social €0 postin: a poesia a ox vor, como eu ise em outo texto, Por iso & 20 mesa tempo, natural & pertubadora sua comespondncia com os aspecns do ects. mo, negrose brancos, de que fle antes, Poesia ¢eretsmo nascem dos sentios, mas ndo terminam nels, Ao se sola+ rer, fnventam configuasbes imagingias — pormas cer- ‘Nao enciono aqul me deter nas afinidades entre a poesia ‘eo erotsmo, Em outresocasdes export o tems; agor eu 0 ‘evoquei como insedugio a um assunt diferente, embora in timemente associado poesia: 0 amor. Ants de te € prec 50 ditingur 0 amor propriamente cto do erotsmo e da s- roslidae, Ha umn relagto to intima entre eles que com fre ‘quéncla sto confunddes, Por exemple: 8s vezee lamas da ‘ida eemsal de fulano ou beliano, mas oa realiade nos vefe- ‘mos sua vida erica. Quando Swann e Odacefelavern de fire caleya nao se rferam simplesmente & cSpula; roost ‘pola: "Aquela manei particular de diner fazeramor 20 eg ‘ifiava paa eles exatamente o mesma que sews indies" 0 ato erético se desprende do ato sexual: & sexo ¢ € ovtrs cole. Algm dito, a paaveesaismt cateyatisha un eentido pra Odette e outro para Sonn: pare ela designava cer M _prazerextico com cen pestose para ele er a nome dent entimento tere edeloroso: © amor que sein por Ode [Nao esuanha 2 eonfusto: sexo, ercismo e amar sloaspec- tos do mesma fenémeno, maniestagces do que chamames vide, O mais antigo dos tés,o mais arplo e bse, €0 sexo, Ba fone primontal 0 erotsna e 0 amor sto formas deva- as do inti sexval exstalizagbes, sublimagdes,perver ses ¢ condenses que transforma a sexaliade efor am, iae vez, incognosevel. Como no ea das cele Conctrircos 0 sexo 8 conzo @0 pi dessa geomet pa. ‘sonal 1 dominio do sexo, embors menos compleso, 0 mais ‘yasto dos rs. Contudo, spesar de imenso, € apenas provine ‘Ga de um reine ainda maton o da materia anid. Por S08 ‘vex, maréla viva € s6 uma pareela do universe. € mo rovivel,embotaainds ao saibamos com ceteza, que em) otros sistemas slares de outs galiiasexitam planets ‘com Vida semelhante 8 nossy muito bem, por mais numero S08 que possim ser esses planes, avid contnuata Sendo ‘ums fia parte do univerto, uma excerdo ou singular de, Tel como concebida pela ciéncia moderna e a onde ‘6, oligos, pociemos compreender 0s cosmsiogns eos f ‘soos, Universo € um confnto de galas em peypetuo m0- vimenco de expensio. Cadeis de excegdes: a lis que repent ‘omovimearo do universe macrofiico nla si, eegunde po ‘rece, Intevamente aplictvels 20 universo das pacculs ele rentares. Deno dessa grande divsio, aparece aura: a da ‘tin anid, A segunda le da ermocinsmia, a enen- a 2 uniformidede e& eruropia, 4 higar aun prcesso Ine verso —a individuogte evolutiva ea incessance prodcio de espécies novas ede ogsnisins diferentes. Alecha da biolo- {2 parece clparadh em setico conto a dl ec da Sica. Aqui surge cua excegto: 5 cuas se mulipicam por sgemagio, esporulagto e ouras modalicades, ou se, por 8 -parrenogénese ov sutodviso, salvo na pequea tha em que 4 reproducio se relia pela undo de eéulas de sexo dife- ‘ene (ames). 25a pequena ha & da sexualdade,e seu slominie, bent mse reduzis,sbarcao reino animale cera ‘espécies do reino vegeta. O género humane divide cam os Snimale e com cess panies « necessdade de 2 epredie peloméreda do scoplamento, nto pelo mals simples da au- roan. ‘Uma ver delimited, de fomma sma tos, aon ras de sexunidade, poderes rar uma linha diviséra entre ‘ts © 0 erotsno Una linha sinuosa © fo poues vers vio- Tada, seja pela eruprzo violent do insinto sexual sia pelas inqursdes da Tanasis erties. Anes de td, 0 eroisna & ex losivamente homno:€ sewsliade socuiada e wastigu ‘aca pel imaginagsoe vontae dos homers. & primeta coisa {ue derenciso eran da somalidade € = iin varied de de formas em que se marifest, em todas a8 paca ¢ em feces as tras. © ers € invengio, variago incessente; © sexo € sempre 0 mesmo. O protagonists do sto erica €0 exo ou, ts exatamente, ot sex08, O pal € obrignrio| orgue ncuinde os chamados prazeressolivos, 0 deseo Sern invent sempre um parceiro imaginio.. ov mos $m ode encontro eréco hum personagem inviivelesem- pie ativs a imaginapto, 0 dese. No ato eric inervém Sempee dois ov mais, nunea um, Agul aparecea pine die renga ente a semulidade anal eo ertismo amare nese, urs ou mais partcpances podem ser urn ente imagine. $6 o: homens eas mulheres copula com incubos e seubeos, 2s posides bisies, segundo os anigas eas gravuras de iio Romano, 50 12, nas a eviméaiasejogesexucos sho Inumecvete medam consuamente pela ago corstante do deseo, paid fantasia, © erat vasa de acordo com el tna ea geografa, com a socedade ea histri, com indiv- {00 ¢ ocemperamenta, Também com ocso, a sore ¢ 8 6 Inspirgio do mameneo. Se © homem € ums cists ‘onc lent’, mar onde se move ésegide peas ondas capricious dlo eros Est: & outa diferenca entre ssexvaliade e rots. Os animes copula sempre da mesma forma: ot homens se olla no espelho ca universal copula an, ‘Ao imi, ransformam a ela e eanbém soa props sexval ade. Por nis extranhos que seam os ajontamentos ann, uns temas e outs ferozes,ndo hd modaneaalgumaaeles. O ‘Pombo von ¢ ronda a fémea. A mantat devorn o macho ce ois cle fecundac, mas esse proceso & 0 mesmo dese © Dncipo, acexadora prodigies monoconia que se conver: ', no mundo do homem, em aeradorae predigiesavarie- ade [No stlo cla nanureza 0 homein eiay umn mundo & parte, ‘composto por esse conjunco de prites insiuigees, 08 © idtias que chamamos cultura. Em sua az, 0 erctsmo 82x0, urea; por ser uma eragto por suas Fungdes na socket. se, € culura, Uma das fnalidades do ereisma € coma’ 0 Sex0 inserlo na socledade. Sem sexo n30 hi sociedace, pols nfo héproctngto; mas 0 sexo saben amenca 2 sole: dade. Como 9 deus F, & agio e denwigdo insti te ‘mer, pinico, explosto vial. um valeto, e ida um de seus ‘esis pole cobra soclecade com ura engi de sang eémen. Osex0 subversive: ignore as asses e herarguins, seas ea iéncns, o da ea note; dome es tcoréa part Fomicae volar « darn. Nova cifereaga com 0 mindo an imal espécie humana padece de win insteivel sede sol ‘endo conhece, camo os outrs animal, periades de exer {0 perodos de repouso, Qu dito de outa forma: hornent Eo tnico ser vivo que no elspdede uma regulagio fialg- exe automcies de sa sexealidade, “Asin como nas eiades moderns out nas nas da Ari glade, figuras do flo da vulva As vets apavecem nas pe Da oe Sais ron do ee 72. ‘as os ataves ou os paredes das lain. Priapo em ero pespétua e Aare em sinuoso e etna co acompaninam os Ihomens em tocae as suas peregelaagbes eaves. Por sso tivemos de inventar eg que ao mesmo terspo canelzam 0 Insieosexuale protegem a socedade de seus excess. En todas ae socedades ha uss canjunte de proibigbes eabus — também de ests e Iacentvos — desinados a regular € ‘controler 0 instito sexual. Essa regs servem simultanes- tente sociedade (Cats) e a reprodugio (natuezs). em fens a familia se desintegrara,e com est toca a sociedede, Submetidos 4 perene descargn eléiea do sexo, o8 homens inventaam wih pértetsion 0 erotsmo.Invengto equivocs, ‘como ola as qo dealnmos 0 eotsmo prop via € ‘Amore, Camegs 4 se desenbar agora com maior precio # Smibiglidade do evelsmo, repressfo e perissi, subline ho e perversio, Nos dels exs0s, «unio primal da se- Sunlidade, a reprodusto, fies subordinada a outros fins — ‘uns sais e autos naivicuais. © ertismo defence a socie= ade dos asaos @ sexe, mastambem nega a fungio reprodtva Eo capri server david ed mone. As ropias intiuighes destinada «domar osexo sion setosss,cambiantes e contracierias. Seria ini enumers- tes vio do abu da incesto ao contare de ensiento, da cs- tigate obrigatéla legisigto sobee os bores. uss mucan- t's dessiam qualquer tenaiva de Gassing que nto seit Eto bucoarico: todos os dias aparece ura nova prin © Sesaparece ous. Todas es, parém, sto compowas de dois termos a abstain es pernssie. Nem urna nem outs sto tbaoloes, Explica-e: end priquien da sociedade ea eta- billeade de suas instiugbes dependess em grande pare do Aisiogo contadtro ent amb, Desde 0 erspas mai = ‘motos as eociecades passa por pesfoc de caste o8 ‘ontinéneia segsidos de ures deseafreados, Um exemplo 8 Immecint a Qunesra eo Carnaval. A Aniguidade ©0 Osen= teconheceram ambémese ro dup: a bacanal, a ogi, a Peniténcia pblic dos asecs, es procisses criss de esa fv, 9 Ramada dos mugulmanos. Numa sociedade secular ‘coma a nossa, os pvodos decastidade, quase todos eesoia- {0820 crlendio eliginso, desaparecein coma pitces cle- tas consagdas pela racigto. Nao impor; conserve it ‘acto o carter duplo do erodeno, embora varie seu funds iment: dea de serum imandamenta raligioeoe ciclica psc Sse converter em una prescisto de ordem individval Bsa prescicto quase sempre tem im fundamento moral emibors As vezes recortt A autordae de ciénia eda higiene, O medo da doenga nto & menos poderoso que otmor divin dade ou queorespet 8 Tel eee, Aparece novameate, 2g0"2 despojca de sun aurtela eligioss 2 duple face do exo fascinagto clante do vd e dante ds mone. Osigniiendo ds ‘metiforaexética ambiguo. Melhor dizendo, € plrel. Diz malas cokes, todas dferenes, mae em todas elas aparece ‘uas palavias prazer e mere. "Nova exceglo denuo da grande excesio que € 0 ers sma dace do shunlo animal em cenascasesa abstengio et pernissto, longe de sesem slaves e pavisdicas, sto absol- {as Sioos exremas do ertsmo, eeu ponto de superasioe, se cee forma, sua essen, Digo sso porque o eos &, fey sl mesmo, deseo ~ um disparo em divecto a um male tiem, Observe que @ Isl ce ma cstdade incondicional 10 de uma permission menos lncondiconal so esimen- te desis; quero izes, mato povcas vees, aver une, por dem se realizar completamente. A eastiade do mionge € da fier € continamenteamengada peas imagens bess que ‘parece nos soahose peas polugbes notunas,olibeno, por sua vez, passa por pevodes de sacledade ede strecio, além de estar suelo 20s insdiososstaques da impotence, ‘Uns so vtns, durant 0 sono, dosbrago qumiérco dos i » cubes scuba otros eat condensdos, rene a vig, A stavessr os piramos da insensbiidade. Eni, realizdvels (00 nto, os esis de total astisadeelberinagerm podem ser coleivos ou individu, Ambos ge ineerem na economia vial a sociedad, embora 0 segundo, em seus casos mals exe- ‘mos, seja uma tentative pessoal de romper os logos sodas © “se apretente como uma Ibentgao da candi human. "Mio precio me deter nas ordens religiosas, comunidades ‘seis que pregam via castdade mais ow menos absouia fem convents, moselos,asbramse outros lgares de reo Itimento. Todas a religies conhecem essas confi e = smandades,£ mals diel docamena 2 exstnca de comuni= adeslibenines. A dierenga das associabes eliiosss, quae Sempre pate de wma Iga por ito mesmo reconhecidas pubiarente, os grupos lbertinos se einem em geal er i= Bares estates e secretes. Por outro lado, € fil atest sa Fealicade social: aperecem na leeratura de todas 9 €poces, tana na ocidenal como na ovine. Tem sida e sto no so. mente ma reaicace soil canesina como tava g& nec lterivo. Desa forma sie duplamente vss s pieas ‘exeicos-coleces de carter poblcoassumers constentemien- te fone celigioss, Nto &necessio, pais Prova so, lem bis as culos flicos do Necltico ou 25 bacanaise saturn dle Antiguidads greco-romans; em duas religioes mareada~ ene aecticas,o bodlemo eo wisianisn, figura também eemanein proeminente —a undo ene s semulicee (0 sagiada, Cada uma das grandes cellgies histécas engen- ‘rou, externa oy inemaimente, eas, ovinens, rks © Le tusgts sas quais came eo sex0 sho camiahos em duegto 8 livindade, Néo pedia ser de cute forma: 0 erotsmo & antes {edo sobre sade ee cuidada FE 0 sbrensturl & 2 radical e supreme cutidade As prtiasexticis religiosas supreendem tao por sua ‘areca como porsua recon A copula ital coles- » a fo praicada por sekas tacts da india, por toisas dt ‘Chins ¢ por eristos gnésticos no Mediteminea. & mesa oles sucede nx comunhto com o séinen, um ital os adeptos do tants, dos agnéioe adoradores de Barbelo © ou0s grupos. Multos desses movimentos cético-rligio. 305, nsprades por soahos milenarsa, unin a wligit, 0 ‘rodsmo e politica; enue autos, oe Turbantes Amareios Gaostas) na Chia ©.6senabatsas de Jean de Leyde ra Ho- lanes. Obsevo que em todos esses sitsis com duss ov te exce;0es, 2 reprodlugto nao poseut um significado maior, smostizndo, inclusive, um aspecto negative, No caso dos _gndsicos, 0 stinen eo sangue menstrual devia ser inget- ‘los para rentegri-los 20 Geande Todo, pole acedavamn que fee mundo fora erlado por um demiigo perverso, ene os tneose 0s wats, embora por razBes inves, a etengto do stinen era obsigatoua; no tantzmo hielo stmen eta leramade como um oblate, rovavelmente ee esse tam em o sento do bea ‘pecado de Ont”. O cots interup fusvale parte, qusse sempre, daguelesstuss. Em reuimo, nO eroram reigioso se invere radiclmenteo proces seu. Ika expropringto dos imesos poderes do sexo em favor de in stints eu contigs &reprocopto, (©erorsmo ancaraa assim em duss igor emblems; 2 doreligioso solidro ea de libenino, Emblemas posts, mas unids no mesmo movimento ambos negnin a eprod {0 eso tentaivas de salva ou isetagaa pessol dante sdeum mundo ea, perverse, incoerete ou el A mesina fepiagio move as sense as comunidades, rns elas 4st vagio € uma empreitada cole — sfo uma sociedad den toda sociedade—, enquante o sce elbeting so o850- ais, incviduos fora da sociedad on conta els, © ecko A ‘aside, no Ocidente, & usa heranga do pltonismo de ‘uirs tendéncias ds Andguidade pera as quai sia ioe 5 8 prisionera do corpo moral. A cenga geal ert a de {que uin dia alma volaria a0 Empieo,o corpo volta a ser ‘Botti informe. Contd, o desprez0 0 cozpo ndo aparece no judassm, que exltou sempre os poderes genéticos eres (ce! e mulplier-wes€ o primeize mandamento btblice, Tal ‘yz porise, eeobretude por ser a eligto da encarnagio de ‘Deus ne compo homane, © erietanisme azenuow 0 dualism platGnico com o dogma a ressureio da came e como dos “corpos gloiosce. a mesmo tempo, absteve-e de ver no corpo um eaminho em dleegto civindsde, como flaeram Sutras seligidese mas sels heréca. Por qué? Sem dvi {a devido 8 inflv2ncia de seoplatonismo sobre os als de Tree. ‘Ro Oriente ocukod eastcade comegou como um éeedo para alangars longevieade: economiza snen ers econami- Enrvida, Ames eos acontech com os eivios senna Iulher. Cala descarga seminal e cada orgasmo femining ‘erm pera de valdade. No segundo momento da evlusto ean crenges, 2 camtilade ge converte qu métod para txiguir, median 0 dominio dos sentidos, padavesScbrens- Turaise, no mofo, s moralidade, Esa € esénein do og [Apes deses diferengae,acastiende compre a mesma fung30 fo Orlenre eno Ocicente:€ una prova, um execcio que nos orale espntualmente e pemniteos der o grande so da teas humana em cest0 no sobrenatutal ‘Ncasidae €spenes umn enmnno etre outros. Como no caso das prtinsenen coletives, 0 ogue eo asceia podiant Se servi as pens seals 60 econo no parm se epee ‘ug rs pats alenngar um fim propsamente scbrenatrsl — {jp exe comunho com a divindade, 0 Exe, iberagte {02 eonguist do incondicionado™. Mit textos reigoso, ‘nue eles alguns grinces poems, no vaclam em compara ‘prizes sexal como delete enti do isicoe coma bes- tide ds unito com a dvindade. Em nossa tndigio & menos a freqdente que na osieatal a uso entre 0 sexual © 0 epi tual, Apes dso, o Antigo Tesamenco & préigo em histo- fis erocas, mune debe tlgens eincetuoss; agama inex pina textos memorivei, como a de Rue, que inlvensiou ‘ctor ug a esrever Bons endormi un poem netuno nO tual‘ sombra € nupel. Os texts hinds, port, si a Srplictos, Por exemple, ofnoco poema sinsrito de ayacie- Yes Glagovinde, canta 0s amoces adeno do devs Krishna (0 Sentor Obscure) coma camponess Rada, Como no cso do Cinco des Cnc, 0 setdo eligloso do poems éints- tinguvel de seu send etic profane: sto dal aspecos da mesma relidade. Nos mistios suis €feqiete a confiéncia (aviso religios «da exc, A comushto se compan 2s e- {esa um fet entc ois amazes no qual © vinho cone Far fanente, Embriagads diving, Ease ero, ais scina ale do Clatico ds Cities de Slomt. Est ‘oleco de poems cle amor profane, umn das obs erica tral belas js evadas pela palawa podtiea, nance deisou, 20 fongo de mais de dos rnlanos,deslimentra inaginaglo © sensvaligide das homens. Atradigtojudaica e a esi jpretam esses poemas como uma alegora ds relagdes ent Jrovi else] ou ente Cristo ea igs. A esta conusio deve- ‘mos o Canlce expirta e Sto Jodo a Cruz, um dos poems thas tenses misteroeas cl ita do Ocident.€impossivet Ter seus poema unicamence como textos ex6tcos 04 come texts eligiouos So ne osteo algo rns, ex 0 qa nf fevlan © que sto: poesia. A embighdade ds poemas ce So Jono cncovirou, na space moderna, rexitencaee euivOoos [Alguns se empenaramn em vos como textos unleamente ‘chicos, outoe os considera serlegos. Lembo 0 esc Todo pocta Auden dante de cers iragens do Cannio esin= tug see pavecim una guesein confusto en esa cae ale aespicival 2 A citica de Auden era mais pltonica que cis, Deve- ‘os a Plt sida do eresmo como un impuleo viel que ascende, degra por degra até a contemplagso do bem a remo, Ess dei coat ovr: ada patina picasso da sna que, a cade past, dsanctase mais e mais ca sensal- dade até que, no auge dessa ascensto, dela ee despa intel Tamer, Maso que nos diza experiénareligioss — scbre= ‘tudo por neio do testemunho dos misicos —& precismente © conto: o erousmo, que é semuaidade waneiguada pels imaginag20 humana, nto desaparece cin nenhum caso, Modo, tasforma-se continsamertee,nBo obstants, nunca debxa de ser 0 queé clginaliment:impulso sexual, Ia figuta oposta, «do beni, nto hd unio entre rele ito ¢ereismo; 20 conto, hi oposeto nia e clara: Ie Detino afirns 0 pexzer como tiga fim dante de qualquer ‘outro valor: Ble quase sempre se opte com pa 20s alo. Fes es cengas religions ou és que pasulam a suborci- aslo do corpo au fim annseendente. a libertinagem faa frosteira, em um de seus estremas, com een e tans tna.se em uma flosofia no outo extetno, com a basen ‘o stcilgio e profanagt, formas contre 8 Sevorto ret ioe. Sade se ergulhava de profeesr urn intansigente sei ‘mo ios6fco, mas em ses livros a mis pessagens de el ‘1080 furor ieligioo © em sua vide enftentou vias acs $6es de sorlgio e impledace — como as do provessa de 1772, em Harselhe. ands é Breton ime cise cera vex que Seu ‘eis era una creng; poerfamos dizer ambém que le bercnagem € uma religito as avessas, © libertine nega o ude sobrenatral eon tl veemdacia que seus tages 380 ‘na homenagem ¢, 8 vezes, une consagingto. # outs © ‘as signifcativaa verdadatadiferenge ent osnacoreia © lisenina: eras do primeto & uma sublimagio soli sem intermedrios ado segundo € um ato que requey, para sus eallzgo, oconcuso de um efmplio os presets de ™ uma vitlma. © lberino necessia sempre do out e nisko onsite sus condenario: depende de seu abjetae€ escravo desu via, A hiberinagem, como expressio do deseo © da imaging: ‘so exasperads, € memorial. Cam refiexto& como hlosola xplica €relatvamente modem. curios evolu das pa lavas iberinagom ¢iberttio pode nos aidar a entender no menos eurioso destino do ertismo mt Idade Moderns, Em espenhellibetino signifcou emt pinlpo ilo do bens! {s6 maistarde designou uma pessoedsoula ede vida cen - soluta beleza A vida do amaace desa forma de belera 63 ‘mais sublime que se pode vives, pois nea “es clas Go entea- mento comungam com a beleza e o homens proccia nfo imagens nem simolacres de beleza, mas sm relicades be ae E este 0 caminho da imanalidede © dscuso de Dian € subline, Séertes o fl trem, ois foi digno esse elscurso em sua vid, e sobreiudo emt ‘50 moss. Comenti-o & como intenomper lenses coa- ‘empl do sibo com os alas eas brgas daqul deb. 0, Mas esse mesme amor verdade —embora no mew ato 2) pequeno e nace soblime —obrign-ne a parguntar Dio- tna fel realmente do amag Bla eSdcates foram de Eros, ‘esse dembnio 8 espirito no qual encazna um impulso que no € puramente animal nem esplual. Bros pode conkun- rnos,levarns 3 cair no péataao da cancupiseneis € 00 ovo do libertine; ambém pode nos eleware levacnos & mals al contemplagto. Io € que chaimo de rose 30 longo desasreflexdes eo que eno csinguir da ame pro- Dramene dio, ep, [so 60 amar tal como conhecemos deste Provenga. Ete amor emibor exisisse em fori dia ‘como senimeno, no fei conhecido pela Grecia amiga nem ‘como iin aem como mito. Aa extn por uma nen pessoa @ univer! e aparece em fda a sciedades a ida (04 filesoia do amor €histes e bros 26 onde exisem ci ‘unstinciss soci, inteleeais e moms Pltio sem divide (erage escandalizdo dante do que chamance amr, Algu= nas de suas maniesagdes lhe seam yepugeanes, como a Identiango do adultéi, o suicidioea more, cuts oeiam assombrado, como o cu & mule: Eos amores sublines, ‘somo 0 cle Dante por Bess ot ode Petriea por laa, pa reoesiem ele doen desi, 6 ‘Também O bangete conta dase expresibes que nos excandalianim te nfo 0 lssemos com ceo disanciamento Distro, Por exemple, quando Dion descreve as esclas amot iz que se comera por tmar sun corpo belo, mas ‘que seria absurdo nto recenhecer que outros corpos sf Jgualmente belo, em conseqUéncia, sera igualmente absur do nfo amar a todos. £ claro que Diotina est alando de algo muito ference do que chamamos amor, Para nésafide- Iidede ¢ ura des condigbes da relagio amoresa, Dio no 125 parece ignore leo como nem sequer Ihe ecore pensat ‘nos setinentee daquele ov daquels que ames: ea os v8 ‘como simples degraus na subide a a conteapegio, Na ver face, parm Pltfo 0 amor nfo & propeiamente uma relago:& ‘uma aventur eliria. Ao ler certs Frases de O banguete [nmpossvel nfo pensar, apesar da sublimidace 6s concetos, ‘um Don Juan flesoic. A eferenga € que a comida do go" ardor € para six e termina no inferno, enguanto 2 do lamanteplaténico culmina na contemplacto da ita. Don Jvan €subversvo 6 mais que o amor as mulheres, inspin-se ‘po argo, a tentato de desafar Deus. amoges inven 4 69 esos pltbac. “A severn condenaeto do prazer fisico e a pregagto da ‘castidede como camino pars a vizude e a beatin slo a ‘conteiiéncia natural da separacio patnca entre 0 coepo.e ‘alma, Pa nds essa separagte € muro forte. Este & um dos tragoe que definem » €poct moderns a Honcemas ene & alma e. corpo ee atenviram, Multas de mosses contemport> ‘ene jf no serena na alma, wna nogte apenas sada pela pslcologa ¢ pea biologis atodesnas; 20 mesmo tempo, © ‘que chamamos corpo € hoje algo multe ais complexo do {Queers parm Plato e sua époes. Noss corpo poss muitos [nibutos que antes exam da ala. O castigo do Hiberino, ‘como lentei demonstraranterlormente,consiste em que © corpo de sue vidi, ' objeto eric, € também uma cons- “6 cidnin raves lao objeto se transforma em set. 0 reimo podemos der da Soncepga pitnic, Pts Pst 8 objetoserdeot — ena 0 corpo ov sina do efebo — trac sto svete: tn un corpo endo sentem, tm uma dima ese clam to realmente jas ua fangio €3 de Proporcions dears a asbida do feof até a contepe ‘los extnnas Embors no cis dessa suoersi0 ante Sehr clr, o mente tea reagoet com Outs homens, seu camino € extenchmente sitio. Neral {20.com ot outoe pose aver dain, quer cizer,dvsto {Eo discus em panes mas nto h dilogo nem conversa ( préprie vee de O banquet embore adore a forina do ‘logo, & compost por sete dscumos sepaados. Ein 0 tenga, erosmo em sua male para eee expresio, ho aparece coudigionecessca do's otto ou aon: {, que aceit 0 rei, cn Sm ov Nio xo pei in uma repo. 0 oo, ou se cemplenen quo que caver o deo em score: o linea # tered, we a Pré-histéria do amor ‘Ao comesar esas reflexdes destaquei ae afiniades ente efetismo e poesia: 0 primero & una metiors da genta de, a seguads ums eroczagio da inguager, A elagio entre mor e poesia rio & menos fia. Primero a poesia lca © ‘depois o romance — que & poesia sua mane — tem sido ‘consiantes veleulos do sentente amarose,O que nos emt lo 0s poets, os éamaturges eos romancisie sobre oaor ‘no € menos precovoe profundo que ae mediegoes dos fle: Sos. E com freqdéncia# mais ee, mals de acon com realidad humana e psicolégica.Os amas paconicas, ak como os desceve O banquet gio esnstoe mas no sto es ‘enssas as emogées que, em povenslnhas, aga Seo 30 Con- ‘emplar uma pessoa ama A mien elpecho el coraxénseoprine Séloen mira nf le voz acerta ‘Deni garganta, a pramunpi ota ‘Calla a longus ‘ugg sullldero mit cusp to ‘Preodiscurs ls fete oot Vegan sin nem, lascidas hacen ‘Ronco sumBido Gibrome tada de sudor belado: Pld quad cual maschita berba Yyesnfueraas sn ale, note Parezco suena ee whee mee ra oe enepee gemma Ear eer wie ren pee omen es miata le fnmemgevmen memperares Specs creme ameter eee me ergeentomeesern sr cites as ae eet LSS Cenratee eats Finca pee tonsa eine / cen ely mo vex ery ‘ape oo log sap hat Neen ceh an econ ‘Binder /Ep eon fopa son feo, none Pasjeamom OCT) *” pelo cme, nfo pele amor so ctimplices, nto amantes; 3 Daisfo sola devoraFedra eo clime, Media. Para encom ‘ear prefignapbes e premonigbes do que seria 0 amor ente nbs € preciso ira Alevandsa e Roma. O amor nasce na ‘rande cidade. 10 primeira gnde poema deamoc 6cbra de Tabet: A. thoi’ ei evero no primate quart éo steuo Lac. eo}, Inais de dos mall ane depois, ito em tadugdes que embore ‘boas nto detzam de ser uadupdes, conser inact su cag ‘Pasonal.O poema é um longo mandlogo de Sime, aman sbandenada Se Delis. Comera com va invocaco # Lua em tas tse manifestagdes Artemis, Selene e Hecate a Tere ‘Vem depos esrarha relicio entre Sime ea empremds, ‘esa recebendo erdens para que execute partes do sal negro {ques dias se entegem Caca Urn desiessomtléglos ex mat ‘do por um daloroso estrbho:" Pajaro magico, daxusivene rit aruant, tele a ms casa® (Passo mdgico, me coves ‘ev anarse, wages minha cass). Eoquantoa enpregads = parr no cho um povco de erinka queimad, Sets diz "Sto of assos de Delfe, Ao queimae wm samo de loro, que scl fatzcas e dipae deixando spenasGnzas,condena ote fel "Que asin se incendei sua came.” Depos de ere tes fdagbes 4 Heute, jogs ao fogo um pedago Go manto que Delis esquecera em soa ease giz: "Porque, Eres cue, gare na minha cae como ua sanguessug Porque ch psmey sangue agro” Aotexminar su en), Sime pede a os acta que gue umes ers na pora de Déls elas cs. ‘a dizendor “Toro eevs soe" Enquanto Sime ects ses Eomlepios, dea exapar confssbes © quetess: esti possuida a ec 8 ee eT os rom Sens Satscety Ce “i ae ‘uae pe gar on ng tessa ss etn een a a, ap Sr vm peo deseo eo Fogo que azende para quia seu mange & (© fogo em que elt mesma se queima. Rancor @ amor, tudo Junto: Delis defecova e abandonow-a, mas ea no pode ver sem esse homem deseado e abomingvel, Ba primeira ‘yer que na literatura parece — deseo com tal viet © coetgla —um dos grandes mister homanos: « mistara Inawiaival de édo © amor, despelo e des. ( furor amoroso de Simaza parece inspirado por P8, © es semal de cascos de bode, ce conda faz emer 0 base que ecujo alto sacodeasflhagens provocs o deliro das ‘emess, Sexualidade pura. Mas depois de cumprido o ritual, Simeta se aealma como, soba infvéncta ea ua, scamamse 35 ondas aquieu-se 0 verto nas 4rvores, Enit0 se confia a Selene como a uma mie, Sos ltl € imps. Por seu rel (j adwiahamos que € uma jovem livre ede coneigio modes ta (embora nto tanto: tem uma empregads, vive sozinha (ala de suas amigas e vzinhas, nto de ouz feria avez, pra se mante, tena algum ofco. £ uma pessoa comum, ‘uma mulher jovem como outs milares em tedasascidades ‘do mune: Sune podiaviver hoje em Nova York, Buenas ‘Aires ou Praga. Cea dle 25 Vzinas 2 convidem 4 prosssio {de Aeris, Vaid, vestowe com sua melhor roupa e cobre suis cosas com um vale de lisho eniprestado por uma ami ‘2, Enconta na moldio dois ovens, barbas ulvas ewrses (ueimados de sole reluzeses. Coup defoudre "Eu vi. Simeta, mas ndo diz quem. Pare que? Viva propria realidad ‘em um corpo eum nome: Dé. Pemurbads, volta para cas ‘com ume lia fa. Passa dase dias com Febree aso. Se rea consula migices ebruzas, como agor2 consulamos 0: Priuiatras ¢, como ns, com neshum reslado, Soft la dolencia deamer, que nosecura sina cola presenta ylafgra® SASS wpe toca / wt ce a eng 2 ccs tte tpa cpt ote ae a sueserte Gore weit eee ShcSrumewapeee DS cbun Semaine amos siete SALES, eran cei ter Seviigg tee wiadmnacens 2 ia nts ght Sos ii eueetuin ces cytes enon ‘boneca de cers").” St pene mn ome ers oman baie merece oe iSietut aanemwescamram at ate Bees decree cima iSniememt oiieenansces Sienats te intece eames ee ee end sere rit ren ake crate ton se oe ce Pace Samar tea cree ae meee “Satin ecto pba sgotaoeina terantocate ee Sie chaps wana toe hae Secteur oem cee eerie Seuss peer ie roa aaeea esc ponent SLRS 2 © poema de Teberto no poderia ter sido esrto na Ate- as de Plato. Neo 6 pela msopina steniense, mas pea si tuagto da mulher na Gréciaeldslea. Ne época alesandia, que parece um pouco com nossa, ocr uma revolugso in ‘sive ae mauheres, eaceadee a ginece, sem go er lve ‘eaparecem na supertici da sociedad Algumes foram nc ‘Yels— nio na Iterstura ents ares, mee na polities, como Olimpia, a mle de Alexandre, ¢Arsnoe, 2 mulher de Piolo. ‘meu Fladaifo, A rudanga alo se limou 2 aristocraca, es tendendo-t a esea iments e ruldors povargio de comer. antes artesios, pequenos propretrios, empregados me- ores ¢ toda essa gente que, nas grandes cidades,viveu & finds vive de conversa fiada. Alm de seu valor poetic, © ppoerna de Teéerito jogs indirerament gums i sobre a ¢o- ‘dade helénies, De ceria forms € um parma de costumes, & fignfitve que nos moste nfo a vies dos prncipes © doe ‘otentads, as sim a da classe méda da cade, com suas ‘equenss ¢ grandes paixdes, seus apuros, seu bom senso e sua loucura, Por esse e outtos poentas de Teberco, assim ‘como pels arses! de Herondas, poderos ter uma iia da ‘onc feminina eda relatvaliberéade de movimentos das slheres Fazer de urna jovem pobre como Sineaa 0 conzo de um _poera patsional que allemacamente nos comove, enternece ‘faz somirfoi uma imensa novidade erariaehities, A p= sein perence a Tederio sen gino; 2 segunda, &sociedade fem que vveu. A novidede hisériea do poems foi oreslde ‘de ua mudanga social que, por sua vez, en conseqdénci da ‘grande carlo do perfedo helénico a wansformacto da cia- de aciga. pls fechads em si mesma e cos de sua autono- ‘mia, abriuse 20 exterior, As grandes cidades passaram a ser ‘cosmapoliasdevido xo intercimbio de pesos, scot -mes ¢crenes. Entre os poetas do period helénico que gu am na Antologa palatina,visios cram esrzngees, como © ss sitio Meleagr, Esa grande cing civitzadora fol relzada fn meio a guertas e monangias despotcas que carscer- {ames Epoct. Ba maior conga fo, em Avia, a apa ‘Glo as novescidades de wm tipo de muller mais live, O ‘Gajeto erties! comegon a se transforma em seo. A pré= histra do mor no Ocidente est, como eu és, em duas grande cidsdes: Alexandria e Roma, ‘As mulieres — mals exatamente a8 paticiss — ocipam ‘um logar dstacado na hist de Roma ancora Replica ‘com durante oimpério, Mes, esposis, imi, fh, ama tes: nio um eplsddio da hiadearoraea em queso pat= ‘pe alguma mulher 20 ado do oredor, do goer, o pol. tien ou da impemidor Uas foram heres, outas vimsosss ‘outs infames Nes snos frais da Repsblice eparece outa ‘categoria social: a corte. Ea logo se convertey em um dos ‘e008 da vida mundana e no objeto de erbnica escandalos. ‘mas e owas, patrciase corests, eo mulheres livres cos verse sentidos da palevra: por seu nascimento, seus mos ‘e comune, Les, sobredo, porque em ui forma desoo= ‘ecida até entiotém liberdsde pea scekar ou rear seus mates, Sho danes de seu cozpae de sua alia, As heroinss oe poerss eros e amorasae vém das dues cesses. Por fa ver, como em Alesina, os poets ovens formam gr pos que conguistsm & notoriedade tanto por suas obias oma por suas opinibes, seus costumes e evs amores, Can Jo fol um dels. Suas quereas Herrin © suas stias nto fo- ram menos ruidosas que seus poemas de amor Moreu jo- vvem e eeus melhores poemas sto as confssbes de seu amor ‘or Lesbia, nome potico que oculava uma paca célebre ‘Por sua beler, posici e vide dsscluta (Cli). Ura his finde amr ahernadamente feliz nfl, ingemua ecinica. “unio dos opostas —o deseo € 0 despeio, 2 sensvalda ‘Eo, o patnzoentrevito eo inferno vivo — reslvese ‘em breves poemas de concentads intensidade. Os modelos 8 {de Catuo foram os poetasalexandelns,sobremdo Calimsco — Fanoso.na Antiguidade, mas de quem 66 sobrevivenam fiagmentos —~e Sfo.A poesia de Cau tem um lagar nico ‘a histria do amor pelt concgaeafiada economia com que expressa omaiscomplexoa presenrasimultines ma petra consciéncia do Gao edo amor, do desejo do desprezo, Nassossentidos nfo podem viver sem aquilo que noses re ‘lo e nossa mora © confto de Calo € semelharte ao de Smet, enbors com vasiantes decisias. A prime € 0 sexo: nos poets de Ciro fla um hemsem. Difeengasignfentva. amen, 280 mbar, € quem en em stagao de dependénca.Acegun desc herbi no uma rio efala em seu petro name NO ‘quero dizer com sto que os poemas de Carlo selam simples confissbes ou confidéncias, nels, como em todas as obras podticas, hi um element filo, O posta que fla &¢ ndo & Catulo: € urna persona, uma mascara que delea ver 6 resto. teal que 20 mesmo tempo o ocult. Saas penss slo reais € ‘ambem sio figuras de linguagem. Seo imagens, repesenta- 98es. © poeta converte seu amor em um tipo de romaoe er verso, mas nem par isso menos vivid e softido, Our die- ‘Fong a ele, sobrxudo ela, petencem ds classes eupedio- s'Como sto deus sees lines de cato modo seats — ls porsua pose, ele porser poeta, atrevemse a romper asconvengéese regs que ce smaram Seu amor € um exer ‘elo ce iberdade, uma vansgiesto e um desaio&sociede- de. Bs ¢ um uago que figura alse mais noe tas da ai io amorose, de TSi2oe olde as romances de nostos dias. Per slimo, Camo um poss ese reino € oda imaginasio. ‘Ao contivo de Snesa, mals simples e mats rstice, ma busca 2 vinganga com ios veneses; sua vagaags assume wma, forms inaginéa: seus poemas "Ties clementes do amor mademo sperecem em Calo: escola, liberdade dos amants; odes, amer como una. 6 ransgressto; ¢ alment, ocd. Cat express em be So porns cdo e dolores 0 poser de ua pao que Tees pouo a pouco na eonaclones a parlor nossa Tenrnde Teo pnio a cose atutess inapia 60 ‘Mime © sua poderora ealidade piclépc.£ imposstvel Sefinds es clime com 0 sniimento dahon maciad. fin Orel se runs or climes sutnicos —amora Desde soa com Slr do home ofendio, Mas € 0 amor, na Toa pervert do cme,» patie que o move: And full Ie che toe yo aor Bu to earl para depots daar) Por outs lato personagens dos danas exp. i, presente de Ceo, so ho sues {ose gate pan amancha, quate sempre aging, {ue asus hones, Nao eso paizonados sto os guaret Sa epunao os escavor cx opin ple, Como ce meses leglador tirana Ddapuasioerajena mano In opintn yo en laa: Em todos esses exemplos,nclvindo 0 mais comovedor, ‘elo 0 codigo seta determinante, No em Prous, ogran- de posta modemo, nao do amar, as sim e sua secresao ‘Yenenosa, sua pela fal: cme, Swana ce sabe viima de ‘um deo, NUD o ign s Odete nem a sania da angio ‘sal, nem & do eepito, Anos depos, ao lembrar sua pabxto, Confessa:“E pensar que perdi cs melhores anos de misha ‘vise com uma mulher ue nem ers meu ipo" Sus atraga0 ‘or Odette € um seatmentoinexplicavel, Salvo em trmos ‘egativos: lao faseina porgue¢ nacesivel, NEo seu corpo: {un conieiénca, Como amada ideal dos poctas provengais, ‘inaingve,£ asin, apeer da facdidade com que se ene” (a, pelo mero fto de exit, Oder infil e mente sem pak oe Eo ‘ar, mas se fosee sincere fel amber sera inacessivel Swann pode toct-la ¢ possuta, pode lolt-la,prendé la conversa em soa eserava: uma parte dela vai the eseapar ia serd sempre outa. Ode existe resmiente ov € ums fc- lo de seu armaste? Si, € uma presena, ulm ros, um cOF- Po, um cheiro umm passado que nfo serio nunca seus. A ‘eesenga € real e impenetsivel: 0 que hé ports desses ‘olhos, dessa boca, destes seias? Swann nunca saber Talvez nem a propria Odeue saiba; nto mente s6 a seu amente ent e i pebprin (© mistério de Odete & o de Alberine 0 de Gilbert: © ‘outro sempre nos escapa, Proust anal interminaveimente 502 infelicidage, destracha as mentias de Odatee cs sub: tecfdgios de Albertine, mas se nega a econhece lberdade do outro. © amor € desejo de posse e desprendimento; em Proust €360 primeis, e por sso su visto do amor € nega ve, Swann soi, scifieate por Ode, termina se casando com ela ee di seu nome: clguma ve cle a amou? Davido, ele também duvideu. Canalo eLésba sta auseiais, Strana «Odette, amorais, Ela nao 0 ama: usto. Ele tampouco a ana: desprezs-a, Contudo, n80 pode se separar dela: seas "ab tolber out outs, menconads pe danzcke qe tans oanar sep cop ede apa, overcome feu queabebaia de omega se no fame pls eco co the cates eleisde Mo ear dolar ee mise ‘Spoons evo! pan metay com am exempt fe erpntols otal So ana a prom do amc. Ene ane contd © ear hi pores conto qu aem eau sms casino esac pat Sesasandade sto sntise¢aonbeso enna Sucotunconts cece principio tha semana drmancininepencente cam cancels qo proben 8 confuo com as crengas dos citar ou com os dogmas da Igrejacatdlies. Fol uma hevesa tanto do eretianisino como das erencas citras e dafloolia patGnica do ator. Melhor dizendo, fol uma disidéncia, me tansgressto,Digo isso porque fl essencialmente secular, vvido e sentido por secures. Bu chamei de cto porgueteve te © i, nas foi um culo fence ou fora das igre ¢religes. Hse & um des tapos que sepsram 0 erotismo do amor. O eroisno ode sar zligoro, como se v8 no taniama © ext algumas setts gnéstias crists; 0 amor sempre & humana. Assen, ols, 2 exalardo do amor nfo era nem podia ser compatve com 0 rigoato dualism ds citares. No memento da gran- Ge crise do catarismo, que arasio em sua queda a cviiza- flo proveneal, 0 pats invadido peas tropas de Simon de onto eas Conseitneits viladas pelos ingulsidores, & compreensivel que os poets provengals, como o resto da populago tenham mosredo simpatia pla causa dos eta: Fos. Nao padia ser de euro modo sob pretexo de extispar ‘ums heres, o rel fanets Luis VI, em cumplicidade com © apa Inoeéncio I, que prociamau sera conta os abi eoses, estendeu seu dominio so sul eaeabou com 2 Occ ia. Nequeles dias teveis todas os oectanes — cations € taro, noes e burgueses, povo e poess — foram vitinas {8 ealdadesca de Simon de Montfort e dos ents nquido- res dominicanos. Mas 140 € neshuma lovcura supor que se, or um milgre, os cstarcstvessem trunéaco, eles tamer team condenada amor barge As rnbes de Teja de Romi para condenar 0 fin'amcrs, enbora dilerentes das dos eters, afo ext mends poder 2s, Antes de tudo, a attude dante do casamento. Para a Tye ¢ um dos sete sacraments insu por Jesus Cio, ‘Ateptar conta sua integrdade ou clocer em dUvida sua sin ‘idade ago era nicamente uma fla grave era Uma here, cy ‘Para op adept do ‘amor cont’, 0 casamento era un jgo injusto que escraviaeva a mulher, enquant o amor for do ‘samen ea sgrado e confers 208 amantes una dignida- de expirkoal, Come a igceja, condenavamn 0 adultério como Inocvia, nas 0 converiam tm steramento se fosse vngido pelo ido misteroeo do fn 'amors A igre ampouco pods Eprovas os tas da conela armorsa; secs primetos pasos, ‘mbors pecatinosas, podlam parecer iedcass, nto se pois Cigera mesa cols da diferentes cormnSaies exemamente sensuais que compunham o assat A Igeea condenava @ ‘nll esenal, mesmo dentro do casament, se nfo tvesse ‘ome fim decarado a prociao, O “amor carts’ no 66 ere Indferente a essa flnalidade como seus rites exaltavam ut raze fico oxensivamente desviado de reprodugio, ‘hlgrelaclevou a casidade 20 nivel das vires mals a ‘as. eu premio era ulrtereno:a praca diva e, para os me- Toes, at mesmo a bevleao no ctu. Os poeas proven- ‘is fata smuito dena mixeriosaexalzeto, 20 mesmo Tempo iin © expisitel, por eles chamada de fore que era tua recompens, amas a, do amor Ea oi nto ers nem = Simple elegria nem 0 g020, as sim um estado de felicidad Jndefiniel.Os termes com que alguns poets descrevem a (oifazem penear que se referer 0 go20 da possess cama, ‘mborsefinade pela espera e mesure o ‘amor cons’ nl fra uma deeordem e sim uma esti dos sensids, Outros [alam do serkimento de unito com a naturezs por meio da ‘onremplagfo da amante nue, comparando-o com a sensa- {fo que aoe emacions dante de cetaspasageas, como urna Tanta de imavers, Para ouces, era usa elevagio da alma semelhante aos anspores dos misico € 20 éxtase dos fil6- toes e poss contemplavos. A felicidade & por esséacia, {nine 08 60s provencals ea um gnero imusaco de fe leidade e, assim, duplamente indizvel. $6 a poesia pocin luda esse sentimenro. Outs diferenca: a jor era um % mio postmortem como 0 cutorgado 8 abstinénci, «sim ‘oma graga natural concede 208 amantes que haviem dep rao sous deseo, “Todas esas dierenga se conjugavam numa outa ior: ‘a levacto da mulher, que de sida passava x ser senhera. O ‘amor cones’ concecia As cams o zenhorio male spreciado: ‘eco eu corpe esua alma. Aascensto da mulher ol ume re ‘olucto ao 8 nt orem desl das eelagbes amoroeneente ‘oe sexoe, mas na realidad social 8 clara que o amor cores! nfo confera as mulheres dirtos seis os poltcasnao.en ‘usa eforma jurdiea er uma mudanga na Visio do mundo. ‘Ao ranstorata ordem hiefrquietraccional, endl equl- {bara inferiridade social da mulher com sua supeririéade no dominio do amar. Nesse sentido fot um passo em dregs A igualdade des sexcs. as, as olbos da grea 2 asceasio. ‘da dama se tradusia numa verdadeita deifeagio, Pecado ‘otal: tas uma eitura como amo que deveroe pro Fessar a0 Criador. Joan, confusto serlega ene o teres- ‘tee. divino, otemponl eo etemo. Compreendo que ROU ‘Bemont teaha visto no amor uma heresia também com ppreenda que W. H. Auden dlesesse que 0 amor era ‘uma ‘oengs do crisianlemo), Para os dois nfo havin nem pode Dave said fra da igre. Mas compreender uma idea nos comparthala — penso exatamentéo convo, "Em piimelso liga, 0 amor apavece em outs cviizagbes: ‘amor também & uma heresa do budamo, da aot, e do 1ulP Quanto ao amor ocidental, 0 que o teblogos e ss se [guides mademos chamam de dice da mater, fol aa verdad um reconbecimenta, Cada pessos € nica epor sso ‘nto € abuso de lnguagem falas ca ‘samidade da pessoa. A ‘expressto, slém disso, & de origem crs Sm, cada ser hu ‘mano, sem excluir os mais vis, encarsa um mistrio que 6 sara exagerado chamar de sano ou sagindo. Pan os esos 08 mugulmanos 0 grande mistrio & a queda dos ho- ra ‘mens, mas também a dos anos. A grande queds, 0 grande ‘istro, foi odo anj mais belo, o lugartenente das mics elestis: Iuzbel. A queda de Luzbel prenunca e contém a {doe homens. Mas Luzbal, até onde sabermos, € iredimivel fs condenagio é eterna. O bomem, a0 contro, pode pa {gar nn fale, wansformar a queda em Yoo. O amar € 0 reo ‘hecimento, na peeoa amid, desve dem do vo que esti {ge todas ao artes humanss.O mistro de condi ho nana reside em ava Iiberdade; € queda e € véo. Fnisso também reside eimensa sedugdo que exerce sobre n8s 0 amor, Nio nas oferece uma Via de slvacao e muito menos & ‘uma ideas. Comega com a admiraczo digo de um pes- 20a, vem depots o entsiasnee tude culmina com a pabxio ‘que nos leva feliidade ov 20 desasre. O amor € uma prova (que atoros felines edespragades, enobrece. (© fim do emer cots eotncde como da eviizagto pro- ‘vengl. Os sims poeas se dspersaram: alguns se refugla- am na Cataluahs en Espana, oures ma Sita e no norte Gaia, Mas antes de morrer a poesia proven fecundou o exo da Europa, Por sus influtnca as lendas ces do cio amurano wansformaranse e, gagas a sua popultidade, a ‘conti ce converceu num ideal de vida, Chen de Troyes fol o prmelro a inexr na matésiaépica tadicionsl a nova senablidade, Sew romance em verso scbre os amore ietos ‘Ge Lanceloie coma tina Guinévera fo mute mado. Ente todos ests relatos, demaceseo de Trittoe sci, araués> po até nosios das do que se chamou de amorpatsfo. Na Ilsa de Tito ha elementos béoaros mgios que Ihe ‘conferem uma grandeza sombria, mas queaseparam do ideal ‘de conesi Pa 08 provengls, que asso segue Ion Hanm fea exicndrabe, 0 ames € 0 fruo de uma soca retina; ‘ho €uina pata trigiea, sper dos safimescospenas dos fpaixonados, porque sew fim dkimo @ jo, esa flcidade que esa da urio ete 0 goo ea contempt, © mune {nil eo espinal Nos sores de Tso com sl oe ‘ements migens — a pocio que bebem inadvericanente os smantes — conibuem poderosamente pa ealear as {orga traconas do ecotimo. Vismas desses podees, mines nf tem our aa sendo a more Aoposgi etre stato neg da paato ¢ 0 ‘conesi, ue av come tm proseuin penisdor que sieve duet, const 1 cttncia do mistéo do ame. Dope fscinago dante ds vida eda more, o amor qunih evo, ecole sbmusto. ‘flea desler, que misty leads br- ‘acs cena consi’ fol inersa Un clare epséclo a Dt sina come dusa 0 poser que exer stb sexton. Dente conta, no segundo crcl do Tfeno' odes xi ‘oaes, Paola e Pancesn. Interop plo poets, France Ipeconta que um da, enquato cla ePsoo lm pos un ie so que nara os meres de Lanelzee Guintver, dsco- ‘sam o snoe que senlaaim pelo ou eqbe os evou ‘more. Ao chegarno echo em que Lancto ¢ Guinsver, {ids por soa palo, elas pela pea Ye, partes Sleeurd ofparmese perutbedos Eno ques, cbe ma a me nn ia, {bocca me basis remanie® «Francesca cement: “Dual gore pid ono egensne ue te." CRagoee dia, odo mas coninuaaos ler Die Cutie se mato se Dante eve pena 01 19 da sot coils Gao cto €qu, a0 cursus cele o fem, esto ‘Em bon telogi, 2 sce dos peadores 26 pode ns ins- par detgonto ou repegnacla ean sea una ae agen op atta ee She um jum pr aos em 7. 2 tonne em a ns ova jig ving, Mas Danton asim p= {adore seus peeads era oben de amy, com Betz Ste embrar als de une ve. aes por iso eel simpt- th que senta por Francesca — en amigo des fais — tmodou um poveo a hiss no romance € Guinéver quem frimeto bos Lancelot Danese propunha unio elogo Eo posta, as nen sempre consegui so. Como todos oF posas do dole sil nun, coahela esirava os proven Foi No cpleddo de Paolo e rancesa alae duas vers 8 Sovitna do amar cons pinea fum eco de seu mes, ‘Guido Gutiel que va o amor como una wizocacia 60 Coualo: “Amor cal corgentirate sapped" Amr, He {so commie go velonment se 2pegt) O amor € uma cone Fas copia 6 aqucles de ame genera podem aac tesmens A eunda repete ra mtn de Ands€0 ape Thor "Amoy cia milo mata amar perdonar CAmor, que 3 tose aad exge amac) Aimar anda e devebedectLo, fpr de nobre € impose Franesea, ro vepet es Fiitima, nto se desclpe de sew amorosa pecade? F essa ‘Sse nds 6 ambn rn acne peendo? Queer reaimen- tepentado Dante de wesc? ‘ante dou racleaente oto cots o coloco atelogla eco Dest fon edulis opasam ene amore cistaniso, onuoduzi una iu fr Satvacto, Beatz, come invemmedia ene 0 eu eat aii coninsou cspando a posico sper, aso vn ‘Genie se Date midou de ress AQUOS Se permuna fier amor realmente! Nas owe, porque els ere {ia poc urn pecador em pica? Osmor€exhusio;s ca dade nto & prefer una pesoa enue cure &un peed Sentra tadeide Asn, Dante conlaia peso plo amor Beat ump, 8 ene So osu ato TE gu da vier Wars ao Jorno dar cengas geras Maio » bem, Beauiz to €u suis aus no € una ineweston univers) ¢ movida pola sora ima peso. Em va figura hi uma ambigSidade:Dea- Hamar Fexadl Neem ower anbevidace so ~“Gamnos give: Best € czada, De novo Dante eegve osmor ‘come! —e numa de sons mnie cad tranegresbes a mo ‘alist, Como jusficarsolciude com que Bestrz exis cde exe espintaal de Dante genio € pela intervencio do amo? “Também era casada Laure, amads de Pexasca (als an- tepassada do marqués de Sade) Nio se wat, natuaimente, de ume colncdénci: es dos poets fram fs so arqueipo do ‘amor cont’ O ato &pariculamente ignicative se pen ‘amos que Dante e Petre afo x6 foram poms de geno die ‘into, mas que suas concepgbes sobre 0 anor também em lfereates, Paarea€ um esp menos fate que Dane; su2 poesia nl abarea totalidade do destino humano,suspenso pelo lo do tempo entre duss etemidades. Mas sua concepsio ‘do amor & msis modema: nem soa sada € uma mensegeia cf nem enzeabre os mistrios sobrenatuais, Seu amer & ‘deal, ndo celeste, Laurs € ma dama, no uma sin. Os poe- ‘mas de Petiaca nto relate vibes eobrenstns so anies ‘sus de panto. O poet se compraz nas anteses — 0 fogo€ 0 geo, A lure teva, ovo ea queds, 0 prazer ea dor — [porque ele proprio € 0 teatro do combate de palxbes oposias. ‘ante ou 2 lisa ret; Petrarca ou 0 consnuo ziguezague. ‘suas contadigbes oimabiizam até. que novascontadgdes © ‘olaquem de novo em movimecto. Cada soneto & uma argu terut afvea que se dsspa para renascer em outro. O Can ‘orev, diferente da Divina coma a € 0 elato de une Peregrnagio e uma subics;Pevarea vive e desceve um n= terminivel debate com ele proprio ¢ em simesmo. Vive para ‘dentro © nfo falas nfo ser com seu interior. £ 0 prizelza poea modesner quero der, o primeiro que ten consctncia Se sua conndigbs eas convene em subsedncs de sun poe- * sia, Quise toda 2 poesia européta do amor pode ser vista oma ume secede gloas, varlaghes e wanspressbes do Can- ‘loncre Nuitos postas syperam Petrareanisso 08 nag, ‘robors pouess vezes na totlidade. Peso em Ronsird, Doo re, Quevedo, Lope de Vega e, efim, nos grandes reas do Renasimento e do Barroco. Ao final de sua vida, Petrarca feu uma cose expiinol e renunci a0 amor jlgava-o um Gniravio que havia posto em pesigo sua salracto, segundo ‘pos conta em suns confssSes Secretion), Seu mest fo San to Agestinho, outro grande apaixonado © mais sensual que (Se Sus reustagio fot também una homenagem — um feeo- ‘Shecimenio dos poderes do mer. ‘0 legads proveneal foi duplo: as formas poticas ¢ as {eins sobre 0 mor Por telo de Dante, Petraes © seus ‘ceaiores, nt os poets surealitas do séulo 2X, est ta {fo chegon ate ns. Vive nfo 56 nas formas mals levadas da Sree da lteratun do Ocidente, mas também nas cangées, pos filmes e rates populates. A principio, a tensmissio foi iges: Dane flava olemesim, eno Purgtrio, quando ee rece Arse Danie, o faz falar em verso ¢ a lingua de oc TTambém Covalent que vigou pelos da Panga, conhecls O provengal O mesma aconteceu com todos os poets desst [Beragho, Embors hoje 6 um grupo de pessoas fale a ings Ae og, tradgto que fundou a poesia provengal nfo desep- ceo. Austra do ‘amor coms, suas midangas e metancr foes, ato x6. de noses ae e leeratura: a histria de nos ‘2 censbilidade e dos mics que incendaram mas imag Inagdes desde o s8eulo XIf até nossos dias, A histvia éa vlaago do Ocidente. a Un sistema solar Se fzemos uma reucspeciva de lermtureoeidenal d- sae 0 oto séculos que nas ceparam do amor cre’ logo Comprovaremos que a imensa malova desses poems, eras de teavo e romances ci 0 amor como tena. Usa fun- (pes de lecaura@ reprsentagio das pasbes;a preponde- ‘Fincia do tema smoroso em nossas obras ltersias osu {que o amor tem sido 0 wma cental des homens e mulheres {do Ocidene. Ouuo tema €0 do poder, desde a ambigio pole icf sede de bens materia ou de honsavas. No cuso des- tes oko sécules, teria mudado o arquetipo que nos legaram (05 poeta provengai A esposta a eisaperguntaexige mais de tm minuo de relexdo, As medanges foram tanias que € qusse impossvelenumerd-las, nfo menos cific seria tentar ‘me sndlise de ead tipo ou variant da pabelo amorosn. Da {aa dos provengais sté Anne Karenina mutes fram as mi- ‘Sanqae,comegaram com Dante e continuam a@ os dias de hoje. Cade poera © aa remanceta tem um Visho prépin dlo amor alguns até tm varias, eencarnadas em persona ‘gens diferentes. Talvez o mas rico em personagens se Sha- Keespeare: Joes, Oftia, Marco Antonio, Rosalinda, Orel % CCedaum dels €0amorem pessoa e€ iferente dos 008.0 mesmo podem dizer de lance ova gales de spebxons- Gee e spaixoondor, de wna aitocata como a éuquess de anges uma plebeiasaica de um bordel como Esther Geb- s2k_Os apaixonados de Balzac vim de todas a5 clases e dos ‘quato pontos cardeais. Ele areveu'se a mesmo «romper ‘uma conveneio espetada desde a época do ‘amer cords’ & ‘em sua obra aparece pela primeis vez 0 amor homessexal ‘a paictosublimada e cata do antigo presciso Vautin por Lacien de Rabempeé, “homme d femme" ca marquese de ‘San Rafael por Paquia Valdes, a "le avs yeux dor”. Diane ‘etal variedad, podemos concur que a haséria das erst ss curopélas ¢ amedcnnas & « hitva das metamonfoces 60 “Tho logo a enuncio, sinto que preciso rece © nuangar mink concusto: nenituma dessa mudangas alter, em sua ‘esstncia,oaequéipoclado no stew Xl, H& eras nas ou 112006 distintives do ‘amor corfs'— nao mais de cinco, ‘como veremos adiante — que esi presentes em todss 88 Iserles Ge amor de noses lreratur © que, além cso, tn sido & ase das diferentes ilase imagens que sempre tive ‘ioe sobre exee semtimento desde ¢Icade Média. Algumas Iddias¢ convenctes desspareceram, como ade ser casada & dame pertencer 8 nobrezs 6a de seem de sexo dito 0s aptixonsdos.O reso permanece, esse conjunto de condigtes ‘quallades anattces que dinguem o amor ds outs p= bes suseio/escolha iberdadarsubmnisszo, ieldade/ta- ‘80, slma/corpo. Assim, 0 verdaderamenteatsombroso & 2 ‘onciauidade de nossa ila do amer, nfo suas mudancas ¢ veriagBes, Francesca era umn vtina do amor a ranquese ‘de Mere uma sgoz, Fabricio det Dongo escapa das anna ‘has que auinam Rome, mas a paixto que os exata ou 0s devors 6a mesma. Todas sdo herds e heroinas do amor, * este sontimento esranho que € smulkaneamente uma ata (fatal eum lve escolba ‘Um dos tragos que definem a kterasra moderna etic cx; quero dizer, ao conttio do passado, noo canta os he rose reaa au asceaso e queda, coms também os anal, om Quioe do & Aqules @em seu leto de morte entra sea um amargo exame de consléncis; Rasignac io €ople- soso Enéias, to contro: sabe que €desapledado, co = sr {ependae, cinco, confess eo a prOpeo, Um intento poe: ‘a de Bquéelave se chara "examen de minut’, © cbjeo dda predllegto de todos esses exames ¢andlses €= puto amoross. A poesia, o romance eo teatro modernos sobres- ‘siem pelo ndmero, a profindiade ea sutleza de seus es ‘dos sobre 0 amore seu cotejo de cbsessbes,emocées ¢sen- ‘ng0es. Hokas desas arses — por exempio de Stendhal “Fora cissocabes; 0 surpeeendente,contido, € que em cada caso ease operagbes de cirugia mental termine em Feseuieiges, Nas pps fins de educa seuimenta, talves a obra mais parfeta de Flauber, o nerbie um ainigo (a vena fozem uin recur de S088 vids: “Um Sono camo amor, o outro com o pode, ¢o8 dois fracasaram, Por ue? A esse pergunta, 0 protagonist, Frere Moreau rs- onde: "Tlveraflhatenba resid na linha ret", Ou se: | pabsio€ inflexivel edesconhece tcomodagbes, Resposts reveledor, sobrno se repararmes que quet fla € un a= terego de Fauben. Mes Pédede-Flauben sa est deceacio- ‘nado com oninon aperar dese faces cootinua achando {gue foi amelhor cois que posi Ihe acontecer ea Gea que justficay a fulicade da vi, Frederic esta dezepclonado ‘consgo proprio; melhor dizendo, com 0 mundo em que t+ nb de vver. Fnuber no desvalriza o amor desereve sem iusdes a sociedade bunguesa, ese teido execrivel de com romissos, faquenas,perfdas, equenase grandes usigbes, Séedido egetsno, Nao fl engeahoso, mas vez quando ds: 8 se: Madame Bovary cst mot Emma Bevary fo, como ele prOpri fo uma viima do amor, mas de sus sociedade ede $a else; 0 que tenia sido dela ce nto evessevvico a Se- ida province rancesa? Dante condena 0 mundo a paitir do cfu: a eatura moderna o condena a parti da conscincia pessoal uleaja, ‘A cominvidede de nossa idéin do amr ainda expera so stra; 2 varedade de formas em que se manifesta, espera ‘uma enciclopéela, Mas hi outro método mus préximo de eogratia que da histésia edo repisro:desenhar oes entre o amor ¢ ab outas patebes como aquele que esbora o contarno de uma iha 20 arqulpélago, Isto € 0 que eu me propenho 2 fer no curso destas reflexes. Dei a6 histo: Fndor#imensatarefa, mul slém das minha orcas ede mi- nha capacidade, de naar a histria do amor e de suas met ‘morfoses; 20 sib, um cabalho igualmenteimenso: a classe ficagéo das variantesfsicase psicol6gieas dessa pale. Mika irencto & mito mais modest, ‘No comeco, procure delinar os dominios da sexual Ge, do erotsmo e do amor, Os tts sto modes, munestaches 6a vida, Os bidlogos ainda dlscutem sabre o que € ou pode ser vida, Par alguns € uma palavra vaia de significado; 0 ‘que chamamos vida nfo € nada senfo Um fendmeno qui ‘9, oresultido da unido de alguns dcios, Confesso que mune ‘came convenceram essassimplificagoes. Sea vide, por ‘exemple, comagou em nosso planeta pela sssocngBo de dois ‘ou suas feidos (equal fol 2 onigem desses dcidos e como pareceram na Tersa),& impossvel reduzic a evolugto da ‘matésa viva, desde os infusGrics af os mamtferos, a uma ‘mera reaglo quimica. Oceno & que owinso da sexualidade 0 amor se caracerza tanto por uma crescent complenida- ‘de como pels interven de um agente que leva o nome de ‘uma linda princess greg: Psiqué A seualdade € animal 6 erotismo éhumano, Bum fendmeno que se manifesta dentso de wna sociedad e que consi, essenclalmente, em desviar ‘5s mudaroimpula sexual reproduioretasformilo num represenacdo, O amor, por sia vez, também € ceriménia © fepresentagto, mas &alguma colsa mais: uma purifieagto, ‘como diziam os provengais, que transforma o wo € 0 0b- eto do enconto erica em pessoas Gnas. Oamor €a mets- fors final de semoalidade. Sua peda de fundagdo € a iberda- ero mistrio da pessoa [Nie if amor sem eredsmo como aio hi erctsmo sem exualidade, Mas a cade se rompe em sentido contri sinor som eroemo nfo gmat e erotsmo sem sexo &imper- vel eimpossivel. As vezes 6 aif disinguir entre amor € ‘roth por exemplo a paix vslentamente sensual que ‘una Paolo a ranoescs.Apesar dso, eto de que slressem jutos su pena, em pacer nem, sobreudo, querer se sepe- raf revela que o amor realmente os uni. Embora seu adult ‘ho fosse partcslarmente grave — Paolo era inmio de Gio ‘yanni Malaesa, 0 esposo de Francesca — 0 amor refiners ua luxtlg a prio, que os manuém unidos no inferno, se ‘no os selva, os enabrece male fel dstngsir ene 0 amor eos outros aftos me~ os impregnios de sexoaldace Costuma-se dizer que ams- ‘mos nos pita, ness relist, nosso patio, certs princ= plo e ideas, lao que em nenhum desses casosse ata do ‘que chammamos amor em tods eles ala elemento exetco, {Tatgio porum corpo. Amamos uma pessoa, no uma abs- teaglo,Tembem se ulza a palavia amor para design oafe- to que profesamos 2 nossosfamllaes: pals, flbo, ios © ‘utr parents, Ness relagto to aparece nenhum dos ele- tnentos da palxtosmorosa: 0 dascsbrimento da pessoa ams- Ga, geralmentedeeconhecida; a avacto iia espinal © ‘obstkealo que se interpde entre cs arantes 2 busca da rec= Drocidads,enfim,o ato de escolner uma pessoa entre tas a ss que nos rodelam. Amamos nostos pals eness0s fos por {que assim nos ordens a religto ov o costume, le nor ou {el do sangue,Alguém me pergunta. eo compleno de £2 oede Hira atrgio por nossos pais, nfo & eric? A per stunt merece espesta por pres 0 famoso complexo, qualquer que seja sua verdadeia pentntncia boligica e picolgie, cad mal perto da seus lidade que do eri. Os animaie nia conhecem ota do Incest, Segundo Freud, codo @ proceseolnconscente da se ‘ulidade, soba tcanis do superego, conse precitmente em desvar esse primeio apete sexual e, ansformado em Indlinagio erica, digo s um objeto dlainto © que subst- tua imagem do pal ou de mde, Sea tendtnca edipin nese transforma, aparece a neuresee, As vere, incest Seo ine ‘esto Se di sem 0 consentimento de um dos patiipantes,¢ slaro que existe estupro, violao, engano, qualquer coisa, ‘mas nfo amar. ciferene se hé avagto mua e live act: lo dessa atrclo; mas entioo aft familie desaparece: fi nfo existem nem pais nem flues, 6 smantes. Acrescento que incesto entre pais eflhosna0& frequent, A ta2to pro: vavelmente € dferenca de dades: €0 momenta da puber dade, pai ea mie jf envelhacerim deuraram de ser dese jlvels. Bre os animais nao exate a proibigho do incest, sas nleso periodo necesico para slancar plenasemiali- dade & mito breve. Incest horsano quace nunca & volun tiso, As duas has de Let embrisgaram seu pal dvas notes sequldas para se aprovetar de seu estado; e quanto a0 inces- to prterno, todos 0s das Lemos nos jonas histrlas de pas ‘queabusarn semulmence de seus fos. Nada Gc ter ela {fo com o que chamamos amor Para Feud ss paitbes sto jogos dereflexos; acedtamos samara X, seo corpo esua alma, sna realidade amamos @ Jmagem ¥ em X.Sexualismo fantasmagérico que converte ‘ado que toca em reflexo e imagem. Na lerztura ro apare- sa ‘0 inceso nize pase fhos como uma pabdo livements {eek Edipo ndo be que 6 fho de Jocusta. A excoqo S10 Sade e outoe poucos autres dessa fafa: seu tema noo mor, missin 0 ers © as perersbes. Por auto Iida, 0 hor ene imtos deversos uma dba espléndide de John Ford U's a pity sho tea whore — Pena que ela sea una (puta) pliginasmemrivels de Masi em seu rowance O ho- ‘mem ser qualidade, Nesses exemplos — hi outros — a Cega araglo, uma ver reoahecda,éaceia eescolhite. Bo ‘onteriojastamente do afeto familiar, no qual 0 elemento ‘oluntrio, a ops, nfo aparece. Ninguém escolhe seus [pals, seus filhoe © eos irmlos; todas eseolheros nossas ‘ano lia, rater, paternal e maternal nto sto amon so piadade no veto mas antigo e regioso dessa pala, Piedade vem de petas & 0 nome de uina vinade, nos diz 0 Diciondrio de autoridades, que "move «init a reverence, citar, seme honrara Deus, a nosos pais ea pis". ie fas 0 sentimento de devorio que se professava os deuses ‘em Ron, Piedade significa cnbbém misercorise, para os ‘slo, um aspeco da crdade.O rence eo ings cstio- [poem ene a dine cepgoes ttm dois vocibulas para ex. [Presblas pte ploy para peel e, paca 3 sequnda, iit {pity pledade ou amor 2 Deus bret, segundo os e6logcs, ‘do sentiment de orfandade 2 erator, filha de Deus se sete jogada aa mundo e procua seu Criador. ums experitncia + Teralmente fundamersal posse confunde com o proprio nos ‘mento, Muto se esrevea sobre iso: aqu me lio a es brar que consste no sen e saber que fomos expulsos do todo pre-natal elngades um mundo alo: ss via, Nes ee eeatido 0 mor a Deus, qoer dizer, 20 Pal © a0 Cid, & ‘mito parecido coma pledade fill observe que o aero ‘Que seni por nosss pas & invcluntrio, Como n0 caso ‘es sentimentos fis, segundo a boa defnigto de nosso » Diciondrie de autordlades amie 0 Ciador nko & amor; pie ace Tampouce 0 amera nosso cemelnanes 6 eer: & ca ce. Uma linda condessa bulzaquiansresuly tude leo, ‘com admivele concn imperintnca,auma cata a um ade indore pus faire e cous Pavoug une infin de choses ‘or charté, tut, excep Vamour Coss fazer, garantodbe, lima infinidade de coisas por caidade, tudo, exceto.o anor). ‘A cxpesitncis istics va além da pledade, Os poets isticos comparivam suas penas ¢ seus desfalecimentas com os do amos. laeram-na com tos de estremecedomn si ‘etidade ¢ com imagens apaixonadamente sensuis Por set lado, os poets erdcnsambém se servers de termes religo+ sos. Nosia poesia mlstca esd impregnads de erotsimo e noe 1 poess amoross de religosidade. Niso nos afasameos da ‘eadigto gecovomana e precertos mais com o¢ mula nos e hindus. Wieasveze se tentou explicar eset enigma fnidade entre mista e erotsme, mae nce ee cong, ‘a minha opinta, elueléar completamente es questo, Mais ainda, fago uma abservagto que avez pose ejay umn owed a eslarecerofendmeno.O ao em que culina & ex Petlnci etica,ooxgasme,¢ indzivel uma sensapto que passa ds exrena tensio 20 nals compleo abandon e 2a ‘oncentragtofixa so esquacimeato de s prdprio;revniao dos opostos, durante win segundo: a aflanagzo do ene soa dlssolugfo subida ea queds, oalem € aq, tempo eo ‘lowempo. A expec mistce 6 igsleants inate ins ‘antinea fasdo dos opening, tensio e a dstensto, aaa lo-e a negaplo, 0 estar fora de eo reuniese a5 po fo seio de ume carutezseconcliada E natal que 0s poetasmisios e os exéieos usem uma lingsagem parecda:ndo ha muitas manelas Ge zero ind ve: Coat, a ferengasla0s olhos: no stnoro objeto Sipeomome 10 uma cratra snosale ns mses um ser intemporal que, ‘romenteneamente encsrns nesta ou naquela form. Rome Chom junto a0 cadéver de Jlien; © mistico vE nas frida de ‘Chso os snas da reesureigto, Verso e anverso: 0 psixona- ido vee toca uma presenta o sco contempla una apar- ‘Glo. Ka vio mica o homer dlaioga com seu Crider, ou, {e€ budista, com ¢ Viculdede; sum e nouto e580, 0 ditiog® Scemtabula —se € que € posivel fer de lslogo — esse 0 fempo descontinue do hoiness € 0 tempo sem fssuras €& ‘ernie, ui presente que nunca muda, esce ov ceres- x sempre Heaticn ae propeia. © amor humano € ode dois Sete sues go eempo © a8 seus acientes: 2 mudangh, 28 faintes, a doenga, a more, Sibora mo nos salve do tempo, Senireiore pars que, num rlampago, aporeg sua natureza ‘Contacnena, est vivaeldade que sem parr se anula¢ re- fasce que, Sempre e 90 mesmo tempo, €agom e & DES. Por 880 todo amor, eli o ais ez, © tgico. Multas vezes comparou-se a amlzsde com 0 amor, em cers ocases come pads complemttares © em outs Is feqdentes, come opesas. Se omitmos o elemenro ca ak feo, eam Sbvis as senehangas ene amor © amiza- de. Ambos to sfetoe —escoidosIvemente, no impestos pellet ov pelo costume, e ambos Slo velagoesinterpessons. Somos amigos de ura pessoa, nfo de uma multieo; 9 nin- jgeém se pore cha, sem ato da elo, ‘amigo do géne- Fohumand. A esclha es exclusividade sto condigbes que a Sralade compara com o ames. Fodemos exer apaizon ‘dos por una peseos que nfo ness, masa amizade sem = tiprocidace &impossive, Outra dferenga: 2 amizace nfo ‘ace a pani da visto, como o amor, mas sm de um sent- ‘ent mais conplexo: finde nas ia, nos seatimen- {es ou nas inclinagdes. Ne cameco do amor hi surpresa, © Alescobrimento do outa pssoara quem sada nes ig excet> ‘uma indefnivel ene80fsese espiriual ess pessoa pode ser esuanget, vi de um ouxo mundo. & amizade rasce ca comunhto de ins, sentiments ou interests A septa & fo resuldo dessa aflcade; o usta rfioa @ uansfecrm @se pata em amizade, O amor nasce de una lchaca, aia Ge, do intercimbio fejientee prolongsdo, © amor & instan- neo, a amizide exge empa Para os ntgos @ anizade era superior 20 amor Segundo -iseles «smigace € "uma vinude ou vem acompantadg ‘e viede: além disso, €a coisa ais necessiria david". Pltareo, Cicero e eutos também exaltacam 9 amizae, Em curse ivilizagées nfo foi menor au prestigio. Eetze 0: frandes legados da China ao mundo ext ua poesia ela o Teina da amizadle peeponderaite, so lado do setinento da natureza e da solidio do sibio. Encontis, despedidas © ‘evocagbes clo amigo longinguo slo freqUentes na poesia chines, como neste poem de Wang Wel a se despecie de tum amigo as froneine do imps dere roa st fat: hrs nett ton Eisner a de Pepcanig tanec ‘Pasade el Paso Yang no hay “oye, amigo. tls cle ale po nrc see ot prt nde ait Sa See lcs epg ss frgencns ober Dusnstaapan somes dase Henan ae sestceertenyer {Fomor cam bits ee) Pe eee nerengaton cpu oP ong to ei aug gs Owe lo pam proprio seo smigo & homem de bem. Os dois = eis tpos de amlzade so ackentlse eto estnados a uree poven;o terceio€ perducivel e& um dos bens mais al- tos aque pode sept © homem. Digo homem no serio tere resto da palavra: Aristteles no se refee as mulhe- res. Sua classfenga0 & de orem moral eave ndo cores: onda totlmence a realidade: ums homem mau nio pode sr fmige de um homer bom? Pilades, modelo de amizade, ni0 ‘ace em ser cOmplce de seu amigo Orestes no assasinao desua mae Cliemnests, ede Bgiso, seu amante. “ho ser perguntada sore a aaio Ga amizae que oigava so poeta Etienne de te Bottle, responde Montaigne: "Porque lees ele « ex em ev". Eserescenta que em tudo isso “havin uma forgainexpligvele fatal, mediadora dessa unio". Un apaixonado no tern respondio de uta forma. Cont, € Impossivel confundiyo-amor-gom a amizade, € no mesmo ‘ensaio Montaigne se encacrega de dferenc-os: “Embora 0 mor naseataminém da eecolha, ocupa um hae sino 20 dia simizade. Seu Fogo, confsso, € mals alvo,agudo e vie ‘do; mas & urs fog temerfro wevel. um fogo feb", en- ‘quanta a “amizade €um aloe unforme e univers, emer dozens media. um calor constante e wangolo, ode dors- sme polimesto, sem asperezas.." Aamizade & una vitule ‘nsinentemente soci e mais uandoura que © amot Pain 08 ovens, diz Avistteles, mito Ficil er amigos, mas com 3 ree fclcace deles se cesenram: a amine & una af he prépria do amadurecimenta. Nao tenho certezs disso, ‘as arecto que amnizade esd menos sjeta que oamor is ‘mudangas inespernas, © amor se apresenia, que seme, como um rupture ou vilagto da ordem soca # um dessa 205 costumes As instulges da comunidede. uma pabsio (ue, 20 unir os amantes, os separa da sociedade. Ura sepi- blica de apaixonadis seria ingoverntvel; 0 ideal politico de 20 ‘uma Sociedade cvitzada — nunca realizado —seia uma e+ pblice de amiges. ‘Ser inedutvel a oposigto ene 0 amor ¢a amizade? NEO podemos sor amigos de nosis amants? A epinto de Mon- faigne —c nso seompanta os antgos — énaverdade negi- tha © easamento ne parece impréprio part «emizade além fle serum unio cbigtriae per toda a vide —embor te fhe sido excohidalverente — 0 castmento € 0 teatro de fanios eo diveensinteresvese paxdes que a amizade nto tem lugar al, Diseordo, De um lado, o castmento modemo ‘no inclssclvel nem tem elt aver com 0 cxsamento que Montaigne coaheca; mii, a anizade etre os esposce — fato que comprovamos dos os dias — & um dos ragos que redimem o vnculo matrimonial. A opinito negativa de Mon- ‘aigne ee exende, sem disso, 20 prSprio amor. Aca que se- rit muito desejivel que as amas e os proptis corpos dos hranies gozusem da unizo arisa; masa alma ds mulher ‘io Ihe parece “basta fore para suporar os lagas de umd to apertado e durtdowro" Assim, colncide com os antigos: © sexo ferminina €ineapaz de amizade, Embora essa opinito ova nos escandalaa, par rofutia devemos submetéla a Seepido exe. ‘Bverdade que nto hénahistea nem na lierwra maltos cexemplos de arlande entre mulheres. Nao & muito estanho: ‘durante séclose sules provavelmente desde 0 Neoitio, Segundo alguns anopSlogos, as mulheres sempve viveram nasomba © que ssbemos do que eslmente seatiam pen svar af esposas de Atenas as jovens de Jerusalém, as cam~ onesie do seeulo X01 ou as burguesas do séeulo X02 A me ‘lds que conhecemes umn pouco melhor um perfodohist- Co, aparesem etsoe de milheres notvels que fortm amigas Se'lsofes, poste e aise santa Paul, Viola Colons, Ms- ‘ame de Sevign’, George Sand, Virginia Wool, Hannah ‘rend etantas outta, Excegbes? Sim, mas a amizade 6, 104 como 0 sor, smpreexcepetonal. Dito ss, temas de acti {ar que em olas os casos por mim ctados flames de aiza- des ente homens e mulheres. A1é agors s amizade entre a8 mulheres @ muita mois ara que 2 anizadeente os homens ‘Nas elagbesfemininas sto frequentes 8 ing, aie, a8 fafocas, os climes @ as pequenas maldades. Tudo v0 3° deve, quaseseguttmente, lo. uma inexpacidadefnata das Imuiievese sim a sua stag Socal. Tavez sun progresiva Ibenagao mde eass stung, Assim sea, Aamizade requer cata, de modo que esd assocada evaltiagio ds mie ther. Evol # opine de Moarsigne: acho que nto = equ- ‘voc rtlmente 20 lg incompatives o=mor ea mizade. [to afeos, como ele cz, ogos disinrs. Bquvocouse isso Sin, no der que a mulher se nega & amizade. Tampouco @ ‘oposigo ene amor eamizade é absolut: ndo 36h mos tragos que ambos compart como o amor pode se tans formar ero ama, €, eu dra um de cous desenlces, como ‘vemos em alguns ensamenis. Per din omar ea asizade {Ho palndes arts, muito rams. Nao deveros confundias fem com os smotizos nen com 0 que o mundo cham cor Fentemence de atizades’ ou relacoes, Dssesnteriormente {que o smor&rigio, aresceno queaamizade €uma espos- (28 oxgtca, ‘Ven wer ragadoso$ lines, om tants or impreck 5 ente oar eof outros aferos, podemos dar a0ve pas- So edeverminar ees elementos consutves. Aqui me tev 4 chamé-los conaittivos pargue so os mesmos desde © principio: sobveviveram a ok séclos de hist. Ao mesmo fempo, as relagbes entre eles mudam sem para epreduzem) tows combinagoes, a manelra das partculas ds fisea mo- Senna, A esse continua inercimbio de Inluéncias se deve a ‘arlodade das formas da aixzo amerosa, Sa, dia, un con- junto de relagdes, como © imaginado por Roman Jakolson ws ‘no nivel mas bisico da lingusgem,o fondlogico, entesom © endo, exns combinagSes e permutasproduzem os sig cados. Nao € estranho, portanto, que muitos cenam sido tentades a decenhar ura combinaglo das paixes exis. B ‘uma empreitada na qual ninguém teve sucesso até agora, Pento que iso € impossiveh nfo se dave esquecer nunca iqueo amor &, como dia Dante um acidence de um ser ‘iano e que exe ser €imprevisvel. mais dil solar e deter- rinar 0 conjunto de elementos ou tragosdistintivos desse eto que chamamos de amer. Advizo gue nfo se ata nem ‘de wna definigio nem de um registro, mas sim de um reco- ‘hecmento, no primelro sentido desta palvia: exame cua dso de uma pessoa ov de um objeto para conheoer sua na ‘urease idntidade. Vou ago recorrer a algumas das obver. ‘ages fetes no trnecurto destas reflexes, mas unas & ‘ute ideas econjeciras reeaplasto erica ehipénse. “Ao tenar ordenar melhor minhas ieias, descobsi que, ‘embora certas modalidades tenham desaparecido e ouas smudedo, algunas resisiram & exosio dos sSculose 2s mita- ‘sees histreae, Podeinos reduzilas« cinco e compbem © [Que me atevo a chamir de elementos consiutvos ce nossa Iinagem do amoe A primeira nota earaceistica do amor €a exclsividade. Ness piglnas eu f me refer a ea visas ve es ¢ procure’ demonsuar que € linha que ngs fronteira entre © amor « teitério mais vaso do erecsmo, Eee dt smo € socal e aparece em todos os hagas e em todes as €p0- as, No hi sociedade sem rose prétca ertcas, desde os ‘mais indcuos até o8 mais eangrents. O exotmo & a dimen- 0 humana da sexualdade, aullo que a imaginagio acres Conta A neareza, Un exemple: copulagaa frente a frente, nt ‘qual os dois partcpaazas se olham nos ches, ¢ via inven- ‘Glo humana éngo praicada por nenhum des outros mann Fos. O amor & individual ou, mals exatamente, interpessal [qoeremos unicamente usa pessoa e pedimos& ela que nos 106 _qucen como tnesmioafto exclusive. Aexclsiidade equer eciprociiace,o acordo do outro, sua vontade. ASS, © Sor Gnio faz fonteea com outo dos elementos constt- ‘ora bead. Nove prova do que cbservel anecionmente ‘enltum dos eementes primordial tem vida autinoma; ca (ment seacfonado com cx outros, cada um os determina & {determinado por les. ‘Dervto deste mobilidadecada elemento é invasive, NO ‘eso do amor neo 6 una condi absolut: sem ea not “mor bas nfo somente com el: & necessrio que concot- fam, em mtior a8 menor eu, os ouTEs elements, O desjo Se cxciusivigede poce er mero aft de poste. Est oi pa ‘eis aniisad com tanta svtieza por Mareel ProsstO vere~ {eno tamor onsite precisnment ea tansformagio doapet- ede posse em entga, Por 90 pesereiprocidade e xsi. ttenstoma radialment aval rlagao entre dominio © e+ Vidio, © amor Unico € 0 fundamenso dos outros componen {ess todes nee epsom, amb € ele 0 exo todos alam seu redox Aexigeacia de exclsivdade € vin grande mist flor por que amamnos esta pessoa € no outa? Niaguém ja ‘nals pice esclrece eee eniga, «fo Ser com outos en nas, como o mio dos ancroginos em. O banguee O amor Unico € una das facets de oato grande mistrio—a pessoa oan, aire osmor leo ea promisculdade hi uma serie de gacagbes ¢ mates, Condo, a excusividade€ a exgéncia (beat esem ela nc bi amor Mas lnieldad no & © 20 fle cada dia dos cress Sim, es prova que Ton Hm, Gu ‘eli, Sakespenvee 0 propso Stendhal nto se enganara ‘Slamor€ una paid que todos ou quase ads yeneram mas {que poveos, mito poucos, vvem realmente. Amo, chro, {due hibso como em todas as demas cons hs grus © mati Ses A inosilade pode er consentida no, reqdente OF Seasonal. A primera, «consents, se paveads sb por wna 7 is paras, provoca na outs graves softimentas © penosas Fhumlhagdes: seu amor ten reciprocidade O infil & ine “sensivel ou cruel e em ambos os casos incapas de amar real- mente, Sea indelidade € poe mito ecorco praicads pe las duas pares — cosrume mais e mals feqUente — hd uta ‘queda na tensto passioal casal nto se sence empentago ‘em cumpriro quea paleo pede, £amoe Na vere @ cum plead execs, Mos cizem que nesses casos a paix se teagsfoma em amsizade amorosa, Montaigne ea provera 0 ato: amtzade & um afeco to exclusive ou mais que © mor A permissto para cometer infidelidades © um ace fu, zelhoy una vesignagto. O amor rigorasoe, como a l= bertinagem, embora em dvegio oposta, € um ascetisn. Sade vit com darwidéneia que o bento aspira insensbi- lidace por isso ¥@ © oute como um ebjeta 0 sptixonado roca fusto e por iso transforma 9 objeto em sul, ‘Quant @ infdetdade ocesional, também € uma fee, una Faquesa, Pode e ceve ser perdonds porque somes sre in perfetore tuco que fazemos eats mareado pelo extigna de nossa impeceigto original Ese amames duas pessoas 20 mesiyo tempo! Tiaa-se sempre de um confit passage; ‘om feqigncia se apresenta no momento de tsio de um arora culo, A escola, que &a prova do anor, esalve inva Stavelisene, s vezes com cueldade conta, Acredito que todos esses exemplos basta para mostar que. ame nic, bos pours vas seis iregninent, endo O segundo clemenio de natwers polémica: 9 obsticilo ea urnsgressio, No gatulamenye 0 amor tem $80 compa Fado com a guedta:envre os amoresfamoses da miologia ‘regs in em escindslosersios, esto os amores de Ves ‘ehlorte, Oeisloge entre ocbsticulo eo deseo se apresets ‘emiodos os amores eassume sempre a forma de wn combs- 108 te, Desde scams ds trovadores,encamagto ds dstincia — ‘optic, soca! ox spiel —, 0 amor tem sido continua ‘simulanenmente incerdigi e Iiago, impedimento. con Ttavengio, Todos 0s casas, dos poemas € romances, do tea- tio edo cinema, enfeneam exa ov squela probe, eodos, ‘om sorte desgual, amide tiga a viola. No passndo © bsticlo oi sbretado de ordem socal. O amr tasceu, no Scidere, nas cores feuds, suna sociedade acentusda- ‘mente hierrguea, A potencissubversva da paixio amoross fe revela no vor cots) que & tra dupa violgto do obd- fp feudal a darm deve ser easadaesesapaixonado, 0 0¥0- ‘or, ce una eategori infix. No nal do século XV, ta rn Espanha como nas capanis dos vice-enados do MExico ‘do Peru, aparece un curso costume erica que éa sine { contopatida do ‘amor conée, chamada de galentios de paléelo! Ao #eeatabelecer a cere em Madi, os falas da fobyem envawam sus ios para serem damasda tna. AS Jvens vviam ne palicio real e paricipavam cos Festeos © Ceriménias oficial. Assim se davam selagdeserdteas entre sss eas ovens e of corestos, Nas em gera eles eam ‘rss, ¢ desea forma os leaes exam legitimos e temporss. Para as ams jovens os yalanteos de poco’ exam um ipo de nliagig arrose, mo muito longe da ‘comes do amor medieval ‘Com 0 passat do tempo as probigbes deriva da cate gotla socal e dns rvaligades de ets foram se atenvand, fas nfo desiparecersin complesanenc. & impensivel, pot fexemplo, que inimizade ente cuss fama, como a dos Ca- pulefoe dos Montéqui, poss imped, numa cidade mode fa, os amores de doisovens. Mas ago hi outras prbioes ‘pio mencs igs e ewes, além cso, mus das aig se forateceram.A ineregao fundada na raga continua vgente, SIRE Gan age meme tet on bs 3 see a egies noe costs ena meld pope Inn O muro Ceo deseo que rm mata de regex ‘Sean ene pessoas Gergen, opines mas ck em Nor Yor, lode cx Pari 08a ole tes qe as de Venera no stl XV. Ao do a bai co Sgr, hi o obaclo socal e econo. Bnbor hoje disc ene acs poorn Sugurses roles ne hoa fom gn cosets vio eva dos Tou conto ds plese, or tis fondadorra se foci eso dns cetermnam ainda as reagbes sexsi Bistinci ene s reside a legiago: ess dfecenas tao fguram nox cigs mas snes costes, Aico Ge, pa ofl romances nem os ies 5 fea eh de amor com banc sos por meso Eee ov gn ‘uns pti que sings no despre comet mane alae paies homoeree, sy scl ‘at emits Ett Case deaf conde pels {es dunnts ull tanpo fei chan depend nea {bj nose soir — flo dae grandes eaces — {fo bee ane elemtes que lg non connd, om tema nda prise em noe mein, Nose pace exer Chet apesasim seo caso a desing de Osc Wide Sas ness geriment se eagivs dest ema: € mo Denanio Ou oars toss sbemos, por exemple ave Aibenine bene ess ata oe lr flere edad apares Cie eve mks comgem a pbbist Coo dom 9 romance de EM. oer, are, por vote do - tor aparece so depcs des one, Aigins poets moder fos fram as eid eee eles Se detaca mes tho als Com. prec eirsobre pos, omnéo rags en que Ces pba sve poems pa pdt Syrechr ears. a0 Io patsado as proibiges mais rgorosas ¢vemidas exam a5 dss Igrens. Alnds & atin, embora nas socedades mode as, predominantemente seculaes eam menos ouvida. AS Tgreas perien grande pane ce seu poder temporal. A g- ‘incl er sia relive: oseculo 0k apereigoos os one Aipisos a0 converésios em paxbes ideolGgices. Os Exalos texailos nto 56 substuttam a5 Inquisigges ecesstiss, ‘como seus tribunals foram mals impiedosese coruss. Ua ‘des conquistas da modecnidade democritica fia e subir so controle do Estado avi privads vista como um dominio sagrado ds Bessoas; os teliros derem um passo aris ese aazeveram a legisla sobve © amor. O5nazistas posi aos lentes 25 eelagoes sexuals com quem go fase sans. ‘Alem disso, concebersm peojetoseugenistios destiades 8 Aapeifeigen e pusicar a "ace alemt, como ce watesse de co ‘lor ace exchawas. Por srt oven femipo de ernie aro seme (03 comnists nto Foun menos insoleranes; sua obses sto ndo fo a pureza racial, masa Mdeoldgia. Anda temos via na memes pbliaalembranga das bumihagbese bai eras que deviam suportar os eidados desiss ages para ‘asa com pessoas do mundo ive. Um des grandes roan cers de amor de noss época, Dour ago, de Bods Pases- rok, relate x hisévin ce dois amantes separados pelo Sdio Gas facgbesweolegicas durae a guena ev que sucedeu 4 tomeda de poder pelos bolcheviques. a poltics ema gand= Inimig do amor Mas os amantes sempre encontrar Us modo de escapar das tenazes da ideologa. So instatesci- minutos e imensos, rem um abr efechar de olhos esto langos como um século. Os poeta provengase os roman 105 do século XIX, se civessemn podo le as goes ce Fas- ternal iss quss ele escreveo elisa dos anaes, pesoe ‘um exbera da espe, enquanto os homens se matam pat absungbes, trian aprovade com um sonso. O poeta nso m Compara essa cai @ essa fase entrcortadas com 08 llogos sobre o amor dos anigosflésofes. No exagerou: ‘ara 0s amantes 0 corpo peas alma seta, &palpdvel. Oobsticulo e ransgressio esto latimamentesisocis- ds a outro elemento também duplo: 0 dominio e submis- io. Na su origem, como eu se, 0 arquéipo da ro ‘smnorosa fois rlao seshata os vieculo que uniam 0 vas- slo 2 Senior foram o modelo do “ames conte, Conde, & eansposigao das relagbes reais de dominagio A esfera do amor— naa prviepida do isaginrio — fo agua cols mais do que uma usd ou uma epredusdo, Ovasslo e ‘ava ligide 20 senhor por uma abrigagto que comezava com © pibpeia nascientoe de qual a homenagers de sbmizeS0 ers 2 manifesago simbolia, a relagto de soberania e de- pencléncia era reciproce e natural; quero deer, no era © ob- |et0-de um convénioexplcro e no qual interes a vonta- Se, mas sim a conseqUéncla de uma dupleFaalidade: 2 do nascent # dll de agar onde se nascs. Em con "ida, a selagto amorosa se funda nvm eg: 0 eBdigo de comtesia, Ao copia a ep ene o senor e seu vasslo, © psstonado transforms a facade do exngue 0209 ols ve escola: 0 apaixonado escolhe volunariamente, su se- hoe €, 30 esol, ecolheambém sv servo, O eb 0 do amor eonés conten, além disso, outa wansgressio da ‘eral senhoria —a dan de ale inhagem esquece, volun tavamene sus cregei e cede sua soberanl. ‘© amor tem sco € grande subversio do Ocidente como no erotsmo, 0 agente da wansformagio & a imagion- 0. Mas, no caso do mer, x mudanga sedi em relago con (oii: nfo nega 0 otro nema redzs combra, mss 8 neg ‘lo de prSprin sberanin, Essa aatonegagio fem una contr Datidas a aceeaga0 do outa. Ao consi do que scontece fo dasinio da lseninagem, a rages perncnecens © ov tro, outa noo inn sonia, mas ura realidad earl tiptval Posso tosk-n mas inbém falar com el. E posso ‘ula —e male Seber suas pelavas. Qua vex wansubs- ‘agio. 0 corpo se toma voz, sentido; a alma & corpora “Todo amor € ears © afl constante de todes 05 spaxonados eo vena dos nossos gianies posts e rtancsas tm sido sempre o mes Iho busea clo reconlecimenca da pesson querda, Reco- eclmento no sete de confessr, como diz lcionslo, ‘Jependénci, subordinagio ou vassalagem em que se exth tniclagio 20 outo, O paradoxo reside em que esse ¥eco- ‘Shecimento # volunsiie, um ato live, Recoahecimento, fambem, no sentido de eonfesser que estamos lane de um Shisenlapalpsvel e carnal: uma pessoa. O reconhecimeat9 fupita a reeiprocklade, mes € independeate dela, wna posts que nitguém rem ceteza de ganar por ser depen- Gene da liberdade do ous. A exiger da ego de vassals jgeméa obrgnsso nail e veeproes do senor edo Feudo- {vo, a do amor € 4 busen de uma seiprocdadelimemente ‘Sutorgada. © puradoro do amor neo reside no miso 6a pessoa que, sem aun saber exatamente a 280, se seme Fvenelvelmente araida por outa pessoa, excluindo as de- mais, O paradioxo én servidto também se apois em oUt itesoratninsformagzo do objeto erica em pessoa 0.cO0~ vere inevstamente em sujet dono de live ariel. O ob- jo que deseo se toms sujsto que me descja ou me see Recto da soberonia pessole acetiso volun da se wha enaaha wna verdadeva mudanga de nates: pela Donte do meio ces o objeto se uansforna em sjeto de- Enoso eo sjeto em abjeo desea, Oamo € representado fe foam de ui nd; @ preciso acrestentar que esse 6 € fet ‘de cas liberdaesenlagacs, 13 Dominio e servidio, assim como obstculoetransgres- ‘20, mals que elements por s proprio, na verdade s20 va ‘anes de wna contracigto mais vasa que os engloba: tal ade liberdade. O amor € ego involunéria em reagd0 2 uma pessoa e voluntvlaacetegto dessa atragto, A forma sais anzign em que se apresenta essa conradigho esti na renga nas popbes e fekigas mgicos. Em todos os povos sparecem contoselendas que tm como tea esas aga No Ociderte o melhorexemplo € hist de Tito sol a, um asquipo que ser vepetido gem exasto pela ane € 2 poesia. Pasa essa tad © amor € um fio en atagto ‘que leva os amanies ase unite & «conseqdancla de urs en ‘eutamento, O amr € um ago mpi que iterlmence eat Yaa vontale e 0 liwearbiro dos apaxonados. O Rerase reno eo Berroco subssviram flo medieval por uma teoria das palsbes e des almas. A metfor do inv 00 sae Bolo prediero dos poeras dessa 6pocs. ‘Ge omintioos eer modemos sbsitulrrn oneopztonls- so senascentitn por expleagbespsioldgise fsolgices, tals como a erisaasto, a sublimagio e ouras semelianes Todas es, por mas diversas que sejam, concebem o amar ‘como sing fatal, Mas ets fatalidade, sejam suas vias Celiato © Melinéa ou Hans Castoep e Cauda, foi lwemente sesumid em todos os extos. Acreseazo: eardentement= in voeads ¢deseada. A fatlidace se mantfesa s6 com e por reio da complicdade de nossa iberdade. © elo ene liber ade edesino — 0 grande misério da tng gega ¢ dos autos sacraments hsplnices — €0 exxo em tomo do qual ‘ium todos os apalsonados da hstrs. Ao nes spatxonar- thos, excolnemos nossa faltade, Sef o amor « Deve ou @ mera Tseda, onmer um mice no qual iberdade- pre- Gesinagie se eslagam. Maso parsdoeo da liberdade vee 1 ambém ao subsolo pstquieo: as vogeagbes venencss dis Infidelidades, usigdes, os abandonos, os exqecimentos, ‘or clomes. O mista da iberdade amorosa e ava flea aker- Sadamnentetadiante e fnebre tem sido 0 tema ceateal de ‘oss poets eats. Tambéen de nossa vidas, real © inmagindna, 2 vivid ea sonhada, gins ot cisinva de nos ia do amor consi, coin fo cavo a ute un nda! de dls cone Sean capac astra Nos do, dene Pato, cra is cinetepeens 0 cop Dane dl desde soso coro amar enbrecro Corpo oem oo ea 5 Ine Neu epoca nee ana crore a= ‘Sino mum coro ds fangs comport assi minow no Serprepocenos sort de pee, pl ern doe {inntedetlont gem. nto ceana onsen Sse vlarels lr do onda noao de pston em no evel, por ago elo sie que 0 Spitelpl responsive pels deseres piece do silo Sediments gr Ge naa capt una cone wisn ccna, secs, ete snopes sn pe Stns maar saer Sena cea ua iat ‘Smepnvel dun copo moral nf odes nas Stor ice nem ua congas anfornagio ob ‘2 desende cm sjeso dessa. En resuno, omar exe Seto preva ong de patos ees etna a ‘earn oo. , plein poten € Ge oigm ssc e design en octane dtr ental O qu eae pods a= TemtUgueczqute qu nine o pesonagen Oeste ‘Janos ana ov enna: A pets fm ter compost d= ‘Torin cum cop, ag spares oave Be prox doamor gle ome porn, Seen gio amas M5

You might also like