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Lawrence lesinan @ O DILEMA DA PSICOLOGIA re lclogla + Flosofie 150.1 O LABORATORIO E O MUNDO ‘Tales soja uma boa idéia iniciarmes discutindo a hipStesese- gundo ¢ gual tudo 0 que existe de importante na ciéncia pode ser {escoberio em laboratrio, comando como exemplo as armmadilhas 108 perigos dese estudar © comportamento, isso para nfo falar da fonsienea, nesse mesmo laboraorio. “Grande parte da pesquisa no campo da picologia, ft relizada ‘como rato branco, Vamos deixar para um capitulo posterior os mo= tivos dessefato, Bem como a discus da valde? de se procurarge- hetalizr a parte dos ratos,transpondo & generalizaco as pessoas. Simplesmenteobservemos determinada experincia com 0 estudo dos rats, de acordo com os procedimentos tradicionais da psicoogta, ‘Os ratos sempre estveram presentes nos laboratéios, por se- rem os pscblogos observadores treinadose ntressados. vida se- ual deses animals rpidamenteataino olhar desss profissionais. Para surpresa ped, esta mostrou-s bastante atipica ere os mam feos: éessencialmente ninterrupta e ndo obedece a nenhum padréo clolio;¢ sempre nici pelo macho e, geralmente a femea mosra-se Indiferente ou resistente — e, por seem bastante antropomdrficos ‘quanto 8 essa questio, ela parece estar sempre entediada, "Tal fendmeno fot reptidamente observado e muitos trabalhos «esse respeito ja foram publicados. Endo surgiram 0s e6logos, que estudam os pads6es de com= portamento dos animais em condigdes naturals. Relataram que, nO 4 contexto do habitat natural, ¢comportamento sexual dos ratos era sito diferente. Obedcia a padres ciclicoseainicaiva sempre cabla Afémea, Ela adorava o procedimento de aprosimar-se a uma distin tia de uns quinze ou vinte centimetros do macho.” ‘As raz0es para as diferencas ene © comportamento em labo- rat6rio e num ambiente natural rapidamenteficaram evidentes. Na {tiola de um lborat ro, eraimpossvel para afemea afaise-se mais {de quinze ou vinte centimesros do macho, pois 0 espago era pes ‘nos demais! Do ponto de vista do macho, a fémea "dava om cima” dele constantementee, repetindo nosso ponta de Vslaantropomér- co, para o rato ea era uma ninfomaniaca! O comportamiento no Jaboratdrio era ntidamenteitelevante se comparado a0 comport tient fora dele. 1 que a maior parte de nosso trabalho experimen tal se dd em laboratérios, so levantaalgumas quests muito se ‘Segundo o bidlogo Sir Peter Medawar, hi entre aqueles que se imeressam pela cidncia 0 sentimento de que, ha experimentagio, existe algo essencialmente meritério. Semelhaniealitude tev inicio com Francis Bacon e, desde entao, vem sendo ampliada pradusimente, ‘Observar nossos dados em um estado natural era e €encarado, 26° ramen, como algo desprovido de clentficidade, Foi esse o motivo ‘que levou um eminente neurofisologo a diver o sepunte, em slagho 8 ctologe: Mas isto consist apenas em observar passavinhos, 80 & mesmo? Existem ligdes elagdentes que terdo de ser observadas com mais detalhes. Peto menos uma boa parte do tempo nosso laboratorios presentam stuapdesaltamente artificiis que cstorcem seriamente ‘© comportamento e, consequentemtente, a nossa interpretagao dos ‘eres humanos ou de quaisquer outeas espécies que estamos este dando. Além disso, teremos de questionar se os objetos de norsas fexperidncas sto edequados @ nossa meta, Marx Wertheimer, 0 ative esibio psiclogo alemio que ini- sou a revolueto da Gestalt em nosso campo e fo professor de Kurt Koffke e de Wolfgang Kohler, emigrou para os Estados Unidos em lum momento bastante tardio de sua vida profissional. Estando nes- sepa hd algum tempo, perguntaram-he o que mais impressions ‘all. Ele respondeu que era a natureza da populagdo, to variada « composta por espévies to diferentes de pessoas. Wertheimer acres- entou que, apés tr lido tantas revistas amerieanas de pecologis, Alurante varios anos, achava que a populaedo norte americana foss¢ ‘consituida exclusivameate de ratos brancos e estudantes univers Enguanto nés, picdlogos, damos uma rsada amarelae descon- solada,ereconiecmos, um tate envergoshades, a pertingnsia dessa 2 ‘observagdo, muites perguntas nos orem. O que estamos fazendo {20 que fizcmos em nossosIaborateros de picologia? Que espésie {Se validez encerram ngssosdados? Que tipo de importncia eles apre- 'A citncia dos séculos XVIII XIX realizo grandes esgnitica- tivos avangos na compreensto do comportamento de coisas que = diam ser vista etocadas. Eram coisas dsponiveis a0 “aoesso publ co", Todos os humainos que olavarm para elas podlam observa «se ofhassem com atencio, observariam as mesmas coisas as mes- ‘as ocorréncias. No estgio em que se enconirava a eiéneia naque Tes séculos, e a0 estudar esse tipo de cosas algo extremamente im- portante podi ser dexcoberto em um laboratori. DDevida a esses dois fatores — 0 tipo de cosas que a citnca (na verdade, a isca estudava eo estgio em que essa cléncia se encon- tava eos poucosfirmou-se conecita de que tudo-o que howe sede importante na eidnca poderia ser descobertoevalidado em um Iaboratero, caso o pesguisador fost suficientemente engeahoso & cuidadoso. A medida quea psicologia foi se deseavalvenda eos pi- ‘élogos teatavam Se Li “cietificas” quanto 0s fiseos, cujo su- ‘cass ers notavel, esse pressupostofirmolse como um axioma nes- fa dreae geralmente nfo era verbalizada, Admitiamos que o tabs Tho emt laboratdrio éa maneira de aprender, no que serfere& cons- citncia e ao comportamento humana. (Contudo, por mais formal- ‘mente que algutin defina a psicaloga, se ndo estivermos tentando aprender em relagdo& consiénca, a0 comportamento, ou 8ambos, ‘io estaremos trabalhando com & psiologi.) Hi muito vém sendo suscitadas intertogacdes a respeito dessa questo, porém prestamos muito pouca atengdo a elas. As pergun- {as provém, o que € muito eloqiente, daquelas areas da psiquiatria da psicologia clinica cujos praticantesacreditam claramente que Se pode aprender mais sobre & consciéncia¢ o comporiamento das pessoas em um consultéro do que em um laboratéro. Entretant, ho se trata de um desafio real, pois © consultério € simplesmente ue forma de borat, com muta das messages n- Dostas aor expagos mais tradicional de pesquisa, O verdadeira de- Saflo teve origem em nossas prépriasfileitas, por parte de pico 10s dadicados & pesquisa, todos concsitundos e com boa fermacto, ‘que fizeram a perturbadora indagacdo: Podemos aprender algo que ‘alhaa pena em relacdo i consiéncia e ao comportamento humano ‘em vm laboratorio?= "Egon Brunswik, por exemplo, insist, desde a década de 30, em aque o comportamento ¢ 0 sentimento do individuo no podem ser imerpretados ou compreendidos, a menos que ssibamos deserever “8 ‘como a pessoa pereehe ¢reage ao ambiente no qual eles ocorrem ‘A “valde ecologiea", através da qual eada experinciaecada ob- Sservacdo doveriam sr julgadas, fl ignorada. Isso quer dizer que os ‘sicblogos deve ver seus laboratdrios como ambientes ea eles pro- ‘Bios como enidades importantes neses ambiente. No entante, como (08 sios e 0 quimicos nao preisam sever dessa manera, 08 psiod- Jogos mostrarams extremamente felutantes em agit assim. ‘Em 1947, Gardner Murphy enfatizou que o comportamento se ‘manifesta nas interagdes humanase, portanto, jamais poder ser de- Auda de desempenhos soadon, rclativo & percepeo, a0 aprendi- ado, ete, ou da tipica situaglo presente em um Laboratorio de psiologia. Roger Barker hd muito insstiu naguilo que ele denomina “Ce nrios do Comportamenta” como um dos clementosprimordiais 20 se projetar uma experiencia, O signifeado do individuo € parte es- Sentlal da definigao desse condo. (© filisofo e educador americano John Dewey colocou 8 ques: to da seguinte maneira, em 1899: “A grande vantage do aboratériopsicotsico ¢comsabalanda por certs defeitosdbvios. © controle completo das conde, ula Co Sequeaca¢a malar preside das decrminaces, exige um lamento una excusso dos ton habits de pensamento ede ao qe eva ‘carta dstanciamentoe condurfacimentea sete arificalidade."> Essa adverténca, feta por ocasito do discurso presidencal de Dewey perante a Assoeiagdo Americana de Psicologia, em 1899, foi subestimada absfada. Por mais clara que ela fosse, Dewey not: nha‘a menor idéia das proporcées em que ela se aplicria daa um ‘tla, Quando a esreveu, havia no mundo apenas mela dizia ou puso mais de laboratérios¢ a tendéncia de encaminhar para cles todos of estudos no campo da psicologia mal se inciavs. Conforme nian Dewey: “Quando orestade do equipment do iaboratérie nos informa, por exemplo, uea repetisio€oplnlpal for que indent areca So (@ memdra), devemos ter em mete que semethanerestlado € Sido de um material que ao fr Seti, Ino, pr lo da each So das sonigges em que ocere a memeria habitual." Fis ai um excelente exemplo da fetuidade da maioria dos est: dos realizados em laboratio, E verdade que tis experiéncias de- rmonsrain que a repetigfo € o principal fator que afeta aquilo que poses recordar. alge que ndo deixa de serum fato, nos feces “ S05 extéreis dos laboratérios, com slabas desprovidas de sentido ou palavras emparelhadas na total auséncia de padrdes. No entanto, ‘quando passamos para a vida rel, a questo ¢intelramente divers. ‘Quantasvelhas Raskolnikov teria de matar, antes de poder lembrar- = disso por toda a vida? Quantas vezes Keats feve de lero Homer de Chapman, ants dea letura provocat nel una impressio indele- vel? E, para cada um de nbs, com que freqiéncia nossos pais t@m de morrer ou uma rianga naicer, para que nos recordemos disso 0 resto denossasexsténcas? A maior parte das expericias em labo trio tém tanta rlagao com as ocorréncias da vida real dos sees hhumanos quanto o comportamento do rato branco a gaiol do le boratério ¢ em seu habitat natural ( psiquiatra Erich Fromm expésa questio da seguimte maneita: “A pricloga comportamental pode ser uma inca, mas nfo uma sienin do omem, aneruma eign do home allenado, cond Aa por meio de métodosaenados, por pesaisadoes sind Ela pode ters cupacidase de ihiminarcertorapoctos da atures hin a, mas no toca nagule que ile especficamente human, 3 Delo dos sees humanos, Quando realizamos experincias de laboratérlo com seres - ‘manos, esquecemo-nos com Feqlencla que eles podem estar passendo por experiénias muitissimo diferentes do que aceditamos ov que rosso procedimento planejou para eles. 0 Mlsofo Allred North Whi tehead desire “0 fata de os homens manifearen extrema coordenagio ao realizar uma acd comm e pemanecerem a uma conseravl densa ss fos outros, ao se ata dea expereacia mental, €o mals verdad ro dos lugares comuns. A dsolueso de sociedad nos nepScion, 0 fasamente ena pllica mote, com excesva clare, que pesos Poder siver os meses aconecmenos, engajrse an mesos fare [ls fatr mesma lingua ends asi, su tcndeao permanecet compe." Seria fil mutpica exemplos como esse. O que esto afirman- do em geral é que olaboratério de psicologia € uma situagdo azifi- cial, muito afasiads da “vida real". Quando um paciente entra em tum laboratGrio de psicologa, ele se fasta de sua eultura evodas as regrase convengdes normais so temporariamente descartada esube= Uiuidss por uma dniea regra: "Faga aquilo que 0 responsivel pela ‘experiencia diser, por mais absurdoe desprovid de elica que sa ‘Um conjunto de expriéncias amplamente divulgadas ¢que lus. ‘ram minhas interpretapbes, foram os estudes ealizados por Milt. 4s [eles mostrava-se a um paciente outro “paciente”, que se encom trava em outra sala, amarrado em uma cadeir, com eletrodos liga dos a ele. Foi dito a0 primeigo paciente que 0 outro pacientehavia Sse apresentado como voluntério para uma expertneiaassociada 20 prendizada” (ele ndo sabia, mas ratava-se de outro experimenta- dor, os eletrodos cram falsose etavam deslgados). Este timo ti tha de aprender a reagir corretamente a palavras-chavese, aps e&- ‘de resposta lncorrcta, 0 pacientedeveria aplicar-he umn chogue cle- trigo, A medida que iam sendo dadas mais resposasincorretas, 0s ‘hoques aumentavam gradualmente de intensidade, através de um Aispostvo que marcava a voltagem "A expergnca no era na realidad, uma “expeiénsa de apren- dizado™ mas um estudo para verifcar como os pacientes teagiam ‘quando revebessem a ordem de aplicar um choque doloroso em ou- fa pestoa. Quando forse atingida a marca dos 75 volts, 0 suposto Daclente gemeria baixinho, As reagdes se modificavam ¢,na marea {40s 150 volts, ee gritaria:Tirem-me daguit Nio quero mais parti- ‘iar desta experiencia, Recuso-me a prossguir”. Ao atingi 350 volts tle beraria com violéncia e permaneceria em siléncio na marca dos 5330 volts, O nivel maximo seria de 450 volts Solistou-se a um grupo de 39 psiquiatras que vissem até que ‘ponto da excala chegariam voluntaris do corpo discente da Univer: ‘dade de Yale. Houve um consenso quasegeral: apenas quatro por ‘ento chegariam aos 300 volts e apenas uma fraeio patologica, me: hnos que I em 1000, chegaria aos 450 volts. [Na eaidade, mals de sessenta por conto dos estudantes de Yale alcangaram esta marca, Na Ilia, na Africa do Sul ena Australia | porcentagem foi um pouco mais alta. Em Munique a marca foi {4285 por ceno. [Embora houvesse muitos embaese discusses paras saber quan- to as pessonssubmtidas experineia era “doentes”e, possive! mente, oda a raga humane, e para avaliar as terivesimplcagdes disso para o futuro de nossa cvilizagio, uma vaiavel de grande im- portitiela foi ignorada ness estudo 0s resultados foram grande- mente determinados por ea, Eo fato de os partiipantes da expe- fncia trem sido afastados de seus amlentes normals anes do int- lo da investigapao epostos em um ambiente muito especial, que ti- tha regras diferentes. As novas regras eram: “Esqueca seus padres fticos esas crengas, Esquea sts aspiragBese ses objetivo de lon- ‘0 prazo, Aqui exisie uma Unica lei e uma unica moral: Obedeca & ‘quem est conduzindo a experizncia’ Ao concordat em serem objeto ‘dv experincia, os voluntarios concordaram também com esas es, ‘enquanto esivessem no laboratrio, Sea experincla Tose initulads 6 ‘sComportamento em stuapses extremas” (conforme o farnoso es tito sobre os campos de concentrasao, de atria de Bruno Betel- heim) e eas interpretagdes deeorressem do titulo, ninguém teria con testado seus dados. ‘A verdade disso € demonstrada por outras experiéncas, onde 40s voluntéros era peemitida uma escolha mais livre. Quando hes foi dito que poderiam escolher a voleagem dos “choques”” adminis: trades, independentemente do nimero de erros comets pees" lentes” amarrados, eles escolhiam a vollagem mais baixa. A média fra de 38 volts, muito abaito da nivel da primeira reasao (eemidos fem vor baixa), quando foram atingidos 75 vols. A seqi2ncia dos ‘studos demonstrou que, por mais que os pacientes se frustassem « fossem levados a um estado de irrtaedo, eles mantinhamn 0 nivel baixo endo o aumentavam. Tai esudos apontam para um inter- pretagdo bastante divesa dos esudos de Milgrim, Mostram que se trata de um estado dos limites do eeito causado ao individu, quando tle se encoira em uma stuagdo de laborari, Est ite 0 muito mais amplos do que nds habiwualmente aceitamos, Eniretanto, até que estudos mais aprofundados fossem realiza ‘dos demonstrassam & falc basi das expeiéncis de Milrim, ‘xtavaclaro que olaboratoro tinha demonstrado que o eau de hos tilidadee de sadismo em uma populago universtria era multo ms alto do que se esperava, acaretando maus pressigios para o Futuro 4e nossa espe. Foi uma conclusto intciramente falsa,sragas t0 ariticiaismo do ambiente do laboratério endo & natureza dos par. Seipantes das experiéncias, (© psiedlogo David Bannister afirma 0 seguinte: ara comportarme nos coma centistasprsiamos const tuagBes nas quais mosses pacientes. posta we comport, oma ose, como pequenos ees humanose auido asin, podemos ot Derm fazer afrmagoessobve a atures da humaniade dees” EExistem rarisimas situagdes em que os seres humanos se per- smitem fazer, com pouca reserva, aquilo que Ihes for ordenado. Mas {isso que determinamos em um experimento. O psicdlogo Charles Tart assinaou que a tradi predominante na pesquisa da psicoo sia ¢ 0 “Paradigma Colonial: sujeitos passivos 80 manipulados Por alguém que realize a experiencia, de modo a se chegar dete. mminados resultados, ‘Quando nos encontramos em uma stuago em que devemos obe- deceraalguém e seguir as egras — por exemlo, no exéreto, numa pristo ou em algo semethante —, abtualments temios a conseign- a «in de que estamos n0s comportando de mancia aipica e, se esti- ‘éssemos livtes, nos comportariamos de modo bastante diverso. O Inaisetranho € que, embora o voluntrio possa estar consent dese fato em uma experizncia psicoldgia, &raro 0 realizador da expe- riénca ter conseiencia semelhante! lfc ndo subestimaro arificialismo e a estrciteza da situa .o de laboratério, Nee se “esquece", por exemplo, que um dos fe- {os mais importanies relacionados aos seres humnanos € que cles po- km se comprecnder uns aos outros ecooperar mutuamente. Qual- ‘guer experiencia que lide com 0 indviduo em um estado de sole mento, a exemplo do que fer a maior parte dela, ¢ excessivamente canta, deformadboraeireevante, para que possaapresentarvali- ‘dade, E como se tentissemos compreender us leis da economia estu- ‘dando a stuaco evondmice de uma pessoa que vive sozinha em uma ia Kari Popper, fgsofo da ednca,colocou nas sepuitespalaras: ‘Robinson Crusoe e sua economia individu, lads, jamals posers serum modelo til para qualquer economia cjos problemas surge preamente de ua iteragdoecondmia de indvidveseerupos.™* E, no entanto, temamos freqUentemente construir modelos de ‘comportamento huimano a partir das reagbes de individuos isolados fem um laboratrio. ‘Quando modificamos a sitwagio social de um individu, muda mos seu comportamento. Quando colocamos em uma situacdo com pletamentearifiial, obtemos um comportamentotiodistanciado de Seu comportamento normal quanto 0 comportamento seal do rato ‘que, encerradoemuma gaiola delaboraério acha-sedistantedaguilo ‘que ele € em seu habitat natural. Uma boa analog para 0s estudos ‘de individvos em laboratrios a do cientista de Marte, queéfascina ‘dopor nossosavibese quer saber como eles uncionam, Levaum dees para casa e encerrao em seu laboratéro, embaixo da gua. Li, com sande cuidado, dlgéncia e atengdo as regras da ciéncia le examina a aeronave. Descobce quem partes mévelsmantidas mas as Ou por poreaeparafusos (asim comonosso compartamento se mantém or meio de reflexos cadelasderefesos et), eisso€ quase tudo. Co tio os aves operam, para que server, como funcionamem seumeio hatural, em terrae no ar — tudo Ihe eseapa. Quando levamos em con: Siderago que qualquer contribuio real nossa compreensdo deo- ‘no os humanosFueionar escapou aos pscologos experimentais 20 longo da século passado, a analosia nao parece ser to descabida, (O grande ero do behaviorismo foi ofato de tr trado conc ses dos estudos “intospectivos”,entediantes, intrutfeos e proli- 6 x08 do fundador da psicologia experimental, Withelm Wunal seus sepuidores. A conclusio a que eles chegarami foi que nose pode es- {dar os processos ments dos sees humanos no laborat6ri ea sim, 05 psicdlogosfariam melhor em jgnoré-lose rem estudar ov tras cols, Uma conclusio mais correta dir que ndo se pode estudar em ‘um laboratrio do que apresntemporténcae interes, em st tando dos seres humans, e por isso € melhor que os psicblogos os estudem em seu estado narural. No entanto, semelhante conclusto tera considerada impensivel. Faia dietameste conta a descoberta, pela cigncasfsicas, de que qualquer coisa que apresentasse impor- {ncia, em seu campo de interesse, poderia ser estudada em um Iaborsterio ‘Alem do mals, logo ficou claro que os sees humanos eram fr. ‘maudos de sueltos precirios para as experiéncias behaviorist. Mais ‘uma ve foram tiradas falas conclusdes desse fata. Em vez de ind {ar se 0s modelos behavorisias poderiam nao se aplicar aos seres Fhumanos, John B. Watson e seus seguidores, dene eles B. F. Skin ner, docidram encontrar sujeitos "melhores", para que pudessem ‘ompreender melhor os eres humanos através de seu estudo. Pode Fla se estabelecer uma analogia com um grupo de ciemistas que mo ram em Veneza e quetem estudar autombves. Por eles se desloce- ‘em com tanta precaredade por cima ou por baixo da égua e por ‘io existrem estradas ddisposgao, os cintistas decidem estudar as s5ndolas, para que através delas possam compreender melhor 0: Automévcis, “A analogia nio éma. As géndolas asemeham-se tanto as carros ‘quanto 0s ratos aos seres hummanos. Por um lado, rats e homens ‘to mamiferos. Por outro, gondols caros sBo objets feitos pelo Ihomem, que transportam melhor e com mais rapid as pessoas do due elas Se deslocariam em um terreno acidentado. mais fel © mais barato ober raios e gOndolas tendo em vista abjetivos exper rmentais do que pessoas ¢ carros. ‘Apresentando 0 que foi dito de mancira um pouco diversa: no incio de seu desenvolvimento, a psicologia defrontourse com 0 fato de que existem muitos dados — por exemplo, sentimentos e pen ‘mentos — que passo observar, quando acontecem comigo, mas nio ‘quando acontesem com outta pessoa (parafraseando Ludvig Witt- {enstein, zo posto sentir uma dor na sua pera). Envretanto, devi ‘dp a sou compromisso com os métodos da fisica do século XIX e ‘com a convierdo de que os meétodos entio empregados eran os in ‘cos métodos ciemificos, pscologiadeciiu que os dados aos qu Seta apenas um acesso particular, em ver de um aeeso publico, 40 ~ poderam se estudados cientiicamente! 0 estado da consi fo, Portanio, abandonado em grande parte. A hiptesemecaniista eof Imétodos das efncas fiscas integravam a tala ponto a cultura que {de que ndo se encsxase newex sistemas de pensamento ea tu. lado de "desprovido de cemiieidade ofato de estu-os estg- ratizava 0 peguisador como um ndo cents, O cesta dso. fo Michae! Polanyi sssnalou que “toda pesguisa cenficaverda- Aerainiia-se quando chegamos au problema prfundo eprom Sor, e880 ¢ apenas metade da siglo”. O "problema profundo ¢ premissor” da pscoogia consti em como realizar penguin em tna tea em que parte dos dados eram abertor ao acceso publica cota parte somente ao acess particular Infllmente, et ues tao amas fo! asta como o problema meiadolbpco bso da pa cologia ‘Na vieada do séulo durante os 25 anos ques seguir, afi losofia'¢ a psicologia sbandonaram o estudo da naturera da cons. cienca. Tenande se sence, amas a8 dssiplinas se resting Fam ao este das rivalidades que achavam poder etudatient- ficamente™ (Os il6sofosafrmavam que 6 precsavam estudarecompreen- der nature da linguagem para resolver todas as suas duvidas, © fue @naturera da mente era uma strug da peicologa: Os psi logos, por sua vee, acm qu #8 prosiavam extudarecompreea der os elementos bdscor que construam a percepgdo eo comport ‘mento (ao logo descobritam quis cram exes cement) para que {oda as suas duvidas fons solcionadas eque a natures da men- teeta uma atbuict da flsofa, Todos se sestiam mato cent ose modernon, monte de lars muito sentifics sobre bans iidades empinavam-se em ambos os eampos. Nao exstia muito ais do que i Em ans recente, cricas &posibilidade des elizarpesqui ses sgnfcativas em laboratéro, as quaslevardo a uma compres. So mas profunda ds grandes problemas da vida humana, tomar ‘se mais frequents nasrevistanespecializdas em psicologia. Livro ‘pss lvr censio aps ensaa ststaram a lndapapies que vento ifzcndo nese captlo. As respontas a esan publcasbes,defonden do valor ea valida do laboratdrio de piclogia,eambem come. Seram a suri. 'A defesa mas eloginte do trabalho em lboratério de que t= nho conhesimento em anos recentes¢ ade D. Gy Mook, publicada ha American Psyehologst, em 1983, El afirma que a inalidade da {nvestigacto laboratoral demonstrat o qe os suites pesquisador fardo om um laboraidro, e sto nko pode set generalizado para & ida fora do labora. 50 “ma preosypagio desiocada com a valldade externa pode nos evar a abandonar uma boa pesquisa, cua peneralzagao na vida real no £ prtendida ne tem pert. Nosa eri especicao que noe fos sujets deveriam fazer no labora, Varios eto a0 laborat- oe perguntames: ees etd fezendo?™ Se alguém ester intressado em um comportamento que ocor- re em entornos exttemamente artificiais que no pode ser generli- zado para avid real, entéo, segundo 0 ponto de vista de Mook, es- Se €um psicdlogo ate deve se dedicar & pesquisa, Se seu ineresse Tor além disso, ele dover dodiar-se a qualquer outra profissio. Néo posso me bate contra essa colocapdo, mas quanto 4 defesa da pes- ‘qustrealzada em laboratorio pareseafirmar que arande parte de ‘Sea valor & manter os pscélogos ocupadas, Els se divertem e s¢ Ie ram de enerencas, ‘Devemos também estar consients de que tanto a psicoterapia individual quanto ade grupo sto situagdes resrtivas e desprovides de vaidade ecologica.E preciso ter muita cautela para inferr 0 que lacontec em terapia a0 comportamento humano em stuapbes natu- fais. Nenhuma experiéacia de laboratrio € mais artificial do que ‘marcarmos um encontro com alguém que nes é totalmente estranho, ¢ntrarmos em um consultério que nfo conhecemos,encararmos uma pessoa a quem jamais vimos eos sujeiarmos, imediatamente, ex pectativa de que falemos das coisas mais pessoas e importantes de nossa vida. Os terapeutastendem a julgar um paciente com preipi- tagto, baseados em um conbesimento muito rapido, uma situaglo ‘exitemamenteestuturade e anfical. Etendem a se mostrar nota ‘iment resistentes a malfiear essa impresso nical, & luz de ex- peritacias posteriores. Ha muitos anos Richard Renneke, pscana~ lista extremamente experiente,filmou o comportamento de seus £0 legas através de espelhos instalados em seus consultérios, om 0 com sentimento ea cooperagao de todos. Tendo registrado o comport ‘mento de cada umn, desde a primera sesso com um novo paciente até uma etapa bem adiantada do proceso terapeutico, Renneker ob- Servo, horrrizado, que eles costumavam decidir, na primeira se so, sobre a estrutura ea patologia de um determinado paciente, © ‘que quase nada do que este dissesse fzese, na seqiécia da tera- Dia, poderia modifiar seus julgamentos. Quando ele apresentou es Sas demonstragdes filmadas aos colegas e solictou a ajuda deles de ‘modo a remediar uma situaedo que prejudicavaclaramenteo rab Tho que er realizado, o problema fol resolvido providenciando para aque Fosse suspensa 4 bola de pesquisa de Renneker. Logo depois fle foi sumariamentedispensado do Instituto Psicanlitico de Chi ago, onde ecupava clevado posto de analsta didatico. si ‘Todo mundo sabe que na vida real leva muito tempo para des: cobrir o que existe de importante em alguém que ecabamos de 0 necer, qua sfo as principals tendéncias do comportamento e da ‘eronlidade dena pessoa e coma ca provavelmente se seid agra ent uma multplicidade de situagdes. Os terapeutas tendem a com preender isso quando se trata de pessoas que les conhecem fora de ‘Sous consults No entanto, dentro dele em geral tornam-se 130 ‘rgulhosos de sua aivdade que esquecem completamente essa com preensio, adespelto do Tato de estarem conhecendo alguém cuja si- {agi ¢ muito mas resetva, arial e distorcida do que seo coniro tivesse acontesido na rua ou durante uma reunido social Recordo-me, por exemplo, de determinad pacente que levou para & primeira sess20 com uma nova terapeuta osonho de uma explesdo atomica em um met. Iso bastou para convener sterapeuta de {ue o paciene tina um ego fraco,faclmente dvestruuravel. Em ‘bora paciente tivesse um ego forte e maledvel, que se mantinha ¢ continusva se mantendo quando submetido a muita pressto, nada {do que aeonteceu durante os quatro anos em que duro a psicotera pia a fez reconhecer que estavaerrada e deveria reavaliar sua opi- nigo. Nio $60 processo terapeutic, com quatro anos de duragio, Foi um grande desperdicio de tempo e de dinheiro, como causou um srande dano a vida do paciente quanto aos sentiments que ee ali- mmentava em relagdo a $i mesmo ‘Ao levarmos em conta arigdez da maior parte dos terapeutas ‘que se apegam firmemente a suas opinies (que sio as opiniges de Uma escola em particular, onde eles foram tieinados com respeito ‘Anatureza dos seres humanos ea consequente consituigdo da "ver ‘adeira pscoterapia"), a despeito de seus frequentesfracassos com ‘0 pacientes que ndo s¢encabkam em seus models, e diate da de terminagio em manter a convieyo sobre a natura de um paciente ‘specitico, por mais que este possa fazer para tentar modifica, Tembro-me daquela petgunta formulada por Woody Alle, espe todo que pagava ao psianalista, Ele deveria declararaquilo a0 posto derenda como despesss médicas, portantosajeitasa dedusd, fu como contribuicbes @ ume insttuigso rligiosa? TH trina on quarenta anos compreendia-se muito mais isso en- tue os profissionas psicoterapeutas. Procurdvamos guardar nossas impresses ¢avalid-las em testes projetives. Aguardvamos até po- der testar as impresses inciais,eruzando-as com outras obs me- diante o emprego de algum instrumento, tal como o teste de Rors- chach ou o Teste de Apercepgao Tematlca, Alem disso, muitos con- Sultérios contavam com um instumento adcional, ura bea entre- ‘sta fita nos modes de uma entrevista com um asistente socal, 8 32 vartr de uma visio diferente daguela que orientavanossas invest ‘ses, habiualment eraptuias. Iss pelo mens nos dava opr {nade de procrarfatorscomins no omportamnento do paen {cyemduasclgunasvezes rs stuagbes doris, 0 Que ume tava enormementenossas chances de uma compreensio ais lida Hoje em dia, porém, 00 grande arto ea autocontianes os psioteapentas gue eles pelerem fazer julesmentos complies Sobre outro ser humano, bascaos naga ges pesos far durante ‘ma ou das Horas (ou durant perodos de ingentsinston) na Situs mais artificial que se pode encontesr neste plane Ain isso hd muito mais din ¢pretisi envovidos no fate de set 'erapeut do ane em apiar testes prseivas o taba como as sistente soil, ao ponto ds, com excegdo de poucs linias¢ bons eos de estudos esas Tungdes trem sido praticamenteabando. hades, & medida ie os que est quali cados paca exerc as fas Ae tudo para se tomar psiansists. ‘Se, namairia des cncas modernas eno stores de atendimento pigulitico dos hositas, um psquatasolitar am pislopo un texte projetvo para um pacenteou slicer uma entrevista aun 2 sistem social, para que Ihe posse um dignéstico minusone, { resposaprovavelment sor uma radish superior eum emer: io esettido: “No faso esse ipo de cosa. Sou trapeula'= Certamente, nos kimos anos, surpiram reagbes aos problem pscoterapeuicos qe venhodeserevendo, A trapa familar, eas ova moda da psioterspia, & 0 inicio de umn revlugio a favor da ade que uma pessoa no pode ser signiativamente compreeniila fora de sta ecologia, do ambientsem que vive dos clcionamentos aueconsiuem uma pare to grande desss flores, Sendo fos ‘onventete para os erapeias, certamente assur ns os veri tos fzendo rapa famine as redncies das psoas, para que pr ‘lsc ver seus pints auando em un ambens nda al naturel "Aida de que nosos procedimentos so ditados em parte pela necesidade de Bem-estarepresigo do terapeata nao deve ser vista como algo limitado apenas tos trapeutas, Durante mulios anos a8 ‘mulheres em teabalho de partorecitavan-seem uma cade, ef Stuantoo medio, ajoclhad a seus pis, esperava pare eseer 9 be te: Mita partis rdo que esa era ma posio muito mais con- fortiel pare a mulher do que 8 poscdo que ¢amplament adotada hoje em dia, com ela ditada de costa eo médico em pe. Entrtan io, posiedo ajoehada fo juleada denegridora da digncade dos me Aiko fol abandonaa, em detriment edsonforto das paar. ‘Seymour Sarason, un de nossospsedlogos mais brilants betas, demonstrou come ngen gus ox psclogos, seam cncos 33 cou pesqusadores, poco tém se consderado pate de um processo Soctale cultural, e somo ® pou compreensdo des esmos nut {erminado contexte prejudenaeinvaigouo trabalho dees. Sara Son assnala com alguns detaes que «pscologia estudava os nd ‘dose ianorava er larga escla'@ordem sil que os moldava ‘influenciava constantemente.Além disso, le notam que os psi fogos davam poucaatengao ao fata de qu cles prprios exam mo Aids pela soedade s que pertercam, «que inh dala visto que {inh da natueza mana, amagem do que signifi ser humane {suns teoris sobce a pscologi, Nem segue entavam ver 0 que es {ava por ders ds vides e dos presuponos da toxedade em que tresceram, Aria e colorida andse que Sarason faz desis cones tosimeree umn letra cuidadoss de todos os ques interessam pelo ‘amp da psicolgia "Resumindo brevements, aboratéro 0 conslrio de pico- logia sip sluagdes afc ¢ altmente ditreias.O comport: mento em amass ita, fet muita poucaconexio com 0 com portamento delas na vido real Extrapolages em Plapdo ama pes Soa, eta a pari de un determinadopacinte ou de pessoas sa metas a experiencia em labora, so extremazente duos ‘Nio exit o minimo motivo para'se conclu, com altura des tecapiul, de gue to ext espao, na picloga, para pesquisa ‘ealzade em laboratrio. Esse espace existe sim, mas unicamento- tno seg de uma iécia que fem como objivo etudarseres hu. tmanos, e no como parte de uma cgaca orignalmente desinada {Tstudarobjtos isco, como certo mecanimos, enrenagens ¢ ‘om Mais adante dssrverel op de cncia aque me refiroe mos Ttarel qual lugar que olaboratério ocupa nea. Aquses que em Dregaram ie meiodd fal como fo desenvolvao origialmente por ‘Wisin Dithey, Ernest Renan e Wilhelm Windetband, e que eli tram ainda mais como Robin Calingwood e Heinrich Rickert 0 ‘Sampo da histria, Konrad Laren e Nikolaus Tibergen no campo ‘da tologia,e Freud, na psig nsosresise nada ris, lamentvisc banais como os qe se fiacram nos laboraté- ios de piclogia. ss AS CIFRAS E OS SENTIMENTOS HUMANOS tersio principio eral que a picolosa extra da ciénia do sésulo XIX € que tudo all que ete no como € quantitating ey Se qusermos ser denies, deve set abordado por mensastes¢ ‘ita preias, Ese pont de ita aire uy nauanto pues ‘expres algo numericamente nfo chegatemos 4 sa compreenso Siete. Alm dso, aps quantiisarmos cortamente nso ma terial, devemos tera Capaidade de prevr somo les compote no futuro. A fla de prevnbiidde significa gue ainda no alan Samos uma conreenio ceniea de noso objeto de pexqua Na pstcoogla scadénica, ores bso para ita paca edo, €0 qu se costuma denomnat “irugue CGS. Temos que Po. der presenta nssos resultados em centnetros,gramas ou egun- dos'O padro CCS fo! emplamente usa na peaulsa academe, inesmo sem te sido muito dingo 0 resutad fi que auslqer coisa que no pues ser desea por este pardo — ov sj, ado este de importante o significa na vids humana ‘ab eraestudedo om sequersubmeidoa tm exame mul dtd ‘Apenaso banal tenia a ser publicado nas revise espeilizaes, Como academia adotavao sera de “publicar ou descarar so disembocou em uma dreio Gbva c ineviave ‘Amasima ds XIX afmava qu tudo o que exe, exe cera medida” cence lguma verdae, mes Guando tase de 55

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