Capitulo 7 Permeabilidade

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Permeabilidade Os solos so permedveis devido a existéncia de espagos vazios interconectados, através dos quais a gua consegue fluir de pontos de alta energia para pontos de baixa energia. O estudo do fluxo de agua em solos permeaveis é importante para a mecdnica dos solos. Tal estudo é necessério para estimar a quantidade de fluxo subterraneo sob diversas condigées hidrdulicas, a fim de investigar problemas envolvidos no bombeamento de agua em construgdes subterraneas e realizar andlises de estabilidade de barragens e estruturas de contengfo de terra sujeitas a forcas de percolagio. Equacao de Bernoulli Da mecénica de fluidos sabemos que, de acordo com a equagio de Bernoulli, a carga total de um onto na égua em movimento pode ser dada pela soma das cargas piezomeétrica, cinética e altimétrica, ou seja 2 +— + Z (7.1) g A i Carga Carga—Carga piezométrica cinética altimétrica onde h = carga total u = pressio v= velocidade g = aceleraco da gravidade “Wy = Peso especifico da Agua A carga altimétrica Z é a distincia vertical de um determinado ponto acima ou abaixo de um plano de referéncia. A carga piezométrica é a pressio da égua, u, em um determinado ponto, dividida pelo peso especifico da gua, 7). Se a equacio de Bernoulli ¢ aplicada ao fluxo de agua através de um solo poroso, o termo que contém a carga cinética pode ser ignorado, pois a velocidade de percolagao é pequena ¢ a carga total em qualquer ponto pode ser adequadamente representada por ha=4tuz (7.2) A Figura 7.1 mostra a relagdo entre as cargas piezométricas, altimétricas e total para o fluxo da gua através do solo. Tubos abertos posicionados verticalmente chamados piezdmetros sho instalados nos pontos A ¢ B. Os niveis até os quais a Agua sobe nos piezdmetros situados nestes pontos so co- nhecidos como niveis piezométricos dos pontos A e B, respectivamente. A carga piezométrica em um ponto é a altura da coluna vertical da 4gua no piezémetro instalado em tal ponto. 143 144 Fundamentos de engenharia geotécnica Figura 7.1 Cargas piezométrica, altimétrica ¢ 1 total para o fluxo de agua através do solo ‘A perda de carga entre dois pontos, A ¢ B, pode ser determinada por A| -[2+ 2,| 73) Vw A) onde i= gradiente hidraulico L = distncia entre os pontos A ¢ B — ou seja, 0 comprimento do fluxo no qual ocorreu a perda de carga Em geral, a variagdo da velocidade v com 0 gradiente hidrdulico i é dada como mostra a Figu- ra 7.2. A figura é dividida em trés zonas: 1. Zona de fluxo laminar (Zona I)" 2. Zona de transigdo (Zona II) 3. Zona de fluxo turbulento (Zona III) Quando o gradiente hidraulico é aumentado gradualmente, o fluxo permanece laminar nas Zonas I e Il, e a velocidade, v, tem uma relacao linear com o gradiente hidraulico. Com o gradiente hidraulico mais alto, o fluxo torna-se turbulento (Zona TI). Quando ¢ reduzido, as condigdes do fluxo laminar existem apenas na Zona I. ‘Na maioria dos solos, 0 fluxo da Agua através de espagos vazios pode ser considerado lami- nar; portanto, voi (75) Em rochas fraturadas, pedras, pedregulhos e areias bem grossas, podem existir condigdes de fluxo turbulento e a Equago (7.5) pode nao ser valida. > Fluxo ou escoamento laminar quando as trajetorias das particulas de agua ndo se cortam. Caso contririo, 0 fluxo é chamado de turbulento. Permeabilidade 145 ‘Zona I Zona de fluxo Velocidade, v Figura 7.2 Natureza da variagio de vem Gradiente hidréulico, i fungao do gradiente hidraulico, 7 Lei de Darcy Em 1856, Darcy publicou uma equago simples para a velocidade de descarga da dgua através de solos saturados, que pode ser expressa por vak (7.6) onde v= velocidade de descarga, que & a quantidade de agua fluindo em uma unidade de tempo através de uma unidade da area da segdo transversal bruta do solo em angulos retos em relagdo a diregdo do fluxo k= condutividade hidréulica (também conhecida como coeficiente de permeabilidade) Essa equaedo foi baseada principalmente em observagdes de Darcy sobre o fluxo de gua através de areias puras. A Equagao (7.6) é semelhante & Equacao (7.5): ambas so validas para condigdes de fluxo laminar e so aplicaveis para uma grande variedade de solos. Na Equacdo (7.6), v é a velocidade de descarga da égua com base na area de segdo transversal bruta do solo. No entanto, a velocidade efetiva da figua (chamada de velocidade de fluxo ou de per- colagao") através de espacos vazios é maior que v. Uma relagao entre a velocidade de descarga ea velocidade de percolagao pode ser determinada de acordo com a Figura 7.3, que mostra um solo de comprimento L, com uma érea de se¢Go transversal bruta 4. Se a quantidade de dgua que flui através do solo em unidade de tempo for g, entio q=vA=Ay, (7.7) onde v, = velocidade de percolagdo A, = dea de vazios na seco transversal do corpo de prova Porém, A=A,+4, (7.8) onde A, = area de sélidos do solo na segao transversal da amostra. Combinando as Equacdes (7.7) e (7.8), obtém-se q=v(A, +4) =A,v, “E importante lembrar que a velocidade de fluxo ou de percolagio da égua ainda ndo é sua velocidade real, uma vez que 0 caminho percorrido por ela é no linear. 146 Fundamentos de engenharia geotécnica Area do corpo de prova do solo = A Area de vazios na sega transversal = Ay Area de s6lidos do solo na seedo transversal = A, Figura 7.3 Dedugio da Equacao (7.10) ou v(4, +4) on Sa = (7.9) onde V,, = volume de vazios no corpo de prova V. = volume de sélidos do solo no corpo de prova ‘A Equagio (7.9) pode ser reescrita como (7.10) onde e = indice de vazios n= porosidade Alei de Darcy definida pela Equago (7.6) implica que a velocidade v de descarga tem relagdo linear com o gradiente hidréulico i ¢ passa pela origem, como mostra a Figura 7.4. Hansbo (1960), no entanto, reportou resultados do ensaio para quatro argilas naturais intactas. Com base nos resultados obtidos por ele, parece existir um gradiente hidréulico 7 (veja a Figura 7.4), em que v=kG-i) (parai>?) (7.11) v=k™ (parai| Pros onde _f,= fragiio de particulas entre dois tamanhos de peneira, em percentagem (Observacao: peneira maior, a; peneira menor, b.) Dicsy (Cm) = (D,,(om)}* x [D,(em)]? (7.28) SF = fator de forma Combinando as Equagées (7.25), (7.26), (7.27) e (7.28), 2 100% Tele k = 1,99 x 10*| ——-—_] |_| | —__ 29) 9 fi a l+e ED) [DE x DR ‘Armagnitude de SF pode variar entre 6 e 8, dependendo da angularidade das particulas do solo. Permeabilidade 155 Carrier (2003) posteriormente sugeriu uma pequena modificagdo na Equagdo (7.29), que pode ser expressa por 2 )0, \2 s fangoean___aes __| ( 1 } (<] (7.30) > fi l+e DE 5 DE A Equacao (7.30) sugere que é x ite (731) O autor recomenda 0 uso das Equagdes (7.30) e (7.31). E importante notar que as Equagées (7.23) € (7.31) assumem a existéncia da condigdo de fluxo laminar. Mais recentemente, Chapuis (2004) propds uma relagilo empfrica para k em conjunto com a Equagio (7.31), que pode ser expressa por o.7sas Be (cm/s) = 2,462 TD (732) onde D,, = diaimetro efetivo (mm). A equagdo anterior é valida para areia e pedregulho uniformes e naturais para determinar k, que esté no intervalo de 107! a 10° cm/s. Isso vale para areias argilosas naturais sem plasticidade e nao vale para materiais triturados ou solos siltosos com cera plasticidade Com base em resultados laboratoriais experimentais, Amer ¢ Award (1974) propuseram a rela- cao a seguir, para k em solo granular 3 k=3,5x104 (| Dae | (7.33) l+e n onde k esta em om/s C, = coeficiente de uniformidade D,,= tamanho efetivo (mm) p,, = massa especifica da 4gua (g/cm?) 11 = viscosidade (g « s/om?) 20°C, p,, = 1 gem en ~ 0,1 x 104g - s/em?. Assim 3 h35 510s |e Ite ou a Komi =35 [52 Taye | 96 (Dy)? (7.34) Foi mencionado no final da Se¢ao 7.1 que as condigdes de fluxo turbulento podem existir em areias muito grossas ¢ pedregulhos, e que a lei de Darcy pode ndo ser valida para esses materiais. No entanto, sob um gradiente hidréulico baixo, as condigdes de fluxo laminar geralmente existem. 156 Fundamentos de engenharia geotécnica Kenney, Lau e Ofoegbu (1984) realizaram ensaios em laboratério em solos granulares nos quais 0 tamanho das particulas em muitas amostras variaram de 0,074 a 25,4 mm. Os coeficientes de uni- formidade C, dessas amostras variaram entre 1,04 ¢ 12. Todos os ensaios de permeabilidade foram realizados em um grau de compacidade (Ds) de 80% ou mais. Esses ensaios mostraram que, para condigdes de fluxo laminar, K(mm’) = (0,05 para 1) D? (7.35) onde D, = didmetro (mm) através do qual passa 5% do solo. Com base nas experiéncias laboratoriais, 0 U.S. Department of Navy (1971) forneceu uma cor- relacio empirica entre k (cm/min) e D,, (mm) para solos granulares com o coeficiente de uniformida- de variando entre 2 ¢ 12, D,,/D, < 1,4. Essa correlagio é mostrada na Figura 7.9. Condutividade hidrdulica, & (m/min) Dio (mm) Figura 7.9 Condutividade hidréulica de solos granulares (Segundo o U.S. Department of Navy, 1971) Permeabilidade 157 Exemplo 7.6 Acondutividade hidraulica de uma areia com indice de vazios de 0,5 € 0,02 cm/s. Estime sua con- dutividade hidraulica a um indice de vazios de 0,65. Solugéo Da Equagao (7.31), é kite 5 I+e, (0,5). 0,02 _ 1+0,5 ke (0,65) 1+ 0,65 k, = 0,04 cm/s . Exemplo 7.7 Acurva de distribuigao granulométrica para a areia é mostrada na Figura 7.10. Estime a conduti- vidade hidréulica usando a Equagao (7.30). Dado: o indice de vazios da areia € 0,6. Use SF = 7. 100 80 g & 60 a i 2 é 40 2 20 ° 10 OamenecO2 ets (0.1 004 002001 Tamanho dos grios (mm) Figura 7.10 (continua) 158 Fundamentos de engenharia geotécnica Solugdo Da Figura 7.10, a tabela a seguir pode ser determinada. Abertura Percentagem Frac&o de particulas Neda da peneira que passa pela entre duas peneiras peneira (cm) peneira consecutivas (%) 30 0,06 100 4 40 0,0425 96 12 60 0,02 84 34 100 0,015 50 50 200 0,0075 0 Para a fragdo entre as peneiras n® 30 e 40: f 4 es G2 DSA x DIS (0,06) x (0,0425)"°* Para a frago entre as peneiras n® 40 e 60: fi 12 ae a eS De x DISS (0,0425)* x (0,02)? Da mesma forma, para a fragdo entre as peneiras n® 60 ¢ 100: i 34 ———— 0095) DID ((0}02)2 4 <(0;015) E, para a fragdio entre as peneiras n® 100 e 200: fi 50 E S018 ED YAteeyeiD be 2o me (01015) paras (O}0075) tees 100% - 100 tots fi 81,62 + 440,76 + 2009,5 + 5013,8 pee pe [i Da Equagao (7.30), 2 k = (1,99 x 10*)(0,0133)* (] ; r = 0,0097 cm/s . Exemplo 7.8 Resolva o Exemplo 7.7 usando a Equagio (7.32). Solugfio Da Figura 7.10, Dj, = 0,09 mm. Da Equago (7.32), 3 0.7805 oe 1° k= 2,4622|D2-—| = 2,4622\(0,09 | = 0,0119 cm/s A l+e 1+0,6 Permeabilidade 159 Exemplo 7.9 Resolva o Exemplo 7.7 usando a Equacao (7.34). Solugao Da Figura 7.10, Dgy = 0,16 mm e D, = 0,09 mm, Portanto, _ By OG c, =—#@ =>" =1,78 Diy 0,09 Da Equagao (7.34), Reus Post A ae [0G On Oe af “Je (Do) = 351 T gg| 78 (0,09)? = 0,025 m/s . Relacées para a condutividade hidrdulica — solos coesivos A equagio de Kozeny-Carman [Equagiio (7.24)] foi usada no passado para verificar a aplicabilida- de em solos coesivos. Olsen (1961) realizou ensaios de condutividade hidrdulica em ilita sédica e comparou os resultados com a Equagdo (7.24). Tal comparagdo é mostrada na Figura 7.11. Os graus de variagio marcados entre os valores teéricos ¢ experimentais surgem de varios fatores, incluindo desvios da lei de Darcy, alta viscosidade da agua nos poros e tamanho de poros desigual. Equacio (6.24) 10-9 0,2 04 0,6 08 Porosidade, n @—e lita sédica ~O—O Mita sédica Figura 7.11 Coeficiente de permeabilidade para ilita 104 N-NaCl 104N-NaCl__s6dica (Baseada em Olsen, 1961.) 160 Fundamentos de engenharia geotécnica Taylor (1948) propés uma relagao linear entre o logaritmo de k e o indice de vazios, que pode ser expressa por log k = log k, — (7.36) Ce onde k, = condutividade hidraulica in situ a um indice de vazios de e, condutividade hidraulica a um indice de vazios de e C,= indice de variagdo da condutividade hidréulica A equaco anterior é uma boa correlaco para e, menor que 2,5. Nessa equagio, o valor de C, pode ser considerado cerca de 0,5e,, Para um amplo intervalo de indice de vazios, Mesri e Olson (1971) sugeriram 0 uso de uma relagdo linear entre o logaritmo k e logaritmo e na forma log k = A’log e+ B! (737) ‘A Figura 7.12 mostra a representago do logaritmo k em fungdo do logaritmo e obtido em laboratério, com base no qual a Equaco (7.37) foi proposta. Samarasinghe et al. (1982) realizaram ensaios de laboratorio na argila de New Liskeard e propu- seram que, para argilas normalmente adensadas, rae e | (7.38) le onde C e n so constantes a serem determinadas experimentalmente. lo* T T T Caulinita 10-5} | lita 07h 108 ‘Condutividade hidraulica & (mm/s) 10°F Montmorilonita 1o-L, 4 10 1 . . Figura 7.12 Variagao da condutividade 03 Oe Nees uo) 30 hidraulica de minerais de argila s6dica Indice de vazios, e (Baseada em Mesri e Olson, 1971.) Permeabilidade 161 Tavenas et al. (1983) também fomecem correlagio entre o indice de vazios ¢ a condutividade hidréulica do solo argiloso. Esta relagdo € mostrada na Figura 7.13. Um importante ponto, no entanto, & que na Figura 7.13 0 IP, indice de plasticidade, e a FC, fragao de argila no solo, estio na forma de ‘fracao (decimal). No entanto, é necessério ter em mente que qualquer relagao empirica desse tipo ser- ‘ve apenas para estimativas, pois a magnitude de k é altamente varivel e depende de diversos fatores. 2.8 PI+ CF=125 10 24 20 g 0,75 4 3 16 3 g 2 12 0,5 08 04 10" 1910 10? 3x 109 k(m/s) Figura 7.13 Variagio do indice de vazios com a condutividade hidrdulica de solos argilosos (Baseada em Tavenas et al., 1983.) Exemplo 7.10 Para um solo de argila normalmente adensada, sfio dados os seguintes valores: Indice de v & (cm/s) Al 0,302 x 107 09 0,12 x 107 Estime a condutividade hidréulica da argila a um indice de vazios de 0,75. Use a Equacao (7.38). Solugao Da Equagio (7.38), (continua) 162 Fundamentos de engenharia geotécnica et ia _ Ue a (Ges Ite ay” 0,302x107 _ 1+1L1 0,12x107 —_(0,9)" 1+0,9 2si7 = (2)44] 2,1)\0,9 2,782 = (1,222)" __ log (2,782) _ 0,444 n= SBS = Tog(1,222) 0,087 assim 4 (i Ite Para determinar C, 0302x107 = |_| = [28 1+ it] (aan 7 = 0,302 X10 AD = 9 39.197 1,626 Assim, k = (039x107 ens | l+e Aum indice de vazios de 0,75, 0,75" 140,75 k= 029x107 |=osuex0* cm/s RAAB Variacao direcional da permeabilidade ‘A maioria dos solos no é isotrépica em relago A permeabilidade. Em um determinado depésito de solo, a magnitude de k muda em funcdo da dirego do fluxo. A Figura 7.14 mostra uma camada de solo através da qual a 4gua flui em uma direco inclinada, a um Angulo a com a vertical. Consideramos as condutividades hidréulicas na direc&o vertical (a = 0) e na diregao horizontal (a = 90°), ky ¢ kp respectivamente. As magnitudes de k,,¢ k,, em um dado solo dependem de varios fatores, incluindo 0 método de deposi¢ao no campo. Permeabilidade 163 A Figura 7.15 mostra os resultados do ensaio de laboratério obtidos por Fukushima e Ushii (1986) com relagio a ky, k;, para solo Masado compactado (granito intemperizado). As amostras de solo foram inicialmente compactadas a um determinado teor de umidade, e a condutividade hidrau- Tica foi determinada a 100% de saturagao. Para qualquer teor de umidade de moldagem e press&o de confinamento, k,, 6 maior que k, HA varios resultados publicados para solos finos que mostram que uma razio de k,/k, pode va- riar bastante. A Tabela 7.3 mostra um resumo de alguns desses estudos. Figura 7.14 Variagao direcional da permeabilidade 172b 4 Curva de Peso especifico seco (kN/m*) 104+ k (cm/s) sk 2 16 20 24 107 Ei ‘Teor de umidade de moldagem (%) Figura 7.15 Vatiagao de ky € ky, para solo Masado compactado em laboratério (Baseado nos resultados de Fukushima e Ishii, 1986.) 164 Fundamentos de engenharia geotécnica Tabela 7.3 k;/k, para solos finos ~ Resumo de varios estudos Tipo de solo idky Referéncia Silte organico com turfa 12a1,7 Tsien (1955) Argila marinha pléstica 12 Lumb e Holt (1968) Argila mole 15 Basett ¢ Brodie (1961) Argila varvitica 15a1,7 Chane Kenney (1973) Axgila varvitica 15 Kenney e Chan (1973) Axgila varvitica 3al5 Wu etal. (1978) Argila varvitica 4a40 Casagrande e Poulos (1969) Condutividade hidrdulica equivalente em solo estratificado Em um depésito de solo estratificado, onde a condutividade hidrdulica para o fluxo em uma deter- minada direg&io muda de camada a camada, uma condutividade hidréulica equivalente pode ser cal- culada, para simplificar. As deducGes a seguir referem-se a condutividades hidréulicas equivalentes para fluxo nas diregées vertical e horizontal através de solos de varias camadas com estratificagao horizontal. A Figura 7.16 mostra n camadas de solo com fluxo na diregdo horizontal. Vamos considera uma segiio transversal de comprimento unitirio passando pela camada n e perpendicular a direciio do fluxo. O fluxo total que passa pela seco transversal em unidade de tempo pode ser expresso por qaul-H Su 1H, +u,/1-H, +0, 1 Ht... +0,-1-H, (7.39) onde v= velocidade de descarga média Up, Vy Uy «+5 U, = Velocidades de descarga do fluxo nas camadas indicadas pelos indices Se kip, ky.s yyy» ky, SH0 a8 condutividades hidréulicas das camadas individuais na dirego horizontal e Kies) € a condutividade hidrdulica equivalente na diregdo horizontal, ent&o, com base na lei de Darcy, Una ae Felice s het Ets c,h ——— A —_— Hy Diregdo Ey do fluxo * Figura 7.16 Calculo da condutividade hidrdulica equivalente — fluxo horizontal em_ solo estratificado Permeabilidade 165 Substituindo as relagdes anteriores para velocidades na Equagao (7.39) e notando que i,, = i=... =i, temos 4 1 Kea) = a (ky, Hy + Ky, Hy + ky, Hs +--+ + ky H,) (7.40) A Figura 7.17 mostra n camadas de solo com fluxo na diregio vertical. Neste caso, a velocidade do fluxo que passa através de todas as camadas é a mesma. No entanto, a perda de carga total, h, € igual 4 soma das perdas de cargas em todas as camadas. Portanto, =U, (7.41) hah, +h, +h,+... +h, (7.42) Usando a lei de Darcy, podemos reescrever a Equagdo (7.41) da seguinte forma h kya) = (4) onde ky, ky, ky. . ky, so as condutividades hidréulicas das camadas individuais na diregao vertical © kyjgq € 4 condutividade hidréulica equivalente. Novamente, da Equacio (7.42), h= Hi, + Hi, + Hi, +... + H,i, (7.44) (7.43) yi, = hiyiy = high, = Resolvendo as Equagdes (7.43) e (7.44) temos Mele Tamme noes SE Fea [eas eee fz 2 ee a Boe le abe, x “ & ee ee \ t 7 — eR Ba = Figura 7.17 Calculo da 2g condutividade hidréulica a equivalente ~ fluxo vertical em solo estratificado 166 Fundamentos de engenharia geotécnica Um excelente exemplo de solo sedimentado naturalmente em camadas é 0 solo varvitico, que & um sedimento ritmicamente depositado em camadas de minerais finos e grossos. Os solos varviticos so resultado da flutuacao sazonal anual das condi¢des de sedimento em lagos glaciais. A Figura 7.18 mostra a variagéo do teor de umidade e a distribuicao granulométrica no solo varvitico de New Liskeard, Canada. Cada varve possui cerca de 41-51 mm (1,6 a 2,0 polegadas) de espessura e consiste em uma sequéncia de uma camada de solo grosso e outra de solo fino, com uma camada de transigao entre os dois. Teor de umidade Tamanho dos gros = & Distancia ao longo da amostra (mm) — 2 Furo n° 1 Amostra n® 14 Profundidade, 16,16 m a Cota, 174m 20 0/0 See cs SO Ns cob S 7OrueeeeO 0 30100 Teor de umidade (%) Porcentagem menor que Figura 7.18 Variago do teor de umidade e granulometria em solo varvitico de New Liskeard. (Fonte: Segundo “Laboratory Investigation of Permeability Ratio of New Liskeard Varved Clay”, por H. T. Chan and T. C. Kenney, 1973, Canadian Geotechnical Journal, 10(3), p. 453-472. Copyright © 2008 NRC Canada ou licenciadores. Reproduzido com permissdo.) Exemplo 7.11 Um solo estratificado é mostrado na Figura 7.19. Dados: *Hy=2m &,=10+cms * H=3m k, = 3,2 x 107 cm/s + Hy=4m —=4,1 x 10S cm/s Calcule a razao da condutividade hidraulica equivalente, Kea Kya Permeabilidade 167 Hy | Figura 7.19 Perfil de solo estratificado Solugo Da Equagao (7.40), 1 Kegeq = tah t hy, Hy + ky,H3) 1 ~ 4344) = 107,07 x10~* om/s [(10~*) (2) + (3,2 x 10-7) (3) + (4,1 x 107°) (4)] Novamente, da Equagio (7.45), Hy ky, EEE) is : 24344 me 3 ech) ees = lssceal* = 0,765 x 10~*cm/s 4,110" Portanto, Kaye _ 107,07 x10~* = = 139,96 . Kye 0,765 x10-* Exemplo 7.12 A Figura 7.20 mostra trés camadas de solo em um tubo com 100 x 100 mm na segio transver- sal. A agua é fornecida para manter uma diferenca de carga constante de 300 mm em toda a amostra. A condutividade hidrdulica do solo na direc&o do fluxo que passa por eles sio: (continua) 168 — Fundamentos de engenharia geotécnica Solo (cm/s) A 10? B 3x 103 c 49 x 104 Determine a taxa de fornecimento de 4gua em cm*/h, Solugao Da Equagio (7.45), H = 450 i (eo) ara ae gm EA Fh), {Fe| , (Hs oe} +( 150 |+ 150 k ky k, 107) © (3x10 4,9 x 10~ = 0,001213 cm/s 300) (100 _ 100 = Kyi = (0,001213)]— | |—— x — 7 = Kren) ( (Se) ra = 0,0809 cm/s = 291,24 cm? /h Fonte de égua a Diferenga de carga constante = 300 mm fe 150mm >}<- 150 mm >} 150 mm >| Figura 7.20 Camadas de solo em um tubo de 100 mm x 100 mm na sego transversal . Ensaio de permeabilidade em campo pelo bombeamento a partir de pocos No campo, a condutividade hidréulica média de um depésito de solo na diregdo do fluxo pode ser determinada realizando ensaios de bombeamento a partir de pogos. A Figura 7.21 mostra um caso no qual a camada permedvel superior, cuja condutividade hidréulica deve ser determinada, nao esta confinada ¢ possui uma camada impermeavel abaixo dela, Durante o ensaio, a 4gua ¢ bombeada a ‘uma taxa constante para fora de um pogo de ensaio com uma camisa perfurada, Sao escavados varios Permeabilidade 169 ‘Nivel da égua antes do bombeamento durante 0 bombeamento GB camada impermedvel [Hl] Pogo de ensaio EE Pogos de observagio Figura 7.27 Ensaio de bombeamento de um pogo em uma camada permedvel no confinada, localizada acima de um estrato impermedvel pogos de observacdo a varias distincias radiais em volta do pogo do ensaio. Continuas observagdes sdo feitas levando em conta o nivel da 4gua no pogo do ensaio e nos pogos de observagio depois de iniciar 0 bombeamento, até que se atinja alguma estabilidade. O momento estével ¢ determinado quando o nivel da égua nos pogos de ensaio e de observagiio toma-se constante. A vazio de agua do solo para dentro do po¢o, que ¢ igual a vazio do bombeamento, pode ser expressa por dh ae {B}oxm (7.46) ar ou ndr _(2nk) ph a Logo, 202g" 7, ko ees (7.47) (hy — 3) ‘A partir das medidas obtidas no campo, se q, 71, /t, ¢ hy forem conhecidas, a condutividade hidréu- lica pode ser calculada a partir da relago simples apresentada na Equagdo (7.47). ‘A condutividade hidréulica média de um aquifero confinado pode também ser determinada pela realizagdo de teste de bombeamento a partir de um pogo com camisa perfurada que penetra por toda a profundidade do aquifero, Observa-se o nivel piezométrico em alguns pocos a diferentes distancias radiais (Figura 7.22). O bombeamento é mantido a uma taxa uniforme q até que um regime estével seja atingido. Devido a possibilidade de a gua entrar no pogo de ensaio apenas a partir do aquifero de espes- sura H, a percolagao em regime estavel = (4 2nrH (7.48) 170 = Fundamentos de engenharia geotécnica _———— rile nt Nivel piezométrico ‘Nivel piezométrico antes do bombeamento durante 0 bombeamento i Camada impermeavel [1] Pogo de ensaio Aquifero confinado LE Pogos de observagiio Figura 7.22 Ensaio de bombeamento em um pogo que penetra até a profundidade total de um aquifero confinado ou [epee Isso determina a condutividade hidraulica na diregao de fluxo da seguinte forma hi logo (‘| “< 2, 727H(h, — hy) (7.49) Condutividade hidrdulica in situ de solos argilosos compactados Daniel (1989) realizou uma excelente revisdo de nove métodos para calcular a condutividade hidréu- lica in situ de camadas de argila compactadas. Trés desses métodos so descritos. Permeametro de Boutwell Um diagrama esquematico do permeametro de Boutwell é mostrado na Figura 7.23. Primeiro € feito um furo ¢ instalada uma camisa (Figura 7.23a). A camisa é preenchida com Agua e é realizado um ensaio de permeabilidade com carga variavel. Com base nos resultados do ensaio, a condutividade hidrdulica k, é calculada por Permeabilidade 171 (7.50) D = diametro da camisa -arga no instante f, carga no instante ¢, Apés determinar a condutividade hidréulica, 0 furo é aprofundado pela sondagem e 0 permed- metro é remontado como mostra a Figura 7.23b. Um ensaio de condutividade hidréulica com carga variével é realizado novamente, A condutividade hidréulica é calculada por i = Sin 4] (751) onde is LG Al=d?\inl\—+ J1+|— + yitls (7.52) pt =e = & —1)| 1—0,5620xp[-157/= (7.53 a , pl-1 57/5 53) ‘A anisotropia com relagdo a condutividade hidraulica ¢ determinada pela Figura 7.24, que é um grifico de k,/k, em fungdo de m(m = ky /ky ) para varios valores de L'/D. A Figura 7.24 pode ser usada para determinar m usando os valores expetimentais de k,/k, € L//D. Os graficos nesta figura so determinados a partir de k __nf@/D + y 14+(L'D)"] =n (7.54) Ky An[(nb/D + J 1+ (mL'/DY'] de Figura 7.23. Ensaio de permeabilidade com Bl argilacompactada HH Argamassa © Camisa permeametro de Boutwell 172 Fundamentos de engenharia geotécnica LID=1,0 15 2,0 Figura 7.24 Variagao de ky/k, com m kalky [Equaciio (7.54)] Assim que m é determinado, podemos calcular ky = mk, (7.55) e k kya (7.56) m Permeémetro de furo de carga constante A Figura 7.25 mostra um permeametro de furo de carga constante. Desta forma, uma carga constante h & mantida pelo fornecimento de Agua, e a vazdo q é medida. A condutividade hidraulica pode ser calculada por Tega Ee esac dene (7.57) VR -1[F + (F/A) onde ee (7.58) r 4,117(1 — R) oe 7.59) In(R + VR? —1) [1 - (wR?) Ce 4,280 SS (7.60) In(R+ VR? -1) vid A" =—ar (7.61) Os valores tfpicos de a variam de 0,002 a 0,001 cm para solos finos.

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