Capitulo 14 Empuxo Lateral Curvo

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Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva No Capitulo 13, consideramos a teoria de Coulomb para o empuxo de terra, na qual o muro de arrimo considerado era rugoso. As superficies de ruptura potenciais no aterro eram consideradas planas. Na realidade, a maioria das superficies de ruptura no solo é curva. Existem varios casos Nos quais a suposicao de superficies de ruptura planas no solo pode fornecer resultados inseguros, tais como a estimativa do empuxo passivo e dos cortes escorados, Este capitulo descreve os pro- cedimentos para estimativa do empuxo passivo e do empuxo lateral de terra em cortes escorados com base em superficies de ruptura curvas no solo. Muros de arrimo com atrito Em condigées reais, os muros de arrimo so rugosos € as forgas de cisalhamento so geradas entre a superficie do muro e o aterro, Para entender o efeito do atrito do muro sobre a superficie de ruptura, vamos considerar um muro de arrimo rugoso 4B com aterro granular horizontal, como mostra a Fi. gura 14.1, No caso ativo (Figura 14.1a), quando o muro AB se move para uma posigao 4’B, a massa de solo na zona ativa serd estendida para fora. Isso causaré um movimento descendente no solo, em relagio ao muro. Este movimento causa uma forga de cisalhamento para baixo no muro (Figura 14,1b); isto € chamado de atrito positive do muro no caso ativo. Se é! & 0 angulo do atrito entre 0 muro ¢ o aterro, entéo o empuxo ativo resultante P, formar uma inclinag&io com um angulo 6’ em relagio a normal da face posterior do muro de arrimo. Estudos avangados mostram que a superficie de ruptura no aterro pode ser representada por BCD, como mostrado na Figura 14.12. A parte BC é curva e a parte CD da superficie de ruptura 6 uma linha reta. O estado ativo de Rankine existe na zona ACD. Sob certas condigdes, se o muro mostrado na Figura 14.1a € forgado para baixo em relagio 20 aterro, a diregio do empuxo ativo P, mudaré conforme mostra a Figura 14.c. Esta é uma situagio na qual ha atrito negative do muro (~6') no caso ativo. A Figura 14.1c também mostra a natureza da superficie de ruptura no aterro. O efeito do atrito do muro no estado passivo 6 mostrado nas Figuras 14.1d e 14.le, Quando o muro AB ¢ empurrado para uma posigo 4’B (Figura 14.14), o solo na zona passiva ser comprimido. O resultado seré um movimento para cima do solo em relagao ao muro. Este movimento causaré um cisalhamento para cima no muro de arrimo (Figura 14.1e). Isto é chamado de atrito positivo do muro no caso passivo. O empuxo passivo resultante P, ficaré inclinado com um angulo de ¢ em relago a normal da face posterior do muro. A superficie de ruptura do solo possui uma porgdo inferior curva BC e uma porgdio superior reta CD. O estado passivo de Rankine existe na zona ACD. Se, por meio de uma forga, o muro mostrado na Figura 14.1d for forcado para cima em relagdo a0 aterro, entdo a diredo do empuxo passivo P, seré alterada, como mostra a Figura 14,1£. Isso é chamado de atrito negativo do muro no caso passivo (~6"). A Figura 14.1f também mostra a natureza da superficie de ruptura no aterro em tais condigdes. Para consideragdes praticas, no caso de um aterro granular fofo, o angulo de atrito do muro 6! considerado igual a0 angulo do atrito do solo, 9’. No caso de aterros granulares compactos, 6! é menor que @ e esti na faixa de $'/2 < 8 < (2/3)d!. 447 448 Fundamentos de engenharia geotécnica Angulo de atrito do solo = (©) Caso ative (-8') gulo de atrito do solo = of (@) Caso passivo (+6) ‘Angulo de atrito do solo = ¢/ (f) Caso passivo (-’) Figura 14.1 Efeito do atrito do muro na superficie de ruptura ) © Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva 449 A suposicgao de uma superficie de ruptura plana fornece resultados razodveis para 0 calculo do empuxo de terra ativo. Porém, a suposigio de que a superficie de ruptura é um plano, na teoria de Coulomb, superestima de modo grosseiro a resisténcia passiva do muro, especialmente para 6’ > 0/2. Propriedades de uma espiral logaritmica O exemplo de empuxo passivo mostrado na Figura 14.1d (no caso de + 6") é a situagdo mais comum encontrada no projeto e na execugo da obra. Além disso, a superficie de ruptura representada por BC na Figura 14.1d geralmente considerada como um arco de uma espiral logaritmica, De mancira similar, a superficie de ruptura do solo no caso de cortes escorados (Seges 14.8 a 14.9) também é considerada um arco de uma espiral logaritmica. Por isso, algumas ideias titeis relacionadas as pro- priedades de uma espiral logaritmica serio mostradas nesta segio. Accquaco de uma espiral logaritmica geralmente usada na resolucdo de problemas de mecénica dos solos é da seguinte forma rarest (14.1) ‘onde r= raio da espiral rr, = raio inicial em @=0 / = angulo de atrito do solo 0 = Angulo entre rer, parametros basicos de uma espiral logaritmica so mostrados na Figura 14.2, na qual O é 0 centro espiral. A érea do setor O4B é dada por A= af; *Lrtrdt) (14.2) Figura 14.2 Parfimetros gerais de uma espiral logaritmica — 450 Fundamentos de engenharia geotécnica Substituindo-se os valores de r da Equago (14.1) na Equagao (14.2), obtemos = 712200! A= fone a _fe2 ~ 4tge" a ‘A localizagio do centroide pode ser definida pelas distincias mi e 7 (Figura 14.2), medidas de OB, respectivamente, e podem ser obtidas pelas seguintes equagdes (Hijab, 1956): rn . 7 | Gtge'send — cost) +1 ceed ted! mn 3” Owe! +) Ale G ie (:] — 3ig¢'sen — cosé eee |e) eee @ 3° Og?’ +1) [: } ; To Outra propriedade importante da espiral logaritmica definida pela Equac2o (14.1) € que q linha radial forma um angulo ¢/ com a normal da curva tragada no ponto onde a linha radial int a espiral. Esta propriedade basica é particularmente itil para resolver problemas relacionados empuxo lateral da terra. EMPUXO PASSIVO DA TERRA Procedimento para a determinacéo do empuxe passivo de terra (P,) - Aterro sem coeséo A Figura 14.1d mostra a superficie de ruptura curva de um aterro granular em um muro de arrimo. altura H. A resisténcia ao cisalhamento do aterro granular ¢ expressa como T= 0 eg! @ A parte inferior da curva BC na cunha de ruptura é um arco de uma espiral logaritmica, de! pela Equacio (14.1). © centro da espiral logaritmica se localiza na linha CA (nio necessari dentro dos limites dos pontos C e A). A porgao superior CD é uma linha reta que gera um An, (45 — 91/2) graus com a horizontal. O solo na zona ACD esti no estado passivo de Rankine. ‘A Figura 14.3 mostra os procedimentos para avaliar a resisténcia passiva através de cunhas: tativas (Terzaghi e Peck, 1967). Primeiro, o muro de arrimo € desenhado em escala,como mostra & gura 14.3a. A linha C,4 6 tragada de tal forma que cria um Angulo de (45 — ¢//2) graus com a suy do aterro. BC,D, é uma cunha tentativa na qual BC, é o arco da espiral logaritmica. De acordo equagio r, = r,¢"8*, O, € 0 centro da espiral. (Observagdo: O,B = r, e OC, =r, € ZBO,C, = veja a Figura 14.2.) Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva 451 Solo granular @) ‘Tentativa 2 Tentativa 1 ee os Tentativa 3 © Figura 14.3. Empuxo passivo de terra sobre o muro de arrimo com superficie de ruptura curva Agora, vamos considerar a estabilidade da massa de solo ABC, C’, (Figura 14.36). Para atingir 0 equilibrio, as seguintes forgas por unidade de comprimento do muro devem ser consideradas: 1, O peso do solo na zona ABC,C\ = W, = (7)(Area de ABC,C1)(1). 2. A supeficie vertical C,C; esté na zona do estado passivo de Rankine. Portanto, a forca que atua nesta face & 452 Fundamentos de engenharia geotécnica = hares +2 ( Pag) = 51d tg? 45 +S) onde d, = C,Cj. P,,, atua horizontalmente a uma disténcia de d,/3, medida verticalmente cima a partir de C,- . F, éaresultante das forgas de cisalhamento e normal que atuam ao longo da superficie de mento BC,. Em qualquer ponto da curva, de acordo com a propriedade da espiral logaritmica, linha radial forma um angulo 4! com a normal. Como a resultante F, forma um angulo ¢” normal a espiral em seu ponto de aplicag&o, sua linha de aplicago coincidiré com uma linha: € cruzara 0 ponto O,. . P, & 0 empuxo passivo por unidade de comprimento do muro. Ela age a uma distincia de ‘medida verticalmente a partir da base do muro. A diregdo da forga P, fica inclinada em um 4 6 em relagdo 4 normal a superficie posterior do muro. Agora, considerando os momentos de W,, Pj,» F, € P, em relagdo ao ponto O,, para equilibrio, temos WUbrayl + Pacylli] + Fy0] = PUpgy] ¢ ou 1 R= [Mra + Peay] 0) Na qual Ly fy & mq 840 08 vetores dos momentos das forgas W7,, Pia, ¢ P, respectivamente. © procediment» anterior para determinar 0 empuxo passivo por unidade de com muro é repetido para varias cunhas tentativas, tais como as mostradas na Figura 14.3c. Sejam Py, ..., P,, as forgas que correspondem as cunhas tentativas 1, 2, 3, ..., 2, respectivamente. As sio tragadas em um grifico em escala, como é mostrado na parte superior da figura. Uma curva: € tragada através dos pontos 1, 2, 3, ..., . O ponto mais baixo desta curva define o empuxo real P, por unidade de comprimento do muro. Coeficiente do empuxo passivo da terra (K,) Com relagéio ao muro de arrimo com aterro granular (c ' = 0), mostrado na Fig. 14.3, 0 passivo de terra K, pode ser expresso como 2 KyyH a ou A seguit, é mostrado um resumo de resultados obtidos por diversos pesquisadores. Procedimento de Terzaghi e Peck Usando 0 procedimento de Terzaghi e Peck (1967) descrito na Segio 14.3, 0 coeficiente do passivo da terra pode ser avaliado por varias combinagGes de 6, 6! e ¢/. A Figura 14.4 mostra: gio de K, para ¢” = 30° e 40° (para # = 0) com &. Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva 453 0 10 20 30 40 & (grau) Figura 14.4 Variagio de K, com ¢/ ¢ & baseado no procedimento de Terzaghi e Peck (1967). (Observacao: 0 = 0.) (Baseado em Terzaghi e Peck, 1967.) Solucao pelo método de fatias Shields e Tolunay (1973) aprimoraram a solugdo da cunha de prova descrita na Seco 14.3 usando 0 método de fatias, para considerar a estabilidade da cunha tentativa do solo tal como em ABC, Cj, na Fig. 14.3a. Os detalhes desta andlise esto além do escopo deste livro. Porém, os valores de K,, (coefi- ciente de empuxo passivo da terra) obtidos por este método so mostrados na Fig. 14.5. Observe que estes valores de K, mostrados na Fig. 14.5 sdo para muros de arrimo com a face posterior vertical (isto & @=0 na Fig. 14.3) suportando um aterro granular com uma superficie do solo horizontal. Solueao pelo método de fatias triangulares Zhu e Qian (2000) usaram 0 método de fatias triangulares (tal como na zona de ABC, na Fig. 14.3a) para obter a vatiagao de K,, De acordo com suas andlises =Kyr of (14.12) onde K, = coeficiente do empuxo passivo para um dado valor de 6, 6"! K,¢@.=o) = Xp para um dado valor de 6, ¢', com & = R = fator de modificago, que é uma fungio de ¢', @ 6/6" As variagdes de Kg _ ») Sao dadas na Tabela 14.1. Os valores interpolados de R séo mostrados na Tabela 14.2. 454 — Fundamentos de engenharia geotécnica Figura 14.5 K, baseado nas aniilises Shields e Tolunay (Observacéo 6 = 0.) 20 25 30 35 40 45 (Baseado nas anilises de Shields Angulo de atito do solo, (grau) e Tolunay.) Tabela 14.1 Variagio de Kg q) [Consulte a Equagio (14.12) ¢ a Figura 14.3a]" v 8 (graus) (graus) 30 25 20 15 70 5 0 20 1,70 1,69 172 1,77 1,83 1,92 2,04 21 1,74 1,73 1,76 1,81 1,89 1,99 2,12 2 1,77 477 1,80 187 1,95 2,06 2,20 2B 1,81 181 1,85 1,92 2,01 2,13 2,28 24 1,84 1,85 1,90 197 2,07 221 237 25 1,88 1,89 1,95 2,03 214 2,28 2,46 26 191 1,93 1,99 2,09 2,21 2,36 2,56 27 1,95 1,98 2,05 2,15 2,28 2,45 2,66 28 1,99 2,02 2,10 221 2,35 2,54 271 29 2,03 2,07 2,15 227 2,43 2,63 2,88 30 2,07 211 2,21 2,34 2,51 2,73 3,00, 31 211 2,16 227 241 2,60 2,83 3,12 32 2,15 221 2,33 2,48 2,68 2,93 3,25 3 2,20 2,26 2,39 2,56 277 3,04 3,39 34 2,24 2,32 2,45 2,64 2,87 3,16 353 35 2,29 2,37 2,52 2,72 2,97 3,28 3,68 36 2,33 2,43 2,59 2,80 3,07 341 3,84 37 2,38 2.49 2,66 2,89 3,18 3,55 401 38 2,43 2,55 2,73 2,98 3,29 3,69 419 39 2,48 2,61 281 3,07 341 3,84 438 40 2,53 2,67 2,89 317 3,53 4,00 459 41 2,59 2,74 2,97 3,27 3,66 4,16 4,80 42 2,64 2,80 3,05 3,38 3,80 434 5,03 43 2,70 2,88 3,14 3,49 3,94 452 527, 44 2,76 2,94 3,23 3,61 4,09 4,72 5,53 45 2,82 3,02 3,32 3,73 4,25 4,92 5,80) “Baseado em Zhu e Qian, 2000 Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva 455 Tabela 14.2 Variagdo de R [Equagao (14.12)] 6 R para ¢ (graus) (oraus) 8/6 30 35 40 0 0.2 12 1,28 1,35 04 14 16 18 0.6 1,65 1,95 24 0.8 1,95 24 3,15 1,0 22: 2,85 3,95 5 02 12 1,25 1,32 04 14 1,6 18 0.6 16 19 2,35 0.8 19 2,35 3,05 1,0 215 2.8 3.8 10 0.2 1,15 12 13 04 1,35 15 uy 0.6 16 1,85 2,25 0.8 18 2,25 29 1,0 2,05 2,65 36 15 0,2 1,15 12 13 04 1,35 15 1,65 06 155 18 2g 0.8 18 22 28 10 2.0 2.6 34 20 0.2 115 12 13 04 1,35 1,45 1,65 0.6 15 18 2 08 18 ail 26 1,0 19 24 32 45 1,45 22 32) 445 61 14 24 3.0 43 51 14 20 29 40 53 1,35 1,95 27 38 4,95 1,35 19 2.6 3,55 48 Exemplo 14.1 Considere um muro de arrimo de 3 metros de altura (#1), com a face vertical posterior (6 = 0°) ¢ um aterro granular horizontal. Dados: -y = 15,7 kN/m’, 6” = 15° e 6! = 30°. Estime o empuxo passivo P, utilizando a. Teoria de Coulomb b. Teoria da cunha de Terzaghi e Peck c. Solugdo de Shields e Tolunay (método das fatias) d. Solugo de Zhu e Qian (método das fatias triangulares) Solugado Parte a Da Equagao (13.70), 2 P, =1K 9H (continua) 456 Fundamentos de engenharia geotécnica Da Tabela 13.9, para ¢’ = 30° e &’ = 15°, o valor de K, € 4,977. Portanto, P= 4977) 05,NE" = 351,6 kKN/m Parte b Da Fig. 14.4, para ¢ = 30° e & = 15°, 0 valor de , & aproximadamente 4,53. Portanto, P, = 2)(4,53)(15,7) @ = 320 KN/m 1 2 Fo Kee Da Figura 14.5, para g/ = 30° ¢ 6 = 15°, (isto € 6/¢! = 0,5) 0 valor de K, € 4,13. Logo, ld GJemasno? = 292 KN/m Parte d Da Equagio (14.12), K=Kyy of Para $! = 30° e 0 =0, Ky _ € igual a 3,0 (Tabela 14.1). Novamente, para 0 = 0¢ 6/6! = valor de R é aproximadamente 1,52. Assim, K, = (3)(1,52) = 4,56. P, = (4)(4,56)(15,7)(3)* = 322 N/m Empuxo passivo sobre muros combinado c forcas sismicas A relagdo para o empuxo passivo sobre muros de arrimo com aterro granular horizontal e terior vertical sob condigdes sismicas foi avaliada por Subba Rao e Choudhury (2003) por uma abordagem pseudoestatica para 0 método de equilibrio limite. A superficie de ruptura presumida na andlise, foi similar aquela apresentada na Fig. 14.3 (com 0 = 0; isto é, face vertical). Foram usadas as seguintes notagdes na anélise A’ =altura do muro de arrimo P,. = empuxo passivo por unidade de comprimento do muro g! = Angulo de atrito do solo 6 = Angulo de atrito do muro __ componente horizontal da aceleragio sismica a aceleracio da gravidade, g , = Somponente vertical da acelerapo sismica ky Empuxo lateral de terra: superticie de ruptura curve base nesta analise, 0 empuxo passivo P,, pode ser expresso como 1 rte Saar (14.13) nde K, = coeficiente de empuxo passivo de terra na dirego da normal, em relago a0 muro. Kye) uma fungdo de k, ¢ k, As variagées de K,, .» para 6/4! = 0,5 e 1 sio mostradas na Fi- 2 1476" pressio passiva P,, ficaré inclinada com um angulo de 4’ em relagio a face posterior do 0 e atuaré a uma distancia de H/3 acima da base do muro. ORTES ESCORADOS Cortes escorados — Conceitos gerais ‘om frequéncia, durante a construgdo de fundacdes ou estruturas de servigo piblico (tais como redes de esgoto), sto abertas valas a céu aberto com paredes de terra verticais. Embora a maioria destas va- las seja tempordria, as faces dos cortes devem ser apoiadas por sistemas de escoramento adequados. Figura 14.7 mostra um dos varios sistemas normalmente adotados em construgdes. Os sistemas de escoramento consistem em estacas-prancha, longarinas e escoras. O projeto adequado destes elementos requer 0 conhecimento sobre 0 empuxo lateral de terra aplicado sobre paredes escoradas. A magnitude do empuxo lateral de terra a varias profundidades do corte € muito influenciada pelas deformagdes das pranchas. Para entender a natureza da deformagio em paredes escoradas, é necessério acompanhar a sequéncia de construgdo, que comega com a cra- ago das pranchas. A fila superior de longarinas e escoras (indicadas pela letra A na Figura 14.7a) Kpye) Kove) me Fig 14.6 Ve do de K,, Old! =1; oy: igura ariagho de Kai (@) 616! = 150) 458 Estaca-prancha igura 14.7 Corte escorado: (a) seo transversal; (b) planta (segao em X—X) 6 instalada apés a abertura de um pequeno corte. Este processo deve ser executado imediatan de modo que nao haja tempo para que a massa de solo fora do corte se deforme, fazendo com pranchas cedam. A medida que 0 processo de cravagdo das pranchas, escavagio do solo e instal das filas de longarinas e escoras continua (veja B e C na Figura 14.7), as pranchas se deslocam dentro, a profundidades maiores. Este movimento ¢ causado pela pressio de terra maior apli pelo solo extemno ao corte. A deformagio das paredes escoradas é mostrada pelas linhas traceja Figura 14.7a, Basicamente, o problema cria uma condigao na qual os muros giram em tomo do’ da fila superior de escoras. As Figuras 14.8a e 14.8b sdo fotografias de dois cortes escorados — ux Seul, Coreia do Sul, e 0 outro em Taiwan. @ Figura 14.8 Cortes escorados: (a) em Seul, Coreia do Sul (Cortesia de E. C. Shin, Universidade de Incheon, Coreia do Sul); Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva 459 ©) Figura 14.8 (continuagdo) (b) Corte escorado em Taiwan (Cortesia de Richard Tsai, C&M. Hi-Tech Engineering Co., Lid., Taipei, Taiwan.) A deformagao de uma parede escorada é diferente da condigiio de deformagio de um muro de arrimo, pois no primeiro caso, a rotago se dé em tomo do topo. Por esta razio, nem a teoria de Cou- Jomb nem a teoria de Rankine fornecem a distribuigdo real do empuxo de terra, Este fato 6 mostrado na Figura 14.9, na qual AB é um muro sem atrito com um aterro de solo granular. Quando 0 muro se Areia Espiral logaritmica @) Figura 14.9 Distribuigéo do empuxo de terra sobre um muro com rotagio em tomo do topo 460 — Fundamentos de engenharia geotécnica desloca para a posi¢&o AB’, a superficie de ruptura BC se estabelece. Como a parte superior da massa de solo na zona ABC nio se deforma suficientemente, ela ndo avanga para o estado ativo de Rankine. Asuperficie de deslizamento BC intercepta a superficie do solo a quase 90°. A pressdo de terra corres- pondente ser aproximadamente parabélica, como em acb mostrado na Figura 14.9b. Com esse tipo de distribuigdo de pressio, o ponto de aplicagao do empuxo ativo resultante P, ficaré a uma altura de nH, medida a partir da base do muro, com 7”, > 1/3 (para a distribuigdo de pressio triangular n, ="). Caleulos teéricos e medigdes de campo mostram que 1, pode ter uma altura de até 0,55. Determinacao do empuxo ativo aplicado sobre sistemas de escoramentos em cortes a céu aberto — Solo granular O empuxo ativo em sistemas de escoramentos em cortes a céu aberto pode ser estimado teoricamente por meio de cunhas tentativas e da teoria geral de Terzaghi para cunhas (1941). Os procedimentos basicos para a determinagio do empuxo ativo so descritos nesta segao. A Figura 14.10a mostra uma parede escorada 4B com altura H, que se deforma pela rotagao proxima de seu topo. A parede & considerada rugosa, com um &ngulo de atrito igual a 6”. Considera -se que o ponto de aplicago do empuxo ativo (isto é, nH) seja conhecido. A curva de deslizamento 6 considerada um arco de espiral logaritmico. Como discutido na seco anterior, a curva de desliza~ mento intercepta a superficie do terreno horizontal a 90°. Para prosseguir com a solugao através de cunhas tentativas, vamos selecionar um ponto b,. A partir de b,, & tragada uma linha ,0/, que forms um Angulo 4/ com a superficie do solo. (Observe que 4! = é 0 angulo de atrito efetivo do solo.) @ arco da espiral logaritmica, b,B, que define a curva de deslizamento para este ensaio, agora pode ser tragado com o centro da espiral (ponto O,) localizado na linha ,0’,. Note que a equago da esp logaritmica é dada por r, = r,e""*# e, neste caso, Ob, = 7, ¢ O,B = r;. Também é interessante n que a linha horizontal que representa a superficie do terreno é a normal a curva de deslizamento ponto 5, e que O,b, é uma linha radial. O Angulo entre estas linhas é igual a d’, o que esta de acc com a propriedade da espiral. Para observar o equilibrio da cunha de ruptura, vamos considerar as seguintes forgas por unit de comprimento da parede escorada: 60 peso da cunha ABB, = (Area de ABb,) x (1) x (1). © empuxo ativo atuando no ponto n,H, medido verticalmente para cima a partir da base corte e inclinado a um angulo de 6’ em relagGo & horizontal. + F,=€aresultante das forgas de cisalhamento e normal, que atuam ao longo da superficie da de ruptura. A linha de atuagdo da forga F, passara pelo ponto O,. ‘Agora, considerando os momentos destas forcas em cerca de O,, obtemos Willy) + FO = Pill, 0 rel ou Mibway bay R= onde fy., € lp) SH0 08 vetores dos momentos das forcas W, ¢ P,, respectivamente. Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva 461 BY lent a Tentativa 3 Tentativa 1 Tentativa 2 (b) Figura 14.70 Determinago do empuxo ativo sobre o sistema de escoramentos nos cortes a céu aberto em solos no coesivos Este procedimento para encontrar 0 empuxo ativo pode agora ser repetido para varias cunhas, tais como ABb,, ABb,, ..., ABb, (Figura 14.10b). Note que os centros dos arcos das espirais logaritmi- cas ficario posicionados sobre as linhas b,b), ,b4, ..., b,b/, respectivamente. Os empuxos ativos P,, Py P,, ..5 P, obtidos das cunhas de prova so expressos graficamente e em escala na porgo superior da Figura 14.10b. O ponto maximo da curva continua tragada que passa por estes pontos determinaré ‘0 empuxo ativo maximo desejado, P.,, na parede escorada. Kim e Preber (1969) determinaram os valores de P./0,5-yH? para diversos valores de escavagdes escoradas de ¢/, & e n,, Estes valores so mostrados na Tabela 14.3. Em geral, a magnitude média de P, é cerca de 10% maior quando a rotagiio do muro ocorre préxima de seu topo e quando comparada com os valores obtidos pela teoria do empuxo ativo de Coulomb. 462 Fundamentos de engenharia geotécnica Tabela 14.3. P.J0,5-yH? em relagio a $/, & en, (c! = 0) para cortes escorados” PJO.Soh ¥ a vy a (graus) (graus)_7,= 0.3m, 7,=0,5 ,=0,6 (graus) (graus) 10 0 0653 0,734 0840098335 0 5 0,623 0,700 0,799 0,933 5 100,610 0,685—0,783 0,916 10 15 0 0542 0,602 0,679 0,778 15 5 0518 0575 0,646 0,739 20 10 0505 0,559 0,629 0,719 25 1s 0499 0,554 0,623,714 30 20 0 0,499 0495-01. 0,622 35 5 0,430 0473-0526 0,593 40 100,419 0,460 0,511 0,575 5 150413 0,454 0,504 0,568 10 20 0,413 «0,454 0,504 0,569 15 25 0 0371 040s 0,447 0,499 20 5 0356 0389 «0,428 0,477 25 10 0347-0378 (0,416 (0,464 30 150342 03730,410 0,457 35 20 0341 0372 0,409 0,456 40 25° 0344 ©0375-0413 046145 0 30 0 0304 0,330 0,361 0,400 5 5 0,293 0,318 0,347 0,384 10 100,286 0310-0339 0,374 15 15 0282 0,306 0,334-—(0,368 20 20 0,281 0305 0,332 0,367 25 25 0,284 ~—0,307-0,335.-—0,370 30 30 0.289 031304341 0,377 38 40 45 * Segundo Kim ¢ Preber, 1969. Com permissio da ASCE. Determinagao do empuxo ativo aplicado sobre sistemas de escoramentos em cortes — Solo coesivo Utilizando os principios da teoria geral da cunha, podemos determinar o empuxo ativo aplicado sol sistemas de escoramentos em cortes feitos no solo c! ~ ¢/. A Tabela 14.4 fornece a variagao de P, forma adimensional para diversos valores de /, 8, n, ¢ ¢!/H. Variacao da pressdo para projetos de pranchas, escoras e longarinas empuxo ativo aplicado as pranchas em um corte escorado, calculado com base na teoria geral da cunha, no explica a variagdo da pressdo de terra com a profuundidade, a qual deve ser conhecida para Tabela 14.4 Valores de P,/0,5>? para corte em um solo c'-d', supondo (graus) gai 10 15 of = 20° of = 30° 10 15 20 25 30 “Segundo Kim e Preber, 1969. Com permissio da ASCE. Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva que c’, = c' (tg ditg chin 0,254 0,214 0,187 0,169 0,191 0,160 0,140 0,122 0,113 0,138 0,116 0,099 0,085 0,074 0,065 0,093 0,078 0,066 0,056 0,047 0,036 0,029 0,285 0,240 0,210 0,191 0,210 0,179 0,156 0,127 0,124 0,150 0,128 0,110 0,095 0,083 0,074 0,103 0,086 0,073 0,060 0,051 0,042 0,322 0,270 0,238 0,218 0,236 0,200 0,173 0,154 0,140 0,167 0,141 0,122 0,106 0,093 0,083 0,113 0,094 0,080 0,067 0,056 0,047 0,038 463 a elaboracao do projeto. Uma diferenca importante entre os sistemas de escoramentos utilizados nos cortes a céu aberto ¢ nos muros de arrimo é que estes se rompem como um elemento tinico, enquanto ‘os escoramentos em um corte a céu aberto sofrem rupturas progressivas nas quais uma ou mais esco- ras se rompem ao mesmo tempo. Peck (1969) tragou diagramas empiricos de resultados referentes as pressdes laterais empiricas sobre pranchas para projetos de sistemas de escoramentos. Esses diagramas de pressiio para cortes em areia, em argila de mole a média e em argila rija sio mostrados na Figura 14.11. As cargas nas escoras podem ser determinadas, supondo-se que os elementos verticais sio articulados em cada nivel de es- coras, exceto nos niveis superior ¢ inferior (Figura 14.12). O Exemplo 14.2 ilustra os procedimentos de cAlculo para cargas nas escoras. 464 — Fundamentos de engenharia geotécnica Figura 14.17 Diagramas de pressio de Peck para projeto Bi Areia ©) Argila mote a média HB Argilarija de sistemas de escoramento Figura 14,12 Determinagio de cargas ‘nas escoras com base nos diagramas cempfricos de empuxo lateral Exemplo 14.2 Um corte escorado em areia com 7 m de profundidade ¢ mostrado na Figura 14.13. Na planta, escoras esto posicionadas a s = 2 m, de um centro a outro. Usando o diagrama da pressio et rica de Peck, calcule as cargas das escoras. Solugao Consulte a Figura 14.11a, Para o diagrama do empuxo lateral da terra, 2 ¢ 2 30 2 4 = 0,65yH tg [45 —F| = (0,65)16) te" [45 — 24,27 Kim ‘Assuma que a prancha é articulada no nivel da escora B. Agora, consulte o diagrama na Fi 14.14, Precisamos encontrar as reagées em A, B,, B, e C. Considerando 0 momento em B,, Dae ex2noz} A= 54,61KNim. Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva 465 j-—___—_ sm —___+ Areia g=3P y= 16 KN Figura 14.13 Corte escorado em areia By T Im 4 Gi 2m By Figura 14.14 Célculo das cargas de escoras a partir das envolt6rias de pressio Assim, B, = (24,27)(3) ~ 54,61 = 18,2 KN/im _ Novamente, considerando o momento em B,, temos 2C = (24,27) off) C = 97,08 kN/m (continua) 466 Fundamentos de engenharia geotécnica Logo, (24,27) (4) - 97,08 = 0 As cargas nas escoras sao: No nivel A: (4)(s) = (54,61)(2) = 109,22 kN No nivel B: (B, + B,)(s) = (18,2 + 0)(2) = 36,4 KN No nivel C: (C)(s) = (97,08)(2) = 194,16 kN . Resumo e consideragées gerais Este capitulo aborda dois tépicos principais: + Acstimativa do empuxo passivo, utilizando superficie de ruptura curva no solo. * Océlculo do empuxo lateral de terra em cortes escorados por meio da teoria geral da cunha ¢ das envoltérias de pressio para o projeto de escoras, longarinas ¢ estacas-prancha. Os célculos do empuxo passivo que utilizam superficies de ruptura curvas so essenciais nos casos em que 6’ > $//2, pois a suposigao de superficies de ruptura planas fornece resultados inseguros para 0 projeto. Nos casos de cortes escorados, embora determine 0 empuxo por unidade de comprimento do corte, a teoria geral da cunha no fornece nenhuma informago sobre a natureza da distribuigdo da pressiio de terra em fungio da profundidade. Por este motivo, as envoltorias de pressio so necessé- rias para a execugao do projeto. 14.1 14,2 14.3 14.4 14.5 14.6 14.7 14.8 Problemas- Consulte o muro de arrimo mostrado na Figura 14.15. Dados: 9 = 10°, a =0,7= 15,5 kN/m’, @ = 35°, = 21° H = 6m. Estime o empuxo passivo P, por unidade de comprimento do muro. Use as Tabelas 14.1 e 14.2. Consulte a Figura 14.15, Dados: H = 4,75 m, +7 = 15,72 kNim, ¢/ = 30°, = 3 J,a=06 4=0. Caleule o empuxo passivo por unidade de comprimento do muro usando a Figura 14.5. Resolva o Problema 14.2 usando as Tabelas 14.1 ¢ 14.2. Consulte a Figura 14.15. Dados: = 0, a = 0°, H=2,5 m, ¢/ = 30°, =20° e-y= 14,8 kN/m’. Calcule o empuxo passivo por unidade de comprimento do muro usando a Figura 14.4, Consulte a Figura 14.3a, Dados: H = 5 m,7= 16 KNim’, ¢’ = 30°, = 15°, k,=0ek,= 0,3. Calcule P,, para 0 muro de arrimo (Segao 14.5). ‘Um muro escorado é mostrado na Figura 14.16. Dados: H = 5 m,n, = 2m, ¢! =35°, = 20°, y= 16kNim’ ec’ = 0. Determine o empuxo ativo, P., no muro utilizando a teoria geral da cunha. Repita o Problema 14.6 com os seguintes dados: H = 15,6 m, nH = 4,68 m, y= 18 kN/m?, tg6! GP = 20°, & = 15° ec! = 28 kN/m?. Assume £2 = ce’ tag! A levacao ¢ a planta de um sistema de escoramento para um corte a céu aberto em areia sio mostradas na Figura 14.17. Assumindo que 7,,.;, = 16,51 kN/m} e ¢’ = 38°, determine as cargas nas escoras. Empuxo lateral de terra: superficie de ruptura curva 467 Figura 14.16 Escoras ~ 2,44m de centro a centro (a) Segio Figura 14.17 468 — Fundamentos de engenharia geotécnica Huan, W. A Note on the Centroid of a Logarithmic Spiral Sector, Geotechnique, v. 4, n. 2, p. 96-99, 1956. Kan, J. S.; Preser, T. (1969), Earth Pressure Against Braced Excavations, Journal of the Soil Mechanics and ‘Foundations Division, ASCE, v. 95, n. SM6, p. 1581-1584, 1969. Peck, R. B. Deep Excavation and Tunneling in Soft Ground, Proceedings, 7th International Conference on Soil ‘Mechanics and Foundation Engineering, Mexico City, State-of-the-Art v. 225-290, 1969. ‘Suretps, D. HL; Tolunay, A. Z. Passive Pressure Coefficients by Method of Slices, Journal of the Soil Mechanics and Foundations Division, ASCE, v. 99, n. 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