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Tarefa Guerra Civil Espanhola
Tarefa Guerra Civil Espanhola
UNIVERSIDADEDOESTADODESANTACATARINA
CENTRODECIÊNCIASHUMANASEDAEDUCAÇÃO
DEPARTAMENTODEHISTÓRIA
TÓPICOSESPECIAIS–SEMINÁRIOSEMHISTÓRIAEÁREASAFINSII:
HistóriadaGuerraCivilEspanhola(1936-1939)
Docente:GeorgeFellipeZeidanVilelaAraújo
Discente:LuizGabrielRibeiroLocks
Tarefa
4–OsiníciosdaGuerraCivilEspanhola(1936-1937):
●Aponte como a Espanha
se
encontrava
social
e politicamente
dividida
nos
inícios
da
Guerra
Civil
Espanhola
e caracterize
os
dois principais
grupos
antagônicos
(“republicanos”
e
“nacionalistas”).
5–OclimaintelectualeculturalduranteaGuerraCivilEspanhola:
●O que foram as
Brigadas
Internacionais?
Disserte
sobre
sua
atuação
e seus
impactos
naGuerraCivilEspanhola.
Para explicitamos algumas das formas que infligiram instabilidade ao contexto
espanhol da época, no imediato antecedente a Guerra Civil que alastrou-se pelo país,
devemos, ao menos, retomar até o ano
de
1931
com
a institucionalização
da
República
e,
a
inaugural
vitória
por
vias
eleitorais
de
Republicanos.
Estes
últimos,
são
sem
restar
dúvidas
a
gênese
do
grupo
que,
em
1936,
pôs-se
em
armas
para
repelir
os
revoltosos
“nacionalistas”.
A
Espanha já teria passado por intensas movimentações políticas em diversas décadas, entre
abolicionismos e restauracionistas, viu a única ordem política perene de sua história ser a
Monarquia,
menos
influente
do
que
nunca
desde
a ditadura
de
Primo
de
Rivera,
contato
que
o
processo de instauração republicana
foi
até,
em
partes,
embasado
pela
elite.
De
tal
forma,
o
sentimento republicano já era, por
demais
naquele
período,
unânime
e/ou
bem
recebido
por
diversos
setores
da
sociedade nacional
na
época.
A República,
em
vista
das
classes abastadas,
poderia representar apenas um continuísmo, mas para o setores médios urbanos
“esclarecidos”, trabalhadores operários e/ou artesãos,
como
setores
agrários
empobrecidos
-
dentre esses seriam pequenos proprietários, arrendatários e/ou trabalhadores intermitentes,
tão explorados que pudessem fazer lembrar as épocas de trabalho escravizado nas remotas
colôniasespanholas-pudesseserofatorchaveparaseudesenvolvimento.
A princípio, vale estabelecer o paralelo
que
dentre
a variedade
de
óticas
pelas
quais
a
Guerra Civil Espanhola conota emoções e análises que, uma dessas, mantém-se quase que
inequívoca e incontestável,
a meu
ver.
Sendo
essa
a compreensão
de
uma
luta
entre
Espanhas,
residentes
do
mesmo
continente,
que
deflagraram
sua
beligerância
durante
o meio
do ano de
1936, poucos meses após a eleição da Frente Popular. A luta de “nós” contra “eles” foi
evidente, por ambos os
lados,
como
também,
eram
mais
matizadas
que
isso,
dado
o intenso
processo político que remonta desde o crepúsculo do século XIX para o XX no cenário
espanhol.
A
República
foi,
para
os
partidários
republicanos,
a urgente
manifestação inequívoca de
esperança
por
direitos
sociais
e políticos,
enquanto
a elite,
a princípio,
buscou
resistir
a essa
investida
dessa,
entretanto
que
desde
os
primeiros
dias,
entre
os
republicanos,
contavam
com
setores mais
radicalizados
na
sua
composição.
Esse
embate
e tal
imaginário
acerca
do
papel
da
Republica,
é exprimido
na
passagem
de
Graham
(2013,
p.
25)
“ se
muitos
católicos
viam
na República o Anticristo, para os pobres e despossuídos ela parecia ser uma fonte de
salvação messiânica", ou, em vias de maximização da violência política, e em vista dos
“lockouts” patronais por resistência às sanções da República contra a classe aristocrática,
esses, diziam aos pobres - fazendo lembrar Maria Antonieta -, “que comam a República”
(ibid). Com certeza, não o eram revolucionários, propriamente dito - estes, os ministros
socialistas
e/ou
deputados
e alcades, em
todas
as
regiões
espanholas
-,
nem
de
longe
estes
o
eram similares com a ação direta apregoada similarmente pela Confederação Nacional do
Trabalho(CNT)e/ouUniãoGeraldosTrabalhadores(UGT).
Se para os republicanos das diversas ordens a República seria a “remissão dos
pecados”, e a carta branca para o desenvolvimento moderno espanhol, enquanto para as
classes
dominantes
sua
visão
para
com
a República
alterou-se
drasticamente,
quando viu
esta
atacar
profundamente
seus
privilégios
de
classe,
por
meio
de
inúmeras
medidas
que
visavam
a
reforma
agrária
da
terra,
a legitimação
do
caráter
social
da
terra,
o distribucionismo
por
vias
de
indenização,
como
também,
o aumento
das
proteções
contra
trabalhadores
intermitentes
e
instituição de renda mínima e jornada de trabalho de 8h, com alto pagamento para horas
suplementares ao estipulado. Foi
vendo-se
a elevação
dos
ânimos
no
contexto
político,
com
as medidas secularizantes da República, seja no primeiro governo com maior composição
socialista e mais entendida a esquerda, bem como o posterior governo do Partido
Republicano
Radical,
mais
pendido
a direita
conservadora
que,
por sua vez,
empreendeu
uma
guinadaparadeterasprogressivasreformassociaisqueocorreriamnaEspanha.
A Igreja e os clérigos ainda o eram o último estamento que mantinha-se perene na
sociedade espanhola enquanto caráter da “Velha Ordem”, e viu o reformismo republicano
com maus olhos.
Entre
essas
medidas,
cujo
não
os
eram
revolucionárias,
e sim,
reformistas,
mas
o que
aponta
Preston
(1994,
p.
86),
também
não o eram
por
menos
ambiciosas,
residiam
essas:
o estabelecimento de direitos civis, a nacionalização de ferrovias, bancos,
minas e florestas, a solução para o problema agrário, a introdução do
divorcio, a construção do ensino laico e a declaração de independência
religiosadoestado.
A
contradição
urbana
x rural
também
criou
um
abismo de imaginários nacionais
que,
à
sua parte, representavam distintos setores. Regiões fortemente mais tradicionais e
influenciadas
pelo
catolicismo
viam
a modernização
como
liberalização
política,
bem
como,
como
sinônimo
de
anarquia
de
valores
e moral.
Não
só,
os setores
urbanos
viam
a República
e os republicanos como imorais e não
nacionalistas,
aqueles
que
renegavam
o que
havia
de
“espanhol” de verdade. Outro fator contribui para a formação do imaginário de
extrema-direita
que,
seria
a época,
o intento
da
República
de
firmar-se
sob
bases
solidárias e,
que, paulatinamente, colaborou para os identitarismos regionais, em contra senso do que
sempresefoiestipuladoenquantorepressãoàsregionalidadesdapenínsulaespanhola.
Dado as classes civis e religiosas, com seu entendimento de aviltamento que a
República praticava, os militares reacenderam mais uma vez a chama da insegurança no
contexto espanhol, pois seria mais uma das balizas que a República pretendia vigorar:
reformar o exército, para fins de acabar com a supervisão militar dos
governos
instituídos,
problemática
centenária
para
a questão
nacional
e,
que
desde
de
Primo
de
Rivera,
viu-se
seu
corporativismo sendo atacado. Os militares detinham para si imensa autonomia que
refletia-se numa classe social inacessível e, que reproduzia-se sob si mesma, com escolas
militares
e ingresso
de
carreira
cerceado
aos
filhos
de
militares.
Bem
como,
foi
na
perda
dos
territórios coloniais e na empreitada realizada no
Marrocos
que
o exército
pode
contar
com
um mito fundador de sua nacionalidade, como também, de uma belo treino que viriam a
exporlánosidosdoteatrodeguerrad e1936.
A
resistência
institucional
às
reformas
republicanas
não
só
criou
o anteriormente citado
imaginário de “nós” contra “eles”, em ambos os lados,
mas
também
colaborou
para
criar
o
sentimento de anarquia generalizada. Cabe a ressalva do
termo
anarquia
aqui
ser
posto
não
em
demérito
-
sonoramente,
não
seja
essa
a inserção
dada
-, e sim,
a inércia
letargia
que
teria
o
estado espanhol
em
mediar os conflitos evidentes
no
país.
Por vezes,
as
reformas
vacilavam
em ser instituídas, deixando uma massa revoltosa ao léu que, insuflada por discurso
revolucionário e sentindo na
pele
a luta
de
classes,
foram
reprimidas
em
protestos
e greves,
conquanto as
elites
viam
esse
mesmo
cenário
como
irrupção
de
uma
desordem
generalizada
no país. Em exemplificação, a empreitada frustrada em tomar o poder pela força, ocorrida
mais
ao
norte
ao
final
do
ano
de
1934,
como
também
na
Catalunha
e outras
regiões,
teve
em
seu
comando
geral
por
parte
das
forças
repressoras,
figuras
como
Franco
e o chefe
da
Guarda
Civil, Sanjurjo, que fariam ao passar menos de 2 anos, uma sublevação militar
tendo
mais
este
episódio
a contar
no
produto
do
imaginário
golpista,
muito
por
parte
dos
militares,
com
certeza.
Dado
estes
os
fatores
que
contribuíram
para
a irrupção de
uma
guerra civil
nunca
antes
vista, parte de sua explicação pode ser dada por vias do que representava o contexto
internacional da época. O período do entreguerras ficou conhecido como reafirmação de
determinados
nacionalismos,
como
também,
por
vias
do
expansionismo nipo-germanico,
que
representou para Europa, Ásia e parte da África, como ameaça a sua própria existência.
O
surgimento
do
fascismo talvez
seja
o fator
mais
relevante,
pois
esse
foi
decisivo
para
a vitória
dos
revoltosos
espanhóis
em
findados
3 anos
de
guerra
civil
ininterrupta.
Mas
há
outro
fator,
o das forças republicanas, que mesmo não logrando êxito, contaram com inúmeros apoio
estanjeironoseuladodofront.
Mesmo com o jogo de retóricas agressivas que continham os discursos de ambos os
lados,
para
Richardson
(1982,
p.
5)
foi
inesperada
a deflagração
da
guerra
tanto
internamente
como
externamente.
Antes
mesmo
da afirmação
de
uma
guerra dessa
envergadura,
bem
como
seus apoios externos e, o posterior produto morticida gerado, a guerra começou em lapsos
muito vitoriosos
para
as
forças
republicanas,
assim
como
mostra
o periódico
regional
da
CNT
na Catalunha, Solidaridad Obrera1, que já em agosto anunciava “os últimos redutos
fascistas”,eque,depoucoempouco,mostravaasbaixasrepublicanas.
Contudo, o cenário
externo
não
o era
favorável
para
as
forças
democráticas
que,
antes
mesmo
de
qualquer
intentona
golpista,
o Komintern,
desde
1934,
já
havia
previsto
suporte
e
estabelecimento
de
auxílio
aos
povos
que
lutassem
contra
o fascismo.
Apesar
de,
há
tempos,
o
mesmo
orgão
sovietologo
apreciar
a luta
institucional
como
forma
de
passagem
“breve” ao
1
Conferir o mês de agosto do periódico, disponível em:
<http://bdh.bne.es/bnesearch/Search.do?numfields=1&field1=id_publicacion&field1val=0004908050&field1Op
=AND&advanced=true&showYearItems=true&fillForm=false&sort=anho>.Acessoem:08deago.de2021.
socialismo
e,
não
mais,
a guerra
visando
a superação
da
luta
de
classes,
que tais
dispositivos
convertaram-se em apoio maciço aos rumos da beligerância espanhola. Como também,
sintetizado
por
Richardson
(1982,
p .6),
a intenção
por
detrás
da
criação
da
Brigadas,
como
a
visãoqueseuscombatentestinhamdamesmaeramporassimvistas:
(...)
para
quem lutou
nas brigadas, o problema não era
na
verdade a Espanha
e
os
espanhóis, mas o conjunto
maior das forças
ideológicas e internacionais
da época, que simplesmente encontraram uma arena conveniente para o
combate na Espanha. Nesse sentido, as
Brigadas Internacionais eram tanto
um subproduto quanto um instrumento de uma estratégia soviética
(Komintern)dealcancemundial.
Sem
dúvidas
alguma,
a Guerra
Civil
Espanhola
para
os
agentes
externos
serviu
de
um
predecessor teatro de guerra que
ensaiou-se
as
forças
internacionais
que
vieram
ao
conflito
generalizadoapartirde1939,ou,pelaGuerraPatriótica(1941-45).
Embora
o apoio
externo
foi
determinante,
segundo
algumas
óticas,
o que
resolveu
sim
o conflito foram
as
idas-e-vindas
internas.
A desorganização
por
parte
da
esquerda,
que
não
lidou
bem
com
o apoio
externo,
bem
como
sua
fragmentação
representava
uma
falta
de
norte,
pois, aqueles revolucionários armados que faziam frente aos revoltosos nacionalistas, não
detinham de matéria programática
para
conquistar
corações.
Até
o predecessor
momento
da
deflagração da Guerra, suas aspirações estavam por vezes refletidas na República, com
insatisfações para a mesma e sua incapacidade de resolver conflitos, expresso nos hinos
revolucionários
que
chamavam
o presente
governo
republicano
de gobierno di hambre, como
expressa
a letra
da
famosa
música
A la
huelga
(à
luta).
Ou
pelo
verso
de
outra
música,
Si
me
quieres escribir, que diz sobre um combatente que representa sua luta por emancipação
políticaebuscapormelhorescondiçõesdevida,detalforma:
“Simiquieresescribir,
yasabesmiparadero//
Enlafrentedebatalla,
primeralíneadefuego.
(...)
situquierescomerbien,baratoydebuenaforma//
enlafrentedebatalla,allítienenunafonda”
Portanto, podemos compreender em
resumo
que
os
papéis
nacionais
e internacionais
que
culminaram
com
a sublevação
militar,
e posterior
3 anos
de
Guerra
Civil
Espanhola, foi
produto
de
um
contexto
internacional
muito
peculiar
de
expansão
diplomática
e de
influência
do
comunismo
internacional,
pela
reformulada
II
Internacional
e extenso
suporte
as
Brigadas,
e que afluiu ao contexto espanhol influenciando seus partidos e a forma de organização
miliciananoenfrentamentorepublicanocontraosnacionalistas.
Referências
RICHARDSON,Dan.Kominternarmy.Lexington:UniversityPress,1982.
PRESTON,Paul.T
hecomingoftheSpanishCivilWar.London:Routledge,1994.
GRAHAM,Helen.G
uerraCivilEspanhola.PortoAlegre:L&PM,2013.
Solidaridad Obrera. 08/08/1936, Barcelona. Disponível em:
<http://hemerotecadigital.bne.es/issue.vm?id=0004908153>.Acessoem:08ago.de2021.
ALCARON,Roland.C ancionesdelaguerracivilespanola( vol.1).Espanha:
DiscMediBlau.1discosonoro(31m:57s).