Atividades Romantismo-Livro

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| | } | | Roteiro de leitura coletiva Prepare-se para participar de uma leitura coleti- va. Sob a orientagao do(a) professoria), os temas sero distribuidos entre os grupos de leitura. Etapas: 1. Leitura individual do romance, fazendo anota- es para a discussio do tema. 2. Discussio do tema atribuido ao grupo e preparo da apresentagaio das conclusdes em seminrio. 3. Seminario— apresentacio dos grupos discussbes. 4, A critério dofa) professor(a), produg&o de um tra- balho escrit @o ee ‘Tema | —Organizagao do romance Senhora — significado dos ttulos das quatro partes, orde- nagio temporal, resumo do enredo. ‘Tema 2—Personagens de Senhora — perso- nagens centrais: caracterizagao e complexidade (contradig6es); personagens secundérios: caracte~ rizagao e tipificagao; antagonismos: personagens ceentrais X sociedade. ‘Tema 3 —Aspectos realistas da obra— defi- nigdo da tematica; elementos de critica social; rela- «fo entre valores morais valores mercadolégicos. ‘Tema 4 — Aspectos romanticos da obra — idealizagao; analise da solugao do enredo (quarta parte: “Resgate” st RESUMINDO O QUE VOCE ESTUDOU Na literatura brasileira, a prosa de fiogao sé tem inicio no Romantismo. Assim, A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844, 6 considerado 0 primeiro romance nao s6 dessa escola Iiteréria como também de nossa literatura. ‘Compreende-se, ento, que os prosadores roméinticos tenham assumido sua produgao literéria com uma rmissdo: preencher os vazios da representaco simbdlica da identidade nacional. José de Alencar foi quem levou mais longe e com maior qualidade estética esse "projeto”. Seus romances indianistas, regionalstas, historicos fe urbanos exerceram grande influénoia em sua época e so ainda referénoia obrigatéria em nossa tradiggo. Uma obra destaca-se no conjunto de nossa prosa roméintica: as Memérias de um sargento de mill clas, de Manuel Antdnio de Almeida. O autor fugiu 20s padres e chavdes roménticos, focalizando as classes populares e criando um heréi malandro que se tornou um modelo em nossa literatura, Atividades Leia o texto e consulte o glossirio & pagina 102 para responder as questBes de 1 a 7 Tracema: lenda do Ceara Nasceu o dia e expirou. Jabrilha na cabana de Araquém ofogo, companheiro da noite. Correm lentas e silen- ciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da Lua, que esperam a volta da mée ausente, ‘Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento, La o espera a 100 carimos vvirgem loura dos castos afetos; aqui he sorri a virgem morene dos ardentes amores. Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fllgidos, ternos olhos de sabia, buscam o estrangeiro e the entram n’alma. O cristo sorri; a virgem palpita; como o sai, fascinado pela serpen- te, vai declinando o lascivo talhe, que se debruca enfim sobre o peito do guerreiro. Ja o estrangeiro a preme ao seio; e 0 lébio vido busca 0 labio que o espera, para celebrar nesse Adito d’alma, o himeneu do amor. ‘No recanto escuro o velho Pajé, imerso em funda contemplagdo e alheio as coisas deste ‘mundo, soltou um gemido doloroso. Pressentira © coragao 0 que nao viram os olhos? Ou foi algum funesto pressagio para a raga de seus {filhos, que assim ecoou n’alma de Araquém? ‘Ninguém 0 soube. O cristdo repeliu do seio a virgem indiana. Ele no deixard o rasto da desgraca na cabana hospedeira. Cerra os olhos para néo ver, eenche sua alma como nome e a veneragao de seu Deus: — Cristol... Cristo! ‘Volta a serenidade ao selo do querreiro bran- co, mas todas as vezes que seu olhar pousa sobre a virgem tabajara, ele sente correr-Ihe pelas veias uma onda de ardentechama. Assim quando a crianga imprudente revolve o brasido do intenso fogo, saltam as failhas inflamadas que Ihe queimam as faces. Fecha os olhos o cristo, mas na sombra de seu pensamento surge a imagem da virgem, talvez mais bela. Embalde chama o sono as pélpebras fatigadas; abrem-se, malgrado seu. Desce-Ihe do céu ao atribulado pensamento ‘uma inspiragdo: — Virgem formosa do sertao, esta é a ul ‘tima noite que teu héspede dorme na cabana de Araquém, onde nunca viera, para teu bem e seu. Faze que seu sono soja alegre e feliz. — Manda; Iracema te obedece. Que pode ela para tua alegria? cristao falou submisso, para que no 0 ‘ouvisse o velho Pajé: —A virgem de Tupa guarda os sonhos da jurema que sao doces e saborosos! Um triste sorriso pungiu os labios de Tracema: — 0 estrangeiro vai viver para sempre & ‘cintura da virgem branca; nunca mais seus ‘hos verso a filha de Araquém, e ele ja quer ‘que o sono feche suas pélpebras, e que osonho ‘oleve & terra de seus irméos! —0 sono 6 0 descanso do guerrero, disse “Martim; eo sonho a alegria d’alma. O estrangel- ‘pndo quer levar consigo a tristeza da terra hos- ira, nem deixé-la no coragao de Iracemal A virgem ficou imével. = Vai, e torna com o vinho de Tupa. Quando Tracema foi de volta, jé 0 Pajé no estavanna cabana; tirou a virgem do seio 0 vaso ‘que ali trazia oculto sob a carioba de algodao entretecida de penas. Martim Iho arrebatou das miéos, elibou as gotas do verde e amargo licor. Agora podia viver com Iracema, e colher em seus labios 0 beijo, que ali vigava entre sortisos, como 0 fruto na corola da flor. Podia amé-la, e sugar desse amor omel e o perfume, sem deixar veneno no seio da virgem. (O gozo era vida, pois o sentia mais forte {ntenso; omal era sonho e ilusao, que da virgem. ndo possuia senéo a imagem. Iracema afastara-se opressa e suspiro: Abriram-se os bragos do guerreiro adorme- cido e seus lébios; o nome da virgem ressoou. docemente, A juruti, que divaga pela floresta, ouve otemo arrulho do companheiro; bate as asas, e voa a ‘conchegar-se ao tépido ninho. Assim a virgem do sertdo aninhou-se nos bragos do guerreiro. ‘Quando veio a manhé, ainda achou Iracema ali debrugada, qual borboleta que dormiu no sseio do formoso cacto. Em seu lindo semblante acendia 0 pejo vivos rubores; e como entre os arrebdis da manha cintilao primeiro raio do sol, ‘em suas faces incendidas rutilava o primeiro sorriso da esposa, aurora de fruido amor. A jandaia fugira ao romper d’alva e para néo tornar mais & cabana. ‘Vendo Martim a virgem unida ao seu cora- ‘940, cuidou que o sonho continuava; cerrou os olhos para torné-los a abrir Apocema dos guerreiros, troando pelo vale, © arrancou ao doce engano: sentiu que jé no sonhava, mas vivia. Sua mao cruel abafou no 1abio da virgem o beijo que ali se espanejava. '—0s beijos de Iracema so doces no sonho} o guerreiro branco encheu deles sua alma. Na vida, 0s lébios da virgem de Tupa amargam e doem como o espinho da jurema. ‘A filha de Araquém escondeu no coragao a sua ventura. Ficou timida e inquieta, como aave ‘que pressente.a borrasca no horizonte, Afastou-5e répida, e partiu. ‘As aguas do rio banharam o corpo casto da recente esposa. ‘Tupé j4 nao tinha sua virgem na terra dos tabejaras, ALENCAR, José de. racema: lenda do Ceard. digi eritica de M. Cavalcanti Proenga, Rio de “Janeito: Livros Técnicos e Cientificos; Sao Paulo: Edusp, 1979. p12. é 5 | i i 4 i cou Sram SPAS FLATS VA langue: Knguida, sensual; ind ss, co qual vrs enki, sendo a mais eracea ao si ato pea plumage enno pelo ca" trot oat tate: oro, te i ‘a: canara sce, ugar etn mene casament, stad pcs gon aaj; irgom de Tupi cama era una este Se aera ave aed Su Te, Sonos da juema: ebm as fos ours eee a remo] peparoan os ooagore una bet, ue ao feta doa, de adr sms to wie Gens gue penn es co sen oa nes sree da fata ect pl rr, fabio deste ero um soe, exlago ps pas ‘em poet s.a nine ta at ‘nua da vigen 08 ean chasse a amante Doss agua de aba, cue gata — {8 rps der avo hone cogs oraz chara Fea fe aro penser eco go ota) cariobe:camisa de algo, thar toe: Janda: prt ou marta amar, de dro vere eas ns ocema: gio de qura, grande aldo, 1a 3. Be Como na “Cango do exilio”, de Gongalves Dias, fencontramos no terceiro parigrafo do texto a ‘oposigao entre os advérbios aqui e la. Como se diferenciam as situagdes vividas pelo personagem. Martim € 0 sueito lirico da “Cangao do exilio"? Ainda no mesmo pardgrafo, a oposicio com- pleta-se pela caracterizacao de dois ideais ro- | ‘minticos de mulher. Em que se assemelham © em que se diferenciam esses estereétipos? A preocupacéo com a cor local constitui uma das principais manifestagdes do nacionalismo romintico, Em Iracema, a linguagem poética € um verdadeiro canto de exaltagio & paisagem topical. Mesmo a caracterizagio dos persona- gens se faz. sempre por meio de analogias que ‘dealizam uma perfeita harmonia entre ohomem. a natureza. Transcreva do texto trés analogias entre o comportamento ou as caracteristicas dos ppersonagens ¢ os elementos da natureza tropical. Ao natrar o beijo de Iracema e Martim, o nar- rador pergunta se Araquém teria tido algum “pressagio para a raga de seus filhos”. Explique que pressigio seria esse. Tracema segue as convengSes romanticas das novelas de psicologia amorosa: os amantes so ppostos & prova e devem lutar contra os interdi- tos que se colocam a sua unio. | a) Releia {ito vivido por Martim. 1b) Por que Iracema nao pode unir-se a Martim? 6. Para fugir ao seu dilema, Martim pede que ela The dé os “sonhos da jurema”. Explique a de- cepgiio de Iracema, 7. A jandaia era a companheira inseparivel de Iracema, Explique o significado simbélico de sta fuga, considerando 0 contexto em que ela ocorre. Leia o texto a seguir para responder is quesides 89, Trata-se de um fragmento de um dos capi- tulos iniciais de © guarani, cle José de Alencar. Peri, o herdi do romance, empreende a cacada de ‘uma onca, apenas para satisfazer a curiosidade de sua amada Cecilia, que nunca vira de perto esse animal ainda vivo, Cacada la O tigre tinha-se voltado ameagador e ter- tivel, agugando os dentes uns nos outros, tugindo de firia e vinganga: de dois saltos aproximou-se novamente. Era uma luta de morte a que ia se travar; 0 Indio o sabia, e esperou tranquilamente, como da primeira vez; a inquietacéo que sentira ‘um momento de que a presa Ihe escapasse, esaparecera: estava satisfeito. Assim, estes dois selvagens das matas o Brasil, cada um com as suas armas, cada ‘um com a consciéncia de sua forga e de sua coragem, consideravam-se mutuamente como vitimas que iam ser imoladas. O tigre desta vez nao se demorou; apenas se achou a coisa de quinze passos do inimi- 90, retralu-se com uma forea de elasticidade extraordinaria ¢ atirou-se como um estilhago de rocha, cortada pelo rai. Foi cair sobre o indio, apoiado nas largas patas de detrés, com ocorpo direito, as garras estendidas para degolar a sua vitima, e os entes prontos a cortar-Ihe a jugular. ‘A velocidade deste salto monstruoso foi tal que, no mesmo instante em que viram brilhar entre as folhas os reflexos negros de sua pele azevichada, aa fera tocava o cho com as patas. Mas tinha em frente um inimigo digno dela, pela forga e agilidade. pardgrafos de 8 a 11 ¢ explique o cone bie mony 10. BSSE Come a principio, oindio havia dobrado um 1pouco os joelhos, e segurava na esquerda a longa forquilha, sua nica defesa; os olhos sempre fixos magnetizavam o animal. Nomomento em que o tigre se lancava, curvou-se ainda mais, fugindo com 0 corpo apresentou o gancho. A fora, caindo com a forga do peso e a ligeireza do ‘pulo, sentiu oforcado cerrar-ihe o colo, e vacilou, Ento,o selvagem distendeu-se com a flexi- bilidade da cascavel ao lancar o bote: fincando 5 pés e as costas no tronco, arremessou-se @ foi cair sobre o ventre da onga, que, subjugada, Dprostrada de costas, com a cabega presa ao cho ppelo gancho, debatia-se contra o seu vencedor, rocurando debalde alcangé-lo com as garras. Esta luta durou minutos; o indio, com os és apoiados fortemente nas pernas da onca, e ‘corpo inclinado sobre a forquilha, mantinha ‘assim imovel afera, que hé pouco corria a mata ‘no encontrando obstéculos & sua passagem, Quando o animal, quase asfixiado pela strangulagao, jé nao fazia sendo uma fraca resisténcia, 0 selvagem, segurando sempre a forquilha, meteu a mao debaixo da tunica e trou uma corda de ticum que tinha enrolada @.cintura em muitas voltas, Nas pontas desta corda havia dois lagos que ele abriu com os dentes e passou nas patas dianteiras ligando-as fortemente uma @ outra; depois fez o mesmo as pernas, e acabou por amarrar as duas mandibulas, de modo que a conga nao pudesse abrir a boca, ALENCAR, José de. O guarani. Porto Alegre: L&PM, 2011. p. 28, Edicdo digital Compare as atitudes da onga e do selvagem en- ‘quanto se preparam para a luta. Releia o terceiro paraigrafo do texto. Com base ele ¢ no desfecho da luta travada entre Periea bb) 0 conhecido autor de O guarani c Iracema ‘onca, explique a idealizacio do indio realizada por Alencar e pelos indianistas romAnticos. |. Ao criticaraidealizagdo romantica do indio brasi- ‘Morreu Peri, incomparavel idealizagao dum thomem natural como o sonhava Rousseau, pro- ‘t6tipo de tantas perfeigdes humanas que no romance, ombro a ombro com altos tipos civiliza- dos, a todos sobreleva em beleza d'alma e corpo. Contrapés-Ihe a cruel etnologia dos serta- nistas modemos um selvagem real, feio e bru- tesco, anguloso e desinteressante, tao incapaz, ‘muscularmente, de arrancar uma palmeira, ‘como incapaz, moralmente, de amar Ceci LOBATO, Monteiro, Urupés, In: Urupés. Séo Paulo: Brasilionse, 1985. p. 146, ‘Vocé concorda com a critica de Lobato? Justifique sua resposta. 1. (Enem/MEC) “Ele era o inimigo do rei, nas palavras de seu bidgrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava desafetos, azu- crinava D. Pedro II e acabou inventando 0 Brasil". Assim era José de Alencar (1829- 1877), 0 conhecido autor de 0 guarani Tracema, tido como o pai do romance no Brasil. Além de criar cléssicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas € historicos, ele fo também folhetinista, diretor de jornal, autor de pegas de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justica. Para ajudar na descoberta das miltiplas fa cetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito sera digitalizada. Histéria Viva, n. 99, 2011 Gom base no texto, que trata do papel do esc tor José de Alencar e da futura digitalizagao de sua ‘obra, depreende-se que: 1a) a digitalizaco dos textos é importante para que 08 leitores possam compreender seus romance: fi importante porque deixou uma vasta obra literéria com temética atemporal. ‘¢) @ divulgagio das obras de José de Alencar, por meio da digitalizagio, demonstra sua impor- tancia para a historia do Brasil Imperial. 4d) @ digitalizagao dos textos de José de Alencar teré importante papel na preservacio da me- méria lingufstica e da identidade nacional. ‘e) o grande romancista José de Alencar é importan- | te porque se destacou por sua temitica indianista, romance romantic 103

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