Download as pdf
Download as pdf
You are on page 1of 14
Ns) Robert J. Braidwood Homens Pré-histéricos Pensamento Cientifico Trad io ¢e Carlora Barrionuevo Martin Revisio de Haydée Nascimento ARNO ALVAREZ KEPN Fu30r, Gumartes Foze 145 loa Vista Port Alegre AS Sod ei 'G512} 412525 ri PSE Ector Universidade de Bastin “Tex be 3 IDWOOD, Robert J. Homens Pré-Histéricos. Brasilia, sa. univereiaade ae Braviiie, 1985 if Capitulo VII A PRIMEIRA REVOLUGAG | Quando a era incipiente de cultvo + domesticacio asimal evolui para a | era da comunidade agricoa primaria, a primeira mudanca bésica na economa humane esuiva inteiramente realizada. NoSudoeste. da Asia, esta | mudanza parece ter-se tornado intsiramente efetiva ao-redor de 9 mil (H) anos atris. Vou restringit minha descrigio detalhada a este caso, mzis an-igo, | do Orjente Préximc, Conorme expliquei an‘eriormente, tenho pouco Conhecinento de primeira mio acerca de experimentos compariveis ne | Extremo Criente, na Africae no Novo Mundo, embora eu inclua um breve ‘apituly sobre este tema. Mas, em primeiro lugar, vamos mais uma vez tefletir | sobre o-contraste entre coleia de alimentos © producéo de alimertos, come mados de vida. . Para ressaltar o comtraste, admito que estou conscientemente idealizardo, ¢ ignozando dificuldzdes. Também tenho em mente que existe um poncode vista contrério — uma espécie de renascimento da imagem é0 “nore : felvagem”, aplicada a0 moda de vida do cacadoroleter. Este porto de vista contrasio ‘ambém idealza e ignora dificuldades, falando da caga ¢ coleta camo se fosse um modo de vida cdoso, ou proprio das "sociedades afluentes originsis”. Tendo passudo virios meses de inverno em tendas de acampamen- to nas faldas das mentanhas Tauros ¢ Zagros (mesmo com pesadas, roupat focidentais ¢ comida corprada), eu me pergunto se os exermplos einograficos remanescentes, aferecidos por esse ponto de vista, ttm muita validade. As “sociezades afluentet originais” (ge realmente foram assim} parecem-me set apenas as que retam no deserto de Kalaharce na Austrilia, Em algum ponte ‘equidutante de meu quadro carregado e do opotto, ou teja, o das sociededes afluemes originzis, dev: citar a realidade, A diferenca extre eolhedores de alimento e proditores de climento Childe usow a palavra revolucdo devido & ritdanga radical que teve lugar nos habitos ocstumes dos humanos. Os cclhedores de alimentas, ou se}a, 128, Robert J. Braidwood caraores pescadores,recolhedores de nese fre slivers, ina de ‘river em pequenos grupos ou bandos, pois eles precisavam estar prontas para Snsocarce quandove para onde se desocase © suprimento de comida, NiO ‘muitas pessoas podem normalmente ser alimer:iadas deste modo em uma ‘area; além disso, eriangas e velhos constituem uma carga. Nao ha alimento tuficiente para armazenar, nem de qualidade prépria pera ser armazenada por longo tempo. Voce percebe como tudo iste se ajusta num cuadro? Pequenos grupos de pesscas vivendo agore nesta caverna, depois naqnela, ou ao relento, enquanto Se moviam atris dos animais que cagavam ou dos regetais que coleavem; nenhuma aldeia permanente — no maximo, algumas cabanas teni- ~enterradas;nenhum utensGio ou cerkmca quebrivel; nenhum sinal de ‘vestusrio — apenas cs instrementos que provavelmente eram usades para curtir a8 peles dos animais; nenhum tempc para pensar em algo mais do que comida, protegio ¢ miedo de dispor dos mortos, quando a morte chegava: uma existéncia que actitava a naturéza como ela se encontrava, fazende-pouco ou nada para modifict-la — em tudo e por tudo, uma existéncia de selvagern, ebem dura. Pessoas que gastam nia vids inteira seguindo animais apenas para maté-los ¢ comé-los, ou deslocando-se de um trecho abundante em plantas comestiveis para outro, estio, elas préprias, vivendo exatamente como animals Im oposicio a este quadro extreme da vida do cagador-coletor, deixe-me ‘tentar desenhar outra — 0 da vida das pessoas depois do comeco da producto: de alimentos. Carne era armazenada "viva", graos “no no terreno da especulagio, eu a considero muito estimlante Alérs disso, of achados de Suwan e Choga Mami no sio de modo algum Cespreziveis, evembora’nio possames eiquivat-nos de falar sobretudo a respeito de estilos de cerdmica pintada, o nivel da discustao ultrapassou de Jonge o que se poderia ver come uma espécie de fascinacio de filatelista pelos temas usados ha uma on duas geragces. ‘Tanto Suwan como Choge Mami parecer ter tido meralhas deiensivas com po=ties, ¢ casas retilineas, bem planejadas e de varios comodo, feitas de Gjolos de barre. Cukivavacse trig immer e e:nkom, cevada com casca ¢ sem casca, lentilhas, ervithas ¢ linhaca; , cla realmence parece cvaluir da variedade local de natufiano para ade ura comunidade bem estabelaciéa. Ha um conjanto proveniente de sovoacio antiga, com fortes caracteristcas préprias, na regilo que margcis 0 canto nordestr do mar Med:terrinto, are a Siria e a provincia turca da Cilicia ve cencontram, Este conjunto sirio-iliciano deve representar um padrdo cultural {geral que foi, pelo menos em parte, contemporanco do relativo a0 zonjunto hassuniano, Na base do sitio costeiro de Ras Shamra, uma fase pré-cerimiza do conjunto foi verificada, Cs mate-iais provenientes das bases dot monticu~ los de Mersin e de Judaidah, na planicie de Amoug, assim como de alguns outros sitios, represencamt os remanescentes de auténticas aldeias. As paredes das casas eram feitas de barro, mas alguss dos alicerces eram de pedza. Varios Lipos de cerimica eram produzidos pelos moradores desaas aldeias. Nentrum deles se assemelha a cerdmica de Hassuna ou dos niveis superiores de Jarmo Jerics. D povo siris-ciliciano nao tina perdide a habitidade no trabslhar com ‘allex. De fato, Perro: zeredlta que as colegdes de ferramentas de silex da fase P.P.N.B, sirio-palestina podem tet derivado das originarias desta regio mais 30 norte. Uma imponante variasio sulista do sonjunta sfrio-cilciane. foi ‘exposte recentemente ery Biblos, uma cidade portudria famosa em tempos mais recences da Fenieis. Exister trés determinagbes radiocarbénicas que sugerem que o periode destes desenvalvimentos foi provavelmente do ‘inal do sétimo 20 inicio do sexto milério a.C. (+). Os flancos dos montes Tauros, a Anatilia ¢ 0s egeus Até recentementé, 2 grande bacia superior do sistema de drenagem Tigre-Zufrates, nos fiancos das montanhes Tauros, havia permanecdo desconbecida. Em. 1965-4, 0 Profestor Halet Cambel ¢ eu nos associamos para, formar um projeto Universidade de Istarabul-Universidade de Chicago, destinado ao estudo da pré-hist6ria do Sudeste da Turquia.Em seguidaa uma 142 Rotert J. 3radwood extensa pesquisa de superticie, foi escolhido para escavacdo um monticulo raso, ao norte da cidade murada de Diyarbakir. O sitio,C2yond, forneceu um conjunto desprovido de recipientes de cerdimica, grosseiramente coraparavel a0 de Jarmo, exceto quanto 4 sua indvstria de silex © obsidiana. Esta, conquaitn mostrasse algumas ténues conexdes com a industria de sflex de Jarmo e da area sirio-cliciana, tinha caracteristicas particulates. Samente 0 Gio estava presente como domesticado, no inkio, quando + caga de gad selvagem e gamos parece ter sido comum. Ovelhas, cabras ¢ provarelmiente porcos apareceram como domesticados, antes de difusée dos domesticados enisais ¢ Vegetnis do Sudoeste da Asia a partir da trea niiclea, Recentemente, no craanto, o Professo: Desmond Clark defendeu convincentemente aidéia de tum proceiso egipeis “de presdaptagic, empregando os recursos animals ¢ egetais proprios do local, que muito provave.mente precedeu a inlrocusto dor domesticados asidticos”, Segundo Cark, “o aparecimento das plantas © dos animais asidticos no quiato mignio pode refletir, entretanto, 0 0 info da domesticagio no Egito, mas a substituigo de e:pécies locais menos Idequadas por formas exétices ‘mais sacsfatérias, situacio tornada posivel, ene o Nilo ¢ 0 Levante, a partir dessa época,” Os mais remosos vestigios dos Gomesticados asidticos foram encontrados em pequenos estabelecimentos a0 Tongo das margers do lago Fayum. Os materiais de Fayum procedem pracipalmerte de eeleiros ou silos. Um outro sitio, Merimde, na parte oeste Sodelta do Nilo, mostra os remanescentes de um auténtico povoada. mes este pode ser ligeirameste posterior aos estabelecimentos de Fayum. As determi Facdes radiocarboricas indicam as datas aproximadas de 4275 a.C. (+) para os mntterias de Fayum € £100 a.C. (r) para os de Merimde, ou seja, quase 1500 nos mais recentes em relacio as datas obtidas para os conjuntos hessunense Cuitioviliiano. Rereio que com isto 1e dé umz indicagio éemasiadoampla do tempo que levou pare se difundir, da area nuclear até o Bgito, © modelo ‘cultural generalizado do tipo de vida das comunidades de poroadosagricolas, mas, até agora, nio dispomas de meics para verificar estas quesdes. ‘Anilogamente, temos duas determinacdes tadiocarbinicas relativas a.uro conjunte proveniente de sitios proximos a Kertum, no Sudo, cujo melhor Homens Pré-historios 145 representante & 0 monticulo chamado Shaheinab, © catilogo de Skaheinab cerzesponde, em linhas gerais, a de Fayum: a distancia entre os doit lugares, ‘Siuados junto a0 Nilo, € de mais ou menos 1506 milhas, [to sagere que levou ‘quase tm] anos para que © rovo modo de vica, em seu trajeto para 0 sul, Ghegasse a0 interior da Africa, alcancando Kartum. As cuas “catas” ée Staheinab dao a média aproximada de $800 a.C.+ 400 (4+) anos Se © movimenin foi Nilo acima (rumo sub, como essas datas tugerem, extio, parece-me qae o material maisantigo de que dispomos, proveriente do médio Egito — o charratlo tasiano— ¢ posterior ao de Fayum. Os materiais tasianos procedem de algumas sepulturas encontradas perto da aldcia de Der Tasa, ¢ tenho a desconfortével impressio de que o “conjunto” asiano ¢ principelmente uma selegio artificial de pobres exemplos de abjetos perien- centes a épeca seguinte. £ possirel que not aguarcem surpresas nos rovos materiais das regides nibia © de Kom Ombo, mas, no que diz respeito & efesiva produgde de alimentos, éuvido muizc, No contestarei as implicagdes contidas nes sities 10 a livre, mas quanidades de nedras de moer # laminas ée foices, asim como fem out-as indlicagoes de inteasivas atividades de coleta. Na verdad>, podrmos cour ldando com usm ere incipiente, baseada em élementos animais ¢ vegetais que no eam, por si incipientement= efetivos. Minha conviccioé de que o vale do Nilo nunca fez parte do habitat zaeural das espécies asidtczs de Comestiagio potencial, Varios milénios pocem ter decorrido, antes que sparecessem forteas mutanies aforeunadas, que tolerassem © nicho muito especial do Nilo. £ posstuel que 0 mesmo raciocinio seja aplicivel A questto. do primeiro apared mento da producio efetiva de alimemos na Mesopotamia merid:onal ‘clissiea, erabora, aparencemente, muito menos tempo fosse necessério para que a domesticagio te torxasse afetiva no Sul. Tal como esté o problema Tualmente, estas coisas podem nao ter acor.iecido muito mais tarde do que 1s flzacos montanboscs, Desenzolvimentes no iempo ¢ no espago Agora podemos fazer duas coisas; na realidade, ja comecamos a fant las. Podemos observar a dilusio do novo modo de vida, remomuando-nes no tempo, na rea naclesr. Também podemos ver como o novo moda de v-da se expandiu no espago, desde 2 Area niileo, a medida que passava o tempo. H4 boa evidéncia arqueclégica de que arubos 0s. processos ocorreram. No que concerne 4 regido mon'anhosa.do Nordeste do Iraque, na area nuclatt, ja vimos como se pode representar a sucesso, ainda com lacunas, de Karim Shahis, passande por M'lefaat ¢ Jarmo, a2€ Hassunc (veja pag. 112). Ne proximo capitule, cominuaremos elaborando este exquema e descrevendo ¢ Que aronieceu no Laague, no curso do tempo. Também poderos notar of Sinais do novo inodo de vida, & medida que se :rasladam no eypaco, Jo 148 Robest J. Braidwood remonando. curso do Nilo rumeso interio: da Africa, até aleangar Kartu, fe Sudao, mais cu menos $500 (4) anos mais tarde do que © abservado em Jarmo ou Jericd. A msio caminhio, uvemos vislumbres disso na regi#o de Foyum e aalver ¢m Tata. No restante deste capitulo, procurarei sugerit brevemente as diregies tomadas pela expansio do novo modo de vida, pastindo da frea nuclecr, no Oriente Préximo, Em primeiro lugar, quero esclarecer mais uma ver que et indo acredito que o modo de vida das comunidades de povoados agricolas tenha sido inventado somente Lma Yer € somente no Oriente Préximo. Parece me que a evidéncia é muito clara, no sentido de que um experiraento separado ocorreu no Novo Mundo. A evidéncia de comesos independentes nna Sudeste da Asia e na China, assim como na Africe subsaariana, também. parece imporse, 4 medida que aprendemos mais. Existem algumas determi- agéet radicearbhnicas indicando datas surpreencentemente Femotas para 95 Gatabelecimentos com aspecto de aldela ro Japio, denominados Jomon. Entrewanto, ainda nao esta claro se a fase mais antiga do Jomon dependia da produgio de alimentos. (© aparecimento da comunidade de povoados agricolat no Noroeste da fnla, pelo que sabemos agora, parece tcr dependico do sesenvolvimento anterior no Oriente Préximo, Nao obsante, conforme expus num congresso Gentifico em Nova Délhi, em 1961, mesmo “proceso de preadaptacio, sando os recursos animais vegetais proprios de local”, que Desmond Clark buugeriu em relagao ao Egito, poce terocortido no caso da Trdia, antes que as planus cof animals domestcades doSudoeste dz. Asia se difundissem para a india. Eu gostaria que soubéusemos-nait a respeiro de como oNoroeste da Africa se encaixou no total desse quadro. A difusdo do modo de vida das comunidades de povoados agricolas para a Europa © que dizer da Europa? Néo vou dar muitos detalhes, Vocé pode facilmente imaginar que éo pretidio pré-nistéricn histéria européia hé uma ‘atéria complexa. Todos suberios rmuito bem. que area complicaca ¢ 2 Europa, hoje, com seu caudal de diferentes linguas ¢ calturas. Recorde, porém, que muico do que se tem feito em arqueclogia se refere & pré-histria Frais recente da Europa, ¢ relzivamente pouco & da Asia ¢ da Africa. Se Soublecemos a respeito destas areas tanto quanto sabemos a respeito da Puropa, acho que elas nos pareceriar: igualmente complicadas, O que estive dizendo 0 quesabemes ds certo sobre a difusto do mode de vida dus comunidades de poveados agricolas. A idéia geral ¢ muitas das tecnicas e dos vtensiios bisicos para « produgao de alimentes transfertam-s¢ Homens Pré-historicos 17 do Oriente Priximo para a Europa. © mesmo ocorrew com as plantas © os aniciais que haviam sido domesticados; eles nto se sentiam to cm se ambiente na Europa como haviam estado na Asia Ocidenal (lembrese das tinhas diZiculdades oom a éefinicio dos limites da zona nuclear), Nao quero dizer, ¢ claro, que existissem caixcirot-viajantes levando idéias coisas para.a Europa, com tum brilho de interesse comercial em seus alhos. ©. processo levcu tempo, ¢ as ideias = coisas devem ter passado de um grupo de pessoas para o seguince, Proravelmente tambérn houve auténticos deslocamertas de povos, mas nio conhecemes at dimensées dos grupos nem sabemo: a que Histincia cada um deles se deslocou. A historia da *colonizagio” da Eusopa pelos primeiros agricaltores consiste, assim, 1) n9 provivel movimento,parzindo das trras do Leste do Mediterréneo, de algumas nescoas, que eram agricultores; 2) na difusio de idéias ¢ coisas para além do Oriente Proximo ¢ para atm dos caminbos trilhados 2elos "colonizadores”; 3) na adaptacio das idéias t coisas pela gente natva da floresta, scbre caja receptividade fala o Professo: Mathiassen (pag. 97). E smporamte notar que as culcuras resultantes, dentro do novo ambiente suropeu, era exropéias, no do Oriente Proxime. O Profestor Childe obsersou que “os povos do Ocdente nia eram imizadores servis; eles adaptavam o: dons do Oriente...(transformardo-ts) em um todo nove € orginico, capaz de s¢ deseavolver sobre suas proprias finhas origirais”. Os caminhos para a Europa Suponha que nés queirames seguir a pista daqueles primeitos povsadores agricolas que viajaram a Asia Ocidental para a Europa, Vames comerar pela Sirio-Cilleia, aquela parte da zona de flaneos mentanhosos propriamente dita, gue fica no canto niais a nordeste do Mediterrineo. Trés camninhos estarao abertos fara nés, Podemos tomar 0 rumo norte, ou norte com ligeiro desvio para leste, atravestando 2 Turquia anatdlica € costeando uma ou oucra margem do mar Negro, ou mesmo seguir a lesce das mon:anhas do Géucasc, ao longo de vin outro flinco do wnar Céspio, para aleancar a Russia ucraniana, Daqui, poderiamos caminkar através da Euroga Oriental até o Baltico ou + Escandindvia, ou até mesmo desviarmo-nos rumo ao sudoeste, para aleancara Europa allartica. ‘ Nosso segundo caminho a partir d2 Sirio-Cillcia também passaria pela Anatélia, talvez deixando o sito de Hacilar, em direcio a noroes:e, or.de Ceriamos que atravessar a nado ou remando estreito dos Dardanelos ou 0 de Bésforo, até a margem européia. Entio, poderiamos dobrar & esquerda, rumo 4 Tessilia, na Grécia, Nas alguns de 6s poderiamos dobrar 4 direita, zna Maced6nia, subindo 0 vale do rio Vardar até onde %¢ divide, descendo depois para o valedo Morava, até atingir 0 Danibio, perto de Belgrado, ra Ttugoslévia. Aqui, poder‘amos virar & exquerda, subindo 0 grande vale do Danibic ate a Europa Censzal. Terlamos uma qua cidade de vales Se us Rober J. Braidwood derivedts dis deterininagées” wn dlgeen ce mead tn pee Fadicaroh Sed equ > Ovene ogre Ponti sans fpese do cols de vid bead coro Horrens Fré-historicas 149 tribucérios a explorar, o poderiamos atravestar o divisor e descer pelo vale do Reno, até 0 mar do Norte, Nosso cerceiro caminho. a partir da Sit ia marktimo. Lembra- se da obsidiana na caverna de Franchti, evidéncia de criego maritimo em Spoca tio remota quante 7.000 2.C(+)? Costeariamos a Anatolia meridional ¢ visitarfamos Chipre, Crete ¢ as Thas ce Egeu em nosso caminho para aGréc.a, a0 norte da qual pogeriames encontrar alguns Caqueles que haviam tomado + segunda zota. Da Grécia, zarpariamos para a Itilia ¢ 2s ilhas ocidentais, aleangando oSul da Franga 4 costa espanhola, Finalmente, alguns de ns navegaris mot para 0 norte, ao longo da costa européia, do Atlantco, até aleangar 0 Oeste da Inglaterra, ou mesmo a Irlanda. E claro que nenhum de nés poderia jamais empreender etsas viagens dz mancira que os prineizes agricultores at fizeram, pois c percurso lotal de caca jormda deve ier durado o espaso de muitas vidas. As determinagées raciocarbonicas relativas aes mais antigos agricultores do delia do Reno, 72 Holanda, assinalam aproximadamemte 0 ano d= 4200 2.C (+). Alguri ponto anes fle 6009 a.C.4+) seria uma data segura a sugerir para as primeira: comunidades bem desenvolvidas ce povoado: agricola: da Siric Cilicia Achammos que a difusdo arravés da Europa no se processc:t uniformemente De qualquer modo, partoe que o novo modo de vida estavarse fazendo sentir ao longe da costa atlantica da Europa, cercz de 2006 anos apéi tet-se estabelecdo 1a Siris-Cilca. ‘Na pigina 148, apreserto a minha tentativa de diagramar esta exsansio, através ce um maza com linhas isocrénicas (perfis temporais), © maps pressupde que as comunidades agricolas haviam-se estabelecido na zona habitat natural, no Sudoesie ¢a Asia, cerca de 7000 a.C (+). Nao saber.os exatamente quanto tempo ‘nait tarde comecou a expansio, mas ela deve 1¢ estado em processamento por voltz. de 6000 2.C. Valeno-me das poucas determinacdes radiecarbénicas até agora disponiveis, esquematizei a maneira pela qua., ne meu entender, os pertis temporais se podem ter difundido. Previno-e de que nem todos os pré-historiadores aceitariar as implicactes deste mapa, Os primeires agriculiores da Inglaterra Para descrever o final da pré-hist6ria de toda 2 Europa, seria necessario lum outro lirro, maito mais extenso de que este. Por conseguinte, resolvi limitar-me a apenas algumas impressbes sobre a pré-histCria recente da Cré- Breanha. Evidentemene, as ilhas Bricinicas estio sitadas no extremo oposto da Earopa, tomando-ie como ponto de partida nosia base na Asia Ocidentai, Alem diso, elas receberach iafluereias, pelo znenos ao longo de dcis dos trés camirhos pe.os quais © novo medo de vide chegou Europa. Vamos deter-nos im pouco mais no exame do final dz pré-historia, nam 180 Rober J. Braidwood capitulo postetior; aqui, vou falar aperas sobre os primeiros agricultores bbrtinicos que conhecemot. Sobre os mais antigos artefatos britanicos indicadores de atividades agricolss, ja se disse que estaram “numa forma madura ¢ totalmerte ampliada”. E de se presumir que existam aspectos mais anciges, ainda por serem descchertos. A evidéncia disponise! provém de sitios que remontam a cetca de 350€ a.C.(+), encentrades em zegides com ocorréncias superficais de sflex truto, possuindo uma indtstria de lavcas estreitas ¢ pontas de flechas mais apropriadas para perfurar do que para provocar cortes Inryos. A cetdimiea pede ser clasificada em trés grupos: 1. © grepo da cesta leste ¢ do Nerte, ou grupo de Yorkshire Wold, apresentando ligagées com a cerimica do tipo Michelsberg, belga: 2.0 gripo do Oeste, proximo a costa do Canal, mos:rando tragos da cextimica de tipo Chasey, frances 3.0 grupo decorao, para o qual Humphrey Case sugere a possibilidade de terse originado de uma cerfmica danubiana mais recente (linear). A medida que se estabelecia, a economia de subsisténcia incluie erigo ‘emmer e einkorn, cevada, criagko de gado € porcos, cabras © possivelmente ovelhas, Txés diferentes tipos ce estrueuras foram encontrados. Existiem cercados de terra, mais ou menos circulaces, que, de acordo com alguns especiatistas, serviram, sazonalmente, de currais de gado. Segundo, vestigos de caras com estruturas de madexa (provareimente cobertas com tornbes de terra) foram encontrados, mas nio dentro dos cercadas. Uma terceiro tpode estrutura consisie em simples monaiculos alongacios ou “tiles sern cfmta- ras" (unchaxbered barrow), com sepulturas emt uma das extremidades, Ha, ainda, pogos ou minas cavados nos estratos calcérios, para extracio de pederneiras, © camirhos de toras de madeira foram construidos sobre pantanos. Um sitio bem conhecido, ccm grandes cercados circtlares de terra, € Windmill Hill, em Wiltshire, no Centro-Sulda Inglaterra. G nome deste s&io tem sido, algumas veres, usado para designar um tipo ou pertodo, mas ele x80 exscive todzs as evidéncias agora disponiveis. Comeca a tradigéo megalitice Os vescigios arqueolégicos ée uma segunds tradigio {de uma om mais, cutturas?) padem ser encontrados no Ceste da Inglaterra, no Oeste ¢ Norte da Fseécia e ra maior parte da Irlanda. Os portadores destes meterais jubiram a costz atlantice, por mar, desce a Espanha e o Sul da Franga. Os restemunhos que not restam consisten princigalmente em. tumulo: © nos Pontetidos destes; sic raros os stios de ocupacan, Os timulos eram de bam Homens Pré-hist6ricas 1s] tamanho, capazes de receber o corpo de muitat pessoas, Eram construlds com pedras ¢ recobertos de terra; as pedras flanqueavam uma passage para uma cimara central (“seputuras de passagem”? ou para uma simples galeria ‘comprida, a0 longo de cajot lados eram depositados 0s corpos "sepulauras de gaeria’). Este tipo de construgto é denominade megaliticospedra grande) ¢ ¢ Estrucure completa, recoterta de terra, éfreqilentersente chamada de tirmulo (bervou). Como muias delas possuem chmaras Fropriameate dias, usamos © termo timuls sem cimeras (urchambered barrow) para distinguir as do tipo Wind ill Hill destas estrataras megaliticas, Existem certas provas da existen- is de sacrificios, tages e fogos cerimoniais, e € Obvio que alguma forma de ritual comunitério centrava-se nos mulos megalfticos. [As csituras da gente que produzin cs trés primeiros conjuntos ligados & products de alimentos e as daqucles que construfram os wimulos megaliticas Floresceram, pelo menos em parte, 30 mesmo zempo. Embora os diferentes grupos de remaneszentes arqueol6gicos se distibuam por partes bem distin~ 12s, no pais existe cerAmsca do tipo Winemill Hille de outzos tipos, et algurss dos timilos megaliticos. Temse admitiéo, costumeiramente, que a cradigin megalitia se difundiu a partir do Leste do Mediterraneo, mas 0 Professcr Colin Renfrew refua vigo-osemente cal nogio, baseado em que a reealibrasio das determinagdes zadiozarbénicas pertinentes indicam que estes monumen- tes apareceram, prineiro, no Oeste Outras complicagbes Com relagdo a 1m periods poucs postericr a 000 a.C.(+), exisem, e1m sitios do Sul e do Leste ca Inglaterra, evidéncias relacivas a pessoas que pessivelicente nfo foram agricultores, Como estas pistas ambiguas se possan Sjustar aos inventitios dos primeircs fazendeires, descrites acima, ¢ algo cut Mo esta bem clao, Stuart Piggott adota o termo “culturas neollticas secundicias” (que rm todos os especialasias aceltam) como apoio de cardver deseritivo para estes materiais generalizados, que parecemn ter tido o resultado {da aceiagio, por mtivor colhedores de alimen‘os, de certos modos de fazer ‘ceisas, np campo dz procugio de alimentos. Parte da ceracniea, originalmente chamada de tipo Peterborough, € decorada com impressbes de cordas, c. a principio, pensava-se que era muito diferente dz de Windmill Hill ¢ sos Eonstrusores megaktiocs. Agora se considera que seja uma evolucén insular {dos primeires tipos Wincrnill Hil. Além disso, adisuribuicto desses achados 1¢ estende até o leste da Gri-Bretanha, onde as outras culturas nao éeixaram rastos. Os produtotes desies conjuntos tinham povoados com cabanas serti- “subterrineas, ém algumasjdas quais se encontraram ossos de bois, porcos © Garneiros, No total, entretanto, 2 caga ¢ a pesca parecem ter sido suas Ocupagbes vitais, Es tumbér, estabeleceram rotas de comérdo, especialmen- te destinadis a adquirir matéria-prima para os machacos de pedra, ‘Uma cultura provavelmente algo posteror, eujos trages sio mais bem distinguidos em Skara Brie, no arquipélago Orkney, tarbéra teve suas reizes 152 Robert J. Bradwocd naquelas calturas da area do Baltic, que resultaram da fusio do ?ovo da ‘Floresta com os povos que tomaram o caminko do leste, rumo & Europa. Shara Brae muito bem conservada, :endo sido consirusda com delgadaslajes Ge pedra, que as dunss de areia foram cobrindo, apés a extingto do poveado. ‘As casas, 3 armagbes de camas, as prateleiras, as arcas pata roupas ¢ objetos varios —- tudo construido com delgedas lajes de pedra — ainda pedem ser Sistor em seus lugares. Mas a gente de Skara Brae viveu inteiramente em Fungio da criacdo de gado e de ovelzas, ¢ da pesca de mariscos. Nem gros, nem instrumentos agricolas apareceram em Skara Brae. (© rol de decerminagies radiocarbinicas agora disponiveis, para a ‘extensto geral de tempo relativa 20s primeiros fazerdeiros britanicos, ‘estabelece a média de 2500 a.C.(+) 2 2250 aC.(+), A facanka européia ‘sea foi apenas uma breve descrizdo do que ocorreu na Gri-Bretanha, apés a chegada dos primeiros agricultores. Recomendo a seitura do ensaio de Humphrey Case sobze o procesio da colonizacan da Gra-Bretanha, Ka muitos cetalhes interessantes, que omiti para encurtar a histé Acredito que parte da dificuldade gine temios em_compreencer 0 eatabelecimento das primeiras comunidades agricolas na Europa x deve & palavra “oclonizagio”. Temos uma tendéncia natural a pensar em colonizagio El como ela se tem verificado nos Skimos séculos. No caso da colonizagéo das ‘Américas, por exemplo, os colonizadores chegaram com relativa rapidez ¢ em quantdaces cada vez maiores. Pessuiam habilidades cécnicas, politicas ¢ hnilitares superiores, em comparacio com os indios. Nao houve muita mistura tom estes tiltimos. C caso da Europa, cinen ou seis mil anos atras, deve ter sido bem diferente, Eu aré me pergunto se ¢ apropriado chamar de colonizadores 4 pessoas que perco:rem algursas milhasde uma regito 2 outra, estabelecem- fee cultham a terra durante alguns anos, depois se mudam novamente, geruglo apés geragio. As idéias © coisas que estas novas pessoas levavam eonsigo exam 26 polmcialmente supeciores. Tdéias, coisas ¢ pessoas tinham que demonstrar seu valor, em sua adaplagao a cada novo ambiente, Isto feito, outro elo seria acrescentado & corrante, ¢ entio ot habitantes das florestas ‘outros grupor natives da Europa, zo lorgo de caminho, poderiam accitar ax ovat idéias ¢ coisas, E bastante razodvel supor que deve ter havido muita mistura dos migrantes com os nat-vos, a0 longo do percurio: cada um dos Conjuntes que menconamos acima parece mostrar trégos mais ou menos ‘daros de ais fusGes de culeuras, Algumas veres, especialmente quando ot ‘migrantes se deslocavam em barcos, longas distincias podem ter sido cabertas fem curto prazo, Lembre-se, porém, que 300C anos parecem mediar entre os primeiras povoada: da Sirio-Cilicia © Windraill Hill Permita-me repetit mais uma vez 0 Professor Childe: “Os poros do Odidente nao eram imitadores servis; eles adaptavam os dons do Orente. Homens Pré-histéricos 153, (transZormando-») num todo nove ¢ orginieo, capaz é* desenvobier-se sobre suas proprias linhas originals.” Childe estava, sem divida, perfeitamence consciente de que esses ‘povos do Ocidente” eram, em patte, os descendents dos imigrantes vindos do “Oriente”, trazendo consigo “seas dons”. Esta foia faganha earopéia do Final da pré-historia — receber novas ideias € coisas € alguns grupos imigrentes e, misturando-os com o que possuiam em seu proprio meio, forja uma série rova e singular de culturas. Durante 3 siltimos anos, seguindo a sugestio, jf mencionada, d= Colin Renfrew, muito te ter falado e pablicado a respeito de urea “segunda revolugao do carbono 14” (ou se.2, a respeizo de se ajustarem os resultacos da recalisragho das determinagdes de idade com a dendrocronolegia). Assim, femos argummentos armplos ¢ abrangentes ne sentido de wm comeco indepen dente para a “ciilizasio" suropéia, assim como assergdes de que “a revisto das datas obtidas atraves do carbono 14 pera a Europa pré-histeriea tem um feito desastroso sobre a cronotogia difusionista tradiciaal” Precitamos, no ertente, examina: com cuidado esses argumentos, Alguns deles parecem ter 0 propérito deliberado de sugerir completa independéncia para a pré-histéria tardia éa Eurepa. Isto nada mais ¢ que o renascimento de tim debate intelzctual da virada ¢o steulo, a réplica da mirage orientale 2 uma texiremada nogao exo-ientelux, com respeito a0 desenvolvimento verificado no final da pré-hisi6ria européia. Nao obstante, tais alegagées na questionam seriamence a difusio do modo de vida baseado na predusio de alimentos, da ‘Asia de Sudoeste para a Europa, Elas destacam, de preferéncia,algunstracos Selecionados — tal como o aparscimento de estruturas tumulares monumen- fais na Franca, £ verdade que a recalibragio deu a estes monumentos determinagées radiocarbonicas mais antigas do que as datas “hstoricamente fixadas"para seus supostor antecedentes do Leite do Mediterraneo, Pois bem, as “scpulturas de passagem" de Ockdente podem ser mais antgas, mas ito no me perturba ‘muito, Corsiderado que os elementos do padrio de produgio de alimertos da tradicio européia derivaram do experimento Brigizal, do Sudoesie da Asia.eu diria que-o resto esta inteiramente dertrodo espitito da assercio de Childe: “Os povos do Ocidemte nao eram innitadores servis.” Na verdade, as variagSes européias sobre temas mais antigos tiveram muita originalidade, e esta parte da Listoria ndo deve ter menor :ntereste para os.

You might also like