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16 GESTAO AMBIENTAL DE AREAS DEGRADADAS (0 Indice Remissivo também tem o objetivo de failtar a busca, por parte do leitor, de algum cema especifico, que pode ser encontrado em uma ou mais de uma segio desta obra Finalmente, os aucores se colocam & disposigio dos leitores por meio dos seus e-mails, caso queitam tirar alguma diivida ou “convetsar” sobre algum dos temas abordados. Os Aucores CAPITULO 1 DEGRADAGAO AMBIENTAL, 1.1. Concerros 11.1. TERRA No sentido usado pelo Grupo de Trabalho Interdepartamental em Planejamento do Uso da Terra da FAO, terra é uma aca delinedvel da superficie slida da Terra, eujas earacteristicas incluem todos os attibutos da biosfera, verticalmente acima ou abaixo dessa superficie, incluindo aquclas da atmosfera mais baixa(bacia aétea) 0 solo e a geologia, a hidro- logia (inclusive lagos, ros, pAntanos e mangues), a populasio vegetal ¢ animal, o modelo de assentamento humano ¢ os resultados fisicos da ai vvidade humana do passado e de presente (tetraceamento, armazenamento de gua ou estruturas de drenagem, estradas etc.) Nesta abordagem holistica, uma unidade de terra tem tanto um com- ponente vertical — desde o clima atmosfético até os aqiferos confinados no substrato mais profundo — quanto um elemento horizontal — uma seqiiéncia identificével de solo, terreno e elementos de uso da terra € hhidrol6gicos (“paisagem” ou “unidade de tera”) 1.1.2, Aréas Aripas, SEMI-ARIDAS £ SUBUMIDAS A chassficagio da Nota Técnica 7 da UNESCO define as v regides através da combinacio de duas varfveis climitieas: aridez bioci 18 GESTAO AMBIENTAL DE AREAS DEGRADADAS ridtica¢ regime de temperatura. O grau de arider bioclimética ¢ estabele- «ido pela relagZo P/Etp (média da precipitaio tora anuallevapotranspira- fo potencial) sea relagfo apenas fornece uma idéia da asides ow umidade do clima sem levar em considerasio o porencial agricola ou de pastorcio da regito, ‘© qual depende mais do tamanho do perfodo do ano em que o suprimen- to de égua, proveniente da precipitagio e do armazenamento no solo, seja suficiente para o crescimento das culturas ou da vegerasio. A partir disso, a FAO em seus estudos sobre as Zonas Agroecolégicas desenvolveu 0 con- ceito de Comprimento do Perfodo de Crescimento (LGP — Length of Growing Period) Tabela 1.1). ‘Tabela 1.1 — Classificagio das diferentes eas de ncordo com o Comprimento do Periodo de Crescimento (CPC) crc Chassifcaso <1dia Hipertidas (desert) <75 dias Aridas > 75~< 120 dias Seminiidas (secas) > 120~< 180 dias Semi-iidas (imidas) Fonte FAO (1984, Um Perodo de Crescimento de Referéncia se inicia logo que a preci- pitacio exceda metade da evapotranspiragio potencial (Etp). Pode ser interrompido por um periodo com baixa temperatura, durante o qual 0 ctescimento no é possivel, e termina quando a precipitagio cai abaixo da ‘metade da Etp, mais o periodo necessirio para evapotranspirar 100mm de Agua (que se assume que esteja armazenada no solo pelo excesto de chuva), (ou menos, se a precipitagio nio exceder esse limite durante o Petfodo de Crescimento. DEGRADACAO AMBIENTAL 9 4.1.3. DESERTIFICAGAO A desertificacio ¢ definida como “A degradagio de teras em Areas ri- das, semicdridas subvimidas secs, resutante de vétiosfatores, incluindo vatiagBes climticas eaividades humanas”. (Capitulo 12 da Agenda 21 do UNCED — United Nations Conference on Environment and Development) 1.1.4, DEGRADAGAO AMBIENTAL A degradagio das terras envolve a reducio dos potenciais recursos renoviveis por uma combinagio de procesos agindo sobre a terra, “Tal redugio, levando a0 abandono ou “desertificacio” da terra (como, por exemplo, partes do Saara que eram habitadas até 6,000 anos), pode ser Por processos naturais,tais como o ressecamento do clima atmosférico, processos naturais de erosio, alguns outros de formagio do solo ou uma invasio natural de plantas ou animais nocivos. Pode também ocorrer por agées antrépicas ditetamente sobre o terreno ou indiretamente em tazio ddas mudancas liméticas adversas induzidas pelo homem. 1.2, Visio Geral (© solo, como a agua, é um recurso vital para a humanidade, mas geralmente esse recurso é mal avaliado. Somente 11% da érea mundial nao apresentam limitagbes para uso agricola; em 28% o clima & muito seco, € cem 10% é muito imidos em 23% o solo apresenta desequilibrios quimi- cos erfticos © em 22% é muito raso; os 6% restantes esto permanente- :mente congelados (FAO, 1980). Existem diferentes formas de degradagio relacionadas aos virios com- ponentes verticais de uma unidade de terra: atmosfera, vegetagio, solo, geologia ¢ idrologia. ‘A degradagio ambiental pode ser proveniente, por exemplo, das con- digBes atmosficas adversas que vém sendo induzidas pelo homem, pro- vocando & mudanga do clima global. Ou pode ser da propria cobertura 20 GESTAO AMBIENTAL DE AREAS DEGRADADAS vegetal e da populagio animal (densidade e diversidade), por meio da ago dircta do homem ¢ agravada por periodos de seca, de naturera mais ou menos ciclica (Sahel, sudeste da Africa ¢ nordeste do Brasil). No entanto, «esse tipo de degradacio jd se mostrou reversivel em poucos anos apés 0 retorno das chuvas ¢ do isolamento da dea, frente & ocupasio animal ¢ humana. Entretanco, essa reversibilidade pode nao se estender a toda diversidade existente anteriormente. Dessa forma, a degradacio das condigées do solo & rauito mais sécia, no sentido de que nio é facilmente reversivel, uma vez que processos de formagio e regencragio do solo so muito lentos. © processo de crescimento da produsso de alimentos no mundo nem sempre foi compativel com o ambiente. Muitos dos impactos ambientais negativos,resultances da atividade agricola, esti ligados tanto & perda do ‘abisat natural quanto a0 uso (ou mau uso) de pesticidas e fetilizantes. Apesat disso, a degradacio do solo tem sido também um fator com impli- ‘agbes na produsio de alimentos. Por volta de 1990, priticas ageiolas inadequadas contribufram para a degradagéo de 562. milhées de hectares, aproximadamente 38% dos 1,5 bilhio de hectares de teras agricultéveis no mundo todo (Oldeman, 1994) (Figura 1.1). Algumas dessas terras sé estavam levemente degradadas, mas uma quantidade aprecidvel estavaseveramente prejudicada, o bastante para fo ‘onan Figura 1.1 — Degradago do solo por ag anrdpcs, por regio por causa de 1945 pina dos anos 80 (em miles de hea Fonte: World Rewuree 1992 93, Oxford Unive Pes, Nova Yor, 193, DEGRADACKO AMBIENTAL a danificar sua capacidade produtiva ou para se obter uma produgio. Desde ‘entio, as perdas continuaram a erescer ano a ano, com 5 a 6 milhdes de hectares apresentando degradacio severa todos os anos (UNEP, 1997). AA degradagio se apresenta de diversas formas, sendo a mais conhecida a eroséo do solo, Grande parte da erosio — aproximadamente 2/3 — ddecorre da dgua que lava a camada superficial do solo, enquanto 1/3 &cau- sado pela erosio eélica (WRI et al, 1992). Uma anilise da erosio do solo global estima que, dependendo da regio, a perda da camada superficial € dezesseis a tezentas veres mais ripida da que pode ser substicalda (Barrow, 1991). Os processos de formacio do solo séo lentos, necessitando de dduzentos a mil anos para formar 2,5cm de solo, e isso sob condigées agri- colas normais (Kendall e Pimentel, 1994) As terras cultivadas podem ser degradadas de diversas outras formas além da erosio, A degradacio Fisica das priticas agricolas (mecanizasio) pode levar & compactagio ¢ selagem do solo. O cultivo sucessivo sem petiodos de pousio suficientes ou sem a teposigio de nutrientes com cul- turas de cobertura, esterco ou fertilzantes pode esgotar os nutrientes do solo. Além disso, a aplicagio exagerada de produtos quimicos ageicolas pode matar os organismos benéficos do solo (WRI et al, 1992). © manejo hidrico mal realizado em terras agricola irrigadas é uma dlas causa principais da degradago de terrasagricultveis. A drenagem ina- dlequada pode levar 20 encharcamento do solo (devido & subida do lencol freitico) ou 8 salinizago, na qual os niveis de sais no solo chegam & toxici- dade. Com 10% a 15% de toda a terra irrigada softendo algum grau de encharcamento ¢ salinizagio, eses dois problemas representam uma amea- «a significativa 8 capacidade produtiva do mundo (Alexandratos, 1995), Geralmente, quando o clima e as atividades humanas se combinam tomando um solo anteriormente sadio em drea devastada, a degradagio aparentemente é irteversivel. Entretanto, muitas formas de degradagao podem ser remediadas pela reconstrugio cuidadosa da sate do solo (Scherr e Yadav, 1996). ‘© quanto 6 dano as terrasariveis do mundo jéafetou o suprimento ‘lobal de alimentos? Devido ao faco de a produgio total global de alimen- tos estar continuando a ctesce 20 longo dos anos, mesmo em face da sig- nificava degradagio do solo, tenta-se avaliar 0 declinio dos solos como 2 GESTAO AMBIENTAL DE AREAS DEGRADADAS tum problema menor. Entretanto, o uso crescente de fertlzantes, a exten so das terra irtigadas ea alta densidade de plantio tém mascarado os efi- tos da degradagio do solo até os dias de hoje. Perdas de produtividade substanciaisjé ocorreram em certas regides, apesar de alguns estudos te tarem quantificar esas perdas, Crosson (1994) estimou que a degradagéo do solo entre 1945 e 1990 diminuiu a produgio de alimentos no mundo ‘em torno de 1796, Estudos regionais tém identificado também essas per- das, Na Aftia, as perdas na produgio provenientes somente da erosio do solo sio estimadas em mais de 8% (Lal, 1995). Dados de diferentes pes- 4uisss indicam que o declinio na produtividade resultante da degradacio dos solos pode ulerapassar 20% em um determinado niimero de paises da Asia e do Oriente Médio (Scherr e Yadav, 1996). Prevé-se uma piora nessas perdas & medida que a degradagio conti- nue, Embora a colheita global possa nlo reflet-las imediatamente, elas podem ser considerdveis em algumas areas, especialmente onde a degrada- io & severa e progride rapidamente. Por exemplo, espera-se que a eroxi0 do solo comprometa seriamente a produgio no sudeste da Nigéria, Haiti «na base das montanhas do Himalaia, bem como em algumas pares do sul di China, Sudeste Asidtico e América Central A expectativa éa de que a silinizasfo se rorne uma ameaga bem mais stra nos sistemas de irigacio das bacias dos rios Indo, Tigre e Eufrates, bem como no nordeste da Tailandia e China, no Delta do Nilo, no norte do México e nos planaltos andinos. A exaustio de nutrientes sed, provavelmente, um problema sério em virias regides da Africa e em uma vatiedade de outros locais, desde Mianmar até bacia do Caribe (Scherr e Yadav, 1997). Contuco, nem todas as noticias sobre a degradagio de solos sio ruins Priicas agricolas mais amistosas, que minimizam as operacBes de preparo do solo ¢ reduzem seu potencial erosivo, esto se espalhando em diversos paises, como Marrocos, Filipinas e Tailéndia, e se expandindo regional- ‘mente em partes da Africa subsaariana e da América do Sul. Esses méro- dos incluem plantio em contorno, terraceamento, bartiras vegetativas © priticas de uso da terra melhores 20 nivel de azenda e paisagem, Também «stio se ampliando methorespriticas de gestio da Agua de irigagio, o que controla a salinizagio e diminui a quantidade de agua necessiria por hec- tare (Scherr e Yadav, 1997). DEGRADAGAO AMBIENTAL 2 (Os profissionais envolvidos esto comesando a perceber que a erosio ‘¢a5 questbes associadas no sio apenas problemas locais, mas ameagas a bacias hidrogedfcas intiras; como tal, podem ser gerenciadas mais cftiva- mente quando abordadas dessa forma. Até bem recentemente, a maioria dos pesquisadores estudava a degradacio praticamente ao nivel de fazenda e ro conseguia enxergar a situagio integralmente. Hoje em dia, o retrato da situagSo integral est4 disponivel, litealmente, nos Sistemas de Informasio Geogrifica (SIG). Esses bancos de dados integram grandes quantidades de informagio — altitudes, préticas de cultivo, precipitagio, declividade, modelos de drenagem ¢ outros fatores — e possibilitam a construgio de mapas que descrevem uma bacia idrogréfica ou regizo agricola, de uma ‘maneira que era impossivel de ser vista, ‘Onde casa tecnologia estver dispontve,tais informag6es podem 3ju- dar os proprietivios de terra a gerenciar suas priticas de manejo do solo por meio da identificagso das 4reas que sio mais indicadas & agriculeara, bbem como aquelas que tém mais rendéncias & deterioragio. Pesquisadores de Honduras, por exemplo,usaram um Sistema de Informagao Geogréfica para mapear a érea montanhosa de Yoro, onde existe uma grande deman- dda expansio das ércas cultivadas. Conforme era esperado, os solos mais ricos e de alta produtividade ocorrem nos vales, mas os mapas tornaram claro que também existem solos de alta qualidade em algumas encostas. (Os proprietérios egestores podem usar essa informagio para determi- nat quais as dteas capazes de uma produgio substancial com o menor dano ambiental. Também niéo devem ser negligenciadas outras técnicas impor- jo 0 aumento do teor de tances para melhorar a saiide do solo, inch matéra organica e da ciclagem de nuttientes, bem como da conservagio do solo através do uso de priticas de manejo bioldgicas, tais como aduba- fo verde, culturas de cobertura, consorciamento de culruras, sistemas agroflorestais (SAF) ¢ rotagio de culturas. 4.3, Tirotocia (© conceita de degradagio de teras "se refere & deterioragio ou perda total da capacidade dos solos para uso presente e futuro” (FAO, 1980). ais perdas ocorrem principalmente por causa das principais formas de % GESTAO AMBIENTAL DE AREAS DEGRADADAS crosio (pelo vento ¢ pela égua) e das deterioragbes quimica e fsica. Essa tipologia, conforme estabelecida pelo projeto Avaliasio Global da De- gradacio dos Solos (GLASOD — Global Asessment of Soil Degradation) (ISRIC/UNER, 1991), abordada neste livto. 1.3.1. EROSKO AA forma mais comum de erosio é a perda da camada superficial do solo pela agio da agua e/ou do vento. O escoamento superficial da gua

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