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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

1.2. Os dez valores

1.3. Bibliografia

1.4. Objetivos

1.5. Sobre a Ética

2. O ESTUDO DA ÉTICA CRISTÃ

2.1. A hierarquização dos ramos éticos

2.2. A ética cristã

2.3. O objetivo de estudo da Ética Cristã

2.4. A Ética Cristã na pós-modernidade

2.5. Ética Cristã e liberdade humana

3. A ÉTICA CRISTÃ

3.1. Ética Cristã: Fundamentação Bíblica no Antigo Testamento

3.2. Ética Cristã: Fundamentação Bíblica no Novo Testamento

3.3. Ética Cristã. o Reino de Deus e a Pregação de Jesus

3.4. Ética Cristã, o Reino e o Ensino de Jesus

3.5. Características do Ensino Ético de Jesus

3.6. A Ética Cristã Pessoal e Comunitária

3.7. Princípios Norteadores de Conduta


INTRODUÇÃO
E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; E, abrindo a sua
boca, os ensinava, dizendo: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados os
que choram, porque eles serão consolados; Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os
que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque
eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o
reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós
por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas
que foram antes de vós. Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão
para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre
um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está
nos céus.
Mateus 5:1-16

Introdução

Os capítulos 5 e 6 de Mateus são fundamentais nesse livro direcionado aos judeus.


No Novo Testamento, tanto o Evangelho segundo Mateus quanto o livro de Hebreus
foram destinados ao povo judeu. Mateus escreve intencionando mostrar-lhes que
Jesus Cristo era o Rei prometido da linhagem de Davi e, portanto, deveria ser
recebido como o Messias esperado por Israel.

No sermão do monte, Jesus fixa novos parâmetros da ética veterotestamentária,


instaurando a ética cristã. Se no capítulo 5, Jesus exterioriza princípios éticos do
Reino de Deus, no 6 Mateus relata diversos ensinamentos práticos de Jesus.

Há uma série de fatores que determinam a importância dos princípios éticos cristãos
estabelecidos no capítulo 5 de Mateus. No começo do livro, Mateus registra a
genealogia de Jesus, mostrando sua linhagem em Davi, seu nascimento, a visita dos
sábios, a fuga de José e Maria para o Egito, a matança dos inocentes e o regresso
de José. No capítulo 3, registra a pregação de João Batista, seu testemunho de Jesus
e o batismo de Jesus. No quarto, registra a tentação de Jesus e seu retorno à Galiléia,
o chamar dos discípulos e o pregar e curar pela Galiléia.

Jesus começa com “bem aventurado”, isto é, felizes. Aqui, Jesus deixa claro que os
princípios éticos a serem estabelecidos produzirão felicidade. A ética cristã está
contida na teologia prática, e todo o tratado de teologia prática visa princípios bíblicos
que tenham capacidade de produzir o bem estar da vida humana.

Devemos repensar o dualismo antagônica entre vida espiritual e vida humana: todas
as coisas devem contribuir para o reino de Deus, e o próprio Reino de Deus produz a
satisfação humana.
E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e,
assentando-se, aproximaram-se dele os seus
discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava,
dizendo: Bem-aventurados os pobres de espírito,
porque deles é o reino dos céus; Mateus 5:1-3.

Os dez valores

Jesus estipula pelo menos 10 valores cristãos do reino de Deus.


Bem-aventurados os pobres de espírito, porque
deles é o reino dos céus;
Mateus 5:3

1. Jesus estimula o contentamento, afirmando que é possível que aqueles que


tem um espírito humilde, voluntário, voltado para o Reino de Deus.
Contentamento não é conformidade, mas felicidade nas conquistas adquiridas.
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque
deles é o reino dos céus;
Mateus 5:3

2. Jesus estabelece como princípio cristão a esperança: haverá consolo para os


que choram. A esperança não é mera expectativa, mas ser movido pela
esperança consolidada que nos leva a agir com atitudes como se já tivéssemos
alcançado aquilo que esperamos.
Bem-aventurados os que choram, porque eles
serão consolados;
Mateus 5:4

3. Jesus estabelece um princípio de dependência de Deus. Mansidão é ter poder


para usar em benefício próprio e preferir abrir mão desse poder para beneficiar
o outro. É conter os ânimos. O herdar da terra não se refere aos céus, mas à
terra aqui mesmo.
Bem-aventurados os mansos, porque eles
herdarão a terra;
Mateus 5:5

4. Precisamos de um ideal de vida para nossa existência.


Bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça, porque eles serão fartos;
Mateus 5:6

5. Jesus estimula a clemência. Deve-se abdicar da dureza, inclusive consigo


mesmo. A clemência abre o coração para a liberação do perdão para os outros.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque
eles alcançarão misericórdia;
Mateus 5:7

6. Jesus estabelece a necessidade de sermos movidos por um coração bondoso


e repleto de boas intenções.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque
eles verão a Deus;
Mateus 5:8

7. Ser um pacificador significa ser um promotor da paz, isto é, pacificar as coisas.


Jesus estimula o fraternalismo, o buscar estar próximo em irmandade com as
pessoas.
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles
serão chamados filhos de Deus;
Mateus 5:9

8. Jesus estimula o altruísmo, o amor desprendido e a disposição para amar o


outro. Ser altruísta significa dedicar-se e cuidar do outro.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por
causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Mateus 5:10

9. Jesus fixa novos paradigmas do reino de Deus. Aqui, Ele mostra que por causa
do reino de Deus seremos perseguidos, injuriados e maltratados, porém nosso
galardão encontra-se para além deste mundo.
Bem-aventurados sois vós, quando vos
injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem
todo o mal contra vós por minha causa.

Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso


galardão nos céus; porque assim perseguiram os
profetas que foram antes de vós.
Mateus 5:11,12

10. Jesus estabelece os novos valores do reino de Deus:


Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com
que se há de salgar? Para nada mais presta
senão para se lançar fora, e ser pisado pelos
homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode
esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Mateus 5:13,14

Nenhum outro texto do Novo Testamento estabelece tantos pressupostos para a Ética
Cristã.

Bibliografia

● Ética Cristã - Opções e Questões Contemporâneas [Norman Geisler]

● Ética para viver melhor [C.S.Lewis]

● Ética cristã para a Igreja do século XXI [Denirval Penha e Misael Vieira]

● E eu achei que tinha perdoado [Leonardo Paulino]

● Dez Coisas que Eu Gostaria que Jesus Nunca Tivesse Dito [Victor Kuligin]
● Proibida a entrada de pessoas perfeitas [John Burke]

● Livro: Muito Carisma e Pouco Caráter [Renato Rubim]

● O impostor que vive em mim [Brennan Manning]

● O Evangelho Maltrapilho [Brennan Manning]

● Ego Transformado: A Humildade que Brota do Evangelho e Traz a Verdadeira


Alegria [Timothy Keller]

● Celebração da Disciplina [Richard Foster]

● Quando Ser Bom Não Basta [Stephen Brown]

● JesusCopy [Douglas Gonçalves]

● Celebração da Disciplina [Richard Foster]

Objetivos

O propósito da disciplina é tratar das questões de fundamentação da ética cristã, de


forma que não serão tratados casos práticos à exaustão.

Por que é importante estudarmos a ética cristã e como ela afetará nossas vidas?
Frequentemente somos confrontados com situações que envolvem a discussão sobre
certo ou errado, direito ou dever, justiça ou injustiça, virtude ou vício, bondade ou
maldade, acaso ou intencionalidade das ações, etc.

Vivemos um momento de pós-modernismo, e uma das características dessa visão de


mundo é o relativismo, que ensina que não há uma verdade absoluta, isto é, aquilo
que é verdade para um pode não sê-lo para outro. Dessa forma, a construção da
verdade depende da construção pessoal do indivíduo.

O relativismo traz um problema muito grande para o mundo, pois são os princípios
básicos que regem a conduta social. O relativismo, entretanto, abandona-os,
provocando uma problemática sem tamanho em relação ao que é certo e o que é
errado.

Tais questões são de caráter prático e dizem respeito aos juízos que emitimos sobre
o valor moral das ações, costumes, comportamentos e regras de conduta. Por esse
motivo o estudo da ética cristã é fundamental, pois é ela quem trata acerca desses
assuntos. Da necessidade de assumirmos uma posição diante destes problemas é
que surge a disciplina conhecida como “ética”.

Nem todos os assuntos são tratados diretamente na Bíblia. Sobre a questão do


alcoolismo, por exemplo, a Bíblia não proíbe o consumo da bebida. Ela meramente
restringe o uso prático do álcool. Dessa forma, a questão deriva-se de uma postura
ética cristã da visão pentecostal em proibir o consumo tendo em vista a necessidade
e uma norma ética para a libertação de membros oriundos de casos de vício em
alcoolismo.

O adultério, por outro lado, não requer uma análise profunda a partir de uma ética
cristã uma vez que as Sagradas Escrituras manifestam-se claramente contra esse
ato: não adulterarás. Além disso, a ética contra o adultério vem desde o antigo
testamento, e é radicalizada por Jesus Cristo.

Sobre a Ética

A palavra vem do substantivo grego “ethos” que pode ser grafado como “êthos”
designando o conjunto de costumes normativos da vida de um grupo social, ou como
“éthos” designando a constância do comportamento do indivíduo cuja vida é regida
pelos ethos - costumes.

A ética é, portanto, o conjunto de normas e princípios que regem a conduta do


indivíduo dentro do grupo. A ética não tem visão primária no indivíduo, mas sim no
grupo onde tal indivíduo está localizado. Ela busca harmonizar condutas, de forma
que a visão do indivíduo não venha a causar danos ao grupo.

Atualmente, quase todas as profissões seculares dispõem de um código de ética


profissional objetivando orientar o comportamento de seus associados. Qual a
importância disto? A uniformização das condutas proporciona segurança ao receptor
dos serviços, pois assegura que não será tapeado.

A palavra “moral” vem do latim “moralis” cuja raiz é o substantivo “mos” (mores) que
corresponde ao grego “ethos” e cujo sentido é conduta, costume, uso, hábito ou
comportamento. Deste modo, a ética é a ciência do comportamento moral dos
homens em sociedade. O objeto da ética é a moral. A ética é a ciência dos costumes.
Já a moral não é ciência, senão objeto da ciência.

Dentro da ética geral podemos destacar alguns ramos:

1. Ética familiar

2. Ética social

3. Ética profissional

4. Ética pessoal

Tais princípios éticos mudam de acordo com a sociedade.


O ESTUDO DA ÉTICA CRISTÃ
A hierarquização dos ramos éticos

Dentre todos os outros ramos da ética, o que sobrepuja todos é o ramo da ética social.
A ética social é aquilo que é concebido em uma sociedade. Nesse sentido, deve-se
perceber a ética social como o regimento interno de uma sociedade, variando de uma
nacionalidade para outra, por exemplo.

Seja como for, as variâncias que podem ser encontradas nos diferentes princípios
éticos que regem as sociedades devem estar sempre sujeitos à lei da dignidade
humana. Dessa forma, pode-se dizer que a ética social sobrepuja praticamente todas
as demais, com a clara exceção da ética cristã.

Subordinada à ética social encontra-se a ética familiar, porque dentro de uma


sociedade a primeira estrutura básica é a família. Se há uma sociedade, ela o é
porque foi composta por famílias. Quando a família falha como grupo de controle
social, toda a estrutura social é comprometida.

Abaixo da ética familiar há a ética pessoal e, subordinada a ela, a ética profissional.


Isso se dá porque indivíduos são partes da família, e escolhas profissionais são
opcionais a cada pessoa. Dessa forma organiza-se a hierarquia nos ramos éticos
dentro da ética geral.

A ética cristã

Por ser abrangente, a ética cristã envolve todas as áreas da vida do indivíduo,
trazendo-lhe novas perspectivas. Diferentemente do que algumas pessoas pensam,
a ética cristã não se resume à vida religiosa. Ralph Smith Teologia do Antigo
Testamento nesse livro trata o homem como um ser integral, de forma que deve ser
encarado como um todo.

Por ética cristã designamos o “conjunto de princípios e valores fundamentados na


revelação cristã que permite ao indivíduo orientar sua conduta no mundo”. Princípios
são referenciais de vida que orientarão a sociedade, e valores são aquilo que
valorizam os indivíduos.

A Ética Cristã é uma análise crítica da moralidade à luz dos princípios e valores que
norteiam a fé cristã, ou seja, é uma ciência que, partindo das Escrituras e da razão
natural iluminada pela fé, analisa a origem e validade dos princípios e práticas
relacionadas à ação moral humana.

A Fé Cristã carrega um histórico de justiça na sociedade. Historicamente, figuras


proeminentes da Bíblia utilizaram-se do poder catalisador da fé para instaurar ou
proteger a harmonia na sociedade.
A Ética Cristã rotineiramente é um instrumento do qual se deve lançar mão
principalmente quando há necessidade de fazer análises sobre fatos e circunstâncias
sobre as quais a Bíblia não trata diretamente.

A Ética Cristã precisa também ser ampliada como princípio norteador da conduta
cristã e não somente como ponto para equilibrar desafios sociais enfrentados
hodiernamente. Se é que devemos encontrar um ponto de equilíbrio nos desafios
sociais, que esse ponto seja encontrado a partir da Ética Cristã. A Ética, entretanto,
não serve apenas para resolver problemas, mas para estabelecer condutas.

O objetivo de estudo da Ética Cristã

A Ética Cristã precisa também ser aplicada como princípio norteador da conduta cristã
e não somente como ponto para equilibrar desafios sociais enfrentados
hodiernamente.

Para além do aspecto religioso congregacional, a aplicação dos princípios cristãos às


condutas humanas numa sociedade também gera frutos de benefícios incalculáveis.
De fato, a Igreja também cumpre seu papel ao ser considerada a maior instituição de
benfeitoria social.

A Ética Cristã na pós-modernidade

O pós-modernismo é marcado pelo relativismo, subjetivismo, empirismo e


pragmatismo crescente. E, como assevera David Lyon: “Valores e crenças perdem
qualquer sentido de coerência, sem mencionar o de continuidade, no mundo de
escolha do consumidor, de mídia múltipla e de (pós) modernidade globalizada (...) A
vertigem da relatividade, o abismo da incerteza são seus resultados”.

Precisamos compreender o significado do termo “pós-modernismo”. Ele é oriundo de


uma visão que divide o mundo em três períodos: Pré-moderno (anterior à ascensão
do Iluminismo, marcado pela sacralidade), Moderno (o resultado da visão de mundo
iluminista do século XVI), Pós-moderno ( nascido em torno de 1952, esse movimento
é marcado pela velocidade da informação).

Essa maneira relativista (antinomista) de pensar e agir tem provocado certas


mudanças no campo da prática religiosa e da reflexão teológica. O homem da pós-
modernidade está em busca daquilo que seja menos dogmático e preceitual nos
campos da moral e da religião.

Ética Cristã e liberdade humana

Embora seja importante ressaltar que, apesar de a liberdade ser limitada por fatores
biológicos, psicológicos e sócio-culturais, isso não anulo o princípio de que a ação
moral, para ser valorada eticamente, deverá resultar da escolha consciente do ser
humano.
A ação moral do homem está atrelada ao fato de que ele possui consciência. Essa
consciência à qual Deus o dotou é um atributo humano, isto é, uma característica
inerente ao ser.

Dessa forma, não obstante podermos ser influenciados ou motivados a algo, e mesmo
apesar de circunstâncias de vida que possam forçar alguma ação, o ser humano
sempre possui uma escolha consciente, e é nela que a Ética Cristã vai agir. É na
escolha consciente que reside a liberdade.
E não sede conformados com este mundo, mas
sede transformados pela renovação do vosso
entendimento, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
Romanos 12:2

Há uma discussão acerca dos limites da liberdade humana que deve ser observada
no estudo da Ética Cristã. Essa discussão torna-se especialmente aparente quando
debate-se temas como a contraposição das visões Arminianistas e Calvinistas. O
cerne da questão encontra-se no fator do Livre Arbítrio, uma dádiva de Deus ao ser
humano, e a maneira como ele se relaciona com a escravização pelo pecado.

Em seu livro intitulado Fé Bíblica e Ética Social, E. C. Garner afirma o seguinte:


“O estudo da ética repousa sobre a
pressuposição de que o homem é livre e
responsável. (...) Ética pressupõe liberdade e
responsabilidade”

A soberania de Deus não implica anulação do livre-arbítrio humano. A capacidade do


homem de escolher, seja de um ou de outro modo, só é possível porque Deus, em
sua soberania, assim o dotou quando o criou.

Soberania significa afirmar que Deus faz o que quer, e não há nada ou ninguém que
possua autoridade sobre ele. A onisciência significa que Deus conhece todas as
coisas. A presciência implica que Seu conhecimento não está preso ao tempo, de
forma que ele conhece as coisas mesmo antes de acontecerem (Sl 139).
Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria,
como da ciência de Deus! Quão insondáveis são
os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus
caminhos! Por que quem compreendeu a mente
do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou
quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja
recompensado? Porque dele e por ele, e para ele,
são todas as coisas; glória, pois, a ele
eternamente. Amém.
Romanos 11:33-36

Dessa forma, faz-se a seguinte pergunta:

Deus sabia que o ser humano usaria seu livre-arbítrio para o mal antes mesmo de dar
aos homens esse dom? Certamente que sim, por causa de Seus atributos.
Se é verdade que Deus sabia, por que ainda assim deu a eles essa capacidade? Em
seu plano Eterno, Deus entregou aos homens o arbítrio por causa de Seu amor
incondicional.

O que Deus espera disso tudo? Nosso reconhecimento. De fato, a própria


desobediência de Adão foi resultado da falta de reconhecimento.

A soberania de Deus designa o seu governo e autoridade sobre tudo o que existe.
Por outro lado, o livre-arbítrio indica que as decisões e ações humanas são
autodeterminadas.

Assim sendo, deve-se perguntar por que Deus não toma o livre-arbítrio. Deus não o
faz porque foi ele mesmo quem o deu, e quando o fez, tinha plena ciência de suas
consequências. Deus não vai contra si mesmo.

De acordo com o relato de Gn 2:15-17, Deus assegurou ao primeiro homem o direito


de escolher e, ao impor-lhe este preceito, Deus reconheceu o ser humano como
responsável pelos seus atos. Ao mesmo tempo, porém, Deus afirma a sua soberania
sobre ele e o obriga a observar os seus próprios limites, reconhecendo a sua condição
humana.
A ÉTICA CRISTÃ
Ética Cristã: Fundamentação Bíblica no Antigo Testamento

O Antigo Testamento tem um sistema ético sem desenvolvimento. As pessoas sabiam


que Deus se dirigiu a elas e lhes dissera quais eram as suas exigências morais. Para
eles, bom era aquilo que Deus exigia e mau, aquilo que Deus proibia.
Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é
o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a
justiça, e ames a benignidade, e andes
humildemente com o teu Deus?
Miquéias 6:8

É necessário reconhecer que a moral do Antigo Testamento apresenta certas


limitações que precisam ser consideradas (a lei de talião, por exemplo). Não
encontramos nele num sistema ético completo.

É uma ética em evolução, em desenvolvimento, isto é, uma ética para pessoas num
estágio primário de desenvolvimento religioso, devendo ser lida à luz do seu
cumpriemnto e aperfeiçoamento em Cristo.

É importante ressaltar que o Antigo Testamento não é o registro da fé de Israel, mas


sim o registro da manifestação de Deus através da fé de Israel, por meio da qual Deus
se apresenta. Essa revelação é progressiva, tendo inicio do próprio Deus e
culminando em Cristo.
Havendo Deus antigamente falado muitas vezes,
e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a
nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, A
quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez
também o mundo.
Hebreus 1:1,2

Ética Cristã: Fundamentação Bíblica no Novo Testamento

A ética do Novo Testamento foi construída a partir da releitura que a Igreja Primitiva
realizou do Antigo Testamento, à luz da novidade de vida em Cristo. É preciso
ressaltar, entretanto, que a concepção dos escritores do Novo Testamento quanto ao
Antigo Testamento é que este é a Palavra de Deus e que revela a vontade de Deus,
sendo instrumento de Deus para nossa orientação. O Novo Testamento apresenta
uma radicalidade ética em relação ao Antigo.

Aqui cabe uma observação acerca do termo “radicalidade”. Deve-se fazer uma clara
distinção entre radicalidade e radicalismo, uma vez que o primeiro significa viver de
forma plena, enquanto que o segundo trata-se da exacerbação do primeiro.

A ética de Jesus tem sido descrita como ética do Reino de Deus. Ele referiu-se à sua
igreja somente duas vezes (Mt 16:18, 18:17) e ao Reino mais de 70 vezes. Seu
Evangelho é definido por ele como “Evangelho do Reino” (Mt 4:23).
E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas
suas sinagogas e pregando o evangelho do reino,
e curando todas as enfermidades e moléstias
entre o povo.
Mateus 4:23

A proposta da Ética Cristã é a harmonização da convivência humana. O que é mais


importante: a igreja ou o Reino? Tendo em vista a proposta da Ética Cristã, devemos
nos perguntar se a Ética pretende harmonizar a convivência na Igreja ou no Reino.

O Reino é mais importante que a Igreja, pois a Igreja é a agência desse Reino,
existindo existindo em função dele. O Reino existe por causa de Deus, tendo em vista
que o Reino é de Deus, a Igreja, por outro lado, existe para o Reino, e sem ele a Igreja
não teria razão de ser.

O que é o Reino na prática? A ideia de reino costuma deve sempre vir acompanhada
de domínio, poder e autoridade. Domínio é o poder de comandar: Deus exerce
domínio na Terra através da Igreja. O poder e a autoridade da igreja são derivados
de Cristo e do Espírito Santo:
Mas receberão poder quando o Espírito Santo
descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas
em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até
os confins da terra".
Atos 1:8

Ética Cristã, o Reino de Deus e a Pregação de Jesus

Na mensagem cristã, a ética do reino deve ser a vivência prática daqueles que
desejam com vontade inovadora transformar a realidade alcançando cada vez mais
pessoas com a aceitação da mensagem do evangelho, o qual é a “porta” de entrada
para o reino escatológico.

Como o Reino cresce? Com a pregação do Evangelho. O que o faz crescer? Deus.
Através de quem? Da Igreja:
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma
havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e
tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de
mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria
e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o
Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.

Atos 2:42-47

No livro “Dez coisas que eu gostaria que Jesus nunca tivesse dito”, o autor Victor
Kuligin assevera que o título de trabalho para o livro foi “Dez coisas que eu odeio em
Jesus”. O título tinha o objetivo de ser provocativo, como são os ensinos de Jesus.
Havia certo valor chocante em seus ensinos que infelizmente se perdeu em nossos
ensinos hoje.
Ficamos tão à vontade com Jesus depois de dois mil anos de dissecação de suas
intuições e análise gramática de suas palavras que o valor chocante é totalmente
nulo. A editora Crossway Books optou, talvez sabiamente, por usar um título menos
afrontoso mas que ainda contivesse certo valor provocativo.

Frases provocativas de Jesus:

1. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus - Mt


5:3.

2. Se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti - Mt


5:29.

3. Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus
- Lc 9:62.

4. Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz,
e siga-me - Lc 9:23.

5. Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo,


disserem todo o mal contra vós por minha causa - Mt 5:11.

6. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo. Eu,
porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei
bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem;
Para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus - Mt 5:43-45.

7. Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos
perdoará a vós - Mt 6:15.

8. Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs. e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo - Lc 14:26.

9. Não julgueis, para que não sejais julgados - Mt 7:1.

10. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus - Mt 7:21.

11. Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei!
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de
coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é
suave e o meu fardo é leve - Mt 11:28-30

Ética Cristã, o Reino de Deus e o Ensino de Jesus

A ética de Jesus pode ser considerada contemporânea-escatológica visto que, para


ele, seus seguidores vivem no âmbito do reino, que ao mesmo tempo é “já e ainda
não”. A ética de Jesus projetava para uma Ética Cristã da radicalidade.
O já e ainda não implica que o Reino de Jesus é hoje, mas também é amanhã. Jurgen
Moltmann, ao tratar desse assunto, afirma que o Reino de Deus já está entre nós,
pois Cristo estabeleceu-o, e ainda não está em sua forma plena, isto é, consumado.

O elemento único do ensino de Jesus é que em sua pessoa o reino de Deus invadiu
a história humana, e os homens não somente são colocados debaixo da demanda
ética do reino de Deus, mas, em virtude desta própria experiência do reino de Deus,
eles são também capacitados a dar cumprimento a um novo padrão de justiça.

Características do Ensino Ético de Jesus

1. Jesus anuncia uma ética de conduta presente no cristão sendo


permanentemente perpassada pela compreensão escatológica do reino de
Deus.

2. A ética proposta por Jesus é a ética do altruísmo, fruto de um coração


transformado por Deus. Esta é a ética da nova comunidade que tem Deus
como Senhor e Rei de sua vida.

3. A ética de Jesus procurava aliar as dimensões vertical e horizontal nos


relacionamentos. O amor a Deus implicaria o amor ao próximo, e o amor ao
próximo estaria fundamentado na relação pessoal com Deus.

4. Jesus se mostrou bastante convicto acerca da importância inegociável da


moralidade interior humana. Ele ressaltou que o correto comportamento
exterior deveria estar em consonância com a verdade do mundo interior do
sujeito.

5. No pensamento ético de Jesus, o ser humano só se torna espiritual e


moralmente livre quando encontra sua plena liberdade no âmbito da vontade
de Deus.

6. Jesus investiu no ser humano caído e moralmente rebelde, pois ele o via como
ser espiritual e moralmente recuperável. Isso apontava para o valor e a
dignidade da pessoa humana.

A Ética Cristã Pessoal e Comunitária

Pessoal: o ser humano é um ser gregário.

1. O cristão como pessoa: o cristão jamais pode ser considerado um super-herói.


Ele sofre, sente e geme, de forma que a Ética Cristã deve enxergar o ser
humano como pessoa. Nesse sentido, a Igreja precisa ser terapêutica, isto é,
ser um lugar para tratar as pessoas.

2. O cristão e seu corpo: O corpo do crente é templo do Espírito Santo.


Precisamos compreender que a Ética Cristã trata do cuidado com o corpo
físico.
3. O cristão e a prática das virtudes, vícios e maus hábitos: Pensar em virtudes é
tratar de disciplinas espirituais e o Fruto do Espírito.

Comunitária:

1. Ética cristã e alteridades: mansidão e esforço para cuidar do próximo

2. Ética cristã e amor: deveis nada a não ser o amor (cuidado)

3. Ética cristã comunitária: na comunidade da fé, há a oportunidade de manifestar


o amor

4. Ética cristã e práxis: a práxis visa harmonizar a convivência prática, opondo-se


à teoria

Princípios Norteadores de Conduta

O principal desafio da ética cristã é identificar os princípios universais que devem


nortear a ação moral e não somente tratar de assuntos que a Bíblia não trás enfoque
direto.

Princípios norteadores de conduta:

1. O cristão deve exercer sua liberdade a partir da realidade da Graça de Deus


em sua vida.

2. O cristão deve exercer sua liberdade glorificando a Deus. TUDO PARA A


GLÓRIA DE DEUS. [espiritualidade na prática paulo stevens]

3. O cristão deve evitar tudo o que for claramente pecaminoso e moralmente


dúbio.

4. O cristão deve evitar tudo o que possa envergonhar o evangelho,


escandalizando os não crentes ou desestimulando os crentes mais fracos.

5. O cristão deve se preocupar com o caráter ético dos fins que deseja alcançar
e dos meios que se disporá a utilizar para alcançar tais objetivos.

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