BA&D - Ambiguidades No Governo Lula - 2009

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&seE1 Bahia Govern do Estado da Bahia oques Wiogter Secretaria do Planejamento~ Sepian Waster Pte ‘Secretiia da Adminstragio = Saeb ‘Manel visio da SWva Fino Escola de Administraggo da Universidade Feder egialda Soiza Sante ‘Superintondnca de Estudos Econémicos ‘cSocise da Bahia SEL Jose Gaal dos Ros Santos r Dirtora de deindicadores Estaisticas- Distat (Gustavo Caseeb Peas ‘Coordenapto de Acompanhamento Conjuntural~ CAC ue Maro Vers BAHIA AMALIE &DADOS 6 ura puteagtevmssral i SE, sari cs & ‘SeewanacoPanaanert. Digs apesjsorguercorezicos della det ‘enor ocomon Dgenvalpracoruita a ouribao ae annaeiba go ta peal eh dan e's Intron Pred ecry on ee Conseino Esdtorial ‘André Garcaz Gara Angela Borges, Angela Franco, AntéioWison Fares Manezas, Ari de Barot Svs, Aa” Koersok Carta Gattschal, Caen Fontes de Souze Tabor, Cesar Vaz de CoNeto Aster, Eagar Porto Edmund Sa Gael Figuerta, ES. .G, Ris "Neo, Eduardo Pereira Nunes, Esa Sousa Krayenel, Guarad Adeodato| ‘Aves de Soa, na Mana Morera de Cara, Jar Sampnc Soares “ner, dos ida Vega dose Gerald dos Rais Saag Jose Ribs cares Gurmares, Une Mosques Navar, Lice Anni Pina de Olvera Linz Figueras, Luz Maio boro Vera, Moora José de Cavalho Augusto, Monica de Moura Pes, Nadia Hage Fao Naya Ara CGumaraes, Oswaldo Guera, Renata Prose, Rerato Leone Miranda de, Reso Abvamovay. Ra Penta Tereza Liss Murey de Abra, “Wor de Anayae Couto Editor Francisco Baquero Vial ‘Coordenagso Eeltorial Lue Maro Vela, Mecejane Wander Sarisra, Za Maa dC. Abrey Gos Revisto de Linguagem Christiane se June (ng) Luis Femande Samo (po) ‘Coordenasio de Documentacdo Biblioteca — obi "Ara Paula Sampaio Normalizagto Raimundo Pereta Santos Coordenagto de Dissominacao de Informagées = Codin ‘Mare Sentos| Padronizagto e Esto ‘Edtoria de Arte EEsabete Crna Texeira Barreto, Aline Santana (sg) Produgdo Executva ‘Anna uizeSapucaia, Marina Bits capa Jule Vite Eaitoragto Nando Cordero ana pode & Dado 501) cous aaa) utr yana Fina, A 01405, 2 nse CAB so Shean Fae (7) NTO gen toaoe BAHIA. Ambiguidades no governo Lula: 0 que se fez do legado do MARE? Leonardo Barbosa ¢ Silva" Resumo E possivel afirmar que 0 governo Lula & uma simples continuidade de governo anterior? Neste caminho aberto pela questlo, este arigo se dense a fazer um balango do governo Lula. Interessa, fundamentalmente, perceber se a agenda teformadora dos anos 1990, consoldada no govemo FHC f diigida ra dmensio adminstratva pelo Mare (Ministério dda Administragdo Federal e Reforma do Estado), foi mantida, _aprofundada ou recuada. Para tanto, ulizar-se-8 dois caminhos _rgumentativas: 8) 0 primeira dard conta da possivel adesto de uma nova agenda dentro da Secretaria de Gestio (Seges); b) ‘0 segundo percebers, nas diversas iniciatvas do govern, se 0 sertido de suas poiicas pubicas reorca ou rompe coma lgica inaugurada no govemo anterior, Conclu-se-s que 0 balanco ponta para a ambiguidade, com movimentos de conservagdo € ruptura da lgica preterta, Palavras-chave: Reforma do Estado, Governo Lula Neolteralsmo, Gerencialismo, Mare. INTRODUGAO E possivel afirmar que o governo Lula é uma simples continuidade do governo anterior? Esta questo ndo pode ser respondida de maneira simples, tampouco atravessada por paixSes que tragam diagnésticos aprioristicos. Para tentar cola- borar com a sua resolugo, este artigo se dispée a fazer um balango do governo Lula naquilo que conceme ao universo das politicas piiblicas vin- culadas @ reforma do Estado. Dito de outra forma, nos interessa fundamentalmente perceber se a agenda reformadora dos anos 1990, consolidada (UUs eaetioeinainonecottonelcon [BAHIA ANALISE & BADOS, Salvador, v19, 81, 9.127136, bean 2009 Abstract, Isitpossibe to affim thatLula's governmentisjustacontinaty of the previous one? This article lends to make a balance of Lula's government withthe route opened up by this question Its fundamental interest i in understanding ifthe reforming agenda (of the 1990s, consolidated in Fernando Henrique Cardoso's government and vil its administrative dimension directed by the Ministry of Federal Administration and State Reform (Mare) was maintained, investigated further or regressed, Two ‘argumentative paths were therefore used! a) the fst will account for possible adhesion to a new agenda within the Department ‘of Management (Seges):b) the second wil noe ifthe mening of ther public policies reinforces or breaks with the logo started In previous government in varius curent government intatves. Itis concluded that the balance points towards ambiguity, with ‘conservation movements and break from past ogi. Keywords: State reform Lula'sgovernment Neo-lberalsm ‘Management Culture. Ministry of Federal Administration and State Reform (Mare) no governo FHC e dirigida na dimensdo administra- tiva pelo MARE (Ministério da Administragdo Fede- ral e Reforma do Estado), foi mantida, aprofundada ou recuada, Para tanto, utiizaremos dois caminhos argu- mentativos: a) 0 primeito dara conta da possivel adesao de uma nova agenda dentro da Secreta- ria de Gestéo (Seges); b) 0 segundo perceberd, nas diversas iniciativas do governo, se o sentido de suas pollticas pablicas reforga ou rompe com a légica inaugurada com a reforma do Estado no governo do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) A partir de entao, sera possivel concluir preli minarmente que existia um movimento geral de conservagao. Ele se expressava, por um lado, pelo 127 AMBIGUIDADES NO GOVERNO LULA: 0 QUE SE FEZ.DO LEGADO DO MAKE? fato de a Seges produzir uma série de resisténcias internas para levar a diante 0 Gestdo Publica para um Brasil de Todos (GPBT), programa para as polt- ticas de gestéo com contetido razoavelmente cri- tico em relagéo ao seu antecessor (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado). Deste modo, estancou 0 movimento de mudanga. E, por outro lado, as politicas empreendidas desde 2003 trata- ram de reforgar as figuras juridicas e respeitar os marcos institucionais vigentes. Assim, as agéncias reguladoras, as organizag6es socials, os contratos de gesto, os controles por resultados etc., foram preservados em sua esséncia, Cabe-nos ainda, somar a essas conclusdes preliminares uma ultima. Em varios momentos foram empreendidas, também, politicas dissonan- tes. Elas aparecem no recuo das terceirizacées, na contratagao do funcionalismo, na politizacéo das agéncias reguladoras, na paralisagdo das privati- zagbes etc. Portanto, chegamos a um diagnéstico que aponta para a ambiguidade, para o convivio de politicas de légicas distintas ou opostas, ainda que se possa pensar a predominancia de uma delas. Esse diagnéstico, especifico para o ambiente da gestéo pilblica, ndo nos permite pensar 0 governo Lula como mera continuidade. OS CONFLITOS NA SEGES SOBRE 0 GPBT Como se sabe, desde 1999, a reforma do apare- Iho do Estado no conta com um Ministerio para sua execugao, O MARE foi desativado e convertido na Secretaria de Gestéo (Seges), 6rgéo componente do Ministerio do Planejamento, Orgamento e Ges- tao (MPOG). A converséo foi justificada pelos tuca- nos através do argumento de que a reforma ja tinha cumprido seu papel, sobretudo na dimens&o institu- cional-egal. E restaria, portanto, as transformagées: de longo prazo, mas lentas e graduais, no deman- dantes de uma estrutura ministerial para tanto. ‘Acstrutura foi mantida depois da posse de Luiz Inacio Lula da Silva. Isso pode produzir duas sus- peitas: a) dada a nogéo recorrente nos programas: de governo de que a questo administrativa 6 chave 128 para o desenvolvimento, seria importante manter a Seges sob 0 guarda-chuva do MPOG; b) todavia, um ministério que se desdobra em tantas dimensoes e de tamanha importancia pode relegar a questéo administrativa, basta que a secundarize ou simples- mente no consiga a devida coordenagao. Se observarmos a envergadura do GPBT—docu- mento-guia da politica administrativa do governo Lula, langado em 2003 e com um contetido razo- avelmente critico em relacdo ao Plano Diretor do MARE -, seremos levados a confirmar a primeira suspeita. Suas intengées passavam por recuperar © deficit estatal ¢ colaborar com 0 desenvolvimento do pais a partir da sintonia fina com o Plano Plu- rianual (PPA) 2004-2007. Nesse sentido, a Seges seria uma personagem destacada. Entretanto, se a observago abandona o texto e se desloca para sua implementagao, veremos raz8o na segunda sus- peita, Martins (2005) caminha nesta dirego, ao ale- gar que a fragmentagao das politicas foi mantida na gestdo recente. Para o caso petista, o MPOG con- centrava suas forgas no tema orgamento, drenando as atengdes numa pasta multitematica, Somam-se a isso a auséncia de um plano de gestéo para o PPA, as divergéncias entre secretarias do mesmo minis terio e a resistencia de transformar a Seges em uma secretaria com poderes ministeriais. Uma série de outras motivagbes completa o quadro erguido pelo autor, mas essas nos bastam para perceber o des- compasso entre 0 GPBT e a sua efetivacdo. © proprio autor, Humberto Falcao Martins, pri- meito secretério de gestéo do governo Lula, revela em sua carta demissionétia de fevereiro de 2004 uma sucesséo de fatos que reforgam a suspeita de que a questéo administrativa néo recebera destaque. Ele relata que em janeiro de 2004, portanto, quando completara um ano de governo Lula, o MPOG jé havia ordenado a desconstrugao” do GPBT. O recuo em relago & Medida Proviséria 163, que levaria a Seges para a Casa Civil, seria mais um agravante na impossibilidade de levar um projeto da amplitude desejada. Assim, finalizando a carta, Martins (2004) escreve ao Ministro do Planejamento que Em que pese minha admiragao pessoal e mais ato respeio profssional por Vossa Exceléncia, BAHIA ANALISE & PADOS, Ssvador, v.19. 01, 9.127136, bsun 2008 estou convicto de que a atual situagdo do Mi nistério do Planejamento nd permite que uma proposta abrangente eintegrada de poica de gestdo possa sor apresentada ao Presidente da Republica. A Seges atravessou duas mudangas de secreta- tio’ durante 0 mandato em questo. Mudangas desta natureza implicam tempos de adaptagao, quebras na velocidade e possiveis alte- ragées de prioridades. Essa mudanga foi confirmada pelo atual secretario adjunto da Secretaria de Ges- 80 em 2008, Alexandre Kalil Pires, em entrevista coletada para a pesquisa de doutorado. Relata Pires que o GPBT estava muito bem estruturado do ponto de vista académico e metodolégico e exigia uma grande reunido de estudos externos para ser ‘empreendido. Dada a auséncia de recursos ~ néo quantificados pelo entrevistado -, a Seges secun- darizou a fatia mais ambiciosa do plano, sem perder ‘suas orientagSes gerals. Todavia, é possivel perce- ber que as orientagdes gerais também foram latera- lizadas, a despeito do que afirma o secretario, BALANGO E NATUREZA DAS POLITICAS: CONSOLIDAGAO E RECUOS Durante os quatro anos do governo Luiz Inacio Lula da Silva, a questéo administrativa nao alcan- {G0U igual importancia aquela conferida a0 primeira mandato tucano. Compete pensar que uma radical transformagéo que rompesse com os postulados da Nova Administragao Publica — orientada pelos procedimentos empresariais ~ dificimente ocorre- ria em siléncio, nos bastidores do Poder Executivo, sobretudo porque envolveria a quebra de institu ‘Gbes importantes para a regulagao dos mercados ‘ou para o mainstream da gestéo publica. Logo, 0 relativo siléncio € uma evidéncia da continuidade Eo War (708208, a Hrs Sat (204 Vr Cor [BAHIA ANALISE & DADOS, Salvador, v19, 1, 9.12716, sein 2009 Mas os balangos nos levam a pensar que ocorreu muito menos do que se propagandeava, isto 6, nem mesmo o conteiido de parte das instituig6es foi substituido, como se pode perceber no uso frequente de ferramentas do gerencialismo confirmada em boa medida pelas linhas seguin- tes. Cabe ainda lembrar que o GPBT, carregado de contrapontos em relagao reforma do MARE, naufragou ainda no primeiro ano, deixando agdes pretensiosas detidas exclu: sivamente nas paginas do programa, Ferramentas gerenciais da Nova Administracao Publica Todos 0s balancos de gestéo ¢ atividades do Ministério do Planejamento, Orcamento e Ges- tao (MPOG) utiizados pelo trabalho (Brasil, 2004, 2005, 2008) demonstram a tentativa de a Secreta- ria de Gestao (Seges) de alinhar as insttuigées her- dadas dos mandatos tucanos ao GPBT. No fundo isso implicaria a substituigéo de conteiidos, metas valores, com o sentido de recuperar o Estado em seu déficit institucional. Mas, em alguma medida, 0 simples alinhamento significaria, ao mesmo tempo, a preservago da carcaca institucional. Na relagso mutuamente determinante entre forma e contetido, seguramente a sobrevida dada a forma contamina- ria 0 contetdo Mas 08 balangos nos levam a pensar que ocor- reu muito menos do que se propagandeava, isto é, nem mesmo 0 contetido de parte das instituigdes foi substituido, como se pode perceber no uso fre- quente de ferramentas do gerencialismo como: controle por resultado, foco no cidadao, descen- tralizagéo, qualidade, desburocratizacéo, agéncias executivas, organizagées sociais, contratualizacao, logica da adesao, além de outras, Qualidade e desburocratizagao As pollticas de gestio da Seges agem em varias frentes. Naquilo que se denomina de ges- 80 do conhecimento, a Secretaria faz uso da ideia de ‘aprendizado continuo’, compativel aos tipos de administragao publica de inspirago gerencial tal como relatado por Ferlie e outros (1999), numa 129 AMBIGUIDADES NO GOVERNO LULA: 0 QUE SE FEZ.DO LEGADO DO MAKE? verso ‘mais humanistica’ e preocupada com a cul- {ura organizacional, Para tanto se inicia o cadastro das experiéncias bem sucedidas de gestéo publica em um banco de dados batizado de BEBS (Banco de Experigncias Bem Sucedi- das), bem como a informati zago do govemo, na forma de governo eletrénico. Essas iniciativas, assim como outras, recebem apoio = inclusive financeiro — de instituigdes —internacionais (BID, BIRD, FMI, OCDE © CLAD) que permitem ao govemo brasileiro um didlogo © um intercambio acerca das solugses gerenciais. A ideia de intercambio pode ou no ser precisa para retratar o que verdadeiramente ocorre. Em relagao ao Centro Latino-Americano de Admi- nistragao para o Desenvolvimento (CLAD) @ pos- sivel que se entenda a instituigdo como um espaco de confluéncia de ideias e projetos razoavelmente afinados com a Nova Administragao Publica (NAP). © CLAD & uma organizagao intergovernamental, criada em 1972 pelo México, Peru e Venezuela, por sugesto da ONU, com 0 foco na modernizagao da administragéo publica como fator de desenvolvi- mento econémico e social No entanto, as demais instituigSes tem rela- 9025 que no so meramente de parceria € coo- peracdo. Hé um contetido imperative diluldo nas resolug6es, nos boletins € nas recomendagées. © proprio MPOG reconhece néo intencionalmente isso, quando em seu balango de atividades de 2003 deciara que “Tanto quanto o BIRD, o FMI tem con- ferido importancia crescente & gestéo piblica como critério de analise situacional dos palses membros’ (BRASIL, 2004, p. 76). No caso do BID, os recursos liberados para as transformagées na administragao pablica so feitos mediante a assinatura de acor- dos nos quais o pais membro captador assegura 0 compromisso com os principios modernos da NAP. Esse 6 ilustrado pelo Prodev (Programa de Estra- tégia e Plano de Ago para a Efetividade do desen- volvimento no Brasil), que objetiva realizar estudos para se implementar uma gestéo por resultados, Espe da quali 130 icamente sobre a questdo lade, deve-se destacar a manutengao do Programa de Qualidade do Servico Publico (PQSP), criado em 1999 e inspirado nos programas de qualidade total cujo volume de recursos chega a US$ 00 mil para execugdo em 18 meses. O BID, tanto quanto © FMI € 0 BIRD, reconhece que a modemizagao da administragéo publica uma importante ferra- menta no desenvolvimento social e econdmico, sem, no entanto, conecté-la com nenhuma forma de distribui- 40 de renda e riqueza, ou a recuperacéo da capacidade de investimento estatal, tal como pode ser ilustrado pelo Reforming Public Ins- titutions and Strengthening Governance - a World Bank Strategy (WORLDBANK, 2000). A aproxima- 40 maior da Seges com essas instituigées revela © ingresso definitive da administragao publica bra- sileira no universo da NAP. Sobre 0 processo de modemizagao da adminis- tragdo, destacam-se dois programas atuantes em niveis diferentes: o PMPEF e 0 PNAGE. O primeiro trata-se do Programa de Modemizagao do Poder Executivo Federal (PMPEF), inaugurado em 2000, ‘no Ambito do PPA 2000-2003. O outro, 0 PNAGE (Programa Nacional de Apoio a Modemizagéo da Gestao e do Planejamento dos Estados Brasileiros ¢ do Distrito Federal), tem como objetivo uniformizar a modernizagao dos estados, Deve-se levar em conta que ambos foram inaugurados na gestéo do PSDB e que © sentido de modemizacao esta referido & apro- ximago dos procedimentos piiblicos aos privados, Especificamente sobre a questo da qualidade, deve-se destacar a manutencao do Programa de Qualidade do Servigo Publico (PQSP), criado em 1999 e inspirado nos programas de qualidade total. Seu objetivo & difundir as modemas préticas e prin- cipios administrativos. © programa consiste na cele- bragdo de parcerias entre organizagées, servidores € cidadaos, atuando na mobilizagao ¢ sensibilizagéo das organizagées. Quanto aos cidadéos, 0 objetivo € estimulé-os a se tomnarem participantes das atvida- des piiblicas, desempenhando o papel de avaliadores dos servigos e das agbes do Estado (BRASIL, 2008). Anistoria deste programa remete-nosao governo Collor. Seu antepassado, o Programa Brasileiro de BAHIA ANALISE & PADOS, Ssvador, v.19. 01, 9.127136, bsun 2008 ‘.Sensibtidade e 2 Avallagoe 3. Gualidade dos (Capactacao Premiagao servos Foes Ineo Focolniemoe ‘een Extemo ‘Téenicas © Exe ‘Satstarso do Ferramentas Gustto Resutados Gado 1951 >. 1099->. Programa da ‘ub programa da Peaerreny ‘dminiatagae Sorvigo Pablico = Pablica tragao Pablieeapap —POSP Cerre Evolugao dos programas de qualidade no servigo oie Qualidade ¢ Produtividade (PBQP), foi criado em 1991 e carregava como objetivo deslocar 0 foco das organizagées piiblicas para o cidadao e implemen- tar a desburocratizagao, Ao utilizarmos um quadro extraido da pagina da internet do MPOG, veremos que hé uma linha ininterrupta entre esses progra- mas, percebida na divisdo da histéria recente dos programas de qualidade em trés fases No ano de 2005, através do Decreto-Lein® 5.378, foi criado 0 Programa Nacional de Gestao Publica Desburocratizagao (Gespuiblica), uma fuséo dos antigos Programa de Qualidade no Servigo Publico (PQSP) Programa Nacional de Desburocratiza- 40. Um programa que sintetizava a busca pela qualidade e desburocratizacao - simplificagao desregulamentacéo de processos, sendo declara- damente pilblico, focado em resultado e federativ. Ele esta imbuido da missao de difundir a gestéo por resultado para além do Poder Executivo federal através de parcerias voluntarias com outros pode- res e entidades e em outros niveis de poder piblico, até mesmo transferindo a coordenagao dos projetos para a propria regidéo em que ele & implementado A titulo de exemplo, podem-se listar as parcerias que ja se utilizam do modelo Gespublica para trans- formar suas gestées, s40 elas: a USP, 0 Conselho Federal de Economia, as prefeituras municipais de Soracaba e Salvador (entre outras), o Banco Cen- tral, 0 Exército, a rea de saneamento no Minis- tério das Cidades, 0 Ministério da Satide (os dois uiltimos contando com um comité ou niicleo seto- tial do programa), 0 governo do estado da Bahia, [BAHIA ANALISE & DADOS, Salvador, v19, 1, 9.12716, sein 2009 Tribunais Regionais do Trabalho de varios estados etc. Foram mais de 100 oficinas realizadas em municipios brasileiros com o objetivo de propagar © programa e estimular a adesdo. A.cidade de Sorocaba, particularmente, desen- volveu um projeto piloto de modernizago adminis- trativa tendo 0 Gespublica como referencial, ¢ as transformagées sao relatadas no préprio sitio do Ministério do Planejamento da seguinte forma: © municipio de Sorocaba, de cerca de 600 mil habitantes, no interior paulsta, esta implantando praticas modemas de gestao que vo tornar mais facil a vida da popu- lagao local. Entre os principais beneficios, oferecides a0 cidadao esto: monitora- mento do centro da cidade por video, aber- tura de empresa em 24 horas, aprovagao de plantas de arquitetura pela internet e a liberacao de documentos assinados digital- mente. Nas atividades intemas da prefetu: ra todos os sistemas estardo interligados & © acesso informagao passard a ser em tempo real (BRASIL, 2008) Pelo Gespublica foram produzidas guias de simplificacéo, realizados oficinas e encontros, pre- miadas iniciativas de qualidade na gestao publica, de tecnologia de informagao etc. De maneira geral, 0 programa conecta-se ao Megaobjetivo 3 do Plano Plurianual 2004-2007, que aponta para ‘a promogo e expansao da cidadania ¢ fortaleci- mento da democracia e ao Desafio nimero 28 do mesmo plano, no qual se pode encontrar 0 objetivo de uma nova gestéo publica, ética, transparente, participativa, descentralizada, com controle social ¢ orientada para o cidadéo. Diante do exposto, 6 possivel notar que o governo Lula esta comprometido com a manu- tengo das politicas de modemizago da gestéo publica componentes da agenda dos anos 1990. A légica e os principios foram mantidos e as institui- ges promotoras aperfeigoadas, sem que qualquer guinada na trajetéria recente fosse estabelecida. Deste modo, aquilo que se denomina de Nova Administragao Piblica ou gerencialismo conseguit AMBIGUIDADES NO GOVERNO LULA: 0 QUE SE FEZ.DO LEGADO DO MAKE? se assentar no atual governo a despeito das espe- rangas mudancistas. Alguns recuos na agenda dos anos 1990 Como se pode perceber, a reforma administrativa de 1995 deixou uma heranca institucional para o governo petista que foi, de algum modo, consolidada. Entre- tanto, varios so 0s pontos de recuo na agenda dos anos 1990. funcionalismo ‘As mudangas nas politicas de recursos humanos: mereceram destaque no govemo Femando Henri que Cardoso, fundamentalmente porque a revis8o das condigbes de trabalho colaborava no equaciona- mento das contas piblicas. N&o por outro motivo se observou a perda de uma série de mecanismos legais de protego social, 0 avanco da precarizacéo do tra- balho representada pela terceirizagao e a perda maior do sentido puiblico da atividade do servidor. A terceir- ago é um problema particular a ser enfrentado. Esti- ma-se que 30% dos trabalhadores no servico publica sejam terceirizados; somente na Caixa Econémica Federal o nimero se coloca entre 18 € 20 mil funcio- nérios nesta condigao (FRANCISCO, 2005), Como se sabe (BARBOSA e SILVA, 2008), a Emenda Constitucional n® 19, de 1998, e sua legis- aco complementar abriram importantes janetas para a redugo do quadro de servidores. A quebra Tabela 1 ere rue eal ceed ‘ano ‘vis no Poder Executive 1908 593.020 4999 497.128 2000 aos. 2001 68.708 2002 5 132 Ja em 2004, o governo federal autorizou o provimento de 12.466 cargos da estabilidade e as novas condi¢ées especiais para a demissdo (baixo desempenho, excesso de qua- dros e de despesas) promoveram uma redugdo de 108.368 cargos no contingente de servidores civis no Poder Executive, con- forme demonstra a Tabela 1 Isso corresponde a uma redugdo de 19%, Ja seria um niimero em si significa- tivo, mas ele transborda sua relevancia quando se lembra que o MARE reconhecia que o problema no era a quantidade, mas a alocacao do servidor (BRASIL, 1988). Diante da redugao intencional do quantitative de servidores piblicos federais, torna-se relevante 0 fato de que em 2003 foram criados 18.994 cargos® e autorizados concursos para o preenchimento de 24,808 vagas ociosas ou abertas por aposen- tadorias (BRASIL, 2004). Ja em 2004, 0 governo federal autorizou 0 provimento de 12.466 cargos (BRASIL, 2005), em sua maioria para o Ministério da Justica (25,35%), 0 Ministério da Previdéncia Social (12,43%), 0 Ministério da Defesa (8,90%), a Presidéncia da Republica (8,66%), o Ministério da Fazenda (8,24%) e o Ministério da Educago (7%). Destague deve ser dado a reversao das terceiriza- 9628, incluindo as Agéncias, visto que os terceltiza- dos e temporarios foram substituidos por efetivos gragas & Lei n? 10.871, de 20 de maio de 2004 Os concursos ptiblicos represados na gestao do PSDB traziam certo panico para o setor, em fungao da necessidade de recomposi¢go derivada das apo- sentadorias, afastamentos e dbitos. Nas Instituigdes Federais de Ensino Superior (IFES) 0 drama pode ser sentido na elevagao do trabalho dos professo- res efetivos e na contragdo volumosa de substitutos. Esse cenério nfo sofreu uma alteracao consideravel dado que um numero ainda elevado de concursos & necessétio, mas pode-se dizer que a tendéncia foi revertida. Isso quer dizer que, além de recuarmos na precarizacao e na defasem de pessoal, néo mais observamos 0 discurso que faz o funcionalismo era cars de sce), eae pos eo. Po rca names ena aoa BAHIA ANALISE & PADOS, Ssvador, v.19. 01, 9.127136, bsun 2008 responsavel pelo déficit piiblico, tampouco uma polltica de ajuste centrada no seu enxugamento, ‘Alexandre Kall, em entrevista para este tra- balho, confirmou que a busca pela contengao de gastos sobre o volume de recursos destinados a0 funcionalismo acabou, em boa medida, em razao dos resultados auferidos pela reforma da Previdén- cia, Isso quer dizer que 0 peso do funcionalismo nas contas piblicas estava diretamente relacionado as condighes oferecidas pela aposentadoria no setor pliblico. Creio que o alto funcionario se equivoca ao restringir a dimensao fiscal concemente ao servidor A questo previdenciaria, As transformagées pre- sentes na Emenda Constitucional n° 19/98 revelam a determinac&o do MARE em ndo s6 reduzir o peso ‘orgamentério, mas trazer para 0 servigo piiblico a aco negativa e punitiva da inseguranga do mer- cado de trabalho privado, Por isso, 0 abandono do ajuste sobre o funcionalismo deve ser visto como um recuo na agenda dos anos 1990 e nao como passo natural apés termos supostamente sanado 0 peso fiscal do funcionalismo, Esta leitura pode ser confirmada pelo texto do GPBT, no qual se identi- fica como ponte de partida dos estudos e da politica da Seges o déficit institucional As agéncias executivas e reguladoras Em relagao as agéncias, especialmente as regu- ladoras, pois se efetivaram em maior nimero, houve uma mudanga suti, mas importante. Mudanga essa que alterou em alguns momentos o humor do mer- cado beneficiado pelas privatizagbes dos anos 1990. Sabe-se da autonomia desejada pelos refor- madores para tais autarquias, objetivando érgdos insulados em relagao aos programas politicos de governos eleitos ou alteragées bruscas nos dirigen- tes do Executivo resultantes de processos eleito- rais. Sabe-se também (BARBOSA e SILVA, 2008) que elas representam importantes pontos de ago das grandes empresas para a regulagao de seus mercados e pata a defini¢do de seus lucros ¢ inves- timentos, Seus presidentes sao indicados pelo representante do governo federal e possuem man- datos superiores ao de seu indicador. A autonomia [BAHIA ANALISE & DADOS, Salvador, v19, 1, 9.12716, sein 2009 aparece logo apés a indicagao. Na gestéo tucana, as Agéncias eram presididas por pessoas de not6- rio saber e envolvimento com o mercado a ser regu- lado. No governo Lula, os indicados tinham origem sindical e eram do circulo restrito da confianga pre- sidencial. Isso indica um nivel de politzagao dos cargos que: a) nao respeita, a priori, as nogbes de mérito técnico; b) no rompe com a existéncia das agéncias, nem mesmo com seus principios gerais; c) mas quebra em parte a relagao de completa tran- quilidade que os setores privados regulados tinham com os érgaos em questo ‘Adere-se a isso 0 fato de 0 governo ter langado ‘em 2004 o Projeto de Lei n® 3337* para tomnar mais claras as regras das Agéncias Reguladoras. Em sintese, 0 projeto previa a extenso dos contratos, de gestdo a todas as agéncias, a vinculagdo do mandato do presidente da agéncia ao mandato do presidente da Repubblica, criacdo de mandatos fixos para a presidéncia da agéncia, a criagao do cargo de ouvidor e a transferéncia do poder de convoca- cdo de licitagSes para os ministérios aos quais elas sse vinculam. E possivel perceber no Projeto de Lei n® 3337/2004 a ambiguidade que marca 0 governo, visto que de um lado rompe com parte da logica anterior, de outro mantém a figura institucional com sua funcéo original. Com efeito, as figuras institu- cionais, como 0 contrato de gestéo, ndo sé foram mantidas como ampliaram sua cobertura sobre as demais agéncias. O proprio ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, confirmou ao jornal Folha de S80 Paulo (Lei que devera reger agéncias recebe criticas, 2004, p. 6) que “o contrato de gestéo, por si mesmo, é um avango, de planejamento, de controle, um avango técnico’, disse. "O problema 6 avaliar se ha uma interferéncia na independéncia das agéncias. A nossa avaliagao é que nao ha’. A reacéo do mercado, especificamente da Confederagao Nacional da Industria (CNI), no mesmo artigo citado foi imediata e no sentido de exigir que as agéncias tenham maior liberdade fem relago ao govern para evitar que sejam fc wants earners is case Conese Naot AMBIGUIDADES NO GOVERNO LULA: 0 QUE SE FEZ.DO LEGADO DO MAKE? contaminadas pela politica. Isso porque as agén- clas perderiam liberdade em fung&o dos contra tos de gestdo e da vinculagao dos seus mandatos ao do chefe do Poder Executivo. © deputado federal José Carlos Aleluia, do Partido da Frente Liberal (PFL) da Bahia, reforga essa ideia quando alerta que Creio que esta. mos assistindo a um processo de captura das agéncias regula- doras, um proceso que reflete 0 perpétuo in- ‘comodo do governo do PT com a adacio de praticas administrativas pautadas pela impar- Cialidade e pelo rigor técnico. Devemos estar fodas atentos: nao podemos permitr que as agéncias sejam viimadas pelo anacrénico projeto police petista. (ALELUIA, 2005), Mas 0 contraponto aparece na fala do Deputado Carlito Merrs, do Partido dos Trabalhadores (PT) catarinense, ao afirmar que “hé uma questo ideols- gica al: PSDB e PFL transformaram as agéncias em escritorios de representacao das empresas privatiza- das. Nés no vemos assim” (MERRS, 2005, p. 8). ‘Apesar da polarizagao entre governo e oposi- ¢40, ambos partem da necessidade da agéncia como garantidora de marcos regulatérios funda- mentais para o investimento. Essa necessidade 6 questionavel em virtude de que o investimento depende de condigdes que nao sao intrinseca- mente aquelas respondidas pelo insulamento de agéncias. Sua despolitizagao significa muito mais a destruicéo da capacidade de o Estado formular politicas publicas e, nessa medida, a ampliag&o da ago livre do mercado, do que propriamente a constituigso de um cenario propicio para o desenvolvimento desejavel, tal como atesta Lessa (2006) As privatizagdes ‘Anatureza ambigua dessas pollticas administra tivas se expressa também em areas afins, apesar de fora do alcance da Seges, como & 0 caso das 134 Na verdade, o ntimero de estatai 6 maior do que se imagina. Sao ainda 132 estatais, conforme atestam a pagina do Ministério do Planejamento, Orgamento e Gestdo privatizagSes. Durante o primeiro mandato, o governo Femando Henrique Cardoso privatizou, de acordo com 0 BNDES, 22 estatais. Até 2002, mais de duas dezenas de leil6es para venda ou concessdes fede- rais ou estaduais foram feito. Nenhuma delas foi revista, nenhuma agéncia reguladora desativada, nenhum —pro- cesso aberto para apurar as lictudes das vendas. Mas 0 processo foi em parte inter- rompido no governo Lula, exceeées feltas ao Banco do Estado do Maranhéo, vendido em janeiro de 2004 a0 Bradesco, ¢ ao Banco do Estado do Ceara, no ano seguinte. O argumento que entende a interrupgo como resultante do esgotamento do leque de esta- {ais interessantes 20 mercado é fragil. Havia no hori- zonte tucano 0 desejo de tomar privados o BNDES, © Banco do Brasil e a Caixa Econdmica Federal, ele no desapareceu (Alckmin abandona liberalismo @ acaba “encolhendo” no 2° tumo, 2006). Na verdade, 0 numero de estatais é maior do que se imagina. S40 ainda 132 estatais, conforme atestam a pagina do Ministério do Planejamento, Orgamento © Gestéo (www planejamento.gov.br) ea Tabela 2. Uma observagao rapida nos permite perceber que uma parcela considerdvel dessas estatais é subsidiaria do Banco do Brasil, da Caixa Econémica Federal, da Petrobras ou da Casa da Moeda. Mas n&o sua maioria. S40 18 empresas do grupo Eletrobras, membros de um setor econémico rentavel e estratégico. S40 15 do setor de trans- porte, ai inclusa a Infraero. Além delas, Radiobras, Correios, Embrapa, Serpro, assim como outras no sistema financeiro, de satide, bélico, nuclear ete. Por uma perspectiva liberal, haveria ainda tanto gordura para queimar (estatals interessantes 20 mercado para serem vendidas) quanto haveria sus- tentago parlamentar (dada a ampla base de apoio que conta 0 governo) ‘Ainda pela mesma perspectiva, as dividas publ- cas estaduais e federal, que ainda continuam altas apesar da mudanga de parte de seu perfil poderiam ser abatidas pela alienacao do patriménio pilblico. Nesses termos, continuam presentes as condicSes BAHIA ANALISE & BADOS, Suvador, v19, 01, p:127186, abeiun 2008 rr Evolugao do numero de estatais (posigao em ener) ‘Ano N° de empresas, 2004 soembro) 92 2003 130 105 103 wr 18 us 155 100 106 202 258 282 para que se reeditasse o Programa Nacional de Desestatizago da década passada. Assim, o que 6 relevante 6 que 0 proceso que teria condicdes de se desenrolar por anos foi paralisado, represen- tando um recuo claro, N&o se trata de um recuo esperado pela esquerda, mas é consideravel CONSIDERAGOES FINAIS Foram escolhidos, como 6 sabido, dois cami- nhos argumentativos para justificar a ideia de que 0 governo Lula apresenta, sobre o legado da reforma do Estado, uma posi¢éo ambigua. No pri- meiro ficou claro que a Secretaria de Gestdo assis- tia conflitos internos determinantes do abandono ou da lateralizagao do documento-guia da nova reforma (GPBT). Este documento continha leitu- ras contrapostas aquelas consagradas pelo Plano Diretor do MARE. No outro, evidencia-se o convi- Vio de politicas contraditérias: algumas revigoram [BAHIA ANALISE & BADOS, Salvador, v19, 81, 9.127136, bean 2009 05 pilares na Nova Administragao Publica e car- regam para dentro do Estado os procedimentos privados; outras fazem recuar as terceirizacées, abrem concursos (nesses casos ampliam o gasto plbblico e desafiam o ajuste fiscal), minam a inde- pendéncia das agéncias reguladoras e, por fim, paralisam as privatizagées. ‘A ambiguidade impede-nos, portanto, de caracterizar 0 governo Lula como uma mera con- tinuidade, mas, a0 mesmo tempo, proibisnos de pensé-lo como representante de uma ruptura em relago @ agenda de reformas inaugurada nos anos 1990. Nao ha um equilibrio entre os dois polos da ambiguidade, que poderiam expressar forgas sociais igualmente representadas no inte- rior do governo. Mas uma abordagem sobre como esses polos ocupam espaco na maquina governa- mental e como so coordenados pela Presidéncia da Repibblica, exigiria outro trabalho. No limite, ficamas aqui com a constatag4o de que se trata de um governo cuja marca de sua personalidade & a ambiguidade, pelo menos no que tange a dimen- 80 da reforma do Estado. REFERENCIAS. ‘ABRUCIO, Femando. 0 impacto do modelo gerencial na ‘adminstragao pba: Um breve estudo sabre a experiencia internacional recente Brasila, ENAP, 1997. 52 p. (Cademmos, ENAP,n. 10) ABRUCIO,F. L.; COSTA, V.M. F. Reforma do Estado e 0 Context federaive. Revista Pesquisa, Sdo Paulo, n. 12, p. 153-170, 1998 ‘Alekmin abandona lberalisme e acaba “encolhendo” no 2° ‘ume. Disponivel em: BRASIL. Presidéncia da Republica. Discurso de Despedida do Senado Federal flosoiae diretzes ae gover. 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