Decisao Tarjada

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Poder Judicidrio do Estado de Minas Gerais Justiga de Primeiro Grau Comarca de Campestre Autos n° (0003 10-32.2020.8.15.0110 Réy; Fabrice Henrique da Silva SENTENCA RELATORIO © MINISTERIO PUBLICO BO ESTADO DE MINAS GERAIS ofereceu denincia conrs QED | cualficado, peta suposta pratica da infragto penal previsia no art, 217-A cfc art. 234 -A, IN ambos do Cédige Penal Segundo a inicial acusatoria, em breve sinlese, em varias datas compreendidas enire 06 meses de julho ¢ novembro dé 2019, am locais inoertos, a denunciads. conscients e voluntariaments, praticou, por reiéradas vezes, conjungéo camal com a vii AED, cs spenas 11 (onze) anos de dade, Ciante dos fatos relatados, pediu © Ministério Publica que 0 acusado fosse condsnado com base nos referides dispositives Instrui a denuncia ¢ inquérito policial de fis. O4z9, €m deciso de fls. 31 @ verso foi recebida a denuncia e determinada a cilagae do acusads, As fis, 35/26 fol Juntada procurag’o oulorgada pelo acusado constituinda seu defansor, o qual apresentou respnsta a acusacao as fis.37/45. © réu foi devidamente citado a fl. 47. A fl 52 for ratificado o recebimento da denuncia © designada audléncia de instrugao e julgamente. Em audiéncia de instrugao e julgamento, as fis. 70/71, coingu-se o depoimento da vitima e dos informantes, bem como o interregatério do réu. Foram apresentadas alegagies finsis, pleiteando o Ministério Polio, as fis. 78/82, a condenagie da réu. A defesa apreseniou alegapies finais as fis.63/102, alagando Areliminarmente llegalidade da condugdo ocerciliva do acusado, pols violada a t > Poder Judiciadrio do Estada de Minas Gerais = Justia de Primeiro Grau Comarca de Campestre Iiberdade de locomogao e a presungdo de nde culpabilidade. Assim es provas ‘obtidas por main do intamogatério ilagal devem ser consideradaz illcitas a déeclarada fulidada « desentranhamente do alo ¢ das proves dele decorrentes. Quanto a0 mérito, aduz atipicidads da conduta de acusado, pois ambora esteja formaimente descnta no tipo penal, levando em considersg3a as interpretagaes com base na Constituigdo, a situacao fatica e a fungdo da pena, o8 fatos no conslivem crime, e nde deve o auter ser condanade. Narre ainda que no ease ocoreu emo de tipo, pois o acusado nao sabia a idade da vitima, Subsidianamente, am caso de condenagao requer 0 afastamenta da majorante do resultado gravidez. ante a auséncia de éxame de compo ds delio especifico. Requer ainda seja considerada a confissao quaiificada do acusado. Por fim, tequer @ fixagao de pena ne minimo lagal, bem come © regime inicial de cumprimenta de pena na medalidade semiabenta. Vieram os auies concluses para sentenga, Eo relatéria. Decide. FUNDAMENTAGAO A presente agao é publica ineandicionada toram observados todos 0s requisites tegais para o procedimenta © os institutos inerentes & amplitude de defesa, no havendo, portanto, irregularidades a serem declaradas de oficio, A dofesa alega a titulo preliminar que o acusado fei ilegalmente conduzide de mangira coercitiva a delegacia para que presiasse esclaracimento acerca dos fales, @ referide ato viola a iberdade de locomogao ¢ a presumgaa de nde culpabiidade do acusado. Assim, as provas obtgas pelo interrogatério oblido por meio ilegal devem ser consideradas ilicilas, razao pela qual pleteia qua seam declaradas nulas @ efetuado e desentranhamento do ato e des provas dele decorrentes doe autos. Vistumbrando-se os autos constata-se no histérica de Boletim de Qecomencia que [..] foi realizade diligencias ¢ localizado 0 autor [..] O autor foi encaminhada 20 pronto socora municipal pare atestar sua integridade 2 ee Poder Judicidrio do Estado de Minas Gerais Justiga de Primeiro Grau Comarca de Campestre fisiga. € apds ser alandide pelo medica de planta, conforme relatério mmddice, fol apresentado na delegacia para as dame provid&ncias Ademais, no terma de declaraghas do auior consta que “o dedlaranié se apresents nessa unidede policial tragido por policials militares, na contexte do REDS noticiador dos falos”. (sem grifes original) Percabe-se que ha uma évidente violagao aos direitos do acusado conforme elucidado pala defesa, vez qué, ausente intimagdo/notificagio prévia quando do regisiro ¢o boletim de ocorréncia os policiais salram em busca do acusado € coercitivamente foi levado a dalagacia para que prestasse suas declaragbes. Dessa forma. considerando que o investigade nlc pode ser gonduzido cosrcitivamente para prestar depaimente, entenda patente a viclagac das principios da nao culpabilidade ¢ da libardade de locomogao e raconhege a llegalidade da conducao coercitiva @ tonsequeptemente a pulidade do interrogatéric de fis. 10/42, que nado poder’ ser utilizade como moig de prova. Todavia, desnecesséric ¢ desentranhamente do ato diante da fase Processual em que se encontram os aulos, bem como a deelaragéa de nulidade das atos consecutives, visto que o inquérito policial ¢ mera pega administrativa a a irregularidade tela constatada ngo gera nulidade posterior. Nesse sentido aiuda Fernando Capaz: “Ndo sendo @ inqudrito policial eto dé manifastagae do Poder Jurisdicional, mas mero procedimente infornative destingde a formagdo da opinio delicti do titular de aeao penal, os wWitios por acaso existenies nessa fase ndo acarrefam nulideades processuals, iste ¢, nfo alingem a fase sequinte da persecurdo penal a da agdo penal’. Assim sendo, acolho parcialmenle = preliminar alegada pala datesa, para declarar nute o interrogatério da fis. 10/12, Passo so exame do meérito. Cispée 9 capt do art. 217-4 do Godigo Penal: «CAPEZ, Femnando. Curse da Procegag Penal, 4 ed. Sac Paulo Saraiva, 1809, p. 71 Poder Judicidrio do Estado de Minas Gerais Justica de Primeiro Grau Comarca de Campestre Ant, 217-4. Tar conjungae camal ou praticar outro aio ibicingss com menor de 14 (catorze} anos i fin? _12.014, de 2009 Pana - reclusda, de 8 (oita) # 18 (quinze} anos. Observase pelo anigo acima transcrite que foi fimada uma presungaa de que o menor de 14 anns ido adquiriu maturidade suficiente para vida sexual, ¥e2 que 6 irrelevante o consentimento deste para pratica de quaisquer atos sexuais, s¢jam ates libidinosas ou conjungao carnal. Nao é dasconhecida per este juizo 0 €ntendimento das Tribunais Supetiorss acerca da presungdo absolute de yulnarabilidade dos menores de 14 anos para o crime de eslupro, Contude. entende que se faz necessaria uma analise da caso conereta em consonancia com a ditames constitucionais, uma vez que admitir a vulnerabilidade absoluta da suposta vitima, sem ater-se as circunstanciag db caso. estar-se-4 aplicando sobré @ acusato uma responsabilidade penal objetiva, ignorando se efelivamante ocorreu a violagao do hem juridico tutelada, hajé vista que a culpabilidade do acusade 6 precocemente presumida, afrontando-se de forma direta © principio constitucional da preéungao de inpcéncla. A-ssséncia da norma € proteger o menor de 14 anns de possiveis abusos, protager sua dignidadé sexual, Por esse motive se faz muite importante aterse 4 rsalidade fética, vez que Multas vezes nao ha violagao do bem juridico tuislado, @ ao se aplicar indisctiminadamente a presungdo absoluta de vulnerabilidade do menor dé 14 anos hd consideravel desprezo aos principias da intervengde minima e ultima rafio, amplamente diftundides no Direito Penal. Aplicar exclusivamente o fator etério para configurar 0 injusto do art 217-4 do CP fere principios basilares da direito patric, tais como a digniads dé pessoa humana e a liberdade de dispor sobre o proprio campo. Aplicar indiscriminadamente @ critério da vulnerabilidade absolula do- menor dé qualorze anos 4 ignorar condutas sacialmente reconhécidas, haja vista que na saciedade atual cada vez mais pracocemenle se inicia uma vida sexual, cenduta inserida a ordem social acaita 8 aprovada pela saciedade. Assim, Poder Judicidria da Estado de Minas Gerais Justiga de Primeiro Grau Comarca de Campestre atualmente ndo 6 dificil presenciar casos em que o menor de 14 anos escolhe pralicar conjungac carnal devidamente orientada € conscienle de seus atos, A vista disso, considerar vitima de estupro aquela que consciéntemente deseja manter relagtes sexuais com o suposto agressor vai de encontra @ garantia fundamental da dignidade da pessoa humana, mormente os direitos de mualade ¢ Iiberdade, Por essa motivo & de suma Importancia a andlise de cada caso em particular. Assim, entendem alguns doutnnaderes, tais come Vicente de Paula, COnTOTM? @xcerto qué seque: Se hd um consentimento justificado peta capacidade dé discerir com a 26lica sexual, akado a genuing satistacde do desejo, porquante ausenie a violencia qu a grave ameaga, mao ha gue se falar em desvalor do resultado, uma vez que nao houve afetiva faséo pe bem juridico tutelado, no mokdando-ce a tipiudade material. Perceba a raroahilidade en admitir qua o manor de 12 o0 13 anos que possui entendimento satisfalério de vida vexval, bem como os poriadores de transtornos mentais. diante da comprovacao da laudo tacnico, poseam disper dé Sa liberdade sexual na essenicial procura do prazer e da felicidads. seja de forma breve ou fruto de uma relagio afeliva.? No mesmo senfida tem decidido alguns tribunais. conforme julgado a seguir, {58M grifos original) APELAGAQ CRIMINAL, CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERAVEL (ART. 217-A DO CODIGO PENAL) E RELEVANCIA DA OMISSAQ DA GENITORA Da VITIMA. (ART. 217-4, 0/0 ART. 13, § 2, ALINEA "A", AMBOS DO COCIGO PENAL) APELADO, NAMGRADO DA VITIMA, QUE PRATICA CONJUNGAO CARNAL CONSENTIDA COM MENOR DE 14 ANOS, SENTENCA ABSOLUTORIA, REGURSO DO MINISTERIO PUBLICO. PLEITG DE CONDENAGAO DOS APELADOS LASTREADO NA TIPICIDADE DA CONOUTA E IMPOSSIBILIOADE DE RELATIVIZAR A VULNERABILIDADE DA VITIAIA, TEMA 918 =DO STJ. _REPETITIVOS. —_ INACOLHIMENTO. EXCEPCIONALIDADE 00 CASO CONCRETO QUE PERMITE & RELATIVIZAGAO DA PRESUNCAQ DE YULNERABILIDADE DA VITIMA. CIRCUNSTANCIAS GUE CERTIFICAM A AUSENCIA DE INGENUIDADE E A MATURIDADE SEXUAL Da VITIMA, COM 12 ANOS DE IDADE QUANDO DA PRATICA CONSENTIOA DA RELAGAG 2 PAULA, Vicente de Rewstas Undacs, Disponivel arm hee revetas, unllacs Brindex phpireduterticleNiewFilet2851i1 787. AcaBse arn 29 de abi le 2014, be, Poder Judiciario do Estada de Minas Gerais Justiga de Primeiro Grau Comarca de Campesure SEXUAL COM O NAMORAOO. ADEMAIS, APELADO £ ADOLESCENTE QUE ESTABELECERAM RELAGIONAMENTO AMOROSO, INCLUSIVE RESIDINDO NO MESMO LOCAL POR ALGUNS MESES, ATE A PRISAO DO APELADO POR ESTE FATO, COM 0 CONSENTIMENTG DE SEUS FAMUIARES, AUSENCIA DE VIOLACAO AO BEM JURICICO TUTELADO, PRINCIPIO DA INTERVENCAG MINIMA DO QIREITO PENAL. ATIPICIGADE MATERIAL PREGEDENTES DESTA CORTE. ADEMAIS. INSUFICIENCIA DE PROVAS DE QUE 4 GENITORA DA OFENOIDA TENHA MANTIDO CONDUTA OMISSIVA DIANTE DO NAMORO DA FILHA. ABSOLVICAO QUE DEVE SER MANTIDA. ‘Nao abstante, nao se desconhera recente julgamenta do Superior Tribal a3 Jusliga > Recurse Especial Repetitive n* 1480.681PI - lama 918 no eanida de n&e ser possivel relabwizar a vulnerabilidade da vitima menor de 14 anes, a quesiic merece maior reflexdo, Em situag6ea como a verificada neste caso concreto, dovese reconhecer a excapcionalidade, uma vez que a vitima alam de ter consentide coma sonsscugdo do ato sexual, mantinha um relacionamanto ancobarta, odendo-se afirmar ser um casal Jovan, composto palo réu [...] & pala vitima [..1” (TISC, Apelagde Criminal n. 0004862-12.2012.8.24.0014, de Campos Novos, rél, Dag. Jorge Schaefer Marina, | 24.14.2016). RECURSO CGNHECIDO E DESPROVIDO. {TJSC. Apelagée Criminal n. 9001241-18.2015.8.24 0042, de Maravilha, rel. Emari Guatien de Almeitia. Terceira Camara Grvmunal, j 12-08-2077) No casa dos autos, persba-se que nao ha dividas dé que as préticas sexuais foram consentidas pela suposta vitima e isentas de caagao, ou qualquer tipo de violéncla, bem como que a familia dela possuia conhecimente do relacionarmento entre a vitima eo acusado. inclusive QINIEE. genitcr da viima disse em seu dapaimente de fl. 16verso que "sabia que sue fiha namorave", bem conto a ave paterna da vitina QD 2 fl. 17iverso esclarecau que sua neta resice em sua Companhia, é que sabia que ela estava namorands com o aeusado, incisive oom 6 consentimentoe da seus genitores, @ desse rélacionamento sua "neta engravideu sabende o que fava fazendo’, » QE ao descobrir a gravidez da namorada assumiui a crianga, sendo ele um rapaz “rabalhador que quer casar com minha neta’, Acrascentou ainda que por sia “rem ehamava a Policia resolv entre nois porque os préprios pais consentiram o namors". (SIC} N&o de outra forma narrou a supodia vite QD GERD orm suas deciaragtes de fl, 19/verso, que estava namorando Ql com 9 cansentimente de seus pais, ¢ desde o inicio manteve relagde sexual, # foi enfalica 7 Poder Judiciaric da Estado de Minas Gerais dJustiga de Primeiro Grau Comarca de Campestre dizendo "su gosto defa 6 13 namoranab isso 6 normal’, & que era de conhecimenta de sua genitora Alega ainda que acabou engravidando, ¢ seu pat resolvau acionat 0 ‘Conselho Tutelar, contuda contou da gravidez a QD jd estavam combinanda o casamenta. Em audiéneia (fl. 70/71} todos prestaram depoimentos harmdénicos com anteriorments sitados, tendo 0 acusado QED or sou intertogatérle confirmaco qué manteve um relacionamento com a vitima, contudo nao houve conversa acerca da idade desta. Com base em todos os depoimentes observa-se que o acusado @ & vitima tinkam © intuilo de constitvir familia, que as relagdes sexuais foram consensuais @ livres de violéncla @ ameaga, senda que a vulnerabilidade da vitina deve ser relativizada, pois embora com pouca idade demonstrou capacidade para cansentir com 6 ralacionamento sexual. A presumida vulnerabilidads do menor de 14 anos precisa ser enxergada sob o enfoque do ordenamerto juridico nacional, Hodiemamente. sob a ‘égide da Lei 13.146/15, nao se discute que a pessoa portadora de deficiéneia pude @xercer com liberdade seu direito 4 sexualidade, ser iMterferéncia do Estado. O que dizer ent&c do manor de 14 anos? Aandlise da tipicidade da pratica de rela sexual cam pessoa com deficigncia passa necessariamente pela analise do consentimento e da voluntariedade. Se presentes, afastada esta a tipicidade. E crivel, neste contexto. adotar-ac o masmp entendimento para a pessoa com dade inferior a 14 anos. Alem do ja exposta, & importante salientar que do relacionamento entre 0 acusade e a vilima restou o nascimenta de um filho, conforme certi¢aa de nascimento de fl 74. Nesse sentido, sabe-se que @ dever da familia cuidar da cnanga e do adolescente, berm como direito da crianga a convivéncia familiar, conforme dispie art. 227, da CF/68. Assim, condenar um joven pai nas duras penas dos art. 217-4 2 234- A. lll de CP, quando na melhor das condigdes sena frxada pena de 12 anos & certeiro gerar uma desestruturagdo familiar, pois a crianga que nada tem a pagar seria destitulda da convivéncia com seu genitor por anos, bem come teriam z Poder Judiciario do Estado de Minas Gerais Justiga de Primeire Grau Comarca de Campestre suprimidas suas condiges de sobrevivéncia, pois diante da lenra idade da mae, acredita-se que 0 pai seria o principal provedor do sustento da orianga. Ademais, considerando-se que a suposts vitima. genitora da crianga, embora tanha dessjado @ consantide as praticas sexuais, teria o genitor dé seu fiho intitulade como estuprador perante a sociedade. © enlendimento amplamente explanado j4 foi utilizado como fundamentagao para varios julgades, inclusive do STJ. Vejamos: (sem grifes original} ESTUPRO DE VULNERAVEL - relaclonamanto sexual entre namorades ~ mener com 13 anos de idade — relaclonamento cansenfide que gerou filha - réu que assumiu a crianga «a sustenta - reagho amorosa que perdurot: att depois do nascimente da crianca - adequagao social da pena - absofvigio da rigor — improvimento ao pelo. ministerial (TISP: Apelacdo Criminal 0009092-05 2017 &.26 0166, Relator (2). Lauro Mens de Malta, Orgae Julgador. 6* Camera ds Diretto Criminal. Foro de Cruzeiro + Vera Criminal; Data do Julgamente; 12/12/2019; Data ce Registra; 18/12/2019) APELAGAO CRIME, ESTUPRO DE VIJLNERAVEL. RELATIVIZAGAG DA VULNERABIADADE POSSIBILIDADE NO CASO CONCRETO. (i) Em qua pesa a existinela de entendimanto dos Tribunals Supetiores sobre a presungdo de yulngrabilidade em relagao ao dellto de estupro praticado contra mancres de 14 anos, 4 cabivel a retativizagae de tal clemanto. Mio é possival tratar todos os casos de forma idéntica com base em uti marco otdria imutéval, uma vez que o diraito petal Nida com fatos a circunstanelas Unieas em casa agdo penal, impondo-se uma andlise detathada de casa situagSo. (ii) No caso das autos, ha demonstragao de que réu @ vitima eram namovades ao tempo do fate 9 tiveram vt Ailho juntod, ausante qualquer elamantc de GOACAO fisica au mera [1 RECURSO PROVIDO. (Apelagio Criminal, N° 70083284141, Sétima Camara Criminal, Tribunal de Jusiga do RS, Relator. Viviane de Faria Miranda, Julgado em 12-12-2019) (TJ-RS- APR:70083284141 RS, Relator. Vviane de Faria Miranda, Data de Julgamento: 12/12/2019, Sétime Camara Criminal, Dala de Publicagdc 07/02/2020} APELACKO CRIMINAL. GRIME CONTRA 4 DIGNIDADE SEXUAL ESTUPRO DE VULNERAVEL SENTENGA ASSOLUTORIA. RECURSO: DO PARQUET. POSTULADA A CONDENAPAO DO ACUSADO. IMPROVIMENTO. PARTICULARIDADES GO CASO CONCRETO. AUSENCIA DE PROVA DE WIOLENCIA CU GRAVE AMEACA, CONJUNCAG CARNAL CONSENTIOA ENTRE —NAMORADOS. RELACIONAMENTO PUBLICO QUE VINHA SENDO MANTIDO ENTRE 08 ENVOLVIDOS HA MESES. ANUENCIA DOS GENITORES ACERCA DG NAMORO, CONVERSAO DA RELAGAG EM UNIAO ESTAVEL. COM 1 » Poder Judiciario do Estado de Minas Gerais Justiga de Primeiro Grau Comarca de Campestre PROLE COMUM. EXCEPCIONALIDADES 00 CASO QUE PERMITEM A RELATMIZAGAO DA PRESUNGAO DE VULNERABILIDADE SENTENQA MANTIDA. DOSIMETRIA. PLEITOS PREJUDICADOS, RECURSO CONHECIDO EM PARTE E DESPROVIDO. |.. j Para tanto, o Jultg sentenciante afirmou que, embora a ccorréncia de conjuncéo camal ania a vitima eo acusade saj2 [alo incontroverso nasles autos, a conduta praticada carace de ofensividade, razAo pela qual ndo hd que se falar em tipeidade da conduta. muito embora, formaimante, 2 condula se subsuma 20 lino penal descrita no art, 217-4 da Cédigo Penal (f. 182), Em segunda instancia, a asclvigho foi mantida. com os seguintes fundamertos ‘fis. 247/251 grito nossoy: |.) Dessarts, em regra, @ absoluta a presungiio de violencia nos casos clé eslupra de vulneravel, prescindindo da vontade da vilima para_o fim de exarminar-se a tipicidade penal. Nada obstarle, conaiderando as significallvas modificagses socpis e culturais que sconerem nos dias atuais, nam sempre € prudente sustenter o carater absolute tla pregungzo de vulnerabilidade em condvtas dessa natureza, sendo fundamental avaliar ag clrcunstincias do case cancreto, em especial ra esfera pertal, quando: se lida com ¢ ditelio de ir'@ wir, a fim de evitar docistes injustas ou de graves consequancias pera 0 jurisdicionads, [| Frente a estas circunsténcias. por ser evidente Gue se trata de um caso Petulier © de singular excepcionalidade, imperiosa & a relativizacho da vuinerabilidade da Vitima. ou melnor, nevessario @ antender que @ bem Protegide peto comand lagai, a dighidadé da Vitima. nao foi kesionadc, determinands manulengao da sentenga absolutéria proferida em favor co Recorido. [..] © que se aligura na sspécle nao é um case tipice de subjugagae da suposta Vitima sm razdo da sua idade # experiencia, mas. siluagdo em que 0 Acusado @ a Adolescente id vinha mantendo livre @ consentidamante vinculo amoroso, 9 qual era piblieo, com duragao aproximada de 7 meses, com anuéneia dos Pais da menor, sem qualewet lipo de sontraprestagAc palo alo sexual, seja em dinhel’o, bens ou favores, a qual nenhum momento, demonsitex! ter gidg ludibriada pelo namorado muito embera a diferenga de idada entre ambos sefa significatva akpretsando o desaja de nde processar G. F. Da §. porquanto, alem da tudo, vivern em unido estével ¢ pessuem prola am comin [..] E colactonoy, ainde, o Desembargador Sérgio Rizelo precedente do Thbunal de Justipa da Sania Catarina na qual, em sitvagdo somelhante, se feégatiou que, ao se acclher 9 pedida do érgdo acusedsr, provavelmente eslaria a Jushga ajudando na desastuturagao da familia j& consituida, fazendo rscair, inclusive. sobre © acusado a pecha de esiuprador (fl, 263) A pretensdo tecuteal, en(ao, direcionase & condenapia do recatrido, afiando-se que a menor de 14 anos nfo pade validamenle consent anls o desconhecimenta das alos sexusis 2 suas consaquénaas (f, 263) No vejo como conhecer do prasanta recurso, Isl porque, como relatade mais acima, a dacis8o recorrids considerou um quadre fatico em que ficou Gare qua 9 bem protegide dignidade da vitima naa fei lesionado, Disse nao 36 que arelagdo entre 9 acusade < a pratensa vitima fol consensual cotng lambém que dessa relag&e resutou uma fanilia hoje devidamenta constitulds @ establlizada ¢ qué # pravedéncia da acusagao apenas contribuiria pare que esta se desestrturasse. Alterar tal contexte datico para propiciar eventual condenagao axigird deste Tribunal um axanie dos », Poder Judiciario do Estado de Minas Gerais Justica de Primeiro Grau Comarea de Campestre faton. o que é inviavel na via estreifa do especial Alem co mais, nde podemes dasconsiderar qua © acdrd3e mpugnade também wsol come razdo de decidir, como ja antecimada mais acima, a preocupagae em s¢ manler a familia hoje conelitulda, fundamenio este nao impugnada pelo recurso ora analisado, Agsim, © presenta recurso no merece ser conhecds. tanta em razéo da incidénda de Sumula 7/STJ, coma da Simula 2E4STF, devenda lar o seu seguimente nagads. Ante 4 4xp08l0, nego séguimento ao recurso aspecial, STJ - Recurso Especial r* 1,496 784 - SC (2014/0305562.2) Rel Min. Sebastiio Rew Junior j. 88.2018 Além do mais, no mesmo sentido esta o recente julgado do Reeurso Especial N° 1.624.494 - RN (2015/0074746-7), cujo acdrddo foi profendo em 18/05/2021, pelo Ministro Ribgira Dantas, que inclusive foi citado pela defesa em alegag6es finara. Por ditime. nao posse deixar de mencionar que o caso aqui tratada seria aquild que 9s Tribunais Supenores costumam chamar de ‘situagaes excepcionali immas” aptes a afastar a incidéncia da lei ne cago concreto, Ora, © que 840 essas “situagSes excepcionalissimas" senso uma tentativa de fundamentacac idénea para se afastar 2 frieza da lei diante de caso concrete? O que sao esses “siluaghes excepcionalissimas” sendo um pretexto para $e julgar conforme sue consciéneia e dar ac caso concrete solugéo que se entenda per justa, smbora contraria ac texto legal? Agsim como o fazem constantemente os Tribunals Superiores, pemmite-me enquadrar 0 caso sub judice como “sitvagso excepcionalissina” para afastat a tipicidade da conduta do denunciado e livra-to, pelo menos sob minhas maos, da escola do crime que 4 0 sistema penitenciang brasileiro, que eabidamente Nao “reeduca" ou “ressnaalize” ringuém, se é que a denunciads necessita ser punido, reedueade ou ressocializado. Por isso. em atengao as principics basilares do direito penal, a demonsiragaa de discemimento da vita, ao contexte social, 4 auséncia de violencia @ ameaga, a protegdo da familia dos direitos da crianga fruto da relagao entre as partes, dentre outras questdés traladas, entends @sse juizo que no caso dos autes a vulnerabilidade da vitima deve ser relativizada e o acusade absolvido. Poder Judiciario do Estado de Minas Gerais dustiga de Primeiro Grau Comarea de Campestre DISFOSsITIVO Ante o sxposto, JULGO IMPROGEDENTE © pedide da denuncia a, via de consequéncia, ABSOLVO o 1 QD com fundamente no artiga 386, III. do Gédiga de Processo- Penal. Apés o transite em julgado desta sentanca, expedir as comunicagées de estilo e, em seguida. arquive-se com baixa ne SISCOM, Publiquée-se, Registre-se, Intimem-se. ‘Campestre, 18 de junho de 2021. <2] ire Vaideri gé'Andrade Silvoisa uiz de: Direito

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